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Semana da Harmonia

Olá, meu nome é Estevão Ewald, sou o professor do Curso Online de Acordeon da
Fisarmonica. Preparei um material em vídeo falando sobre os aspectos harmônicos
básicos da música, dando a você, estudante, condições de aplicar essas informações na
prática. E para complementar, criei este material escrito para complementar os seus
estudos.

Estudar harmonia é conhecer as possibilidades harmônicas que uma melodia oferece.


Para iniciarmos esse assunto em uma linguagem resumida, proponho selecionar uma
música de nível simples, como por exemplo, o tema Atirei o pau no gato.

Então mãos à obra!

1. Pré-requisitos:

Para que o assunto fique bem claro é importante ter algumas noções básicas para
compreender o que será abordado. Portanto, vamos conhecer os tipos de acordes e os
seus intervalos.

. X7M (1 3 5 7) – acorde maior com sétima maior. Exemplo em Dó:

. X7 (1 3 5 b7) – acorde maior com sétima menor. Esse acorde possui o Trítono (intervalo
de 3 tons, entre e 3ª maior e a 7ª menor). Exemplo em Dó:

. Xm7 (1 b3 5 b7) – acorde menor com sétima menor. Exemplo em Dó:


. Xm7(b5) (1 b3 b5 b7) – acorde menor com sétima menor e quinta diminuta | acorde
meio-diminuto. Exemplo em Dó:

. Xdim7 (1 b3 b5 bb7) – acorde menor com sétima diminuta e quinta diminuta | acorde
diminuto. Exemplo em Dó:

Existem outros acordes, porém são variações dos anteriores:

. X7M(#5) (1 3 #5 7) – acorde maior com sétima maior e quinta aumentada. Exemplo em


Dó:

. X7(b5) (1 3 b5 b7) – acorde maior com sétima menor e quinta diminuta (ou quarta
aumentada). Exemplo em Dó:

. Xm(7M) (1 b3 5 7) – acorde menor com sétima maior. Exemplo em Dó:

Estude os intervalos de cada acorde em todas as 12 tonalidades. Pratique todos os


acordes em sequência.
2. Harmonia Original:
Abaixo você encontra a música Atirei o pau no gato escrita na partitura com a harmonia
original:

A partir dessa música vamos desmembrar e estudar as técnicas que a harmonia nos
oferece.

3. Campo Harmônico Maior e as Inversões:

Analisando o campo harmônico maior de Dó em tríades, nós temos:

C Dm Em F G Am Bdim

Um dos primeiros passos para deixar a sua música mais interessante é adicionar a
sétima (7) nos acordes. Para isso, é necessário conhecer o campo harmônico maior em
tétrades (+4 sons). Portanto:

C7M Dm7 Em7 F7M G7 Am7 Bm7(b5)


Aplicando a sétima em cada acorde:

Obs.: o mais importante em uma música é a melodia. Portanto, é interessante analisar


se a (7M) do acorde do I e IV grau têm algum “choque” com a melodia, como por
exemplo, a última nota da melodia de Atirei o pau no gato repousa na nota dó. Nesse
caso, se utilizar a sétima maior (7M) gera uma sensação estranha, dissonante, devido ao
intervalo de semitom nessas duas notas (si – dó). Na música tudo pode ser usado,
porém, com sabedoria. Portanto, é recomendável substituir a 7ª pela 6ª, pois elas são
intercambiáveis. Sendo assim, a 6ª passa a ser uma nota de acorde.

3.1 Inversões:

Trocar as posições das notas de um acorde gera a inversão, ou seja, colocar a 3ª, 5ª ou
7ª no baixo. Na cifra, por exemplo:

C – posição fundamental
C/E – acorde de dó com a terça no baixo – 1ª Inversão
C/G – acorde de dó com a quinta no baixo – 2ª Inversão
C/Bb – acorde de dó com a sétima no baixo – 3ª Inversão
Usando as inversões gera uma sensação de movimento na harmonia, veja o exemplo:

Pensando em tétrades, podemos utilizar a sétima menor no baixo para o acorde


dominante (V7):

4. Funções Harmônicas

Em música temos momentos estáveis, instável e menos instável, o que gera movimento
dentro de uma música. Os acordes do campo harmônico maior se dividem em três
funções:

- Função Tônica (repouso harmônico)


- Função Subdominante (afastamento do repouso)
- Função Dominante (tensão)

Acordes com função Tônica: I7M - IIIm7 - VIm7


Acordes com função Subdominante: IV7M - IIm7
Acordes com função Dominante: V7 - VIIm7(b5)
Veja no exemplo abaixo o resultado quando substitui acordes da mesma função
aos acordes originais:

A) Acordes de função Tônica - (I7M, IIIm7 e VIm7):

Além de substituir um acorde pelo o outro, podemos usar os dois em sequência:

B) Acordes de função Subdominante – (IV7M e IIm7):


C) Acordes de função Dominante – (V7 e VIIm7(b5)):
Para o acorde de função Dominante, temos duas opções:
- Bm7(b5) (pouco usado)
- Bm7(b5) [si-ré-fá-lá] em cima do acorde de G7, usado como inversão = G7(9)

5. Dominantes Secundários

São os dominantes dos demais graus diatônicos (IIm7, IIIm7, IV7M, V7, VIm7).
Esses acordes enriquecem e geram mais movimento em uma progressão harmônica,
respeitando-se sempre a melodia.

O VIIm7(b5) é o único acorde que não possui um dominante secundário pois é um


acorde instável, contendo um trítono (intervalo de 3 tons), ou seja, não encontraremos
um dominante resolvendo num acorde meio-diminuto.
Suponhamos que uma música use a seguinte progressão harmônica em dó maior:
Acrescentando os dominantes secundários teremos:

O acorde de E7 acima está preparando a chegada do Am7, assim como o A7 está


preparando o Dm7 e o D7 preparando o G7.

Podemos acrescentar dominantes que prepara outro dominante, chamado dominantes


estendidos ou consecutivos:

Uma outro acorde muito interessante que você pode usar para anteceder o Dominante
(V) é o acorde do II grau, fazendo a progressão II V I.

Exemplo: Dm7 G7 C7M


IIm7 V7 I7M

Obs.: se o I grau for menor (Cm), o II grau tem que ser IIm7(b5) - (Dm7(b5)), pois no
campo harmônico menor o II grau é meio-diminuto:

Exemplo: Dm7(b5) G7 Cm7


IIm7(b5) V7 Im7
Aplicando o II V I:

Na música Atirei o pau no gato podemos colocar um dominante secundário (C7) para
preparar o F7M, veja:

Adicionando o Dm7 (IIm7) antes do G7 (V7) para fazer a progressão II V I:

Obs.: No início da música, o Dm7 (II) G7 (V) não resolveram para o C (I). Isso se chama II
V sem resolução, nesse caso foi para o Em7 (IIIm7), que é o anti-relativo de C.
Podemos adicionar um dominante secundário para o Dm7 (3º, 5º e 7º compasso):

Obs.: lembrando que o mais importante na música é a melodia. No 4º compasso, o A7


apresenta um “choque” com a melodia. A melodia nesse momento está tocando a nota
Dó natural enquanto o acorde está tocando a nota Dó#, que é exatamente a nota que
define o tipo de acorde (maior ou menor). Nesse caso, você tem duas opções:
Atribuir essa nota da melodia como uma nota de tensão (#9):

Ou substituindo o A7 pelo Am7, que possui a nota Dó natural:


Podemos adicionar um II V I menor para o acorde de Dm7 (3º e 7º compasso):

Podemos adicionar um A7 para preparar o Dm7 e G7 no 1º compasso:

Analisando o 1º compasso, podemos pensar em Dominantes Consecutivos,


transformando o Dm7 em D7:

Podemos adicionar mais um Dominante Secundário antes do A7 no 1º compasso, ou


seja, mais um Dominante Consecutivo com 1 tempo para cada:

Obs.: sempre analise se a melodia está de acordo com o acorde do momento.


Podemos adicionar um II V I para o Em7 (6º compasso):

Isso acontece também para o Dm7 (7º compasso) que já é preparado com um II V, porém
o Em7 precisa da quinta diminuta. Nesse caso:

6. Dominantes Substitutos (SubV):

Todo acorde dominante possui o trítono (intervalo de 3 tons) que pode ser substituído
por um outro acorde dominante afastado de uma quinta diminuta.

Exemplo:
| Dm7 G7 | C7M |

O acorde de G7 (V7) pode ser substituído pelo acorde de Db7. Ambos possuem o mesmo
trítono e é este o motivo de serem permutados. O trítono corresponde a 3ª Maior e a
7ª Menor de um acorde. Se analisarmos estes dois graus nos acordes de G7 e Db7,
veremos que são exatamente os mesmos (fá e si). O acorde de Db7 em relação ao G7
veremos que Db7 = G7 (b9, b5), ou seja, Db7 é igual a um G7 alterado. Portanto, a
progressão acima pode ser substituída pela progressão abaixo.

| Dm7 Db7 | C7M |


Dica: para identificar o dominante substituto (SubV) de uma forma rápida, basta subir ½
tom da resolução. Na música Atirei o pau no gato, apliquei o SubV para substituir o
dominante principal (primário) quanto os dominantes secundários. Veja abaixo:

Observando essa harmonia:

Podemos adicionar SubV em alguns locais:


7. Uso das Inversões:

Dando continuidade sobre as inversões, agora vamos atribuir as inversões para os


demais acordes que extraímos, como por exemplo:

Aplicando as inversões:

7.1) Acordes Finais (Retardo da Resolução):

Toda música tem seu fim, e nos exemplos abaixo, mostro algumas sugestões de acordes
de finalização da música Atirei o pau no gato que você pode usar antes de chegar no
acorde do (I7M) grau, conhecido como Retardo da Resolução. Repare bem os graus que
foram utilizados (bI7M bIII, bVI, bVII, bVIIsus, etc), as inversões e os tipos de acordes
(maior, menor, dominante, diminuto).
8. Notas de Tensão

São as demais notas que não estão dentro do acorde, ou seja, todas as notas que não
forem 1º, 3º, 5º e 7º são notas de tensão. Logo, nós temos apenas 3 notas de tensão: 9,
11 e 13. Essas notas tem como objetivo colorir o acorde. Vamos analisar os acordes do
I, IV e V grau do campo harmônico maior para podermos identificar tensões disponíveis:

C7M – Maior com sétima maior


Tensões disponíveis: 9, #11, 6 (Acorde de D – um tom acima)

F7M – Maior com sétima maior


Tensões disponíveis: 9, #11, 6 (Acorde de G – um tom acima)

G7 – Maior com sétima menor


Tensões disponíveis: 9, b9, #9, #11, 13, b13

Obs.1: O acorde Dominante (V7) é o que mais aceita notas de tensão.

Obs.2: a tensão 11 é evitada para os acordes X7M e X7 pois conflita com a terça em um
intervalo de semitom. Porém, no acorde X7sus4 a tensão 11 passar a ser a nota de
tensão aceitável e a terça passa a ser nota evitada.
Outros acordes que podem complementar:

Cm7 – Menor com sétima menor


Tensões disponíveis: 9, 11, 6 (Acorde de Dm – um tom acima)

Cm7(b5) – Menor com sétima menor e quinta diminuta | Meio-diminuto


Tensões disponíveis: 9, 11, b13

Cdim7 – Menor com sétima e quinta diminuta | Diminuto


Tensões disponíveis: 7, 9, 11, b13 (Acorde Ddim – um tom acima)

Adicionando as tensões dos acordes:

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