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CONSULTORIA TÉCNICA
2002
MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA – MME
SECRETARIA DE MINAS E METALURGIA
EQUIPE TÉCNICA
EQUIPE EXECUTORA :
JOSAFÁ RIBEIRO DE OLIVEIRA – Geólogo/Chefe do Projeto
ESTEFÂNIA MARIA ARAUJO CARDOSO – Téc. Mineração
JOSÉ ROBERTO MESSIAS CASTRO – Téc. Hidrologia
JOSIANE DE NAZARÉ FARO DE SOUZA – Téc.Mineração
LENA CLÁUDIA DE SOUZA MENDES – Téc. Mineração
LÚCIA CLÉIA ROSA WANDERLEY – Téc. Mineração
LUCIANA MARIA OLIVEIRA FARIAS – Téc. Mineração
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL :
ALUÍZIO MARÇAL MORAES DE SOUZA – Geólogo
ARIOLINO NERES SOUZA – Geólogo
EXPEDITO JORGE DE SOUZA COSTA – Geólogo
JOÃO BITENCOURT QUARESMA – Geólogo
MARIA LÉA REBOUÇAS DE PAULA – Bibliotecária
EQUIPE DE APOIO :
AUGUSTO SÉRGIO PEREIRA DOS REIS – Téc. Mineração
GILBERTO ASSUNÇÃO LOPES – Aux. Técnico
JOSIANE MACEDO DE OLIVEIRA – Aux. Administração
DIGITAÇÃO :
JOSÉ ROBERTO MESSIAS CASTRO – Téc. Hidrologia
REVISÃO DE TEXTO :
ADIB LEAL DA CONCEIÇÃO – GEÓLOGO
ARIOLINO NERES SOUZA – GEÓLOGO
APRESENTAÇÃO
IV
RESUMO
V
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO IV
RESUMO V
1.0 – INTRODUÇÃO 1
1.1 – Localização e Infra-estrutura 1
1.2 – População Alcançada 2
1.3 – Objetivo do Projeto 2
1.4 – Metodologia de Trabalho 4
5.0 – HIDROGEOLOGIA 20
VI
5.6.4 – Potabilidade 55
5.6.5 – Uso 60
5.7 – Vulnerabilidade Natural dos Aqüíferos e
Proteção das Águas Subterrâneas 60
5.7.1 – Critérios de Vulnerabilidade 63
5.7.2 – Fatores de Risco de Contaminação das Águas Subterrâneas 63
5.7.3 – Processo de Transporte e Atenuação dos Contaminantes 67
5.7.4 – Caracterização da Vulnerabilidade Natural dos Aqüíferos 67
5.7.5 – Área de Proteção de Poços 69
RELAÇÃO DE ANEXOS
Anexo I – Planilha de Pontos d’Água
Anexo II – Mapa Hidrogeológico da Região Metropolitana de Belém
Anexo III – Mapa de Poços Profundos da Região Metropolitana de Belém
Anexo IV – Mapa de Vulnerabilidade da Região Metropolitana de Belém
VII
Tabela 12b – Concentração de Constituintes Orgânicos na Água 61
Tabela 13 – Padrões de Qualidade da Água para Industrias 62
Tabela 14 – Vulnerabilidade Versus Grau de Contaminação 66
Tabela 15 – Análise Granulométrica dos Sistemas Aqüíferos 72
Tabela 16 – Coeficiente de Uniformidade e Diâmetro Efetivo 72
Tabela 17 – Teste de Vazão Escalonado 83
RELAÇÃO DE FIGURAS
Fig. 01 – Mapa de Localização 3
Fig. 02 – Gráficos Climatológicos e Meteorológicos 10
Fig. 03 – Balanço Hídrico da Região Metropolitana de Belém 12
Fig. 04 – Perfil Composto do Poço da Guanabara 16
Fig. 05 – Perfil Composto do Poço de Icoaraci 17
Fig. 06 – Arcabouço Estrutural da Região Costeira e de
Parte da Plataforma Continental Norte Brasileira 19
Fig. 07 – Perfil Composto do Poço Coqueiro 22
Fig. 08 – Perfil Litológico do Poço Petrobrás 23
Fig. 09 – Modelamento Gravimétrico da RMB 25
Fig. 10 – Perfis Hidrogeológicos dos Poços da Guanabara
na Realização dos Testes de Aqüífero 32
Fig. 11 – Diagrama de Rebaixamento com o Tempo 33
Fig. 12 – Evolução Teórica do Cone de Rebaixamento x Distância 34
Fig. 13 – Mapa Potenciométrico da Região Metropolitana de Belém 42
Fig. 14a – Diagrama de Piper 50
Fig. 14b – Diagrama de Piper 51
Fig. 15 – Diagrama de Piper para a Formação Pirabas 52
Fig. 16 – Esquema para Avaliação da Vulnerabilidade Natural do Aqüífero 64
Fig. 17 – Esquema Conceitual de Risco de
Contaminação (Seg. Foster et al. 1987) 65
Fig. 18 – Processos de Atenuação em Superfície 68
Fig. 19 – Ilustração Gráfica de Perímetro de Proteção de Poço 70
Fig. 20 – Diagramas de Análises Granulométricas de Sedimentos Arenosos
Poço SESAN / SAAEB - Conjunto Eduardo Angelim 73
Fig. 21 – Análises Granulométricas de Sedimentos Arenosos
Poço SESAN / SAAEB - Conjunto Eduardo Angelim 74
Fig. 22 – Projeto de Poço – Perfil Construtivo 76
Fig. 23 – Projeto Esquemático de Poços Tubulares Rasos 77
Fig. 24 – Esforços que Atuam Sobre o Filtro 78
Fig. 25 – Perfil Esquemático de Poços Tipo Amazonas 80
Fig. 26 – Detalhe da Captação 81
Fig. 27 – Equação Característica do Poço SAAEB/COHAB 85
Fig. 28 – Curva Característica do Poço SAAEB/COHAB 85
VIII
1.0 – INTRODUÇÃO 60%, é bastante pertinente essa afir-
A Região Metropolitana de Be- mativa. Mas da água disponível no
lém - RMB é constituída pelos municí- planeta terra, apenas 3% são doces e
pios de Belém, Ananindeua, Marituba, somente 1/3 deste total é adequado ao
Benevides e Santa Bárbara. Abrange consumo humano e, por isto, o Brasil
uma área aproximada 1.200 km2, cor- se encontra em posição extremamente
respondendo a 0,1 % da superfície do privilegiada, porquanto detém 10% de
Estado do Pará. Nela residem cerca toda água doce existente no mundo.
de 1.794.981 de pessoas, correspon- O crescimento acelerado e de-
dendo a, aproximadamente, 30% da sordenado da RMB nas últimas déca-
população do Estado. Com a ocupa- das vem acarretando graves desequilí-
ção das zonas periurbanas, consta- brios urbanísticos e ambientais. Estes
tam-se inúmeros problemas, não só no desequilíbrios trazem consigo uma sé-
ambiente natural, mas também à pró- rie de problemas, tais como: poluição
pria população ali assentada e aos po- das águas superficiais e subterrâneas,
deres públicos responsáveis pelos ser- erosão acelerada, assoreamento de
viços de infra-estrutura. drenagens e enchentes, todos sempre
Nas últimas décadas houve um de conseqüências e prejuízos imensu-
crescimento populacional muito rápido, áveis à coletividade e, principalmente,
especialmente por pessoas de baixo ao poder público, que se vê obrigado a
poder aquisitivo e oriundas, em geral, despender recursos para tentar saná-
da área rural. Relacionado à esta si- los e muitas vezes consegue apenas
tuação, o déficit hídrico da região pas- administrá-los.
sou a ser um dos problemas mais difí- Dessa forma, este trabalho, so-
ceis de solução, principalmente nas re- bre. água subterrânea e construção de
giões mais periféricas, onde a ocupa- poços tubulares, traz uma série de
ção urbana ocorre, em grande parte, reflexões importantes, que auxiliará no
em áreas impróprias, ou de forma planejamento adequado do uso dos
inadequada. recursos hídricos. Nele se descrevem
Toda a RMB é privilegiada em a fisiografia, o cálculo das reservas, a
recursos hídricos, tanto superficial co- qualidade das águas, a vulnerabilida-
mo subterrâneo, sendo que o aprovei- de, a área de proteção de poços e
tamento de água subterrânea tem uma proposta técnica para construção
aumentado grandemente nesta última de poços tubulares, dentre muitos ou-
década, principalmente por, na maioria tros itens, que, com certeza, nortearão
das vezes, dispensar tratamento e ser os profissionais que atuam nos órgãos
captada no local de consumo, conse- e entidades públicas responsáveis pe-
qüentemente, reduzindo, ainda, des- la gestão dos recursos hídricos. Além
pesas com grandes adutoras. O custo de contribuir com estes profissionais,
da água depende da qualidade, distân- vem de encontro aos anseios da popu-
cia e do volume a ser captado. lação, bem como à sensibilização de
Sabe-se que a utilização de água políticos, governantes e demais diri-
subterrânea vem aumentando em todo gentes voltados para as questões do
mundo. Há um chavão em se dizer abastecimento d’água.
que a terceira guerra mundial será
provocada pela escassez de água no 1.1 - Localização e Infra-Estrutura
século XXI. Ao se considerar que o A RMB acha-se, fisiograficamen-
consumo de água dobra a cada 20 te, localizada na Zona Guajarina,
anos e que nos últimos 50 anos a sua compreendendo uma área aproximada
disponibilidade por habitante diminui de 1.200 km2. Situa-se entre as coor-
1
denadas geográficas 01º 03’ e 01º 32’ do e com o serviço de água operando
de latitudes sul e 48º 11’ e 48º 39’ de no limite da sua capacidade, o abaste-
longitudes oeste de Gr. (Fig. 01). cimento não atende à demanda de
As principais vias que servem à água da população.
RMB são a Rodovia BR-316 e a
Rodovia Estadual PA-391, que inter- 1.3- Objetivo do Projeto
ligam as estradas do Coqueiro, Mário Como objetivo principal, este
Covas, 40 Horas, Maguari, Providên- trabalho se destina à coleta de dados
cia, Genipaúba, Baia do Sol e outras. para o conhecimento das potencialida-
A partir destas estradas, rumo às peri- des aqüíferas da Região Metropolitana
ferias das cidades, começam inúmeras de Belém – RMB e à formação de um
ruas e travessas que levam aos bair- Banco de Dados para o Projeto Apoio
ros e distritos dos cinco municípios. à Gestão das Águas Subterrâneas–
A Região Metropolitana de Be- PAGAS, através do Sistema de
lém limita-se ao sul com o rio Guamá, Informações de Águas Subterrâneas –
ao norte com a Baia de Marajó, a oes- SAIGAS, de abrangência nacional.
te com a Baia do Guajará e a leste Outros objetivos são:
com o município de Santa Isabel do – O cadastramento dos pontos d’água
Pará existentes na RMB;
– A elaboração de um diagnóstico so-
1.2. – População Alcançada bre os diversos métodos de captação
A população dos 05 (cinco) muni- de águas subterrâneas;
cípios componentes da Região Metro- – Avaliar os perfis dos poços já cons-
politana de Belém é de, aproximada- truídos, as características dos aqüífe-
mente, 1.794.981 habitantes, segundo ros e as possibilidades de abasteci-
o Censo Demográfico de 2001, dos mento público de água;
quais 30 % são abastecidos por água – Elaborar mapa de pontos d’água ca-
subterrânea, proveniente, principal- dastrados;
mente, do sistema aqüífero Pirabas. – Elaborar o Mapa Hidrogeológico da
Na RMB, como nas demais ci- Região Metropolitana de Belém, na
dades brasileiras, a população de me- Escala 1:75.000, de modo a tornar dis-
nor poder aquisitivo se concentra na poníveis, dentro de uma visão geral e
periferia urbana. São áreas ocupadas sintética, os dados sobre a distribuição
de forma desordenada, com infra-es- dos recursos hídricos subterrâneos;
trutura precária, principalmente no que - Coletar, estrategicamente, amostras
se refere a saneamento e abasteci- de água subterrânea, destiná-las para
mento d’água. Esse desordenamento análises físico-químicas e bacteriológi-
dificulta, sobremaneira o gerenciamen- cas para melhor conhecer suas carac-
to no tocante aos recursos hídricos. terísticas e, assim, determinar a quali-
O fornecimento de água superfi- dade da água para consumo humano
cial está restrito às cidades de Belém e industrial.
e Ananindeua, ficando os municípios – Efetuar a avaliação da vulnerabilida-
de Marituba, Benevides e Santa Bár- de à poluição do aqüífero superior. e
bara do Pará dependentes de poços – Apresentar proposta Técnica para a
tubulares. Também os distritos de construção de Poços Tubulares.
Icoaraci, Outeiro, Mosqueiro e Cotiju- Seqüencialmente, pretende-se
ba, todos pertencentes ao município elaborar uma avaliação econômica
de Belém, são abastecidos totalmente dos principais fatores que interferem
por água subterrânea. Como o cresci- no custo de captação de água sub-
mento populacional da região é eleva- terrânea na RMB.
2
01º 03' 07" 01º 03' 07"
408
MUNICÍPIOS
MOSQUEIRO
Ananindeua
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Santa Bárbara
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Fig. 01
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48º 39' 47"
ACARÁ
4
Essa problemática tende a se conclusão. Isto possibilitou a homoge-
agravar, caso o poder público e as en- neização dos perfis litológicos e corre-
tidades fiscalizadoras não tomem as lacioná-los aos níveis aqüíferos exis-
devidas providências, pois a principal tentes na área do trabalho
causa da poluição de aqüíferos está
representada pelos poços construídos 2.2. - Dificuldades Encontradas
sem critérios técnicos, como a prote- Com base no cadastramento dos
ção sanitária para os poços em opera- poços tubulares profundos de Belém e
ção ou o tamponamento com pasta de dos demais Municípios que compõem
cimento dos poços abandonados. Com a RMB, constatou-se uma série de
a criação da Lei nº 6.105, aprovada, dificuldades para a coleta de dados,
em14/01/98, pela Assembléia Legisla- quando da execução do Projeto. Entre
tiva do Estado do Pará e em vigor des- as mais freqüentes citam-se:
de 14 de julho de 1997, espera-se que 1) A maioria dos poços tubulares
essa situação seja minorada, evitando- profundos existentes não possui con-
se, assim, a construção de poços tu- duto ou abertura para a passagem do
bulares sem as normas técnicas reco- medidor de nível d’água, dificultando,
mendadas e sem o devido acompa- sobremaneira, a avaliação das me-
nhamento profissional. didas registradas;
Os usuários das águas sub- 2) O regime de bombeamento
terrâneas na Região Metropolitana de ininterrupto de 24 horas não permite,
Belém, são: indústrias, condomínios, em parte, a execução dos testes de
lava-jatos, postos de combustíveis, o vazão e medidas de nível d’água,
sistema público, colégios, creches, etc. principalmente naqueles poços que
Os poços para abastecimento funcionam com bomba de controle au-
público e industrial, em sua maioria, tomático, que neste caso facilita a os-
obedece aos critérios estabelecidos cilação constante dos níveis d’água;
pela Associação Brasileira de Normas 3) A explotação em todos os se-
Técnicas (ABNT), enquanto os poços tores de captação não controlados
de particulares e condomínios, com ra- gera interferências, principalmente
ras exceções, são poços mal construí- quando da realização dos testes de
dos, e que podem comprometer o usu- produção e de aqüífero, podendo mas-
ário, caso os elementos poluentes carar, em parte, a interpretação dos
atinjam os aqüíferos. resultados; e
Até o momento já foram cadas- 4) Duas dificuldades básicas
trados cerca de 2.263 pontos de água, foram encontradas na análise das
dos quais 69 são poços tubulares com descrições dos perfis litológicos e
profundidades entre 230 m e 300 m. construtivos, sendo que há falta de pa-
Há uma predominância de poços com dronização para a descrição dos po-
menos de 25 m de profundidade, a ços profundos litológicas, o que dificul-
maioria perfurados por processos ma- ta a correlação das informações; e
nuais. Destes, pouco se sabe além para os poços rasos raramente encon-
das características físicas de constru- tram-se os perfis litológicos e construti-
ção. Ainda há as fontes, que, geral- vos, uma vez que são construídos por
mente, ocorrem afastadas dos períme- pessoas não habilitadas, os chamados
tros urbanos. curiosos.
Grande parte dos perfis geológi- A equipe do projeto tentou, na
cos e geofísicos dos poços existentes medida do possível, homogeneizar as
foram comparados aos dados dos descrições litológicas dos novos po-
poços recém-construídos ou em fase ços, para dispor de descrições litológi-
5
cas e construtivas mais compatíveis mento mais eficazes para a área, a fim
com a realidade. Os poços tubulares de assistir, também, aos bairros mais
rasos são perfurados por pequenas periféricos, através da construção da
firmas ou por perfuradores leigos, que rede de distribuição de água tratada,
visam apenas a produção de água, construção de poços tubulares profun-
não se preocupando em registrar os dos ou mesmo a implantação de mi-
dados obtidos durante e após as per- cro-sistemas de captação.
furações. Essa situação faz com que Devido ao ineficaz, ou mesmo
um grande número de poços cadastra- inexistente abastecimento público de
dos tenha pouca ou nenhuma informa- água, os conjuntos habitacionais e
ção para consubstanciar o Banco de condomínios suprem-se com as águas
Dados da CPRM e atender a outros provindas de poços tubulares rasos,
interessados. que reduzem, em parte, essa deficiên-
Há vários poços desativados, cia. Em muitos conjuntos, onde exis-
sendo que muitos deles estão com tem poços comunitários, a captação
suas bocas abertas, aumentando as- está abandonada devido à quantidade
sim o risco de contaminação dos aqüí- de ferro excessiva ou por falta de bom-
feros mais inferiores. Os motivos da ba ou por motivos diversos, obrigando
desativação vão desde a obstrução de as pessoas mais aquinhoadas a pro-
filtros, queda de bomba e água de má curarem os perfuradores locais para a
qualidade (ferro excessivo) até ao construção dos seus próprios poços.
bombeamento de areia ou simples Esta situação tende a piorar, pois, com
abandono do poço. o passar do tempo, a água do lençol
freático torna-se passível de ser con-
2.3 – Perspectiva de Utilização taminada pelas fossas, construídas em
da Água Subterrânea terrenos de 200 m2, próximas a poços
As águas dos lagos Bolonha e de captação e de aqüíferos livres. Le-
Água Preta, que abastecem o sítio ur- vando-se em conta, ainda, a condição
bano de Belém e parte da cidade de geológica do solo e, principalmente,
Ananindeua, são insuficientes para onde a permeabilidade é alta, haverá
atender à demanda da população, maior possibilidade de contaminação
sendo necessário a utilização de água da água captada pelos poços rasos.
subterrânea. As águas desses lagos Embora tenham sido cadastrados
estão quase todas contaminadas por 2.263 pontos d’água, admite-se que há
dejetos e esgotos que neles são joga- mais de dez mil poços na RMB, em fa-
dos, bem como no solo. Esta situação ce do grande número de poços rasos
pode piorar, principalmente nas áreas feitos sem qualquer fiscalização e que
de invasão, onde as fossas são cons- explotam os aqüíferos mais superfi-
truídas de maneira precária, os esgo- ciais. Isto demonstra a necessidade de
tos lançados a céu aberto e o lixo dis- um rigoroso controle desses poços,
posto aleatoriamente. Os dejetos e o tanto na sua construção, bem como
lixo decompostos, em contato com a através de análises físico-química e
zona não saturada, misturados ou não, bacteriológica das águas. Essa moni-
fluem pelas camadas geológicas, toração, com certeza, denunciará os
seguem por vários caminhos e podem poços contaminados e, com isto, dimi-
atingir os aqüíferos mais superficiais nuirá as doenças de veiculação hídri-
(lençol freático) e as drenagens da ca, principalmente nas crianças e ido-
bacia de captação do Manancial do sos. Assim evita-se maior dispêndio fi-
Utinga. Há necessidade do Poder Pú- nanceiro por parte dos órgãos públicos
blico realizar planejamento e sanea- de saúde. Uma outra situação a ser
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examinada é a dos poços amazonas e concessionárias do Estado e do Muni-
fontes utilizadas pela população de cípio, respectivamente.
renda mais baixa e sujeitas às mes- O SAAEB, na sua área de atua-
mas condições daquelas que utilizam ção, se utiliza integralmente de água
poços tubulares rasos (8 m a 18 m de subterrânea com 15 poços profundos
profundidade), cujas águas estão su- variando de 180 m a 270 m, que forne-
jeitas à poluição antrópica. cem 4.500 m3/h para os seus usuários.
As mudanças ambientais, já sen- A COSANPA opera com um sistema
tidas em nível local, indicam a neces- misto, sendo 70 % provenientes dos
sidade de uma política de planejamen- lagos Bolonha e Água Preta, a partir
to público para adaptação às altera- da adução do rio Guamá, e os 30 %
ções que vêm sofrendo os grandes restantes oriundos de poços tubulares
centros urbanos. Com o alastramento profundos (240 m a 280 m).
da urbanização, aumenta a quantidade Dentro deste contexto, a RMB
de rejeitos domésticos e industriais apresenta um grande potencial subter-
que contaminam a água, o solo e o ar, râneo, entretanto são poucos os traba-
provocando toda sorte de doenças. O lhos específicos que visem a quantifi-
ser humano, ao realizar alterações de- cação desta potencialidade, bem como
sordenadas no meio físico, tem gerado a otimização de uso de tais recursos.
uma série de desequilíbrios nesse sis- Nesse quadro a importância das
tema, sendo um dos principais a polui- águas subterrâneas desponta como a
ção ambiental. grande alternativa de abastecimento,
Do exposto, o abastecimento de já que se apresenta com boa qualida-
água é um dos mais cruciantes e gra- de natural, dispensando, na maioria
ves problemas da área, sendo neces- das vezes, os caros processos de tra-
sárias medidas mitigadoras, por parte tamento, como é o caso das águas
do gestores municipais, para esse superficiais. Além do mais as águas
lastimável quadro. Nessas circunstân- subterrâneas estão comprovadamen-
cias, uma alternativa para a situação é te, melhores protegidas dos agentes
o uso da água subterrânea, armazena- de poluição que, rapidamente, afetam
da nos sistemas aqüíferos mais pro- rios e lagos, que são os mananciais
fundos, como bem atestam os poços mais utilizados para o abastecimento
construídos no PAAR, Cidade Nova II, das populações.
Coqueiro e Jaderlândia, dentre outros. Tendo em vista esta problemáti-
No caso de abastecimento públi- ca, a população vem apelando, em lar-
co d’água, deve-se partir para solu- ga escala, para os mananciais subter-
ções diferentes daquelas utilizadas no raneos, onde se estima a existência de
Brasil, isto é, a captação de água de mais de 10.000 poços tubulares rasos,
rios e lagos. Sabe-se que os maiores em decorrência da falta de eficiência
mananciais de água doce do mundo no suprimento de água pelos órgãos
estão no subsolo, com capacidade públicos, principalmente nos bairros
6.000 vezes superiores aos manan- mais periféricos.
ciais de água de superfície. Na RMB, é Espera-se que a Lei Estadual
notório o grande potencial de recursos n.º 6.105, criada em 08/01/98 e que re-
hídricos subterrâneos, como bem ates- gulamenta o uso das águas subterrâ-
tam os poços tubulares profundos da neas, venha proporcionar amparo le-
Companhia de Saneamento do Pará – gal para a gestão dos recursos hídri-
COSANPA e do Serviço Autônomo de cos do Estado. Em nível federal foi
Água e Esgoto de Belém – SAAEB, criada a Lei 9433/97, que estabelece
os princípios, a política e os instrumen-
7
tos de gestão e cria o Sistema Integra- logia-INMET/Belém. Essas ilustrações
do de Gestão de Recursos Hídricos. indicam, também, as temperaturas mé-
Esta lei apresenta as bases legais pa- dias mensais das máximas e mínimas
ra a outorga e cobrança pelo uso da da região, cujas médias anuais são de
água, assim como os princípios gerais 31,38º C e 22,86º C, respectivamente.
para a solução dos conflitos de uso e Quanto aos ventos, predominam
os critérios para a fiscalização e as aqueles do quadrante NE, exceto nos
sanções pelo uso indevido ou inade- meses de maio e julho, quando so-
quado dos recursos hídricos. pram para SE (Tabela 01 e Fig. 2C); a
Com a criação de uma legisla- velocidade média mensal dos ventos é
ção específica para os recursos hídri- 4,82 m/s, notando-se que são mais
cos subterrâneos, espera-se uma fis- fortes no verão do que no inverno. So-
calização eficiente por parte da bre a pressão atmosférica, os valores
SECTAM, CREA e Ministério Público, são muito próximos em quase todos
no que diz respeito a construção de os meses (Tabela 01), exceto em maio
poços tubulares, especialmente aque- e junho, cujas médias são, respectiva-
les de profundidade de 12 m a 25 m, mente, de 913,96 atm e 944,58 atm.
que são os mais comprometidos, pois Outros parâmetros registrados fo-
os mesmos perfurados por pessoas ram: umidade relativa do ar e evapora-
sem qualificação técnica. ção. No mês de fevereiro a média da
umidade relativa do ar foi a mais ele-
3.0 – FISIOGRAFIA DA RMB vada e a mais baixa em outubro, ha-
vendo uma variação de 91,6 % para
3.1 – Elementos Climáticos e 81,3 % (Tabela 01 e Fig. 2D). Enquan-
Meteorológicos to que as médias de fevereiro e agosto
A Região Guajarina, onde se lo- foram as menores e maiores, com
caliza a área estudada, é caracteriza- 34,30 mm e 73,57 mm, respectiva-
da por um clima, em geral, quente e mente, sendo que a média mensal foi
úmido, em virtude, também, de sua de 55,02 mm (Tabela 01 e Fig. 2E).
baixa altitude, da topografia plana e da
vegetação densa. O tipo climático 3.2 – Balanço Hídrico
atual, de acordo com a classificação Foram utilizados dados de tem-
de Köppen, varia entre AM e AW tropi- peratura, evapotranspiração e precipi-
cal úmido de floresta. É uma região tação, do período de 1987 a 1996, a
chuvosa, com precipitação média partir dos registros efetuados pelo
anual em torno de 3.158,20 mm, com INMET/Belém (Tabela 03 e Fig.03).
período de chuvas indo de dezembro a A partir dos resultados obtidos,
abril, enquanto de agosto a outubro constatou-se que no período de de-
registra-se a menor pluviosidade zembro a julho a precipitação (P) a
(Tabela 01 e Fig. 2A a Fig. 2E). evapotranspiração potencial (ETP), lo-
O regime térmico se caracteriza go há excesso de água no solo, o que
pela temperatura elevada em todos os resulta em escoamento na superfície e
períodos, resultando na média anual infiltração. Já no período de agosto a
de 27,10º C. A amplitude térmica, com outubro P ETP, ocorre retirada e há
média anual de 8,52º C, e as médias deficiência de água no solo. Ao térmi-
mensais e anuais de temperatura, cal- no deste período, a precipitação torna
culadas para uma série de 10 anos a ultrapassar a evapotranspiração po-
(1987 a 1996), estão representadas na tencial, com isto ocorre a reposição de
Tabela 02 e Fig. 2B, segundo os da- água no solo e, posteriormente, o ex-
dos do Instituto Nacional de Meteoro- cedente escoa pela superfície.
8
Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
Superintendência Regional de Belém
Projeto Estudos Hidrogeológicos da Região Metropolitana de Belém –
CPRM PEHRMB
DADOS METEOROLÓGICOS
PERÍODO 1987 A 1996
PRECIPITAÇÃO UMIDADE
MESES VENTO EVAPORAÇÃO
PLUVIOMÉTRICA RELATIVA PRESSÃO
Veloc.
(mm) (%) Direção (mm) (atm)
(m/s)
JANEIRO 390,6 88,90 4,14 NE 41,55 1011,11
FEVEREIRO 420,8 91,60 4,16 NE 34,30 1014,41
MARÇO 437,4 90,40 4,01 NE 37,31 1010,32
ABRIL 407,1 89,00 3,74 NE 36,91 1011,26
MAIO 291,1 87,11 3,83 SE 48,94 913,96
JUNHO 188,3 84,80 4,58 E 57,66 944,58
JULHO 188,3 85,10 4,77 SE 66,25 1012,94
AGOSTO 145,4 84,00 5,56 NE 68,33 1042,17
SETEMBRO 151,9 81,60 5,91 NE 73,57 1012,14
OUTUBRO 132,5 81,30 5,76 NE 69,69 1014,30
NOVEMBRO 167,6 82,70 5,89 NE 68,48 1014,35
DEZEMBRO 237,2 85,10 5,54 NE 57,27 1010,72
MÉDIA
263,18 85,96 4,82 NE 55,02 1001,02
MENSAL
MÉDIA
3.158,20 - - - - -
ANUAL
Tabela - 01
DADOS DE TEMPERATURA
PERÍODO 1987 a 1996
TEMPERATURA
MÉDIA DAS
MÉDIA MÉDIA DAS AMPLITUDE MÉDIA
MESES MÍNIMAS
(ºC) MÁXIMAS (ºC) (ºC)
(ºC)
JANEIRO 26,7 30,73 22,27 7,96
FEVEREIRO 26,7 30,22 22,98 7,24
MARÇO 26,7 30,29 23,03 7,26
ABRIL 27,1 30,75 23,31 7,44
MAIO 27,3 31,34 23,23 8,11
JUNHO 27,3 31,66 22,97 8,69
JULHO 26,9 31,34 22,40 8,94
AGOSTO 27,2 31,99 22,49 9,50
SETEMBRO 27,4 32,31 22,42 9,89
OUTUBRO 27,3 32,20 22,34 9,86
NOVEMBRO 27,5 32,21 22,80 9,41
DEZEMBRO 27.2 31,62 23,62 8,00
MÉDIA
27,1 31,38 22,86 8,52
ANUAL
Tabela - 02
GRÁFICOS CLIMATOLÓGICOS E METEOROLÓGICOS
(ºC)
(mm)
300
D.média
200
D.média das mínimas
100
D.meses D.meses
(mm)
Umidade relativa do ar
(D) Evaporação
Vento
(C) (E)
300
Precipitação
cmm água
0.0
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev
D.meses
Fig. 03
3.3 - Hidrografia e Relevo margeia os cursos d’água, cujas cotas
O rio Guamá, com uma extensão são inferiores a 5 m.
de 35 km no sentido de oeste para les-
te - a partir da confluência do rio Pará 4.0 – CARACTERIZAÇÃO
até o limite sudeste da área, juntamen- GEOLÓGICA
te com seus afluentes e a baía do
Guajará comandam a drenagem local. 4.1 - Geologia Regional
Antes de juntar-se às baías de Guaja- Face às características do tra-
rá e Marajó, sofre uma inflexão para balho realizado na área e em conso-
norte, com uma extensão de 29 km, nância com os objetivos visados pelo
aproximadamente, até a confluência projeto, tanto a geologia como a hidro-
do rio Maguari. No primeiro trecho, a geologia são enfocadas sem a ortodo-
largura média é de 2.450 m, ao passo xia tradicional do tema.
que no último é de 4.200 m. O conjunto de rochas que com-
O rio Guamá e seus afluentes põem o quadro litoestratigráfico da Re-
sofrem influências das marés oceâni- gião Metropolitana de Belém e adja-
cas e recebem constantemente sedi- cências, faz parte da Bacia Sedimen-
mentos da baía do Guajará, esta que tar do Amazonas, cuja área emersa é
possui suas águas barrentas e, tempo- conhecida como Bacia Sedimentar do
rariamente, salobras no ápice do ve- Marajó, segundo Ludwig, 1964; Aguiar
rão. A oscilação de suas águas, provo- et al.,1966; Castro, 1970; e Schaller et
cando variações sazonais, chegam a al., 1971).
alagar parte das dezenas de ilhas e Os litotipos que compõem a
elevam o nível d’água dos inúmeros moldura geológica da área estão nos
canais, inclusive de alguns setores da domínios das coberturas fanerozóicas
Região Metropolitana de Belém. Essa e acham-se representados por uma
situação, aliada a outros parâmetros seqüência carbonática em subsuperfí-
ambientais, é prejudicial ao abasteci- cie, denominada Formação Pirabas,
mento público, pois grande parte da de idade miocênica. Esta unidade está
água distribuída à população de Belém recoberta por sedimentos clásticos do
é aduzida do rio Guamá para o lago Grupo Barreiras, de idade terciária, e,
Água Preta e daí, passando pelo lago seqüencialmente, pelas coberturas
Bolonha, transportada para a Estação Detrítico Lateríticas, Sub-Recente e
de Tratamento d’Água do Utinga. Aluvionar Recente, todas de idade
Os afluentes do rio Guamá, em quaternária. As duas últimas cobertu-
ambas as margens, desenvolvem um ras são constituídas pelos sedimentos
padrão de drenagem dendrítica. aluvionares inconsolidados que jazem
O relevo na área trabalhada, que na faixa costeira, leitos das drenagens
se apresenta com uma topografia pla- e manguezais.
na e integrante da Planície Amazôni- A partir da década de 90, vários
ca, engloba as feições: Pediplano Plio- estudiosos vêm desenvolvendo traba-
cênico, Pediplano Neo-Pleistocênico e lhos geológicos nesses sedimentos,
Planície de Inundação. A primeira for- principalmente na região nordeste do
ma de relevo está restrita às feições Pará, dos quais se destacam: Góes et
expostas do topo da Unidade Barreira al., 1990; Igreja, H. L. S. et al., 1988;
(cota 10 m a 25 m), enquanto a segun- Farias, S. E. et al, 1992; Bezerra, L. E.
da modela-se em terrenos da Cobertu- P. et al., 1993; e outros. Estes autores
ra Detrítica Pleistocênica (cota 5 m a têm designado os sedimentos subaflo-
15 m). A última feição está representa- rantes e aflorantes na Região Metro-
da pela Planície de Inundação que politana de Belém, como no nordeste
13
do Pará, de Formação Pirabas, Grupo – Fácies Capanema/Superior: margas,
Barreiras e Pós-Barreiras. E por se jul- micritos, bioclásticos, folhelhos rítmi-
gar de grande valia para o entendi- cos e arenitos calcíferos, de ambientes
mento da estratigrafia do Cenozóico lagunares, de borda de bacia e estua-
da região, estão transcritos alguns ex- rino; aflora em Capanema
certos do trabalho de Teixeira & Conte A partir da divisão faciológica
(1991). proposta por Góes et al. (1990), foram
definidas 7 fácies como constituintes
4.1.1 - Formação Pirabas da Formação Pirabas, sendo estas:
A Formação Pirabas (Maury, biocalcirudito, biocalcarenito não estra-
1925) representa uma das mais impor- tificado, biocalcarenito estratificado,
tantes unidades litoestratigráficas do margas e subordinadamente, bioher-
Norte, pelo seu conteúdo fossilífero, mitos, folhelhos negros e verdes e
que caracteriza uma das faunas mari- calcilutitos.
nhas mais representativas do Cenozói- No nordeste do Estado do Pará,
co. Encontra-se sobre a plataforma a Formação Pirabas faz contato com
continental norte brasileira e com as as rochas do Pré-Cambiano (Petri,
melhores ocorrências concentradas, 1957; Ferreira et al., 1984; e Góes,
principalmente, ao longo do litoral dos 1981). O contato superior com o Gru-
Estados do Pará, Maranhão e Piauí po Barreiras é motivo de controvérsia.
(Ferreira, 1964, Apud Pinheiro, 1988). Alguns o admitem como discordante
No Estado do Pará a Formação (Francisco & Ferreira, 1988), outros
Pirabas é encontrada em subsuper- advogam uma interdigitação faciológi-
fície, em toda a Zona Bragantina e em ca (Rosseti, 1988; Góes et al., 1990),
superfície, na faixa litorânea da Zona e aqueles que defendem as variações
do Salgado. locais (Ferreira et al., 1984; Acker-
As variações litopaleontológicas, mann, 1964 e 1969).
já verificadas por Maury (op. cit.),
levaram a diversas proposições e divi- 4.1.2 – Grupo Barreiras
sões faciológicas para a Formação Pi- Vários autores se referem ao
rabas: Ackerman, 1964 e1969; Petri, Grupo Barreiras, enfatizando os seus
1957 e outros. A diferenciação de Fer- aspectos litológicos e as relações es-
reira (1967 e 1980) e Francisco & Fer- tratigráficas: Katzer, 1933; Ackermann,
reira (1988) é a mais aceita na literatu- 1964 e 1969; e Sá, 1969. No nordeste
ra. Estes autores definem 3 fácies: do Estado do Pará, os principais traba-
lhos são de Góes & Truckenbrodt
– Fácies Castelo/Inferior: calcário (1980), Góes (1981), Arai et al. (1988)
puro diversificado, coquinas, biohermi- e Rosseti et al. (1989).
tos, micritos e dolmicritos. O ambiente Góes & Truckenbrodt (op. cit.) e
é de mar aberto de águas agitadas e Góes (op. cit.) dividiram os sedimentos
quentes, com salinidade normal; aflora Barreiras na região Bragantina em 3
no litoral, principalmente em Salinópo- (três) litofácies:
lis e Fortalezinha.
– Fácies argilo-arenosa: interdigi-
– Fácies Baunilha Grande/Inter- tação de camadas argilosas, areno-
mediária: argilas negras com vegetais argilosas, argilo-arenosas e arenosas
piritizados e carcinólitos, que sugerem limpas, maciças ou estratificadas.
um ambiente de mangue; foi observa-
da em furos de sondagem, nos municí- – Fácies arenosa/sobrejacente: é
pios de Quatipuru e Primavera. a mais representativa; são arenitos
14
amarelados, de granulometria média e nitos argilosos, mal selecionados e
mal selecionados; e os microconglo- com grânulos e, até, seixos de quartzo
merados moderadamente seleciona- dispersos. Geralmente não se distin-
dos, que são característicos das par- guem estruturas, mas nas proximida-
tes basal e mediana. des do litoral pode-se observar estru-
turas de dissipação de dunas eólicas.
– Fácies conglomerática: assen- O contato com o Barreiras se faz
ta-se em discordância sobre rochas por superfície erosiva e marcada por
pré-cambrianas; são seixos de rochas níveis detríticos. Apresenta caracterís-
cristalinas com matriz areno-argilosa. ticas deposicionais sugestivas da atua-
Rosseti et al. (1989), subdividi- ção de movimentos gravitacionais,
ram o Grupo Barreiras em 13 fácies, além de eólicos na faixa litorânea
admitindo que, no NE do Estado do (Rosseti et al., op. cit.). A idade mais
Pará, se depositou segundo o modelo aceita para esta unidade é holocênica,
de leques aluviais (planície de areia – obtida a partir da datação de conchas
planície de lama), tendo provável (Simões, 1981).
influência de marés na porção mais
distal do sistema. 4.2 - Geologia Local
No Estado do Pará, Arai et al. A Fig. 04 e a Fig. 05 mostram o
(1988), por palinologia, posicionam o perfil básico das unidades aqüíferas
Grupo Barreiras no Mioceno, utilizando da RMB, com descrição litológica, da
o esporo de Crassoretitrilites vanrea- perfilagem gama e de amostra de ca-
dasho-oveni como palinofóssil exclu- lha do poço da Guanabara e do Con-
sivo desta idade. Esta é a idade mais junto Eduardo Angelim perfurados pela
aceita para o referido grupo, porém es- CONTEP de Araraquara/SP e FEMAC
ta possibilidade pode ser revista. Geosolo Ltda., de Belém/PA.
O perfil da Fig.04 se inicia com
4.1.3 – Pós-Barreiras argilas róseo a esbranquiçada, semi-
Silva & Loewenstein (1968) intro- plásticas e maciças, com freqüentes
duziram a denominação Pós-Barreiras intercalações de laterito e nódulos de
para designar os sedimentos amarela- quartzo. Níveis de argila cinza compa-
dos sobrepostos ao Grupo Barreiras e recem nesse intervalo, como também
que correspondem, em linhas gerais, níveis de argila arenosa esbranquiça-
ao Quaternário Antigo, de Katzer da, com tons vermelho-amarelado até
(1933) e Ackermann (1964), e à For- a profundidade de 37 m, sendo a parte
mação Pará, de Oliveira & Leonardos basal desse pacote progressivamente
(1943, Apud Sá, 1969). mais argiloso, conforme denota a am-
Segundo Sá (op. cit.), os sedi- pliação de intensidade na perfilagem
mentos Pós-Barreiras são areno-argi- gama.
losos, de granulometria grossa, ama- No intervalo de 38 m a 51 m
relados e inconsolidados. Estão em ocorrem arenitos de coloração esbran-
discordância erosional sobre o Grupo quiçada, friáveis, heterogêneos, gra-
Barreiras, cujo contato é marcado por nulação fina à média e matriz leve-
seixos rolados de arenito ferruginoso mente calcífera. A partir dessa pro-
ou, ainda, fragmentos dos sedimentos fundidade até 84 m, segue-se um pa-
Barreiras. cote de argila cinza esverdeada, às
Segundo Rosseti et. al. (1989), o vezes carbonatada e calcífera e com
Pós-Barreiras corresponde à fácies ar- freqüentes intercalações centimétricas
gilo-arenosa de Góes (op. cit.), geral- de calcário, folhelho e arenito. Na se-
mente maciça e caracterizada por are- ção entre 72 m e 80 m têm-se pirita,
15
Profundidade do Poço 275 m Fig. 04 - P RFIL COMPOSTO DO POÇO DA GUANABARA
Profundidade do Revestimento 271,50
CONTEP 1 / COSANPA
Perfuração 30’ Laje de proteção
0,0
GAMA
10 Argila rósea com matizes amareladas e
tonalidades cinza e cinza esverdeada, com
SP nódulos de lateritas. Ocasionalmente
níveis de arenitos.
20
30 TUBO DE
40 PERFURAÇÃO 20’
70
80
PERFURAÇÃO 20’
90
Arenito argiloso de cor cinza esverdeada
Argila de cor cinza esverdeada, sendo que na
base existem siltito e folhelho duro
100
Folhelho cinza esverdeado
Arenito de cor esbranquiçada com nível de
siltito na base
110
Calcarenito com nível de folhelho negro
TUBO DE 10 3/4’
Argila de cor cinza esverdeada, plástica
e untuosa
150
Argila arenosa com interaleitamentos
Siltito esverdeado
180
210
Argila de cor esverdeada com níveis
milimétricos de carvão
Arenito
260
Argila verde, com quartzo de boa esfericidade,
calcita e fragmentos de fósseis
Siltito compacto
270
Argila verde com folhelho
0,0 30 60
275
TEMPO DE PENETRAÇÃO
(Em Segundos)
Projeto Estudos Hidrogeológicos
Serviço Geológico do Brasil
da Região Metropolitana de Belém e Adjacências
Fig. 05 - CONJUNTO EDUARDO ANGELIM
PERFIL COMPOSTO DO POÇO DE ICOARACI
LEGENDA
Laje de Proteção
( min uto )
0 5 pr ofundidade
0.0 0 15 cps 0
TP GAMA
Perfuração ( 24" )
Cimentação ( 15 m )
10
SP R.E.
Argila variegada, semi-dura/mole, pastosa
Níve l
20 Tubo de Boca ( 22" ) Estátic o
Argila como acima.
30
Argila variegada com aleitamento de arenito friável.
Perfuração ( 20" )
40
Areia siltosa muito fina
50
Tubo (1 2" )
70
Ar e i a a c i n z e n t a d a
80
Folhelho cinza
90
Areia de granulação
100
f ina d e c or ci nz a
110
130
Conglomerado
Perfuração ( 171/2 " )
Conglomerado
150
Folhelho cinza
160
Tubo ( 82" )
A r e i a c i n z a
esbranquiçada,
170 Calcarenito creme claro
PRÉ-FILTRO
180
Areia fina de cor cinza e
190
FILTRO ( 8" )
Areia branca hialina
muito fina a fina, sub-
200
A rei a b ran c a
210 acinzentada, fina a
Folhelho cinza
220 esverdeado, laminado,
Conglomerado cinza
esbranquiçado,
240
Conglomerado cinza
250
260
Argila cinza, com níveis
265 d e a r e n i t o s
270
Fig. 02 0 4 8 10 12 m
PEHRMB
glauconita e fósseis com mais freqüên- suras variáveis, intercalando níveis ar-
cia, possivelmente o topo da Forma- gilosos de maiores espessuras.
ção Pirabas. Finalmente, o perfil revela que, a
A partir de 84 m até 93 m de pro- partir dessa profundidade, volta a apa-
fundidade, voltam a aparecer novas in- recer, de forma contínua, argilas aver-
tercalações de arenitos médios a finos, melhadas, plásticas e interaleitamento
heterogêneos, cores amarela à es- de siltito, na maioria das vezes, até a
branquiçada e de boa importância hi- profundidade de 275 m.
drogeológica. Entre 93 m e 119 m têm-
se uma seqüência alternada de argi- 4.3 - Caracterização Estrutural
las, areias e calcários, sendo que, na Este trabalho, em caráter prelimi-
medida em que se aprofunda, as ca- nar, não tem a pretensão de estabele-
madas se tornam mais arenosas. cer o arcabouço geológico estrutural
O intervalo de 119 m a 145 m se regional, uma vez que a área traba-
caracteriza por uma sucessão de lhada abrange somente uma pequena
camadas arenosas muito similar ao in- extensão da Bacia Amazônica. Contu-
tervalo anterior, conforme denota a re- do uma série de pesquisadores come-
dução de intensidade na perfilagem çou a realizar investigações geotectô-
Gama, principalmente na base do in- nicas na área da bacia, com o objetivo
tervalo. Segue-se, até 158m, um paco- de registrar a evolução histórica dos
te de argilas esverdeadas, folhelhos conhecimentos da região, as quais se-
plásticos, siltitos e níveis de calcário rão descritas a seguir.
bastante impermeáveis e confinantes. A estruturação regional da Bacia
Abaixo dessa profundidade, até da Foz do rio Amazonas está vincula-
210m, há um sistema aqüífero multica- da à ação de esforços distensivos, que
madas, com níveis de argila situados definem movimentos rupturais na foz
nas profundidades de: 168 m a 170 m; do rio Amazonas, responsáveis pela
178 m a 179 m e 194 m a 197 m. Com estruturação básica desta área, defini-
base na perfilagem gama, os níveis da por estruturas maiores como os
arenosos e argilosos são bem delimi- grabens do Limoeiro e Mexiana e as
tados, conforme denotam a redução e plataformas do Pará e Amapá, segun-
aumento da intensidade desse sensor. do Schaller et al., 1971 (Fig. 06).
É bem verdade que outros tipos litoló- Bahia e Abreu (1985) propõem
gicos, porém subordinados, ocorrem um modelo de aulacógeno para a
em determinados intervalos (calcário, Bacia da Foz do rio Amazonas, que
folhelho, siltito, calcarenito, etc.) e com seria uma feição resultante da desa-
desenhos diferentes daqueles, e po- tivação de um “rift”, a partir de uma
dem ser determinados por um espe- acentuada subsidência regional ocor-
cialista experiente na interpretação rida no Siluriano-Devoniano, passando
desse tipo de perfilagem. para a condição de “rift” abortado, em
Entre 211 m e 223 m ocorre um articulação com uma junção tríplice na
pacote heterogêneo de folhelho, siltito foz do rio Amazonas.
e níveis de carvão e fósseis. O desenvolvimento da estrutura-
Na parte basal da seqüência, até ção meso-cenozóica dessa região, se-
a profundidade de 258 m, verifica-se a gundo muitos autores, está fortemente
presença de arenitos de coloração cla- controlado por estruturas herdadas do
ra, granulometrias fina, média e grossa embasamento Pré-Cambriano. Rezen-
ou até mesmo conglomerática, na for- de & Brito, (1973, Apud Pinheiro,
ma de sucessivas camadas de espes- 1988), chamam a atenção para o fato
18
50º 45º
LEGENDA
5º
ESCUDO
DAS
A
Á
GUIANAS
FORM
AMAP
PLATA
DO
A
IAN
EX
M
EN
MACAPÁ
AB PLATAFORMA 0º
R DO PARÁ
G
AR
CO
0 100 200 km
DE
GU
BELÉM
RU
PÁ
NS
I
Fig.06
NT
CA
TO
E
D
O
C
AR
5º
de que as falhas de direção NW coin- vem concomitantemente às normais e
cidem com as orientações estruturais acomodam parte da direção do eixo
gerais do embasamento, exposto a distensivo da bacia terciário-quaterná-
norte e a sul da bacia. ria. Estas apresentam características e
Segundo Costa et al. (1991 a e b) compensação geral sinistral, denun-
e Costa & Hasui (1991), o quadro tec- ciando transporte de massa de SE
tônico meso-cenozóico para a região para NW.
da foz do rio Amazonas, é caracteriza-
do por feixes de falhas normais de di- 5.0 – HIDROGEOLOGIA
reção NNW-SSE, que formam a Os dados levantados pela equi-
charneira do “rift” assimétrico do Mara- pe do Projeto Estudos Hidrogeológicos
jó, sendo seccionadas por falhas da Região Metropolitana de Belém, re-
transferentes ENE-WSW e NE-SW, ferem-se, basicamente, aos sedimen-
responsáveis pela fragmentação do tos pertencentes às seqüências do
“rift” do Marajó em sub-bacias, que Quaternário Recente e do Mioceno In-
impuseram forte deformação no ferior, as quais guardam vários siste-
preenchimento sedimentar da bacia. mas aqüíferos.
Esses autores, estudando a ma- Essas Unidades Geológicas são
cro estruturação cenozóica da Região conhecidas na literatura como Forma-
do Salgado, admitem a existência de ção Pirabas, Grupo Barreiras e Pós-
um romboedro transtrativo ou estrutura Barreiras, cujos sistemas vêm sendo
“pull-apart”, vinculado à atuação de um explorados para abastecimento públi-
binário dextral, orientado preferencial- co, industrial e por particulares, com
mente na direção leste-oeste. Este bi- poços tubulares que variam de 12 m a
nário se ajusta ao quadro tectônico 300 m de profundidade. Os poços
global da placa sul-americana, no mais rasos (12 m a 18 m) têm se
Cenozóico. caracterizado por vazões da ordem de
A evolução tectono-sedimentar 1 m3/h a 3 m3/h, ao passo que nos pro-
do Mesozóico na região está atrelada fundos (> 80 m), as vazões têm varia-
a um regime extensional. Regime este do de 20 m3/h a 300 m3/h.
que está associado à atuação de eixos
de estiramento litosférico e vinculado à 5.1 – Inventário Hidrogeológico
segmentação do Gondwana. A evolu- Para um melhor entendimento
ção da Bacia do Marajó está ligada ao das condições aqüíferas da RMB, foi
eixo extensional ENE-WSW (Costa et realizado um inventário de 2.263 pon-
al., 1991 a e b). tos d’água. De posse das característi-
Igreja et al. (1988), estudando as cas dos pontos d’água, os dados fo-
zonas costeiras de Outeiro, Mosqueiro ram preenchidos em fichas padroniza-
e Belém, identificaram pela primeira das e, em seguida, transferidos para
vez, em escala macroscópica, dois uma planilha (Anexo I).
grandes grupos de falhas normais e Dos 2.263 pontos inventariados,
transferentes. As primeiras são inter- 1.856 são poços tubulares, 335 poços
pretadas como falhas mestras de es- Amazonas e 72 nascentes ou fontes
truturas tipo hemigrabens, que se coli- naturais, dentre as quais está incluída
gam em profundidade para uma zona a fonte Mar Doce localizada no bairro
de “detachment” inclinada para NW, Júlia Seffer.
supondo que a Ilha de Marajó compor- A maioria dos poços tubulares
ta-se como uma “microplaca”. com profundidade de até 25 m foram
As falhas transferentes, com perfurados manualmente, sendo que a
movimentação direcional, se desenvol- grande maioria não existe registro de
20
dados técnicos, dificultando, sobrema- empresas de perfuração (GEOSER,
neira, a determinação de importantes GEONORTE, CORNER; FEMAC
parâmetros, tais como: vazão, nível di- CONTEP/SP, HIDROENGE/SP, SÓ
nâmico, posição dos filtros, dentre ou- POÇOS/AM e PROÁGUA/PI.
tros. Esses elementos, na maioria das Os trabalhos mais recentes so-
vezes, tiveram que ser determinados bre a Hidrogeologia da área trabalha-
pela equipe executora. Quando locali- da, foi realizado pela CPRM no muni-
zados, alguns perfuradores fornece- cípio de Ananindeua (1998) e no Dis-
ram os dados dos poços para o preen- trito de Icoaraci (1999). Estes estudos
chimento da planilha. envolveram o cadastramento de pon-
Os poços do tipo Amazonas são tos d’água, condicionamento hidrogeo-
de propriedades particulares e, na lógico e projeto de poços. Os perfis hi-
maioria dos casos, estão funcionando drogeológicos da RMB mostram que
de acordo com as posses, necessida- os estratos geológicos se constituem
des e circunstâncias de cada usuário. de aquicludes, aquitardos e aqüíferos
Vale ressaltar que boa parte desses dos sistemas Pirabas, Barreiras e
poços, no período de estiagem máxi- Cobertura Quaternária. A Fig. 07 e a
ma, secaram, obrigando o aprofunda- Fig. 08 exibem os perfis compostos
mento dos mesmos ou a utilização de dos poços de captação Santa Maria
outras alternativas para solucionar, em (Prosanear) e da Petrobrás, cujas se-
parte, o problema de abastecimento. ções atravessam todas as unidades
Embora tenham sido cadastrados hidrogeológicas aflorantes e subaflo-
2.263 pontos d’água, com certeza es- rantes da área e permitiram conhecer
se número seria mais elevado, princi- as características físicas e hidráulicas
palmente nos casos dos poços particu- de cada unidade, principalmente dos
lares que vêm aumentando, em conse- sistemas mais basais.
qüência da inexistência de abasteci- Não obstante a complexidade
mento público nas zonas periurbanas. lenticular desses aqüíferos, com es-
pessuras saturadas de até 35 m inte-
5.2 – Sistema Hidrogeológico raleitadas com camadas impermeáveis
Os estratos geológicos que for- de mesma possança, os mesmos não
mam o sistema hídrico subterrâneo da possuem, em parte, comunicação hi-
área trabalhada, são consubstancia- dráulica, o que significa, a partir dos
dos com base na análises dos relató- 35 m, a existência de aqüíferos do tipo
rios técnicos dos poços do sistema pú- confinado, conforme as perfurações de
blico de abastecimento d’água, cons- 392 m e 372 m realizadas pela
truídos, no período de 1978 a 2001, FEMAC e PETROBRAS, respectiva-
para a COSANPA e para o SAAEB e, mente (Fig. 07 e Fig. 08).
também, nos estudos desenvolvidos Essas duas perfurações retratam
pela SEICOM (1995). que, até a profundidade de 280 m, já
Merecem destaque, também, os são bem conhecidas as potencialida-
trabalhos desenvolvidos na UFPA, na des hídricas da região, bem como a
década de 90, defendidos através de excelente qualidade físico-química da
Teses de Mestrado e voltados para a água subterrânea em suas condições
qualidade das águas subterrâneas e naturais, principalmente no intervalo
perfilagem geofísica. 180 m a 280 m. Abaixo dessa profun-
Nas últimas décadas, muitas didade não se conhece as característi-
perfurações foram executadas pela cas hidrodinâmicas, apenas a litologia
FSESP (Fundação de Serviços de do pacote sedimentar até 392,40 m,
Saúde Pública), CPRM e outras que se constitui de folhelho e siltito
21
Fig. 07 - POÇO PROSANEAR - SANTA MARIA - P 2
FEMAC GEOSOLO
Normal
Curta
Arenito, branco hialino,
fino/conglomerático, sub-
arredondado/arredondado,
quartzoso, de regular a
mal selecionado, e de 100m
porosidade aparente boa.
AREIA
ARGILA
AREIA
ARGILA
AREIA
ARGILA
AREIA
FOLHELHO
CALCARENITO
FOLHELHO
CALCARENITO
AREIA
SILTITO
CALCARENITO
AREIA
FOLHELHO
AREIA
FOLHELHO
AREIA
SILTITO
AREIA
FOLHELHO
AREIA
ARGILA
SILTITO
AREIA
SILTITO
ARGILA
AREIA
SILTITO
ARGILA Poço PETROBRAS
AREIA PERFIL LITOLÓGICO
FIG. 08
24
Fig. 09 - Modelamento mostrando baixo e alto gravimétrico da RMB. (Martins, R. C. 1995)
Quadro 01. COLUNA ESTATIGRÁFICA E CARACTERÍSTICAS HIDROGEOLÓGICAS DOS AQUÍFEROS DA RMB
27
fatação e aeração. As camadas com Foram utilizados como poços de
alto teores de ferro e matéria orgânica observação aquele construído pela
são as responsáveis pelo mau cheiro e CORNER, com 270 m de profundidade
gosto desagradável da água, inclusive e distante 59 m, e o poço Carajás, que
acarretando a desativação de unida- possui 120 m de profundidade e dis-
des de captação, como Água Boa e tante 80 m do poço de bombeamento.
Brasília, ambas no distrito de Outeiro. Durante o teste não se constatou ne-
As Aluviões, juntamente com a nhum rebaixamento no poço Carajás,
Cobertura Detrítico-Lateritica, são se- confirmando, deste modo, a inexistên-
dimentos que evidenciam maiores he- cia de conexão hidráulica entre os
terogeneidades, principalmente, quan- aqüíferos Pirabas e Barreiras.
do estão próximos às bacias de inun- A principal dificuldade na reali-
dação dos rios. Seus litotipos variam zação dos testes de aqüíferos refere-
de areia, silte, argila orgânica, conglo- se à indisponibilidade de poços de ob-
merados e lentes de lateritas ferro alu- servação, pois somente em um poço
minosas. Sua espessura é muito variá- havia piezômetro com perfil litológico e
vel, oscilando de 8 m a 30 m. Sob o construtivo, como ilustrado na Fig.10.
ponto de vista hidráulico, não apresen- Com a utilização da fórmula de
tam boa permeabilidade, mas são mui- Jacob e os dados de bombeamento
to utilizados pela população domésti- dos poços cadastrados, calculou-se os
ca, como também pelos plantadores parâmetros hidrodinâmicos dos siste-
de hortaliças. No uso dessas água mas aqüíferos Pirabas. Dois valores
deve-se ter cuidados especiais, pois de coeficiente de armazenamento fo-
alem do elevado teor de ferro, a conta- ram obtidos, o que ainda são insufici-
minação por nitrito, nitrato e amônia entes para quantificar, com precisão,
são evidentes na maioria das amos- as reservas de água subterrânea para
tras analisadas. a Região Metropolitana de Belém
Os testes de aqüíferos consisti-
5.3.2 – Parâmetros Hidrodinâmicos ram no bombeamento de um dos po-
Na Tabela 04 estão listados os ços a uma vazão constante, medidas
parâmetros obtidos nos testes de bom- com escoadouro de orifício circular (pi-
beamento realizados em diversos po- tot), com observação dos potenciais
ços que atingiram os aqüíferos profun- hidráulicos no poço bombeado (Gua-
dos (Anexo II). Os parâmetros hidráuli- nabara I) e no de observação (Guana-
cos apresentam certa heterogeneida- bara II), distante 70,18 m do primeiro e
de, motivada, possivelmente, pela ani- ambos com 275 m de profundidade.
sotropia do meio físico ou mesmo pe- Na interpretação dos ensaios do teste
las diferentes espessuras dos estratos de aqüífero, utilizou-se o método de
litológicos que constituem os sistemas Jacob. A Figura 11 apresenta o gráfico
aqüíferos estudados. Dois poços pro- da curva rebaixamento x tempo e o
fundos foram submetidos a ensaios de cálculo dos parâmetros hidrodinâmicos
aqüíferos com observação de piezo- (T; S e K). Com base nos testes de
metro, um no bairro da Guanabara e produção, obteve-se mais de uma de-
outro no distrito de Mosqueiro. zena de valores de transmissividade,
Para se obter os parâmetros hi- os quais foram calculados a partir das
dráulicos dos sistemas aqüíferos infe- interpretações das curvas de rebaixa-
riores, tomou-se como exemplo o teste mento x tempo.
de aqüífero no poço da Vila de Mos- A Fig. 12 apresenta a evolução
queiro, pertencente à COSANPA e teórica do cone de rebaixamento do
que possui 280 m de profundidade. aqüífero Pirabas. Considerando-se o
28
Companhia de Pesquisa de Recursos
Minerais
Superintendência Regional de Belém
0,20
0,40
0,60
-1
t0 = 3,1 horas = 1,3 x 10 dia = 0,59
0,80 3 3
Q = 308 m /h = 7.392 m /dia
S (m)
= 70,18 m
1,00
= 0,59 m
1,20
e = 48 m
2
0,183 x Q = 2,65 x 10 /s
T = __________ = 2.290 m /dia
2
1,40
2,25 x T . t0
S = __________
-4
2 = 1,01 x 10
1,60
T
K= = 47,70 m/dia
e
1,80
2,00
10
REBAIXAMENTO (m)
15
D IA
UM S ES
20 ME
CO Regime de 24 / 24 horas
CIN T = 2.290 m / dia
2
O
25 AN
UM -4
S = 1,01 x 10
30
3 3
Q = 308 m / h = 7.392 m / h
35
Obs: Estes valores foram obtidos a
partir do teste de aquífero realizado
pela COSANPA em 27/04/1999.
40 -1 1 2 3 4
10 10º 10 10 10 10
35
REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM
PLANILHA DE PONTOS D’ ÁGUA – PIEZOMETRIA DE AQÜÍFERO LIVRE
NUMERO TIPO MUNICÍPIO PROFUNDIDADE (m) NÍVEL COORDENADAS COTA CARGA
CADASTRO DO POÇO ESTÁTICO DINÂMICO LONGITUDE LATITUDE HIDRÁULICA
Oc
5 3 MI-383/2 MI-384/1 MI-384/2
ea
1 3 Amapá
no
A tlân BELÉM STA. BÁRBARA
9875000 5 tico
7 BENEVIDES
ANANINDEUA
9
Amazonas Maranhão MI-383/4 MI-384/3 MI-384/4
Pará
MARITUBA
1
Acre
3
9870000
5 Tocantins
7 Rondônia
1
9865000
5
1
LEGENDA
1
2
Curvas Isopiezométricas Limites intermunicipais
9860000
3 que variam de 5 em 5 m.
5
Curvas Isopiezométricas Lagos perenes
9
2
intermediárias Poços de controle das
5
7
9855000 Rios, igarapés e ilhas medidas potenciométricas
1
3
5
Direção do fluxo da água
7
9850000 11
9 11
7 11
13
5
3
7 Aquífero Livre
9845000 13
3 5
9
11
<<< 2001 >>>
5 3
9840000 0 2 4 6 8 10 Km
43
Tabela 06. RESERVA PERMANENTE DE ÁGUA SUBTERRÂNEA
PÓS-
1.200 - O,2 - 10 2,4 - 2,4 7,14
BARREIRAS
45
110 a 235 mg/l de CaCO3, com uma variedade físico-química e bacterioló-
média de 165 mg/l de CaCO3. A Asso- gica. Algumas análises trouxeram re-
ciação Brasileira de Normas Técnicas sultados insatisfatórios aos padrões do
permite o limite máximo de 200 mg/l Ministério da Saúde, no que diz respei-
de CaCO3 para água potável. to à turbidez, ao ferro, ao nitrato e aos
Quanto à alcalinidade, os resul- coliformes fecais.
tados detectados não implicam em ne- Essas observações iniciais e
nhuma contra indicação para uso. preliminares demonstram a fragilidade
Mas, a turbidez alta, detectada em vá- em que se encontram os recursos hí-
rias amostras, resulta, provávelmente, dricos subterrâneos da RMB, precisan-
do mau desenvolvimento ou da falta do de monitoramento regular com aná-
de limpeza do poço ou, ainda, por con- lises físico-químicas, para que, futura-
taminação pelas águas superficiais. mente, possam ser elaborados proje-
Os íons cálcio, magnésio e só-dio tos que produzam melhorias na quali-
são apropriados para aquilatar a dade de suas águas e, conseqüente-
prestabilidade da água para fins de irri- mente, na vida da população.
gação. Estes elementos não consti- Os aspectos químicos das águas
tuem nenhum fator de importância pa- subterrâneas, segundo as normas de
ra as demais modalidades de uso da potabilidade da ABNT pode ser classi-
água. Assim sendo, não serão deta- ficada como de boa qualidade na gran-
lhadas as concentrações iônicas (Re- de maioria dos poços estudados, es-
lação de Adsorção do Sódio – SAR), pecialmente aqueles perfurados na
que tratam especificamente da relação Formação Pirabas (> 200 m). Os po-
de teores desses elementos químicos. ços, que penetram o Grupo Barreiras,
O manganês e o ferro revelaram com profundidade de 60 m a 120 m
teores baixos, entre 0 e 0,11 mg/l e geralmente contêm teores excessivos
0,67 e 0,08 mg/l, respectivamente. Os de ferro, sendo necessário fazer o tra-
demais elementos estão dentro dos tamento da água, utilizando a aeração
padrões de potabilidade. e desferrificação em sistema fechado
Com relação ao teor de ferro, ou química.
algumas amostras apresentaram ano-
malias de ferro total com valores acima 5.6.2 – Classificação das Águas
de 0,5 mg/l e que não são recomenda- Subterrâneas da RMB
dos pelo Ministério da Saúde. As Na área de abrangência do pro-
águas que apresentam valores eleva- jeto foram selecionados 80 pontos
dos em ferro favorecem a proliferação d’água, entre poços tubulares rasos e
das chamadas bactérias do ferro, po- profundos e fontes, cujos resultados
dendo causar danos e, até mesmo, analíticos revelaram variações na clas-
obstrução de tubos e adutoras. Há, sificação da água, como conseqüência
ainda, o inconveniente de causar man- direta da composição química da uni-
chas nas instalações sanitárias e em dade geológica utilizada como fonte de
roupas lavadas. Os problemas causa- abastecimento d’água.
dos por essas ferro-bactérias não po- Nas Tabelas 07 e 08 são apre-
dem ser definitivamente resolvidos, sentados os resultados analíticos físi-
devendo ser controlados com a utiliza- cos, químicos, físico-químicos e bacte-
ção de produtos químicos como o clo- riológicos, ressaltando-se que os parâ-
ro, ácido clorídrico ou outras técnicas. metros analisados foram: pH, conduti-
As águas provenientes dos po- vidade elétrica (s/cm), sólidos totais
ços tubulares rasos, muito utilizados dissolvidos (STD em mg/l), turbidez
pela população, apresentam grande (mg SiO2), nitrito (mg/l N-NO3), nitrato
46
REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM
RESULTADOS ANALÍTICOS DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
49
100
COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS
90 90
PROJETO ESTUDOS HIDROGEOLÓGICOS
80 80
DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM
70 70
E ADJACÊNCIAS
65
77
60 60
3
NO
27
Ca
26 59
l+
50 30
SC 50
+
4 +C
76
Mg
6674 39 29
38 54
SO
40 40
DIAGRAMA DE PIPER
31 5321
67
30 23 24 64 37 57 30
55 28 40 62
52
20 25
60
20
CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS DA RMB
04 56
58 51
22
34 32 61
06
10 73 63
10
10
13 Bicarbonatada Cálcica _ BC
0 BC 35 79 CS 0
100 08
18
100 Sulfatada Cálcica
_ SC
90 01 90
76 Cloretada Sódica
_ CS
80 77 80
02 11 Bicarbonatada Sódica _ BS
70 70 _
07 17 Número da Amostra 31
0613 31
3
CO
60 10 60
04
Na
BS 18
3 +H
32
+K
50 17 50
SO 4
CO
Mg
01
07
40
21
40 Fig. 14a
3761
09 03 0835
30
02 34
30
AMOSTRAGEM EM
65
19 64 53 POÇOS RASOS
20 03 66 20
26 667477 76 06 11 11 51
30 27 59 54 25 67 73 74 63
79 53 22 54 7 40 65
18
38 55 292373 24 57 62 600919 38 30
10 0439
28 25 2 6056 59 10
643721 26 24 39
31 08 10 01 402258 5251 03 28 5829 57
35 02 13 32 61 07 17 55 23 62 52
100 09
56
34 63 79 67
0 19 0
100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Ca Cl + NO3
100
COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS
90 90
PROJETO ESTUDOS HIDROGEOLÓGICOS
80 80
DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM
70 70
E ADJACÊNCIAS
60 60
3
NO
Ca
+
50 SC 50
Cl
+M
4 +
g
DIAGRAMA DE PIPER
SO
40 40
30 30
75
20 20
CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS DA RMB
33
10 10
72
78
14 Bicarbonatada Cálcica _ BC
0 47
44
45
46 05 80 0
68
100 71
70
BC 16
CS 100 Sulfatada Cálcica
_ SC
69
90 90
Cloretada Sódica
_ CS
80 12 80
Bicarbonatada Sódica _ BS
70 15 70
Número da Amostra _ 80
20
3
O
60 60
HC
Pontos 12, 15, 20,
Na
BS _
3 +
+
50 50 44 - 46 e 68 - 72
K
SO 4
CO
Mg
40
71
40 Fig. 14b
16
70 15
30 68 69 33
30
AMOSTRAGEM EM
72 POÇOS RASOS
20 14 14 20
75
47 46 75 80 05
44 12
10 4578 33 10
20
05 72
70
69
71
6815 80
16 44
100 46
45
47 78
12
20
0 0
100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Ca Cl + NO3
100
COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS
90 90
PROJETO ESTUDOS HIDROGEOLÓGICOS
80 80
DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM
70 70
E ADJACÊNCIAS
60 60
3
NO
Ca
l+
50 SC 50
+
4 +C
Mg
SO
40 40
DIAGRAMA DE PIPER
30 30
10 10
41 42 Bicarbonatada Cálcica
_ BC
100
0 49
43 48
50
BC CS 0
100
Sulfatada Cálcica _ SC
90 90
Cloretada Sódica _ CS
80 80
Bicarbonatada Sódica
_ BS
70 70
Número da Amostra _ 50
3
CO
60 60
Na
BS
3 +H
Pontos 41-43 e 48-50 _
+K
50 50
SO 4
CO
Mg
40 40
Fig. 15
30 30 AMOSTRAGEM EM
POÇOS PROFUNDOS
20 43 20
49
48
41 50
10 42 10
42
50
49
48
10043
41
0 0
100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Ca Cl + NO3
ingestão dessa água “in natura”, por áreas de maior demanda. Observa-se
problemas de saúde que trará às pes- que o maior problema enfrentado pe-
soas que a consumirem. Sem sombra los órgãos de saneamento básico, no
de dúvidas que a presença das bacté- que se refere ao abastecimento públi-
rias do grupo coliforme é devido à pro- co de água às populações dos municí-
ximidade de fossas e/ou má cons- pios, é a qualidade dos mananciais su-
trução dos poços, que, neste caso, perficiais utilizados. Esses mananciais
tem no anular desprotegido o principal se encontram bastante comprometidos
meio de acesso dos contaminantes. pelo lançamento de esgotos industriais
e domésticos sem tratamento, pela
5.6.3 – Níveis Atuais de Poluição disposição inadequada de resíduos
A água é um recurso natural que sólidos urbanos, pelo uso de agro-
se apresenta de forma dinâmica atra- tóxicos, pelo vazamento de combus-
vés do ciclo hidrológico. Encontra-se tíveis dos tanques enterrados e/ou a
presente no solo, subsolo, oceano, migração de poluentes de outras natu-
rios, lagos, etc. Existe um constante rezas. Esta situação requer um con-
interrelacionamento entre as diferentes junto de medidas que visem reverter
fases em que a água se apresenta na esta tendência, passando pelo geren-
natureza (precipitação, evaporação, in- ciamento do uso da água, que vai des-
filtração, escoamento superficial e eva- de a outorga de uso até a implantação
potranspiração). Este ciclo permite a de eficazes sistemas de tratamento de
renovação dos recursos hídricos, dis- esgotos
tribuindo-os de maneira irregular. Por Conforme o levantamento dos
isso existem regiões áridas e outras pontos d’água da região em estudo, foi
chuvosas, períodos de estiagem e de possível verificar, através de parâme-
grandes chuvas. Outro fator restritivo tros físicos, químicos e biológicos, o
ao aproveitamento das água, é a for- comprometimento qualitativo de prati-
ma sob a qual ela se apresenta, uma camente todos os cursos d’água e os
vez que 97,2 % são águas salgadas aqüíferos mais superficiais. Os aqüífe-
dos mares e oceanos, 2,14 % gelo das ros apresentam potencialidade para
calotas polares e geleiras, 0,61 % servirem, tanto no presente como no
águas subterrânea, 0,009 % água su- futuro, de mananciais para o abasteci-
perficial (rios e lagos), 0,005 % umi- mento público e industrial. Eles não
dade do solo e 0,001 % vapor atmos- estão imunes a problemas, uma vez
férico. Isto demonstra que a água mais que, também, podem ser alcançados
facilmente disponível e de obtenção por contaminantes similares àqueles
mais barata aparece em quantidade que comprometem os recursos hídri-
muito pequena em relação ao total. cos superficiais. Convém registrar que
Frente ao acelerado processo de urba- as análises bacteriológicas realizadas
nização da RMB, a demanda aumen- nas principais drenagens demonstram
tou significativamente, além de terem que os rios urbanos acham-se com-
esses mesmos usos provocado a de- prometidos pelos elevados teores de
gradação dos recursos hídricos, não coliformes fecais e totais, turbidez e
apenas os superficiais, como também demanda bioquímica de oxigênio
os subterrâneos, devidos aos resíduos (DBO). Na maioria das amostras cole-
e efluentes das atividades antrópicas. tadas, são altas as concentrações de
Dentro desse contexto, a R.M.B. amônia e nitrogênio e extremamente
é uma área rica em recursos hídricos, baixas as de oxigênio dissolvido (OD),
que, no entanto, não se distribuem chegando a zero em época de estia-
proporcionalmente em relação as gem prolongada (Tabela 09).
53
REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM
RESULTADOS ANALÍTICOS DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS
( Período de 16 a 25/05/98 )
Tabela 09
Esse quadro deplorável dos re- Os padrões de potabilidade da
cursos hídricos é proveniente da falta água tornaram-se mais rigorosos com
de saneamento básico, em virtude da o passar dos anos, quer acompanhan-
ineficiência das redes de esgotamento do o desenvolvimento da técnica de
sanitário e das respectivas estações tratamento e das pesquisas epidemio-
de tratamento. Assim, toda carga orgâ- lógicas, quer em atenção ao crescente
nica gerada será, em sua maior quan- padrão de conforto requerido pelo ser
tidade, lançada nos cursos d’água da humano.
região. Os aqüíferos mais superficiais, Normalmente a água subterrânea
os mais utilizados pela população peri- apresenta concentrações muito baixas
férica, estão, em parte, contaminados de constituintes dissolvidos, dentro
pela infiltração dos resíduos sólidos dos limites de potabilidade. Na RMB
decompostos e de efluentes. as baixas concentrações resultam das
Durante os trabalhos de campo, características hidrogeológicas da For-
constatou-se contaminação por deriva- mação Pirabas, onde a água subterrâ-
dos de petróleo nos poços do entorno nea circula, e das condições do clima
de alguns postos de gasolina (Texaco equatorial, com elevada pluviosidade.
nas avenidas Primeiro de Dezembro e Os resultados da amostragem
Senador Lemos, Linderberg no Km 08 em mais de uma dezena de poços
da BR-316 e Ipiranga na Avenida Pe- tubulares indicaram que a água sub-
dro Álvares Cabral, dentre outros). É terrânea que a COSANPA e o SAAEB
iminente o risco de contaminação por captam - em grande parte, tratam e
hidrocarbonetos, pois, quase todos os distribuem para a população, é potável
postos estão em áreas urbanas e a e de boa qualidade para o consumo
grande maioria dos tanques subter- humano. Revelam também prestabili-
râneos de armazenamento estão ve- dade para as demais modalidades de
lhos, sem proteção contra corrosão e uso, embora os poços com profundi-
sem mecanismos de detecção de dades de 60 m a 120 m, na maioria
vazamentos. das vezes, apresentem teores eleva-
Foram cadastrados 118 postos dos de ferro, merecendo, assim, uma
de combustíveis, com um total aproxi- solução que possa minimizar os per-
mado de 510 tanques (Tabela 10). entuais excessivos de ferro.
Assim, esses tanques de combustíveis Dentro das normas de potabilida-
da RMB já oferecem riscos de vaza- de, a água deve estar consoante aos
mentos e podem ser considerados, padrões estabelecidos pela OMS, isto
juntamente com fossas, cemitérios e li- é, quando pode ser consumida pelo
xões, como fontes potenciais de polui- homem sem perigo algum para a sua
ção das águas subterrâneas. saúde (Tabela 11).
Os padrões para determinar a
5.6.4 – Potabilidade potabilidade das águas baeiam-se na
O conceito de potabilidade é uti- importância para saúde humana, no
lizado para se definir o padrão de qua- que diz respeito aos efeitos tóxicos,
lidade da água para consumo humano carcinogênicos e multigênicos, e nos
e considera os diversos parâmetros fí- aspectos organolépticos ou estéticos.
sicos, químicos e bacteriológicos que No primeiro caso, intervêm os caracte-
afetam ou restringem a composição da res químicos e bacteriológicos. Deste
água. As diversas normas para potabi- modo, a água é de boa qualidade quí-
lidade da água seguem os padrões mica, quando as concentrações de
estabelecidos pelas: OMS, EPA (Envi- seus elementos satisfazem às condi-
ronmental Protection Agency) e ABNT. ções químicas fixadas e estiver isenta
55
TAB. 10 – POSTOS DE COMBUSTÍVEIS DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM
Nº DE
ORDEM NOME DO POSTO BANDEIRA LOCALIZAÇÃO UTM (N) UTM (E)
01 AZULINO PETROBRÁS A. BAENA COM 25 DE SETEMBRO 9840282 781899
02 CHERMONT II PETROBRÁS DUQUE COM DR. FREITAS 9842538 782969
03 ENTRONCAMENTO PETROBRÁS BR. 316 (PRÓX. CASTANHEIRA) 9844400 785486
04 CASTANHEIRA SHELL BR. 316 (PRÓX. CASTANHEIRA) 9844632 785968
05 BELO HORIZONTE TEXACO BR. 316 (PRÓX. CASTANHEIRA) 9844885 786274
06 MM AUTO POSTO IPIRANGA BR. 316 (PRÓX. CASTANHEIRA) 9844887 786266
07 CANINDÉ SHELL BR. 316 (PRÓX. VIADUTO) 9846680 788524
08 LINDEMBERG SHELL BR. 316 (PRÓX. B. DO BRASIL) 9848615 791818
09 MARECHAL SHELL BR. 316 (PRÓX. A PRF) 9848917 793561
10 SUPER POSTO 2000 PETROBRÁS BR-316 9848936 794029
11 PINDORAMA PETROBRÁS BR-316 9848936 794611
12 SÃO CRISTÓVÃO IPIRANGA BR. 316 (PRÓX. A MARITUBA) 9848944 796581
13 BALBINO SHELL BR-316 9848870 797045
14 SUPER POSTO ORIENTE PETROBRÁS BR-316 9848736 797808
15 CANINDÉ II SHELL BR-316 9850519 805479
16 AUTO POSTO BENEVIDES PETROBRÁS ENTRADA P/ MOSQUEIRO 9851779 806665
17 VICOM TEXACO BR. 316 (PRÓX. A SEFA) 9848996 796663
18 AMERICANO BRANCA EM FRENTE AO E. CHAGAS 9848083 790833
19 TOKIO SHELL BR-316 9847565 789976
20 UBN TEXACO BR-316 9847447 789781
21 CLASSIC IPIRANGA BR-316 9847004 789029
22 TRÊS ESTRELAS SHELL BR-316 9846931 788892
23 YAMAGA SHELL BR. 316 (PRÓX. VIADUTO) 9846328 787891
24 SIQUEIRA TEXACO PRÓX. TRANSCOQUEIRO 9846474 785394
25 ICCAR V BRANCA AUG. M. NEGRO 9848206 784559
26 CAMILA SHELL AUG. M. NEGRO 9848297 784504
27 TRÊS ESTRELAS SHELL AUG. M. NEGRO 9849154 783885
28 POSTO TEXACO TEXACO AUG. M. NEGRO 9850644 783511
29 MAGUARI ESSO AUG. M. NEGRO 9852736 783814
30 MARAJÓ PETROBRÁS AUG. M. NEGRO 9855568 782513
31 ALESSANDRO IPIRANGA AUG. M. NEGRO 9855565 782515
32 MANO SHELL ENT. P/ OUTEIRO 9855985 781828
33 OUTEIRENSE PETROBRÁS OUTEIRO 9861133 782500
34 ELITE PETROBRÁS ICOARACI (CRIST. COLOMBO) 9856465 780879
35 POSTO SHELL SHELL ICOARACI (CRIST. COLOMBO) 9856401 779818
36 ARTUR BERNARDES SHELL ROD. ARTUR BERNARDES 9851313 780647
37 MAGUARI PETROBRÁS ARTUR BERNARDES 9848899 780795
Cont...
Cont. Tabela 10
Nº DE
ORDEM NOME DO POSTO BANDEIRA LOCALIZAÇÃO UTM (N) UTM (E)
38 ICCAR I TEXACO ROD. DOS TRABALHADORES 9846332 781381
39 DIPLOMATA IPIRANGA AV. T. BASTOS 9844288 784225
40 SUPER POSTO BELÉM ESSO AV. T. BASTOS 9844816 783561
41 CIDADE DE BELÉM TEXACO MAURITI C/ 25 DE SETEMBRO 9841247 782558
42 POSTO TEXACO TEXACO MAURITI C/ A. EVERDOSA 9842229 781038
43 ALESSANDRO ESSO DIOGO MÓIA C/ A. CACELA 9840533 780624
44 POSTO ESSO ESSO 9 DE JANEIRO C/ D. MARREIRO 9840238 780911
45 SALOZAK PETROBRÁS 9 DE JANEIRO C/ A. BARRETO 9840383 780896
46 AUTO POSTO NOGUEIRA ESSO AV. NAZARÉ 9839029 780745
47 REDENTOR SHELL A. CACELA C/ GENTIL 9839026 780744
48 POSTO TEXACO TEXACO CONS.C/ ALC. CACELA 9838893 780756
49 LAVÃO ESSO MUND. C/ ALC. CACELA 9838774 780765
50 ALESSANDRO SHELL PARIQUIS C/ ALC. CACELA 9838559 780454
51 UBN SHELL AV. NAZARÉ C/ 14 DE MARÇO 9839364 780395
52 14 DE MARÇO TEXACO 14 DE MARÇO C/ A.BARRETO 9840265 780396
53 POSTO SHELL SHELL GENERALÍSSIMO C/ D. MÓIA 9840366 780140
54 RESENDE TEXACO GENERALÍSSIMO C/ GENTIL 9839037 780170
55 VYDIA ESSO VISCONDE DE SOUZA FRANCO 9840023 779591
56 AUTO P. STA BÁRBARA TEXACO ENTRADA P/ MOSQUEIRO 9862519 803315
57 AZULINO PETROBRÁS MOSQUEIRO 9875103 787059
58 N. S. DE FÁTIMA TEXACO AV. BEIRA MAR (MOSQUEIRO) 9875609 783978
59 POSTO TEXACO TEXACO VILA DE MOSQUEIRO 9871259 781311
60 POSTO TEXACO TEXACO ROD. MÁRIO COVAS 9847267 788026
61 ICCAR XI BRANCA TRANSCOQUEIRO 9847511 786309
62 POSTO TEXACO TEXACO TRANSCOQUEIRO 9847506 786310
63 ALESSANDRO SHELL ROD. MÁRIO COVAS 9848102 787350
64 POSTO PETROBRÁS PETROBRÁS ENT. CIDADE NOVA 9847733 787815
65 AUTO POSTO NOGUEIRA ESSO CIDADE NOVA 9848305 788487
66 POSTO FORMOSA TEXACO SUPER M. FORMOSA 9848731 788812
67 POSTO ARTERIAL PETROBRÁS ART. 18 (CIDADE NOVA) 9850148 788998
68 PAAR PETROBRÁS CIDADE NOVA 9851115 790193
69 XEQUE MATE BRANCA ESTRADA DO MAGUARI 9849488 792196
70 STA RITA DE CÁSSIA PETROBRÁS ART. 18 (CIDADE NOVA) 9850691 788331
71 POSTO QUATRO PETROBRÁS 16 DE NOVEMBRO 9838172 778667
72 VIRGEM DE NAZARÉ ATLANTIC ROBERTO CAMELIER 9838078 778975
73 GRÃO PARÁ TEXACO TAMOIOS 9837938 778826
74 AUTO POSTO NOGUEIRA ESSO ROBERTO CAMELIER 9837704 779507
75 ALMIRANTE TAMANDARÉ PETROBRÁS ALMIRANTE TAMANDARÉ 9838724 778448
76 BRAZ DE AGUIAR TEXACO AV. BRAZ DE AGUIAR 9839059 779456
77 BANDEIRANTE TEXACO JOSÉ BONIFACIO. C. SILVA CASTRO 9838021 781752
78 VITÓRIA PETROBRÁS JOSÉ BONIFÁCIO 4439 9836886 781734
79 PLATON IPIRANGA PADRE EUTÍQUIO C/ A.CACELA 9837526 780850
Cont....
Cont. Tabela 10
Nº DE
ORDEM NOME DO POSTO BANDEIRA LOCALIZAÇÃO UTM (N) UTM (E)
80 AUTO POSTO AÇAÍ PETROBRÁS PADRE EUTÍQUIO C/ TAMBÉS 9837411 780646
81 CONCEIÇÃO TEXACO PADRE EUTÍQUIO C/ F. GUILHON 9837981 779872
82 POSTÃO SHELL PADRE EUTÍQUIO C/ A ROCHA 9838875 778551
83 ALMIRANTE TAMANDARÉ IPIRANGA ALM. TAMANDARÉ C/ A ROCHA 9838572 788190
84 ICCAR VI ESSO BERNARDO SAIÃO 3862 9836835 781201
85 UNIVERSITÁRIO TEXACO RUA AUGUSTO CORREA 9836735 782741
86 BELÉM-BRASÍLIA SHELL JOSÉ BONIFÁCIO 1246 9838783 781705
87 SUPER POSTO MONTEPIO PETROBRÁS MUNDURUCUS 4734 9838843 782457
88 DALLAS II IPIRANGA 1º DE DEZEMBRO C/ AV. CEARÁ 9839914 782471
89 TRIÂNGULO TEXACO 1º DE DEZEMBRO C/ F. MONTEIRO 9840091 782611
90 BRASIL IPIRANGA 1º DE DEZEMBRO C/ TIMBÓ 9840620 782954
91 A. POSTO 1º DE DEZEMBRO PETROBRÁS 1º DE DEZEMBRO C/ LOMAS 9841314 783352
92 INVENCÍVEL IPIRANGA ALM. BARROSO 1814 9841513 783045
93 PETROBRÁS PETROBRÁS LOMAS C/ DOQUE 1649 9841855 782529
94 IPIRANGA IPIRANGA LOMAS C/ DOQUE 1559 9841902 782454
95 TEXACO TEXACO LOMAS C/ PEDRO MIRANDA 9842445 781643
96 AUTO POSTO NOGUEIRA SHELL P. MIRANDA C/ ÁLVARO ADOLFO 9841173 780764
97 HUMAITÁ IPIRANGA TV. HUMAITÁ C/ P. MIRANDA 9841474 781023
98 AUTO POSTO NOGUEIRA TEXACO HUMAITÁ C/ ALM. BARROSO 9840526 782419
99 VERDÃO PETROBRÁS DR. FREITAS C/ MARQUES 9843052 782583
100 SENADOR LEMOS TEXACO DR. FREITAS 9843416 781020
101 OURO NEGRO IPIRANGA SEN. LEMOS PASS. DAS FLORES 9842345 780001
102 ROSAMAR TEXACO SENADOR LEMOS C/ DOCA 9840426 779306
103 UBN SHELL GASPAR VIANA C/ PÇA. MAGALHÃES 9840056 778869
104 ITEX TEXACO MUNICIPALIDADE C/ D. R. COELHO 9840852 779326
105 22 DE ABRIL ESSO PEDRO ALVARES CABRAL 9841689 779325
106 ALIANÇA TEXACO PEDRO ALVARES CABRAL 9842182 779457
107 PETROBRÁS PETROBRÁS PEDRO ALVARES CABRAL 9842494 779714
108 JOVITA TEXACO PEDRO ALVARES CABRAL 9843537 780768
109 TEXAS TEXACO PEDRO ALVARES CABRAL 9843882 781589
110 DALLAS IPIRANGA PEDRO ALVARES CABRAL 9844048 781858
111 JAMBOCK PETROBRÁS PEDRO ALVARES CABRAL 9844287 782779
112 ANJO DA GUARDA SHELL P. A. CABRAL C/ T. BASTOS 9844205 784278
113 DOM CARLOS TEXACO P. A. CABRAL C/ T. BASTOS 9844225 784357
114 RENASCI ESSO ALM. BARROSO C/ AV. DALVA 9844264 785245
115 ALESSANDRO SHELL PEDRO ALVARES CABRAL 9844450 785282
116 N. SENHORA DAS GRAÇAS PETROBRÁS JULIO CÉSAR ( CONJ. BELA VISTA) 9845008 783819
117 ALMIRANTE PETROBRÁS ARTUR BERNARDES 9845467 779587
118 ICCAR III BRANCA ARTUR BERNARDES 9843380 778974
REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM
Tabela 11 - QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO
VALORES OBTIDOS NA PADRÕES RECOMENDADOS
PARÂMETROS RMB Decreto n.º 39.367
Organização Mundial
CONSIDERADOS Mínimo Máximo
Mínimo Máximo de Saúde
Desejável Permissível
0
Temperatura C
pH 6,8 7,2 6,5 – 8,5
Condutividade Elétrica S/cm 298 346
Alcalinidade mg/l CaCO3 162 170
Dureza mg/l CaCO3 62 172 500
Na mg/l 1,93 2,79 200
K mg/l 3,47 3,89
Ca mg/l 66 81
Mg mg/l 5,70 10,68
Fe Total mg/l 0,2 0,63 0,3 1,0 0,3
CI mg/l 9,45 19 200 600 250
SO4 mg/l 400
HCO3 mg/l
SiO2 mg/l 4 7
Valores mínimo e máximo obtido nos parâmetros analisados da água subterrânea da RMB;
Valores mínimo desejável e máximo permissível das normas brasileiras de potabilidade, do
Decreto n.º 39.367 e os padrões recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS,1984).
de bactérias patogênicas. O último ca- domiciliar (consumo, higiene e lava-
so, refere-se ao sabor, à cor, ao odor e gem em geral); público (clubes, bal-
à turbidez. neários, escolas e repartições públi-
Entre os constituintes químicos, cas); comercial (estabelecimentos
existem aqueles de natureza inorgâni- bancários, hospitais, supermercados e
ca, os mais comuns, e aqueles de na- postos de serviços) e industrial (bebi-
tureza orgânica, cujas conseqüências das, alimentos, etc.). O volume de
ainda não são bem conhecidas. As Ta- água consumida nestes usos varia
belas 12a e 12b (OMS, 1984) exibem, com o porte do empreendimento.
respectivamente, as concentrações li-
mites desses constituintes na água po- 5.7 – Vulnerabilidade Natural dos
tável. No caso dos constituintes orgâ- Aqüíferos e Proteção
nicos, estão incluídos os hidrocarbone- das Águas Subterrâneas
tos derivados de petróleo e os com- Apenas 3% da população da
postos sintéticos, tais como os solven- RMB é beneficiada pelo esgotamento
tes, desinfetantes e pesticidas, que sanitário, enquanto o restante usa fos-
têm uso muito difundido na atividade sas sépticas e negras ou lançando os
industrial. Com relação aos teores ba- dejetos “in natura” diretamente nos
cteriológicos, os guias atuais da OMS igarapés e canais que drenam os nú-
recomendam que as águas de supri- cleos urbanos. O levantamento reali-
mento devem ser isentas de bactérias zado pela CPRM atesta que a maioria
indicadoras de poluição fecal. dos poços tubulares rasos apresenta
Os padrões de qualidade das índices de contaminação por nitrato
águas para fins industriais são com- acima dos valores aceitaveis pela
plexos, variando conforme o tipo de OMS, tendo como fundamento as aná-
indústria e os processos de industriali- lises laboratoriais, cujos resultados re-
zação, gerando necessidades diferen- velaram teores de até 20 mg/l de ni-
tes de qualidade de água para cada trato, inclusive em poços amazonas.
uso. Apesar de não ter sido realizado Essa contaminação está asso-
análises específicas para uso indus- ciada à geologia local, com terreno
trial, na Tabela 13 estão os parâme- predominantemente arenoso, e à
tros utilizados para este fim. construção de poços sem critérios
técnicos adequados. Sob estas con-
5.6.5 – Uso dições, outras formas de contami-
O abastecimento de água potá- nação vêm alcançando os aqüíferos
vel da região é feito fundamentalmente mais superiores da RMB, como são
através dos recursos hídricos superfi- aquelas decorrentes de vazamento em
ciais, complementados pela explota- postos de combustíveis, disposição
ção de água subterrânea, captada por inadequada do lixo, esgoto a céu aber-
meio de poços tubulares profundos to, efluentes de limpa-fossa, resíduos
tanto particular como oficial. Quanto industriais, lixo hospitalar, necro-cho-
ao uso, a água subterrânea é de supe- rume e outras.
rior qualidade sanitária, quando é lím- De acordo com a legislação, as
pida e incolor e possui baixo conteúdo secretarias estaduais e municipais são
bacteriano. Sua composição reflete as responsáveis pela fiscalização do
também o contato que ela manteve tratamento da água encanada e dos
com os minerais formadores da sua poços artesianos. Esses dados foram
rocha hospedeira. consubstanciados nos itens 2.7 e 5.6,
A água potável tem múltiplos onde são enfocados as causas da
usos pelos consumidores, tais como: contaminação da área.
60
REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM
PADRÕES DE POTABILIDADE DA ÁGUA
CONCENTRAÇÃO DE INORGÂNICOS
CONCENTRAÇÃO DE ORGÂNICOS
TETRACLORETO DE
TOLUENO - 0,003
CARBONO
Parâmetro Unidade 1 2 3 4 5 6 7 8 9
PH - - - 7,5 - 7 - 8 - -
Dureza mg/l de CaCO3 50 180 50-80 30-100 50-75 25 50 50 100
Alcalinidade mg/l de CaCO3 - - 80-150 - - 128 135
Cálcio mg/l Ca - - 500 20 200 - - 10
Cloreto mg/l Cl - 30 - 20 100 250 - 100 75
Ferro mg/l Fe 0,5 0,3 0,2 0,1 0,1 0,2 0,2 0,25 75
Manganês mg/l Mn 0,5 0,1 0,2 - 0,1 0,2 0,2 0,25 0,05
R. S. mg/l - 500 850 - 1000 850 - - 200
Nitrato mg/l N - 30 15 - 10 - - - -
Amônia mg/l NH3 - Traços 0,5 - - - - - -
Sulfatos mg/l SO4 - 60 - 20 - 250 - 100 -
Fluoretos mg/l F - - 1,0 - 1,0 1,0 - - -
Magnésio mg/l Mg - - - 10 30 - - - -
Notas 5 – Cervejaria
1 – Águas e Refrigeração 6 – Indústria de Bebidas e Sucos de Frutas
2 – Indústria de Laticínios 7 – Curtume
3 – Indústrias de Conservas Alimentícias 8 – Indústrias Têxtil
4 – Indústrias Açucareira 9 – Indústrias de Papel
63
PROFUNDIDADE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA
(Confinado ou Livre)
OCORRÊNCIA AQUÍFERO
Tipo GRAU DE VULNERABILIDADE
Índice Tipo Índice
Litológico
0,68 0,60 0,53 0,45 0,38
Livre 1,00
Alta Alta Moderada Moderada Moderada
67
ZONA ZONA NÃO
SATURADA SATURADA
Solo
Fluxo Horizontal Fluxo Vertical
Multifásico Multifásico Diluição
Dispersão Hidrodinâmica
Retardação
Filtração Sorção
intercâmbio tônico
Transformação Bioquímica
(N2
H2S
CH4)
Volatização
CCI4. C7CI4 etc...
PROCESSOS REDUZINDO A CONCENTRAÇÃO DE CONTAMINANTES
68
poluente e vice-versa. As cargas con- salte-se que a Região Metropolitana
taminantes potenciais estão relaciona- de Belém é de natureza sedimentar,
das a postos de combustíveis, esgo- onde os aqüíferos são heterogêneos,
tos, cemitérios, lixões, poços abando- porosos e, via de regra, com elevado
nados e outras fontes contaminantes. potencial hídrico, além de apresentar
Na RMB existem mais de uma facilidades para a determinação de
centenas de postos de combustíveis, e suas características hidráulicas.
considerando que alguns deles já ope- A determinação do perímetro de
ram há muito tempo, é possível que proteção de poço é uma prática obser-
seus tanques e tubulações apresen- vada em vários países, objetivando a
tem vazamentos para o subsolo. Es- preservação das águas subterrâneas
ses postos de combustíveis estão rela- contra contaminações. O traçado des-
cionados na Tabela10. Como a gasoli- sa área depende das condições aqüí-
na é pouco solúvel em água e contém feras em que se encontra o poço.
mais de uma centena de componentes Na maioria das vezes, o cresci-
químicos, ao ser derramada no solo, mento urbano se estende a areas sem
permanece, inicialmente, como líquido saneamento, onde as atividades são
de fase não aquosa. Ao entrar em con- as causas de poluição das águas. Du-
tato com a água subterrânea se dissol- rante a infiltração, a água se enriquece
verá parcialmente. E, por serem consi- em elementos lixiviados, tanto da
derados perigosos, seus componentes superfície como das rochas, podendo
podem afetar o sistema nervoso cen- atingir um poço em operação.
tral e causar leucemia em exposições Cleary (1989), estabelece para o
prolongadas. Perímetro de Proteção de Poços - PPP
As contaminações do solo e água três diferentes zonas (Fig. 19), segun-
subterrânea geram passivos que per- do suas características hidráulicas: ZI -
manecem mesmo após o fim de qual- Zona de Influência, ZC - Zona de Con-
quer atividade impactante. Conhecen- tribuição e ZT - Zona de Transporte ou
do-se a contaminação, é imprescindí- Zona de Captura. A ZI é aquela asso-
vel aplicar medidas mitigadoras sobre ciada ao cone de depressão de um po-
esses contaminantes, a fim de preser- ço em bombeamento, enquanto a ZC
var o meio ambiente. Nesse sentido, é é a área de recarga associada ao po-
de suma importância o Mapa de Vul- ço. Teoricamente, qualquer substância
nerabilidade, a ser utilizado como mais móvel e persistente que se encontre
um instrumento pelos gestores esta- dentro desta zona é conduzida para o
duais e municipais, quando da seleção poço em explotação, tornando-se mo-
de sítios para instalação de qualquer tivo de preocupação com a qualidade
empreendimento que possa causar da água.
impacto ambiental. A Zona de Transição ou Zona de
Captura (ZT), para determinado tempo
5.7.5 – Área de Proteção de Poços de transito é estabelecida com relação
Para um controle adequado da aos tempos específicos que supostas
qualidade das águas subterrâneas, é plumas contaminantes levam para
necessário se conhecer: as caracterís- atingir o poço, muitas vezes sem com-
ticas dos aqüíferos, suas interações siderar a dispersão hidrodinâmica, re-
com as águas superficiais, as condi- tardação ou a degradação. Esta zona
ções de recarga, circulação e descar- foi criada para restringir a área da Zo-
ga; e as atividades humanas desenvol- na de Contaminação (ZC), que, em
vidas na área, levando-se em conta os alguns casos, podem atingir valores
fins a que as águas se destinam. Res- muito elevados.
69
DIVISOR DE ÁGUA
SUBTERRÂNEA
POÇO EM
BOMBEAMENTO
SUPERFÍCIE A
DO TERRENO
LENÇOL FREÁTICO
CONE DE
ANTES DO BOMBEAMENTO
A DEPRESSÃO
AQUÍFERO
EMBASAMENTO
CAMADA CONFINANTE CRISTALINO
ZC DIVISOR DE ÁGUA
SUBTERRÂNEA
Z
I
5A 10A
A A'
POÇO BOMBEANDO
LEGENDA:
LENÇOL FREÁTICO
ZC ZONA DE CONTRIBUIÇÃO
ZI ZONA DE INFLUÊNCIA
71
(0,05 mm a 0,42 mm) e areia muito Formação Pré - Filtro
grossa (2 mm a 4,8 mm). No conjunto Amostra (1) (2)
Def (mm) U Def(1) (mm) U(2)
N.º
analisado, o intervalo de 190 a 200 m, D90 D70 D40 D90 D70 D40
e correspondente à amostra n.º 01, (1)
01 0,08 0,25 0,75 9,40 1,11 1,25 1,46 1,32
apresentou granulometria fina a mé-
(2)
dia, enquanto a amostra n.º 04, do 02 0,10 0,27 0,70 7,00 1,20 1,35 1,57 1,31
intervalo 240 m a 252 m, varia de areia 03(3) 0,08 0,35 2,10 26,25 - - - -
grossa à conglomerática (Fig. 20). 04(3)
0,30 1,67 3,20 10,67 - - - -
(1)
Def – Diâmetro Efetivo;
Amostra
N.º
Material Retido Acumulado U(2) – Coeficiente de Uniformidade
(% em peso)
Fração 01 02 03 04 Tabela 16 – Coeficiente de Uniformidade e
4,00 6,63 9,73 20,52 33,50 Diâmetro Efetivo da formação e
3,36 9,26 12,38 25,26 38,83 do Pré-filtro.
(1)
2,83 11,91 15,40 29,56 44,73 A espessura de 190 m a 200 m é a porção
2,38 16,27 19,56 36,08 54,21 fina da camada aqüífera.
(2)
1,98 20,37 23,44 42,19 62,72 A espessura de 204 m a 212 m é a faixa
1,68 24,43 26,94 46,56 70,22 média da camada aqüífera.
1,00 34,49 34,22 55,16 82,61 (3)
A espessura de 222 m a 252 m é a faixa
0,71 41,16 39,71 59,61 85,55
grossa da camada aqüífera.
0,42 54,39 53,69 66,98 88,59
0,25 71,22 72,16 75,09 91,18 As curvas
porcentagem retida
0,17 81,07 83,51 81,52 93,27 acumulada X abertura da peneira (mm)
Fundo 100,00 100,00 100,00 100,00 mostra que o mais baixo d40 é o de
Tabela 15 – Análise Granulométrica dos
sistemas aqüíferos mais inferiores – Poço
0,70 mm e o mais alto é o de 3,20 mm,
FEMAC/Conjunto Eduardo Angelim. indicando que, para essas granulome-
trias, o filtro de abertura 0,70 mm é o
mais compatível para a Unidade Aqüí-
Ao analisar a Fig. 20, verifica-se fera Pirabas.
que as curvas de distribuição granulo- Nesse caso, onde há o envolvi-
métrica têm declividades e formatos mento do filtro com uma camada de
variados. Estão próximas ou afastadas material mais grosso que o da forma-
do eixo das ordenadas (origem das ção, é necessário fixar as característi-
aberturas), revelando areia fina ou cas do pré-filtro, que deverá ser consti-
grossa. Essas características (granulo- tuído simplesmente de areia grossa a
metria, declividade e formato da curva) média, segundo o critério da E. E. Joh-
podem variar independentemente uma nson. Assim, a abertura do filtro será
da outra e o estudo detalhado de cada correspondente ao diâmetro efetivo do
uma delas é indispensável para o co- material de envolvimento, equivalente
nhecimento completo da granulometria à abertura que retém 90 % do material
do material. preparado, isto é, 1,11 mm para a Uni-
Com base nas curvas de distri- dade Pirabas.
buição granulométrica (diâmetro do Além disso, esses dados permiti-
grão e declividade da curva), obteve- ram determinar a granulometria do
se os diâmetros efetivos - Def e os pré-filtro, que está compreendida entre
coeficientes de uniformidades – U, de 1,11 mm a 1,57 mm, diâmetros indica-
acordo com a Tabela 16. Estes parâ- dos para reter adequadamente a for-
metros determinaram a abertura do mação circundante, enquanto que pa-
filtro a ser colocado diretamente na ra as outras amostras os diâmetros es-
unidade aqüífera, de acordo com a tão indicados na Tabela 16 e Fig. 21.
Fig. 21, e correspondente aos inter- Como se trata de um aqüífero es-
valos que se apresentaram com maior tratificado, com alternância de areias,
ou menor retenção nos diâmetros argila e calcário, caracterizando-o
d40% ou d50%.
72
ANÁLISES GRANULOMÉTRICAS
POÇO SESAN/SAAEB – CONJUNTO EDUARDO ANGELIM
RODOVIA AUGUSTO MONTENEGRO
100
90 100
Amostra 03
80 Amostra 04
90
70 80
60 70
50 60
50
40
40
30
30
20 20
10 10
0 0
0 1 2 3 4 0 1 2 3 4
100
90 Amostra 01
Amostra 02
80 Amostra 03
Amostra 04
70
60
50
40
30
20
10
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4
Fig. 20
A N Á L I SE GR A N U L OM É T R I CA
POÇO FEMAC - CONJ. EDUARDO ANGELIM
SESAN / SAAEB
100
100
0 R. P.o
90 0R.
90 P.0
80
PORCENTAGEM RETIDA ACUMULADA ( % )
70 O. 70 O.0
60 60
AMOSTRA 01 AMOSTRA 02
50 50
40 N.0 40
M. o M. 0 N.0
30 30
20 20
10 10
0,25
00 00
10Dd 90 Dd40 20 30 40 10 Dd 90 Dd 40 20 30 40
ABERTURA DA PENEIRA ( mm ) ABERTURA DA PENEIRA ( mm )
100
90
80
PORCENTAGEM RETIDA ACUMULADA ( % )
50
40
30
20
10
00
10 20 30 40 10 20 30 40
ABERTURA DA PENEIRA ( mm ) ABERTURA DA PENEIRA ( mm )
como confinado, pode ser aproveitada mento, os filtros são solicitados por es-
toda a sua espessura se houver dispo- forços de tração radiais e eventual-
nibilidade de filtros; caso contrário, uti- mente de compressão. Esses esfor-
lizar 2/3 da camada ou selecionar os ços, geralmente, serão tanto maiores
níveis aqüíferos por intermédio da per- quanto maior for a profundidade de
filagem gama e aplicar a metodologia instalação da coluna. Entretanto os es-
da Johnson para aqüífero confinado. forços de tração transmitida ao filtro
pelo peso da coluna abaixo do mesmo
6.1- Dados Técnicos para são facilmente identificáveis (Fig. 24).
Projetos de Poços Tubulares Um poço, conforme especifica-
As variáveis envolvidas na cons- ção acima, revestido com tubo de aço
trução de poços tubulares são múlti- comum, filtros inoxidáveis e construído
plas, como o tipo de rocha a ser perfu- com técnica adequada, custa, na pra-
rada, complexidade estrutural, mate- ça de Belém, em torno U$ 200,00 o
rial a ser usado na coluna de revesti- metro linear. Este custo pode variar de
mento, disponibilidade financeira, etc. empresa para empresa, principalmen-
De posse desses elementos e do te quando utilizados revestimentos do
conhecimento dos parâmetros hidrodi- tipo geomecânico, como foi o caso do
nâmicos do aqüífero, determinados em poço construído no Conjunto Eduardo
trabalhos anteriores, define-se com Angelim, em Icoaraci.
segurança o diâmetro da câmara de
Como não existe projeto padrão
bombeamento que, para os poços pro-
para construção de poços tubulares, a
fundos da RMB, é de 14” e base pos-
sua execução depende da geologia da
tada a 100 m do solo. Mas o compri-
área e da experiência do hidrogeó-
mento da câmara de bombeamento se
logo ou projetista. Para terrenos are-
dá em função do tipo de aqüífero e da
no-argilosos, como é o caso da RMB, a
relação custo/benefício, entre outros
perfuração deve ser rotativa, com cir-
parâmetros. Levando-se em conta es-
culação de lama à base de polímeros
sa situação e o conhecimento hidro-
(CMC). O fluido de perfuração deve
geológico adquirido durante a execu-
manter uma viscosidade aproximada
ção do projeto, foram propostos mode-
de 48 s e peso específico de 9 lb/gal.
los esquemáticos de poço (Fig. 22 e
Fig. 23), visando os aqüíferos da Re-
gião Metropolitana de Belém. 6.2 - Demanda de Água
Para os poços profundos, pode- A captação subterrânea tende a
se também calcular os raios ou diâme- criar condições para que a água seja
tros dos filtros através da fórmula: retirada do manancial em quantidade
suficiente para atender o consumo, de
Q = 3,14 x 2 x r x h x a x b x K1/2 forma mais racional e econômica. Faz-
se necessário o conhecimento da va-
onde: zão desejada, que por sua vez, é fun-
Q = Vazão ; ção do consumo previsto.
r = Raio do Filtro; A demanda prevista para a RMB
h = Extensão do Filtro; é função do número de habitantes. De
a = % de área aberta dos filtros; acordo com os padrões de consumo
K = Condutividade Hidráulica da estabelecidos pela ABNT, o consumo
formação aqüífera; e médio de água é de 250 l/dia “per ca-
b = 0,5 (admitindo-se a obstrução pita”. Assim, para uma população de
de 50% de “a” por cascalho). 1.700.000 habitantes, o consumo atin-
Ressalte-se que, durante a fase ge 425 milhões l/dia ou 425.000 m 3/dia
de instalação da coluna de revesti- ou 4,95 m3/s.
75
PROJETO DE POÇO ( PERFIL CONSTRUTIVO )
0m
26”
24” ANTIPOÇO
20
22”
CIMENTAÇÃO
14”
PAREDE DO POÇO
CENTRALIZADOR
1/2”
17
REVESTIMENTO
FILTRO
PRÉ-FILTRO
8”
280m
Fig. 22
Serviço Geológico do Brasil
LAJE DE PROTEÇÃO
0m
COLUVIÃO
8.00 m
REVESTIMENTO - PVC
Sedimentos Pós-Barreiras
POÇO
25.00 m
79
00.
05.
12
14
Fig.25
Fig 24
01 TUBO DE AÇO m 110 12"
02 TUBO DE AÇ m 120 8"
03 FILTRO DE AÇO m 40 8"
04 TUBO DE FERRO GALVANIZADO COM ALÇA m 72 2"
05 MANILHA DE FERRO GALVANIZADO un 13 3/4"
06 TUBO DE AÇO SCHUDELLE GALV. COM ROSCA ¾" un 01 6"
07 CENTRALIZADORES EM BARRA DE FERRO CA-24 un 04 5/8"
08 ANEL E DISCO PARA APOIO DO CONJUNTO un 01 -
09 FLANGE DE FERRO DE 350 mm un 01 14"
10 TE DE FERRO FLANGEADO un 01 12"x 8"
11 MANÔMETRO un 01 -
12 TOCO Fº Fº C/ FLANGES L = 0,50 m un 01 8"
13 TAMPA DE FERRO un 01 -
14 VÁLVULA DE RETENÇÃO Fº Fº un 01 8"
15 TE DE REDUÇÃO Fº Fº un 01 8"x 6"
16 CURVA 45º Fº Fº un 02 8"
17 TUBO Fº Fº C/ FLANGES L = 2,00 m un 01 8"
18 E PVC JE PF un 02 8"
19* TOCO Fº Fº C/ FLANGES L = 0,50 m un 01 6"
20* REGISTRO Fº Fº C/ FLANGES un 01 6"
21 CONJUNTO MOTOR BOMBA SUBMERSA un 01 -
22 REDUÇÃO DE AÇO un 01 12"x 8"
23 CAP AÇO un 01 8"
24 TUBO PVC - JE m 42 8"
25* CURVA 90º PVC - JE PB un 02 8"
26* E PVC JE BF un 01 8"
27* VÁLVULA BORBOLETA C/ FLANGES VB un 01 8"
28* CURVA 90º PVC - JE PB un 02 10"
29* TUBO PVC - JE PB m 42 10"
30* E PVC - JE PF un 01 10"
31* E PVC - JE BF un 01 10"
32* R 10 FV 10 un 01 10"
33* CURVA 90º PVC - JE PB un 05 160
34* E PVC - JE BF un 01 160
35* R 10 FV 10 un 01 6"
36* E PVC - JE PF un 01 160
37* TUBO PVC - JE PB m 90 160
38* JUNÇÃO PVC - JE BBB un 01 160
39 LAGE DE CONCRETO - - -
40 CIMENTAÇÃO - - -
41 PRÉ - FILTRO - - -
Fig. 26
Ressalte-se que todos os poços aos procedimentos utilizados durante
submetidos a perfilagem geofísica (Po- a construção do poço, onde, na maio-
tencial Espontâneo, Resistência Elé- ria das vezes, os danos causados na
trica e Raios Gama) foram perfilados parede dos aqüíferos são produzidos
pela UFPA, com exceção dos poços pelo fluido de perfuração, criando re-
de Brasília, no Outeiro, e Santa Maria sistências sérias e indesejáveis ao es-
em Ananindeua, ambos perfilados pela coamento da água subterrânea.
HIDROLOG/SP (Raios Gama, Normal A Tabela 17, exibe os dados ex-
Curta, Indução e Sônico). traídos dos testes de três (03) etapas
Esta ferramenta é de grande do sistema aqüífero Pirabas. Assim, é
utilidade para o conhecimento do pa- possível avaliar se os poços são cons-
cote atravessado pela perfuração e as- truídos com boa técnica. O rebaixa-
sim definir os níveis para a colocação mento real de um poço bombeado é
dos filtros. Cita-se o caso de dois po- traduzido pela equação de Jacob
ços profundos construídos em Belém, (s=BQ+CQn), onde s é o rebaixamento
muito próximos, profundidades iguais total medido no poço em produção; B
e que atravessaram as mesmas unida- e C, perdas de carga no aqüífero e no
des geológicas, mas que apresenta- poço, respectivamente; e Q, a vazão
ram vazões diferentes. O poço com de bombeamento. Essas perdas po-
perfilagem geofísica teve excelente va- dem ser determinadas graficamente,
zão e o segundo, sem dados geofísi- com plotagem das vazões no eixo das
cos, apresentou vazão inferior a 50 % abcissas e rebaixamentos específicos
do primeiro. na ordenada.
Com base nos resultados obtidos nos
6.6 - Eficiência de poços testes de produção escalonado do
Na construção de poços a efi- Poço SAAEB/COHAB (Tabela 17) foi
ciência representa um tema importante construído o gráfico Rebaixamento Es-
no aproveitamento das unidades hidro- pecífico (m3/h/m) x Vazão (m3/h) mos-
geológicas, de vez que tem implica- trado na Fig. 27, onde substituindo-se
ções diretas e determinantes no custo estes valores na equação de Jacob,
de captação das águas subterrâneas. obtém-se a equação característica do
Portanto, um poço pode ser considera- poço (s=0,031Q+0,00009Q2). De pos-
do eficiente quando se consegue obter se desse dado (Teste de Produção)
bons resultados em termos de capaci- construiu-se outro gráfico que forne-
dade produtiva. Nesse sentido, deve- ceu a curva característica do poço
se evitar as mínimas dificuldade e re- (Fig. 28), mostrando que o mesmo po-
sistência possíveis para que a água do ço pode ser explotado com vazão su-
sistema aqüífero se movimente em di- perior à vazão final de teste, que é de
reção à captação 211,76 m3/h, já que, a partir do “ponto
Dentro deste contexto, dois as- crítico”, o aumento dos rebaixamentos
pectos fundamentais têm implicações é bastante desproporcional em relação
diretas na eficiência hidráulicas dos ao aumento de vazão. A vazão máxi-
poços. O primeiro diz respeito ao ma corresponde ao ponto crítico. É re-
próprio desenho construtivo da obra comendável que a vazão máxima não
de captação, como os fatores ligados ultrapasse 340 m3/h, o que correspon-
aos diâmetros da coluna de revesti- de limitar a velocidade ascensional em
mento (tubos e filtros), espessura pe- 0,3 m/s na coluna de 8”, evitando-se,
netrada no aqüífero e a resistência a assim, a possibilidade da ocorrência
ser criada ao fluxo d’água em direção de turbilhonamento do fluxo na seção
à bomba. A outra questão se refere da coluna de filtros.
82
REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM
TESTE DE VAZÃO ESCALONADO
POÇO Q s s/Q N. E. N. D. Coeficiente das Perdas TEMPO
ETAPAS 3
N.º (m /h) (m) (m/m3/h) (m) (m) B C (h)
1ª 71.52 3.48 0.049 14.84 18.32 - - 6:00
CDP
2ª 110.20 5.98 0.054 - 20.82 - - 6:00
04
3ª 183.05 11.54 0.063 - 26.44 0.04 0.00013 6:00
1ª 56.04 4.73 0.084 23.05 27.78 - - 6:00
ARIRI
2ª 110.00 10.05 0.091 33.10 0.076 0.00013 6:00
COHAB
3ª 144.88 13.57 0.094 - 36.73 0.076 0.00013 6:00
1ª 62.79 5.76 0.092 18.45 34.70 - - 6:00
UIRAPURU
2ª 105.82 10.69 0.101 29.14 - - 6:00
COHAB
3ª 147.94 16.13 0.109 - 34.70 0.078 0.0002 6:00
1ª 135.00 - - 23.70 36.13 - - 1:00
SABIÁ
2ª 189.00 - - - 42.40 - - 1:00
40 HORAS
3ª - - - - - - - 1:00
1ª 90.75 2.01 0.022 14.35 16.36 - - 6:00
CDP
2ª 196.36 5.26 0.027 - 19.36 - - 6:00
06
3ª 216.00 6.16 0.028 - 20.56 0.018 0.00004 6:00
1ª 162.85 5.27 0.051 12.83 18.10 - - 6:00
CDP
2ª 168.75 8.92 0.053 - 21.75 - - 6:00
03
3ª 211.76 11.43 0.054 - 23.08 0.048 0.00003 6:00
1ª 52.25 6.77 0.129 14.32 21.09 - - 8:00
CDP
2ª 96.92 13.53 0.139 - 27.85 - - 8:00
05
3ª 153.24 23.97 0.153 - 38.25 0.115 0.00026 8:00
1ª 109.00 10.10 0.093 17.50 27.60 - - 2:00
PARACURI
2ª 133.00 12.20 0.092 - 29.70 - - 2:00
02
3ª 162.00 14.92 0.092 - 32.42 - - 2:00
1ª 53.67 10.57 - 28.06 38.63 - - 2:00
BENGUÍ 2ª 123.14 14.19 - - 42.25 - - 2:00
3ª 186.94 19.34 - - 47.40 - - 2:00
CORDEIRO 1ª 85.26 18.76 - 23.97 38.33 - - 2:00
DE 2ª 118.53 - - - 42.73 - - 2:00
FARIAS 3ª 162.00 - - - 46.66 - - 2:00
Tabela 17
REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM
TESTE DE VAZÃO ESCALONADO
POÇO Q s s/Q N. E. N. D. Coeficiente das Perdas TEMPO
ETAPAS 3
N.º (m /h) (m) (m/m3/h) (m) (m) B C (h)
1ª 98.00 - - 5.23 17.12 - - 2:00
MOSQUEIRO 2ª 129.00 - - - 18.84 - - 2:00
3ª 189.00 - - - 20.52 - - 2:00
1ª 135.00 - - 23.70 36.13 2:00
SABIÁ
2ª 189.00 - - - 42.40 2:00
SINCOL
3ª - - - - - 2:00
1ª 60.00 2.53 0.042 22.85 25.38 2:00
*SAAEB
2ª 110.20 5.93 0.054 - 28.78 2:00
COHAB
3ª 147.95 9.13 0.062 - 31.98 0.028 0.00023 2:00
1ª 90.75 3.50 0.039 11.29 14.75 6:00
SAAEB
2ª 161.19 7.49 0.046 - 18.74 6:00
ICOARACI
3ª 211.76 10.49 0.050 - 21.90 0.031 0.00009 6:00
PROSANEAR 1ª 97.62 5.13 0.052 21.68 26.86 5:00
COQUEIRO 2ª 130.90 7.19 0.055 - 28.87 5:00
02 3ª 174.54 10.47 0.059 - 32.18 0.044 0.000084 5:00
1ª 72.00 6.62 0.092 6.61 13.23 6:00
SAAEB
2ª 124.13 12.17 0.098 - 18.78 6:00
BAIA DO SOL
3ª 186.20 19.08 0.102 - 25.94 0.086 0.0009 6:00
1ª 108.00 4.55 0.042 22.40 31.10 6:00
BENGUI
2ª 168.00 7.50 0.044 6:00
03
3ª 189.47 8.70 0.046 0.039 0.00003 6:00
CIDADE 1ª 50.47 2.42 0.048 27.90 36.57 6:00
NOVA II 2ª 99.08 5.53 0.056 6:00
Nº 05 3ª 140.26 8.66 0.062 0.040 0.00016 6:00
1ª 71.00 5.95 0.0838 25.40 31.35 2:00
GUANABARA
2ª 7.87 0.084 33.27 2:00
I
3ª 136.80 11.80 0.086 37.20 0.0802 0.0005 2:00
1ª 89.80 10.58 0.1252 25.00 35.58 2:00
GUANABARA
2ª 142.00 20.79 0.1439 45.79 2:00
II
3ª 202.20 32.88 0.1654 57.88 0.093 0.0004 2:00
Tabela 17
*Característica (Equação e Curvas) do poço SAAEB/COHAB.
REBAIXAMENTO ESPECÍFICO S/Q
0,05
0,04
t =C
0,03
0,02
0,01
3
0 100 200 Q(m /h)
VAZÃO MÁXIMA
10 NE = 11,25 m
20
s (m)
30 PONTO
CRÍTICO
40
50
86
6.8.1 – Cálculo do Fator de (P20h - Potência de Energia consumida
Recuperação de Capital em 20 horas de bombeamento).
do Poço Tubular
Ae = 2083,40 x 0,1169 x 365 dias
Pp = R$ 200.000 n = 30 anos, Ae= R$ 88.895,55
(Ae - Tarifa de energia)
Sendo i = 12%
Ap = P. i (1+ i)n / [(1+ i)n - 1}, onde: 6.8.4– Cálculo do Fator de
Ap = valor da amortização anual; Recuperação do Custo de
P= custo inicial; Manutenção
i= taxa de juros de 5% ao ano;
n = período de duração.(n=30 anos ). Am (5% Pp) = 0,05 x 200.000,00
Ap = 24.828,73
Am = R$ 10.000,00
6.8.2– Cálculo do Fator de 6.8.5. - Cálculo do Custo de
Recuperação das Gerações Produção/m3 de Água: CP
de Bombas
Produção Prevista anual = Q x h =
Ab = F / (1+ i) , onde
n
=250m3/h x 7.200h =
= 1.825.000 m3
Ab= valor principal do conj de bombas;
F= custo inicial ; CP = (Ap + Ab + Ae + Am)/Volume Anual
i = taxa de juros, 5% ao ano;
n= período de duração. CP = ( 24.828,73 + 411,13 + 88.895,55 +
+ 20.000,00 )/ 1.825.000
Ab1 = R$ 3.000,00
CP = R$ 0,0735/m3
Ab2 = R$ 311,00
7.0 – CONCLUSÕES E
Ab3 = R$ 100,13 RECOMENDAÇÕES
Sb = Ab1 +Ab2 +Ab3 As informações aqui transmitidas
têm caráter preliminar e expõem o es-
Sb = R$ 3.411,13 tado de explotação dos recursos hídri-
cos subterrâneos, servindo, portanto,
6.8.3. - Cálculo do Fator de como ponto de partida para trabalhos
Recuperação do Custo de futuros. Nesta fase, foram cadastrados
Energia (P = 15 x Q.H) 2.263 pontos d’água. Certamente, mui-
tos poços amazonas seriam ainda de-
Q = 250 m3/h = 6,94 x 10–2 m3/s tectados em um trabalho de censo, ca-
H = 100m (Altura manométrica) sa a casa, mas que foge aos objetivos
P = 15 x Q x H (KW) propostos.
Os objetivos concebidos para es-
P1h = 15 x 6,94 x 10-2 x 100 te projeto foram, em parte, alcança-
P1h= 104,17 dos, destacando-se a problemática do
(P1h - Potência de energia consumida abastecimento d’água para a popula-
em uma hora de bombeamento). ção, projeto de poço tecnicamente
adequado às características hidrogeo-
P20h = 104,17 x 20 lógicas da área, análise química e
P = 2083,40 KW caracterização das unidades aqüíferas
87
potenciais. São itens que virão auxiliar No que se refere a exploração e
na maximização do aproveitamento explotação dos recursos hídricos sub-
técnico-econômico dos poços que, do- terrâneos, recomendam-se estudos
ravante, venham a ser construídos na adicionais que visem o melhor conhe-
região. cimento qualitativo e quantitativo dos
O levantamento hidrogeológico aqüíferos regionais. Nesse sentido, ca-
realizado na Região Metropolitana de bem as seguintes ações:
Belém obteve êxito, em especial à - Realização de poços de 500 m,
cartografia, à descrição das unidades visando a determinação de sistemas
litoestratigráficas e à avaliação dos re- aqüíferos sotopostos aos atuais e que
cursos hídricos subterrâneos, permitin- possam ser mais favoráveis quanto a
do as conclusões pertinentes a seguir: vazão, qualidade e reservas.
- As rochas mais antigas perten- - Apresentação sistemática, sob
cem à Bacia Amazônica, que englo- forma de relatório, das características
bam a Formação Pirabas (Mioceno In- hidrogeológicas das unidades aqüífe-
ferior), Grupo Barreiras (Mioceno Su- ras, com testes de aqüífero e acompa-
perior), Cobertura Detritico-Laterítica nhamento em piezômetros, a fim de
(Plio-Plestoceno) e pelos Depósitos consubstanciar os parâmetros hidro-
Aluviais (Quaternário). dinâmicos.
- O Aqüífero Pirabas se constitui - Monitoração das áreas minera-
na principal opção para captação ime- das, onde a lavra de areia e brita, que
diata de água subterrânea, com poços ocorre na periferia, é efetuada até qua-
de profundidades de 220 m a 300 m, se a exposição do nível freático, o que
vazões em torno de 200 a 500 m3/h; e poderá permitir a contaminação dos
água de excelente qualidade, portanto, aqüíferos mais superficiais, pois, na
utilizável para quaisquer fins. maioria desses depósitos, não há re-
- O Aqüífero Barreiras se apre- cuperação das áreas degradadas, ten-
senta como segunda opção de capta- do em vista a falta de fiscalização pe-
ção; os poços, com profundidades de los órgãos de preservação ambiental.
40 m a 100 m e vazões na ordem de - O progressivo grau de poluição
20 a 100 m3/h, apresentam, na maioria dos principais rios urbanos da RMB,
das vezes, alto teor de ferro, sendo detectados pela CPRM, através de
desaconselhável para fins nobres sem análises físico-químicas e bacteriológi-
tratamento. cas, sugere o desenvolvimento de pro-
Os aqüíferos da Cobertura Detrí- gramas para diagnosticar e mapear as
trico-Lateritica (areno-argilosos) e os fontes poluidoras desses mananciais.
depósitos quaternários (essencialmen- - Poços para pequenas deman-
te arenosos) são os mais utilizados das devem ser dirigidos para as forma-
pela população, com poços de 12 m a ções quaternárias e Cobertura Detríti-
30 m. Em alguns locais, como nos pla- co-Laterítica; são notórias suas limita-
tôs e planície de inundação, não são ções como reservatórios de água, po-
favoráveis para a captação de água rém, alguns níveis arenosos justificam
por poços rasos, já que o teor de ferro as perfurações de poços tubulares ra-
é excessivo. As vazões não ultrapas- sos, buscando vazões da ordem de 5
sam a 10 m3/h, sendo a média aproxi- a 10 m3/h.
mada de 3 m3/h. Nas áreas de baixa- - No caso de demanda expressi-
da, os poços estão sujeitos a alta po- va, recomenda-se a captação do Aqüí-
luição, devido às baixas condições de fero Pirabas, de onde poderão ser ex-
higiene em que vivem os moradores. plotadas vazões de até 400 m3/h, nu-
ma profundidade de 500 m ou mais.
88
- A realização de análises físico- tubulares profundos ou mesmo a im-
químicas se reveste de importância plantação de microsistemas.
capital, não apenas como ferramenta - Do exposto, o abastecimento de
auxiliar para uma maior compreensão água é um dos mais cruciantes e gra-
dos mecanismos de recarga e descar- ves problemas da RMB, sendo neces-
ga dos sistemas aqüíferos, mas, tam- sárias medidas mitigadoras, por parte
bém, para a determinação da qualida- do gestores municipais, para minimizar
de da água armazenada; Estas obser- este lastimável quadro; nestas cir-
vações iniciais e preliminares demons- cunstâncias, uma alternativa é a utili-
tram a fragilidade em que se encon- zação de água subterrânea, armaze-
tram os recursos hídricos da RMB, que nada nos sistemas aqüíferos mais pro-
precisam de monitoramento mais deta- fundos, conforme atestam os poços da
lhado com análises físico-químicas e COSANPA e do SAAEB, que possuem
bacterológicas, para que, futuramente, centenas de metros.
sejam elaborados projetos que - Elaborar Mapa Isopiezométrico
produzam melhorias na qualidade de dos aqüíferos, a fim de calcular as flu-
suas águas e conseqüentemente na tuações de suas reservas e delimitar
vida da população. as bacias hidrogeológicas.
- Para poços escavados e tubula- - Melhorar o aproveitamento dos
res rasos devem ser dadas atenções poços tubulares, com a instalação de
especiais, por serem utilizados em lar- unidades de bombas submersas ade-
ga escala pela população mais caren- quadas à vazão do poço, para suprir
te, pois a mesma não dispõe de esgo-
as necessidades de água de forma
to sanitário e seus poços têm uma re- mais eficiente.
lação promíscua com as fossas bioló-
gicas; os dejetos das fossas, com o - Consubstanciar o Mapa Hidro-
passar do tempo, se infiltram e atin- geológico na escala 1 : 50.000 com as
gem o lençol freático, contaminando, seções dos poços profundos.
assim, as águas dos poços. - Conscientizar as entidades go-
- Face à inexistência de estudos vernamentais, como a SECTAM e o
hidrogeológicos específicos na região, Ministério Público, para o gerencia-
recomenda-se a realização dos mes- mento dos recursos hídricos do estado
mos, em nível que permita estabelecer do Pará, exercendo o controle na cap-
uma política de gestão dos recursos tação dos recursos hídricos subterrâ-
hídricos de origem subterrânea. neos e no cumprimento das normas vi-
- Para subsidiar os bancos de da- gentes. Ao Conselho Regional de En-
dos que vierem a ser formar no país, genharia, Arquitetura e Agronomia ca-
as Prefeituras da RMB poderão criar be acompanhar a construção de poços
Leis Municipais para que todo poço tubulares dentro das normas da ABNT,
construído seja registrado e o cadastro exigindo um Relatório Técnico do Po-
repassado aos órgãos gestores da ço, além da respectiva Anotação de
água subterrânea. Responsabilidade Técnica (ART).
Há necessidade, por parte do Po- - Alertar o poder público, quando
der Público, de realizar planejamento e da implantação de sistema de abaste-
saneamento mais eficazes para a re- cimento na RMB, para que sejam fei-
gião, de modo a contemplar, também, tos estudos técnicos que levem em
os bairros da periferia urbana, através consideração as características hidro-
da construção de rede de distribuição geológicas locais, visando a escolha
de água tratada, construção de poços da melhor alternativa e evitar desper-
dícios de recursos financeiros.
89
A análise do problema ambien- GEOLOGIA DA AMAZÔNIA, 1, Belém,
tal, provocado pelos postos de com- 1985. Anais... Belém: SBG, 1985. P.
bustíveis da RMB, permite sugerir o 222 – 229.
seguinte:
- Construir um banco de dados BARBOSA, G. V.; RENNÓ, C. V.;
com todos os postos de combustíveis FRANCO, E. M. S. Geomorfologia
existentes na região; da Folha SA-22. Belém. - Rio de
- Criar um órgão centralizador Janeiro: DNPM/RADAM, 1974. P.11
das informações relativas aos postos (Levantamento de Recursos
revendedores de combustíveis e dos Naturais, 5)
responsáveis pela fiscalização da se-
gurança dos mesmos; BEZERRA, P.E.L.; PEREIRA, E. R. Plano
- Definir as áreas consideradas Diretor de Mineração em áreas
de segurança, considerando a proximi- urbanas. Região Metropolitana de
dade das atividades sensíveis aos Belém e adjacências; relatório final.
postos revendedores de combustíveis. - Belém: IBGE/SEICOM, 1993. 141 p.
Os postos de combustíveis nessas il.
áreas deveriam obedecer critérios
mais rígidos de proteção contra vaza- CONCEIÇÃO, A. L., Riscos
mentos em SASCs; Ambientais para o manancial do
- Elaborar um plano de testes e Utinga (Belém) Belém: 1995.
de monitoramento a ser implementado Monografia (Área de riscos
em todos os postos revendedores de Ambientais) Centro Tecnológico e
combustíveis, com definição clara da Núcleo de Meio Ambiente – NUMA,
periodicidade com que os mesmos UFPa.
devem ser realizados; e
- Mapear a relação de proximida- COSANPA. Relatório de Construção
de entre os postos e as diversas insta- de poços profundos, Bairro PAAR,
lações urbanas, como os canais flu- Z. – Ananindeua - Pa: CONTEP,
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