Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Instituto de Ciências Humanas e Sociais

Departamento de Letras e Comunicação Social
Prática e Produção de Textos Científicos
Prof.ª Drª Marli Hermenegilda Pereira
Monitor: Thiago Wallace Lopes

Produção de uma resenha acadêmica sobre o artigo “Bayer e Belford Roxo: uma experiência
industrial na Baixada Fluminense (1958-2008)” de Maicon Sérgio Mota Carvalho.

CARVALHO, Maicon Sérgio Mota. Bayer e Belford Roxo: uma experiência industrial na
Baixada Fluminense (1958-2008). In: SILVA, Lucia Helena Pereira da; GARCIA, Graciela
Bonassa; SALES, Jean Rodrigues (Orgs.). Capítulos de história da Baixada Fluminense. v
1. Seropédica, RJ: Ed. da UFRRJ, 2013. p. 89-107.

Contextualizando a Implantação da Bayer em Belford Roxo

MENINO, Lucas de Oliveira (DHRI/UFRRJ)

lucasdeoliveiramenino@yahoo.com.br

Maicon Sérgio Mota Carvalho é graduado em História pela Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro (2007-2011), durante o curso foi bolsista de iniciação científica PIBIC. E é mestrando
também em História pela UFRRJ (iniciado em 2013). Ele escreve o artigo para situar a Bayer, uma das
principais indústrias químicas do mundo, no processo de industrialização, urbanização e formação de
classe no Brasil no século XX, em particular na Baixada Fluminense e em Belford Roxo. O historiador
aborda o conjunto de fatores que tornaram sua instalação favorável e sua relação com a sociedade.
Segundo o mesmo, a Baixada Fluminense é pouco explorada pela academia e com esse escrito espera
inserir e região no debate acadêmico.
Carvalho introduz o capítulo situando o leitor no contexto espaço-temporal,
econômico, político e social, em que a Bayer veio a se instalar no Brasil, mais
especificamente em Belford Roxo, até então um distrito de Nova Iguaçu. A empresa construiu
uma vila para que os funcionários alemãs, que ocupavam os cargos de chefia. Sua chegada
trouxe industrialização e urbanização para uma região anteriormente rural que subsistia da
citricultura.
Seguidamente, o autor relata o declínio na produção de laranjas devido à paralização
do mercado externo (2ª Guerra Mundial), competição, aumento do preço de transporte,
doenças e pragas. As propriedades foram vendidas em lotes, nos quais migrantes começaram
a ocupar. Esses que se tornariam mão de obra no processo de industrialização.
As políticas de isenção fiscal, o desenvolvimento dos meios de transporte e da
infraestrutura somados à grande disponibilidade de mão de obra e terrenos planos,
caracterizaram o cenário perfeito para a implantação da Bayer. Esse fato, foi noticiado na
época como de grande importância, não só regional como também de repercussões nacionais.
As vilas, que abrigavam chefes e funcionários especializados, exercia um certo
controle sobre os empregados, porém um controle subjetivo. Como a empresa lhes oferecia
moradia, os trabalhadores tentavam se adequar ao que era esperado deles com o intuito de
perpetuar esse benefício. Além de poupar alguns funcionários a necessidade de locomoção
diária, reforçava o papel social da Bayer.
Perante à crise econômica e inflação alta, em conjunto com o crescimento dos
movimentos sindicalistas ao longo da década, em 1989, ocorreu uma greve. As
reinvindicações foram atendidas, e com o objetivo de manter um canal de comunicação e
relação saudável com os funcionários, foi inaugurada a comissão de fábrica.
Ao meu ver, apesar de não se aprofundar em certos pontos como a política fiscal
presidencial e municipal, o processo de formação sindical e suas consequências, o texto de
Carvalho fornece uma ótima base para os leitores que buscam entender os diversos aspectos
do contexto da industrialização da Baixada Fluminense. Destacando a Bayer e seus produtos
químicos que se tornaram peça importante da base da indústria nacional. E os benefícios desse
processo, que graças à urbanização e à arrecadação, futuramente culminariam na emancipação
de Belford Roxo, me levam a acreditar que o texto também se configura como uma
historiografia que aborda uma das raízes do município.