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INTRODUÇÃO
5.1 Geossintéticos
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Fonte: ALONSO, 2018.
O geotêxtil (GT) é um produto têxtil permeável (Figura 5.2) muito anisotrópico que
tem função de separação, proteção, filtração, drenagem, erosão, reforço e
impermeabilização quando impregnado com material asfáltico (VERTEMATTI et al.,
2015). Este geossintético pode ser classificado como geotêxtil não tecido (GTN),
geotêxtil tecido (GTW) ou geotêxtil tricotado (GTK).
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Por fim, o geotêxtil tricotado é o produto cujos fios são entrelaçados por
tricotamento (PALMEIRA, 2018).
Figura 5.2 - Imagens ampliadas de geotêxtil tecido (a) e o geotêxtil não tecido (b)
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Fonte: PALMEIRA, 2018.
A geotira (GI) é uma tira constituída por feixes de fibra sintética envolta por mais feixes
de fibra sintética ou matriz de material de proteção utilizada como reforço em obras de
solo reforçado (PALMEIRA, 2018). A geocélula (GL) é um produto formado por células
com estrutura tridimensional que confinam os materiais inseridos nelas.
As geocélulas (Figura 5.4) são expandidas na obra e grampos são instalados para manter
os painéis abertos antes da inserção de material nas células (PALMEIRA, 2018). As
geocélulas podem ser empregadas em funções de proteção, controle de erosão e
reforço (VERTEMATTI et al., 2015).
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Fonte: PALMEIRA, 2018.
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(a) (b)
(c)
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(a) (b)
(c)
A geofibra é uma fibra sintética para mistura com solo para reforço (PALMEIRA, 2018;
VERTEMATTI et al., 2015). As fibras podem ser disponibilizadas em segmentos ou
contínuas (Figura 5.7b) com importante aplicabilidade em aterro rodoviários, bases de
pavimentos ou como material de reaterro de estruturas de contenção (PALMEIRA,
2018).
(a) (b)
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Geomembrana (GM) é um geossintético importante e de grande aplicação prática para
impermeabilização, podendo também ser usado para separação. É um produto com
baixíssimo coeficiente de permeabilidade (comumente 𝟏𝟎−𝟏𝟏 𝒄𝒎⁄𝒔 a 𝟏𝟎−𝟏𝟑 𝒄𝒎⁄𝒔)
que pode apresentar superfície lisa ou rugosa (Figura 5.10a). São fornecidos em rolos ou
painéis de variadas dimensões que devem ser soldados em campo por meio de
procedimentos especiais (PALMEIRA, 2018; VERTEMATTI et al., 2015).
(a) (b)
Por fim, geotubo (GP) é um geossintético que consiste em um tubo para utilização em
drenagem, que pode ser produzido com perfurações para compor drenos (Figura 5.10b).
Tem aplicação prática crescente pela facilidade de instalação e resistência a agentes
químicos e biológicos (PALMEIRA, 2018).
5.2.1 Finalidades
Com a crescente limitação dos recursos naturais e a demanda dos mesmos, tornou-se
essencial que uma barragem tenha múltiplos usos. Dentre os diversos usos, há dois
grupos distintos de finalidades: as barragens de regularização e as barragens de
retenção (ASSIS, 2014).
Os estudos e projetos para implantação final de uma barragem são divididos em quatro
etapas, que objetivam a otimização da bacia hidrográfica: a etapa de Inventário, de
Viabilidade, o Projeto Básico e o Projeto Executivo.
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MCHs: com potência instalada menor que 1,0MW, de acordo com a
Resolução nº 395, de 4 de dezembro de 1998, da Aneel (MAGELA, 2015);
Figura 5.11 - Alternativa selecionada da divisão de queda do Rio Teles Pires (MT)
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Na etapa de inventário são determinadas as limitações físicas, como a localização de
cidades, estradas, parques nacionais e indígenas, Áreas de Proteção Ambiental (APAs) e
sítios arqueológicos. Os estudos necessários são baseados em dados topográficos,
topobatimétricos, hidrométricos, geológicos, geotécnicos e ambientais da bacia
hidrográfica (MAGELA, 2015).
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Fonte: EPE, 2009.
Figura 5.12 - Locais selecionados para divisão de queda do Rio Teles Pires (MT)
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O orçamento final;
Durante o projeto básico, é necessário ter clareza quanto à geologia estrutural da área,
pois quase todo local candidato à construção de uma barragem é geologicamente
conturbado (CRUZ, 1996). Além das sondagens à percussão e sondagens rotativas,
devem ser executadas trincheiras exploratórias, poços e galerias para detectar aspectos
geológicos não detectados previamente. O estudo hidrogeológicos das fundações e
ombreiras é de fundamental importância para prever os tratamentos necessários (CRUZ,
1996).
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No projeto executivo são apresentados os detalhes para a execução de obras civis, os
detalhes das montagens de equipamentos permanentes, detalhes da fiscalização, do
teste de funcionamento e orientação para treinamento de operadores (ASSIS, 2014).
Por sua vez, os manuais de operação são essenciais por apresentarem o cenário de
comportamento dos equipamentos e instrumentação da barragem. Por fim, o as is é um
estudo de como foi realizada a obra, normalmente necessário para obras que não
apresentam o as built.
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Dentre esses fatores, o arranjo geral é muito influenciado pelo tipo de vale. Os vales
fechados (encaixados e estreitos), comumente em rocha sã, são propícios para
construção de barragens de concreto do tipo arco. Nos vales semi-encaixados
comumente são construídas barragens do tipo gravidade com contrafortes ou barragens
de enrocamento. Por fim, nos vales abertos são construídas barragens do tipo gravidade
de concreto compactado com rolo (CCR) e barragens de terra.
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As barragens de enrocamento devem ser compactadas em camadas de 0,80m a 1,20m.
Quando compactado, o enrocamento é menos deformável e mais resistente. A
compactação do enrocamento tem permitido a construção de barragens de
enrocamento com face de concreto ou núcleo argiloso com altura de 200m ou até de
maiores alturas (CRUZ, MATERÓN, FREITAS, 2014).
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Fonte: MAGELA, 2015.
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Fonte: CRUZ, 1996.
Figura 5.20 - Barragem de enrocamento com núcleo asfáltico (a) e UHE Foz do
Chapecó, seção de barragem de enrocamento com núcleo asfáltico (b)
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Fonte: MAGELA, 2015.
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(a)
(b)
Figura 5.23 - UHE Funil, barragem de concreto do tipo abóboda ou arco (a, b)
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Fonte: MAGELA, 2015.
Uma barragem para retenção ou regularização contém todos ou alguns dos seguintes
elementos básicos: ensecadeira (no início da construção ou incorporada a ela); tomada
d’água; vertedouro e estruturas dissipadoras; canal de adução; canal de restituição ou
de fuga; eclusa; casa de força; rip rap; filtro; e núcleo.
5.3.1 Ensecadeira
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Na maioria dos casos, as ensecadeiras envolvem um trecho sobre a margem do rio e
outro sobre o leito. No trecho da margem do rio, a ensecadeira comumente é construída
sobre aluviões, que podem conter bolsões de areia, solos silto-arenosos, silto argilosos
e solos moles. No trecho sobre o leito do rio pode haver rocha; cascalho; areia fina e
fofa; presença de depressões da rocha preenchidas por areia; blocos de rocha; ou argila
mole (CRUZ, 1996). O problema torna-se mais grave devido à falta de conhecimento da
fundação antes da execução da ensecadeira.
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Nem sempre há, na obra blocos de rocha, dimensões recomendadas pelos estudos
hidráulicos. Neste caso, pode-se confeccionar blocos especiais de concreto. Além disso,
durante a execução de uma ensecadeira, pode haver dificuldade de dragagem com
variações bruscas do gradiente de percolação. O material sob a ensecadeira e as
vibrações causadas pelos equipamentos podem criar condições favoráveis à liquefação
de areias. Também há a possibilidade de ocorrência de piping.
As etapas da construção da ensecadeira no trecho de leito do rio são as seguintes (CRUZ,
1996):
Execução da pré-ensecadeira: solo ou rocha é lançado quando a vazão do
rio é baixa, ou seja, no período de estiagem (b).
Observe a Figura 5.26.
O alteamento é executado totalmente a seco ou com parte submersa e
parte a seco. O solo ou enrocamento que é utilizado para o alteamento
deve ser compactado.
É fundamental que entre a vedação e a pré-ensecadeira seja executada uma
transição. Uma falha da transição pode resultar em piping, como ocorreu em Tucuruí
(CRUZ, 1996). O desvio do rio também pode ser realizado por túnel.
(a)
(b)
Figura 5.26 - Pré-ensecadeira e alteamento sem transição (a) e com transição (b)
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5.3.2 Tomada de água
A tomada de água é uma estrutura de transição entre um escoamento livre, sujeito à
pressão piezométrica nula do reservatório, e um escoamento forçado, em seção sempre
fechada e completamente cheia. O escoamento na tomada de água deve afluir à
velocidade mínima possível para limitar a perda de carga e obter o melhor rendimento
da turbina (MAGELA, 2015).
(a) (b)
Figura 5.27 - Esquema de tomada de água do tipo torre (a) e vista lateral de
tomada de água do tipo torre (b)
Torre em seção gravidade (Figura 5.28) funciona como parte da barragem, mas pode
estar ou não integrada ao corpo da barragem (MAGELA, 2015). Na face de montante,
são dispostas grades de proteção.
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5.3.3 Canal de adução
(a)
(b)
Figura 5.28 - UHE Itaipu, tomada de água em seção gravidade cuja localização é
indicada por seta vermelha (a) e tomada de água em seção gravidade da UHE Tucuruí
(b)
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5.3.4 Túnel de adução
O túnel de adução representa a ligação mais curta possível entre a tomada de água e a
casa de força (Figura 5.30). Trata-se de um conduto forçado no qual o revestimento é
necessário apenas no trecho em que a rocha não é suficientemente competente ou a
cobertura não é suficiente.
Figura 5.29 - UHE Itaipu, canal de adução indicado por seta vermelha, que antecede
o vertedouro
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5.3.5 Casa de força
A casa de força é onde a energia mecânica é transformada em energia elétrica. Ela pode
ser classificada como casa de força subterrânea (Figura 5.31) ou casa de força exterior
abrigada, semi-abrigada ou desabrigada (Figura 5.32).
(a)
(b)
Figura 5.31 - UHE Paulo Afonso IV, casa de força subterrânea (a, b)
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Sob o ponto de vista do barramento, a estrutura da casa de força pode fazer parte do
corpo, estar no pé ou estar isolada da barragem (Figura 5.33). Os transformadores
podem ser instalados dentro ou fora da casa de força em função das particularidades de
cada caso (MAGELA, 2015).
(a)
(b)
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Fonte: MAGELA, 2015.
Na saída da turbina, tem-se o tubo de sucção e, à jusante dele, tem-se o canal ou túnel
de fuga. Por meio do canal de fuga a vazão turbinada é restituída ao rio (Figura 5.34). O
canal ou túnel de fuga tipicamente é um conduto não forçado, excetua-se quando a
turbina precisa de uma contrapressão para evitar cavitação, como em Paulo Afonso IV,
figura 5.31 (MAGELA, 2015).
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Equivalente ao canal de fuga, o canal de restituição escoa ao rio a vazão do vertedouro.
O canal de restituição deve ser perpendicular ao vertedouro para não haver erosão no
canal (Figura 5.35).
5.3.7 Vertedouro
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Os vertedouros de superfície podem ser livres ou controlados por comportas e
permitem o rebaixamento do reservatório até a sua crista. Os vertedouros de fundo são
necessariamente controlados por comportas e permitem o esvaziamento total ou
parcial do reservatório.
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No salto de esqui, a energia cinética do escoamento é aproveitada para lançar o jato e
fazer com que a energia seja dissipada longe do vertedouro e das demais estruturas do
barramento. No salto de esqui a energia é dissipada em três etapas: na fase aérea do
jato; pela resistência do ar; no contato com a água à jusante que está em repouso; e na
estrutura à jusante, após o impacto (MAGELA, 2015).
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Na estrutura à jusante, comumente constituída pelo maciço rochoso, há o
desenvolvimento de fossa de erosão (Figura 5.39). Quando a fossa é rasa, o gradiente
de pressão é elevado e o maciço rochoso defletirá o jato. Quando há planos de
estratificação, falhas e fraturas no maciço rochoso, a erosão desenvolve-se por
fraturamento. Por sua vez, quando não há planos para essa pressão propagar, ela fica
confinada na zona de impacto do jato e a ação é mais intensa, com erosão concentrada
(MAGELA, 2015).
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As bacias de dissipação podem ser de quatro distintos tipos: bacia tipo I a tipo IV (Figura
5.41).
A bacia tipo I é livre sem blocos. Nela não há necessidade de nenhum dispositivo
complementar, devendo-se apenas garantir a horizontalidade da bacia e a sua proteção
em um trecho com comprimento maior do que quatro vezes a profundidade de jusante
(MAGELA, 2015).
A bacia do tipo II contém blocos de queda e soleira de saída denteada para número de
Froude (𝑭𝒓) ≥4,5 e velocidade de aproximação maior do que 𝟐𝟎 𝒎⁄𝒔.
A bacia do tipo III contém blocos de queda, blocos de amortecimento e soleira de saída
para número de Froude a montante (𝑭𝒓) ≥4,5 e velocidade de aproximação menor do
que 𝟐𝟎 𝒎⁄𝒔, sendo uma bacia compacta.
(a) (b)
(c) (d)
5.3.8 Eclusa
A eclusa apresenta mecanismo semelhante aos elevadores, contudo, segundo o
princípio de vasos comunicantes, enchendo ou esvaziando a câmara onde ficam as
embarcações. O objetivo da eclusa é transpor embarcações através de desníveis, como
as barragens, permitindo a navegação (MAGELA, 2015).
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Fonte: ATLAS DAS ÁGUAS, 2017.
5.3.9 Filtro
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O dreno vertical ou inclinado (Figura 5.45) previne o carreamento de material de
montante a jusante através de trincas resultantes de rupturas hidráulicas e deformações
diferenciais. O dreno de vertical deve ser elevado até o máximo maximorum, contudo,
o dreno inclinado é preferível ao vertical por reduzir problemas consequentes à
diferença de deformabilidade e, portanto, o acúmulo de tensões.
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Fonte: CRUZ, 1996.
O filtro Victor de Mello (Figura 5.46) apresenta os benefícios do filtro vertical, menor
risco de ruptura do talude de jusante na fase de operação, menores empuxos a
montante do filtro, além de gerar maior peso na porção jusante, o que melhora as
condições de estabilidade.
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5.3.10 Rip rap
O rip rap é um enrocamento de proteção de talude à montante formado por duas
camadas de materiais rochosos (Figura 5.47). A camada interna é formada por filtros ou
transições de pedregulhos com granulometria controlada para prevenir a perda do solo
do maciço através dos vazios do enrocamento. Já a camada externa é formada por
blocos rochosos de tamanhos suficientes para não serem carreados pela ação das ondas
do reservatório. O rip rap deve ser implantado entre o mínimo minimorum e a crista,
incluindo a borda livre.
Para uma maior durabilidade do rip rap, recomenda-se que os blocos rochosos utilizados
tenham baixa alterabilidade e alta resistência para suportar os ciclos de saturação e
secagem na zona de oscilação do nível máximo e normal da água, evitando-se, assim, a
desagregação dos blocos e consequentemente exposição da superfície da barragem à
erosão.
5.3.11 Núcleo
O núcleo é a vedação do corpo da barragem, sendo constituída por solo de baixa
permeabilidade, comumente, argila. Ocupa a região central da seção transversal do
barramento. É uma região da barragem sujeita a fraturamento hidráulico e a elevados
gradientes hidráulicos. Por isso, deve ser amplo em seção transversal (Figura 5.44).
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5.4 Barragens - Seção Típica
As definições de seção típica serão baseadas em Cruz (1996). Em uma seção típica, a
largura da crista deve ser maior ou igual a seis metros e sempre que for previsto tráfego,
a largura da crista deve ser de dez metros. As bermas no talude de jusante em solo
devem apresentar largura mínima de três metros, espaçadas em dez ou quinze metros
de altura.
As barragens para controle de cheias ou para hidrelétricas devem ter vazão ≤ 5,0
l/min/m. Por sua vez, as barragens para abastecimento de água e irrigação devem ter
vazão máxima de 0,1% da média das vazões naturais. A largura do núcleo de barragens
de terra e/ou enrocamento devem apresentar largura mínima, em metros, de 𝟔 +
𝟎, 𝟐∆𝒉 para solos argilosos e 𝟔 + 𝟎, 𝟑∆𝒉 para solos siltosos, sendo ∆𝒉 a diferença de
carga dos pontos a montante e jusante do plano considerado.
Quanto aos níveis de água, a borda livre é a altura entre a cota da crista e o máximo
maximorum, dá a altura da onda somada à dissipação da onda e ao recalque após
construção. O nível máximo maximorum é o nível de máxima enchente no reservatório.
Ele ativa a operação das comportas. O nível mínimo operacional deve ser respeitado
para assegurar a qualidade da água e a sobrevivência das espécies no reservatório e
nível mínimo minimorum é o nível atingível pelo deplecionamento do nível de água por
gravidade (turbinas, válvulas de fundo).
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A altura da onda pode ser estimada com a determinação do fetch, conforme o método
preconizado por Saville, Mcclendon e Cochran (ROMANINI, 2020). Por meio deste valor,
obtém-se a altura de onda significativa e a altura de onda de projeto, cujo valor é a altura
significativa ponderada pelo Fator de Segurança de 1,2. A altura de onda significativa
(HS) é dada por meio da seguinte formulação:
𝑯𝑺 = 𝟎, 𝟎𝟑𝟒𝑽𝟏,𝟎𝟔 𝑭𝟎,𝟒𝟕
Equação 5.1
Sendo HS a altura de onda significativa (em pés); V a velocidade de vento (em milhas/h)
e F o Fetch (em milhas).
Sherard (1963 apud CRUZ, 1996) recomenda empregar altura de onda máxima entre
dois e três metros, valores estes adotando-se velocidade máxima de 80km/h (CRUZ,
1996).
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O dreno vertical só é recomendável para barragens com altura máxima de 30m devido
à concentração de tensões entre ele e os materiais adjacentes. Para alturas maiores do
que 30m, deve-se utilizar dreno inclinado. A espessura mínima do dreno vertical e
inclinado deve ser de 0,8m. O dreno horizontal deve ter espessura máxima de dois
metros por motivos econômicos. Para maiores vazões, é necessário utilizar dreno
sanduíche.
A integridade dos filtros deve ser verificada com a leitura dos piezômetros e dos
medidores de vazão. Quando colmatarem, devem ser recuperados por sondagem
rotacional.
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5.6 Compactação e tratamento de fundação
A vedação deve ser realizada no eixo do barramento, podendo estender-se até um terço
da projeção do talude a jusante. Deve-se ressaltar que a vedação da fundação exige
rebaixamento do lençol freático (Figura 5.50).
A trincheira de vedação (cut off) é a única solução efetiva por interceptar integralmente
a feição permeável, a largura da base entre dez e vinte metros, com altura de 0,3H a
35m. As trincheiras de vedação são executadas geralmente em fundações em areia ou
cascalho, que são muito pouco compressíveis. Deve-se compatibilizar a deformação da
trincheira com o material adjacente para prevenir arqueamento. Para tal, é necessário
executar taludes mais abatidos e não é recomendável compactar o solo imediatamente
adjacente à trincheira. É importante destacar que a trincheira de vedação é um
concentrador de tensões.
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Fonte: MÜLLER, 2020.
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5.7 Análise das tensões e deformações em barragens
A análise numérica das tensões e deformações deve ser realizada durante diversas fases
de carregamentos, como no final de construção, durante o primeiro enchimento, o
período de operação, rebaixamento e simulando a construção da barragem, dividindo-
se em de seis a dez camadas. O enchimento também deve ser dividido em de três a seis
carregamentos.
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Por rebaixamento rápido, considera-se o rebaixamento por emergência ou por
estiagem. Podemos mencionar como exemplo um rebaixamento de vinte metros em
dois meses. Durante o processo é retirado parte do material estabilizante. Esta etapa
quase sempre define a inclinação do talude de montante. O fator de segurança (FS)
admissível é de 1,1 e o FS para liquefação é de 1,3. Um caso mais severo de
rebaixamento é o rebaixamento total, em que o nível do reservatório alcança a descarga
de fundo ou a base da soleira da tomada de água (volume morto do reservatório).
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 5.51 - Malha deformada (a), tensões totais (b), tensões efetivas (c) e tensões
principais (d) em fases distintas
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5.8 Instrumentação
O elemento poroso disposto no final do tubo pode ser constituído por uma vela de filtro,
quando o piezômetro standpipe é do tipo Casagrande ou pode ser geossintético aplicado
diretamente sobre o trecho perfurado no bulbo do piezômetro. Há um trecho de areia
no bulbo do piezômetro e o tudo do piezômetro pode ser de aço galvanizado, quando
as pressões neutras forem mais elevadas ou de PVC. O filtro pode ser de polietileno
poroso de alta densidade (SILVEIRA, 2006).
(a) (b)
(c)
O medidor de nível de água difere do piezômetro por ser perfurado em toda extensão e
não apenas no bulbo, como no piezômetro. Assim, mede-se apenas a carga de elevação
e, não a carga piezométrica.
A medição das pressões internas em maciços de barragens dá-se por células de pressão
inseridas no aterro durante a construção da barragem. Locais típicos de instalação são
o núcleo; entre o aterro e as estruturas de concreto; entre zonas com comportamento
mecânico distinto, logo, inclui zonas em que alívio de tensões; e na interface com as
galerias enterradas (SILVEIRA, 2006).
Zonas em que há alívio de pressão devido ao arqueamento do solo menos rígido são nos
cut offs profundos executados em rocha, no núcleo vertical de barragem de
enrocamento, na interface do aterro com as estruturas de concreto (SILVEIRA, 2006).
52
Os medidores de recalque instalados verticalmente são do tipo telescópico, do tipo
USBR e do tipo magnético (SILVEIRA, 2006). Os medidores de recalque instalados
horizontalmente são a célula de recalque, o medidor de recalque de corda vibrante e o
medidor contínuo de recalque. O recalque também pode ser medido com marcos de
deslocamento superficial.
O método mais comum para disposição de rejeito em mineração é por aterro hidráulico.
Por esta técnica, o próprio rejeito é utilizado como material de construção através da
técnica de hidromecanização, no qual a disposição do rejeito é realizada com auxílio de
água (PORTES, 2013). Inicialmente, é realizado um dique de partida em solo compactado
e após, o rejeito é lançado para constituir a fundação e o material de construção dos
alteamentos seguintes.
O lançamento do rejeito pode ser realizado com canhões ou ciclones. Os ciclones são
utilizados para retirar água da polpa, separando as frações finas (overflow) e as
granulares (underflow). A fração granular é utilizada na construção do barramento e a
fração fina é disposta em reservatório.
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Por fim, em barragens alteadas pelo método de linha de centro, o alteamento da crista
é realizado pelo eixo central do dique de partida (Figura 5.54c). Parte da fundação dos
alteamentos é constituída por rejeito e parte é alteada sobre material compactado. O
controle eficiente da drenagem é possível por este método.
A legislação de barragens é composta por uma Lei Federal, quatro resoluções e uma
portaria que regulamentam sobre barragens no Brasil, além de normatizações
estaduais. Os entes fiscalizadores mais importantes para a segurança de barragens são
a Agência Nacional de Águas (ANA), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), a Agência Nacional de Mineração (ANM) e a
ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica).
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A Lei nº 12.334, de 20 de setembro de 2010, antecede a Resolução do Conselho Nacional
de Recursos Hídricos (CNRH) nº 143/2012, a Resolução CNRH nº 144/2012, a Resolução
Normativa ANEEL nº 696/2015 e a Resolução ANA nº 70.389/2017.
A Lei nº 12.334 aplica-se a barragens que apresentem pelo menos uma das seguintes
características: altura do maciço maior ou igual a 15m (do ponto mais baixo da fundação
à crista); capacidade total do reservatório maior ou igual a 3.000.000 𝒎𝟑 ; reservatório
que contenha resíduos perigosos; e barragens de categoria de dano potencial associado
(DPA) médio ou alto em termos sociais, ambientais, econômicos, ou de perda de vidas
de vidas humanas.
Pela Lei nº 12.334, a ANA foi o agente fiscalizador que recebeu a maioria das atribuições.
Ela deve:
56
Informações gerais da barragem e do empreendedor;
57
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
58
CRUZ, P. T.; MATERÓN, B.; FREITAS, M. Barragens de enrocamento com face de
concreto. 2 Ed. Oficina de Textos, 2014.
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