do ensino superior, inscrito no CPF sob o número 865. 972. 560-34, portador da carteira de identidade número 2104009201, residente e domiciliado na Rua sapé, número 710, apartamento 416, Bairro Passo D'areia em Porto Alegre/RS, CEP 913500-50, venho à presença de Vossa Senhoria, com fundamento nos artigos 285 e seguintes da Lei número 9.503/97, interpor o presente RECURSO contra a instauração de processo administrativo de suspensão do direito de dirigir número 2020/0052341-0, o que faço da seguinte forma:
I – Introdução
No dia 21/01/2018, fui autuado, nos termos do art. 165 - A
do CTB, por ter recusado a utilizar o etilômetro, conhecido popularmente como teste do bafômetro.
Ainda que a legislação indique que a simples recusa em
efetuar o teste constitui infração, o Pacto de São José da Costa Rica visa proteger o cidadão contra conflitos que gerem transtornos.
Não é razoável punir o condutor se, após a verificação
pessoal do agente de trânsito, restar comprovado que o mesmo não apresenta sinais de ter utilizado bebida alcoólica.
É necessário que haja combinação de determinados
elementos para que seja configurada a infração. O agente de trânsito, através da fiscalização, deve trabalhar para que haja a preservação da ordem pública, da proteção das pessoas e do seu patrimônio. Todavia, não pode chegar ao exagero de punir quem não oferece nenhum risco. O agente fiscalizador deve verificar os elementos que demonstrem o verdadeiro estado que em que se encontrava o condutor: se apresentava sinais de embriaguez na fala, ao andar, de consciência, bem como outros elementos que conduzam ao entendimento de que a capacidade psicomotora se encontrava atingida.
Os sinais de alteração devem ser mencionados no campo
de observação do auto de infração e corresponder aqueles enumerados no anexo II da Resolução 432/13.
Ressalta-se também, que não houve, no momento da
abordagem e realização do teste, a apresentação do certificado de calibração do etilômetro, sendo impossível verificar sua exatidão. A desconfiança de que o aparelho apresentado para a realização do exame não preencha todos os requisitos de segurança exigidos, por si, é capaz de justificar a recusa ao teste do bafômetro.
Entretanto, nada impede a autoridade local, responsável
pela abordagem na rua, de obter outros modos de aferição da embriaguez, ou ingestão de bebida alcoólica, o que não ocorreu.
Ao ser abordado o apresentei a documentação requerida,
bem como colaborei com a fiscalização, sendo que em nenhum momento apresentei qualquer resistência ao que me era solicitado, até o momento em que foi requerido que realizasse o teste do bafômetro.
Ao decorrer deste processo, fiquei sem dirigir por mais de
um ano, podendo se considerar o ano do isolamento social, somado ao verão de 2019 e 2020. Eu havia vendido o carro, mas não entreguei a carteira no centro de formação de condutores. Neste ano, 2021, eu achei que estaria livre da pendencia que visa entregar a habilitação. Comprei um carro novo e consegui emprego em outra cidade.
Diante dessa situação, venho a presença de V. Senhoria
apresentar defesa contra à referida suspensão do direito de dirigir. II.1 - Os Princípios da Razoabilidade, da Proporcionalidade e da Publicidade dos atos administrativos
A notificação da instauração do processo administrativo da
suspensão do direito de dirigir afronta ainda o Princípio da Razoabilidade, pelo qual as autoridades do poder público devem elaborar normas razoáveis no sentido de permitir que as suas determinações tenham uma razão de ser perante os valores estabelecidos pela Constituição Federal.
A falta de razoabilidade desta notificação é nítida, quando se
verifica que poderei ser penalizado com uma séria intervenção estatal, sem que tenha tido a possibilidade de exercer à ampla defesa e contraditório garantidos não somente pela Lei Maior como pelo próprio Código de Trânsito Brasileiro.
Da mesma forma, a notificação da instauração do processo
administrativo da suspensão do direito de dirigir também desrespeita o Princípio da Proporcionalidade, pelo qual deve existir proporcionalidade entre os meios de que a Administração Pública se utiliza para garantir um fim.
Realmente por não respeitar as determinações legais devem
ser penalizados os condutores, todavia, somente existirá proporcionalidade se a pena for imposta no fim de um processo administrativo que garantiu o direito à ampla defesa e contraditório.
O fim (suspensão do direito de dirigir) somente será
proporcional quando o meio (processo administrativo relacionado às infrações) permitir o exercício de todos os direitos previstos na Constituição Federal e na lei (como é a apresentação de defesa após notificação pessoal), sob pena de ser inconstitucional o ato administrativo por desrespeitar o Princípio da Proporcionalidade. II.2 - Artigo 261 do CTB – inconstitucionalidade por afronta ao Princípio da Legalidade
Mesmo que tivesse cometido a infração e fosse notificado
para apresentação de defesa, apenas para argumentar, jamais poderia me ser imposta a penalidade de suspensão do direito de dirigir, tendo em vista a flagrante inconstitucionalidade dos dispositivos do Código de Trânsito Brasileiro que tratam desta penalidade.
Isto porque, não há como se negar a inconstitucionalidade
do artigo 261 do CTB por afronta ao Princípio da Legalidade previsto no inciso II, do artigo 5º da Constituição Federal de 1988, porque por não ser norma em branco, jamais poderia ter conferido ao CONTRAN o poder de estabelecer o prazo de suspensão do direito de dirigir com diversos prazos de suspensão em vista das infrações praticadas pelos motoristas, comprovando que o montante da penalidade de suspensão não é aplicada na forma da lei, mas diante de determinações não legislativas em desrespeito ao Princípio Constitucional da Legalidade. II.3 - O Princípio da Proporcionalidade acarreta a inconstitucionalidade da pena de suspensão para algumas atividades
Como já demonstrado, o Princípio da Proporcionalidade tem
relação com a necessária proporção entre os meios de que a Administração Pública se utilizada para garantir um fim.
Sob este prisma, sem considerar os argumentos expostos
anteriormente, a suspensão do direito de dirigir para algumas atividades somente será possível após a análise da situação individual de cada motorista, porque os seus efeitos poderão não guardar a devida razoabilidade e proporção com as infrações cometidas, acarretando a inconstitucionalidade de sua aplicação.
Caso persista a suspensão do direito de dirigir, estar-se-á
negado o direito de exercer devidamente a atividade profissional, garantir a própria subsistência e a de sua família, mormente quando o veículo é instrumento essencial de trabalho para o motorista.
Há o direito a aplicação do Princípio Constitucional da
Individualização das Penas previsto no inciso XLVI, do artigo 5º da Constituição Federal de 1988, pois somente assim a pena de suspensão terá sido aplicada de forma "individual", no sentido de se verificar a desproporção ou não entre seus efeitos e as infrações praticadas. III. Requerimentos da Defesa:
Por tudo o que foi exposto, somado ao fato de que atualmente
necessito do veículo para manter a estabilidade financeira. Se penalizado com a suspensão do direito de dirigir tenho o direito de ajuizar ação judicial, com o fim de cancelar os efeitos da notificação da instauração do processo administrativo da suspensão do direito de dirigir e do auto de infração.
Isto posto, requiro a Vossa Senhoria:
a) o deferimento do presente recurso;
b) o cancelamento da instauração de processo
administrativo antes de garantido o direito a ampla defesa e ao contraditório;
c) a oportunidade de apresentação de condutor à suposta
infração cometida;
d) o efeito suspensivo no caso do recurso não ter sido
julgado em até 30 dias da data de seu protocolo na conformidade do artigo 285, parágrafo 3º do Código de Trânsito Brasileiro;
e) a fundamentação na decisão do recurso para que possa
garantir o amplo direito de defesa assegurado pela Constituição Federal.