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1.

DO JULGAMENTO ANTECIPADO DO CASO PENAL

O julgamento antecipado do caso penal está previsto no art. 397 do CPP,


tratando-se das hipóteses de absolvição sumária em alguns casos específicos, como se
vê a seguir:

Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste


Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente,
salvo inimputabilidade;
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou
IV - extinta a punibilidade do agente.

O inciso I do artigo supramencionado diz respeito à ausência de ilicitude


do fato, o que enseja a absolvição sumária, visto que, se o fato não é ilícito, não se fala
em crime. Ademais, o Ministério Público, na formação da opinio delicti, deve sempre
verificar a ilicitude da conduta, de forma que, havendo causa excludente, sequer deve
ser apresentada a denúncia.

Segundo Greco (2007, v. I, p. 317), as cláusulas excludentes de ilicitude


se dividem em 03 (três) grupos:

a)causas que defluem de situação de necessidade (legítima defesa e estado de


necessidade);
b) causas que defluem da atuação do direito (exercício regular do direito, estrito
cumprimento do dever legal);
c) causa que deflui de situação de ausência de interesse (consentimento do
ofendido) (GRECO, 2007, v. I, p. 317).

A culpabilidade tem origem na noção de reprovação pessoal, ou seja, o


juízo de reprovação que se faz sobre o autor do fato. No entanto, existem causas em
que, embora tenha o autor praticado o fato típico e ilícito, este não será punido pela
figura típica, tendo em vista a presença de causas de exclusão da culpabilidade.

As causas de exclusão da culpabilidade são: a coação irresistível e


obediência hierárquica (art. 22, CP); o aborto, quando a gravidez é resultante de estupro
(art. 128, II);

A terceira causa que enseja a absolvição sumário é quando o fato não


constituir crime (por exemplo, pela ausência de tipicidade conglobante).
Por fim, a quarta hipótese diz respeito à extinção da punibilidade do
agente. Nesse caso, o Estado perde seu direito de punir o agente pela prática do fato
típico, ilícito e culpável. O artigo 107 do CP, em seu rol não taxativo, prevê alguns
casos em que ocorrerá a extinção da punibilidade, bem como os seguintes dispositivos:
121, §5º; 129, § 8º; 180, §3º; 181, etc.

AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO (AIJ)

A Audiênca de Instrução e Julgamento, pautada em princípios como a


concentração, oralidade e imediatidade, tem o objetivo de executar diversos atos
processuais em uma mesma oportunidade. Conforme redação do art. 400 do CPP:

Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo


máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do
ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa,
nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos
esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e
coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado.

O procedimento anterior ao instituto da AIJ era consideravelmente mais


amplo, de forma que o rito processual atual, apesar de mais célere, dimunuiu o número
de oportunidades de defesa do réu. Sendo assim, por obediência ao princípio do
ultratividade da lei mais benéfica, o rito da AIJ só se aplica aos fatos que foram
praticados posteriormente à sua instituição, ou seja, a partir do dia 09 do mês de agosto
de 2008.

Vale ressaltar que, a AIJ terá um ordem que deverá ser seguida,
estabelecida pelo artigo 400 do CPP. Assim, primeiramente são ouvidas as testemunhas
de acusação e, logo após, são ouvidas as testemunhas de defesa, seguidas,
respectivamente, de esclarecimentos dos peritos, interrogatório, diligências, alegações
finais orais e sentença.

Referências

RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 27 ed. – São Paulo: Atlas, 2019.

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