PERFIS

Raoni, protagonista, 13 anos de idade

Traços psicológicos: Tímido, medroso,

irado, observador, vingativo, tem como
objetivo ser aceito e entender seu objetivo
no mundo e em sua tribo, sua maior
frustração foi que após a morte de seu
avô algo de ruim acontecia à tribo todas
as vezes que ele tenta se aproximar de
alguém de lá, além de que ele se
comporta como um animal selvagem em
situações de perigo, tem como apoio
emocional o xamanismo e acredita que a
no dia da morte de seu avô a galinha que
surgiu era seu guia espiritual, tem
ressentimento dos integrantes da
habitação de sua tribo por todas as vezes
que o avistam começam a agredi-lo sem
permitir que volte para reserva da tribo

Físico: 1,66m (alto para alguém de sua

idade), magro com estrutura muscular
definida, olhos castanhos escuros com as
pálpebras caídas, rosto magro retangular,
muitas cicatrizes nas costas, braços e
pernas feitas pelo povo de sua tribo.

Social: Xamanista, vive na mata ao redor

da reserva indígena em que vivia com
seus pais e avô, teve uma vida normal em
sua tribo até os sete anos, após a morte
de seus pais em um incêndio, foi criado
por seu avô que veio a falecer quando
Raoni completou nove anos, caça e
planta seu próprio alimento, por ter sido
afastado da reserva indígena de sua tribo
interrompeu os estudos da sociedade
comum e se envolveu completamente aos
ensinamentos espirituais da antiga
história de sua tribo.

Anhangá/Galinha, Poara, Antagonista,

Milhares de anos de sua existência

Traços Psicológicos: Vingativo, protetor,

carinhoso, porém brutalmente cruel
quando se trata de devastadores da
ordem de sua amada natureza, frio ao
tomar suas decisões, espírito obstinado a
cumprir com seus objetivos e seu
principal objetivo é fazer com que o povo
indígena retorne a cultura antiga e
adoração de seus deuses originais e não
os que foram implantados após a
colonização, suas atitudes são
imprevisíveis, sua maior frustração foi ver
seu povo guerreiro ser massacrado e se
corrompendo aos mandos do homem
branco, prefere eliminar completamente
os índios que restam ao vê-los cada vez
mais viver como os homens que os
destruíram a tempos passados, seu apoio
emocional momentâneo é o garoto Raoni
por ter uma personalidade firme como a
de um guerreiro.

Físicos: 55cm de altura, 2kg, plumagem

completamente branca, em torno dos
olhos vermelho sangue, bico e esporas
afiadas feito navalhas, tem esta aparência
porém consegue se apropriar da
aparência de qualquer animal, mas
mantendo os mesmos traços de sua
forma original (cervo branco com olhos
vermelhos), sempre em suas formas as
cores predominantes são branco e o
vermelho.

Social: Deus indígena da guerra, caça e

proteção a natureza, crê apenas em seus
ideias e os ideias dos outros deuses já
esquecidos na cultura tupi, vive vagando
entre as aldeias que ainda existem,
mantendo sua cultura nas que
conseguiram se refugiar para longe da
sociedade urbana e tentando revitalizar a
cultura e crença nas reservas indígenas
que se converteram a outras religiões e
que vivem de modo “urbano branco”,
encontrou Raoni e pretende utilizar da
confiança do garoto para cumprir seus
objetivos.

Moacir/Pajé, secundário, 56 anos de

idade
Traços psicológicos: Calmo, covarde,
gracioso ao falar com qualquer pessoa
mesmo que não goste da mesma,
ganancioso, seu objetivo é enriquecer
através das propinas da subprefeitura da
zona sul de São Paulo, que diz investir na
aldeia enquanto desvia dinheiro, sua
maior frustração foi ter perdido os filhos
no mesmo incêndio que matou os pais de
Raoni na antiga habitação pois a culpa do
incêndio foi do próprio Moacir que
queimou a habitação para receberem a
indenização, seu apoio emocional está
em sua nova religião, o cristianismo, mas
ainda sim conhece o xamanismo, por isso
ainda é considerado o pajé, não perder a
conexão com o xamanismo lhe causa
ressentimento pois os espíritos ainda o
atormentam.

Físico: 1,80m, pesando 130kg, postura

torta, movimentos largos e lentos
Social: Xamanista por natureza e
convertido ao cristianismo graças a
convivência urbana e influência da política
em sua habitação, sua relação com a
tribo é de liderança por não haver mais
cacique nem guerreiros o pajé se torna a
única autoridade, mesmo com a cultura
sendo perdida aos poucos, recebe
alimentos, vestimentas, tecnologia e
comodidades urbanas e as leva ao resto
da tribo, evitando rituais antigos e
trazendo cultos cristãos e seus princípios
destruindo o Xamanismo.

Aproveite a Leitura
 CENAS

Cena1/ Zona Sul de SP Habitação

tribo Porã/ Noite/ Externo
Dois Homens encapuzados por
volta das 22 horas ateiam fogo no
telhado de sete casas vazias da
habitação gerando um grande
alvoroço nos moradores ao verem a
claridade do fogo, em meio ao
tumulto todas as pessoas tentam se
reunir para apagar o fogo porém ele
só aumenta a intensidade e as
chamas começam a consumir tudo,
todos moradores correm para fora
da habitação, Raoni sai correndo
debaixo do braço de seu avô, os
pais dele ficam para trás, pois estão
ajudando os moradores a saírem o
mais rápido possível, quando eles
resolvem sair ouvem gritos dentro
da casa do pajé e entram, mas a
casa desaba em cima deles, e após
o término do incêndio acham os
corpos dos pais de Raoni e o corpo
da filha do Pajé Moacir, abraçada
com sua mãe, mulher do Pajé.
Corta para/
Cena2/ Zona Sul de SP Habitação
reconstruída/ Dia/ Externo
Três anos após o incêndio no dia
19 de junho de 2015, aniversário de
nove anos de idade de Raoni, toda
aldeia se reúne para uma festa,
Raoni junto de três outras crianças
da tribo brincam próximos a mata.
Garota 1-
Raoni, o que você ganhou de
presente de seus pa...(é
interrompida por outra criança)
Garota 2-
(Falando baixo como se fosse um
segredo) Para, esqueceu que o
Raoni não tem mais os pais?
(olhando para Raoni com semblante
de compaixão) O que você já
ganhou de presente Raoni ?

Raoni-
(jogando uma bola de borracha
para um outro garoto da aldeia) Não
ganhei nada ainda (segurando a
bola, sem largar ou arremessar de
volta com ar nostálgico) talvez meu
avô faça um Mbyta..
 Garoto 1-
Mbyta?(com tom de deboche) é
mais algum ritual que teu avô
inventou ?
Garota1-
Para de bobeira, mesmo que seja
um ritual, não te porque rir
Raoni-
(cabisbaixo com leve tristeza)
Mbyta é um bolo de milho feito
enrolado em sua própria folha e
cozido na brasa... Meu avô faz
porque eu amava o da minha mãe e
ele sabe disso.(Raoni se sente
observado e incomodado e olha
para trás procurando se realmente
existia algo observando-o, vê dois
pontos vermelhos em meio a mata
ao redor da aldeia), ei pessoal o
que é aquela luz vermelha
(apontando-a), eu vou até lá
Garoto 1-
Então vai sozinho, meus pais dizem
que a mata é muito perigosa para
nós (apontando para as garotas),
acho que a gente vai ficar brincando
aqui mesmo (e as duas balançam a
cabeça concordando em ficar)

Corta Para/

Cena3/ Mata ao redor da

habitação/ Início de tarde/
Externo
Raoni segue mata a dentro
perseguindo os dois pontos
vermelhos, mas cada vez mais eles
ficavam distantes, até o momento
em que Raoni os perdeu de vista e
bateu com o pé em uma galinha
totalmente branca, com os olhos
vermelhos que lembravam a cor do
fogo

Raoni-
(olhando com carinho para o
pequeno animal, e com ar de quem
está viajando em sua imaginação )
Era você quem estava me
caçando? mas agora sentirá a
minha ira, sua fera indomável (e
para espanto de Raoni a galinha
parece corresponder a brincadeira,
estufando o peito e abrindo as
asinhas, como se realmente fosse
uma fera indomável), então você
quer me enfrentar? (Raoni fica
correndo atrás da galinha e ela
correndo atrás dele mas bicando
somente o chão próximo ao pé
dele, Raoni passa a tarde inteira
brincando com a galinha e se
assusta ao perceber que já está
anoitecendo e corre em direção a
Habitação).

Corta Para/

Cena4/ Zona Sul de SP Habitação

Reconstruída/ Início de Noite/
Externo
Raoni correndo por toda
habitação, até chegar em sua casa
enquanto os moradores estão
aglomerados em frente dela e
olhando com cara de preocupados
para o garoto, que corre feliz com a
galinha embaixo do braço, mas ao
perceber a aglomeração em frente
sua casa começa a ficar
preocupado, vai empurrando as
pessoas até chegar na porta, que
estava aberta e com dois homens
que agiam como se fossem
seguranças do pajé Moacir e do
Pastor que veio do centro de SP.

Corta Para/
Cena5/Casa de Raoni e seu
Avô Habitação Reconstruída/
Início de Noite/ Interno
Raoni entra correndo em sua
casa procurando por seu avô e o vê
deitado no chão se contorcendo e o
pastor junto de Moacir com as mãos
estendidas orando como se o Avô
de Raoni estivesse possuído por
espíritos malignos.
Pastor-
(gritando com a mão direita erguida
em direção ao avô de Raoni) Saia
agora demônio, saia deste corpo,
este homem deve ser purificado,
em nome de Jesus, saia agora
 Moacir-
(Erguendo uma bíblia com as duas
mãos) Perdoe os delitos deste
homem, ó senhor meu Deus!
Raoni- (se
jogando em frente ao seu avô como
se tentasse protegê lo) O que vocês
estão fazendo? ele tá passando mal
não recebendo um espírito
Moacir-
(ignorando a presença do garoto)
Senhor desça com teu fogo da
glória e limpe a alma deste ancião
que ainda é seduzido pela força do
diabo através do xamã
Raoni-
(vira para seu avô e larga a galinha
ao seu lado e com ar de
desconforto e preocupação) Vô …
não me deixa vô, eu to aqui fala
comigo vô! (nesse momento a
galinha para ao lado da cabeça do
avô de Raoni e ele para de se
retorcer no chão, então Raoni
chorando) o que ta acontecendo
vô?
 Avô de Raoni-
(com o olhar cansado e com pouca
força na voz) Meu querido...nunca
esqueça... sua raiz, quem você
é…(Puxa o ar pelo nariz e ao soltar
aos pouco vai fechando os olhos e
morre)

Pastor-
(Ao perceber que o velho morreu se
afasta junto de Moacir do
garoto Raoni que chorava
copiosamente) Esses rituais
Xamanistas são do puro diabo o
único correto é o nosso Deus santo,
e infelizmente este homem teve de
morrer para nos provar isso mais
uma vez.
Moacir -
(para que todos conseguissem
ouvir) Se ao menos ele tivesse
aceitado Jesus em seu coração,
talvez haveria salvação a esta alma

Raoni-
(chorando abraçado a sua galinha e
ao corpo de seu avô e falando
baixo) Não, ele está com Jaci na lua
ou viajando com tupã em seus
raios, meu avô não tem a alma
perdida.

Corta para/

Cena6/ Mansão de Moacir

Habitação/ Tarde/ interno
Após a Morte do avô de Raoni, o
garoto foi convidado a morar em
cada casa diferente na habitação
mas sempre saía delas
rapidamente pois dentro de alguns
dias dele com sua galinha na casa
quem ficava muito próximo dos dois
adoecia, a única casa que o garoto
ainda não havia ficado era a de
Moacir, e agora que está lá nada de
incomum ocorreu até o momento

Moacir-
(olhando mexendo em uma de suas
gavetas e arrumando dinheiro nela,
mas tomando cuidado para que
ninguém visse) Raoni onde você
está ?
 Raoni-
(mexendo em umas estantes de
livros antigos no corredor do quarto
onde Moacir estava) Eu to aqui…
tem uns livros bons aqui, acho que
até melhor que os do meu avô

Moacir-
( saindo do quarto e indo em
direção ao garoto e sua galinha)
Que bom que um garoto de sua
idade gosta de ler, posso ver quais
livros já escolheu?
Raoni-
(com olhar contente para os livros
vai passando um por um enquanto
lê os títulos) Eu peguei uns pra eu
continuar aprendendo sozinho o
que meu vô me ensinava….eu
gostei mais desses três, O espírito
xamã em harmonia com a natureza,
O espírito do xamanismo e o
Xamanismo e suas técnicas, tem
outros mas quero só esses por
enquanto
Moacir-
(assustado) Nossa! eu nem
lembrava que ainda estavam aí,
tem certeza que quer ler isso
Raoni? (gaguejando) Você devia
pegar um livro mais tranquilo
existem alguns livros cristãos
infantis…

Raoni-
(olhando com cara de bravo e
irritado com) Não!... meu vô pediu
uma unica coisa, e eu concordo, e
eu não vou abandonar o que me
ensinaram sempre, você pode
mudar se quiser mas eu continuo
com a força de Tupã

Moacir-
São palavras muito duras para uma
criança dizer assim
Raoni-
Era o que meu vô falava toda vez
que vocês vinham em casa com a
bíblia falando que ele devia se
converter se não ele não seria
salvo
Moacir-
Mas isso é um fato Raoni, está
escrito na bíblia sagrada
 Raoni-
Eu sei, meu vô me falou também
isso, mas disse também que na
biblia esta escrito que devemos
amar ao próximo como a nós
mesmos, e que o Jesus andava em
meio de bêbados drogados
prostitutas pra ajudá-los a se
encontrar em seu próprio espírito
não essa baboseira de dar dinheiro
pro culto ou pra igreja, até porque
nessas escrituras se diz que nós
somos o templo

Moacir-
(surpreso com as palavras de
Raoni) Ual! Você sabe mais coisas
que muitos adultos, mas se sabe de
tudo isso porque não aceita a
salvação também

Raoni-
(levantando e deixando os livros no
chão) porque vocês nunca
entendem nada, sempre acham que
só vocês estão corretos sendo que
a intenção de toda religião é a
mesma…( olhando bravamente
para Moacir) Obrigado pela
hospedagem, sinto muito tê lo
incomodado ( sai andando até o
fundo do corredor)
Moacir-
(com olhar pensativo para o garoto,
se agacha até os livros e quando
vai pegá los para guardar ele
encosta na galinha e ao mesmo
tempo nos livros xamãs, e cai ao
chão como se tivesse caído dentro
de um mundo espiritual) Onde eu
estou? ( ao se levantar aos poucos
se sente observado e olha em
direção onde estava a galinha e o
garoto, e enxerga apenas um cervo
branco e um índio guerreiro) Maldito
xamanismo, não saiu de mim ainda,
maldito seja o dia em que nasci na
família de pajés, o que vocês
querem espíritos perdidos ?
Raoni-
(olhando Moacir sem entender a
cara de espanto e apreensão que
ele fazia) O que ta acontecendo
com você tio?
 Anhangá-
( em forma de galinha para o
menino e sem falar nada, mas em
forma de cervo para Moacir, falando
com tom ameaçador) Eu vim cobrar
seus pecados Moacir seus delitos
não ficarão em vão, você pagará
com o preço de teu roubo, seu
sangue, sua alma, sua ganância
isso tudo voltará a você como um
mar a fim de afogar o mundo num
tsunami
Moacir-
(chorando de medo) Eu sei eu sei,
eu nao devia ter cometido aquele
incêndio, mas… mas eu precisava
do dinheiro…. pra… pra dar uma
mansão igual a esta para minha
mulher e minha filha… o dinheiro da
indenização era pra melhorar a
habitação inteira… como melhorou
Anhangá-
(rindo sarcasticamente) Mas nem
tua filha, nem sua mulher e muito
menos a família desse garoto
viveram para ver suas grandes
melhorias para a habitação
 Moacir-
( Moacir voltou a si, e percebeu que
o olhar de Raoni para ele não era
de estar bravo pro religião mas sim
de ódio e vingança) Raoni…. o que
você ouviu?

Raoni-
(Raoni passa correndo e gritando
por moacir e o empurra fazendo
Moacir cair, Raoni pega sua galinha
e corre até a saída da mansão) Seu
Demônio assassino, morra!

Corta para/

Cena7/ Praça central da

Habitação/ noite/ externo

Raoni sai correndo da mansão até

o centro da Habitação, e ao tentar
olhar para trás para ver onde estava
sua galinha o garoto cai e fica
deitado ao pé do altar que é
utilizado para cultos pois é o lugar
de onde toda habitação consegue
ouvir perfeitamente tudo que é dito
mesmo não estando próximo do
altar
Raoni-
(deitado ao pé do altar se
levantando aos poucos, um pouco
atordoado, começa a esbravejar
com todas suas forças) Moacir é um
assassino, ele é culpado de tudo,
ele é a culpa da morte de todos,
demônio farsante! ( o povo ao ouvir
a voz do garoto esbravejando ,
saíram todos de suas casas e foram
para perto do altar, Raoni sem
perder a chance subiu no altar e
gritou com mais força que antes)
Monstro Assassino, maldito
mentiroso, demônio fantasiado de
homem.

Moacir-
( Moacir chegando perto do
alvoroço na praça central da
habitação e ao perceber o que
Raoni está gritando e o povo
observando o garoto e olhando
para Moacir em dúvida, então
Moacir num ato desesperado
começa a gritar para abafar a voz
do garoto) Esse menino foi
possuído pelo mesmo espírito que
tomou a alma de seu avô, tomem
cuidado sua língua é venenosa,
suas palavras vem do pai da
mentira, o próprio diabo, o lúcifer
toma conta do corpo e da alma
deste menino no momento (ao ver
que o povo dava mais atenção para
o que ele falava e que ficaram
assustados, Moacir começa a se
sentir mais a vontade e diminui o
nervosismo) Peço a todos que
oremos em voz alta, clamemos a
Deus pai ooooh todo poderoso que
ilumine, purifique, lave e perdoe
essa pobre alma, esse pequenino
garoto que foi tomado pelo diabo,
oreeeemos ó meu povo abençoado
por Deus, clamem, orem, façam
descer o fogo de Deus
Raoni-
( ao perceber que todos ao seu
redor estavam gritando orações,
alguns falando como se a língua
estivesse embolada, alguns
começaram a passar a mão em sua
cabeça como em um culto onde
expulsam um espírito maligno, e
isso foi assustando e irritando ainda
mais Raoni que está sentado com
os olhos marejados e encolhido no
meio do altar) Não encosta em
mim… Sai daqui...eu não tenho a
alma perdida, eu não sou um
demônio nem algo do tipo…(Raoni
começa a se irritar e bate na mão
de um dos cidadãos que tentava
toca em sua cabeça, levanta e tenta
sair correndo, mas acaba
esbarrando em uma das moradoras
mais velha da Habitação e ao
esbarrar a senhora cai e começa a
gritar de dor pois quebra o braço
direito ao tentar se apoiar)
Desculpa, desculpa, desculpa …
mas vocês tem que me ouvir,
Moacir que matou….( Antes de
terminar a frase o filho da senhora
caída, um homem adulto e forte,
acerta raoni com um golpe no rosto
deixando o pequeno garoto
atordoado, logo em seguida mais
algumas pessoas começaram a
empurrar de um lado para o outro e
o grupo aumentava cada vez mais,
e em meio ao empurra empurra,
agrediram o garoto, xingaram, até o
momento em que um deles
arremessou uma pedra então todos
fazem o mesmo e uma chuva de
pedras acerta o garoto em cheio ,
eram pedras médias e grandes que
fizeram muitos ferimentos no garoto
que caiu sem força mas ainda
consciente dizendo lentamente) O
… In...cendi….o (então uma grande
pedra cai na cabeça dele deixando
totalmente ensanguentado)

Corta para

Cena 8/ Mata ao redor da

habitação/ Noite/ Externo

Na mata ao redor da habitação

existe uma estrada de terra que não
dá acesso a lugar nenhum, é como
uma estrada abandonada, logo
após arremessar uma chuva de
pedras no garoto o povo junto de
Moacir levaram o garoto todo
ensanguentado para esta estrada a
fim de enterrá lo já que não havia
qualquer sinal de vida no garoto,
descem de um carro com
carroceria, dois homens dos quais
iniciaram a agressão em Raoni e
vão até a caçamba do carro e
puxam o corpo do garoto e
carregam Raoni até uma pequena
vala aberta por Moacir e o Pastor

Moacir-
Isso foi uma atrocidade um terror
inimaginável, que Deus tenha
piedade desta alma jovem
Pastor-
(terminando de jogar terra para
tapar a vala onde o corpo de Raoni
estava ) será que essa cova não é
muito rasa, alguém pode passar por
aqui e achar o corpo.
Moacir-
Meu pastor fique tranquilo, eu disse
para enterrarmos aqui justamente
porque é um lugar onde ninguém
vem, nem mesmo os moradores da
habitação ( voltam todos para o
carro e vão em direção da
habitação)
 Começa a chover forte a terra
começa a ficar mais mole e o corpo
do garoto é descoberto e desliza
até o córrego que fica abaixo da
estrada abandonada, e é carregado
pelo córrego até um ponto onde há
grama e algumas árvores grandes

Corta para/

Cena 9/ Mente de Raoni local

escuro/ Interno
Raoni desacordado começa a ter
visões em sua mente, e apesar de
seu corpo estar quase morto, dentro
de sua mente ele se mantém sob
controle.

Raoni-
(andando no escuro sem entender o
que estava acontecendo, segue
andando aleatoriamente até o
momento em que vê sua galinha
ao longe, e vai correndo até ela)
Minha amiga….quem dera você
soubesse falar pra me dizer onde a
gente tá…
 Anhangá-
(Em forma de galinha, com tom
doce) Mas eu posso falar Raoni ,
aliás posso explicar tudo o que está
acontecendo.

Raoni-
(assustado porém alegre) você….
você fala?....qual seu nome?...Por
que consegue falar?...Sabe onde a
gente tá?

Anhangá-
(Rindo) Muitas perguntas, não?
mas, sim, posso falar, porque sou
anhangá, consigo (muda para forma
humana) porque sou o deus
Anhangá e possuo o poder ( muda
para sua forma de cervo) de toda a
natureza, incluindo suas formas, e
posso te dizer que estamos em sua
mente, mas, talvez… você não
goste do motivo.
Raoni-
(Impressionado) Mas qual é o
motivo de estarmos aqui?
 Anhangá-
Raoni, você é como filho único de
uma nação corrompida, enganada e
vendida, seu avô antes de você, era
o único a seguir e repassar as
nossas tradições, não essa falsa fé
que foca em nos forçar a dar mais
de nosso ouro, e de novo estamos
vendendo nossas vidas em troca de
espelhinhos de bolso.

Raoni-
Igual aos antepassados, que
acreditaram que todas as coisas
que os que chegaram disseram e
fizeram eram como leis.
Anhangá
- (Feliz) Exatamente, os que
resistiram foram, decapitados,
espancados, apedrejados e
queimados…( é interrompido por
Raoni).
Raoni-
(irritado) Como meus pais….
 Anhangá-
Como você, a gente está aqui
porque você desmascarou a farsa
do maldito falso pajé, a doença
gananciosa que destrói qualquer
fé... Raoni, te espancaram e te
lançaram pedras como lançavam
nos antigos que chamavam de
bruxos ou demônios, tentaram te
enterrar, acham que você está
morto, porém eu te mantenho vivo.
Raoni-
(triste com olhos compenetrados)
Agora me lembro… mas, por que…
por que eles me odeiam?
Anhangá-
Porque não abandonou quem você
realmente é, e isso eles não tem
coragem de fazer…. então se
sentem ameaçados, sentem medo
de você, pequeno cacique xamã.
Raoni-
Mas como eu faço pra voltar,
acordar… não sei.
Anhangá-
Eu posso te levar de volta, mas…
preciso que faça uma coisa por nós,
e se aceitar eu te ensinarei por três
anos, como ser um guerreiro, e
como nos vingar por tudo e por
todos que foram assassinados….

Raoni-
(assustado) Não! …. não tenho
coragem, não posso fazer isso com
eles….
Anhangá-
(com tom amigável) Tudo bem… te
faço voltar mesmo assim, só peço
que estude o
xamanismo…(persuasivo) e que
perdoe os que prejudicaram a
gente, perdoe-os por todos seus
gritos de dor, todas retorções do
corpo de teu avô ao chão e
esqueça o cheiro da fogueira que
queimou seus pais.

Corta para /
Cena 10/ Oca no meio da mata
próxima à habitação/ Manhã/
interno
Raoni acorda e abre os olhos
vagarosamente, quando olha ao
redor vê o teto feito de palha e
folhas de palmeiras, as paredes
feitas de galhos e troncos de
árvores, procura uma porta ou algo
como uma saída, e quando se
senta para tentar achar a saída, sua
galinha puxa alguns galhos com o
bico e Raoni percebe que está com
suas feridas cicatrizadas e vestido
com roupas dos nativos brasileiros,
então olha nos olhos de sua galinha
e lembra das visões que teve.
Raoni-
(timidamente pega a galinha nos
braços) Então aquilo foi real? (a
galinha vira a cabeça de lado como
quem não entendesse nada) é claro
que não, eu dei foi sorte….. mas
como você me achou? …… aaa!
idiota ela nao vai responder né….
 Anhangá-
(em forma de galinha) Talvez eu
responda, mas não posso me
manter aqui, é necessário um
recado ao nosso povo que ainda
não se deixou levar, ainda a tempo
de manter viva nossa cultura…. se
quiser estudar o xamanismo vai ter
de arrumar livros, e é graças a um
espírito de um deus xamã um certo
pajé fajuto não consegue jogá los
fora… se quiser tomá los para si,
invada a casa dele as terças feira e
quintas feira entre 19h e 21h ou aos
domingos das 10h às 12h….ou
pode voltar para o conforto dos
braços deles se quiser…. sinto
muito mas terei de abandonar esse
corpo e procurar outros guerreiros
para nossa causa, guerreiros que
lutam.
Raoni-
( pensativo e sério) Espera
Anhangá…. estou disposto a isso…
o estalo quente na pele dos maus
pais ainda soam em meus sonhos.
 Anhangá-
(tomando a forma de humano) Se
prepare meu cacique escolhido,
você terá três anos, nesse tempo
vamos armar bombas incendiárias
atrás de cada casa da habitação,
vamos esconder armadilhas de
rede para pássaros em todas as
saídas e arcos e flechas para
pontos de fuga que você possa
usar, e durante esses anos quero
que você roube todos os livros
xamãs da casa de Moacir…. vamos
fazer deles os "bruxos" que
queimaram rejeitando nossa raiz.

Corta para/
Cena 11/ Habitação Zona Sul de
SP 3 anos após o sumiço de
Raoni/ Madrugada/
Externo

Após acharem que Raoni

estava morto todos da habitação
seguiram suas vidas acreditando
que ele realmente estava morto,
mas três anos depois do dia em que
enterraram ele vivo ele volta às 5h
da manhã e vai amarrando as redes
de armadilha em volta de todas as
saídas da habitação, até o
momento em que ele estava
colocando uma de suas lanças
próxima do seu ponto de fuga atrás
de sua antiga casa junto de sua
galinha, uma das garotas que
brincava com ele estava acordada e
andando por toda habitação pois
achou estranho naquele horário
alguém da habitação andando por
trás das casas.

Garota 1-
(se aproximando assustada de
Raoni) Quem… quem é você? …..
não, eu sei quem é você!.... mas….
não… você tá morto….Raoni?

Raoni-
(com olhar sério) Sou eu sim, não
morri, fui salvo, encontrei a
verdadeira salvação… e acredite é
diferente da suas mas leva ao
mesmo lugar
 Garota 1-
( abraçando Raoni repentinamente)
Você era meu melhor amigo, senti
sua falta…. olha essas cicatrizes,
foi culpa desses fanáticos idiotas
né?.... eu mal gosto das regras que
eles nos colocam, mas somos
obrigados a fazer tudo isso, porque
isso é o que tem mantido a
habitação em pé…..(passa a mão
fazendo carinho na galinha de
Raoni e olha novamente as
cicatrizes de Raoni) isso é cruel…
espera eu vou buscar uma coisa
que eu aprendi a fazer, e sei que
você vai gostar… a gente chama de
pamonha … mas você chamava
de…. como era?...

Raoni-
Mbyta? …. meu doce favorito
Garota 1-
Isso, Mbyta… já volto, vou pegar
pra você ( sai correndo em direção
ao centro da Habitação que
também era a direção de sua casa,
mas quando está perto do altar
começa a andar mais devagar se
ajoelha e grita com todas suas
forças, e cai morta)
Ao ouvir o grito da garota
Raoni sai correndo com a lança em
sua mão em direção a ela, mas
quando chega ao corpo o pai da
garota está correndo em direção e
ela também, Raoni hesita em fugir
mas quando vai se aproximando o
pai da garota o reconhece.

Pai da Garota 1-
(com ódio olhando para Raoni grita)
Diabo, o maldito desgraçado voltou
do inferno….. e matou minha
querida
Raoni-
não eu… não eu…. ( vira correndo
para fugir mas todos moradores
começam a sair para conferir o que
estava acontecendo, Raoni hesita
novamente em fugir, e quando
decide correr e surpreendido com
um golpe na nuca, cai desmaiado).
Quando Raoni recobra a
consciência ele está amarrado com
os braços e pernas estendidos
como se ele fosse um alvo, ao ver
que o garoto recobrou a
consciência o Pai da garota enfia a
lança de Raoni em sua costela e o
garoto se retorce de dor mas não
grita, então novamente as pessoas
da aldeia começam a arremessar
pedras no garoto que quase perde
a consciência novamente mas, luta
e se mantém acordado, pois ouvi o
barulho de um carro chegando
dentro do carro está Moacir e o
Pastor.

Moacir-
(andando junto do Pastor entre o
povo tentando acalmá los, mas sem
sucesso) Vocês querem o sangue
sujo desse menino nas mãos?(o
povo grita que sim, então Moacir
sobe no altar onde Raoni está
amarrado, vê que o menino está
quase acabado e decide ceder à
vontade do povo) Mas ele já está
quase morto, o que mais querem
dele ( todos gritam sofrimento)
perdoem este garoto, por amor a
Cristo, será que vale a pena?( ao
falar isso vê aos pés do Pastor uma
galinha branca e reconhece a
galinha e a pega pelo pescoço)
Vamos dar a ele um sofrimento
igual ao de perder algo que ama...
Raoni-
(Entre se manter acordado ou ceder
ao desmaio) Perder
mais?....Anhangá…. deus que traz
mal agouro a quem ele se
mostra…..maldita galinha… me
trouxe mal agouro…. mas ainda é
minha única amiga
Moacir-
(escutando o que o garoto disse)
Ela é sua única amiga? (observa
Raoni fechando os olhos como se
se entregasse e então aproxima a
galinha perto do ouvido dele e
lentamente torce o pescoço do
pequeno animal até quebrar) ai se
foi sua pequena única amiga (o
povo ria sem poupar esforços,
enquanto Raoni fechava seus olhos
completamente)
Raoni-
(Com os olhos fechados como se
estivesse morto falando bem baixo)
Amana, Abaré, Pororok…. Aíb
Após dizer estas palavras
Raoni levanta a cabeça com ódio
arrebenta as cordas dos braços e
as usa para enforcar o Pastor, o
povo chocado não consegue reagir
de forma alguma, Raoni arranca a
lança dele mesmo e arremessa em
meio ao povo acertando o peito do
pai da garota 1 e matando-o no
mesmo instante, soltou as amarras
das pernas e com um só golpe
quebra o pescoço de Moacir, o
povo totalmente paralisado começa
a correr para fugir então Raoni
corre para fora da aldeia e
rapidamente com duas pedras
acende uma tocha deixada em um
de seus pontos de fuga e ativa as
armadilhas e por trás de todas as
casas da habitação começa a pegar
fogo e dentro de instantes toda a
Habitação está incendiada, Raoni
puxa todas as redes e o povo nao
consegue fugir e começam a morrer
queimados alguns tentam fugir pelo
mesmo lado que Raoni saiu mas o
garoto com um arco e flechas da as
boas vinda a morte para todos que
tentam fugir, e faz isso até o último
dos habitantes cair morto em sua
frente, então o garoto já ferido,
anda até a estrada abandonada e
cai perto de onde foi enterrado vivo.

Corta para/

Cena 12/ Oca no meio da mata

próxima à habitação/ Noite/
Interno

Raoni está deitado no chão da

oca e ao seu lado está a galinha o
garoto já sem força começa a olhar
para a galinha e ver junto dela um
índio forte de cabelos brancos, e o
cervo de olhos vermelhos com a
cruz de ponta cabeça na testa.
Anhangá-
(em três formas diferentes ao
mesmo tempo olhando com carinho
e orgulho para Raoni) Muito bem
Cacique, guerreiro nobre cumpriu
com sua missão, agora volte a
''Xe r-apó'' .

Fim.

Por: Romulo Pereira -CaroEu-