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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

VIDROS E SUAS APLICAÇÕES


ÍNDICE

1.Introdução ............................................................................................................3
2. Origem do Vidro ...................................................................................................3
3. O Vidro no Brasil ..................................................................................................6
4. Composição dos Vidros .......................................................................................9
5. Fabicação de Vidros Planos ................................................................................9
6. Principais Características ..................................................................................10
7. Vantagens.......................................................................................................... 10
8. Desvantagens ....................................................................................................11

9. Tipos de Vidros Utilizados na Construção Civil .................................................11

9.1. Vidro Impresso .........................................................................................11

9.2. Vidro Refletivo ..........................................................................................11

9.3. Vidro Temperado .....................................................................................12

9.4. Vidro Laminado ........................................................................................13

9.5. Vidro Aramado ..........................................................................................13

9.6. Vidro Duplo ou Vidro Termo-acústico .......................................................13

9.7. Vidro Duplo com Cristal liquido ................................................................14

10. Bibliografia .......................................................................................................14

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1. Introdução

O vidro é uma substância inorgânica, amorfa e fisicamante homogênea,


obtida por resfriamento de uma massa em fusão que endureece pelo aumento
contínuo de viscosidade até atingir a condição de rigidez, mas sem sofrer
cristalização.
Industrialmente pode-se restingir o conceito de vidro aos produtos
resultantes de fusão, pelo calor, de óxidos ou de seus derivados e misturas, tendo
em geral como constituinte principal a sílica ou o óxido de silício (SiO ), que, pelo
resfriamento, endurecem sem cristalizar.
Presente em fachadas, coberturas, pisos, divisórias, portas, escadas e
paredes, o vidro conquista cada vez mais espaço na construção civil. Na
transparência dos projetos arquitetônicos, garante leveza aos ambientes,
substituindo materiais comumente utilizados em residências, prédios comerciais,
hotéis, aeroportos, parques, shoppings, hospitais e escolas.
Hoje o vidro é uma tendência na arquitetura. Só esse material permite uma
relação de espaço entre os meios interno e externo, ampliando a visibilidade e a
segurança. A tecnologia de produção e beneficiamento do vidro plano tem
possibilitado maior garantia de segurança, controle acústico e economia de
energia, iluminação e temperatura, aos mais arrojados projetos arquitetônicos.
O vidro leva beleza e harmonia às formas delineadas, mas a qualidade do
produto final depende da especialização profissional e dos conhecimentos
técnicos dos fabricantes e processadores do material.
Apontando um aquecimento no setor vidreiro, os fabricantes de vidro estão
investindo em equipamentos para beneficiamento do vidro, contudo o setor
necessita ainda de mão-de-obra qualificada e um profundo conhecimento do
produto.
Atualmente, o vidro é parte integrante e fundamental do projeto
arquitetônico. Faz parte da estética, e tem forte influência no conforto, na
economia e na segurança de qualquer edifício. Para tanto deve-se fazer a escolha
adequada do vidro em função das necessidades do projeto.

2. Origem do Vidro

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As fontes não trazem ao certo o período e o povo que descobriu o vidro.
Sabe-se, no entanto, que egípcios, sírios, fenícios, assírios, babilônios, gregos e
romanos, já realizavam trabalhos com o vidro. Devido a isto não é possível atribuir
a descoberta do vidro a um único povo e a uma única época. No entanto, numa
das fontes pesquisadas, o historiador romano Pliny (23 - 79 a. D), atribui aos
fenícios a descoberta acidental do vidro. Os povos da Mesopotâmia e os egípcios
já conheciam as técnicas rudimentares de sua fabricação, em 2700 a.C.;pois em
escavações arqueológicas nas proximidades de Bagdá fora encontrado um
cilindro de vidro azul,datado daquele período. No Egito, o mais remoto exemplo de
vidro é um fragmento também azul escuro, uma espécie de amuleto, onde está
escrito o nome de Antef II, faraó da 11a Dinastia (2133 - 1991 a. C).
A arte do vidro floresceu no Egito no século 1500 a.C. os artistas a serviço
dos faraós da 18a Dinastia conheciam a formula de uma pasta de vidro maleável,
com a qual faziam contas de vidro e adornos pessoais. Algumas destas peças
foram encontradas em perfeito estado de conservação, no sarcófago de
Tutancamon. Os egípcios, primeiros a utilizar o vidro na fabricação de embalagens
(vasilhas abertas como jarros e tigelas), também produziam recipientes para
cosméticos, bálsamo e frascos para perfumes. Entre estes o mais comum era o
alabastron guardava-se o col, tintura para escurecer as pálpebras e realçar o
brilho dos olhos, utilizado por homens e mulheres da antiguidade em todo o
Oriente.
Na Mesopotâmia, onde foram encontrados vidros com 4 mil anos de
existência, a produção de melhor qualidade aparece no século VIII a.C., com
peças assírias. Um vaso foi encontrado na urna funerária do rei Sargon II, que
reinou na Assíria entre 701 – 705 a.C. Nas tabuinhas de Assurbanipal (668 – 626
a.C.) descobertas em Nínive, há referências às fórmulas de fabricação de vidro,
em código só recentemente decifrado. Na Grécia dos tempos micênicos, foram
encontrados vasos de vidro manufaturado com técnicas egípcias.
No Egito, na Mesopotâmia, Síria ou Grécia, a produção de vidro na
antiguidade exigia grandes esforços dos artistas operários, na maioria escravos.
Os elementos básicos de sua composição: cálcio, cal, e a barrilha, potássio. Eram
basicamente os mesmos de hoje, mas produziam vidro opaco e arenoso. Os
fornos pequenos, o vasilhame de barro, a dificuldade para conseguir altas
temperaturas e atingir o grau de fusão necessário dificultam as tarefas. Com a
técnica de fole aplicada ao forno, introduzida no Egito, conseguiu-se aumentar o
calor e assim tornar a massa vítrea mais maleável – mas o vidro, até o século VI
a.C., era produzido em escala reduzida para uso e adorno exclusivo dos nobres.
A descoberta da técnica do sopro (fabricação de vidro oco – garrafas,
potes, copos, bulbos etc) na Síria e em Alexandria, quando Roma já estendia seu
domínio sobre o Oriente Médio, marca um grande momento na historio do vidro.
No século II d.C., os romanos levaram a invenção do sopro (processo pelo
qual colhe-se uma bola de vidro na ponta de um tubo de aço – a cana – e, com a
boca, sopra nesta bola até dar-lhe o formato desejado, a mão livre ou dentro de
um molde de madeira ou ferro) a um refinamento comparável ao da ourivesaria e
muitos desses vasos se encontram hoje em museus. Os bizantinos usaram-no

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realmente na ourivesaria, fazendo peças de vidro colorido ou decorado com folhas
douradas. Os merovíngios produziram taças sem pés a vãos funerários. Mais
tarde, Veneza começou a produzir vidros e tornou-se o centro de vidraria no
Ocidente.
Os primeiros registros da moldagem de frascos datam do ano de 1500 a.C.,
na Babilônia. A invenção da chamada Cana de Assopro, ocorrida na Síria por volta
do ano 100 a.C. foi o avanço técnico decisivo na produção de frascos. Esse
instrumento possibilitou a fabricação da maioria dos objetos de vidro e ainda
encontra utilização nos dias de hoje.
Por volta desse mesmo período, 100 a.C., os romanos contribuíram muito
para o desenvolvimento do vidro.
Iniciaram a produção de vidro por sopro dentro de moldes prensados,
aumentando em muito a possibilidade de fabricação em série de manufaturas
(vasilhas simples e objetos requintados de arte). Eles foram os primeiros a
inventar e usar o vidro para janelas.
O desenvolvimento da indústria do vidro foi tal, naquela época, que por
volta do ano 200 de era cristã o imperador Severo aplicou uma taxa sobre os
produtos de vidro. No século seguinte, porém, Constantino e Constante
desobrigam os vidreiros do pagamento deste imposto.
Entre os anos 500 e 600, foi descoberto um novo método para fazer vidro
transparente que apresenta uma leve distorção de imagens, resultantes de
processo de fabricação por sopro de uma esfera e sua sucessiva ampliação por
rotação em forno. Até o século XIX, a maior parte do vidro plano foi fabricada
através desse processo. Alguns historiadores escrevem que as cruzadas o
trouxeram do Oriente para Veneza. A presença de fornos naquela cidade era
causa de constantes incêndios, assim um decreto de 1291 concentrou as fábricas
na ilhota de Murano (entre o mar Adriático e encostas Alpinas na Itália). Este
decreto, além de isolar os fornos, possibilitava uma rígida vigilância para evitar
que os segredos da arte saíssem dessa região. Em função da grande
concentração de vidreiros, foi descoberta a composição de um vidro que, por
causa da sua extrema limpidez, foi denominado cristal.
Um importante acontecimento na tecnologia do vidro deu-se em 1200 com
a invenção do processo de fabricação do vidro por sopro de cilindros. Assim, por
ação simultânea do sopro e da força centrifuga obtida movimentando o cano,
formava-se um cilindro côncavo: com diâmetro até 45 cm e comprimento até 3 m.
o cilindro era cortado e depois colocado em um forno de recozimento e deixado
para estender de onde o nome de estenderia, dado ainda hoje aos fornos de
recozimento.
A França já fabricava o vidro desde a época dos romanos. Com a iniciativa
de Colbert (ministro de finanças de Luís XIV), incrementaram-se as atividades
comerciais e foi criado o privilégio para várias empresas privadas, aumentando
impostos sobre produtos importados – em 1665, concedeu à Manufature Royale
des Glacês o privilégio para a fabricação do vidro escoado, dando origem a Saint-
-Gobain. Esta empresa contou com fortíssimos incentivos protecionistas a seu

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favor, como os pesados impostos sobre os cristais provenientes de Veneza. A
Saint-Gobain introduziu em 1700 na sua fábrica um processo de laminação de
vidro plano desenvolvido por Louis Lucas Nehon. Este processo consiste em
correr um rolo sobre o vidro despejado sobre uma mesa. Este sistema permitia a
produção de grandes placas de vidro. O cristal escoado ou vidro plano foi o
produto que por três séculos caracterizou a Saint-Gobain.
A partir de 1900, iniciou-se a produção mecânica dos cilindros de 1 m de
diâmetro e 12 m de altura, que davam então origem a placas de 3x12 m. esta
produção permitiu ao vidro em diversos processos uma melhor espessura,
recozimento e a diminuição dos defeitos ópticos. O sistema de produção mecânica
foi adotado até a Segunda Guerra Mundial, principalmente, em algumas fábricas
americanas.
Neste processo histórico encontramos também a primeira máquina
automática para produção de garrafas construída nos Estados Unidos, em 1903,
por Michael Owens. Esta máquina viabilizou a fabricação de garrafas em larga
escala.
Em 1936, demonstrando avanço no processo de produção de subprodutos
do vidro foi a fibra de vidro, ou filamentos finos de vidro utilizados para produzir
fios e material têxtil. Esta fibra é utilizada na fabricação de isolantes, plásticos
reforçados por fibras e outros materiais compostos.
Em 1952, o Sr. Pilkington, dono de uma das fábricas de vidro, na Inglaterra,
iniciou as pesquisas sobre como fabricar o vidro que apresentasse um melhor
equilíbrio entre suas faces, quando passou pela pia da cozinha e vislumbrou que a
água e o óleo não se misturavam, mantendo cada um suas características
próprias. Assim, em 1959, a empresa Pilkington desenvolveu um processo
revolucionário para fabricação de vidro plano, o float-glass. Este processo
consistiu no vidro fundido de forma continua num banho de estanho, que assegura
perfeita planeidade à face em contato com o metal. Pelo efeito do seu próprio
peso e do calor, a face superior se torna perfeitamente plana, polida (atribuindo-
lhe melhor transparência) e com espessura uniforme. Com a tecnologia
patenteada pela empresa (única empresa com estrutura familiar entre as quatro
líderes mundiais), a mesma não monopolizou seu acesso, mas acabou por
licenciar sua utilização a um elevado custo. A Pilkington tornou-se a maior
produtora de float-glass do mundo.

3. O Vidro no Brasil

A história do vidro no Brasil iniciou-se com invasões holandesas (1624 /35),


em Olinda e Recife (PE), onde a primeira oficina de vidro foi montada por quatro
artesões que acompanharam o príncipe Maurício de Nassau. A oficina fabricava
vidros para janelas, copos e frascos.
Com a saída dos holandeses a fabrica fechou. O Alvará de 1785 de D.
Maria I, "A Louca", determinou a extinção de todas as manufaturas "em qualquer
parte onde se acharem, nos (seus) domínios do Brasil".

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Todo vidro passou a ser importado de Portugal e posteriormente da Europa
e das colônias inglesas.
O Alvará de 1º de abril de 1808, do príncipe regente D. João, inspirado por
José da Silva Lisboa (o Conde de Cairú) "Desejando promover e adiantar a
riqueza nacional, e sendo um dos mananciais a manufatura e a indústria" resolveu
abolir e revogar qualquer proibição que houvesse a esse respeito no Estado do
Brasil.
O vidro voltou a entrar no mapa econômico do país a partir de 1810,
quando em 12 de janeiro daquele ano, o português Francisco Inácio da Siqueira
Nobre recebeu carta regia autorizando a instalação de uma indústria de vidro no
Brasil. A fábrica instalada na Bahia produzia vidros lisos, de cristal branco, fracos,
garrafões e garrafas. Ela entrou em operação em 1812. Em 1825, fechou em
função de grandes dificuldades financeiras, burocráticas, trabalhistas e, a
concorrência de produtos estrangeiros e a ira dos portugueses.
Em 1839, um italiano de nome Folco, funda no Rio de Janeiro a fábrica
Nacional de Vidros São Roque, com 43 operários italianos e brasileiros, com
fornos à candinhos e processo inteiramente manual. Enfrenta as importações de
produtos da Europa, sobras de consumo que são vendidas a qualquer preço.
Já em 1861 a indústria vidreira brasileira apresenta os produtos na
exposição nacional na Escola Central, no largo São Francisco, no Rio de Janeiro.
Em 1878 Francisco Antônio Esberard funda a fabrica de Vidros e Cristais do
Brasil, a Rua General Bruce, em São Cristóvão (RJ). A fábrica trabalhava com
quatro grandes fornos e três menores, e com máquinas a vapor e elétrica.
Fabricava vidros para lampiões, janelas, copos e artigos de mesa, importava da
Europa para fabricar garrafas, frascos e o seu cristal eram comparados ao da
tradicional Bacarat. Ocupava 600 pessoas entre operários e artistas do vidro. A
fábrica de Vidro Esberard esteve ativa até 1940.
Outra fábrica de destacada presença foi a Fratelli Vita, da Bahia, fundada
em 1902 que produziu garrafas para sodas e refrigerantes, e cristais de qualidade.
Em 1875, um alemão da Renania, Conrado Sorgenicht estabeleceu em São
Paulo, uma oficina para fabricação de vitrais, os primeiros fabricados no Brasil.
Em 1922, o imigrante italiano, César Alexandre Formenti abriu um atelier no
Rio de Janeiro, criando vitrais para igrejas da cidade.
Até o século XX a produção de vidro era essencialmente artesanal,
utilizando os processos de sopro e de prensagem, sendo as peças produzidas
uma a uma.
Foi a partir do início do século XX que a indústria do vidro se desenvolveu
com a introdução de fornos contínuos a recuperação de calor e equipamentos com
máquinas semi ou totalmente automática para produções em massa. Um fato
marcante para o setor vidreiro brasileiro foi o surgimento, a partir do final do século
passado, de importantes empresas, que ainda hoje dominam o mercado. A seguir
será abordada a constituição dos principais fabricantes de vidro no país.

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Em 1895, foi fundada em Soa Paulo a Vidraria Santa Marina, Hoje um dos
grandes grupos industriais do país. Em 1900, a fábrica já produzia 20 mil garrafas
de vidro verde por dia. Em 1903, a Santa Marina transformou-se em sociedade
anônima e cinco anos mais tarde produzia um milhão de garrafas mensalmente, 2
m2 de vidro para vidraça em 24 horas e empregava 650 operários. Alta
produtividade para uma fabrica que só em 1921 instalaria máquinas automáticas
com capacidade diária de 460 mil garrafas.
A partir de então, a Santa Marina procurou diversificar suas atividades,
através da associação e expansão. Em 1941 associou-se à Companhia Vidreira
(Covibra) e constitui a Companhia Paulista de vidro Plano. Esta nova empresa,
com participação da Pittsburg Plate Glass introduziu no Brasil o processo Pittsburg
de fabricação do vidro plano. Em 1944, a Santa Marina uniu-se à americana
Corning Glass Works, cujo laboratório era considerado um dos mais avançados e
começou a produzir, em 1951 os vidros Pyrex, patente da empresa americana. A
expansão da segunda metade do século XX em ritmo acelerado, que a
transformou no maior conglomerado vidreiro da América do Sul.
O acelerado processo de industrialização do país na década de 50 atraiu
investimentos do exterior para o setor vidreiro. Em 1960, o grupo Santa Marina se
associou a indústria francesa, e o grupo Saint-Gobain passou a ser seu acionista
majoritário. A origem da Companhia Industria São Paulo e Rio (Cisper) ocorreu a
partir de uma pequena fábrica chamada Carmita, fundada em 1908 no Rio de
Janeiro, com tecnologia americana e máquinas automáticas da empresa Owens
que produzia garrafas de cervejas em série. Em 1916, a fábrica Carmita pediu
falência sendo adquirida, pelos engenheiros, Olavo Egydio de Souza Aranha Jr e
Alberto Monteiro de Carvalho e Silva, com a razão social Companhia Industrial
São Paulo e Rio – Cisper. Nos anos seguintes, a Cisper seria a única a produzir
garrafas no Brasil, com máquinas automáticas.
A Cisper tornou-se conhecida, em todo o mercado brasileiro, como a
indústria mais avançada na produção de embalagens de vidro. Esta marca
inovadora acentua-se em 1960, quando assina um contrato de assistência técnica
com a Owens Illinois, com opção de compra, pela empresa americana. A Owens
Illinois surgirá em 1929, com a fusão da Owens Bottle Company com Illinois Glass
Company. Em 1962, a Owens Illinois adquiriu o controle acionário da Cisper,
operação que ofereceu à empresa acesso as mais avançadas tecnologias de
produção do vidro e permitiu ao Grupo Monteiro Aranha realizar maior
diversificação dos seus investimentos. O empreendedor Nadir Figueiredo passou
de importador a produtor de vidro em 1935, ao adquirir duas fábricas em São
Paulo e mais tarde, com a montagem de uma terceira. Atento aos progressos da
tecnologia na área do vidro, após a Segunda Guerra Mundial, foi aos EUA estudar
novos processos de produção, que adotou em sua nova fábrica, inteiramente
automática. Nesta fábrica consegue produzir 72 mil copos por dia, o que
representou um notável avanço para indústria brasileira da época.
A passagem de importador para produtor tornou-se comum entre os
empresários do vidro. É o caso da M.Agostini, criada em 1938, no Rio de Janeiro
para importar lampiões da marca Aladdin, e que em 1953 passou a produzir. Em

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1964, a M.Agostini começou a fabricar garrafas térmicas no Brasil, com assessoria
técnica da Aladdin, usandoo vidro borossilicato. Desde 1974 as garrafas térmicas
da M.Agostini são produzidas em máquinas automáticas Olivoto, mas o sistema
de fabricação ainda é o mesmo: duas ampolas de vidro separadas por uma
amarra de vácuo que fica em contato com superfícies espalhadas.
A Corning do Brasil estabeleceu-se em São Paul em 1964, inicialmente
fabricando bulbos para tubos de televisão em preto e branco e mais tarde lentes
oftálmicas, que exportou com sucesso. Trata-se do único fabricante de lentes
oftálmicas do Brasil, área que exige enorme precisão e sofisticação técnica.
Da Grã-Bretanha, veio o grupo Pilkington, que em 1978 adquiriu a Providro,
fábrica de vidro laminado e a Blindex, que opera no mercado de vidros para
veículos e automotores.
Fundada em 1952, a Wheaton do Brasil se caracteriza, como a matriz nos
EUA, pela fabricação em alta velocidade de embalagens para a indústria
farmacêutica e de cosméticos.
A Vidrofarma, do Rio de Janeiro, associada ao grupo alemão Schott, fabrica
tubos de vidros neutros para a produção, por outras indústrias, de frascos e
aparelhos de laboratórios e fornece vidros alcalinos usados nas lâmpadas
florescentes. Em 1979, o grupo francês Ceraver instalou em São Gonçalo, no Rio
de Janeiro, a Eletro Vidro, empresa que hoje pertence ao grupo Francês Sediver
S.A (Société Européenne d’Isolteurs en Ventre et Composite). A Eletro Vidroé a
única fábrica de isoladores de corrente de toda a América Latina.
A indústria do vidro transformou-se, diversificou-se e chegou, a uma fase de
maturidade. Hoje, mais de 200 empresas produzem vidro no Brasil, 24 das quais
integralmente automatizadas, atendendo aos mercados interno e externo,
competindo em condições de igualdade com empresas do exterior. Como em
outros setores da indústria, o crescimento das exportações também se faz na área
do vidro, com o mesmo efeito de sustentação de atividade em período de
dificuldades econômicas.
A adoção das embalagens de vidro pela indústria de alimentos exigiu do
produtor um alto teor de qualidade e confiança, só possível através da seleção
automática. Ao produzir em larga escala, o controle visual da qualidade das
embalagens interferia na rapidez, características básicas do processo moderno.
Mais uma vez pioneira, a Cisper introduz o sistema de controle de qualidade
automático.
À medida que se desenvolveu, a indústria vidreira concretizou-se na região
Sudeste, especialmente no estado de São Paulo.

4. Composição do Vidro

As matérias primas que compõem o vidro são os vitrificantes, fundentes


e estabilizantes.

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Os vitrificantes são usados para dar maior característica à massa vidrosa
e são compostos de anidrido sílico, anidrido bórico e anidrido fosfórico.

Os fundentes possuem a finalidade de facilitar a fusão da massa silícea,


e são compostos de óxido de sódio e óxido de potássio.

Os estabilizantes têm a função de impedir que o vidro composto de silício


e álcalis seja solúvel, e são: óxido de cálcio, óxido de magnésio e óxido de
zinco.

A sílica, matéria prima essencial, apresenta-se sob a forma de areia; de


pedra cinzenta; e encontra-se no leito dos rios e das pedreiras.

Depois da extração das pedras, da areia e moenda do quartzo, procede-


se a lavagem a fim de eliminar-se as substâncias argilosas e orgânicas; depois
o material é posto em panelões de matéria refratária, para ser fundido.

A mistura vitrificável alcança o estado líquido a uma temperatura de


cerca de 1.300°C e, quando fundem as substâncias não solúveis surgem à tona
e são retiradas. Depois da afinação, a massa é deixada para o processo de
repouso, de assentamento, até baixar a 800°C, para ser talhada.

5. Fabricação de Vidro Planos

O plano é o vidro fabricado em chapas. No seu processo de produção, a


massa fundida sai do forno de forma contínua e plana, sendo depois resfriada e
cortada em chapas. Atualmente, os processos de fabricação de vidros planos
(todos automáticos) adotados no país são: flutuação em banho de estanho
(float) e laminação por rolo (impresso).
O processo float foi desenvolvido pela inglesa Pilkington. Trata-se do
processo mais moderno que existe para produção de vidros planos. Consiste
em submeter o vidro fundido a um banho de flutuação em estanho em fusão, o
que lhe confere perfeito equilíbrio entre a face do vidro em contato com o metal.
Pelo efeito do seu próprio peso e do calor, a face superior se torna
perfeitamente plana, polida e com espessura uniforme. Este processo permite
obter um vidro de alta qualidade e brilho, que dispensa operações de polimento.
No processo de têmpera do float, o vidro é submetido a altas temperaturas (por
volta de 600ºC) e rápido resfriamento. Isso faz com que a estrutura do vidro se
reorganize e forme uma espécie de malha de tensão – que age internamente no
vidro. Essa malha confere resistência muito maior ao vidro.
O vidro plano básico, também conhecido como vidro cristal, pode sofrer
tranformações para obter maior resistência (vidro de segurança), curvatura e
refletividade, entre outras características. Os principais produtos obtidos são os
vidros temperados, laminados e refletivos (espelhados). Tais processos de

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transformação normalmente são feitos sob encomenda do cliente. Conforme o
flotado usado, os vidros de segurança podem ter tonalidades coloridas ou
serem incolor.
A laminação é usada na fabricação de vidro plano ou impresso. Consiste
em se passar o vidro fundido por cima de um vertedouro, para se formar uma
lâmina plana de determinada largura, que depois passa entre dois rolos
laminadores. Esses rolos podem ser lisos ou possuir gravação (em um ou nos
dois rolos), o que permite se obter os mais variados desenhos numa ou nas
duas faces da chapa de vidro.
Durante a operação de laminação, é possível introduzir na espessura da
chapa uma tela de arame que aumentará a sua resistência mecânica e evitará
estilhaços em caso de ruptura. Trata-se do vidro aramado, utilizado em locais
onde é necessário haver luz e proteção (telhados, paredes, portas corta-fogo e
balcões).

6. Principais Características

• Reciclabilidade
• Transparência (permeável à luz)
• Dureza
• Não absorvência (impermeável à fluidos)
• Ótimo isolante elétrico
• Baixa condutividade térmica
• Recursos abundantes na natureza
• Durabilidade

7. Vantagens

• Reciclável;
• Higiênico;
• Inerte;
• Versátil;
• Impermeável.

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8. Desvantagens

• Fragilidade;
• Preço mais elevado;
• Peso relativamente grande;
• Menor condutibilidade térmica;
• Dificuldade no fechamento hermético;
• Dificuldade de manipulação.

9. Tipos de Vidros Utilizados na Construção Civil

9.1 Vidro Impresso

O vidro impresso é um vidro translúcido que recebe em uma ou


ambas as faces, a impressão de um desenho (padrão ou estampa). É um
produto muito versátil, podendo ser utilizado monolítico, temperado,
curvado, espelhado e laminado.

Os vidros impressos podem ser utilizados na construção civil em


janelas, portas e coberturas; na decoração de interiores em divisórias,
pisos, degraus de escadas.

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9.2 Vidro Refletivo

Os vidros refletivos, também chamados de vidros metalizados, são


vidros que recebem um tratamento, onde recebem óxidos metálicos, com a
finalidade de refletir os raios solares, reduzindo a entrada de calor,
proporcionando ambientes mais confortáveis e economia de energia com
aparelhos de ar condicionado.

A privacidade dos vidros refletivos está diretamente ligada à


quantidade de luz do ambiente. Estando em um ambiente menos iluminado,
é possivel ver através do vidro. Estando em um ambiente mais iluminado, é
possível ver a reflexão da imagem, como se fosse um espelho.

Portanto normalmente durante o dia, a privacidade dentro do edifício


é mantida, o que não acontece durante a noite, onde a iluminação interna é
maior que a externa.

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9.3 Vidro Temperado

Vidros temperados são vidros que são submetidos a um processo de


aquecimento e resfriamento rápido tornando-o bem mais resistente à
quebra por impacto.

Apresenta uma resistência cerca de 4 vezes maior que o vidro


comum.

9.4 Vidro Laminado

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O vidro laminado é um vidro constituído por duas chapas de vidro
intercaladas por um plástico chamado Polivinil Butiral (PVB), a principal
característica desse vidro, é que em caso de quebra, os cacos ficam presos
ao PVB, reduzindo o risco de ferimento às pessoas e também o
atravessamento de objetos.

9.5 Vidro Aramado

O vidro aramado é composto por uma tela metálica que oferece


maior resistência a perfuração e proteção pois, em caso de quebra, os
cacos ficam presos na tela diminuindo o risco de ferimentos.

O vidro aramado é translúcido, proporcionando privacidade e estética


ao seu projeto, ampliando o conceito de iluminação com segurança e
requinte.

Disponível nas cores azul, cinza e incolor, torna-se um aliado para os


projetos criativos. Recomendado para múltiplo uso em coberturas, guarda-
corpos, portas, sacadas, pergolados e outros.

9.6 Vidro Duplo ou Vidro Termo-acústico

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Os vidros duplos (ou vidros insulados) são chamados de vidros
termo-acústico, pois dependendo da sua composição, podem oferecer
isolamento térmico e isolamento acústico.

O isolamento térmico se dá, pois a câmara de ar, serve como


isolante para a passagem de calor do vidro externo para o interior do
ambiente. Para melhorar a performance térmica, pode-se utilizar um vidro
refletivo.

Com relação ao isolamento acústico, o desempenho pode ser


melhorado utilizando um dos vidros laminados ou vidros de diferentes
massas.

9.7 Vidro Duplo com Cristal liquido

O SGG PRIVA-LITE Santa Marina Vitrage, é um vidro laminado,


composto por duas chapas de vidro, incolor ou colorido, entre os quais é
colocado um filme de cristais líquidos em um campo elétrico.

Quando este campo é ativado, os cristais líquidos se alinham,


tornando o SGG PRIVA-LITE um vidro transparente. Quando o campo
magnético é desativado, o vidro passa a ser translúcido, podendo ser
repetida a operação quantas vezes for desejado.

10. Bibliografia

• http://www.metalica.com.br/materiais-para-fachadas-vidro/
• http://www.revistapalavra.com.br/page/editoriasDetalhe.asp?idNoticia=70
• http://www.reciclagem.pcc.usp.br/vidro.htm
• Elliot - Elliott, S. R. (1994) Amorphous Solids: An Introduction. In: Catlow, C.
R. A. (eds.), "Defects and Disorder in Crystalline and Amorphous Solids",
NATO Advanced Studies Institutes Series; Series C, Mathematical and
Physical Sciences, 418, Kluwer Academic Publishers, Dordrecht: 73-86.
ISBN 0792326105.
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