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Resenha o filme Carandiru

Carandiru: O Filme baseia-se no livro a Estação Carandiru escrito por Drauzio


Varella. O filme é dirigido por Hector Babenco, classificação 16 anos, foi indicado à
Palma de Ouro de Cannes e venceu no Festival de Cinema de havana e no Festival
de Cartagena.

Conta a história de um médico que nos anos 90, auge da epidemia da AIDS,
se voluntaria a fazer um trabalho preventivo no maior presido da América Latina, o
Carandiru. Mostrando a realidade vivida nos presídios brasileiros naquela época, a
desumanidade, abandono, superlotação e violência.

Nos mostra o lado humano de cada personagem dentro e fora do presidio, a


verdade nua e crua que muitas vezes passa despercebida ou simplesmente fingimos
não acontecer desde aquela época até aos anos de hoje. São inúmeros os erros
cometidos. Entraram no Carandiru para matar, isso é fato.

O médico então entra no presidio, chama um por um, examina e vai lhes
perguntando como e o porquê de estarem ali. São todos personagens marcantes,
que trazem consigo ensinamentos que te fazem refletir em como o sistema é falho, e
que talvez eles fossem mais organizados que a própria polícia.

O primeiro a passar pelo exame preventivo é Barba, o médico pergunta logo o


motivo que o fez parar ali, o mesmo responde que mataram o seu irmão e dois dias
depois os assassinos apareceram mortos, em seguida é perguntado se tem relações
sexuais dentro do presidio, responde que quem falar que não está mentindo e que
só usa camisinha quando tem. Barba é usuário de droga, os furos de seringa no
braço o entregam. O próximo é Alípio, já debilitado e carregado pelos colegas. Alípio
contraiu HVI durantes as várias relações sexuais com outros detentos.
O médico sabia que muitos ali não tinha demonstrado clemencia para com as
suas respectivas vítimas, mas também sabia que a sociedade tinha os seus próprios
juízes e que não cabia a ele julgar nenhum que ali e estava. E ele não julgava
mesmo, atendia a todos, independentemente do crime que tenha cometido.

Um dos momentos marcantes do filme é quando uma mãe pede ao médico


que cuide de seu filho Adailson, ela é ciente de que o filho fez coisa errada, mas que
ao pensar nele, não consegue acreditar que o mesmo tirou a vida de alguém.
Peixeira, um outro detendo também o procura, totalmente transtornado e afetado
pela morte de um outro detento, pergunta ao doutor se ele não é mais ele, o doutor
responde que talvez seja culpa, em seguida o Peixeira pergunta também se culpa
tem remédio e o médico finaliza falando que se existisse, todo mundo iria querer.

Após um jogo, iniciou uma discussão entre Barba e Coelho, uns diziam que a
briga teria começado por causa de uma cueca, outros por causa do jogo mesmo. O
resto dos detentos se deixou envolver, dividiram-se então em duas facções a do
anda de cima e do de baixo. Iniciou-se então o confronto real. Saiu do controle, os
seguranças tentaram manter a calma, mas já era tarde demais, o apoio ao diretor foi
solicitado a PM.

Liderados por Coronel Ubiratan Guimarães, invadiram o presídio levando


consigo rifles, metralhadoras, bombas e cães, depois daí todos nós conhecemos a
história. Mais uma vez provando que o sistema é falho, a Policia Militar entrou pra
matar, eles não queriam negociação, queria fazer a limpa no sistema carcerário e se
aproveitaram da situação. Abriam e fechavam portas, atirando em quem vissem pela
frente, nenhum detento portava arma de fogo, só a PM.

De novo, eles entraram com uma única intenção, exterminar todos que ali
estavam e sem clemencia. Foram mais de 100 prisioneiros mortos, 4 dias de
sepultamento e meses para reconhecer todos os assassinados. E poucos dos 300
policiais de participaram fora realmente responsabilizado. Ninguém foi culpado, nem
mesmo o governador ou o coronel.
O massacre do Carandiru é uma dor e uma prova de que todos nós falhamos,
é a prova nítida e escancarada de que o sistema criminal brasileiro não serve pra
nada, não reabilita, é caro, falido e só serve pra para prender pobre e se for negro
então, em qualquer passeio a noite sozinho é bom ter cuidado. O sistema se isenta
da responsabilidade a partir do momento em que os joga dentro da cadeia e não
presta nenhuma assistência.

São vários os momentos de reflexão que fazemos durante a passagem do


filme, pensar no nível de degradação moral que o ser humano pode chegar é
extremamente assustador. O filme é uma obra de arte, retrata com humanidade todo
o inferno que era e ainda é sobreviver dentro das cadeias no Brasil a fora. A maioria
vai parar ali por falta de oportunidade, ou só pela cor, isso é fato.

Em 15 de setembro de 2002, os últimos detentos foram transferidos e o


Carandiru implodido em 9 de dezembro do mesmo ano.

A morte não é e nem nunca será uma opção, a força e a violência não nos
levam a lugar nenhum, a empatia sim.

UNIBALSAS- FACULDADE DE BALSAS.


DIREITO 1 -ANO, NOTURNO
ACADEMICA: THAIRA TUANE CABRAL REZENDE, 16.1.44297.

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