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O Capital Resumo gratuito | Karl Marx https://www.getabstract.

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Em sua obra-prima, O Capital, Karl Marx apresenta de forma meticulosa as


raízes das causas da desigualdade social e econômica. Este texto clássico não é
um chamado para a revolução, mas sim uma análise abrangente, sistemática e
crítica da economia política. Marx passou 15 anos trabalhando apenas no
primeiro volume desta sua obra-prima complexa. Aqui ele detalha a “mais-

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valia” que os trabalhadores criam para os que possuem os “meios de


produção” e como os capitalistas exploradores vendem os seus bens não para
comprar outros bens, mas para aumentar sua própria riqueza. O “dinheiro
que gera dinheiro”, ou o processo de acumulação de capital, está no cerne da
crítica do autor contra o capitalismo.

Os bens são a base do sistema capitalista e têm um “valor de uso” e um


“valor de troca”.
A produtividade do trabalho depende das condições ambientais, estruturas
sociais, grau de tecnologia, fornecimento de matérias-primas e habilidade
dos trabalhadores.
Os trabalhadores trocam a sua capacidade de trabalho por dinheiro para
comprar bens. Os capitalistas trocam dinheiro por bens, para depois trocá-
los por mais dinheiro.
O dinheiro auxilia a troca dos bens. O papel-moeda é uma personificação
abstrata do valor.
A circulação de mercadorias e dinheiro impulsiona o capitalismo.
Os capitalistas lucram com a mais-valia; os trabalhadores não têm acesso a
essa riqueza.
A luta pela mais-valia vai levar à “revolta da classe trabalhadora”.

Os bens formam a base da riqueza nas sociedades capitalistas. Os bens são


mercadorias que satisfazem as necessidades humanas, seja diretamente, como
o alimento ou a roupa, ou indiretamente, como as máquinas e materiais que
produzem o alimento ou a roupa. Cada tipo de bem carrega dois tipos de
valor:

1. Valor de Uso – que mede a utilidade de um produto. O valor de uso é


uma parte inerente do item individual e não pode ser separado dele. O
valor de uso independe da quantidade de trabalho exigida para se fazer
uma mercadoria.
2. Valor de Troca – que mostra a relação de valor entre dois produtos

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específicos. O valor de troca de um item incorpora a quantidade de


trabalho exigida para criar o mesmo.

“Uma mercadoria parece, à primeira vista, algo muito trivial e


de fácil compreensão. A sua análise mostra que é, na realidade,
uma coisa muito estranha, cheia de sutilezas metafísicas e
refinamento teológico.”

Todos os produtos possuem um fator em comum: o trabalho necessário para a


sua criação. O trabalho atribui valor a um item e também deriva o seu valor do
item. O trabalho e o tempo necessário para se fazer um produto determina o
seu valor. Pensar sobre os produtos desta forma permite que você divida um
trabalho sofisticado e complexo em uma série de tarefas simples; assim,
tarefas intrincadas se tornam atividades simples.

Levando diversos fatores em conta, desde as condições ambientais até a


produção científica, uma empresa pode produzir uma certa quantidade de
mercadorias em um determinado período de tempo. Contanto que todos
esses fatores permaneçam iguais, se você produzir a mesma quantidade e
qualidade de um bem de forma consistente, o valor do que você produz
continua sempre o mesmo. Portanto, o valor de um produto depende da
produtividade do trabalho. Por exemplo, como a extração de diamantes é
difícil e consome tempo, os diamantes são muito valiosos. Se você pudesse
encontrar uma maneira fácil de converter carvão em diamantes, essas pedras
preciosas se tornariam muito menos valorizadas. Da mesma forma, o
progresso tecnológico acelera a produtividade do trabalho, porque invenções e
máquinas são capazes de produzir mais mercadorias em menos tempo.

A “mais-valia” tem a sua origem no trabalho que os trabalhadores devem


vender como mercadoria porque não possuem os “meios de produção”, isto é,
as máquinas e materiais necessários para produzir bens. O que os
trabalhadores precisam para sobreviver determina parte do valor do seu
trabalho. O tempo e esforço dos trabalhadores são o seu valor de uso, uma

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parte intrínseca de si mesmos. Os compradores desse valor de uso (os


capitalistas) vão empregá-los para criar a mais-valia, isto é, “a diferença entre
o valor do produto do trabalho e os custos de produção daquele trabalho, ou
seja, a subsistência do trabalhador”. Assim, a mais-valia vai diretamente para
o capitalista cujo dinheiro investido a transforma em capital.

“A circulação do dinheiro como capital é um fim em si mesmo,


pois a expansão do valor só ocorre dentro deste movimento que
é renovado constantemente.”

Os equipamentos e matérias-primas utilizados como recursos no processo de


produção constituem o “capital constante”. Esse valor não se altera durante o
ciclo de produção. Mas a força de trabalho é diferente: ela produz um
determinado valor que o trabalhador recebe como salário fixo e qualquer
mais-valia que surja é mantida pelo capitalista. Esse trabalho convertido
representa o “capital variável”. Na essência, “o trabalhador aparece como um
elemento incorporado no capital do processo produtivo, o seu fator ativo e
variável”.

“A circulação do capital, portanto, não tem limites.”

A utilização do trabalho como uma mercadoria significa que, ao final de um


dia de trabalho, os trabalhadores têm nas suas mãos uma quantia em dinheiro
por prestarem um trabalho ao invés de criarem um item. Assim, os
trabalhadores das indústrias que realizam atividades especializadas e sem
envolvimento mental não se conectam com o seu trabalho.

“Como representante consciente desse movimento, o possuidor


do dinheiro se torna um capitalista. A sua pessoa, ou melhor o
seu bolso, é o ponto de partida e de retorno do dinheiro.”

A quantidade da mais-valia obtida representa o grau de exploração dos


trabalhadores. Eles são afastados da mais-valia gerada pelo seu trabalho. O
capitalista tenta aumentar a mais-valia estendendo o horário de trabalho ou
aumentando a carga de trabalho realizada durante o tempo do expediente.
Assim, a produtividade sobe sem aumento de salários para os trabalhadores.

Historicamente, o simples ato de troca de bens utilizava uma forma básica de

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equivalência: as pessoas trocavam conchas ou animais por mercadorias em


quantidades estabelecidas. Eventualmente, as moedas feitas de metais
preciosos se tornaram populares como meios de troca. Facilmente dividido
em valores diferentes, o dinheiro metálico carregava em si valor suficiente
para se tornar um substituto para outros bens. Mas em algum momento, o
dinheiro perdeu o seu significado relativo, tornando-se uma encarnação
abstrata do valor de troca. O valor material do papel-moeda, ao contrário das
moedas feitas a partir de metais preciosos, não desempenha papel algum na
sua função como uma medida do valor. O valor do dinheiro está em si mesmo,
não no que representa; ele se tornou um “fetiche”.

“O trabalho adequado durante todas as 24 horas do dia é a


tendência inerente da produção capitalista.”

Os preços dos bens em circulação são uma medida do trabalho contido nesses
produtos. Os preços podem ser muito altos ou muito baixos, mas a circulação
de mercadorias real ocorre quando as pessoas trocam mercadorias por
dinheiro.

“A centralização dos meios de produção e a socialização do


trabalho atingem um ponto em que se tornam incompatíveis
com o seu invólucro capitalista.”

Há também um outro ciclo, onde o dinheiro não desempenha mais o papel do


intermediário, mas se torna o ator principal. Esse princípio em que o dinheiro
leva aos produtos, os quais levam ao dinheiro, descreve o nascimento do
capital. As pessoas compram produtos não apenas pelo seu valor prático, mas
também pelo capital que geram quando revendidos. A principal atração é o
valor de troca, ou melhor, o lucro, o qual aumenta o capital. Essa
rentabilidade impulsiona o capitalismo e leva a uma crescente quantidade de
capital: mais dinheiro leva a mais produtos e mais produtos resultam em mais
dinheiro. A circulação de mercadorias tem a finalidade de satisfazer as
necessidades humanas. A circulação de dinheiro é, no entanto, um objetivo
em si. Quem é dono do dinheiro e impulsiona esse processo tem apenas um
objetivo: tornar-se cada vez mais rico.

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O capitalista usa o dinheiro para acumular capital, reinvestindo uma parte


desse dinheiro para conseguir mais meios de produção. Isto estabelece um
processo de autorreforço. Durante a acumulação intensiva de capital, com a
qual o capitalista adquire capacidades técnicas, a produtividade do trabalho
aumenta dramaticamente. Se a população cresce no mesmo ritmo desse
aumento de produtividade, forma-se um “exército industrial de reserva”, uma
massa de desempregados desesperados por trabalho. Com um estalar de
dedos, o capitalista pode escolher novos trabalhadores prontos para fornecer
mão-de-obra ainda mais barata.

“Dobram os sinos fúnebres da propriedade privada capitalista.”

As condições de trabalho nas indústrias inglesas do século XIX tornaram-se


tão terríveis que “Dante teria visto os piores horrores do seu Inferno serem
superados por tais manufaturas”. Expedientes contínuos de 12 a 18 horas não
eram incomuns, em condições perigosas para a saúde e bem-estar dos
trabalhadores. Por exemplo, trabalhadores nas olarias apresentavam menor
expectativa de vida e mais doenças do que outros nas suas cidades; eles
representavam “uma população degenerada, tanto física como moralmente”.
Eles eram “atrofiados em termos de crescimento, (...) envelheciam
prematuramente e viviam certamente menos tempo”. Em Manchester, na
Inglaterra, a média de vida da classe trabalhadora era de 17 anos, contra 38
dos da “classe média alta”. Em 1860, um magistrado registrou as condições
horríveis das fábricas de rendas, nas quais “crianças de nove ou dez anos eram
arrastadas das suas camas imundas, duas, três, quatro horas da manhã e
obrigadas a trabalhar pela subsistência até dez, onze ou doze horas da noite”.

A relação entre capitalista e trabalhador exemplifica o choque de classes:


trabalhadores e capitalistas têm lutado durante séculos pela mais-valia do
trabalho. A violência sempre desempenhou um papel na relação, que data da
sociedade medieval. As guerras feudais e a expropriação das terras
expulsaram os camponeses das propriedades agrícolas. Esses servos estavam
assim livres para oferecer a sua mão-de-obra ao mercado industrial em
crescimento. Ou melhor, eles acabaram mais uma vez na servidão, sendo que
desta vez na escravidão assalariada. Mas em algum ponto os capitalistas serão
consumidos pela sua própria cobiça pelo lucro. Eles vão continuar a usar mais
máquinas e menos trabalhadores para a produção. A miséria das massas vai
aumentar, enquanto cada vez menos pessoas vão se beneficiar da acumulação

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de capital. “Na proporção em que o capital se acumula, a situação do operário


deve piorar”. Com o aumento do exército de reserva, agrava-se também a sua
inquietação e agitação. O sistema capitalista vai se tornar cada vez mais
insustentável, passando a enfrentar “a revolta da classe trabalhadora”. A
desapropriação continuará até que os governos se tornem tão intoleráveis que
o povo vai derrubá-los através de uma revolução e “os expropriadores serão os
expropriados”.

Karl Marx, nascido em Trier, na Alemanha, em 1818, estudou direito,


filosofia e história e trabalhou como editor de um jornal liberal. Censurado
por suas visões, ele se mudou para a França e conheceu o filho do dono de
uma fábrica, Friedrich Engels, com quem escreveu O Manifesto Comunista,
em 1847. Em 1849, Marx foi para o exílio em Londres, onde começou um
estudo intensivo, que resultou na sua obra-prima de economia política, O
Capital. O primeiro volume foi publicado em 1867; O segundo e terceiro
volumes foram publicados depois de sua morte na Inglaterra em 1883.

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