Disciplina :Comunicação e expressão Docente :Alba Valéria De Sant Discente :Lucas Moza Pereira Santana
A Existência de Preconceito linguístico
O preconceito linguístico é praticado com base nas diferenças linguísticas que existem dentro de um mesmo idioma. No Brasil, especificamente, não se trata de um assunto novo, mas que se baseia sobretudo em uma língua padrão, próxima àquela falada no centro-sul do país, utilizada como motivação para o desrespeito às outras formas de falar. Desse modo, a parte da sociedade que foge a esse padrão considerado aceitável sofre represálias e exclusão, sendo tida como menos capaz apenas por conta das variedades linguísticas não consideradas. Por isso, é imprescindível debater e buscar minimizar os efeitos do problema. O Brasil é considerado um país miscigenado e de cultura ampla. Devido a isso, não é raro encontrar, dentro da sociedade brasileira, diversas manifestações artísticas, de expressão e, também, linguísticas. As variantes faladas no Nordeste, por exemplo, divergem das faladas no Sul, contribuindo para a riqueza de um idioma. No entanto, há resistência de parte da população em aceitá-las, refletida na criação de um estereótipo de nordestino analfabeto ou inferior, cuja fala é considerada errada e, por isso, é tido como incapaz. Esse tipo de preconceito acaba constrangendo e excluindo regionalmente populações inteiras, alimentando uma intolerância que beira a xenofobia e contrariando. A crise educacional brasileira não é mistério, por isso há indivíduos que têm dificuldade de acesso às escolas. Essa deficiência educacional é utilizada muitas vezes por outros cidadãos e pela mídia para criar um imaginário de fala errada e fala de quem é pobre. A exemplo, a personagem Adelaide, do programa humorístico Zorra Total, é tratada comicamente como uma negra, de aparência grotesca e que fala tudo de forma errada com relação à norma padrão. Questões assim são uma arma de segregação porque facilitam a assimilação populacional de que indivíduos na mesma condição que Adelaide são inferiores e devem se envergonhar da forma como falam apenas por ser uma maneira pouco convencional dentro do padrão aceito. Entre todas as causas, talvez seja a mais comum e a que traga consequências mais graves. Isso se deve ao fato de membros das classes mais pobres, pelo acesso limitado à educação e cultura, geralmente, dominarem apenas as variedades linguísticas mais informais e de menor prestígio. Assim, são excluídos principalmente dos melhores postos no mercado profissional, e cria-se a chamada ciclicidade da pobreza: o pai pobre e sem acesso à escola de qualidade dificilmente oferecerá ao filho oportunidades (pela falta de condição), e este, provavelmente, terá o destino daquele. Logo, para evitar maiores danos à liberdade de fala dos brasileiros, medidas precisam ser tomadas. O Ministério da Educação deve, por meio de prévia modificação dos conteúdos escolares nacionais, incentivar o debate direcionado acerca das variantes linguísticas nas aulas administradas por professores de português a fim de garantir que o caráter cômico de falas tidas como diferentes seja desconstruído na mente dos alunos. Além disso, o Poder Legislativo deve, através da votação de uma Lei no Congresso Nacional, proibir a veiculação de programas humorísticos que retratem com preconceito figuras nacionais estereotipadas, com o objetivo de extinguir o preconceito linguístico propagado em rede nacional.