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Mental ou Espiritual

por T. Austin-Sparks

Existe uma vasta quantidade de compreensão intelectual da verdade e doutrina que


não está afetando a situação, não está suprindo a necessidade... Uma pessoa pode
conhecer a Escritura bem minuciosamente e no entanto, ser uma pessoa estranha,
rabugenta e impertinente na vida diária; ou ao entrar em relações comerciais, ser
durão numa barganha e colocar outro homem contra a parede em seu próprio
benefício. Você pode ter todo conhecimento e contudo não lucrar nada. É o homem
natural recebendo no plano do homem natural. É apreensão natural de verdade
divina, não vivificante, não é a “água da Vida, clara como o cristal”.

O servir pode ser algo muito bonito, mas morto... você pode ter grandes ideais,
pensamentos sublimes, e contudo pode haver algo que torna tudo ineficiente, sem
levar você a nenhum lugar. O púlpito moderno vai tão longe quanto pode, com seu
próprio equipamento mental humano. Se acontecer que um homem é mais erudito
e melhor educado do que outro, sua interpretação é pensada estar mais perto da
verdade do que da de qualquer outro. Se ele puder colocar uma construção sobre a
Palavra de Deus que é fresca, interessante, e fascinante, que satisfaz as mentes
inquisitivas de seus ouvidores, eles vão com a ideia de que essa é a verdade. Isso
não é nenhum argumento em absoluto – nenhum critério qualquer. Fazer da coisa
toda um assunto de erudição é sair-se da rua.

Moisés era aprendido em todo o conhecimento dos egípcios, e no entanto ele teve
que ter quarenta anos de isolação e disciplina. No fim, Moisés tinha que dizer, “não
posso”, e então Deus pôde dizer “agora te tenho no nível onde Posso dizer, “Eu
posso”. Antes de Saulo de Tarso puder ir a qualquer lugar para Deus, ele teve que
falar assim: “pecadores, dos quais eu sou o principal”; sou o menor dos apóstolos e
não sou digno de ser chamado apóstolo”; as coisas que tinha como lucro agora as
tenho como perda”; não o recebi de homem algum, foi me dado a conhecer por
revelação”; aprouve Deus revelar Seu Filho em mim”. Essa não foi uma conquista
objetiva; isso é uma experiência subjetiva, e entre as duas existe toda a diferença
que existe entre vida e morte...

O homem que se vangloria de conhecimentos e argumenta que porque ele tem


uma maior aprovação do que qualquer outro e está portanto mais perto da verdade
é provavelmente o mais cego de todos os homens... No momento em que você
introduz o elemento do homem natural no ministério, você o mata. O rio da água
da Vida clara como o cristal não fluirá através do canal da carne.

O que você ministra deve nascer do Espírito de Deus em seu espírito, e não deve
ser interferido pela carne. Deus não deixará o fluxo do ministério vivente fluir até
que a carne seja deitada para sempre na morte e nunca for mais eu, mas Cristo.

Primeiramente publicado na revista “Um Testemunho e Uma Testemunha”, Mayo-


Junio 1926, Vol 4-3

Chamado. Eleito. Fiel.


por T. Austin-Sparks

“Estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor


dos senhores e o Rei dos reis; vencerão os que estão com ele, chamados, e eleitos,
e fiéis”. Apocalipse 17:14.
Em certo sentido, estas três palavras representam uma graduação de uma esfera
de provação para outra. Embora possamos ter sido “escolhidos Nele antes da
fundação do mundo”, também é verdade que a escolha depende daqueles que
“retém firme seu chamado e eleição”, quando o assunto é o serviço a nós confiado
e a intimidade com Deus.

Deus inicia todos Seus tratos conosco por meio de um chamado. Mas para que “o
chamado de Deus” tenha qualquer utilidade, é necessário que ele seja percebido
pelo homem interior. A carne pode até ouvi-lo, como aconteceu com aqueles
homens que estavam com Paulo, e que foram até mesmo arremessados ao chão
pela glória da revelação que ele recebeu. Os sentidos daqueles homens podem até
mesmo ter testemunhado algumas das manifestações exteriores que acompanham
o chamado do apóstolo, mas, como ele mesmo disse: “eles não ouviram a voz
Daquele que falou a mim”.

O chamado de Deus contém tanto graça como verdade. A verdade é o instrumento


separador: “Sai”. A graça é a promessa: “Te abençoarei e farei uma benção”. O
homem muitas vezes se agarra na graça, no “abençoarei” de Deus, e falha em
consentir com a demanda do “sai”. Isto não se aplica somente ao nossos primeiros
passos na salvação, mas também a cada nova revelação e chamado em diferentes
momentos da vida cristã. O chamado de Deus pode ser relacionado a uma mais
completa e ampla aceitação da verdade e do ministério, ao testemunho e o ser
testemunha, à rendição e a experiência. Quando o Senhor nos chamar, sem duvida
isso acontecerá por meio de alguma das formas Divinas de visitação realizadas
àqueles que Ele deseja conduzir na graça. Haverá um momento apropriado,
definido e desafiador. Um mensageiro pode surgir do meio do nada - do nada da
reputação, do reconhecimento, da fama ou honra mundanas. Ele entregará a
mensagem, apenas permanecendo tempo suficiente para que sejam conhecidas
suas implicações essenciais àqueles que o ouvem. Então, ao seguirmos adiante, as
coisas nunca mais serão como antes.

O “chamado” soou. A crise se precipitou. A questão está entre a vida, dentro de


suas limitações conhecidas ou desconhecidas, e aquilo que Deus oferece. Mas a
verdade vai demandar por um “sair”, como geralmente acontece. Sair pode
representar deixar uma posição de certa popularidade, algo relativamente fácil.
Pode haver um risco envolvendo a reputação, ou até mesmo a perda de prestigio.
Talvez ocorra uma desaprovação entre os homens, ou posamos ser rotulados de
“singulares”, “peculiares”, “extremistas” e “perigosos”. O chamado pode
representar um impacto direto de todo o preconceito, tradição e desaprovação do
mundo religioso, resultando em exclusão, ostracismo e suspeita por parte dele. Tais
coisas acompanham aqueles que são chamados por Deus para avançar com Ele,
além do padrão geralmente aceito. Este é o preço do pioneirismo para as almas, e
é o preço a ser pago para ser útil no serviço a Deus e aos homens.

Mas o testemunho daquele que escolheu pagar um preço que poucos pagarão, e a
quem foram confiados uma impressionante revelação e um serviço imortal e
universal, no fim de sua vida, foi: “ninguém foi a meu favor; antes, todos me
abandonaram” [2Tm 4:16]. Será que isso significou que ele estava errado? Quem
ousaria dizer que sim?

Vamos nos lembrar que cada passo adiante com Deus levará a pessoa “chamada” a
uma mais direta e íntima colisão com as forças do inimigo, e isso vai atrair muito a
sua atenção. O único caminho para “reinar em vida” é literalmente sabendo dessa
necessidade.
A pergunta é se vamos continuar com Deus, independente do preço a ser pago.
Recusaremos Àquele que fala? Vamos responder a cada chamado para avançar,
qualquer que esse seja? Permaneceremos firmes mesmo que o preço por vezes
parecer quase que demasiado? Iremos “nos manter firmes” na provação do
“chamado” para, ao sermos aprovados pela graça de Deus, sermos escolhidos para
esta obra que não poderia ter sido feita ninguém mais além de nós?

Ou será que retornaremos para nosso caminho mais fácil, de menor resistência;
mantendo nossos tesouros, por medo de perdê-los, mantendo nosso lugar de
diversão e segurança nas águas rasas, sem nos “lançarmos nas profundezas”.

O “muito bem, servo bom e fiel”, será reservado para aqueles que se arriscaram a
perder alguma coisa, e foram além da obrigação do dever, embarcando na segunda
milha do “chamado” que envolve essa revelação progressiva.

Oh, amados de Deus, vamos seguir o caminho até o fim, independente do que isso
possa envolver – nunca antecederá o sofrimento apostólico – aspire por ser um dos
“chamados, eleitos e fieis”.

Primeiramente publicado na revista “Um Testemunho e Uma Testemunha”, Jul-Ago


1926, Vol 4-4

O Cristo Cósmico e Universal


por T. Austin-Sparks

Nesta fase o nosso tema geral é para ser considerado ao longo de duas vias, (a) a
universalidade da Pessoa de Cristo; (b) a universalidade do Nome de Jesus, o
Cristo.

A primeira ocupará a nossa atenção no momento.

O nosso uso da palavra "universal" visa implicar a ilimitação de Cristo em relação


ao tempo e espaço, mas quando falamos do Cristo "Cósmico" entendemos
particularmente a Sua importância quanto ao Cosmos Inteiro, ou mundo. (O termo
"Kosmos" é definido completamente em outra abordagem). É de extrema
importância que o povo de Deus reconheça a universalidade do Cristo no Qual eles
têm sido incorporados, pois é nessa universalidade que eles foram fundidos.

Os grandes termos e temas do Evangelho, tais como "Jesus Cristo", Salvador,


Salvação, Redenção, Propiciação, Expiação, Santificação, etc., não são ideias
tardias da criação, uma emergência significa encontrar-se com algo que pertence à
natureza de um acidente no mundo. Os sofrimentos da Cruz não são meramente
relacionados a algo subsequente à criação. A ideia sacrificial não se originou como
muitos têm pensado, na mente do homem primitivo e vagarosamente desenvolvido
num ritual altamente organizado. O sistema bíblico de sacrifícios e alianças de
sangue não foram adquiridas das raças pagãs e lhes dado um novo significado,
embora o sistema em geral tenha sido a expressão religiosa do paganismo. Os
princípios verdadeiros, puros e significados de julgar, purgar, e renovar através do
sacrifício e sangue era um conceito Divino de antes que o mundo existisse.
Uma aliança existia antes da criação do mundo entre o Pai e o Filho. Esta era uma
aliança em sangue, e portanto necessitava encarnação, morte e ressurreição. Não
se relacionava somente com a terra, mas também com os céus, ambos os quais
tinham necessidade de ser purgados de alguma coisa impura que tinha se
infiltrado. Todos os sistemas pagãos de sacrifício são distorções do conceito puro
que estava na mente Divina antes que o mundo existisse, pois "o Cordeiro foi
morto desde a fundação do mundo". Para esta obra universal uma pessoa é
necessária, e essa pessoa deve carregar em si mesmo os atributos que são
universais. Ele não deve pertencer a nenhuma época ou nação ou mundo. Ele deve
ser investido com autoridade universal. Assim, Jesus é o Cristo, isto é, o Ungido.
Ele é ungido na Eternidade, antes da criação, e a unção é a Sua comissão e a Sua
investidura para a missão universal.

Todo o registro da escritura lança seu peço sobre o fato de que Cristo se
comprometeu e foi ungido para cumprir uma obra no universo anterior à "queda", e
o qual abrangia os resultados da "queda" também. É também bastante claro que
nesta terra, através da encarnação essa obra era para ser realizada. Mas esta terra
e o Drama Divino da Cruz é relativo a algo infinitamente maior. Principados e
Potestades, Anjos e Arcanjos, e inteligências super cósmicas são envolvidas,
ligadas, abordadas, e são instruídas com isto. Tendo apenas aludido a esta
universalidade da Pessoa e obra de Cristo, pode ser bom notar alguns dos
elementos cósmicos e universais na Sua vida e obra terrena. Mas talvez, será bom
permanecer no aberto uns minutos mais antes de virmos para o mais histórico.

Tome, por exemplo, uma passagem como essa em Colossenses 1: "Ele é a imagem
visível do Deus invisível. Pois Nele foram criadas todas as coisas tantos as dos céus
como as da terra, ambas as visíveis como as invisíveis, sejam tronos ou domínios
ou principados ou potestades; por Ele e para Ele foram criadas todas as coisas e Ele
é antes de tudo "Ele é antes de tudo". O "é" aqui significa que Ele não é um dos
seres criados, não superior em classe a alguns anjos, mas incriado, eterno, antes
de tudo.

"E Nele todas as coisas subsistem", ou têm o seu ser. Isto é, tudo tem o seu ser
por causa Dele. Elimine a existência de Cristo, e você deverá eliminar o universo. É
por isso que "não era possível que Ele fosse retido pelos grilhões da morte". Assim,
a ressurreição de Cristo era essencial para a sobrevivência do universo. Em última
análise, todas as coisas devem ter a vida consciente deles Nele. Esta é a
inclusividade de Cristo, e mais uma ênfase na formula apostólica "Em Cristo".

Perceba além disso Efésios 1:10: "De tornar a congregar em Cristo todas as coisas,
na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que
estão na terra"

Deus determinou ter o universo reunido no Seu Filho. É impossível livrar-se de


Cristo, e é impossível além de que em última análise o Senhor Jesus tenha todas as
coisas sob a Sua cabeça soberana.

Isto nos deveria fortalecer poderosamente na nossa confiança e na nossa


perseverança. Assim o apóstolo ainda diz: "Nele, digo, em quem também fomos
feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz
todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade". Era esta revelação e
conhecimento que representava a fortaleza, persistência, resistência, e ascendência
espiritual dos apóstolos em tempos de grande estresse e sofrimento. Pois para um
espírito vitorioso uma adequada visão e dinâmica é essencial. todo o levantamento
das forças de antagonismo a Deus e ao Seu Ungido ao longo dos séculos tiveram
que finalmente procurar o Seu propósito eterno, e em última instância serão
rendidas à Sua soberania. Amado de Deus, o fim vai declarar Ele Cabeça suprema
do Cosmos e do universo. A seguinte coisa a lembrar é que "a igreja que é o Seu
Corpo" não é mais uma ideia adicional do que a encarnação e da pessoa e propósito
redentor de Cristo. "Fomos escolhidos Nele antes da fundação do mundo", e isto é
em relação ao propósito da encarnação. Este "Corpo" é o instrumento pelo qual um
desenvolvimento mais completo da Sua missão pessoal é para ser realizado, e tudo
que se aplica a Ele na eternidade e no tempo, no Cosmos e no universo é para ser
efetuado em e através desse "Corpo".

Como o "Corpo Cósmico" e a "Cruz Cósmica" é para ser considerado


separadamente, devemos agora nos aproximar da "Pessoa Cósmica", na Sua
manifestação no tempo. Se Cristo é universal na Sua pessoa e também eterno,
tudo que Ele diz e faz no tempo deve conter um significado que transcenda
infinitamente a hora e o lugar no qual é humanamente expresso. É importante
lembrar disto. Não existe nada Nele ou Dele que está no final envolvido com um
tempo, lugar, ou povo. Porém são a representação de questões maiores.

Agora tome seus Evangelhos e leia eles com esta ideia. Belém não é um evento que
pertence só ao tempo. A encarnação de Deus em Cristo é o próprio propósito pelo
qual Deus fez o homem na Sua imagem, e isto indubitavelmente para propósitos
maiores do que a redenção de uma raça. É muito provável que a encarnação de
Cristo tenha ocorrido mesmo se não tivesse havido a queda. O homem era o meio e
método escolhido pelo qual uma maior questão do que o pecado da raça humana
era para ser estabelecida, e Jesus o Cristo é o representativo do homem como Deus
pretendia que ele fosse para o encontro de outras ordens do mal espiritualmente
em forma pessoal. Isto somente é uma explanação adequada da intensa oposição
demandada pelo seu povo de "aliança" para com todas as formas de demonologia,
espiritismo, necromancia, etc., como também de todas as referencias diretas para
com o sistema satânico. Através do homem - homem único - em união corporativa
vital com Deus esta conquista universal e estabelecimento era para ser efetuado, e
a encarnação vai direto ao âmago da questão. Os cantos dos anjos abrangem a
eternidade e todas as esferas, e são a expressão da maravilha e admiração da
magnitude do alcance disto. De modo semelhante todos os outros passos definidos
do progresso terreno da Sua missão possuem a marca de algo que vai além do
histórico (sobre-histórico).

O Batismo declara que a questão universal de "TODA justiça" é para ser


estabelecida através de uma morte representativa - para que "ele que tinha o
poder da morte - a saber, o diabo - fosse destruído" (Heb 2:14), e numa
ressurreição haja uma vida e vitória que nunca mais pode ser destruída, mas no
poder do qual o Divino empreendimento deve ser forjado até a sua consumação.

Na descida do Espírito como uma pomba é reconhecido, primeiramente, a atestação


no tempo do fato eterno que Ele é o ungido Filho de Deus para esta missão
universal, e em segundo lugar, que Ele é o representativo de todos os que através
da experiência e significado dessa morte e ressurreição entram no propósito da
nova criação e participam dessa unção para cumpri-lo.

A tentação é o propósito imediato e último da Sua unção como que numa breve
representação. O Príncipe deste mundo é enfrentado e a batalha do universo é
travada. A soberania do Filho é o alvo do desafio - "Se você é o Filho". Isto não é
uma mera tentação humana. O homem nunca foi tentado nestas dimensões. Isto é
Cósmico. Mas devemos lembrar que quando nos tornamos participantes da Sua
unção em breve viremos de encontro com este inimigo com um significado muito
maior do que o local ou pessoal. A soberania de Cristo é então o campo de batalha.
São somente os que estão assim ungidos em Cristo que realmente conhecem o
inimigo. Ficar em dúvida quanto à existência de Satanás ou não ter tido nenhum
verdadeiro conflito com ele pode ser um indício de que se está fora da unção de
Cristo.

A Transfiguração é um vislumbre da humanidade glorificada, um brilho fugaz de


como seremos quando finalmente "participemos da Sua glória", e do que Deus
intencionava desde o princípio. Ter uma concepção adequada desta glória é ter uma
ideia da extensão da "queda". Não podemos ficar aqui para mostrar o caráter
Cósmico e universal do ensino e oração de Cristo, mas numa outra abordagem a
oração super-Cósmica é tratada e ilustrará isto último.

Não fiquemos demasiadamente presos a épocas, dispensações, lugares, tempos,


mas mantenhamos a relação de tudo ao atemporal e ao ilimitado, e lembre que é
um reino e soberania dos céus do qual Cristo é o centro. Também vamos relacionar
todas as nossas experiências que são verdadeiramente espirituais como quem têm
sido incorporados no Cristo eterno para o eterno propósito de acordo ao qual temos
sido chamados. Então seremos libertos da opressão e tirania do incidental,
acidental, e temporal.

Primeiramente publicado na revista "Uma Testemunha e Um Testemunho" Junho,


1926, Vol. 4-6.

Um Sinal
por T. Austin-Sparks

Que significa ser dado ao Senhor?


Notas de um sermão dado na última noite de Sábado, 29 de Novembro de 1926,
nas instalações da Igreja Batista de Honor Oak.

“Dize: Eu sou o vosso sinal” (Ezequiel 12:11).

A concepção mental de consagração tomou o significado de ser abençoado e ser


tornado em uma benção. Mas essa não é uma concepção verdadeira, se apenas
pararmos por aí. Esta passagem que lemos contém uma proposição, e indica qual é
o principio básico e central da consagração, que é ser dado ao Senhor. O que é
isso? Ser dado a Ele para que Ele possa nos tornar um sinal. Essa é a lei que temos
frequentemente assinalado, de que Deus, em Seu eterno propósito, determina que
o método de Sua realização aconteça por meio de uma encarnação de Si mesmo.
Ou seja, isso deve acontecer por meio de uma manifestação de Si mesmo na carne.
Em fazendo isso, essa encarnação seria um sinal para o universo, representando
algo da Sua infinita Sabedoria, Poder e Soberania. O Senhor poderia tomar posse
da forma do homem, e por meio dela fazer coisas, como que dizendo: “Veja isso e
aprenda”. Fazendo isso em tal instrumento, o Senhor o torna num sinal não apenas
para o homem, mas também para os anjos das duas hierarquias, Divina e satânica.
Como exemplificado na história de Jó, Ele faz algo para que todo o exército de
anjos e demônios possa olhar, aprender e tomar ciência. Assim, em cada esfera,
dentre os homens e nas regiões celestiais, nas inferiores e nas superiores, Deus é
capaz de fazer algo naqueles que são Dele, se tornando um meio de instrução,
conscientização, informação e demonstração.
Moisés foi um sinal para os filhos de Israel. Ele desobedeceu a Deus, e Deus
precisou atuar imediatamente. Uma vez que Moisés estava em uma posição tão
proeminente perante o povo, sua desobediência também foi publicamente punida.
Nesse julgamento ele se tornou um sinal para os israelitas, para que eles não
viessem a considerar levianamente o pecado da desobediência. E o mesmo
acontecerá conosco, muitas vezes por meio de uma pública demonstração e juízo
da carne, para a advertência de outros, assim como para a vindicação da Verdade
em viva manifestação. Moisés foi o sinal de Deus, e isso teve um alto preço para
ele. Estaremos dispostos? Quão grande foi esse preço para Moisés, mas, e o
depois!

Vemos ilustrados nas escrituras abaixo, que esse é um principio dos tratos Divinos
com o homem:

Ez 12:6 - “Por sinal te pus à casa de Israel".


Ez 12:11 - “Dize: Eu sou o vosso sinal”.
Ez 24:24 - “Assim vos servirá Ezequiel de sinal; segundo tudo o que ele fez, assim
fareis. Quando isso acontecer, sabereis que eu sou o SENHOR Deus”.
At 1:8 - “E sereis minhas testemunhas”.
2Co 3:2 - “Vós sois a nossa carta... conhecida e lida por todos os homens”.
2Co 3:3 - “Estando já manifestos como carta de Cristo”.
1Co 4:1 - “Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de
Cristo”.
1Co 4:9 - "porque nos tornamos espetáculo ao mundo, tanto a anjos, como a
homens”.
Ef 3:10 - “para que, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne
conhecida, agora, dos principados e potestades nos lugares celestiais”.
2Co 2:15 - “Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos
que são salvos como nos que se perdem”.

Acredito que o Senhor nestes dias está procurando reunir um povo que será Seu
sinal para a Casa espiritual de Israel – e esses certamente serão poucos, pois não
nos é dito que o Senhor possa fazer isso com todos os Seus. O testemunho desse
povo pode não ser de que a Casa de Israel esteja completamente errada; mas de
que existe uma vida maior e mais profunda em Deus, para a qual Ele os chamou.
Ao sentir este encargo sobre tantos nestes dias, entenderemos o significado disto.
Quando o Senhor chama um povo, que pode ser um grupo pequeno, Ele coloca Sua
mão sobre um aqui e outro ali, acrescentando um a um a esse grupo, e esses serão
um sinal especial para Sua casa. Ele irá lidar com eles de maneiras completamente
diferentes da qual Ele faz com outras pessoas, e Ele diz: “Farei uma coisa nova”.

Ora, não adianta fazermos comparações com os demais. Eles podem, em seus
caminhos, ter o selo e a benção de Deus sobre si, mas isso não quer dizer que a
maneira que o Senhor está nos conduzindo esteja errada, e não devemos ousar
discutir sobre os caminhos que eles estão tomando. Este é o caminho do
Senhor para você. Não pare no caminho para fazer comparações. Nós tropeçamos
nisso muitas vezes ao nos entregarmos inteiramente a Deus. Enfrentaremos
provações excepcionais, o impacto total da ira do inimigo. Olharemos em volta para
outros que estão passado por um processo mais fácil, porque não estão seguindo
pelo mesmo caminho. De imediato, ao fazermos isso, nosso fundamento começa a
se desfazer. O ponto é: o Senhor tem Sua roda dentro de uma Roda, o Seu
instrumento por meio do qual Ele deseja ter um sinal especial para Seu povo,
manifestando Sua Sabedoria, Seu Poder, Sua Graça, Seus Métodos, Seu Propósito,
para revelar a Si mesmo através deles para os demais. Não tenha, por nenhum
momento, a ideia de que seguir esse caminho equivale a estar sobre um pedestal,
em isolamento, sendo levado em conta de forma especial pelo Senhor. Isso tudo
simplesmente significa que desceremos mais fundo na morte e na humilhação
perante o mundo. E porque o Senhor nos leva mais fundo, Ele é apto a nos revelar
algo maior.

Digo isso agora quando estamos encerrando a nossa jornada nessas linhas e
associações antigas – Deus está nos conduzindo por um caminho incomum, talvez
até peculiar, e está realizando algo que sabemos não ter sido feito em nenhum
outro lugar. Ao nos conduzir nessa comunhão, acredito que Ele está buscando
esses que seguirão com Ele, a fim de que possa torná-los num Sinal, como algo
espiritualmente poderoso, mesmo considerando todo o preço envolvido, toda a dor,
e toda a necessidade da destruição de cada pedaço da carne, orgulho, arrogância,
do desejo pela aprovação dos homens, e tudo mais. Talvez isso não seja algo para
os homens aplaudirem, aprovarem, mas seja como o impacto do Trono de Deus
sobre o trono de Satanás neste últimos dias. Esse é o peso da Palavra do Senhor:
“Filho do homem, tenho feito de você um Sinal”; “Dize: Eu sou o vosso sinal”.

Assumo que nós que estamos reunidos neste lugar, nesta noite, somos todos povo
do Senhor. Quase todos nós que estamos nesta comunhão do Espírito, temos nos
entregado para ir com o Senhor até o fim. Me parece que este momento é aquele
no qual devemos encarar a implicação desta palavra. Se estamos seguindo pelo
caminho popular, se estamos indo pelo caminho impopular; e se vamos ser o Sinal
do Senhor. Quando Paulo proferiu estas palavras: “porque nos tornamos espetáculo
ao mundo”, ele estava se referindo aos feriados Romanos, quando eles se reuniam
para um dia de esportes; e quando tudo já tinha acontecido, a coroa deste feriado
era colocar na arena criminosos como objeto de zombaria para que as pessoas
pudessem rir, ridicularizar, fazer piadas deles. Paulo disse: “em último lugar... nos
tornamos espetáculo ao mundo” - o mundo zomba. Assim como o mundo riu de
Neemias na construção dos muros de Jerusalém.

“Em último lugar... nos tornamos espetáculo ao mundo". Estamos prontos para ser
tornados em um “Sinal”? Aquilo do qual o mundo ri? A cruz do Senhor Jesus tem
sempre sido a sabedoria e poder superlativos de Deus. No momento, o
compartilhar da cruz é o verdadeiro teste. O Mestre suportou a cruz, desprezou a
vergonha, para ser tornado num sinal. Houve alguma vez algum Sinal mais glorioso
e poderoso do que aquela cruz?

Então o nosso Mestre, chegando ao fim, disse: “por causa deles Me consagro, por
causa deles Me entrego completamente, e essa consagração é a cruz. Estou
disposto a ser um “espetáculo” para os homens, demônios e anjos, por causa
deles”. O Senhor deseja que sejamos Sinais. Digo isso com a respiração suspensa,
sabendo pouco do que isso representa, mas sabendo também que Sua Graça é
suficiente. Amados, Ele está apenas buscando reunir um grupo de pessoas que Ele
possa tornar um Sinal, não apenas de sofrimento e aflição, mas de Poder e Glória,
para demonstrar a outros Sua Sabedoria, Sua força, Sua Soberania, Sua Graça.
Será que você dirá, nesses termos: “Sou do Senhor. A Teus pés me lanço para
sofrer, viver ou morrer, pelo meu Senhor crucificado”? Isto é o que quer dizer ser
testemunhas do Senhor. “Serão Minhas Testemunhas”. Ser testemunha não quer
dizer sair e falar; significa que o Senhor opera em nossas vidas, e os outros olham,
e dizem: “Esse é o Propósito de Deus; o Caminho de Deus; a Vontade de Deus”. Ao
realizar isso, logo demônios aprendem quem Deus é, sobre a Sua Glória e
Soberania. Os anjos se curvam por causa dos feitos de Deus no meio da Igreja, e
glorificam a Ele em nosso favor.

Que o Senhor nos leve a dar nosso consentimento nesse novo ato de entrega e
consagração, individualmente e como povo, nos próximos dias.
Primeiramente publicado na revista “Um Testemunho e Uma Testemunha”, Jan-Fev
1927, Vol 5-1

A Cruz e a Vida Vencedora


por T. Austin-Sparks

( Notas de um discurso dado na Conferencia de Setembro 1927. )


Agora queridos, como vocês sabem, estamos sendo levados a considerar nestes
dias -
A CRUZ E A VIDA VENCEDORA

e um quer, bem no inicio, dizer algo a fim de situar-vos, e isto é – nenhum de


vocês serão jamais vencedores. Você pode ter isso como chave para a conferência,
no sentido em que por muitos anos, muitos de nós, temos pensado ser vencedores.
É claro, sei que isso requer muita explicação, mas digo isso simplesmente porque é
necessário estabelecer de uma vez por todas, que nós, em nós mesmos, nunca
seremos vencedores, e isso abre o caminho para todo este tema, e sua realidade
do significado a obter do Senhor para nós. Só há um Vencedor no universo, e esse
é o Senhor Jesus Cristo mesmo, e se jamais houver algum outro vencedor, eles não
serão outros de modo nenhum, eles serão simplesmente uma extensão de Sua
superação – uma expansão de Sua vitória. Será por motivo de uma vital unidade
corporativa com Ele, o qual não são duas vidas, duas experiências distintas, mas
que é uma e a mesma experiência compartilhada. Essa é a natureza do vencer.
Será simplesmente na Sua parte, o partilhar de Seu próprio triunfo, o compartilhar
de Sua própria vitória, para que não se tornem várias vitórias, ou milhares de
vitórias, mas fica uma vitória em Um Corpo, não uma multidão de corpos; e para
perceber essa verdade, e o significado e natureza disso, você tem que voltar atrás
um longo caminho. Não ao Calvário, mas muito, muito mais para trás do que o
Calvário; você tem que voltar direto até antes de que o mundo existisse, e
descobrir o segredo do coração de Deus. Aquilo que estava envolvido em Sua
própria mente quanto ao Seu propósito secreto para o qual Ele iria trabalhar
através das épocas, e na plenitude dos tempos revelar, para que não fosse mais
um mistério escondido, porém ainda um mistério, embora um mistério revelado.

Agora isso pode parecer complicado para você. Pode alguma coisa ainda ser um
mistério quando tem sido revelado no sentido em que temos falado do mistério de
Cristo a pouco tempo? Que ninguém cujo espírito não tenha sido iluminado pelo
Espírito pode jamais entender ou perceber; que para o crente e a companhia de
crentes conhecida como o Corpo de Cristo, ainda permanece um enigma e um
mistério na esfera da carne, e inclusive nas suas próprias carnes, não apenas no
mundo; que somos um quebra-cabeças para nós mesmos, e nossa experiência
mais profunda em relação ao Senhor é algo que nunca poderemos entender com
nossas próprias mentes, algo que derrota e corrompe totalmente todos nossos
próprios esforços para analisar e entender. O que está acontecendo no centro de
nosso ser pela operação do Espírito Santo vai além de nós, todo o tempo, e tudo o
que sabemos é que temos que acompanhar algo que está acontecendo. Este algo
que está sendo revelado não ao nosso entendimento externo, mas à nossa
convicção interna, e temos que continuar pela fé; e somente ao seguirmos pela fé
obteremos alguma revelação quanto à natureza do que está acontecendo, às vezes
torna-se claro; e requer bastante persistência, progresso e resistência neste
processo misterioso das operações divinas em nossa vida antes que tenhamos
entendido apenas um pouco do que o Senhor está fazendo conosco, e do que o
Senhor está à procura. Aparece um dia, e o percebemos claramente; mas aí está,
um mistério todo o tempo; e no entanto, para nosso espírito é um mistério
desvendado, um mistério revelado; para nossa carne e para o mundo, e para toda
carne à nossa volta é ainda algo demasiado profundo para a compreensão natural,
ou entendimento humano, ou a manipulação e análise de nosso próprio
pensamento. Não podemos desenredar isto.

Ora, isto estava no coração de Deus antes dos tempos eternos, revelado em Cristo,
somente em Cristo, na plenitude dos tempos. Uma verdade eterna, não algo que
apenas aparece e é mencionado pela primeira vez em algum período na história,
mas algo que foi mencionado através de todas as épocas, mas que tem sua
interpretação dada na plenitude dos tempos. Existe muita diferença entre o sacudir
algo da parte de Deus continuamente, e a compreensão espiritual do significado
desse algo. Você nota como de frequente isso era assim, ainda no caso dos
discípulos do Senhor. O Mestre estava dizendo coisas a eles todo o tempo, mas Ele
tinha que encerrar Seus discursos e Suas atividades dizendo - “o que Eu faço,
vocês não o sabem agora, mas o saberão depois, e as coisas que Eu vos estou
falando, vocês não as entendem agora, mas vocês as entenderão mais tarde”. E
você encontra esse depois, nesse próximo depois, quando o Espírito Santo, o
Interpretador veio, então eles lembraram Suas palavras. Depois eles lembraram
que foi falado; e lembraram que Ele tinha dito estas coisas, e elas acabaram de
acontecer. Ele sabe; tinha sido estabelecido o tempo todo, e Deus está dizendo
Suas coisas eternas por todas as épocas, mas não é até que os tempos de Deus
chegassem que a interpretação é dada. É por isso que eu vigoro mais fortemente
que a verdade do Corpo de Cristo não foi mencionada por primeira vez pelo
apóstolo Paulo. Não foi algo que apareceu mencionado e referido em algum
momento do Novo Testamento; é algo que está por todo o caminho através das
escrituras, desde o principio até o final; justamente assim como a Cruz está, e
outras dessas grandes revelações. Elas estão aí por todo o percurso, mas não é até
o momento certo e uma certa condição é percebida, que a interpretação é dada.

Agora veremos isto neste mesmo tema, portanto, voltamos para os tempos eternos
que estavam no coração e mente de Deus, e descobrimos que uma eleição dupla é
feita de Sua parte para a realização de Seu propósito. A eleição de uma Cabeça e a
eleição de um Corpo, as duas, é claro, compreendem uma entidade. A eleição da
Cabeça e dos muitos membros para compreender com a Cabeça um Corpo – a
dupla – eleição feita por Deus. Estamos lá atrás antes que houvesse alguma queda
- “na presciência de Deus fomos escolhidos Nele antes da fundação do mundo”, e
esse Corpo eleito estava lá, e depois colocado além do alcance de qualquer poder
destrutivo, ou de qualquer possibilidade de falência, por isso, ainda que as fortes
desilusões dos últimos dias possam levar multidões para longe, e as decepções
serão de tal natureza que será quase impossível de discernir e evitar, chegará até o
ponto de que o próprio eleito seria enganado, se fosse possível. Mas não é possível!
Deus assegurou isso além da possibilidade da derrota, ou fracasso, ou uma
decepção que o arruinaria como instrumento eternamente escolhido e eleito de
Deus para Cristo. Tenha isso agora como apenas verdade básica, e tome sua
Palavra, e veja que lá está. Está lá por todo o percurso, e é algo muito abençoado
de lembrar.

Claro que sim, eu sei, fazer possível para nosso entendimento finito muitos
problemas, mas estas coisas não são reveladas em todo seu significado na Palavra
de Deus, e é, considero, para não serem supostamente entendidas ainda. Existem
esses problemas históricos ou teológicos que ainda não têm sido capazes de serem
explicados completamente. Por exemplo, a eleição segundo a presciência de Deus
sobre e contra o absoluto livre arbítrio do homem. Como você reconcilia isso. Mas
aí estão, e o desenvolvimento da eleição é na base da fé da parte do eleito. Ora,
como você coloca estas duas coisas juntas? Têm muitas outras; mas não estamos a
ficar com isso. O fato básico é isto. Que Deus tem, antes dos tempos eternos,
escolhido um Corpo em Cristo com o mesmo tipo de escolha com o que Ele
escolheu Cristo como o Cabeça do Corpo; e este Corpo sendo um, muitos membros
mantendo a Cabeça, é um em seu último triunfo inevitável o qual não pode ser
destruído. Ora, como isso vai ser ocasionado? Bem, o método de Deus é em
seguida revelado, e isso é pela encarnação. Somos familiarizados com certas
passagens. Você pode lembrar tal passagem, por exemplo, como esta –
Colossenses 1:27, “o mistério o qual esteve escondido desde todos os tempos e
gerações, o qual é Cristo em você, a esperança da glória”. Efésios 5:30, “somos
membros de Seu corpo, de Sua Carne e de Seus ossos... Este mistério é grande”.
Passagens como essas, as quais são eternas em seu rodeio, levam você bem de
volta atrás, e bem adiante. Adicionaremos outras passagens a essas ao
continuarmos, mas o método de Deus é pela encarnação. Cristo como Deus
encarnado. “Portanto, visto que os filhos são participantes de carne e sangue,
assim Ele também participou dessa condição humana”.

O assunto inteiro da encarnação de Cristo é tão frequentemente tratado aqui que


penso que não é preciso ficar com isso. Nós o aceitamos, mas devemos reconhecer
isto, que o último propósito de Deus não é encarnação meramente numa entidade
individual conhecida como Jesus de Nazaré. A última e plena intenção de Deus com
relação à encarnação é que Ele encarnasse a Si mesmo nesse Corpo, esse Corpo
eleito, para que assim venha a ser o santuário de Deus no qual Ele habita – o
templo de Deus no qual Ele habita, e tudo o que era verdade em figura do
tabernáculo no deserto e no templo, e infinitamente mais, é verdade da Casa de
Deus, o Corpo de Cristo, a esfera, centro e veículo de Sua própria manifestação e
de Sua glória.

Lá está Deus, como Deus disse - “Neles habitarei e entre eles andarei”. Ora,
quando você reconhece e percebe que é Deus quem tem vindo da eternidade,
primeiramente encarnando a Si mesmo num corpo histórico individual separado, e
realizando esse imenso trabalho da Cruz, que tem mudado a forma de Sua
encarnação após essa realização, e se tornado, como o fator no Calvário, encarnado
no Corpo e em todos seus membros. Aí você tem o eterno secreto da vitória de
Deus, a qual é o vitorioso Cristo residente pelo Espírito Santo no interior do crente
– dentro da Casa de Deus. A grande diferença entre as duas dispensações da Bíblia
– o Velho e o Novo – é que um é sempre objetivo, e o outro é subjetivo. O Velho,
até o Calvário, incluindo a experiência, era objetivo. Tudo era objetivo. Você vai
para o deserto, a Cruz na figura da serpente levantada – é objetivo, e aquele que a
olhava, vivia. Quando nós cantamos estes hinos sobre “olhem e vivam!” não
devemos ter uma mentalidade materialística objetiva e ter esta concepção de olhar
para alguma coisa – olhando para algo – temos que olhar para essa realidade
espiritual para ser feita real e experimental dentro de nosso próprio espírito. A
grande diferença é entre o objetivo na velha dispensação, e tudo tornando-se
subjetivo na Nova. O Calvário não é objetivo agora; o Calvário é subjetivo. Deus
como no sangue, não é objetivo, mas subjetivo. Tudo é subjetivo. É no interior,
porque Ele está dentro do centro de todas as coisas; E ele é a soma total de todas
as coisas.

Agora, amados, você consegue chegar até esse ponto? Já teve realmente um
despertar espiritual para esse fato básico? Faria a maior diferença possível em sua
experiência. Um falou de como o Mestre sempre estava referindo-se a esta mesma
coisa. Você lembra como de frequente Ele estava falando disso. Tome Sua parábola
da videira e seus ramos. Penso que o descobrimento de Hudson Taylor da realidade
da vida corporativa com Cristo através dessa parábola é uma das mais bonitas
exposições da verdade que poderíamos ter. Gostaria de apenas dá-la a você: “ao
pensar na videira e nos ramos, o Senhor, o bendito Espírito derramou diretamente
em mim, quão grande parecia meu erro em ter desejado obter a seiva, a plenitude
Dele. Vi não apenas que Jesus nunca me deixaria, mas que eu era um membro de
Seu corpo, de Sua carne, e de Seus ossos. A videira que agora vejo não é
meramente a raiz, mas tudo – a raiz, talo, ramos, galhos, folhas, flores, fruto – e
Jesus não é apenas isso, Ele é o solo, e luz do sol e chuvas e dez mil milhares de
vezes mais do que jamais pensávamos, desejávamos, ou precisávamos”.

Oh, a alegria de ver essa verdade, a unidade, que a única Vida está em todos, em
cada parte até a mais extrema folha ou galho ou pedaço! E essa Vida, amados, é a
Vida pela qual Jesus conquistou a morte! Essa é a Vida de Sua ressurreição.

Ora, nosso erro tem sido justamente em tentar e alcançar a vitória do lado de fora,
pelejar, lutar, para ser vencedores e travar uma guerra terrível, sem reconhecer
que o único triunfo e a única guerra é aquela que Cristo, Ele mesmo, trava e
alcança. Um tem encontrado esse tipo de ajuda no reconhecimento desta
maravilhosa realidade, e uma vez que se chega a apelar ao Senhor do interior, isto
é fazer face à situação! Oh! A diferença de apelar a Ele como num lugar
objetivamente, por fora, entrar e lidar com a situação! Nunca acontece nada ao
longo dessa linha, mas reconhecer que Ele habita no interior – a compreensão e
cumprimento dessa eterna intenção no mistério de Deus “que Cristo habite em seus
corações pela fé”. Que você quer dizer com essa última parte da frase “pela fé?”
Você quer dizer que Ele habita pela fé? Não, isso seria tanto como dizer que a fé faz
ser aquilo que não é. “está é a vitória que vence, nossa fé”. Mas qual é a direção,
ou a natureza dessa fé que vence? A fé que crê, e crer conta com, “maior é Aquele
que está em você que aquele que está no mundo”. Vê, está é a vitória que vence o
mundo. “Maior é Aquele que está em você que aquele que está no mundo”. Agora
coloca esse fato de que “Cristo habite em seus corações pela fé”. Isto é, a fé
considera o fato de que se você recebeu o Espírito Santo em seu espírito, você tem
recebido Deus em teu espírito. Você tem recebido o Cristo triunfante no centro do
seu ser, e em fé, apelando a isso, Ele manifesta-se a Si mesmo, e você descobre
que este é o segredo de vencer.

Esta é a vitória que vence, a fé que se volta para o Senhor não objetivamente, mas
interiormente e diz - “agora, Senhor, como em meu interior, apelo a Ti para
levantar-Te e suprir a situação”. Há uma enorme diferença entre isso, e invocar ao
Senhor e sairmos ao encontro da situação, Ele que já tem a vitória, que a possui, e
habita em nós; e é por isso que foi dito no principio que nunca seremos vencedores
nesse sentido desligado, ou separado. Ele é o único Vencedor, e Ele terá que fazer
todo o vencer em nós, e por nós. Ele terá que operar Sua superação, operar Sua
vitória, simplesmente partilhando conosco aquilo que Ele tem no interior, e isto é
como “Ele prepara uma mesa na presença de nossos inimigos”. Ele partilha conosco
o fruto da vitória bem no centro, e o que é mais central à situação do que nosso
próprio espírito. Seu espírito, amado, e meu espírito, eles são o centro mesmo do
conflito. Este conflito apenas aparece porque Cristo está no espírito, porque Ele
está lá. Este tipo de guerra, este conflito é o desafio do inimigo, não para nós como
tal, ele pode muito bem estalar os dedos a nós! Nunca pensemos que nós podemos
enfrentá-lo. O Senhor nos livre de qualquer vã confiança de sermos capazes de
enfrentar o inimigo, ele nos inalaria muito rapidamente, mas é porque o Senhor
está lá, ele é o inimigo declarado de Cristo e ele quer destruir a manifestação de
Cristo em nós; e portanto é uma batalha de natureza que não pode ser ajudada.
Você tem visto algumas pessoas que nunca podem se encontraren no caminho um
do outro, senão para brigarem, e como animais na rua, eles são inimigos
declarados, eles nunca podem se ver um ao outro sem ficar com raiva e mostrar
seus dentes. Perdoem o baixo nível da ilustração, mas é assim, o inimigo não pode
chegar a nenhum lugar dentro do âmbito do Senhor Jesus Cristo, senão para
mostrar seus dentes, grunhidos, e é porque Cristo está em você que a batalha se
trava.
Agora, o Senhor tem que enfrentar o inimigo, tem que compartilhar justo na
presença do inimigo os frutos de Sua vitória. Mas, é claro, nós não vamos deitar e
dizer – agora, Senhor, simplesmente assento e Você enfrenta o inimigo. Isso não é.
Ele está no nosso espírito, e Ele nos tem dado em primeiro lugar, um espírito e nos
fez distintos de todos os outros resultados de Sua atividade criativa ao nos dar um
espírito, porque Ele é um Espírito, e somente um espírito pode ter comunhão com
espírito, ou entender espírito, ou conhecer espírito. Ele nos tem dado um espírito
em primeiro lugar a fim de que houvesse no nível de Sua própria natureza e
semelhança, cooperação como também comunhão, e pela Sua ressurreição, e
nossa apreensão em fé do significado de Sua ressurreição para nós pelo Calvário,
Ele tem despertado e levantado dentre os mortos nossos espíritos que foram
imolados na queda, e trazidos para fora de seus sepulcros, fora do lugar de suas
mortes, vivificando-os com Sua própria Vida pelo Seu próprio Espírito e entrando
em nosso espírito para que nosso espírito, sendo energizado por Ele possa cooperar
com Ele inteligentemente nisso. E isto é algo muito vital para lembrar, que o
Senhor é vitorioso, e o Senhor está em você.

Não conflite com isto, porque um percebe que existem muitos dentre o povo do
Senhor que estão simplesmente submergidos e derrotados e quebrados, e há muito
que é uma contradição do fato de que Cristo está neles, pela simples razão de que
seus espíritos não têm permanecido no Nome do Senhor e reivindicado Sua
energização. Oh, como de maravilhosos são os resultados de um espírito
divinamente energizado. Esse é o segredo e a chave para tudo. Isto é um terreno
muito familiar para a maioria de vocês, mas talvez, por causa de alguns, é
necessário para o Senhor nos levar de volta aos começos, e em todos os assuntos,
ainda na esfera física onde não há recursos, onde há enfermidade e fraqueza, e a
sentença mesma de morte – o segredo da realização da Palavra de Deus não é
tendo nossos corpos revigorizados e ser curados e robustos, é tendo nosso espírito
energizado pela Vida de Deus, para que nosso espírito possa levantar nosso corpo
na hora da vontade de Deus, e carregá-lo a fazer a vontade do Senhor. Essa é a
“maravilha” e o milagre perpétuo de Cristo habitando no interior – a esperança da
glória. Você toma alguns dos pobres aleijados do Senhor, não há esperança de
glória neles fisicamente, ou mentalmente, ou em qualquer outra forma; mas eles
sim tornam-se uma adoração e uma glória a Deus, e a glória Deus é vista neles.
Por quê? Em virtude da expressão desta verdade básica e central. “Cristo em você,
a esperança da glória”, e eles estão contando com Ele numa forma positiva para
manifestar o fato de que Ele está no interior. Certamente esse era o segredo da
vida do apóstolo Paulo em todas suas enfermidades, em todas suas aflições, em
todas suas fraquezas, em tudo que sobreveio sobre ele e interiormente surgiu na
sua própria vida natural, que bem teria reduzido, para dizer o menos, ou inundado
ele e posto ele finalmente fora de ação. “antes, trabalhei muito mais do que todos
eles”. O assombroso disso foi esta continua energização do seu espírito, e seu
espírito cooperando com Deus em levantar e reivindicar a energização; e assim ele
fez o que era de outra maneira fisicamente impossível para ele.

Amados, não apenas na esfera física, mas em todos os outros aspectos, a


necessidade do povo do Senhor é reconhecer que se eles são filhos do Senhor, eles
tem nascido de novo, e se eles receberam a habitação do Espírito Santo – oh,
permita pausar aqui! Esse é o ponto.

A questão toda da ênfase, da interrogação sobre essa questão “receberam o


Espírito Santo quando creram? Sim? Se não, a intenção eterna de Deus de que
você seja uma encarnação de Deus nesse sentido, tem sido frustrada. Esta
pergunta de longo alcance num momento leva você de volta ao que Deus
intencionou antes que o mundo era, de que você fosse habitado por Ele, o
santuário de Deus por conseguinte. (E a necessidade de muitos dentre o povo do
Senhor, repito, é reconhecer o elemento relativo na verdade. Eles estão todo o
tempo fazendo-o pessoal, incidental, fragmentário, algo que é um pedaço da
verdade, uma realidade espiritual isolada, algo para experiência pessoal, ao invés
de ver que cada fragmento disto é relacionado às vastas intenções e propósito de
Deus. Se você somente obter uma revelação da imensidão, da infinita gama de
cada fragmento da verdade Divina, quão longe levaria você de volta, e quão longe
levaria você adiante, e tudo isso está envolvido com isso – o fragmento menor –
você sentiria o poder disso, e perceberia que existe uma dinâmica nisso; mas
quando você o limita e o faz pessoal e local, perde todo seu poder, e você
prossegue todos os dias de sua vida circulando ao redor disso aí e nunca torna-se
algo experimental para você; e ao final você desiste. Você precisa, portanto, saber
e reconhecer o elemento relativo na verdade – quão vasto é, e como é uma parte
de algo que Deus predeterminou antes dos séculos e as gerações.)

Bem, isto está tudo em parênteses, mas voltemos para fora do parênteses a isto,
que o que os filhos do Senhor querem reconhecer, acima de todas as coisas, é que
se eles são totalmente Seus filhos, nascidos de, e desde Ele, tendo recebido o
Espírito Santo para habitar no interior, eles devem em seus espíritos renovados
cooperar com Ele, contar com Ele, exercitar a fé na realidade interior de Cristo, e
esse é o único segredo da vitória. Você encontrará que o Senhor tem que fazer
tudo para você, que você terá que, em espírito, contar com Ele e exercitar seu
espírito em fé. Você terá que dizer – Senhor, não posso encarar isto, e Ele
energiza. Muitas vezes teve que fazer isso eu mesmo, para deixar você num
segredo – o Senhor realizando tudo, mas é a cooperação da fé. Oh, fé é algo
tremendamente ativo! A fé não é algo passivo; fé não é apenas algo flácido, como
se dissesse – o deixo a Você, Senhor, creio que Tu és capaz; e assim deixá-lo aí.
Ora, essa não é a poderosa fé energizante de Deus pela qual Ele criou mundos.

Primeiramente publicado na revista “Um Testemunho e Uma Testemunha” Oct


1927, Vol. 5-10

A Sentença de Morte
por T. Austin-Sparks

Mas já em nós mesmos tínhamos a sentença de morte, para que não confiássemos
em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos... Trazendo sempre por toda a
parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se
manifeste também nos nossos corpos;(2 Corintios 1:9, 4:10).

O peso da palavra do Senhor é principalmente para Seu próprio povo, mas pode
haver no inicio, uma simples palavra, a qual pode nos levar de volta para o começo
das coisas e alcançar qualquer um que não esteja certo de que eles são do Senhor,
ou estão bastante certos de que não o são, mas que podem, não obstante, estar
chegando a encontrá-Lo; e a estes gostaria de dizer novamente, com ênfase
renovado, que pertencer ao Senhor, conhecer o segredo de Sua comunhão, e ter a
compreensão de que você tem passado da morte para a vida, ser um filho de Deus,
não é entrar num sistema religioso, embora você o chame de “Cristianismo”; e não
é aderir-se a uma companhia de pessoas religiosas ou cristãos que você pode
chamar do povo do Senhor, ou “a igreja”, seja onde forem achados ou sob qualquer
nome que estejam levando. Ser do Senhor é receber no centro do seu mais intimo
ser uma dádiva de Deus que é chamada VIDA: uma VIDA que nós por natureza não
possuímos: uma VIDA que é a própria VIDA de Deus, e que somente pode nos
trazer até um lugar onde o pecado não tem mais domínio sobre nós, onde somos
salvos do pecado, e onde temos a garantia dessa salvação.

Existem muitos que estão lutando para serem cristãos, para serem bons, para
serem melhores, ou o melhor que eles puderem ser; lutando para ser do Senhor e
viver como pertencendo ao Senhor; lutando para andar com o Senhor e fazer essas
coisas que são agradáveis a Ele; lutando e esforçando-se e no entanto, todo o
tempo em desespero. E digo a você porquê; Satanás não pode expulsar Satanás!
Satanás é o Senhor da Morte, e ele tem ganho uma base firme na própria raça
desde seus começos, e a morte passou para todos, e está em todos. A natureza
dessa morte é separação de Deus, e assim é com cada filho de Adão. A morte reina
pela obra de Satanás, e por meio disso ele tem esta base, esta posição, este lugar
estabelecido na raça, e todos nessa raça estão nesse sentido, mortos. Ora, qual é o
proveito de algo morto tentar expulsar a morte? Qual é o proveito de algo que é
nada mais que o fruto da morte tentando vencer a própria fonte da morte? Satanás
não pode expulsar Satanás, e por isso você pode lutar ainda até o fim e cair no
desespero. Você precisa de VIDA - VIDA TRIUNFANTE – VIDA PERSONIFICADA –
pois se a morte é personificada em Satanás, A VIDA é personificada no Senhor
Jesus que diz: -

“EU SOU A VIDA”, E “EU SOU A RESSURREIÇÃO E A VIDA”.

E você precisa dEle como a Vida residindo em seu próprio ser interior para expulsar
a morte, e “para vencer aquele que tem o poder da morte, ou seja, o diabo”.
Portanto, ser do Senhor é ter o Senhor, ser um cristão é ter Ele como a VIDA
residindo no seu espirito, poderoso, triunfante, capaz de resistir os poderes da
morte, e fazer você vencer por Sua VIDA. “a VIDA” - como este servo de Deus,
Paulo, colocou: -

“A VIDA pela qual Jesus conquistou a morte”.

Ora, essa é a base de toda a experiência cristã, e, como podemos ver, do serviço
cristão, e quero urgir a você, pois sei que é necessário, que seja enfatizado que não
é aderir-se a uma comunhão, não é chegar numa companhia de pessoas religiosas
e você associar-se com eles; não é aceitar algum sistema de ensino; não é
meramente decidir por Cristo, é algo infinitamente mais do que isso, e tudo isso
pode apenas provar o instrumento de sua ruína e desespero. Você pode ser infeliz
até na presença da alegria celestial, você pode ser miserável até no lugar onde a
luz celestial está, você pode ser envergonhado onde a glória de Deus está, você
pode estar desesperado na própria presença da “Esperança que não confunde”, se
você não tem a única Vida do Filho de Deus com todos Seus filhos. A única Vida! O
que você precisa é a dádiva de Deus, a qual é Vida Eterna em e através de Jesus
Cristo nosso Senhor. Essa é a essência do evangelho, o começo do evangelho, o
fim do evangelho: é o evangelho em soma total. QUE VOCÊ TENHA ESTA VIDA.

Agora, amados, tenho dito isso, um vai continuar a falar principalmente para o
povo do Senhor, embora, os outros que estão escutando podem pelo auxilio do
Espírito Santo ver algo mais por eles mesmos, e o peso é isto -

MORTE COMPLEMENTARIA E MORTE ANTAGONÍSTICA.

Você verá por um olhar pela palavra de Deus, com duplo pensamento na sua
mente, que a morte pode ser qualquer uma destas. A morte pode ser uma
vantagem, ou pode ser uma desvantagem; pode ser complementaria, ou pode ser
antagonística; pode fazer possível o propósito maior e bençãos em Deus, ou pode
ser absolutamente paralisante ou nulificante para toda frutificação Nele. Agora você
se pergunta como a morte pode ser complementaria ou vantajosa, o próprio
terreno de frutificação, porque muitas vezes você ouve dizer que a morte é morte,
e isso é desolador e árido e não há nada que possa vir disso; mas você deve
lembrar que isto prepara o caminho para tudo o demais, traz você ao ponto onde
tudo o demais é possível, e até que você não tenha chegado à morte não há de
nenhum modo outra possibilidade. Note as passagens que lemos -

“Mas já em nós mesmos tínhamos a sentença de morte, para que não confiássemos
em nós”.

Essa é a própria base de tudo na frutificação e efetividade real espiritual. “A


sentença de morte em nós”. É claro, aqui Paulo está indubitavelmente falando em
primeiro lugar sobre algo muito serio que tinha atingido ele. No começo do capítulo,
ele fala deste algo que tinha aparecido no caminho de aflição terrível, e ele disse
que até da vida desesperou e tinha a sentença mesma de morte em si mesmo para
que não tivesse nenhuma esperança para ele desde qualquer perspectiva humana,
não havia esperança segundo todo juízo e veredicto humano. Ele devia ter morrido
– a própria sentença de morte estava nele – e gosto da forma em que ele o coloca,
é tão ricamente significante: ele usa apenas esta palavra PARA QUE, e lhe dá uma
complexão inteiramente diferente a toda a situação. Ele podia ter colocado: “nós
tínhamos a sentença de morte em nós e não podemos confiar em nós mesmos”,
mas ele não o colocou dessa forma. É claro, isso seria bem lógico de se dizer, “nós
tínhamos a sentença de morte em nós, estava lá; e claro, sendo esse o caso, não
servíamos para nada em absoluto, não havia nenhuma esperança, e portanto, não
podemos confiar em nós mesmos”.

Mas ele não o colocou dessa maneira. “nós tínhamos a sentença de morte em nós,
PARA QUE”. Existe um propósito nisso – há um objetivo nisso – existe algo nisso
como base e principio fundamental. Ele percebeu que não era o fim mas o começo,
com um projeto de que não confiássemos em nós mas em Deus que ressuscita os
mortos. Logo assim, a sentença de morte não era o fim de tudo, era o começo de
tudo. Havia um propósito real neste assunto, e se você tomar o ensino do Espírito
Santo no Novo Testamento, você encontra que isto tem se tornado o principio
fundamental de todas as atividades e operações Divinas. A sentença de morte
passou sobre nós e registrou em nós e operou em nós, e todo o tempo outra coisa
está fazendo a obra de Deus, triunfando sobre esta sentença de morte em nós – a
outra coisa que está em nós, operando através de nós, dando-nos ascendência
sobre a morte em Cristo: para que as coisas maravilhosas de Deus sejam
manifestas por nós, quando não há responsabilidade para elas em nós. O Senhor
lançou fora de uma vez a inteira base da confiança em nós mesmos – lançou fora
para sempre qualquer esperança nossa, não para nos destruir, não para fazer tudo
impossível, mas PARA QUE Ele que ressuscita os mortos possa mostrar as
poderosas obras por esta Vida de Ressurreição, a qual é frutífera em nós.

Tem você notado isto, não sei de onde saiu, se foi satânico ou inspiração divina,
que ainda Herodes, “essa velha raposa”, quando foi lhe reportado que o Senhor
Jesus estava fazendo Suas muitas obras poderosas, disse, este é João o Batista,
ressuscitado dentre os mortos, portanto, estas poderosas obras são mostradas!”
Ressuscitado dentre os mortos – obras poderosas! Como ele obteve essa alusão,
não sei, mas tem este principio, que a ressurreição dentre os mortos implica obras
poderosas – obras mais poderosas daquelas dantes da morte.

Tem isto lá, e este é o principio por todo o percurso da Palavra, que na base de
uma Vida forjada em nós por meio da cruz pela ressurreição de Jesus Cristo, Deus
é capaz de realizar e atingir Seu propósito supremo. Mas a fim de fazê-lo, a
sentença de morte deve estar firmada bem no centro de nossa antiga vida para
descartá-la, para que onde desesperemos da vida em nós e não tenhamos
confiança em nós, saibamos que não podemos de nós mesmos conseguir nada,
está esta poderosa Vida de Deus para tudo. Isto que é “Cristo em você”, a Vida de
Deus, a esperança da glória.
Deus nos trouce até este mesmo ponto, a fim de que possamos não confiar em nós
mesmos, mas em Deus “que ressuscita os mortos”. Você nota que Paulo coloca o
tríplice resgate da obra de Deus imediatamente defronte a isso – e nós sim
confiamos Nele que nos resgatou e nos resgata, e cremos que Ele ainda nos
resgatará, que não seremos completamente engolidos pela morte, mas na morte,
mantidos em Vida.

Ora, este é apenas o principio das coisas, a base. Este é o assunto que está com
um, com força tremenda nestes dias, que se você vai ser efetivo na esfera onde o
príncipe, o Senhor da Morte reina, você não poderá ser efetivo pelos meios e
recursos da nossa vida natural, por mais excelentes e esplendidos que eles sejam
desde a perspectiva natural. A única coisa que pode ser efetiva nessa esfera é a
Vida por meio da qual Jesus conquistou a morte, e para que essa Vida tenha pleno
domínio e livre curso, e a máxima e mais plena frutificação dessa Vida como
triunfante sobre onde a morte abunde, tudo pelo qual o inimigo tem qualquer posse
(nossa vida natural), tem que ser colocado para fora, e não devemos ter nenhuma
confiança em nós mesmos para esta obra.

Isso imediatamente define e delimita a medida da efetividade espiritual. É a medida


de Sua Vida aparecendo através da sentença de morte estando em nós. Estes
clamores do apóstolo no quarto e sexto capítulo desta segunda carta, em relação às
oposições, adversidades, provas, aflições – ele vê em tudo isto uma grande
vantagem para a Vida de Deus, e que esta morte é realmente complementaria para
o propósito de Deus, que está auxiliando o propósito de Deus. Paulo sempre olhou
a estas coisas dessa maneira. Ele via que essas coisas as quais poderiam ser tidas
como impossíveis de frutificação para Deus, eram essenciais para fazer essa
frutificação possível. A morte mesma não é o fim de todas as coisas, mas é o
principio das coisas no que tange a Deus, e portanto ele dirá, “uma porta grande e
efetiva está aberta para mim”, e sem murmuração ou reclamação, “mas há muitos
adversários”, antes com o complementário “E há muitos adversários”. Isto é, que
estas coisas são incluídas na grande e efetiva porta para torná-lo ainda mais
efetivo. O fato de que existem adversidades não dá nenhum motivo para sentarmos
e recusarmos a entrar pela porta, mas é o próprio motivo pelo qual devemos entrar
nessa mesma porta para provar como de efetivo é. Coisas que homens
considerariam ser contra são justamente as coisas que são para Deus, e a morte
torna-se Seu cativo e o Senhor da Morte Seu escravo para servir Seus maiores fins,
por isso que a morte deve ser registrada em nós a fim de que Sua Vida possa
mostrar o tipo de Vida triunfante que é. Estes paradoxos de Paulo são muito
bonitos.
Agora, amados, estamos bem acima do encontro com toda esta situação, a
situação em relação com o sistema do mal espiritual e morte espiritual. Temos dito
muitas vezes recentemente que temos passado, e estamos passando mais
completamente da era e tempo de certas ordens da obra cristã. Acho que é
reconhecido pela maioria da gente com mentalidade espiritual que as velhas formas
de empreendimento cristão – atividades religiosas organizadas – estão quebrando,
estão falhando por todo lado. Parece que o coisa tem sido rejeitada e não pode
mais suprir a necessidade.

Temos passado a um novo tempo, uma nova fase na qual acreditamos ser a fase
culminante na época em que entraremos mais diretamente em conflito com as
forças das trevas – com o poder de Satanás. A igreja tem por muito tempo
enfrentado ele por meio de coisas, e agora vai enfrentá-lo face a face; e esse é o
tempo e condição no qual estamos movendo-nos agora. Estamos encontrando que
meios e antigas formas e instituições e organizações não podem enfrentar o mais
direto confronto com o inimigo. Estamos sendo forçados a reconhecer a
necessidade de algo mais, e esse algo mais é simplesmente a Vida nua de Deus
como manifestada na ressurreição do Senhor Jesus Cristo entrando em tremendo
contato com o sistema inteiro da morte e trevas. Essa é a nossa posição.

Quantos de vocês são capazes de apreciar isto, não sei, mas sei que existem alguns
que podem apreciá-lo. Deus sincroniza Suas provisões com necessidades
reconhecidas e percebidas. Agora, o movimento é para ser junto desta linha, onde
a Vida de Deus, sem mistura com os recursos dos homens, com maquinaria
humana e direção e iniciativa humana – a mesma Vida de Deus tem que ser
diretamente, imediatamente, nuamente manifesta na igreja na última fase da
batalha para o último triunfo. A fim de que isto possa ser assim, deve haver este
tremenda ênfase de Deus sobre a necessidade da aniquilação de tudo o que
permanece no caminho de uma pura e clara manifestação de Sua Vida, e do
entrelaçamento dessas coisas nas quais há morte, isto é, a vida natural do homem.
Toda essa mistura tem que ser removida, e Deus está vindo na hora, tem vindo na
hora, em que Ele vai ter tratos muito estreitos com Seu povo, para que você não
toque a terra, não toque a carne, não toque o mundo, você não pode tocar nada
em que haja morte, sem ao mesmo tempo ter um controle e detenção registrada
sobre sua efetividade espiritual; você tem que permanecer absolutamente
desimpedido.

É por isso que Paulo neste quarto capítulo, falando sobre a Vida de Deus sendo
manifesta em nós porque “sempre levamos a mortificação do Senhor Jesus”
imediatamente continua a dizer, “não vos prendais a um jugo desigual com os
infiéis; e que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e
Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel?” Que comunhão, que concórdia? Estes
dois são polos à parte, e absolutamente antagonísticos, “por isso, saí do meio
deles, e apartai-vos”. E na medida em que houver esta saída e separação, sendo
cortado de tudo onde está a morte, e uma entrada naquilo onde está a Vida, pode
haver uma manifestação da Vida triunfante e efetiva do Senhor ressuscitado em
nós. Sempre há um grande propósito, tão grande como a eternidade e tão grande
como Deus mesmo, em cada injunção na escritura, não apenas um pouco de
conselho espiritual; é tão grande e excelente como Deus mesmo, e tão vasto como
Seu Eterno propósito, e quando Ele diz, “não vos prendais a um jugo desigual com
os infiéis”, Ele não está apenas dando você um pouco de conselho espiritual que
poupará você de problemas em seus afazeres domésticos. Ele está estabelecendo
um vasto principio, de que efetividade espiritual até o máximo depende de você
estando fora do âmbito do tormento da morte no que diz respeito a seu espirito e
sua vida voluntariamente vivida.

Quero ficar um momento aqui – o Senhor pode ajudar alguns. Amados, o principio
da Vida em seu espirito é para ser o principio orientador de tudo seu serviço no
Senhor Jesus Cristo. Não me refiro à Vida em seus arredores. O Senhor pode levar
você a um lugar onde a morte reine, mas se a morte reina em você, você pode
também desistir de todo o assunto de uma vez. Você pode estar lá, e a Vida de
Deus pode estar em você para suprir essa situação, para triunfar sobre ela; mas
note bem, se você começar a tocar o que você chama, pedaços da obra de Deus, e
não haver Vida em seu espirito, e a coisa está morta em seu espirito, você não tem
direito lá até que você obtenha em seu espirito a Vida de Deus relativa a essa
questão. Não a toque, ou você se encontrará em obras mortas, tentando fazer
alguma coisa onde não existe principio vital nenhum.

Agora note, está tudo bem ter uma visão ampla e dizer, sim, mas o Senhor Jesus
Cristo, como a Vida, veio ao mundo onde há morte a fim de salvar o mundo, e essa
Vida pode ser tomada como a base ampla sobre a qual devemos entrar em
qualquer obra para o Senhor que parece oferecer-se a si mesma ou é apresentada
a nós. Mas isso não é critério nenhum. Houve um tempo em que o Senhor Jesus
reconheceu em Seu espirito que o propósito vivo de Deus foi preso com relação a
certas situações, e Ele não teve testemunho da Vida lá e saiu. Nós cremos que esse
foi o caso de Israel como uma nação. Ele reuniu toda a situação no incidente da
figueira. Lhes ministrou, lhes testemunhou por um longo tempo, mas o momento
da maldição de Deus teve que cair sobre ela (que é a maldição de Deus? É morte),
a partir desse momento Ele terminou com Israel. Ele não tinha nenhum ministério
para Israel como tal; Ele reconheceu em Seu espírito que havia morte lá, e não
adiantava ser sentimental sobre o pobre Israel, não adiantava tentar agir sobre a
base de simpatia humana e compaixão, tendo imaginações e imagens mentais do
que poderia ser feito e o que pode ser feito; aquilo foi um fim. Estou apenas usando
isto como ilustração, pois efetividade espiritual demanda que tenhamos o
testemunho da Vida em nossos espíritos. Muita gente persiste e continua em certos
âmbitos, certas esferas, certas companhias, certas conexões, e eles estão lá
meramente desde o ponto de vista do razonamento e argumento natural,
sentimentalmente, tradicionalmente, ou pensando de alguma forma que por ficar
em alguma coisa, vai ser feito; e em seus espíritos eles sabem que a coisa está
morta, e eles não têm Vida lá. Não é esse o testemunho da Vida para eles, que eles
sirvam Ele onde eles tenham Vida, onde o testemunho da Vida está neles, e um
espírito de promessa? Se tudo em volta está morto e eles não têm Vida em seus
ministérios, certamente algo está errado, a porta está fechada. É importante que
para efetividade espiritual até o remate, o testemunho da Vida em nós deve nascer.

Claro, temos deixado de lado em nós mesmos aquilo que pode trazer a morte –
temos ficado junto à cruz e visto que a sentença de morte deve estar em nós como
tal, a fim de tornar a Vida possível; mas se isso já foi lidado e temos a sentença de
morte, e não confiamos mais em nós mesmos, mas colocado nossa fé Nele que
ressuscita os mortos, então temos o direito de reivindicar e receber o testemunho
da Vida de Ressurreição em nós para o ministério como o Senhor designe, e no dia
em que o Senhor trazer morte sobre algum espirito em qualquer esfera ou tipo de
ministério, esse é o dia quando alguém começará olhar para ver aonde o Senhor
vai dar o testemunho da Vida para o ministério. Isso é importante.

Não sei por que o Senhor dará a alguém tal ênfase sobre isto, mas não adianta
você continuar a realizar a obra de Deus quando você tem morte no seu espírito.
Nada sairá disso; soltá-lo, e peça ao Senhor para trazer você até um lugar onde
você possa em seu espírito dar testemunho pela Vida – a Vida pela qual Jesus
conquistou a morte, para enfrentar a situação como está em votla de você.

Agora veja uma coisa que Paulo diz nesta mesma conexão, neste capítulo de
abertura na sua segunda carta: “as aflições de Cristo que viram sobre nós, mais do
que podíamos suportar. Desesperamos da vida, a sentença de morte estava em
nós”. Como o apóstolo considerava as aflições de Cristo? Você lê qualquer coisa que
o Espírito Santo diz sobre este assunto, e você encontrará que está sempre
relacionado a um testemunho, ou para colocá-lo desta maneira, as aflições de
Cristo, os sofrimentos de Cristo estão intimamente relacionados a, e, de fato,
inseparáveis de, quem Cristo é, e que Ele vai realizar. O impacto de Cristo com o
propósito de Deus sobre o sistema ao qual ele tinha chegado, imediatamente
precipitou todo este assunto da aflição. Você pode sair e realizar obra cristã, e você
pode fazê-lo de tal forma e por meios como para reduzir sofrimento a um minimo,
ter um tempo comparativamente calmo e fácil. Você pode parecer ter nessa esfera
uma tremenda quantia de sucesso, a coisa está começando a ficar grande e
prospera. Amados, não pense nem por um momento que isso é sempre um
testemunho para vitalidade espiritual.

Por outro lado, você pode sair no serviço do que você chama o Reino de Deus, e
sofrer muito por se contrapor às tradições dos homens, ou ao sistema aceitado do
dia, ou à mente popular pública, e, como um reformador, morrer uma morte de
reformador. Sendo rejeitado e recusado, e talvez assassinado. Isso não precisa
também ser um critério para efetividade espiritual. Quantos há que foram
enganados ao longo destas duas linhas, e oh, tragedia das tragedias, quantos dos
queridos do Senhor estão sofrendo por aquilo que eles chamam Sua obra, sem real
valor espiritual e resultado, sem avanço, sem firmar o padrão da vitória de Sua
cruz no território inimigo! Eles saíram pelo Senhor, e estão sofrendo, tendo um
tempo difícil, um mau momento, mas nada está vindo de tudo isso. Eles têm se
contraposto a um sistema, tradições, contrapõem-se a preferencias pessoais e
gostos da humanidade. Você pode assumir que nunca, em união corporativa com o
Senhor Jesus Cristo está se movendo para o cumprimento de Sua missão sem que
traga Seus sofrimentos sobre você. Quanto a isto, se você está em união
corporativa com o Senhor Jesus e você está com Ele, e Ele está em você para a
realização de Seu propósito, não precisará haver nenhum sofrimento infrutífero,
todos os sofrimentos serão frutíferos. A explicação, é claro, é que o mundo, não
sendo um fim em si mesmo, mas sendo abraçado, circulado por todo este sistema
de antagonismo espiritual, sabe quem Jesus é e sabe o destino de Jesus segundo a
vontade e determinação de Deus, e por isso, todo seu antagonismo e ira é
suscitada desde o fundo contra Ele e contra Ele em Sua apresentação corporativa,
assim como também em Sua Pessoa, contra Ele na forma de Seu Corpo, o único
Corpo o qual é Cristo, tanto quanto contra Ele como entidade separada.

Bem, estes são os sofrimentos de Cristo relativos à obra e pessoa de Cristo, mas
eles são sofrimentos poderosamente eficazes, e o apóstolo reconheceu isso e o
assinalou. Os sofrimentos são sofrimentos frutíferos, são poderosos sofrimentos
porque eles representam o desafio do Cristo de Deus, e implicam não Sua derrota,
mas Seu triunfo. Satanás não se incomodaria se soubesse que Cristo poderia e
seria derrotado; Ele se agita porque sabe o fim deste assunto, o que significa, a
vinda do Cristo de Deus a seu domínio. Agora, a fim de que isso seja assim, essa
mortificação do Senhor Jesus para tudo aquilo ao que Ele morreu, é a coisa que
tem que ser excluída para que os fatos de Sua Vida possam ser realizados e
manifestados, e oh, que o povo de Deus tenha discernimento, discernimento
espiritual!

O único clamor em nosso espírito é que Seu povo possa ser mais discernente, ser
capaz de discernir em seus espíritos onde há Vida e onde há morte. Sabe,
aceleraria e expediria todo o assunto se tivéssemos mais deste discernimento
quanto a questões de vida e morte. Você sabe quão frequentemente temos tentado
fazer algo para o Senhor, fazer algo com o melhor motivo para o Senhor e tem
havido morte dentro. Morte! E contudo, temos tentado fazê-lo, forçá-lo, e não há
nada, mas desperdiço de energia e tempo. Temos que entrar ao que Deus está
realizando, pois somente nisto podemos ter o testemunho da Vida que é de Deus e
passaremos. De modo que Ele possa ser capaz de consumir Seu propósito, reunir
Seu plano e trazê-lo a uma poderosa, vitoriosa questão na vinda do Senhor, nossa
necessidade é ter a Vida mais abundante, e o discernimento espiritual pela Vida
para saber onde há Vida e onde há morte.

Você pode estar realizando o que você chama da obra de Deus e ter morte em seu
espírito; e realizando isso mesmo que você chama a obra de Deus, porque há
morte em seu espírito, é antagonístico ao propósito de Deus. Você pode ter Vida
em seu espírito e morte por toda volta, mas o fato de que você tem o testemunho
da Vida é tanto a chave e a garantia de que algo é para ser completado.

Creio, amados, que não ousemos fazer nada a menos que tenhamos testemunho
definido em nosso espírito de que é a coisa de Deus a ser feita através de nós. Não
podemos tomar estes cursos, e devemos ter o testemunho da Vida, e não tomar a
concepção geral de que o mundo é para ser salvo, e por isso devemos sair ao
mundo para salvá-lo. Não cometa esse erro, o mundo não será salvo. Você pode
dizer “o mundo inteiro para Jesus”, mas Deus está querendo tirar um povo das
nações, e esta parte da dispensação não verá o mundo inteiro para Jesus. Está
Deus nisto? Está Deus naquilo? Tem Deus o empreendido? A resposta a essa
pergunta em seu espírito não será uma voz audível. Deve sempre ser a liberdade e
independência, e a elevação de Sua Vida em você que dá a você um caminho livre
no seu espírito.

O Senhor portanto nos ensina como sermos guiados, em nossos espíritos pelo
Espírito Santo, para que Ele possa trazer-nos ao lugar onde o máximo de
efetividade espiritual é obtida, e para que isso seja desse modo, amados, “devemos
ter a sentença de morte em nós mesmos (nossa carne), para que não confiemos
em nós” e “sempre tendo a mortificação do Senhor Jesus, para que Sua Vida possa
ser manifestada”.

Deus somente opera agora em terreno de ressurreição, pela Vida de Ressurreição,


e esta vida em nós é a base de operações do Espírito Santo em revelação e serviço.

A lei do Espírito é Vida. Romanos 8:2.

Primeiramente publicado na revista “Um Testemunho e Uma Testemunha”, Nov-


Dic 1927, Vol. 5-6.

Companhia Corporativa
por T. Austin-Sparks

Notas do discurso de encerramento na Conferência de


Dezembro

Há várias passagens que deveríamos ler juntamente, primeiro em


João 1:32-34: "E João testificou, dizendo: Eu vi o Espírito descer
do céu como pomba, e repousar sobre ele.
E eu não o conhecia, mas o que me mandou a batizar com água,
esse me disse: Sobre aquele que vires descer o Espírito, e sobre
ele repousar, esse é o que batiza com o Espírito Santo.
E eu vi, e tenho testificado que este é o Filho de Deus".

Esta foi a confirmação do testemunho de João Batista, e é de um


caráter incrível quando pensamos acerca disso, os céus abertos! O
Espírito na Sua totalidade repousando dentro e sobre Aquele! Veja
João 3:34. Por isso Aquele, possuindo e possuído pela totalidade
do Espírito de Deus iria batizar no Espírito de Deus. Esta é a clara
evidência da Sua deidade. Pois quem pode batizar no Espírito de
Deus além do próprio Deus? "Eu vi, e dou testemunho que este é o
Filho de Deus", Filho de Deus nesse sentido supremo que obtemos
por revelação: não o Filho de Deus separado ou desassociado de
Deus, mas o Filho de Deus como Alguém com Deus o Pai, isto em
Um Espírito. Pois há somente um Deus - Deus o Pai e Deus o Filho
relacionados na Vida de Um Espírito como o eterno e imutável
Deus. Portanto, nós não desassociamos o Filho do Pai; muito
menos desassociamos o Espírito de ambos. Eles vivem em e pelo
Único Espírito.

Portanto, se o Espírito desceu sobre Ele como Homem na Sua


totalidade, então Ele não é senão Deus Encarnado. E Ele batiza no
Espírito, quem é o Seu próprio Espírito como também o Espírito de
Deus Pai.
Mas não ainda! O calvário, e a Sua Ascensão triunfante para a
Cabeça Trina (Divindade) deve vir primeiro. No entanto, mesmo
nesta fase inicial, Aquele que do contrário seria irreconhecível é
consequentemente revelado a João Batista para batizar no Espírito
de Deus quando Ele como Homem, fosse glorificado. E fazemos
isso entrar nos nossos corações para a fé. Como pode um Homem
batizar no Espírito do Eterno Deus a menos que esse Homem seja
Deus mesmo?

Encontramos este testemunho de João Batista confirmado naquela


passagem familiar de João 7:37-39: "Ora, no seu último dia, o
grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé e clamou, dizendo: Se
alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como
diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva. Ora, isto
ele disse a respeito do Espírito que haviam de receber os que nele
cressem; pois o Espírito ainda não fora dado, porque Jesus ainda
não tinha sido glorificado".

Torne agora para o Capítulo 14 de João, e precisamos lembrar que


a verdade central dos capítulos 14 ao 16 de João é acerca do
Espírito - Paracleto ou Consolador - no versículo 16 lemos, "Eu
pedirei ao Pai (Eu, o Filho do Homem, Glorificado, Ascendido ao
Trono da Deidade, pedirei ao Pai, Quem compartilha uma Única
Vida Comigo no Espírito) e Ele vos dará outro Consolador..."
Precisamos reconhecer aqui, como já temos feito muitas vezes
nestas "reuniões de comunhão", que o primeiro Consolador que
veio do Pai foi o Filho. O próprio Jesus na Sua Presença aqui na
terra como homem em semelhança da carne pecaminosa, isto é,
não sendo um ser fulgurante como Adão era antes que caiu, mas
um ser como nós mesmos na forma externa, cobrindo a Sua
glória, que Ele era o primeiro paracleto de Deus, o próprio Deus
presente na forma Humana entre nós. Ora, haverá outro Paracleto,
outra Apresentação de Deus; mas esta não será num sentido
limitado, nem numa experiência externa, mas num sentido
universal, e numa experiência interna, porquanto Ele virá para
habitar nos que creem no Nome do Filho de Deus Ascendido.
Jesus, limitado e local aqui na terra se tornará Omnipresente,
Omnisciente, Omnipotente na Sua Ascensão: Ele encherá os céus,
e o universo subsistirá através Dele, e Ele derramará o Seu
Espírito do Pai que também é o Seu próprio Espírito no Homem
glorificado, "para que Ele habite com você para a época".

Esta é uma leitura muito importante do verso, "para sempre" é


literalmente "para a época". O Espírito Santo é dado para o
propósito de uma época. Ele não fora dado em nenhuma época
anterior, pois "Jesus ainda não tinha sido glorificado". Ele não será
dado assim em nenhuma época futura, pois um determinado
propósito é para ser atingido nesta época, a qual é um parêntesis
dentre as épocas, sendo chamado o "Hoje" do Espírito Santo; e
quando este propósito seja realizado, "os séculos vindouros" serão
introduzidos. Nós já devemos conhecer esse propósito, é a
construção de uma Habitação para Deus. O Espírito é liberado para
isso da Cabeça Trina como estando no Homem-Deus Ascendido,
para uma determinada obra e operação nesta época. Lendo mais,
"Ele é o Espírito da Verdade (a Verdade de Deus no Homem, Jesus
Cristo, a Verdade da Encarnação, a Verdade do mistério da
Piedade, Deus manifesto na carne) Quem o mundo não pode
receber porque não O vê, nem O pode conhecer: mas nós O
conhecemos (Ele diz aos discípulos), pois Ele habita convosco. Ora,
na Minha Presença, o Consolador já está aqui. Eu sou Deus
presente entre vocês através Dele, e aquele que Me vê, vê o Pai.
Você terá reconhecido a Presença de Deus em Mim, o primeiro
Consolador. É o mesmo Espírito que está em e sobre Mim que
enviarei para estar em e sobre vocês. Eu, aqui e agora, sou o
Consolador vindo na carne: Ele será o Consolador, o mesmo
Consolador de fato, mas no Espírito, Meu Espírito, O Espírito do
Pai, mas em você como a sua vida e como o seu Deus, Quem
revelará a Mim como na Cabeça Trina (Divindade), e trabalhará
em e sobre vocês para vos construir com todos os filhos nascidos
do céu no meu próprio Corpo! Ó, a maravilha desta graça
Soberana de Deus. Quais são estas coisas que o Deus Salvador da
humanidade e de Israel está dizendo para estes futuros membros
do Seu Corpo? E, amado, Ele está falando para nós também. Ele
estará em vocês. "Não vós deixarei órfãos, como estes que são
cortados da Presença e Sustento da Paternidade, como desolados,
separados na essência da vida do Deus Pai". Deus no céu, muito
distante; e você na terra tentando nutrir uma fé desesperada.
Contudo, quantas vezes é este o caráter do que é chamado
"experiência cristã"? Filhos de Deus, desesperadamente sozinhos,
aparentemente cortados de todo recurso espiritual, tentando
segurar algum assentimento mental, e o tempo todo tendo um
tempo mau e solitário. Não, isto não é o que o Senhor declarou
que seria o nosso estado. O Espírito Consolador virá, assim como
realmente Jesus o Cristo veio como Consolador na Sua carne, e a
mesma Presença de Deus como estava em e sobre Ele estará em e
sobre você, em medida, pois Ele estava em e sobre Ele sem
medida.

Observe como os intercâmbios das Pessoas na Tri-Unidade


aparecem nestas palavras, "Eu virei; Nós viremos (O Pai e o
Filho); Ele (O Espírito) virá". Você não pode desassociar as
Pessoas da Trindade, pois Deus é Um. Mas esta vinda da Plenitude
que parte do Senhor Ascendido é para ser a consequência do
Triunfo no Calvário, o resultado da Glorificação do Filho do Homem
na Cabeça Trina através da Paixão da Cruz. "O que acontecerá
quando virdes o Filho do homem ascender para o lugar onde
estava antes?" Mas não como Filho do Homem na Sua limitação
autoimposta, mas o Filho do Homem que é Filho de Deus no Poder
Infinito e Glória da Deidade, um Homem batizando no Espírito
Divino, batizando a Sua igreja na Sua própria Vida e Ser, e por
conseguinte comprovativo da Sua Deidade, do Seu Triunfo, "Eu
vou até você. Eu, Jesus com o Pai, e no Espírito, como Um Deus
com eles, vou!" Palavras maravilhosas!

Antes destes capítulos Ele esteve dizendo algo que para os Seus
discípulos parecia ser estranho e místico, pois em resposta às
protestas sinceras de Pedro, de total devoção mesmo até a morte,
Ele disse, "Para onde eu vou, não podes agora seguir-me; mais
tarde, porém, me seguirás". Para onde Ele estava indo? Não
apenas para a Cruz, mas retornar para a Cabeça Trina através da
Cruz, e isto como Homem, Ele ia enfrentar na Sua alma solitária e
abandonada de Deus, pois foi na Sua alma, Sua autoconsciência
como homem, que lá no jardim e sobre o madeiro, como o Pecador
representativo, como o Cordeiro de Deus, que Ele enfrentou tanto
a acusação como o poder do inimigo e o juízo da Natureza Divina
sobre o pecado. Ele provou uma morte espiritual por todos os
homens, principalmente essa separação de Deus na Sua alma. Mas
tendo isso enfrentado e vencido Ele despediu o Seu Espírito puro
para assumir seu Lar eterno no Seio do Pai.

Assim, vemos que temos na Paixão do Senhor Jesus, não somente


a salvação do homem, quando Ele toma para Si mesmo o peso da
nossa iniquidade, "Deus fazendo cair Nele a iniquidade de todos
nós", mas nós temos também uma vindicação da Natureza Divina
diante do inimigo, a justificação de Deus mesmo. O próprio
Satanás não terá nenhuma acusação a fazer contra o Todo
poderoso. Você tem de reconhecer que na Cruz há uma vindicação
de Deus como Deus. Isto é o que lemos em 1 Timóteo 3:16, que o
mistério da Piedade não é somente o fato de Deus sendo
manifesto na carne, mas que Ele também é justificado no Espírito,
e é assim que Ele é agora visto pelos anjos, etc. A maravilha da
Cruz é que Deus estava em Cristo fazendo tudo isto. Era através
do Espírito Eterno que Ele se ofereceu a Si mesmo. É Deus Quem
está vindo através da Sua criação na Sua Auto-vindicação do Seu
amor sacrifical. Por isso Paulo diz em Romanos 3:4, citando o
Salmo 51: "de sorte que és justificado em falares, e inculpável em
julgares". Deus mesmo está livre. Satanás será obrigado a
confessar com todos os pecadores diante de uma assembleia
universal no grande Juízo que Deus é Santo, Puro, inteiramente
Amor - sem mancha do caráter sobre o qual alguma acusação
pudesse ser feita, pois é Ele próprio Quem passa este caminho na
Paixão de Cristo, e como Homem ascende no Seu Trono
"Justificado no Espírito". Todo joelho se dobrará, e toda língua
confessará que Jesus é Senhor, e isto para a Glória do Pai, Quem,
pelo Espírito habita em e sobre Ele.

Portanto, o CAMINHO que Ele está trilhando, o qual nenhuma


carne pode seguir, é o CAMINHO através da Cruz até a Ascensão,
para que Ele seja glorificado na Cabeça Trina. Devemos ver muito
mais na ressurreição do que o seu mero aspecto físico; nós
enfatizamos isto constantemente. Não é a mera reanimação do
corpo de nosso Senhor, mas algo muito mais do que isso, embora
inclua isso. A ressurreição dentre os mortos é a glorificação do
corpo para se tornar o santuário da Deidade, uma habitação de
Deus pelo Espírito. É a revelação da natureza Infinita da
ressurreição que precisamos ter, principalmente, que é o objetivo
da realização da Paixão do nosso Senhor na qual Ele atravessa
voltando para a Cabeça Trina como o Filho, mas agora como
Homem. Existe uma Infinita expansão do relacionamento da Sua
pessoa neste ponto. Ele que se tornou, como se fosse, limitado e
local neste pequeno planeta; Ele, o Criador que se submeteu à
vida de uma criatura, atravessa voltando para a Deidade Infinita
ressurreta pela Glória do Pai até a Cabeça Trina. Esta Glória da
Ressurreição como um Ato Infinito de Deus, e este é o ponto
anotado em Hebreus 1:5, "Tu és meu Filho, hoje te gerei?" Você
tem observado como a partir desse momento Ele é abordado como
Deidade no capítulo, "O teu trono, ó Deus, é para todo sempre":
"E Tu Jeová", versículo 10. Assim, a Ressurreição é vista no seu
clímax como a Ascensão de Deus em Cristo, e a palavra a Natanael
é cumprida, "Verás os céus abertos, e os anjos de Deus
ascendendo e descendendo sobre o Filho do Homem". Criador
Infinito!

Mas estamos falando do Seu impar e único CAMINHO pelo qual


Ele, o Filho do Homem, feito pecado por nós, triunfasse naquela
Cruz para tirar a autoridade do diabo sobre a raça dos homens, e
voltasse a entrar na Glória da Cabeça Trina como Homem. Esse
era o mistério que os discípulos não conseguiam entender. Nós o
entendemos?

E por isso Ele diz, Capítulo 16, "Mas agora vou para junto daquele
que me enviou; e nenhum de vós me pergunta: Para onde
vais?" ...Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá,
porque, se eu não for, o Consolador (O Espírito Santo) não virá
para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei".

Assim, vemos que a consumação da Vitória no Calvário é a


liberação do Espírito Santo como o Espírito da Vida em Cristo Jesus
para os que aceitam a Sua morte.

Precisamos ainda ver que o batismo no Espírito Santo é um ato de


Deus proporcional à Sua vida. Não é uma experiência individual
isolada a ser desfrutada aqui na terra a fim de nos dar alguma
autossatisfação na nossa fé, mas uma imersão na Vida Daquele
que está no Trono. Por conseguinte, isso nos introduz numa
unidade com Ele e com os demais que estão assim Nele. A
expressão do Espírito, e a consumação do propósito do Espírito é
União. Mas para realizar isto, interesses próprios e pessoais devem
ser varridos do coração, ah, mas isto é a Cruz; e o batismo na Sua
Vida faz necessário um batismo na Sua morte. A Sua vida é
somente possível enquanto consentimos morrer, e morrer
continuamente. A Cruz se torna um fato em nós através do
Espírito. E esta é a manifestação da Sua Vitória diante dos
principados e potestades, de que você e eu somos conduzidos a
uma posição em que voluntariamente abandonamos as nossas
vidas (almas) continuamente, damos consentimento a essa morte
do Calvário sendo forjada em nós, para que a Sua Vida possa ser
manifesta em nós também. Pois temos conhecido e crido no Amor
de Deus como é revelado na Cruz.

Observamos que o Calvário foi um ato de Deus nesse Homem


consumador que acolheu Nele mesmo toda a vida da criatura de
Deus, e tem assim reconciliado todas as coisas Nele mesmo, coisas
visíveis e invisíveis. E ao mesmo tempo, o Calvário que foi posto
em vigor neste pequeno planeta abrange o universo e além. É
presenciado no tempo e espaço, e assim o vemos, mas é
infinitamente maior do que podemos ver ou medir. É o próprio
Deus entrando pelo Seu universo, cumprindo a Paixão, e depois
retornado para o Seu Trono no Homem. Como temos dito mais de
uma vez recentemente, é a maior das maravilhas que o Deus
Eterno, o Criador dos céus e a terra, faça deste pequeno planeta a
cena de uma vitória universal. Mas é assim, e as palavras iniciais
da escritura não são certamente sem nenhum significado neste
aspecto, "No princípio o Deus Trino se uniu para criar os céus e a
terra", a terra foi unida num relacionamento significativo com os
céus. Quanto mais se sabe dos âmbitos deste universo com suas
incríveis distâncias, espaços, multidões de estrelas e constelações,
mais maravilhoso é este poderoso Evangelho, que nos diz que aqui
neste minúsculo mundo, e nesta forma de vida humana que você e
eu partilhamos, o próprio Deus viesse e registrasse uma Vitória
que trouce de volta o universo para esse propósito do Seu Amor
Divino que o mistério da iniquidade parecia ter frustrado com
êxito.

Mas, ó, quanto precisamos ser humildes e educáveis; quanto


precisamos estar constantemente clamando a Deus para que Ele
olhe com misericórdia na nossa ignorância nativa, para clarear a
nossa escuridão, e para nos conduzir para os conselhos do Seu
Espírito a fim de que conheçamos as coisas que Ele está
procurando realizar na terra, e cooperemos com Ele, e não
impeçamos Ele com a nossa intromissão e afazeres.

Consideremos o pobre Homem de Deus, Este sofredor, humilde,


que aqui na terra foi desprovido de tudo menos de fé, e viveu por
essa fé em humilde obediência aos recursos do Espírito, negando a
Sua alma pura e sem pecado. Ó, essa humildade de Cristo! Ele era
perfeito nessa continua auto-renúncia. Ele que tinha sido rico na
Cabeça Trina se tornou voluntariamente o mais pobre dos pobres.
Nenhum de nós tão pobre como Ele! Mas foi na Sua pobreza de
recursos Nele mesmo que lhe era permitido pela fé extrair os
recursos do Pai para toda a obra da graça. A Cruz que nega a vida
própria estava continuamente operando Nele, e o Calvário foi
apenas o clímax a essa obediência da Sua fé.

Ele nos foi dado como exemplo que devemos cuidadosamente


seguir. Se alguma vez houve um tempo em que os filhos do
Senhor foram aconselhados para serem verdadeiramente humildes
e educáveis é agora no fim da época, pois, creiam-me, amados
amigos, o Deus Todo-poderoso está procurando fazer uma coisa
no fim da época que será a maravilha da eternidade. Enquanto Ele
obtém um povo agora consentindo tanto a Cruz, tão abandonado a
Deus, tão preparado para permitir que isso seja operado nas suas
vidas que eles desaparecem, Deus o Espírito Santo agirá e levará
essa companhia corporativa diretamente para o Seu Trono. Mas
será uma companhia corporativa (não uma translação individual,
como Satanás captura o eu nas coisas mais santas do propósito de
Deus), e o triunfo da sua fé significará no aparecimento dos que
dormem em Jesus, e assim a manifestação dessa coroação do
próprio triunfo de Deus virá, o Corpo glorioso de Cristo. Ele está
procurando realizar esta obra poderosa em você e em mim como
membros constituintes desse Corpo.

Se a liberação do Espírito Santo é a consequência da Vitória no


Calvário, a concretização do Corpo de Cristo é a consumação dessa
Vitória.
Sem a habitação e continua revitalização do Omnipotente Espírito
do Cristo você e eu não poderemos entrar no processo dessa
consumação; não seremos membros contribuintes. A investidura
do alto, a vestidura do espírito regenerado com o Espírito do
Senhor Ascendido e Glorificado é essencial para o testemunho da
igreja nesta terra e nos céus. O Consolador deve vir ou a igreja
não existirá como tal. Crentes individuais podem haver, mas qual
seria o proveito disso? A fé deles, do seu tipo, perecerá com eles,
ou persistirá meramente como uma relíquia de um credo passado.
Acaso não existem muitos exemplos do Pseudo-Cristianismo no
mundo? Mas é uma companhia corporativa persistindo ao longo
desta era como o instrumento do Único Espírito que tem efetuado
todo o propósito mundial Divino; e no final, como no princípio, esta
companhia deve ser manifesta diante dos principados e
potestades. No dia de Pentecostes 120 pessoas foram tomadas por
um poderoso ato de Deus para formarem uma unidade da Vida
com o Senhor Ressurreto e Ascendido. Pelo Único Espírito eles
foram batizados num Corpo. Não existe nenhum outro batismo. E
Ele é o Espírito para a época: Ele vem para um propósito da era.
Já temos observado João 14:16: "para que Ele fique convosco para
a época"; faça a conexão com as palavras finais do evangelho de
Mateus, a tradução literal é, "eis que eu estou convosco todos os
dias, até a consumação do século"; Deus está procurando
ocasionar uma consumação, e isto somente pode ser efetuado pelo
Espírito do Senhor Triunfante; mas Ele novamente está limitado a
um instrumento corporativo na terra, e este é o Corpo de Cristo
como é achado na unidade do Espírito. Como de seriamente
devemos buscar e orar por uma compreensão da Unidade pelos
membros do Corpo de Cristo, e do fato de que o Espírito Santo não
é dado mais para uma experiência individual do que para a nossa
revitalização em oração de amor desinteressado para um fim
comum.

Por esta altura você saberá como o Senhor tem colocado esta
necessidade para orar no Espírito Santo, como uma carga no
coração, e continuamente o enfatizando para o bem próprio; pois
esta paixão de Deus na oração não está em você ou em mim por
nenhuma obtenção de devoção religiosa. Nós não podemos entrar
nisto no nosso próprio desejo. Está no Espírito Santo, isto é, está
em Deus, no Ser Divino; pois é o Seu Amor, Seu Desejo,
rompendo nos nossos espíritos renovados. Não está nem nesse
espírito nascido de cima em si, mas no Espírito do nosso Senhor
Ascendido. Esse orar é o orar Dele. É Ele mesmo pedindo a
herança ao Pai no Trono, mas como rei através dos membros do
Seu Corpo, e essas orações do Trono sendo proferidas na terra.

Primeiramente publicado na revista "Uma Testemunha e Um


Testemunho" 1927, Vol 5-12

O Homem Interior do Coração


por T. Austin-Sparks
O Homem Interior do Coração
Ou, A Esfera de Vida do Crente e Base de Operações

Não existe assunto mais importante em relação à plenitude da vida e efetividade do


serviço em Cristo do que isto que vamos agora considerar. Abrange todos os
significados práticos e operações dos propósitos redentores de Deus em e através
da Cruz de Cristo.

A frase “homem interior” não é raramente usada na Palavra de Deus, e, como


veremos, é senão uma expressão usada em conexão com um tema de extensa
gama. Mas aqui, seja visto instantaneamente como aquilo que primeiramente
discrimina entre o homem “interior” e o “exterior”. Esta discriminação nas
escrituras, todavia, não é aquela feita pelos psicólogos ou filósofos como tal, sejam
eles antigos ou modernos, pagãos ou “cristãos”. Estes reconhecem senão mente e
matéria: para eles o “homem interior” é a alma, e o “homem exterior”, o corpo.
Não assim na Palavra de Deus. Lá o “homem interior” é o espírito, e o “homem
exterior” a alma e o corpo, um ou ambos. Estes dois termos ou designações são
respectivamente sinônimos do “homem natural” e “homem espiritual”, e estes dois
são separados pela espada do Espírito, a Palavra de Deus (Hebreus 4:12). É tão
perigoso unir o que Deus separa quanto é separar “o que Deus uniu”, e neste
assunto particular mais caos, paralise, e derrota são devidos à confusão destes
dois, mais do que seremos jamais capazes de medir nesta vida.

A única unidade das três, espírito, alma e corpo, está em que elas compõem ou
constituem um homem. A tradução literal de 1 Tessalonicenses 5:23, é “sua pessoa
inteira”, ou “seu homem inteiro”, ou “o conjunto de você, espírito, alma, e corpo”;
e três palavras gregas diferentes são usadas, como em outros lugares. A Palavra de
Deus não usa palavras aleatórias, só para ter variedade. Leis espirituais básicas
estão envolvidas em suas palavras. A própria palavra “natural” como aplicada ao
homem, como sabemos, é a palavra grega psuckekos, a forma anglicizada da qual
é físico. “Espiritual” é o adjetivo de “espírito”, e “almático” é o adjetivo de “alma”.
Em Tiago 3:15, “sensual” é usada, mas “almático” é mais acurada, e é interessante
e significante notar que estas duas descrições são dadas para sabedoria.

Aquilo que faz o homem único em toda a esfera da criação não é que ele é ou tem
uma alma, mas que ele tem um espírito, e pode ser que a união em uma
pessoalidade de alma e espírito faz ele único para além desta criação, em todo o
universo. Da alma nunca é falada em relação a Deus como Deus. Anjos são
espíritos. Cristo não derramou Seu espírito, mas Sua alma até a morte; Seu
espírito Ele entregou ao Pai dos espíritos. É praticamente desnecessário descrever a
alma aqui, embora queiramos ajudar desde as próprias fundações.

Quão grande – e na maioria das pessoas – quase completo lugar e dominação é


mantida por sentimentos e emoções. Por um lado, medo, mágoa, lamentação,
curiosidade, prazer, orgulho, admiração, vergonha, surpresa, amor,
desapontamento, remorso, excitação, etc. Ou em outra direção; imaginação,
apreensividade, fantasia, dúvida, introspeção, superstição, analise, razonamentos,
investigação, etc. Ou numa terceira direção, desejos; por possessões,
conhecimento, poder, influencia, posição, elogio, sociedade, liberdade, etc. E ainda
em outra direção; determinação, dependência, coragem, independência,
persistência, impulso, capricho, indecisão, obstinação, etc. Todas estas, em suas
direções respectivas representando o emocional, o intelectual, o volitivo, são os
componentes da alma. Agora considere quanto disto tem seu lugar na vida cristã e
serviço, desde o primeiro passo em relação ao evangelho por todo o curso da
atividade cristã. É aqui que pedimos paciência na perseguição do assunto quando
fazemos a tremenda afirmação de que tudo isto – a suma total de sentimentos
humanos, razonamentos, e vontades podem ser colocados na conta do assunto da
salvação, seja por nós mesmos ou por outros, e no entanto serem totalmente
inúteis e sem conta.

Reconhecemos que se o impacto total desta declaração, com todas suas


implicações, fosse a vir por revelação ao “homem interior” de pessoas cristãs e
obreiros, não será nada menos do que revolucionário em todos os métodos, meios,
e motivos. Certamente, por exemplo, sabemos por agora que remorso e lamento
pelo pecado, levando a lágrimas e resoluções, não significa salvação. Decisões,
confissões, e sentimentos religiosos, não são critério, não mais do que conclusões
racionais, convicções intelectuais, aceitações mentais, aspirações após o sublime, o
formoso, o “bom”. Assim então, alguém indaga “você exclui o intelecto, a razão, as
emoções, a vontade ou resolução humana?” E nossa resposta é enfaticamente, nos
excluímos tudo isto como um fator inicial e básico no assunto da salvação; é
secundário, mais tarde, mesmo então apenas um escravo, e não um mestre.

Façamos algumas perguntas que esclarecerão o assunto. Que foi ou onde foi que a
morte teve seu lugar quando “a morte passou sobre todos”, e se tornou verdadeiro
aquilo que foi dito, “no dia que dele comerdes morrerás?” Foi o corpo? Obviamente
não. Foi a alma? Se nossa descrição precedente verdadeiramente representa a
alma, então, de novo, obviamente não. Repudiando a sugestão que as palavras
eram senão uma sentença de morte a ser executada num tempo futuro, lá resta
uma terceira parte da “inteireza” do homem, a saber, seu espírito. Essa era a pedra
superior da obra criativa de Deus. O órgão no homem de todas as atividades
divinas; a esfera e instrumento de todas as operações de Deus. Deus é um espírito,
e somente espírito pode ter acesso ou comunhão com espírito.

Só espírito pode conhecer espírito. 1 Corintios 2:9-11.


Só espírito pode servir espírito. Romanos 1:9, 7:6, 12:11.
Só espírito pode adorar Deus que é Espírito. João 4:23,24. Filipenses 1:10,
1Corintios 2:10. Voltaremos a isto mais tarde.

Deixemos claramente reconhecido que Deus determinou ter todas Suas relações
com o homem, e cumprir todos Seus propósitos através do homem, mediante
aquilo no homem que foi feito “segundo sua própria semelhança”, isto é, seu
espírito; mas este espírito do homem, para todas essas intenções divinas, deve
manter-se em união viva com Ele mesmo, e em nenhuma instância, infringir as leis
de sua divina união pelo cruzamento para o circulo exterior da alma, à chamada de
alguma emoção, sugestão, argumento ou desejo vindo de fora. Quando isso deu
lugar, a morte entrou, e a natureza da morte, como a palavra usada nas escrituras,
é separação de espírito na união divina. Isso não significa que o homem não mais
tem um espírito, mas a ascendência do espírito foi rendida à alma, e isto aconteceu
quando a alma tinha aceitado desde fora pelo desejo e razão, aquilo que foi
intencionado afastar da comunhão com Deus.

“Atraído pela sua própria cobiça (desejos)”.

Isto é onde a “queda” começa, tudo o demais é resultado. Desde esse momento a
inclusiva designação do homem, num estado de separação da união do espírito e
vida com Deus é “carne”

Quando Paulo fala da “carne” ele não se refere à carne e sangue no corpo natural,
mas assim, denota o principio da vida humana que toma o lugar do espírito em seu
estado e propósito primário; e este principio, “carne”, ou estado – variavelmente
chamado “o velho homem”, “o corpo do pecado”, “o corpo da carne”, “o corpo de
morte”, “o homem natural”, é o centro da residencia da inimizade contra Deus. Esta
inimizade está lá, mesmo até ao cantar hinos, fazer orações, deleitar-se em Deus
de acordo a uma forma exterior, ir para a igreja, ter uma paixão ou um gênio pela
religião, e somente requer-se o verdadeiro significado espiritual da cruz de Cristo a
ser aplicado para torná-lo manifesto. Morte então, no significado espiritual, é perda
de correspondência com Deus em espírito, e o espírito do homem caindo dessa
união, cessa de ser para o homem, o veículo da revelação de Deus, a esfera da vida
de Deus no homem, e o instrumento das atividades de Deus através do homem: e
não há outro. Isto nos leva a uma outra pergunta: qual é a natureza do espírito?
Existem três principais departamentos ou faculdades do espírito: consciência,
intuição, comunhão; mas existem outras numerosas capacidades, como veremos
mais tarde.

É aqui que encontramos a descrição escriturística do homem totalmente contrária


às conclusões da psicologia “científica”. Temos observado que o psicólogo não
permitirá a tripla descrição do homem como espírito, alma e corpo, mas apenas
alma – ou mente – e corpo. E no entanto, ele tem que confessar da existência de
um terceiro elemento. Ele o reconhece, encontra sua maior fascinação e interesse
nele, constrói um sistema inteiro de filosofia em torno dele, e muitas vezes limitam-
no chamando-o pelo nome certo. Ele, todavia, recua e o chama “mente
subconsciente”, “a mente subjetiva”, “o eu subliminal”, “a personalidade
secundária”, etc. Ouça algumas das coisas que indicam o comprimento ao que
esses professores chegam: “a alma consiste de duas partes, uma sendo adicta à
verdade, e amando honestidade e razão, a outra é brutal, enganosa, sensual”.

“Há uma fissura na alma”. A existência de uma fissura na alma não é um mero
dogma de teologia, mas um fato da ciência. “O homem é dotado de duas mentes,
cada uma delas é capaz de ação independente, e elas são também capazes de
ações simultâneas; mas, em principio, elas possuem poderes independentes e
efetuam funções independentes. As faculdades distintivas de uma pertencem a esta
vida, as da outra são especialmente adaptadas a um plano maior de existência. Eu
as distingo designando uma como a Mente Objetiva, e a outra como a Mente
Subjetiva”.

“Sejam as faculdades que forem achadas existirem na mente subjetiva de qualquer


ser consciente, necessariamente existia potencialmente na ancestralidade desse
ser, perto ou remoto. É um corolário desta proposição, que sejam quais forem as
faculdades que encontremos existirem na MENTE SUBJETIVA do homem, deve
necessariamente existir, em suas possibilidades, potencialmente, na mente de Deus
o Pai Todo poderoso”.

Quando um lê coisas como estas, duas coisas primam por expressão:


primeiramente a exclamação “o por que você não o nomeia corretamente e o
chama “o espírito”? A outra, “que tragedia que tais homens tenham ido para
filósofos pagãos, como Platão, que nunca ouviu os homens da Bíblia ou leu eles,
para a base do sistema deles, ao invés de ir à Bíblia mesma”. Que perigo é para
homens “cristãos” pregar os resultados de pesquisa e aprendizado humano e trazer
a Bíblia a estes ao invés de trazer eles à Bíblia!

Para nós, a Bíblia nomeia e considera a natureza desta terceira realidade. Pode ser
pensado ser imaterial o que é chamado se o resultado é o mesmo, mas nós
mantemos que é vital reconhecer que estamos lidando com duas coisas
absolutamente distintas e separadas, e não com dois lados de uma coisa. Veremos
isto a medida que avançarmos.
Há um perigo em falar de “união divina nos alcances superiores da alma”, pois não
existe tal coisa. União divina é com espírito, “aquele que se une ao Senhor é um
espírito”, e por mais elevada que a vida da alma seja desenvolvida, não há “união
divina” até que o espírito tenha sido trazido de volta para a vida.

Isto então abre mais uma pergunta: “que é o que é “nascido de novo””: quando
essa experiência essencial e indispensável ocorre? (João 3:3,5, etc.).

Nicodemos tropeça sobre a pergunta física, mas é logo informado que “o que é
nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é ESPIRITO”.

Não é o corpo então, nem também é a alma. “O corpo pecaminoso do velho homem
foi destruído” Romanos 6:6, e “os que são de Cristo crucificaram a carne, com suas
paixões”. As passagens sobre isto são muitas para citar, mas procure “carne”,
“velho homem”, “homem natural”, etc.

A resposta à pergunta é enfaticamente que o novo nascimento é a transmissão de


vida Divina para o espírito do homem. Esse espírito, por causa da expiação feita
pelo pecado da alma, e a deportação do principio dominador da carne por Cristo na
Sua morte, é gerado novamente de Deus na ressurreição de Cristo dentre os
mortos para compartilhar Sua ressurreição – vida imortal. Somente no terreno da
ressurreição de Cristo e nossa incorporação nela como o ato superlativo da
Onipotência, há união com Deus, e este ato ocorre inicialmente em nosso espírito.
A partir desse momento é “novidade do espírito”, “andando no espírito”; de fato,
como a Palavra deixa claro, tudo é para ser no espírito para aqueles que são agora
“espirituais”.

Até agora temos feito pouco mais do que enfatizar o fato de que o supremo
interesse do Senhor é com o espírito de Seus filhos, pois é aí que o fato e a
natureza da filhação tem seu início, seu crescimento, e sua expressão. Veremos
mais sobre isto depois, mas pelo momento, seria bom se insistir um pouco mais
sobre a natureza do espírito. O corpo, sabemos, tem seus próprios tríplices
componentes. A alma também é uma trindade, isto é, razão, emoção e volição.
Também temos mostrado que o espírito é tripartito. Seus departamentos ou
faculdades principais sendo, consciência, adoração (ou comunhão com aquilo que é
Espírito) e intuição.

Enfatizemos novamente que embora todo homem têm estas faculdades num maior
ou menor grau de consciência, isto, não anula o fato de que todos estão “mortos”
em delitos e pecados à parte do novo nascimento. Não há salvação no sentido da
palavra, no Novo Testamento, por ter uma consciência bastante viva, ou
agudamente sintonizada com o espiritual; e não é argumento nenhum que a
revelação Divina tenha sido transmitida porque intuições tenham eventualmente
provado serem verdadeiras. Tudo isto apenas mostra que todo homem têm um
espírito que atua independentemente do resto de seus seres. Pois o espírito em
suas diferentes faculdades para ser o instrumento de propósitos Divinos tem que,
como temos dito, estar unido ao Senhor, e os fatores que unem são:

1. A habitação interior da vida de Deus como uma dádiva no novo nascimento.


2. A habitação interior do Espírito de Deus como o membro inteligente, executivo
da Cabeça Triuna.

Há muitas passagens nas escrituras que indicam a diferença entre o “eu” exterior
da alma e o “eu” interior do espírito. Por exemplo, Paulo diz “meu espírito ora, mas
meu entendimento é infrutífero”. 1Cor. 14:14.
Depois em 1Cor 2, o apóstolo diz que “o homem físico (alma) não recebe, nem
pode conhecer as coisas do Espírito de Deus, mas Deus revela elas aos espirituais
(ou espírito), e somente os de espírito discernem elas!”

Esta distinção de Paulo é muito acentuada ao recontar a recepção de sua revelação


especial. “mas passarei a revelações do Senhor. Eu (o homem exterior) conheci um
homem (o homem interior) em Cristo que há catorze anos; se no corpo eu (o
homem exterior) não sei dizer; ou se fora do corpo eu (o homem exterior) não sei
dizer; Deus sabe; o tal homem (o homem interior) foi arrebatado até o terceiro
céu. E eu (o homem exterior) conheci o tal homem (o homem interior) se no corpo
ou fora do corpo, eu (o homem exterior) não sei dizer: Deus sabe. Como ele (o
homem interior) foi arrebatado ao Paraíso, e ouviu palavras inefáveis as quais não
são licitas ao homem (o homem exterior) referir. Desse tal (o homem interior) eu
(o homem exterior) me gloriarei; mas de mim mesmo (o homem exterior) eu (o
homem exterior) não me gloriarei”.

Aqui vemos, entre outras coisas, que, a menos que o Senhor der a dádiva da fala
das coisas reveladas ao espírito, não poderão ser expressadas pelo homem
exterior. Em outro lugar, o apóstolo pediu as orações do povo do Senhor para que
ele pudesse ter “a fala”.

Muitos outros exemplos podem ser dados, tais como “deleita-te na lei de Deus
segundo o homem interior”, e Romanos 7 como um todo, mas isto é suficiente para
seguir acompanhando esta verdade tal como desejarem fazer. Aqui estão uma ou
duas referencias: 1Cor. 16:17,18; 1Cor. 6:20; Rom. 8:16; 1Cor. 5:5; 1Cor. 7:34;
Heb. 12:23.

Agora procedemos a falar do interesse especial do Senhor pelo homem interior.


Primeiramente, devemos entender que Sua busca suprema é por filhos de Seu
Espírito. A verdade subjacente e toda inclusiva do que tem vindo a ser chamado a
“parábola do Filho prodigo”, é a transição de um tipo de filiação, por exemplo, na
base da lei, para outro, por exemplo, para o terreno da graça. Da carne para o
Espírito. Há uma filiação de Deus pela criação na base da lei. Neste sentido “nós
somos descendência de Deus”. Mas pela “queda”, o “extravio” ou “desvio” (Gênesis
6:3), todos os propósitos e possibilidades Divinas desse relacionamento, foi
quebrado, e esse relacionamento não é mais de valor. “Ele se tornou carne”, daí é
separado “de Deus”, numa “terra distante”, e “morto”, como também “perdido”.
Aqui a graça entra, e o Espírito pela graça. O Espírito começa operações nessa
esfera de morte e distancia, convencendo do pecado “contra o céu” (a única
convicção adequada), cercando o fim das obras da carne em desespero e
destruição, constrangendo, assegurando, produzindo penitencia e confissão, e
finalmente trazido para o lugar de perdão e aceitação. Da morte para a vida, mas
não a mesma vida como antes; não existe “outra vez” na última parte da frase no
original de Lucas 15, é uma vida que nunca foi anteriormente. “O que é nascido da
carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito”.

Este homem é o produto da labuta e energização do Espírito, e tudo no


relacionamento posterior é novo. Uma “nova capa”, a capa da justiça Divina.
“Sapatos Novos”, um andar e um caminho no Espírito. Rom. 8:2,4. Um anel, o
simbolo de autoridade, a jurisdição dos filhos, João 1:12,13. O novilho cevado;
comida tal como nunca foi antes, o melhor da casa do Pai. Cada um destes pontos
têm nas escrituras um sistema inteiro de ensino.

O espírito do homem sendo então, o lugar do novo nascimento e assento desta


única filiação verdadeira (Gálatas 4:5,6), também sendo portanto “o novo homem”
- pois é “na novidade do Espírito” que temos que viver (Romanos 7:6, etc) – aqui é
que todas as operações de Deus na nossa educação, comunhão, e cooperação têm
sua base.

O único conhecimento de Deus que é de valor espiritual para nós mesmos ou outros
é aquele que temos por revelação do Espírito Santo dentro de nosso próprio
espírito. Deus nunca explica a Si mesmo em primeira instância à razão do homem.
O homem nunca pode conhecer Deus em primeira instância por sua razão. O
cristianismo é uma revelação ou não é nada, e tem que vir por revelação a cada
filho de Deus, ou a fé deles repousará sobre um fundamento que não resistirá no
dia da provação.

“A Fé Cristã” adotada como uma filosofia ou sistema de verdade, ou como um


sistema moral ou ético doutrinal pode carregar os estímulos de um grande ideal,
mas não resultará na regeneração da vida, e no novo nascimento do espírito.
Existem multidões de tais “cristãos” (?) no mundo hoje, mas a efetividade espiritual
deles é zero.

O apóstolo Paulo deixa muito claro que o segredo de tudo na sua vida e serviço foi
o fato de que ele recebeu seu Evangelho “por revelação”. Podemos até mesmo
conhecer a Bíblia o mais perfeitamente como um livro, e ser espiritualmente morto
e inefetivo. Quando as escrituras dizem tanto sobre o conhecimento de Deus e a
Verdade como a base da Vida Eterna, sendo liberto, realizando proezas, etc., elas
também afirmam que “o homem não pode pesquisando, encontrar Deus”, e elas
deixam bastantemente claro que é conhecimento no espírito, não na mente natural.

Ora, é justamente aqui que passamos a reconhecer a natureza do conhecimento


espiritual. Como Deus sabe coisas? Por que meios chega Ele a Suas decisões?
Sobre que base de conhecimento governa Ele o universo? É pelo raciocínio indutivo,
dedutivo, filosoficamente, logicamente, comparativamente? Será que Ele raciocina
as coisas? Tem a Onisciência um cérebro? Certamente não! Toda esta laboriosidade
é desconhecida para Deus. Seu conhecimento e conclusões são intuitivas. A
intuição é essa faculdade de inteligencia espiritual pela que todos os seres
espirituais trabalham. Anjos servem a vontade de Deus pelo discernimento intuitivo
dessa vontade, não por convicções argumentadas e raciocinadas. A diferença entre
estas duas é testemunhada por todo o monumento da realização espiritual. Se a
razão humana, o juízo natural, e “sentido comum” tivesse sido a lei governante, a
maioria, se não todas, das grandes peças da obra inspirada de Deus nunca teriam
sido empreendidas. Homens que tiveram uma caminhada intima com Deus e um
espírito perspicaz em união com Ele, receberam intuitivamente uma revelação ou
orientação para tais propósitos, e a vindicação deles chegava, não pela aprovação
da razão mundana humana, mas usualmente com todos esses positivamente
opostos. “Loucura” era usualmente o veredicto do sábio. Sempre que, como
Abraão, eles permitiam a si mesmos abandonar o espírito para suas próprias
mentes naturais e razonamentos, eles ficavam desconcertados, paralisados, e
olhavam em volta por algum Egito dos sentidos para o qual descer para obter
ajuda. Em tudo isto somos “justificados no espírito” não na carne. O espírito e a
alma atuam independentemente e, até que a mente espiritual tenha estabelecido a
ascendência e absoluto domínio, eles estão constantemente em conflito e
contradição.

Em todas as coisas que saíram de Deus e portanto espirituais “a mente da carne é


morte”, “mas a mente do espírito é vida, e PAZ”. Isto então, é a natureza do
conhecimento espiritual, o qual é o único conhecimento que salva. Dissemos no
inicio que este reconhecimento da diferença entre o “homem interior” e o “homem
exterior” seria absolutamente revolucionário. Talvez, podemos ver isto um pouco
mais claramente agora. Um rico conhecimento das escrituras, uma acurada
compreensão técnica de doutrina cristã, uma realização de obra cristã por todos os
recursos da “sabedoria mundana” ou habilidade natural, uma manipulação
inteligente e apresentação interessante de conteúdo e temática da Bíblia, pode nem
obter uma pisca para além da vida natural dos homens e ainda permanecer dentro
da esfera da morte espiritual. Homens não podem ser argumentados, raciocinados,
fascinados, interessados, “emocionados”, desejados, entusiasmados, comovidos,
para o Reino dos céus; eles somente podem nascer, e isso é pela vivificação
espiritual. Este novo nascimento traz com ele novas capacidades de todo tipo, e
entre as mais vitais, é uma nova e diferente faculdade de conhecimento Divino,
entendimento, e apreensão. Mas alguns podem perguntar, onde que a mente
entra? Estamos entendendo que você quer dizer que nossas faculdades intelectuais
humanas são descartadas? Não, de modo nenhum! Mas sim afirmamos que isto não
é primário mas secundário. O intelecto humano não é o primeiro instrumento de
nossa apreensão das coisas espirituais, as coisas de Deus, mas sua função é a de
dar a elas forma inteligente para nós mesmos e outros.

O poder intelectual de Paulo não foi o que lhe deu seu conhecimento da verdade,
mas foi unido ao espírito para passar essa verdade para outros. Alguém tem dito
que o cérebro pode atuar como um prisma, e dar um espectro da Luz Eterna, mas
não é o primeiro órgão de conhecimento espiritual.

O espírito do homem é aquele pelo qual ele chega até o Eterno e invisível. A
intuição, então, é o órgão mental do espírito. É neste sentido, isto é, a mortandade
do espírito em direção a Deus, e a continuação com religião em suas multiformes
expressões meramente desde a mente humana, que Deus diz, “pois Meus
pensamentos não são vossos pensamentos, nem vossos caminhos são Meus
caminhos”, e a medida da diferença é entre o céu e a terra; o celestial e o terreno.
Uma das maiores lições que temos que aprender, e que Deus dá-se o trabalho para
ensinar-nos, é que fins espirituais demandam meios espirituais. A quebra de nossa
vida natural, sua mente, seus recursos, suas energias, a amargura da decepção
pela futilidade, fracasso, inefetividade, e bloqueio em conquista real espiritual, é
um trabalho para toda a vida; mas a verdade mencionada acima é a explicação e a
chave para todo o assunto. O que é verdadeiro do conhecimento espiritual é
verdadeiro em cada outra conexão e direção como assim veremos.

Regressando para nossa ilustração nessa transição a qual é a verdade subjacente


da parábola do “Filho Prodigo”, principalmente a transição de um relacionamento
sobre o terreno da lei, na carne, para o terreno da graça, no espírito, temos
chegado a ver que seu conhecimento do Pai no espírito foi tal um como nunca ele
possuiu anteriormente. Ele nunca conheceu seu Pai antes da graça ser revelada e a
dádiva e operação do Pai do Espírito ser manifestada, como ele O conheceu depois.
Seu espírito foi trazido da morte, escuridão, distancia, desolação, e agora ele não
tem meramente um conhecimento objetivo de um que ele denominava Pai, mas um
entendimento subjetivo e apreciação do Pai, porque o espírito de filiação tinha sido
agora colocado dentro dele, pelo qual ele clamava “Pai”. Não existe relacionamento
salvador ou conhecimento de Deus, somente através da graça e pelo novo
nascimento. Tal conhecimento é espiritual, não “natural”.
Assim, então, aqueles que sendo nascidos novamente, tornaram-se “filhinhos”,
Mat.18:3, ou “criancinhas” em coisas espirituais, 1Cor. 3:1 (não é errado se não
permanecemos indevidamente assim) têm que aprender tudo de novo, porque
“todas as coisas são novas”, e – agora - “todas as coisas são de Deus”, 2Cor. 5:17-
18. Esses têm que aprender a viver por uma nova vida - “andar em novidade de
vida”. Esta vida está sempre relacionada à ressurreição de Cristo, e é “a vida pela
qual Jesus conquistou a morte”. Este assunto é mais completamente tratado em
outro lugar, especialmente no livreto Num.2 da “incorporação em Cristo”, e não
faremos mais do que mencioná-lo aqui. O apóstolo Paulo diz que nossa conduta é
para ser “como dos que são ressurretos dentre os mortos”, e dizendo assim , ele
quer dizer que a manifestação em e por nós é para ser a do poder compartilhado e
triunfo da poderosa vida da ressurreição de Cristo. De novo, a fim de que possamos
aprender como viver por meio desta vida, a qual é um propósito superlativo de
Deus em relação a nós, Ele é obrigado a trazer nossa vida natural a um fim em
toda sua efetividade e valor na esfera da realização espiritual, tanto na vida e em
serviço. NÓS não podemos ser ou fazer o que Deus requer: Sua vida sozinha pode
produzir segundo sua espécie. Mas ao mesmo tempo que isto é uma lei e um teste,
é também uma verdade abençoada, que Cristo veio para que possamos ter esta
vida e tê-la abundantemente. Leia seu Novo Testamento com o objetivo de ver
como a vida Divina é manifestada por meio e na insuficiência imposta da vida
natural, e você vai ver que ele é o segredo do romance das realizações do Novo
Testamento.

Um elemento de ofensa neste ensino é que demanda uma reconhecida e ratificada


fraqueza; requer que temos que confessar que em nós mesmos, para todos os
propósitos Divinos, somos impotentes e inúteis, e de nós mesmos não podemos
fazer nada. O culto do homem natural à força, eficácia, aptidão, habilidade,
encontra-se com uma terrível repulsa quando é confrontado com a declaração de
que o triunfo universal de Cristo sobre jerarquias mais poderosas do que estas da
carne e sangue foi porque “Ele foi crucificado através da fraqueza” - Deus reduziu-
se até uma certa impotência! - e “Deus escolheu as coisas fracas para confundir as
poderosas”, 2Cor. 13:4; 1Cor. 1:25-27.

“Me gloriar nas fraquezas para que Seu poder possa ser mais manifesto” é algo que
não tem nada a ver com o Saulo de Tarso original, mas que mudança
extraordinária na mentalidade. Deus tem, entretanto, sempre traçado uma linha
muito ampla entre “força e poder” natural por um lado, e “Meu Espírito” pelo outro,
e por todo sempre permanece a lei que aquele que odeia sua vida (psuche, vida
natural) a guardará para vida eterna (aionian-zoe, vida Divina das eras), João
12:25, é claro, em relação aos interesses de Cristo.

Há mais duas lições que podemos mencionar ao ser definido o “novo homem”, as
quais são parte da educação e entreinamento do espírito ou “homem interior do
coração”. Ele tem que aprender um novo caminhar. Muitos deslizes e, talvez,
quedas podem ser sua experiência aqui, mas são honoráveis se elas são marcas de
uma saída sob o comando de Deus, ao invés de ficar parado em desobediência
carnal ou medo. O novo relacionamento do filho prodigo significava novos sapatos,
e numa posterior significância isto significava “andando segundo o espírito e não
segundo a carne”, Romanos 8:4. temos mostrado que a natureza deste andar é que
razão, sentimentos, e escolha natural já não são mais as leis diretivas ou critério do
homem espiritual. Pois, para estes há experiências frequentes de uma colisão e
contradição entre a alma e o espírito. A razão ditará um certo curso, as afeições
urgirão uma certa direção, a vontade procurará cumprir estes juízos e desejos, mas
há uma captura num lugar no interior, um algo chato, pesado, frio, entorpecido, no
centro de nós que estraga tudo, nos contradiz, e todo o tempo em efeito, diz não!
Ou pode ser o inverso. Uma compulsão e constrangimento interior, não encontra
nenhum encorajamento a partir de nosso juízo natural ou razão, e é
categoricamente contrário a nossos desejos naturais, gostos, inclinações,
preferencias, ou afeições; ao passo que nessa mesma esfera natural não estamos
de jeito nenhum dispostos para tal curso. Neste caso não é o juízo contra o desejo
como é frequentemente o caso na vida de todo o mundo, mas o juízo, desejo, e
volição todos unidos contra a intuição. Agora é a crise. Agora é para ver quem vai
governar a vida, ou que caminho é para ser escolhido. Agora o homem natural ou o
homem exterior sensorial e o homem espiritual ou interior têm que resolver os
assuntos. Aprender a caminhar segundo o espírito é uma lição para a vida toda do
novo homem, e assim que ele for vindicado – como ele sempre será no longo prazo
– ele virá a tomar a ascendência absoluta sobre o homem “natural” e sua mente, e
assim, pela energização do Espírito Santo no espírito do novo homem, a Cruz será
forjada para a nulificação da mente da carne – que em coisas espirituais sempre
acaba em morte, e na entronização da mente espiritual, a qual é vida e paz,
Romanos 8:6.

Isto, então, é a natureza do andar segundo o espírito, e sua aplicação é facetada.


Mas devemos lembrar a lei deste andar, a qual é a fé. Nós “andamos no espírito”,
mas “nós andamos pela fé”.

Para andar pela fé, deve haver na própria natureza do caso, um despido de tudo
que o homem exterior dos sentidos se apega, demanda, implora, como uma
segurança e uma garantia. Quando a vida espiritual do povo de Deus está no
ascendente, eles não são perturbados nem pela ausência dos recursos humanos por
um lado, ou pela presença das probabilidades humanamente esmagadoras contra
eles por outro.
Isto é patente na história deles como registrado nas Escrituras. Mas é também
verdadeiro que quando a vida espiritual é fraca, subdesenvolvida, ou na
decadência, eles procuram em volta por algum tangível, visível recurso, ao qual se
prender. Egito é a alternativa para Deus sempre e onde quer que a vida esteja
baixa. Crer e confiar nos direcionamentos intuitivos do Espírito Santo em nosso
espírito, mesmo que tudo esteja diferente dos caminhos dos homens, e mesmo que
assim nos trazer para a Canaã pelo que no momento está cheio de idolatria e onde
uma grande escassez reina; onde Satanás parece ser senhor, e nenhum fruto é
achado; onde tudo é tão contrário ao que o nosso homem exterior tinha decidido,
deve estar em conformidade com um direcionamento e uma promessa de Deus;
abandonar nossa velha esfera de vida no “mundo”, romper com nossa parentela,
nossa casa do pai, por isto – isto! E então ter que esperar por um despir bastante
continuo desses meios, e métodos, e hábitos, e juízos, os quais são a própria
constituição do homem natural – esta é a lei da caminhada espiritual, mas este é o
caminho escolhido e apontado de Deus da mais poderosa vindicação. Filhos
espirituais e riquezas, e frutificação, e serviço, permanência, e a amizade de Deus
são para esses Abraão da fé ou esses filhos de Abraão no espírito. Deus tem
estabelecido uma base de fé para Sua superestrutura de glória espiritual, e
somente aquilo que é construído sobre tal fundação pode servir fins espirituais. Que
este seja o teste de nosso caminhar em todo assunto pessoal, doméstico, de
negócios, e igreja. Aqui, novamente, temos um principio o qual se aplicado, seria
revolucionário, e chamaria para o abandono de uma tremenda quantia de coisas
mundanas carnais “naturais” em nossos recursos e métodos. “fé sem obras está
morta”, verdade, mas as obras da fé – do espírito – não são aquelas da carne, a
diferença é incomparável. O caminhar da carne é uma coisa mas o caminhar no
espírito é outra bem diferente. As coisas do Espírito são loucura para a carne.
Homens de fé veem o que outros não veem e agem em conformidade. Isto também
sendo verdade de homens que perderam a razão, os dois são frequentemente
confundidos, e os filhos da carne pensam dos filhos do espírito como loucos ou
insanos. Eles são incapazes de discriminar entre até a insanidade dos homens e “a
loucura de Deus que é mais sabia do que os homens”.

Abraão foi fortificado pela sua fé, mas seu caminhar na fé era intensamente prático,
todavia muito diferente do caminhar na carne. Um escritor disse que a fé nos traz
em dificuldades que são desconhecidas aos homens que andam na carne, ou quem
nunca saíram na fé, mas tais dificuldades, nos colocando para além do poder da
carne, para ajudar fazer especial revelações Divinas necessárias, e Deus sempre
tira proveito de tais momentos, para dar essa educação necessária do espírito. É
deste modo que os homens do espírito são ensinados e chegam a conhecer Deus
como ninguém outro O conhece. Desta maneira a fé é a lei do caminhar do novo
homem – o homem interior – que traz ele por sucessivos estágios para o próprio
coração de Deus, Que coroa este progresso com está incomparável designação
“Meu amigo!” Uma outra coisa em geral tem que ser mencionada. O novo homem
do espírito tem que aprender uma nova fala. Existe a linguagem do espírito, e ele
terá que perceber cada vez mais que “palavras persuasivas de sabedoria humana”,
ou o que o homem chama “sublimidade de palavras” (1Cor. 2:1) de nada valerão
no serviço espiritual. Se todos os discursos das religiões e pregações e falar sobre o
Evangelho que acontece numa semana fosse a expressão do Espírito Santo, que
impacto tremendo de Deus sobre o mundo seria registrado. Mas não é obviamente
assim, e este impacto não é sentido. É impossível falar no e pelo Espírito Santo sem
alguma coisa acontecer que seja relacionado à Eternidade. Mas esta capacidade
pertence unicamente aos “nascidos do Espírito”, espíritos os quais foram ligados ao
Senhor, e ainda assim eles têm que aprender como cessar de suas próprias
palavras e “falar ao eles serem movidos pelo Espírito”. É uma parte da educação do
homem interior ter seu homem exterior imolado na questão do falar, e ser trazido
ao estado o qual Jeremias foi trazido, “Eu sou apenas uma criança, não posso
falar”. Não só como pecadores temos que ser crucificados com Cristo, mas como
pregadores, palestrantes, ou falantes. A circuncisão de Cristo que Paulo diz, é o
cortar do corpo inteiro da carne, tem que ser aplicado a nossos lábios, e nosso
espírito tem que estar tanto em domínio que em todos os assuntos onde Deus não
pode ser glorificado, nós “não podemos falar”. Uma facilidade natural de discursar
não é em si mesma força para ministério espiritual. Pode ser uma positiva ameaça.
É um estágio de desenvolvimento real espiritual quando há um temor genuíno de
falar a menos que em “palavras que o Espírito Santo ensina”. Por um lado uma
inabilidade natural para falar não precisa ser uma desvantagem. Estar presente
“em fraqueza e temor, e grande tremor” (1Cor. 2:3) pode ser um estado de ânimo
que se torna um ministério apostólico, ou melhor, um ministério do Espírito Santo.
A fala de Deus é muito diferente em todos os sentidos daquela dos homens. Quanto
é dito nas Escrituras sobre “conversação”, “a língua”, “palavras”, etc, e sempre com
a ênfase de que isso deve estar no comando do espírito, e não meramente
expressões da alma em nenhum dos seus departamentos.

Se é verdade que somente o espírito vivificado pode receber revelação Divina, é


igualmente verdade que tal revelação requer uma dádiva de fala Divina a fim de
realizar seu fim espiritual.

Há muitos que pregam ou ensinam a verdade como a partir de uma apreensão


mental com a habilidade natural, mas as potencialidades vitais dessa verdade não
estão sendo manifestas nem em suas próprias vidas nem nas vidas dos que a
ouvem. Os resultados espirituais do esforço e gasto valem dificilmente a pena. A
virtude da fala resultando em fruto persistente para a glória de Deus, seja esse
falar pregando, ensinando, conversando, orando, não é em sua lucidez, eloquência,
finura, engenho, sagacidade, reflexão, paixão, seriedade, contundência, compaixão,
etc., mas somente em que é uma fala do Espírito Santo.

“Tua fala te trai” pode ser aplicado em muitas maneiras, pois se um vive na carne
ou no espírito, no homem natural ou no homem espiritual, sempre será manifesto
por como falamos e o efeito espiritual do fruto de nossos lábios.
Oh, por lábios crucificados dentre o povo de Deus, e Oh, por lábios dentre os
profetas de Deus tocados com as brasas de fogo do sangue salpicado desse grande
altar do Calvário.

Tendo lidado com um certo grau com a diferença, natureza, e características do


homem interior e exterior, devemos agora entrar em alguns ênfases específicos. O
primeiro destes é tudo inclusivo, e relaciona-se à

Ascendência do Homem Espiritual Sobre o Homem Natural


isto é ilustrado pelo simples diagrama aqui descrito. [clique aqui para visualizar o
diagrama "The Inner Man of the Heart"]. A criação do homem está marcada em seu
ser tripartito, com seu espírito como a esfera de sua união com Deus para todos os
propósitos Divinos. A natureza desta união encontra-se abaixo, e é quíntupla. Na
queda a alma foi permitida tomar a ascendência sobre o espírito; o espírito com
consciência, comunhão e intuição sendo submetida à alma com sua razão, desejo e
volição. Esta ascendência da alma fez o homem do que é mais tarde chamado; o
homem “natural” ex., almático (Gr. psukikos), e porquanto foi o raciocínio, desejo,
escolha, que foram inspirados e incitados pelo diabo, e a capitulação foi para ele, e
a união do espírito com Deus foi rejeitada e violada em todas suas reivindicações, o
resultado é que o homem não está somente separado de Deus mas em seu estado
natural é horizontado por uma vida mais baixa da que foi intencionada. Ainda mais,
ele é depois, chamado “carne”; esta é a lei ativa de sua condição caída. Não é algo
nele, é ele mesmo, o principio real de seu ser, e é sempre colocado contra o
“espírito”, o qual é o principio real da vida re-unida com Deus pela regeneração.

Além disso, como ele se rendeu, não somente à vida da alma, mas ao diabo, ele é
para sempre, até libertado por Cristo, acionado e influenciado pelo “deus deste
mundo”, cujos métodos não são sempre manifestados contra Deus, mas estão
sempre no lugar de Deus, mesmo até o ponto de projetar uma religião falsificada,
com fraseologia e meios similares. O resultado de tudo isto, como temos visto, é
morte espiritual ou de espírito; e a natureza da morte na Bíblia é primeiramente a
separação do espírito de Deus. Tudo o resto que é chamado de morte resulta disto.
Perdeu-se a semelhança, comunhão, conhecimento, cooperação, domínio, com tudo
o que por eles Deus queria e intencionava – esta é a fundação da morte. Assim
portanto “em Adão todos morreram”, “a morte passou para todos”. Isto pode ser
representado pelas linhas que são definidas mais claramente ao se moverem em
direção à Cruz. Este movimento indica como através do tempo do Velho
Testamento, que Deus por tipos e figuras está sempre pregando o fato de que a
morte é Sua sentença e deve ser levado a cabo. Podem ser vistas também, linhas
que se alargam desde o ponto da queda e a morte. Isso representa a mente do
homem natural acerca de si mesmo. Ele recusa o veredito Divino, e acreditando e
pregando um evangelho da bondade inerente da natureza humana, procura
desenvolver um sistema de melhora por todas as maneiras e meios. Para ele,
salvação está em si mesmo, e civilização, educação, reconstrução social,
melhoramento mútuo, etc., vai finalmente trazer uma idade de ouro. Ele recusa a
Palavra de Deus que demanda novo nascimento. Ele faz do pecado e mal, algo
negativo, e assim por diante. Por conseguinte, a estimativa do homem de si mesmo
está sempre crescendo, e o contrário à mente de Deus.

No centro da história Deus coloca a Cruz, e na Pessoa representativa de Cristo


reúne toda a raça sob Sua própria sentença e a leva até o seu completo
desenvolvimento na morte. Descendo pelo centro da Cruz está uma linha zero
preta. Isto marca no juízo estabelecido de Deus, o fim do homem natural. Desde
esse ponto Deus não tem mais nada a ver com o homem, apenas no terreno dessa
vida que é gerada da morte (Rev. 1:5). Ele demanda que haja tanto uma aceitação
e testemunho nascido do fato de que quando Cristo morreu nós morremos, que nós
fomos “crucificados com Cristo”, (Rom. 6:3; Col.2:12, etc.) isto tem sido tratado
em certa medida em “Incorporação em Cristo”, Nm.1*. Logo chegamos a este lado
da Cruz e as linhas se cruzam uma outra vez. Primeiro, está o começo do novo
homem – o homem interior – o homem espiritual. Ele é “gerado novamente pela
ressurreição de Jesus dentre os mortos”, 1Pe. 1:3. Aqui incia-se essa vida,
caminhar, conhecimento espiritual, etc., do qual temos falado, e portanto, aqui
começa esse processo da vida pelo qual o novo ou homem espiritual toma a
ascendência sobre o velho ou homem natural pelo poder da Cruz.
À medida que “andarmos no espírito” cessamos de “satisfazer os desejos da carne”.
Assim, no espírito pela habitação do Espírito de Deus há, por meio do Calvário, uma
restauração, e mais do que uma restauração da semelhança perdida, comunhão,
conhecimento, cooperação, e domínio espiritual.

Enquanto o homem espiritual e interior é renovado, fortalecido, educado, o homem


natural e exterior é levado à sujeição e roubado de seu domínio, até lentamente a
alma ser feita a serva do espírito renovado, e o corpo é subordinado como o
instrumento para fazer o que a alma tem chegado a entender enquanto à vontade
do espírito, que por sua vez foi “ligado ao Senhor Um Espírito”.

Não há limite de tempo para este processo ou progresso. Alguns têm mais que
desaprender que outros. Os espíritos de muitos não são tão puros como os de
alguns porque eles têm sido abafados e obscurecidos por muita apreensão mental
ou emocional. Muitas vezes um vê numa reunião pessoas cujos espíritos recebem
muito pouco porque eles estão julgando com suas cabeças segundo algumas
doutrinas aceitadas, ou eles são preconceituosos, desconfiados, tendenciosos, ou
escravos de um sistema e não em liberdade no espírito. É uma alegria encontrar
um espírito puro e aberto. Neste sentido temos que “voltar e nos tornar como
pequenas crianças”. Quão puro o espírito de uma criança é! Por isso, quão
verdadeiras são suas intuições e discernimentos. Alguns de nós lembra agora do
juízo que fizemos sobre certas pessoas, quando nós eramos muito jovens. Nossas
conclusões eram bem claras e definidas, apesar de nunca podê-las declarar, mas
olhando para trás com o entendimento maior, quão perfeitamente correto
estávamos, e o tempo tem só corroborado nossos “sentimentos”. Nós não
chegamos a eles pelo raciocínio, ou conhecimento, ou mesmo observação
estudada, nunca poderíamos dar nossas razões ou nos explicado na questão. Estas
eram puras intuições de um espírito transparente. Esse é para ser nosso estado,
não na esfera natural mas na Divina. Senhor, nos faça nesta questão ter o espírito
de uma criança, pois dos tais é a esfera dos celestiais!

Agora vemos por que é que o Senhor está primeiramente interessado com nosso
espírito. É aqui que a nova vida reside; é aqui que o Espírito Santo opera: é aqui
que nossa verdadeira educação acontece: é aqui que temos comunhão com Deus: é
aqui que é para sermos feitos fortes: é aqui que resistência ao inimigo é para ser
estabelecida: é aqui que autoridade sobre forças malignas espirituais é para
funcionar. É este espírito possuído da ressurreição da vida de Cristo que é a
semente do corpo ressuscitado; é aqui que nós somos salvos na prova: é aqui que
essa vida sem pecado, inviolável, de Deus não está (1João 3:9, 5:18) em nosso
velho homem ou “exterior”. É apenas quando vamos para o homem exterior que o
inimigo tem poder sobre nós.

Coloquemos apenas uma nota de aviso aqui. Existe um perigo em vivermos


demasiado em nosso próprio espírito como um algo em si mesmo. Para o filho de
Deus regenerado, o Espírito Santo é o morador Divino do espírito humano, e não é
nosso espírito mas Sua presença em nosso espírito que tem que ser nossa direção
e governo. Uma maior razão para este aviso será mencionado mais tarde, mas
como um principio muito vital de segurança nesta questão, enfatizemos a natureza
corporativa da obra do Espírito Santo. Ele é essencialmente a dádiva para o Corpo
de Cristo como um todo, e somente habita membros individuais relativamente. É
Cristo corporativo quem é ungido nesta era para cumprir o eterno propósito, e o
Espírito Santo repousando em e sobre o “Corpo” (1Cor. 12:12) energiza e dota
cada membro em relação ao conjunto e à “Cabeça” (Ef. 1:22). Consequentemente,
direção espiritual deve ser corporativa, e o complemento, corroboração, e
confirmação deve ser buscado nos espíritos de “dois ou três” membros. Este
“discernir do Corpo” (1Cor. 10:16,17; 11:29) é importante na questão do serviço
na comunhão. Deus é zeloso da ordem adequada no Corpo de Cristo, e falhar em
reconhecer isto é a causa rastreável de muito erro, caos, e ruptura; como também
de fracasso, sofrimento e vergonha. Existem também “juntas de fornecimento” no
“Corpo”, e embora eles não componham uma classe ou ordem sacerdotal ou
eclesiástica, eles estão em – pelo desígnio de Deus e selo do Espírito – numa
posição e capacidade representativa. Deus não terá estes apartados, mas requer
que aqueles que estão dentro da esfera de vigilância (1Pe. 5:2, etc.) consultem
com eles, “comparando coisas espirituais com espirituais) na questão do serviço e
conduta, como em questões da verdade e doutrina. Onde isto é possível, Deus
fecha Sua direção a esta lei, e somente problemas podem resultar mais cedo ou
mais tarde se a lei é ignorada. Não devemos negligenciar as designações Divinas
dentro do “Corpo” (Ef. 4:11 -14). estas designações foram feitas e estes dons
pessoais foram dados para o “aperfeiçoamento dos santos para a obra e ministério,
para a edificação do Corpo de Cristo até” - até quando, o fim da era apostólica? -
“até que cheguemos... à medida da estatura da plenitude de Cristo”, e isso ainda
não tem acontecido.

TENDO sido tão definitivo em apontar que todas as operações Divinas no “Novo
Homem” são direcionadas para a completa ascendência do espírito sobre a alma e
corpo, e que a unção de Deus repousa dentro e sobre o “Homem Interior”,
podemos apenas salientar duas coisas. Uma é que qualquer coisa que possa
aparecer do contrário na emoção, prazer, gratificação, alegria, atividade, resolução,
etc., somente aquilo que vem do Espírito Santo-habitado-espírito é espiritual e
efetiva fins espirituais. O homem natural-almático pode fazer óleo, o qual é uma
imitação do “Óleo da Santa Unção”, ou fogo que é “Fogo Falso”, que parece servir o
mesmo propósito e produz resultados similares. Assim, na mesma reunião, alguém
pode falar por revelação sob a unção do Espírito de Deus, trazendo aqueles
presentes face a face com questões de tremenda significância, e outro pode lançar-
se num mar revolto de ideias bonitas e correntes emocionais fortes, e capturar a
reunião, mas para nenhuma das pessoas discernentes espirituais presente. E
pressão e vigorosidade da vida deixam muitos abertos para o perigo desses
estimulantes emocionais, mentais, e volicionais, mas pode apenas ser na esfera
religiosa o que o álcool ou drogas são na esfera física. Os resultados perniciosos são
que pessoas devem ter mais e mais, e eles selecionam tal como os pode produzir, e
se reúnem em volta de um homem. Isto é claramente mostrado por Paulo ser
“carnal”. É o oposto da “unção que tendes recebido residindo em vocês, e não
precisam que ninguém vos ensine”. Isto faz necessário a segunda coisa, a saber,
discernimento espiritual. Devemos procurar mais e mais do Senhor, um vivificar e
purificar do espírito, e devemos andar segundo o espírito em qualquer que seja o
discernimento que tenhamos, para assim sermos salvos do “óleo” da imitação que
engana e finalmente nos joga ou no erro ou nos leva a um beco sem saída. Tais são
os que são “levados por todo vento de ensino”. Discernimento espiritual é uma das
necessidades mais vitais do povo de Deus hoje. Nada pode tomar seu lugar, nem
mesmo o mais sábio e melhor ensino ou conselho. Somente aqueles que têm
discernimento espiritual serão poupados da distração e desespero da
desconcertante massa de ensino conflitante, “manifestações”, e movimentos destes
dias por vir.

Há outra coisa que obreiros cristãos devem lembrar. É sempre perigoso e


paralisante permitir sentimentos almáticos humanos entrar e tomar a precedência
sobre o espírito em relacionamentos, onde ajuda espiritual é preciso. Compaixão,
amor, simpatia, preocupação, interesse, desejo de ajudar, etc., deve ser
absolutamente sob o controle e direção do espírito. Falhar em observar esta lei tem
resultado em algumas das tragédias morais e espirituais mais horríveis na vida dos
obreiros cristãos. Se permitirmos ou atração natural ou desejo humano por um
lado, ou repulsão natural e desgosto humano por outro lado, para ter alguma
posição dominante, as consequências podem ser desastrosas, e o resultado será
certamente fracasso espiritual. Muitas vezes mesmo no caso de um relativo
querido, o interesse humano tem de ser bem secundário – às vezes excluído
totalmente – antes de que um acontecimento espiritual possa ser efetuado. NOSSA
vontade e anseio tem que ser rendido ao de Deus.

Antes de fechar aí, há apenas duas coisas que um sente que devem ser
mencionadas. Tendo visto que a base de toda comunhão e cooperação com Deus é
espiritual, em e através do espírito nascido de novo, devemos perceber que isto
imediatamente define a natureza real de nosso serviço. O pano de fundo de toda
condição cósmica é espiritual. Por trás das coisas visíveis estão as coisas invisíveis.
As coisas que apelam não são as coisas últimas.

“O mundo inteiro jaz no maligno”. Existe uma jerarquia espiritual que, antes deste
mundo existir, revoltou-se contra a igualdade do Filho com o Pai no Trono, e apesar
da expulsão para fora do céu e condenação eterna que se seguiu, tem estado em
revolta ativa e antagonismo a esse “eterno propósito” por todas as eras. Uma certa
retenção judicial sobre esta terra e a raça em Adão foi adquirida por Satanás
através do consentimento desse primeiro Adão, por meio do qual o propósito de
Deus deveria ter sido realizado nesta terra.

Deste modo temos Paulo dizendo aos membros do Corpo de Cristo – O Último Adão
– que sua - “luta não é contra mera carne e sangue, mas contra principados, e
potestades, e príncipes das trevas deste mundo, e hostes espirituais da maldade,
nos lugares celestiais”.

Quanta coisa é recolhida em essa frase inclusiva “das trevas”. Quanto é dito sobre
isso nas escrituras. A necessidade de ter olhos abertos é sempre básico para a
emancipação (ver Atos 26:18). a causa de toda “estas trevas” é dito ser “hostes
espirituais da maldade nos lugares celestiais”. Literalmente traduzido, as palavras
são “as espiritualidades” ou “os espirituais”, significando, seres espirituais.
“Maldade” aqui não apenas quer dizer meramente maldade inerente ou mal, mas
malignidade; destrutivo, nocivo.

“Nos lugares celestiais” simplesmente significa habitando uma esfera além da


terrena, não limitada a localidades geográficas terrenas; movendo-se na esfera
cercando a terra e habitação humana.

“Príncipes dominadores” significa que estas hostes espirituais malignas estão


dirigindo e governando o mundo onde quer que o governo de Cristo não tenha sido
sobreposto pelo meio de Seu Corpo – a Igreja espiritual.

“Principados e Potestades” (autoridades) representam ordem, classe, método,


sistema. Satanás não é omnipresente, daí ele deve trabalhar através de uma
divisão organizada do mundo sob estes principados e autoridades, e ele mesmo
“vai lá e para cá na terra”, e tem assentos aqui e lá (Job 2:2, Rev. 2:13, etc.).

O apóstolo declara que a explicação das situações é para ser catada no invisível,
por trás da aparência atual.

O que parece como o natural tem sua origem muitas vezes no sobrenatural. O
homem está sempre tentando dar uma explicação natural e portanto colocar coisas
direto por meios naturais. Mas quando eles vêm contra uma situação na qual
interesses do Cristo de Deus está envolvida, ele é derrubado e vencido. Tais
situações se tornaram comuns – ou mais ainda – a ordem esmadora do dia entre
“obreiros cristãos” nestes dias, tanto no exterior como em casa. Não temos
intenção de tratar com o assunto em medida aqui, mas declarar o fato, e fazer
lembrar o povo do Senhor especialmente que em mais esferas do que essa de
atividade Divina, “o que é visível não foi feito das coisas que se veem”, mas essa
multidão de coisas na vida diária que são hostis para interesses espirituais devem
ter sua explicação por detrás. Enfatizemos que esta união espiritual com Deus na
super Cósmica significância da Cruz de Cristo significa que nossa suprema
efetividade está na esfera espiritual. Nós que somos os “espirituais” Divinos é para
sermos energizados pelo Espirito Santo para ter ascendência em Cristo sobre os
“espirituais” Satânicos, e assim saber algo mais do que mero domínio terreno, mas,
“assentados juntamente com Ele nos celestiais” (quanto a nosso espírito) temos
que aprender a reinar nesse maior “reino dos céus” do qual o reino milenar terreno
é uma contrapartida terrena.
Afirmemos novamente que todas as energias de Deus em nosso espírito são para
uma união espiritual corporativa com Cristo através do qual o impacto de Sua
vitória e soberania será registrada entre e sobre os “principados e potestades”,
etc., e sua dominação paralisada, e finalmente destruída.
A última palavra é para apontar que é por causa de que o homem tem, e
centralmente é, um espírito, que ele pode ter intercurso com espíritos caídos, nós
acreditamos que isto explica o sistema inteiro do espiritismo (espiritualismo) e que
os supostos defuntos com os que os espiritualistas comunicam-se são nada menos
que estas “hostes espirituais” personificando o defunto, a quem eles conheceram
durante a vida. Deixando as muitas fases disto em suas operações e
acontecimentos no fim dos tempos, observemos que o terrível nêmesis em mentes
e corpos naufragados; almas assombradas, impulsionadas, atormentadas, razão
desprovida; asilos lotados, prisões; suicídios, naufrágios morais e espirituais, etc., é
porque aquilo que foi dado ao homem especificamente para união, comunhão e
cooperação com Deus, a saber, o espírito do homem, tem sido usado como o
médium e instrumento para esta invasão demoníaca e controle de sua vida. As
tremendas advertencias e juízos terríveis associados com todo tipo de espiritismo;
necromancia, bruxas, “espíritos familiares”, etc., são por causa da cumplicidade do
espírito, flerte, consorte com espíritos caídos, cujo propósito é sempre capturar
homens e mulheres por meio de seus espíritos. Isto eles farão mesmo pelo disfarce
de um anjo da luz, e falando religião. Estranho, não é, que cinquenta anos atrás
homens jogaram fora a crença no sobrenatural nas escrituras, e hoje eles e sua
escola com tanta força abraçam o espiritismo? Certamente isto é “a operação do
erro” enviada para que eles não recebam a verdade por amor a ela, “possam crer
UMA MENTIRA” a fim de que sejam condenados” (2Te. 2:11).

Foi o contexto de suas vidas que levou à destruição dos egípcios, cananeus, etc., e
isto era espiritismo em formas diferentes; mas foi eles terem sido unidos a
demônios que os envolveu.

As pessoas mais espirituais salvo da união do novo nascimento com Deus, estão no
maior perigo aqui, e até o próprio povo do Senhor, por razão de sua mesma
espiritualidade, precisam constantemente permanecer na Cruz de Cristo, para que
eles não fiquem expostos às “ciladas do diabo”.

Primeiramente publicado em 1927 na Revista Um Testemunho e Uma Testemunha,


também publicado como livreto pela Editora Testemunha e Testemunho. Esta
versão é do livreto.

O Visível e O Invisível
por T. Austin-Sparks

(O Lema de 1928)
Fé é a vitória que vence e “fé é a convicção da realidade das coisas que se não
veem”.

Se isto é verdade, então o segredo da vitória é a capacidade e a persistência


deliberada em olhar - não as coisas que se veem - mas as que “se não veem”. Isto
tem sempre sido provado na história e experiência do povo de Deus. Paralisia,
derrota, desastre, tem sido sempre consequências do juízo sob a visão dos olhos
(os olhos dos sentidos naturais). A vitória tem sempre acontecido, mais cedo ou
mais tarde, àquele que tem confiança e discernimento dos recursos Divinos e
realidades por trás das coisas.

Muitas vezes, esta dupla questão sobre este único principio, é vista no registro
bíblico da experiência do homem. Muitas vezes libertação acontecia porque era
concedida a alguém ascendência espiritual e moral, porque em suas caminhadas
íntimas com Deus, os olhos interiores recusaram a tirania dos olhos exteriores e
entregaram-se a um espontâneo “NÃO OLHAR”! Quantas vezes o efeito triunfante
da admoestação Divina era negativamente “NÃO PARA AS COISAS QUE SE VEEM”,
e positivamente “MAS PARA AS QUE SE NÃO VEEM”. E quando “as coisas visíveis”
eram ocultas para a purificação da fé, a soma total de todas as coisas se resumia
“NAQUELE que é invisível”.

Portanto, quando um mar profundo está à frente, um faraó tremendamente


endurecido e enfurecido com suas hostes persegue ferozmente, cumes inegociáveis
levantam-se de cada lado – uma situação humanamente impossível – a atitude
salvadora é “Não para as coisas que se veem, MAS”, e que grande “mas!”

Uma terra de promessa, de cumprimento, de realização, a entrada no propósito de


uma longa e dolorosa preparação encontra-se imediatamente adiante. Mas, como é
muitas vezes o caso, existe um grande desafio final para a espiritualidade ante a
carnalidade, que determina entre um êxodo e um eisodus (entrada). Dificuldades
gigantescas são demonstradas diante dos sentidos, e Deus espera no escuro
invisível.

Novamente a questão de ir e entrar, ou voltar e sair depende de uma capacidade


para apreender o Supremo Recurso, e a exortação é novamente ouvida - “NÃO
PARA AS COISAS QUE SE VEEM”.

O servo de um profeta que depende da percepção espiritual de outro, e não tem


nenhuma dele próprio, verá somente as forças da terra assediando a cidade e ficará
petrificado com medo e paralisado com receio. Mas o profeta, que tem uma
comunhão de primeira mão com Deus, vê as montanhas ao redor cheias com “as
carruagens de Israel e seus cavaleiros”.

Um apóstolo, que tem visto aquilo para o qual os outros têm estado cegos por
causa de suas carnalidades, e porque eles não sabem que o Senhor encontra sua
suprema oportunidade quando todos no grupo estão aterrorizados e em desmaio
por causa das coisas que se veem – tormenta, tempestade, devastação, escuridão,
ameaça de destruição. Tudo cai em suas mãos porque seus recursos começam
onde os recursos dos homens acabam e sua confiança não está apoiada sobre “as
coisas que se veem”, mas “nas coisas que se não veem”.

Assim podemos ilustrar ad libitum (à vontade). Satanás trabalha na linha dos


sentidos do corpo e alma, e muitos filhos sinceros de Deus são desviados por estes
respectivos apelos. Deus busca Seus fins em e através do espírito, mais profundo
do que sentimentos ou visão, mais profundo do que sensação e emoção ou razão.
Satanás é grande em demonstrações.

Deus é grande em Se esconder a Si mesmo, a fim de que Ele possa ser buscado no
espírito e na verdade. Se a Igreja é um corpo celestial, se a lei de sua vida é fé, e
se a peregrinação da fé é transladação e transição do terrestre para o celestial, do
natural para o espiritual, então, certamente podemos esperar que quanto mais
perto a Igreja chegar do fim de sua jornada, mais aguda ficará a demanda por
visão espiritual, discernimento e percepção. Mais Satanás procurará sucesso pela
decepção no terreno dos sentidos, e mais o Senhor fará Sua verdadeira vida
espiritual, sem comprovação terrena, evidências e gratificação, pela pura essência
da fé, olhando “não para as coisas que se veem”, ou PARA coisas vistas. O espírito
da peregrinação é este dos “desconhecidos na terra”, e o sentido da estranheza e
distanciamento do plano terrestre deve necessariamente aumentar até chegar a
uma agonia de saudades da pátria e desejo pelas coisas que são celestiais.

Então reunindo as palavras; vitória, progresso espiritual e serviço transcendente


dependem de uma capacidade espiritual para reconhecer, basear, e descansar
nessas coisas Divinas invisíveis, mas todo inclusivas “NELE MESMO”. “JESUS”.

Tome este lema palavra por palavra, pedaço a pedaço.


“ENQUANTO”. - Pode ser todo o tempo, sem lapsos porque deixamos de desviar o
olhar.

“OLHAMOS”. - Deliberadamente, fixamente, em fé.

“NÃO PARA AS COISAS QUE SE VEEM”. - Seja isto um exame, um aviso, uma
repreensão, uma correção nas horas da impressão aparente.

“MAS”. - Toda adversidade e dificuldade podem ser muito reais, atuais ou


ameaçadoras - “Mas-”.

“PARA AS COISAS QUE SE NÃO VEEM”. - E quem sabe a suprema realidade,


embora muitas vezes escondida da consciência natural. - “Cristo EM VOCÊ”.

“FITANDO”. - Oh, para uma gravitação espontânea e treinada de fitar – desde –


para.

Primeiramente publicado na revista “Um Testemunho e Uma Testemunha” Jan-Feb


1928, Vol 6-1

A Cruz e a Libertação da Mente


por T. Austin-Sparks

Existem poucas causas mais malignas de paralisia espiritual, por assim dizer, do
que uma mente não renovada ou desprotegida. Aprendemos por experiências
amargas, que o principal objetivo do adversário, e o meio mais importante para
seus fins, é a mente. Noventa por cento dos problemas tanto dos filhos de Deus
individualmente e no contexto da comunhão (ou comunhão bloqueada) do povo do
Senhor, é derivada da operação de uma mente não renovada na qual há ainda
carnalidade, ou da mente desprotegida se tornando o parque do “príncipe das
potestades do ar”. Há três aspectos ou direções desta atividade mórbida – para
com Deus, para com o homem, e para si próprio; ou para cima, para o exterior e
para o interior.

Tomemos a segunda primeiramente.

A Paralisia de um Conceito Mental Duvidoso para como o Homem

Nesta esfera temos um catálogo inteiro de sintomas infelizes. Cristãos com um


verdadeiro conhecimento de Deus e com um real caminhar com Deus tornando-se a
presa de todo tipo de pensamentos sobre outros; juízos errados, preconceitos,
criticas, imaginações, etc.

Plutarco falou de uma grande conflagração pública que foi resultante de uma fofoca
gerada em uma roda de fumo em um sótão.

Quão verdadeiro é que uma sugestão ardente e inextinguível feita à mente,


imediatamente envolve essa mente e muitas outras em um fogo de devastação
espiritual de grande alcance. A atividade de nossa própria mente natural à parte da
verdadeira revelação do Espírito Santo; a observação, sugestão, interpretação,
relatório, descrição, informação de outros; a insinuação, complexão, perspectiva,
apresentação de espíritos malignos em, através, ou além do acima; o “julgar
segundo a vista dos olhos e a audição dos ouvidos” (algo que é dito que o Senhor
nunca faria), o raciocínio da razão; como isto leva à aprisionamento, inflamação,
desafeto, não só no membro em questão, mas – se conhecêssemos as leis do
relacionamento espiritual – em todo o organismo espiritual.

Um micróbio deste tipo pode ser uma mentira em substância, ou, mesmo sendo
verdade em substância, ainda assim pode estabelecer uma base errada de
relacionamentos, ex: humano ao invés do Divino; “conhecendo segundo a carne ao
invés de pelo o espírito”. Oh, se apenas o povo do Senhor obedecesse a injunção
profundamente sábia “examinai todas as coisas!” Tal conceito que mencionamos
será em breve alimentado pelo inimigo, e evidencias aparentes se acumularão de
todos os cantos para justificá-la (?). Quando relacionamentos estão tão infectados,
ação coordenada e funcionamento corporativo são impossíveis, e o objetivo do
diabo é obtido.

A seguir, quanto à direção para com Deus.

A Paralisia de uma Mente em Questionamento

Este é peculiarmente o perigo de filhos de Deus severamente tentados, ou o perigo


à espreita em momentos e lugares de adversidade. Uma dúvida quanto ao amor, a

sabedoria, o poder, a fidelidade de Deus. Poucos são os que passam por essas
situações sem sequer a consciência deste espectro, e não muitos têm passado
pelas profundas águas e fogos intensos sem um “por quê?” para com Deus, pelo
menos em seus pensamentos. “Por que eu?” “Por que sempre eu?” A ruína da raça
foi resultado de uma aceitação da insinuação de Satanás, que Deus afinal de
contas, não estava realmente favorável ao maior bem estar do homem; que havia
algo que Ele estava retendo, e a desconfiança em Deus tem sido sempre um golpe
de mestre contra a lei primária da união com Deus - fé.

Quando esta semente de dúvida é plantada na mente e a ela é permitido


permanecer, não se passa muito tempo antes que cada fase da vitalidade espiritual
seja paralisada; oração, comunhão, a Palavra, ministério, serviço, testemunho; e
Deus não pode fazer nada com aquele que duvida.

Logo mais,

A Paralisia de uma Contemplação Introspectiva

Existem muitas pessoas cujos olhos estão sempre se voltando para dentro;
autoexame, auto-análise, autoavaliação. Elas estão sempre olhando a suas próprias
línguas espirituais e tomando seus próprios pulsos espirituais; comparando se a si
mesmas desfavoravelmente com outros conhecidos, e projetando suas próprias
sensibilidades espirituais para serem machucadas. Que acusações e condenações o
inimigo é capaz de direcionar e colocar sobre esses! Não é de se maravilhar que
logo elas alimentem duvidas quanto à verdade da sua própria salvação e aceitação
em Deus. Isto leva ao pesadelo de se ter cometido o pecado imperdoável. Oh, os
perigos de um individualismo demasiadamente estrito na salvação!

É claro que esta morbidez introspectiva resulta muito rapidamente em paralisia, e


alegria e paz são “frutos do Mar Morto” aqui.

O Caminho para a Libertação

Bem, tendo diagnosticado o caso, chegamos ao ponto do remédio.

1. Um reconhecimento básico.

Antes que possa haver qualquer esperança de uma cura, deve haver o claro,
definido, deliberado, e conclusivo reconhecimento do FATO de que todo este
problema origina-se e é perpetuado pelas “hostes de espíritos malignos nas regiões
celestiais (inferior)”, “o príncipe das potestades do ar”, “o deus deste século” (Ef.
6:12, 2:2; 2Cor. 4:4).

Estas potestades das trevas estão sempre tentando conseguir um alojamento e


obsessão na mente por um pensamento ou ideia, e assim colorir ou preencher o
inteiro horizonte com ela. Eles insistirão e insistirão com a sugestão para manter a
mente entretida com ela.

Não é de admirar que termos militares são usados pelo Espírito Santo nesta
conexão. “As armas de nossa guerra não são carnais, mas poderosas em Deus para
a destruição de fortalezas, destruindo imaginações e toda a altivez... e levantando
cativo todo o pensamento à obediência”, 2 Cor. 10:4. “A palavra de Deus é... mais
penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e

do espírito... e é apta para discernir os pensamentos... Heb 4:12. “A paz de Deus


guarnecerá sua... mente”.

Portanto, no assunto da mente, uma intensa guerra é claramente revelada em


ação, e forças defensivas, cativantes e aderentes são necessárias. A provisão de
Deus não é para a proteção de nossa própria carne, para isso Ele requer que nos
consideremos como mortos, mas contra o adversário. É também necessário termos
em mente que as potestades do mal se interpõem entre nós e outros, e outros e
nós, e estabelece falsas situações, distorce coisas ditas, interpreta mal qualquer
coisa capaz de ser mal interpretada, e até mesmo criando ou sugerindo um senso
de tensão e desafeição quando de fato isso não existe. O reconhecimento destes
fatos, a medida que a vida espiritual e obra se intensificam (explicando por que o
mais espiritual torna-se geralmente o mais profundamente envolvido), é básico
para qualquer libertação.

2. A localização do problema.

Um passo a mais em direção à vitória é um rastreamento da localização do


problema. Temos que nos assegurar da razão básica e da causa do mal. Afinal de
contas, está esse motivo em nós mesmos? Acaso não há realmente e
verdadeiramente uma revolta em nós contra isso? Será que nós temos interesses
pessoais em vista? Há ambições, preocupações, direitos (?), competências pessoais
secretas? Realmente nos importa se perdemos tudo se apenas Cristo entrar
sozinho? Temos “aprendido tanto a ser humilhados como a ser honrados?”

Se pudermos dar uma clara reposta a Deus em tais assuntos, será que não
chegaremos à conclusão que estes pensamentos e sentimentos que
constantemente nos preocupam, são de nossa escolha ou consentimento? Seriamos
gratificados ou magoados se nossos pensamentos sobre outros fossem provados
verdadeiros? Isto é um bom teste.

3. Uma necessidade vital.

Ora, seja de fora ou de dentro, deve haver um instrumento e terreno EM nós como
também fora de nós para a vitória. Estes são o espírito e a mente renovada. A
mente natural e a mente carnal são o terreno de Satanás. Não precisamos aqui nos
referir às Escrituras que se referem a isto; é suficiente dizer que o Espírito Santo
reside dentro do espírito renovado de cada “nascido do Espírito”. Sua obra é fazer a
Cruz de Cristo real e eficaz na vida do crente e. Mas Ele faz isto cooperativamente.
Isto é, ele dá testemunho a favor da verdade e contra a mentira. Ele julga as coisas
por nós, e enquanto andarmos segundo o espírito e não segundo a carne, seremos
ligeiros em discernir o que o Espírito diz. Quando, portanto, Ele dá testemunho e
registra Seu juízo, Ele nos chama em nosso espírito renovado para tomar Sua
capacitação, e positivamente e deliberadamente levar a coisa julgada à Cruz e ao
terreno da vitória do Calvário para recusa-la e repudia-la. Assim aprendemos a ser
fortes no espírito à medida que atuamos em fé sobre a energização de Sua força,
mas tudo permanece na Sua força e ela nunca se torna nossa de forma
independente. Descobriremos que tal curso traz libertação, mas pode ser que o
inimigo volte uma e outra vez com a coisa velha até que ele perceba que nós temos
aprendido como “resistir” eficazmente, e assim ele mudará seu método. São o
Corpo de Cristo e seu testemunho corporativo que estão envolvidos, e um devido
reconhecimento disto será um motivo e dinâmica mais adequados para a nossa
resistência do que uma preocupação meramente pessoal.

Os dois diagramas em anexo ilustram o principio aqui enunciado, e pode ser


estendido para tudo que contribui para paralisia espiritual e morte.

Primeiramente publicado pela editora Testemunha e Testemunho como livreto em


1928.

Que É o Evangelho
por T. Austin-Sparks

É muito importante que saibamos o que é o Evangelho. Se nos fosse pedido


declarar que é o Evangelho, provavelmente indicaríamos algumas passagens da
Escritura que consideramos serem inclusivas do Evangelho. Provavelmente João
3:16, e dizer – isso é o Evangelho. Estaríamos certos até certo ponto, mas no
máximo estaríamos apenas afirmando certas verdades básicas sobre o Evangelho;
verdades gloriosas, e contudo não sendo em si mesmas o Evangelho em sua
plenitude ou em seu significado central.

Essas verdades são fatos maravilhosos e constituem partes do Evangelho, mas não
é o Evangelho no sentido o qual você e eu devemos entendê-lo e conhecer seu
significado.

Acredito que o Evangelho é justamente isto, simplesmente, mas mais


profundamente, que o Filho de Deus, Quem é também o Filho do Homem, veio, e
em Sua vinda expressou no mundo o tipo Divino do que Deus intencionou antes dos
tempos eternos que Sua raça, Sua criação seja. Isto é, Deus contraiu-se ao espaço
da vida humana; Deus manifesto na carne; Deus combinando com Sua essencial
natureza própria outro tipo de criação chamada “homem” e nessa combinação,
produzindo como de Si próprio, um tipo, uma classe, espécie que nunca ocupou o
mundo anteriormente (até onde sabemos), o qual era Seu pensamento e concepção
antes da fundação do mundo. Uma criatura na qual Deus é Ele mesmo residente
pela Sua Natureza Divina; e na vinda do Senhor Jesus, o Cristo, temos essa espécie
representada, esse tipo manifestado, e isso é o Evangelho. Que na imagem desse
Filho aqueles que se tornam identificados com Ele em unicidade dessa vida Divina,
são destinados a serem conformados, a serem o instrumento para a manifestação
de Deus pela Sua habitação.

E esse é o mistério do qual o apóstolo Paulo fala tanto, você é familiar com a
palavra: “o mistério que esteve oculto durante épocas e gerações que é Cristo em
vocês, a Esperança da glória.” “Este mistério é grande; nós somos membros de Seu
Corpo, de Sua carne, e de Seus ossos.” A compreensão disto será tanto pessoal
como corporativa.

Agora o Mestre lançou alguns raios de luz antecipados sobre essa revelação que era
para vir mais tarde pelo Espírito Santo, através do espírito habitado da Igreja e
seus membros, quando Ele disse palavras com as que estamos bem familiarizados -
“nesse dia (que dia? Bem, nós sabemos) vocês saberão que estão em Mim e Eu em
você,” “e se alguém Me amar, guardará Minhas palavras e Meu Pai o amará e
viremos a ele e faremos nossa morada com ele.” Mais além, em Sua oração: “Eu
neles e Tu em Mim,” e novamente: “Se alguém ouvir Eu entrarei para ele.”

A seguir mais tarde, estas palavras da realização desse maravilhoso prenunciado e


promessa: “se Cristo está em você, o corpo está morto por causa do pecado, o
espírito é vida por causa da justiça.” “que Cristo habite em vossos corações pela fé”
- “Jesus Cristo está em você,” - e “para mim viver é Cristo” ao que pode ser
acrescentado muitas declarações e pronunciações relativas a esta grande verdade
central.

O Evangelho é a manifestação e revelação daquilo que estava no coração de Deus


antes do mundo, quanto ao que Seu próprio povo deve ser; que Seu povo em
quem Ele mesmo é residente, através de quem Ele revela e manifesta a Si mesmo,
são definitivamente participantes de Sua natureza Divina, e que esse
representativo, Jesus Cristo, o Filho de Deus e Filho do Homem, tem alcançado
essa obra pela Sua Cruz, por meio da qual Deus pode obter Seu fim e realizar Seu
propósito original. Isso é o Evangelho. E vendo Ele, não como uma figura histórica,
não como apenas Jesus de Nazaré, mas vendo Ele como o representativo de todos
os filhos de Deus como Filho inclusivo, e entendendo a verdadeira natureza do
Senhor Jesus, vemos aquilo que Deus tem desde a eternidade nos escolhido para
ser Nele mesmo. Essas são as Boas Novas; essa é a promessa, essa é a profecia,
esse é o poder. É claro, estou bastante consciente de que muitas perguntas podem
surgir de uma afirmação como essa, mas não tenho a cautela para ficar e discutir
isso neste momento. Queremos reconhecer uma ou duas coisas em relação a este
tema que resultam dessa declaração.

Temos dito muitas vezes que embora Deus criou Adão e intencionou ele para
cumprir basicamente, e para realizar, a obra que Cristo, o Senhor veio a fazer e
realizar, era senão uma criação probatória; Ele não criou ele no início no mesmo
plano que o Senhor Jesus, e portanto, ele nunca perdeu o que o Senhor Jesus
recuperou, mas o Senhor Jesus trouce infinitamente mais do que Adão jamais
perdeu.

Era a intenção Divina que em última análise o Senhor habitasse e residisse no


interior e manifestasse a Si Mesmo, como a partir do homem de Sua criação. Mas
essa primeira criação que estava na mente de Deus intencionada a realizar esse
fim, ignominiosamente falhou e caiu de Deus. A Cruz não entra para recobrar
meramente o perdido. Existe muito equívoco em que o Calvário somente recupera
o Paraíso e reconstrói a massa de destroços da queda de Adão, e erro, mancada e
pecado. A Cruz pode fazer isso, mas faz infinitamente mais. Não começa onde Adão
deu errado; começa com Deus Encarnado, e no terreno de tudo o que o Calvário
fez exterminando uma ordem que tem provado ser inefetiva, você começa onde
Deus originalmente intencionou que o homem acabasse, onde o homem deveria ter
chegado ao final de sua provação. Se Adão não tivesse caído teria havido um
desenvolvimento e um crescimento para a participação de uma vida não criada. É
por isso que Deus protegeu essa Árvore da Vida, para que o homem não
perpetuasse a espécie infinitamente. Ele podia ter mais tarde tomado isso, e
possuindo a vida dos Séculos, compartilhando uma vida com Deus, vida não criada,
vida interminável, ele podia chegar finalmente ao padrão da Filiação. Mas a
provação falhou e o homem nesse plano foi eliminado na Cruz e essa criação foi
finalizada; e quando o Senhor Jesus ressuscita dentre os mortos, Ele ressuscita não
de uma raça Adâmica mas Ele ressuscita como o primogênito dentre os mortos,
completamente de um nova espécie; e é uma nova criação, não uma criação
renovada – uma nova criação, algo que nunca tem existido anteriormente. E isso é
ocasionado pelo mesmo Espírito energizado desde Deus na criação original, mas
que energiza muito mais agora para produzir esta outra coisa. Nunca jamais houve
tal energização do Espírito Santo na história do Universo como é manifestada no
levantar de Jesus dentre os mortos.

Em nossa ressurreição em união com Cristo temos de “andar em novidade do


espírito”. Não meramente o velho espírito ressuscitado, mas uma novidade do
espírito. Qual é esta novidade? Está no fato da habitação interior do Espírito Santo
como sua verdadeira vida; Cristo residindo no interior pelo Espírito Santo. Isto é
novo. Nunca foi real do homem anteriormente, as operações do espírito de Deus
eram antes sempre, sobre – a partir de fora.

Isto nos leva direto de volta para o A.B.C. de nossa vida cristã e experiência para
reconhecer isto, que filiação neste sentido superlativo, relacionamento com Deus
deste tipo, o qual é sermos filhos de Deus no Filho eterno, é sobre a base de Deus
mesmo sendo residente em nosso espírito e isso sobre a base de algo novo que
tem sido realizado na ressurreição do Senhor Jesus, uma nova criação, na qual
Deus toma Sua morada. “sobre a carne do homem o óleo ungido não virá.”

A partir desse momento em diante o curso da experiência espiritual é a história da


ascendência progressiva de Deus no espírito do homem sobre esse outro velho
homem exterior.
Há momentos em que é difícil para o povo do Senhor colocar um pedaço de tecido
de papel entre os dois. É muito difícil para você, por exemplo, às vezes ser capaz
de ver a mais estreita linha entre sua oração e a oração de Deus o Espírito Santo
em você. Você está orando e para tudo o que você vale, mas a sua oração como tal
não chega a nenhum lugar, se fosse deixado aí você poderia seguir orando e não
chegarias a nenhum lugar até que em sua oração haja um ingrediente adicional.

Muitas pessoas têm a ideia de que o incenso na Bíblia representa as orações do


povo de Deus, isso não é assim. Eles citam a Escritura em Ap. 8 - o incensário de
ouro, e imediatamente a seguir a declaração “com as orações de todos os santos” -
tenha cuidado com sua gramática - “o incenso que são as orações dos santos.” Que
são as orações dos santos? As taças de ouro. Que é o incenso? É a oração do
Espírito Santo nos santos (Ap. 5:8). O grego nessa passagem deixa perfeitamente
claro que são as taças as orações dos santos, e o incenso é algo que lhe é
acrescentado; o incenso é acrescentado às orações dos santos. Elias, um homem
sujeito às mesmas paixões – ele orou e “em sua oração ele orou”, há algo extra lá.
Que é? O homem ora, mas enquanto ora algo chega através de sua oração, vem
direto do Trono de Deus. Somente essa declaração que vem diretamente de Deus
mesmo pode abrir ou fechar os Céus. E isso é o que se entende ao orar no Espírito
Santo, o Espírito Santo orando em você. Pois acaso não é dito com certeza que Ele
fará intercessão com gemidos inexprimíveis. O Espírito Santo está na Igreja, o
Corpo de Cristo, e é aí que Ele está completando Sua advocacia e intercessão. Há
momentos em que um algo inexprimível está em nosso espírito, um tremendo
clamor o qual somos incapazes de articular, um gemido que não podemos proferir e
embora você não possa articular isso, essa é a coisa mais eficaz; esse é o
ingrediente extra.

É por isso que Deus foi tão particular quando deu os ingredientes do incenso -
“nada disto será usado por homens para vós mesmos.” Não meramente para fazer,
mas não para vós mesmos. Isto não era para a carne, era para o puro propósito de
Deus; e se entrasse na esfera da carne, haveria uma chama de julgamento – assim
era quando fogo estranho era oferecido. É aquilo que é Deus mesmo, efetuando
Seus propósitos, os quais estão relacionados a esta nova criação.

Alguém da graças a Deus por esse algo extra, porque enquanto um tem uma união
muito abençoada com Deus e vida Nele, alguém está sempre cometendo erros;
constantemente sendo insuficiente; constrangido com falta de sabedoria e
entendimento, e estão bem longe dessa revelação da vida totalmente no espírito.
Apesar de que o relacionamento de alguém com o Senhor é absolutamente claro, e
apesar de que o espírito de alguém é puro (prefiro interpretar “coração” como
“espírito”) para com Deus e apesar de que alguém está sempre e constantemente
orando - “Senhor, forja essa Cruz nas profundezas do meu ser,” enquanto alguém
faz isso, apesar das limitações, há um mover do Senhor, Ele o está fazendo embora
nós sejamos de pouca fé, o qual não é nada mais do que Deus mesmo continuando
com Sua obra. Isso nunca será pensado ser um motivo pelo qual podemos
continuar a tropeçar, mas à medida em que alguém está procurando seguir com o
Senhor, o Senhor está fazendo Sua obra. Nós estamos em união com o Senhor e
Ele nos Têm levado. Às vezes Ele nos deixa fazer estes falsos movimentos para
mostrar-nos que este assunto é do Senhor e não nosso.

A concepção principal está diante de nós e a linha é simplesmente esta – que Deus
tem um desenho, uma espécie em mente que é a reprodução Dele mesmo, uma
encarnação Dele mesmo não apenas num homem mas num Corpo, a encarnação
inclusiva de Deus, o Corpo de Cristo, composto de nascidos de novo; essa era Sua
concepção original. Adão não perdeu isso, ele falhou em alcançá-lo. A Cruz entra e
destrói esse tipo de coisa, não meramente o resultado da falha de Adão nele
mesmo e na terra, Ele o destrói – o primeiro Adão.
Na ressurreição isto é revelado, mas Deus mesmo acarreta a ressurreição pela
energização do Espírito Santo e filiação neste sentido superlativo e transcendente
no terreno de uma união com Cristo na ressurreição por uma revelação interior de
Deus através do Espírito Santo. “Porque somos filhos, Deus enviou o Espírito de
Seu Filho aos nossos corações, que clama “Aba, Pai” - “Se alguém não tem o
Espírito de Cristo, esse tal não é Dele.” Filiação é somente possível pelo caminho da
Cruz pela habitação interior do Espírito.

Estes são princípios abrangentes, mas eles trazem consigo conforto e garantia de
que o fim será alcançado porque Deus o tem prometido. Ele não o deixa conosco
para fazê-lo, é Deus quem opera em nós. É muito difícil entender por que alguns
que afirmam ser o povo do Senhor, que carregam Seu Nome e estão
comprometidos no que é Seu serviço, podem seguir com contradições grosseiras e
fundamentais em suas vidas, e que o Espírito Santo seja residente neles para
declarar neles a Vontade de Deus. Isto é muito difícil de entender, mas acredito
que é impossível continuar assim se realmente o Espírito Santo está tendo o
controle.

Nos dias sem iluminação em que se sabia muito pouco sobre o fato da revelação,
alguém operava sobre o objetivo e externo, mesmo assim alguém reconhecia com
toda clareza que eles eram resistidos quando eles diziam algo de um púlpito ou
plataforma que não estava de acordo com a verdade, e no entanto parecia nascer
pela verdade, mas alguém lembra que eles não tinham um bom tempo quando eles
a estavam dizendo. E nós estamos sendo checados assim o tempo todo se o Senhor
realmente está no interior. Você está seguro se o Senhor tem se instalado dentro.
Você terá uma checagem quando estiver cometendo um erro.

O segredo inteiro de caminhar no Senhor é que o Senhor está andando em você.

Que Ele possa nos levar à operação eficaz disso para que possamos conhecer que é
isso extra – Cristo em você, pelo Espírito Santo, a esperança da glória.

Até aqui temos visto algo da natureza do novo homem que Deus tinha em mente
como a realização última de Seu desejo. Temos visto que Cristo que é Deus
manifesto na carne, é a única resposta, mas a absoluta resposta a essa busca de
Deus desde antes do mundo e sua criação, e que Cristo é o primeiro e
representativo e inclusivo desse tipo. Ele responde especificamente ao desejo e
requerimento Divino em que Ele é uma manifestação de Deus pela habitação de
Deus.

Temos sido habilitados a ver apenas um pouco do significado de Pentecostes e da


vinda do Espírito Santo como uma parte inseparável da Cabeça Triuna, e
instalando-se no espírito do homem da nova criação no terreno da ressurreição de
Jesus, a Cruz tendo para sempre destruído da existência, tanto quanto a Deus se
refere, a criação de Deus em Adão.

Então temos a apresentação, como um novo homem em Cristo Jesus; que ele é de
uma maneira muito real pela intenção Divina um homem-Deus – um homem
habitado por Deus, um homem possuído por Deus, um homem revelando e
manifestando Deus, e em tudo portanto, não um homem natural mas um homem
sobrenatural que tem o Cristo Ressuscitado como seu tipo, ele é essencialmente um
homem espiritual. Todo o seu ser e a sua vida é espiritual, seu sustento é
espiritual, sua luta é espiritual, seu serviço é espiritual, seu equipamento é
espiritual, seu caminhar é espiritual; tudo deste homem é espiritual porque ele é
um ser espiritual.
Você diz - “isso não nos descreve!” - “certamente isso deve descrever um estado
futuro”. Mas sim nos descreve se estamos em Cristo Jesus. Essa é a nossa
descrição, mas temos que ser capazes de claramente fazer essa discriminação
entre o homem exterior e o homem interior, e reconhecer que este homem não é o
homem exterior com o qual estamos tão familiarizados, mas é o homem interior
para quem nós, o homem exterior, são estranhos. Estamos aprendendo a conhecer
ele e conhecer-nos a nos mesmos pela operação do Espírito Santo.

Alguém sente um desejo de indicar de novo por palavras conhecidas, como


aprendemos a conhecer este novo homem como nós mesmos, reconhecer ele e ver
quem ele é e o que ele é, de que ele é feito, o que ele pode fazer e quais são suas
qualificações.

Vemos ele principalmente em seus revestimentos e serviço como retratado em


parte e muito claramente nesse capítulo doze da primeira carta aos Corintios.
Veremos aqui novamente como tem sido dito já, que este novo homem é tão
distinto do nosso homem velho, exterior, natural quanto duas entidades qualquer
podem possivelmente ser distintas uma da outra. Estas duas entidades são
completamente distintas uma da outra. São polos à parte e toda a composição
delas está claramente dividida, e entre as duas está a Cruz que escreve morte por
um lado e vida pelo outro.

Se este novo homem é um homem-espírito, é nascido do alto, nascido do Espírito


Santo, pois aquilo que é nascido do Espírito é espírito, e se somos nascidos do
Espírito, por consequência somos espírito em nossa nova vida, nova natureza, e
novo ser; se este homem é assim então seu equipamento deve ser espiritual.

Isto não é algo para o qual você tem que escalar, é entrelaçado com a vida sua e é
a expressão dela, mas você é chamado para reconhecer três linhas definidas de
separação, reconhecê-las e assenti-las e permitir o Espírito Santo deixar elas bem
claras e práticas na sua experiência; essa é a nossa educação espiritual.

A linha clara de distinção e discriminação na questão do uso e serviço e obra é


simplesmente esta: que as habilidades e revestimentos e qualificações e dons da
vida natural não são o terreno primário de nossa atividade e serviço na vida
espiritual; que nossa atividade e serviço como um novo homem é sobre o terreno
de um equipamento inteiramente espiritual, e que não é natural mas sobrenatural.
E que se este novo homem é um homem sobrenatural, ele requer o ato
transcendente de Deus nesse poder que em si mesmo transcende todas as
operações ordinárias do natural e que relaciona-se a todas suas atividades e obras,
e estas são o produto de impactações e dons especias, definidos, espirituais.

Aqueles que não têm naturalmente dons podem tê-los espiritualmente, ao passo
que aqueles que tem naturalmente abundância deles não têm nada do que se
vangloriar.

O próprio nascimento não é da vontade da carne nem da vontade do homem.

O que 1 Corintios 12 realmente representa? Temos pensado nisso e pensando


temos entrado numa enorme quantidade de confusão e dado espaço para muitas
preponderâncias. Temos reconhecido a verdadeira natureza disto, que é
indispensavelmente necessário que este novo homem pelo Espírito Santo tenha
qualificações espirituais especias para fazer a obra pela qual o Espírito Santo – no
conhecimento do propósito de Deus em relação a cada um – tem equipado e
chamado ele. Deus sabe para o que somos chamados no Corpo de Cristo e Ele tem
feito provisão para nosso equipamento para fazer essa coisa. Este capítulo
apresenta para nós muitas dessas coisas pelas que o novo homem cumpre sua
nova vocação segundo à vontade de Deus. Dispensações e disposições foram ditas
para serem como Ele quis. Alguém não tem estas coisas como demostrações
extraordinárias, mas como a expressão normal e natural de uma vida espiritual,
que o Senhor dê equipamento para serviço especial.

Agora amados, nunca estaria certo você dizer “não estou apto para isso, não estou
qualificado para isso; não tenho habilidades de nenhum tipo ou dons ou
qualificações para a obra do Senhor.” Se você é realmente nascido de novo do
Espírito Santo e você é esta nova criação, o que tem acontecido é que estando no
mundo você não pode fazer nada. Você não pode nem falar nem usar sua mão nem
pés ou seus olhos, você é simplesmente inútil na nova criação. Sou da persuasão
de que não há nenhuma coisa inútil na nova criação. O Espírito Santo embrulha
com a nova criação essas coisas que vão fazer capaz a realização de seu fim e
efetivar seu propósito.

Tendo feito a provisão, temos como nosso patrimônio, nossa herança na nova
criação, o direito de equipamento de um caráter sobrenatural para a obra de Deus
e tendo-o como algo que é natural para nós na esfera espiritual.

Duas coisas devem ser ditas aqui. Todos nossos problemas está em reconhecer
isto, que nossa inutilidade ou nossa utilidade em nossa vida natural não é critério
nenhum, e aí é onde a Cruz entra. Vem no lado positivo para as pessoas muito
inteligentes, para golpeá-las direto para fora da esfera da real efetividade
espiritual, golpeá-las como pessoas inteligentes, como naturais, em seus
equipamentos e revestimentos; isso é um fato, por mais que você se contorça e
discuta. O curso de experiência espiritual é fazer eles perceber quão totalmente
inúteis eles são em serviço espiritual, eles não contam! Suas obras chegaram ao
fim, suas habilidades chegaram ao fim, suas reputações chegaram ao fim, eles não
mais podem manter suas cabeças erguidas diante de homens e afirmar serem
alguma cosia em obra religiosa. Não podemos fazer as coisas que uma vez
podíamos fazer mesmo no Nome do Senhor.

Mas então no reconhecimento desse fato, o significado da Cruz, eles não chegam
ao fim mas ao começo. Eis que faço todas as coisas novas e todas as coisas são
agora de Deus, enquanto que antes elas eram de algum outro lugar.

A nova porta com um novo equipamento. Quão diferente! E apenas aqueles que
têm passado um pouco através dessa nova porta sabe quanta diferença. Sua
sabedoria aqui é absolutamente confundida, seu gênio natural para ter coisas feitas
é absolutamente levado à confusão; você é feito de bobo se você ousar mover-se
nessa esfera outra vez, e Deus vê que você não tem êxito dessa forma.

Mas agora é um novo tipo de coisa – a Sabedoria de Deus colocada contra a


sabedoria deste mundo. Esta sabedoria deste mundo é sensual, física, é diabólica.
(Tiago 2:15). Um tipo diferente de sabedoria, “pelo mesmo Espírito a palavra de
sabedoria; a outro – conhecimento,” isto está tão distanciado do conhecimento
natural quanto o céu está da terra. Por ela as coisas que são de Deus são
realizadas, feitas, e aquilo que é de Deus supera em muito qualquer coisa que
possamos fazer.

Temos que encarar o fato de que a Cruz significa por um lado levar-nos para onde
clamamos, embora temos sido os mais capazes e bem sucedidos, “não posso!” -
“não posso!” - esse é o fim. Você tem que aceitar esse fato, quanto mais cedo
melhor, antes que entremos nessa nova criação, “eu posso, em Cristo, todas as
coisas”.
Temos que reconhecer que estes equipamentos e revestimentos são raciais e como
tais são corporativos. A Igreja é também chamada uma “nação”, “uma nação
eleita”. As metáforas são todas trazidas juntas - “uma nação eleita, um sacerdócio
real, uma casa espiritual.”

Nação – a raiz é um nascimento, se refere a um nascimento; é racial, é sobre o


terreno de partilhar uma vida. Se isto é verdade e o Espírito Santo é “O Espírito da
Vida” essa vida, Ele é também o Espírito do serviço, e portanto de equipamento,
por quem ou por meio de quem os dons são dados - “distribuídos” - para esses que
partilham a vida comum do Corpo. Estes dons são dons corporativos e
relacionados, e eles não são para serviço ou ação independente, mas tudo
pretendia contribuir para um objetivo e propósito, e eles são inseparáveis.

Se isto é verdade e os dons, as qualificações, são o direito natural de nascimento


na base de uma vida comum para um fim comum num Corpo corporativo, serão
apenas manifestados e efetivos em seus próprios lugares e relacionamento. Isto é
que o membro tem que estar corretamente relacionado e posto em posição, e
função dentro dos definitivos e claramente definidos limites da designação divina
deles. Sair fora de sua designação no Corpo de Cristo é de uma só vez deter o
funcionamento do Espírito Santo através dessa divina importação. “desperta o
dom” - para mantê-lo em ascendência porque pode ser perdido em seu poder –
despertá-lo.

Se tudo isto é verdade, o Espírito Santo requer para a expressão e manifestação


dos dons um discernimento do Corpo, um reconhecimento do fato do Corpo. Pois
equipamento espiritual é dependente de relacionamento, ministério em e para o
Corpo de Cristo. Se requer-se o Corpo para isto então o Espírito Santo requererá
um discernir do Corpo se é para haver uma manifestação de revestimento para o
serviço do corpo.

Isso nos leva para esse muito mal compreendido testemunho do Corpo que foi
discernido indubitavelmente pela Igreja em seus primeiros dias claros quando
aqueles que eram membros representativos no Corpo trouxeram cada novo
convertido, cada novo membro eleito, que tinha confessado e declarado a união
deles com o Corpo de Cristo, e num ato definitivo pela imposição de mãos sobre
eles e mantinham um testemunho para o Corpo, e o Espírito Santo reconhecia seus
testemunhos e dava Sua própria atestação disso, e por tais meios e tais momentos
equipava esse membro para a obra – era “a obra para a qual Eu os escolhi”.
Timóteo, “desperta o dom que existe em ti pela imposição de mãos”. Que era isso?
Estava lá por profecia. Faça o trabalho de um evangelista, cumpre teu ministério.
Quando o Espírito Santo orou através dos que oraram sobre Timóteo,
evidentemente Ele orou profeticamente quanto à obra de Timóteo como um
evangelista. “por profecia”, diz Paulo (1 Timóteo 4:14,2,6,4,5).

Amados, é bastante claro que este novo homem é um novo homem corporativo,
seu equipamento é um equipamento corporativo, seus revestimentos são da obra
inteira do Corpo. O reconhecimento e discernimento desse fato é requerido pelo
Senhor num testemunho definitivo, e daí não necessariamente por alguma
demonstração naquele momento. Existe um calmo mover silencioso pelos
ministérios que tomam seus próprios cursos e encontram um especial ênfase no
Corpo de Cristo, e enquanto nos mantemos dentro da esfera desse ministério,
cresce e assim torna-se a expressão natural de nossa vida no Corpo de Cristo.

Um sente que é necessário adicionar como uma nota o pronunciamento enfático


que embora cumprindo a mente Divina e vontade como representativo e
“Primogênito” - a cabeça federal de uma nova raça – Cristo era infinitamente mais
do que isso. Ele é Deus com Deus. Deidade nunca será a essência do homem da
nova criação. A sua será natureza Divina por derivação, não como ser original.
Devemos sempre reconhecer os dois lados do ser e obra de Cristo.

Primeiramente publicado na revista “Uma Testemunha e Um Testemunho” Jul-Ago


1928, Vol. 6-4.

A Lei da Vida
por T. Austin-Sparks

(Romanos 8:2)

Agora você vê o Homem Celestial representado no Senhor Jesus na terra. O tipo


que Deus tenciona para nós sermos é o homem que diz, “as obras que Eu faço, não
as faço de Mim mesmo, é o Pai fazendo as obras”. “As palavras – não de Mim
mesmo”, O Pai fala as palavras”. Não há nada que Eu faça de Mim mesmo”, diz o
Mestre. Estas coisas são muito simples, elementares, mas você não pode passar
por elas. Se você está entrando nessa esfera de vida real espiritual, você descobrirá
“que se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram, eis
que tudo se fez de novo, e tudo isto provém de Deus”. Mas como acontece?
Simplesmente por esta operação da Vida nos seus mais simples começos, nas suas
mais delicadas formas de expressão, e você aprendendo a escutar, a colocar a fé
nisso e obedecer, e você descobre que você está seguro, e a Vida aumenta, e o
Senhor é capaz de avançar e fazer coisas que eram impossíveis antes de que a Vida
aumentasse.

Agora, em dois ou três assuntos um pode só destacar como esta lei da Vida opera.
Quando você entra na esfera espiritual, amado, nada da velha vida me manterá ao
invés. Seu amor humano não será de nenhum proveito nesta esfera. A mais forte
ligação humana fracassará aqui; é correto na esfera natural, você se dá muito bem
com os que você ama – os relacionamentos são corretos ( estou falando agora do
melhor no amor humano, onde existe amor humano verdadeiro), porém você chega
à Vida Celestial, e muito em breve você descobrirá que existem fatores com os que
você não se encontrou antes, tudo novo, e que estão completamente além de você,
e além do poder desse amor humano mais forte para satisfazer, e se isso é tudo o
que você tem, e você não reconhece este principio, seu amor humano quebrará; e
seus relacionamentos sobre essa base serão todos subvertidos.

Os relacionamentos de esposos e esposas, pais e filhos, filhos e pais na vida


natural, até que não haja um movimento para a vida celestial, enfrentarão
dificuldades e uma quebra. Ora, o que vai acontecer, você vai aceitar isso e se
sentar e dizer, “Bem, suponho que devo resignar-me a isso, é a minha cruz – há
desentendimento e não podemos nos dar bem juntos por mais tempo?” Qual é o
caminho? Você precisa do amor da Vida de Ressurreição, o qual é mais poderoso do
que a morte – estou falando de pessoas que estão no Senhor, e aqui o Amor tem
que triunfar sobre a morte. tome-o no ir para os pagãos. Você sai na maior
simpatia pelos pagãos, e veja quanto tempo você ficará lá nessa base – não
demorará muito em você voltar para casa! Oh, sim, você quer uma Vida Celestial
que possa bem levar a cabo o assunto. Amor humano não suportará a tensão disso.
Começa tudo bem, mas em breve você descobre que você está lidando com as
forças do inferno, as quais fizeram seus (alvos) determinados sobre os
relacionamentos no Corpo de Cristo, e o amor humano não pode sobreviver a isso.
É somente o poder da Sua Ressurreição que pode destruir o poder do inferno, como
aconteceu no nosso Senhor Jesus.
Quando levamos o assunto de nossos relacionamentos no nível natural
descobriremos que todas as coisas temperamentais, as coisas constitucionais,
começam a irritar-nos e influenciar-nos e afetar-nos, e chegaremos logo ao ponto
onde, por causa das coisas em outros, reconhecemos que não podemos nos dar
bem com eles. Não adianta, isso está aí, e não podemos ter comunhão. Ora,
quando você chega aí, o que vai acontecer? Isso está certo? Isto é certamente uma
negação do testemunho, e você tentará ajustá-lo e atenuá-lo, mas não será
atenuado. Você diz a si mesmo que você não vai ser afetado por isso, porém você é
afetado por isso. Não adianta colocar-se antolhos, você só quer ser pego num
momento de descuido e tudo acontecer de novo. Oh, amado, como irão estas
coisas serem tratadas? Tenho descoberto isto, que não adianta eu lidar com o
assunto, porém o caminho de saída é este: uma adesão de Vida Divina, um novo
levantamento da Vida Divina. Isto é morte, o que preciso é Vida, e se o Senhor
ministra Vida, dá uma nova adesão de Vida espiritual, essa coisa deixa de dar
problemas. Está aí todo o tempo, não tem se ido de dentro de mim, ou do outro. Se
desço lá terei de novo todo o antigo problema, mas se estou em Vida, estará tudo
bem.

Agora observe que a lei da Vida é a lei de nossa unidade no Corpo de Cristo. Somos
um por Uma Vida, e é somente quando essa Vida está transbordando que temos
um absoluto levante sobre todas estas coisas cismáticas que estão em nós por
natureza. A necessidade da igreja em todo o mundo para superar suas divisões,
todas suas cisões, desacordos, é o levantamento do poder da Sua Ressurreição.
Você não pode organizar essa união, essa unidade: você não pode produzi-la tendo
Conferências e decidir que você cessará de considerar coisas não essenciais, e ser
um nas grandes coisas, e assim por diante. Você descobrirá mais cedo ou mais
tarde que vocês estão todos novamente em desacordo; mas quando o Corpo de
Cristo chega a conhecer Ele e o poder de Sua Ressurreição, chegará à unidade que
faz possível o impacto do único testemunho de Jesus. É o testemunho de que Jesus
vive triunfalmente pelo poder de uma Vida Ressurreta. Você vê que este é o
principio todo o tempo. Tudo, amado, nossa esperança de entrar no Propósito de
Deus depende da nossa união em Ressurreição com o Senhor Jesus, sobre o fato da
Sua Ressurreição se tornando uma realidade experimental dentro de nosso próprio
espírito; nunca chegaremos aí à parte disso.

Agora, tenho apenas tocado uma ou duas questões por meio de ilustrar este
assunto, mas toca tudo. Primeiramente, temos que reconhecer e aceitar que a
velha natureza deve ir-se, e dizemos à declaração de Deus quanto a isso, “Amem,
estou disposto a ir-me, e pela fé eu saio. Agora, reivindico por essa posição da fé, a
Vida do Senhor Ressurreto” e se você quiser realmente saber se você é nascido de
novo, ouça dentro, você terá a resposta - “O Espírito dá testemunho com nosso
espírito”. A lei da Vida está lhe dizendo, “agora firme, cuidado”. Essa é a prova de
que Ele está lá - “Cristo em você, a esperança da glória”. Não é a vinda de algum
grande cataclismo do céu rompendo, alguma aparição objetiva, e você ser varrido
em alguma sensação forte. Você começa como uma criança tudo de novo com o
novo principio, e esse principio é a promessa e certeza de sua completa maturidade
para a plenitude da medida da estatura de Cristo se você for obediente à lei do
Espírito da Vida. Oh, que o Senhor nos leve mais sobre esse nível, sobre essa base
da Sua própria Vida Ressurreta, e não existe nada mais sobre o que nós falarmos,
senão que esse é o inicio e continuação e o fim de todas as coisas.

Ora, o tenho colocado em palavras, aplique-o do seu modo na sua experiência


própria. Deus está atrás de demonstrar a maior coisa no universo, a Ressurreição
do Senhor Jesus Cristo e tudo que isso significa, e Ele quer demonstrá-lo em nós,
os membros do Corpo da Ressurreição de Cristo.
Para o povo do Senhor não existem palavras tais como “em meio de vida estamos
em morte”, mas o contrário - “EM MEIO DA MORTE ESTAMOS EM VIDA”.

Primeiramente publicado na revista "Uma Testemunha e Um Testemunho" 1928

Vida de Ressurreição
por T. Austin-Sparks

(Romanos 8:2)

A Primeira coisa na experiência no lado subjetivo não é a Cruz, se pela Cruz você
quer dizer a morte. A primeira coisa na experiência no lado subjetivo é a
Ressurreição, e a Ressurreição do Senhor Jesus feita experimental pela recepção
interna da Sua Vida Ressurreta é a base de tudo o resto. A Cruz tem lugar prévio a
isso, mas não subjetivamente. Onde então, e de que maneira então, toma a Cruz o
lugar prévio? Objetivamente! Agora, é importante que reconheçamos isto, que a
união na morte com o Senhor Jesus Cristo é algo a ser reconhecido como já tendo
transpirado, há muito tempo, milênios atrás - “O Cordeiro foi morto desde antes da
fundação do mundo”, mas é claro que isto foi posto em ação nesta terra no
Calvário, e se você quiser começar de lá você pode. Nós diremos, para o nosso
propósito estando aí, que, como muitas vezes temos dito, o Senhor Jesus Cristo
morreu uma morte inclusiva - “julgamos que um morreu por todos, portanto todos
morreram”. Ora, isso é um fato objetivo. Ele fez isso, e temos de reconhecer que
nós morremos pelo menos a uns dois mil anos atrás em Cristo. Pela fé aceitamos
isso. Isso é objetivo.

“Minha fé colocará sua mão sobre essa Sua querida cabeça”. Esse é o fato objetivo
de que a morte toda-inclusiva, toda-significativa de Cristo foi a minha, pela fé. Eu
aceito isso, e tomo a minha posição nisso. Olho para isso, e digo, ali no Calvário
estou; lá eu morri.

Agora, a maioria do problema tem surgido através de um reconhecimento


inadequado desse fato; de que nós temos meramente visto que Cristo fez algo para
nós na questão de nossos pecados, e não que Ele fez algo como nós. Existe muita
diferença, e o que muitos dos filhos do Senhor chegam a reconhecer depois de
muitos anos de confiança no Senhor para salvação da culpa e punição do pecado é
que eles não sabiam que eles, com tudo o que eles são, bom como também mau,
foi abolido nessa morte. Eles pensavam de alguma COISA tendo acontecido,
alguma COISA de si mesmos estado nessa morte, e não ELES MESMOS como tendo
morrido. É o mais importante, que tenhamos o reconhecimento inclusivo e
conclusivo desse fato, e aceitá-lo pela fé, pois essa é a base pela qual Deus começa
Sua atividade em nós. Agora, a fé começa reconhecendo e aceitando e submetendo
a um fato todo-inclusivo objetivo lá em Cristo.

A fé imediatamente demanda obediência, pois a fé e obediência são uma lei com


dois lados, e você não pode separá-los. Você tem que ser obediente para com essa
morte pela fé, e dar uma declaração bem definida de fé a esse fato e dar
testemunho disso. Existe nisso um lado prático no qual você está envolvido. Agora,
tendo na obediência dessa fé na coisa objetiva, chega o ponto em que você aceita
sua morte, você chegou justamente ao ponto onde Deus lhe dá a dádiva da Vida
Eterna.
Agora, a primeira coisa que é subjetiva, e não objetiva, é essa união com Ele na
Sua Vida Ressurreta, e tendo tomado seu lugar no fato objetivo você chega a
conhecer o resultado subjetivo de que você é ressuscitado juntamente com Ele.
Isto é, você recebe a Vida da Sua Ressurreição. Você apenas a recebe, verdade,
nos seus começos como se fosse, como um bebê, uma criança, mas você A tem, e
então a partir desse momento essa Vida é a base de tudo. Faz possível tudo.
Amado, se você fosse vir experimentalmente até o Calvário sem essa Vida, não
ficaria restando nada de você. O Senhor não ousa nos levar experimentalmente ao
Calvário até que Ele tenha algo em nós que nos levante, mas Ele pode fazer
qualquer coisa conosco uma vez que essa Vida estiver realmente lá.

Agora, a ordem é primeiramente, fé no fato objetivo, e nossa obediência da fé


numa aceitação disso, e uma declaração de nossa posição nisso. Essa é a primeira
fase da ordem divina. O seguinte é interno, o subjetivo, o recebimento da Sua Vida
pela fé. Depois, a terceira coisa é a Cruz sendo feita subjetiva.

Estou perfeitamente certo de que muita da confusão e uma quantidade terrível de


paralisia e morte é resultante de uma ênfase continua sobre a morte subjetiva do
Senhor Jesus antes da Vida ter tido uma chance. Me pergunto se você me entende.
Não quero confundir você, mas uma ênfase continua sobre a morte, crucificado!
crucificado! Levará você à morte, a menos que você realmente saiba, e a menos
que você conte totalmente com o poder da Sua Vida Ressurreta dentro de você.
Tudo no prospecto na Vida e no serviço depende da Sua Ressurreição. Se você
estudar isso como uma verdade bem mesmo na Palavra de Deus, não apenas no
Novo Testamento, mas no Velho, e especialmente no Novo Testamento na
realidade do assunto, você descobrirá que tudo recaía sobre a Ressurreição do
Senhor Jesus. Você descobrirá que cada movimento, o mínimo gesto, cada passo
de progresso em direção à realização do Propósito Eterno de Deus, era em função
de um levantamento dessa Vida Ressurreta; era sobre uma base de Ressurreição.
Agora, você é lançado numa esfera relativamente grande, mas uma vez que você
obtenha essa chave, e uma vez que o Senhor diga isso no seu espírito você
descobrirá que sua Bíblia se tornará num novo livro, absolutamente vivo, e onde
quer que olhe você verá a lei e verdade da Ressurreição. Você sabe que
Pentecostes aconteceu sobre o terreno da Ressurreição. Ouça Pedro pregando de
novo e veja o que Ele está dizendo. Qual é o seu tema? Aqui está a igreja fundindo-
se no seu grande testemunho mundial, sua vocação mundial pelo levantamento da
Vida Ressurreta do Senhor dentro dela. Agora, não ouço ficar apenas pelo momento
para mostrar quão extensa essa verdade é: mas devemos reconhecer isto como a
lei, de que tudo, sem uma única excepção, depende da Ressurreição do Senhor
Jesus Cristo sendo feita uma realidade subjetiva em nós, e somente será por essa
vida que somos capazes de mortificar as obras da carne. Isto é, fazer a Cruz
subjetiva somente acontecerá conforme essa Vida for o principio atuante, a
dinâmica de sua experiência que você é capaz de fazer qualquer coisa dentro, ou
fora.

A Cruz se torna subjetiva quando a Vida se tenha tornado subjetiva em virtude de


uma atitude e uma obediência da fé para com tudo que a Cruz significa
objetivamente. Observe a ordem. Agora, não estou dizendo isto sem, penso, sem
um contexto indisputável – estou tão confiante disto, quanto estou de qualquer
coisa no universo, e o Senhor me mostrou isto tão claramente e tão
minuciosamente por já algum tempo que posso ver que esta é a travessia, a saída,
a lei de tudo, e não existem possibilidades sequer até que reconheçamos este fato,
que a Ressurreição é a coisa suprema no universo. Dá à luz e origem a todas as
outras possibilidades em união com Deus, e esse fato da Ressurreição do Senhor
Jesus se tornando uma realidade interna nos membros do Corpo de Cristo é a
garantia – contanto que lhe seja dado um caminho livre, um curso livre e não
impedido – do cumprimento e realização de tudo que está na mente e vontade de
Deus.

Agora, ninguém está por um momento colocando a Cruz em segundo lugar – não
me entenda mal – a Cruz é absolutamente essencial, você nunca entra na
Ressurreição até que você tenha reconhecido a Cruz; você nunca entrará na
plenitude da Vida até que, primeiramente, pela fé, você tenha aceitado tudo que
essa Cruz significa para você mesmo e para sua vida inteira, e então tendo-o
aceitado assim você recebe a Vida da Ressurreição dentro do seu espírito. A ordem
da experiência espiritual é esta: lá está a Cruz, lá está Cristo crucificado, e nessa
Uma Pessoa Deus incluiu todos nós, estamos todos Nele. Reconhecemos que Sua
morte é nossa morte. Sua morte não é somente o perdão e propiciação pelos
nossos pecados (é isso, louvado seja Deus); não é somente nossa salvação do
inferno, e nossa certeza do céu (é isso, louvado seja Deus), mas isso não é
suficiente, é aquilo que está ligado a esse grande Propósito de Deus desde antes
que o mundo era, de ter para Si mesmo um instrumento para a manifestação
universal da Sua glória, e nesse instrumento uma humanidade glorificada. É que a
Cruz representa o colocar de lado a humanidade que não pode ser glorificada, e na
Ressurreição a produção de uma humanidade que pode ser glorificada. Obtenha um
contexto adequado para isto, e você verá porquê você deve mortificar as obras da
carne pelo poder da Vida Ressurreta. Não só porque o Senhor quer que você vá
sem isto e aquilo, e roubar você de qualquer coisa que é seu, e diminuir e isolar
sua vida.

Quando pessoas têm essa concepção da Cruz, de que a coisa é um contínuo


isolamento, abandono, dizendo, morre, morre, todo o tempo, oh, eles ficam tão
miseráveis, pessoas tão sem vida, pessoas tão confusas e desconcertadas, sempre
introspectivas, olhando em volta para ver se isto deve ser, ou aquilo deve ser. Oh,
é um horrível estado das coisas estar lá. Obtenha seu pano de fundo, esta coisa
enorme que Deus tem concernindo o universo, a revelação da Sua glória no
universo através de uma humanidade glorificada, então coloque a Cruz lá, e diga,
nunca poderia ter um lugar nisso como sou. Minha humanidade, desta maneira
envenenada na sua própria fonte pelo pecado, Deus nunca pode glorificar, portanto
aquilo que é impossível de ser glorificado deve ser posto de lado, e desapareço na
humanidade que está envenenada e impregnada de pecado. Mas aceito que pela fé,
não posso produzir isso em mim mesmo, mas aceito Seu ato por mim nisso pela fé,
e dou meu testemunho deliberado e definido e prático a esse fato que quando o
Senhor Jesus morreu Ele morreu no meu lugar- eu morri. Agora, interpreto isso
como o fato objetivo pela fé, depois reivindico, sobre o terreno da minha fé nessa
morte do Senhor Jesus, Sua Vida de Ressurreição, o dom de Deus, o qual é a Vida
dos séculos, Vida Eterna em Cristo Jesus nosso Senhor, e a seguir essa Vida se
torna o principio e base de realizar tudo que a Cruz mantém objetivamente em si
mesma subjetivamente em mim. Posso agora por uma lei mortificar as obras da
carne; agora posso, porque eu estou num lugar de ascendência ressurreta, digo
não para meu “velho homem”, para minha própria vontade natural, não! Não podia
fazer isso enquanto estava lá embaixo na morte. Veja o que pessoas estão
tentando fazer – pessoas mortas estão tentando obter o melhor de pessoas mortas!
A morte não pode expulsar a morte! Requer-se VIDA para conquistar a morte - “A
Vida pela qual Jesus conquistou a morte”, diz Paulo. Agora nós, pela Vida, temos
uma ascendência espiritual e podemos dizer, Não! Efetivamente de um terreno
vantajoso de nossa Vida com o Senhor. Essa é para ser nossa atitude, então o que
aconteceu na Cruz objetivamente, pode agora ser feito por Deus subjetivo em nós,
e a vida aumenta e abunda à medida que pela Vida conquistamos a morte.
Tomamos nossa posição sobre a morte em todas suas formas de expressão. Agora
você vê que essa é a ordem. Espero que esteja bastante claro. Apenas peça ao
Senhor para escrever isso no interior.
Vida de Ressurreição

Ora, um tem dito que esta é a base de tudo. Você tem recebido uma nova Vida; é
completamente nova, a qual você nunca conheceu antes. É tão absolutamente
fresca para nós que na maioria das coisas somos totalmente estranhos a ela em
todas suas leis e funcionamento; de maneira que nós agora numa nova vida temos
que aprender tudo outra vez do principio. Somos crianças - “a menos que vocês se
tornem como crianças vocês não poderão entrar na esfera dos céus”. Você não
pode entrar na Vida do Homem Celestial sem começar tudo de novo. Em primeiro
lugar você tem que conhecer tudo de novo quanto a como viver por uma nova
Vida, e não por uma velha, que é chamada vida, mas que Deus chama de “Morte”,
e você descobrirá se você realmente continuar com o Senhor em Seu próprio
poder, Ele ensinará a você que sua vida é totalmente incapaz de reunir os
requerimentos de uma Vida Celestial; de que em nenhuma fase ou recurso de
nossa própria vida natural podemos nos aprontar para as exigências de uma Vida
Celestial, e o Senhor estará todo o tempo ferindo nossa vida, e dizendo para nós,
não, você não pode chegar até isto em seu próprio recurso, isto só pode ser feito
por esta nova Vida. Alguns de nós que têm tanto desta velha vida – é tão forte em
nós – temos que ser bem quebrados o tempo todo nessa esfera, e nos ser
mostrado numa forma bem drástica que isto somente pode ser realizado pela Sua
Vida, e será totalmente fatal para nós tentar realizá-lo de outra maneira. Será fatal
para todo o propósito de Deus em nós e através de nós se nossa vida tentar entrar
lá para realizá-lo. É a Sua Vida Ressurreta o principio realizador, efetuador,
excecutivo desta nova esfera, e oh, é bem nova.

É aí onde você começa, e você descobrirá que o Senhor trata disso. Se sua vida se
levantar e tentar se intrometer na esfera das coisas celestiais, as coisas de Deus,
você será ferido, e você virá abaixo. Você descobrirá que o Senhor simplesmente
traz você de volta para onde você estava, e você terá que começar tudo de novo.
Essa é a história da Cristandade; é a história de multidões dos que professam ser o
povo do Senhor, e tudo tem que ser aprendido novamente da tenra infância. Você
tem que aprender como andar nesta Vida e de acordo a esta Vida, e a criança
aprendendo a andar só dá um passo de cada vez – pode ser com muita pressa, às
vezes tendo uma queda e esticando a mão muito para se agarrar a algo. Está
aprendendo a caminhar, se adaptando. É justamente onde estamos nesta questão,
é tudo bem novo, mas estamos aprendendo a como “andar não segundo a carne,
mas segundo o Espírito”, e estamos aprendendo pela lei desta Vida.

Não quero ser culpado de menosprezar sua inteligência, mas me pergunto se você
é capaz de ver como isto funciona; como esta vida opera para lhe ditar nas coisas
mais simples, as coisas mais comuns. Você está prestes a dizer algo, e se você
realmente ouviu dentro, você ouviria alguma coisa, não em palavra, mas em
sentimento dizendo, “firme, cuidado agora”; mas depois você o diz. Você não deu
atenção a esse principio da Vida – qual é o resultado? Bem, uma bagunça, e você o
sabe; e quando você se assenta e reflete sobre isso você diz; “realmente teve um
registro dentro, se apenas o tivesse ouvido”. É a “lei do Espírito da Vida” tentando
“libertar você da lei do pecado e morte”. Mas veja, você aprendeu agora, e da
próxima vez você escutará. O mesmo em obra, o mesmo em métodos; e o
extraordinário é que coisas que nunca por um momento tinham alguma sombra de
dúvidas quanto a se eram certas e apropriadas chegam a uma esfera de
questionamento. Isso está tudo bem, você está seguindo em frente, você está
descobrindo coisas, você está completamente num novo mundo. Coisas que eram
muito corretas até o mais alto sentido moral do homem natural, entram em dúvida
agora que você entrou numa outra esfera muito mais elevada. Veja, você está
aprendendo a como andar por uma nova lei de Vida. E, amado, ouça, mas a Vida
dita o que você deve fazer, e o que você não deve fazer. Você tem isto dentro, o
qual está dizendo todo o tempo, “sim”, e “não”; “você pode”, e “você não pode”, e
o que temos que aprender é a caminhar por isso – a Vida. E aprendemos muitas
vezes ao violá-la, à medida que descobrimos pela sua violação, morte, e temos que
ter nisso uma luta mão a mão com o inimigo do Senhor, com a morte que resultou
ao ter resistido essa voz mansa, muito, muito sensitiva da Vida no interior. É claro,
é o Espírito Santo em toda Sua inteligência operando pela lei da Vida, porque isto é
“a lei do Espírito da Vida”. O Espírito da Vida em inteligência não é uma influência
abstrata de algum tipo que é dada a nós, é o Espírito Santo mesmo residindo no
interior, mas Sua lei é Vida, e quando o Espírito Santo está contra a coisa, há
morte, e é assim como conhecemos.

Línguas de Ressurreição

Agora queremos voltar diretamente até o começo. Não tenho passado essa etapa;
aqui eu faço um monte de erros, e quando me sento e penso sobre isso, sei que eu
fui avisado, se apenas tivesse pausado e esperado e escutado um pouco mais
dentro. Mas estamos aprendendo a falar tudo de novo. Daí, temos que aprender a
FALAR em novidade de Vida. Você se lembra da palavra do homem sábio “Morte e
Vida estão no poder da língua”. Você se lembra do que Tiago disse, “a língua é um
membro pequeno, mas vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia. Um
navio é algo grande, mas veja como um navio tão grande pode dar a volta com um
pequeno leme”, e ele diz “você pode domar qualquer fera na criação, porém a
língua não há homem que a possa domar”. E o que precisamos é de Línguas de
Ressurreição! Oh, as correntes de morte que saem de nossa fala, nossa conversa,
nosso citicismo, nosso falar sobre as pessoas; nenhuma má intenção, mas apenas
falando delas – morte; e você o sabe. E um pouco mais tarde disso você sabe que
as coisas deram errado; você caiu em algum lugar, e sua vida espiritual foi
refreada, arruinada, e você teve que ter um bom tempo com o Senhor para ser
capaz de respirar livremente de novo. Você está aprendendo tudo de novo, a como
falar vida. O Senhor quer fazer com que falemos em vida, em vez de morte; cortar
por esta vida a corrente de morte. Você não pode fazê-lo até que você obtenha
vida, mais vida para vencer o veneno mortal da fala. Você começa por aí, e não
deixe ninguém pensar que o Senhor será capaz de usar eles com uma mensagem
de vida para o mundo até que eles tenham aprendido a como falar na forma
ordinária da vida, de acordo à vida. Seu testemunho no evangelho, no ministério
falado, amado, será baseado nisto, em que Ele tem tocado seus lábios. “Sou um
homem de lábios impuros”, e esse testemunho nesse ministério será
completamente aleijado, paralisado, se na conversação ordinária da vida não existir
este principio da Vida trabalhando controlando a morte. Bem, o Senhor deve nos
ensinar isso.

Posso ver que mais e mais claramente temos que aprender a como, pelo Espírito,
recusar discutir pessoas, criticar pessoas, falar delas. Com alguns é uma maior
aflição do que com outros, mas com todos nós existe uma necessidade para esta
posse da vida sobre a morte em nossos lábios. Aprendemos a falar tudo
novamente, gaguejamos e balbuciamos para começar e colocamos as coisas
erradamente, mas aprendemos por esta lei interna que diz o tempo todo “você
sabe que você não deve ter dito aquilo”. Se apenas você tivesse esperado, você
saberia que havia algo que teria parado você de dizê-lo. Existe isto todo o tempo –
viver – para caminhar – para falar – para saber.

Conhecimento de Ressurreição

Estamos aprendendo um novo conhecimento de acordo à sabedoria celestial. Um


não precisa ficar para falar sobre isso extensamente, mas temos que chegar a
conhecer as coisas tudo novamente desde uma perspectiva celestial, e nossa
sabedoria natural como uma expressão de nossa vida natural e recurso, nunca
poderá nos fazer com que consigamos em assuntos espirituais. Você se depara com
alguns dos assuntos espirituais mais simples, assuntos de Deus, e você descobrirá
que sua sabedoria e conhecimento natural mais elevado e completamente
desenvolvido não podem suster você ao invés. Você é derrotado, você não pode
lidar com esta coisa, e é apenas um simples problema espiritual. Você não pode
passar por isto com nenhum recurso do entendimento natural, e você chega a ver
que existe algo por trás destas advertências da Palavra - “Confia no Senhor com
todo teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento”. Há uma grande
verdade aí, de que seu entendimento nunca pode levar você nos assuntos
espirituais, e que embora tenhamos todo o conhecimento segundo este mundo, nós
simplesmente ficamos bem aquém do mais simples conhecimento Divino, o dom da
sabedoria e revelação. É um novo conhecimento. Você pode partir isso em suas
muitas fases.

Sabemos que não podemos fazer coisas agora como acostumávamos fazê-las,
temos chegado a ver que nossas obras para o Senhor não são necessariamente as
obras do Senhor; que nossa multidão de atividades no Nome do Senhor com os
melhores dos motivos e os mais puros desejos não atingem o fim de Deus. Não
conseguimos passar, somos derrotados; temos saído para realizar a obra do Senhor
ao invés de termos chegado ao lugar onde Ele pode realizar Sua própria obra
através de nós. Uma grande diferença, uma poderosa diferença! Amado, a menos
que o Senhor faça cada fragmento da obra, ela nunca será feita, e o fim do Senhor
nunca será atingido. E é por isso que o Senhor tem que nos amarrar mas cedo ou
mais tarde para que nossa obra própria – isto é – nossas obras para o Senhor
cheguem a um final, e reconheçamos que é morte.

Primeiramente publicado na revista "Uma Testemunha e Um Testemunho" 1928

O Teste do Filho e dos Filhos


por T. Austin-Sparks

Mateus 4; Deuteronômio 8

No início desta meditação liguemos juntamente os dois fragmentos


seguintes da escritura.

“Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da


boca de Deus” (Mat. 4:4).

“Eu sou o pão da vida” (João 6:35).

Ninguém imaginaria que existe uma contradição nessas declarações,


pois a segunda absorve a primeira. Enquanto a primeira refere-se ao
pão que é transitório, e passageiro, temporal e da terra, e não é a
base única da vida do homem como a vida é segundo à mente de
Deus, não o que o homem chama de vida, o Senhor Jesus é o Pão
que é essa Vida, e Ele mesmo é como o Pão, e como a Vida, a
Palavra, a Palavra viva pela qual o homem viverá.
Ora, este maravilhoso relato da tentação do Senhor no deserto é
construído sobre esse fato básico. Você nota que Ele tinha saído do
Jordão, simbolicamente Ele tinha morrido, sido sepultado, e
ressuscitado dentre os mortos. Isso é estabelecido no início do Seu
ministério, e sobre isso, tudo procede, e a partir disso tudo surge em
vida, em palavra, e em obra. Sabemos que Ele é especificamente
“declarado ser o Filho de Deus com poder pela ressurreição dentre os
mortos”; que essa ressurreição no Seu batismo simbolizado,
tipificado, e prefigurado, é o terreno sobre o qual os céus são abertos
e a voz do Pai é ouvida anunciando “Este é o meu Filho Amado”, a
filiação no terreno da Ressurreição, e o principio dessa filiação, a
Ressurreição da Vida que provou ser triunfante sobre a morte; essa
Vida residente Nele mesmo como o Filho para tornar-se a base de
todos os futuros triunfos, e essa Vida, para ser transmitida como Pão
para todos os que estão nessa união da fé com Ele, da qual Ele fala:
“aquele que vem a mim, de modo algum terá fome, e quem crê em
mim jamais terá sede”. Esse é o pano de fundo ou a fundação disto.
É importante ser perfeitamente claro quanto ao que está por trás
desta tentação no deserto. É algo notável e cheio de significado que
isto tenha sido prefigurado em cada detalhe na vida de Israel no
deserto. Você fragmenta o oitavo capítulo de Deuteronômio e o
quarto capítulo de Mateus e, que você tem?

No segundo versículo da primeira passagem você tem, “E te


lembrarás de todo o caminho, pelo qual o Senhor teu Deus te guiou
no deserto”.

No capítulo de Mateus, - “quarenta dias e quarenta noites no


deserto”.

No primeiro, versículo terceiro, - “e te deixou ter fome”.

No segundo, versículo segundo, - “depois teve fome”

No primeiro, versículo segundo, “para te provar”

No segundo, versículo primeiro, “para ser tentado (ou provado, a


mesma palavra) pelo diabo”.

No primeiro, versículo quinto, - “Saberás, pois, no teu coração que,


como um homem corrige a seu filho, assim te corrige o Senhor teu
Deus”.

No segundo, versículo terceiro, - “disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus


manda que estas pedras se tornem em pães”

No primeiro, versículo terceiro, - “e te sustentou com o maná”


No segundo, versículo décimo primeiro, - “e eis que vieram os anjos e
o serviram”

União-Vida com o Senhor

Agora você vê o relacionamento destas duas coisas. É apenas um


estudo de referências marginais na medida em que o material diz
respeito, o segredo interno que o Senhor deve desdobrar. Você vê
que os princípios que jazem por traz destes dois relatos, são iguais.
Israel tinha saído pela mão poderosa de Deus do Egito pelo Mar
Vermelho - “batizados em Moisés na nuvem e no mar” e
ressuscitados como dentre os mortos – Israel agora chamado Filho.
Êxodo 4:22-23; Oseias 11:1. Israel agora “Filho” na base da
Ressurreição. Israel agora na União de Vida com o Senhor da Vida
em vitória sobre o senhor da morte que foi derrotado pelo sangue
salpicado, e roubado de sua presa. Israel, liberto do destruidor – em
terreno de ressurreição, participando tipicamente e em figura (não
realmente) dessa vida triunfante sobre a morte na filiação, e nessa
base, Israel foi testado, examinado, provado. “Ele te deixou ter fome
– Ele te examinou (provou), para que Ele pudesse fazer você saber o
que estava no coração de você, se guardarias seus mandamentos”
(Sua palavra). “Para que Ele pudesse fazer você saber que não só de
pão vive o homem, mas de toda palavra (palavra viva) que sai da
boca do Senhor, o homem (não exista), mas viva”. Esta vida, veja,
vai provar a si mesma por meio de testes; esta vida vai manifestar
suas propriedades maravilhosas como a coisa que é triunfante na
presença de profunda provação. Israel nessa base, e daí a
administração espiritual do sustento divino num deserto, Deus
entrando na aridez por – será que uso a palavra? Tenho medo dela –
uma Vida mística, uma Vida secreta no maná. “que é?” o mistério do
sustento deles: “que é?” eles disseram, quando viram o maná, esse
sustento místico, a base da sobrevivência deles na tentação.

Agora quarenta anos no deserto. Quarenta, composto do cinco e oito.


Cinco – Graça. Oito – Ressurreição. Quarenta sempre na Bíblia é o
número do teste e triunfo; correção, disciplina, e resultante glória.
Israel lá, quarenta anos. No caso do Filho, no terreno da
Ressurreição, possuindo a Vida Divina - “ainda que era Filho,
aprendeu a obediência por meio daquilo que sofreu”. Ele sofreu sendo
tentado, aqui há provação; aqui há treinamento de Filho; disciplina
de Filho, teste de Filho, mas para que toda essa coisa secreta, essa
Vida, essa Vida mística, a qual não é tirada da terra, mas do alto,
possa ser demostrada pela fé no universo, no poder deste triunfo
poderoso.

Agora tome estas três tentações, e você achará que elas têm suas
ilustrações na história de Israel aqui. Em Deuteronômio 8 você tem a
primeira tentação: “Ele te deixou ter fome”.
“Depois Ele teve fome. Daí, o tentador veio e disse, se tu és o Filho
de Deus manda que estas pedras se tornem em pães”. Ele
respondeu, citando esta escritura, “esta escrito, Nem só de pão
viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mat.
4).

Fé, Filiação, e Sentido

Qual é a natureza desta tentação em Israel e em Cristo? “Ele te


deixou ter fome” - “Ele teve fome”. Ele está no deserto; eles estavam
no deserto; absolutamente desligado de todo recurso terrenal,
desprovido de tudo sobre o qual colocar qualquer confiança carnal.
Pense, quarenta dias e quarenta noites no deserto, indubitavelmente
num estado de severa pressão espiritual, um tempo de angustia
espiritual real, e numa angustia que era deste caráter, tenho muita
certeza - “você é deixado sozinho. Deus te deixou, tudo mais secou.
Deus não está com você; não há evidências qualquer que sejam,
nenhuma prova, nenhuma manifestação, você está só, você está
abandonado”. Tudo afora falava de desolação, e essa desolação
estava procurando envolver Seu Espírito. Ele foi isolado; Ele foi
deliberadamente conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado.
Você conhece a tentação de Israel ao longo dessa linha - “você ficou
preso, enredado neste deserto, você ficou enredado aqui, e agora
você é deixado com nada: você estava razoavelmente seguro quando
estavas no Egito, você podia ver de onde a próxima refeição estava
vindo. Por mais difícil que tenha sido, havia – em qualquer caso -
todo recurso aparente de sustento e mantenimento, um mundo de
sentido”. Mas aqui não há nada, e tudo em volta de Israel gritava
desolação, e tudo em volta do Filho de Deus estava gritando
desolação, abandono, o nada.

Agora, qual é a base do triunfo? O diabo chega diretamente, ele


disputa a mais recôndita realidade, a filiação. Ele desafia e disputa
isso - “Se tu és o Filho de Deus...” “Isto não demonstra muito que
você seja um Filho amado, não é?” Ele está tentando jogar dúvida
nisso. Qual é a resposta? A resposta que traz derrota ao inimigo
nessa acusação é a resposta da fé na realidade interior. Existe algo
mais do que a manifestação externa, algo infinitamente superior a
isso. O fato da filiação existe quando tudo por fora tem secado. A
Vida permanece no interior, mesmo num deserto, isolado: toda
manifestação, provas, sentimentos, ou vista, tudo que daria uma
garantia à carne é cortado. E então, o diabo desce e diz na presença
de toda essa morte e desolação, “você não é o filho de Deus. Deus
tem desistido de você. Se você fosse o filho de Deus, você acha que
Ele permitiria isso? Você acha que Ele deixaria você sofrer dessa
forma?” você vê a crueldade; mas a vitória chega ao assumirmos a
posição sobre um fato alicerçado que existe a despeito de nenhum
sentimento e nenhum aparecimento, “Tenho sido ressuscitado
juntamente com Ele, tendo sido crucificado com Cristo”. Juntamente
com Ele na semelhança da Sua morte, tenho sido juntamente
ressuscitado com Ele”. Eu estou no terreno da Ressurreição, um filho,
um filho na base dessa Vida. É mais profunda do que sentimentos,
mais profunda do que sentidos, provas e manifestações externas: é
algo que existe mais profundo do que a minha própria alma. Esse é o
efeito disso. “Está escrito que minha vida como um filho de Deus, não
é a vida que depende deste pão temporal do sentido externo, a
minha vida existe na base de uma união de vida com Deus que é
obediente pela fé quando não há sinal externo para encorajar essa
obediência, ou fortalecer essa fé”. Esse é o terreno do triunfo.
Filiação, Vida no terreno da Ressurreição pela união da Ressurreição,
mas mais profunda do que todos nossos sentidos.

Se, amados, nossa vida consiste no pão que satisfaz nossas emoções
e nossa razão, nosso desejo pela atividade e empreendimento, e
trabalho e serviço, o diabo ganhará mais cedo ou mais tarde, pois as
obras chegarão a um final. Os calores de nossas emoções morrerão,
nossas mentes chegarão a um fim em tudo, então o teste da filiação
surge, e o inimigo virá sobre nós. Sobre o que você tem vivido? Você
tem vivido sobre a excitabilidade religiosa e sido mantido indo pelas
muitas atividades da vida e obra religiosa? Se você tem sido
sustentado pelo estimulo de emoções religiosas e atmosferas, elas
estão destinadas a ser levadas a um final, e o inimigo virá nesse
ponto e dirá. “Deus desistiu de você”. Note bem, Deus se encarregará
disso. “Então foi conduzido Jesus pelo Espírito”. Deus toma a
iniciativa nisto para lançar as bases de Sua grande missão eterna, e
essa fundação é lançada no Seu espírito numa Filiação a qual é mais
profunda do que tudo o resto.

Então, você segue isso através de Sua vida. Se Cristo, para o


cumprimento de Sua obra eterna nos três anos e meio, tivesse sido
dependente de aplausos populares, do sucesso externo, de sinais e
manifestações, Ele teria tido uma carreira acidentada, e quando esse
dia chegou em que os gritos e aplausos deram lugar a o outro que
disse, “acaba com Ele, crucificá-lo”; quando os discípulos o
abandonaram, não andaram mais com Ele; quando o círculo mais
íntimo cochilou na hora da Sua mais profunda necessidade de
companheirismo; se Ele tivesse estado vivendo sobre isso, Ele nunca
teria conseguido, mas Ele tinha uma mais profunda base do que essa,
a qual carregou Ele quando tudo por fora caiu. Ele triunfou nisso e
conseguiu chegar até o final, diretamente pela Cruz, e embora o
momento escuro da necessidade veio a Ele quando Ele clamou, “Deus
meu, por que me desamparaste?” Ele superou isso e o arrematou,
“Pai, nas Tuas mãos entrego meu espírito”. Há triunfo no fim, porque
o Espírito da Filiação era a base de tudo, mas Ele foi testado nisso.
“Para te provar, para saber se guardarias ou não os seus
mandamentos”.
Fé, Filiação, e Não Intervenção Divina

A segunda tentação. “Então o diabo o levou à cidade santa, colocou-o


sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu és Filho de Deus,
lança-te de aqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará
ordens a teu respeito; e: eles te susterão nas mãos, para que nunca
tropeces em alguma pedra. Replicou-lhe Jesus: Também está escrito:
Não tentarás o Senhor teu Deus”. Onde está escrito? Está escrito no
sexto capítulo de Deuteronômio, versículo décimo sexto, “Não
tentareis o Senhor vosso Deus, como o tentastes em Massá”, e isso
leva você de volta a Massá em Êxodo 17: “Então disse o Senhor a
Moisés: Passa adiante do povo, e leva contigo alguns dos anciãos de
Israel; toma na mão a tua vara, com que feriste o rio, e vai-te. Eis
que eu estarei ali diante de ti sobre a rocha, em Horebe; ferirás a
rocha, e dela sairá água para que o povo possa beber. Assim, pois fez
Moisés à vista dos anciãos de Israel. E deu ao lugar o nome de Massá
e Meribá, por causa da contenda dos filhos de Israel, e porque
tentaram ao Senhor, dizendo: Está o Senhor no meio de nós, ou
não?”

“Está escrito, não tentarás o Senhor teu Deus”, citando a partir de


Deuteronômio e Êxodo, que é esta tentação? “Está o Senhor no meio
de nós, ou não?” Observe a similaridade disto, do que o inimigo está
indo atrás neste deserto, nesta desolação, nesta solidão aparente,
neste aparente abandono de Deus. A batalha da Cruz está sendo pré-
combatida, e do que o inimigo está indo atrás é de conseguir que Ele
atue numa forma que ponha Deus em questão, quanto a se Deus
está com Ele, para envolver o Senhor por um ato de incredulidade.
Se Ele fizesse isto, seria atuar para testar se o Senhor estava com
Ele, se deslocando para testar se o Senhor estava com Ele; e isso
levanta uma grande pergunta, está o Senhor conosco, ou não? Aqui
está o teste da Filiação básica, vida básica.

Ó, meus queridos amigos, o Senhor quer nos ter bem fundamentados


nisto, a natureza de nossa união com Ele, o único tipo de
relacionamento que vai ser triunfante. É Cristo em você, a esperança
da glória? Está o Senhor entre nós, ou não? Tem você uma fé no fato
de que se você realmente é nascido de Deus, nascido do alto, unido
ao Senhor, um Espírito, o Senhor está em você, Ele não é externo a
você, Ele está em você, e esse fato tem que finalmente ser
demonstrado no meio da morte. Por que o Senhor nos leva para um
deserto, para esterilidade, para morte, para desolação, lá onde
parece que nada sobreviverá? Para demonstrar o principio da
sobrevivência, só quando parece ter havido lá um engolir da morte,
que Ele, que é a Vida, o Pão da Vida, é levado para a constituição
mesma deste Novo Homem, e embora o homem exterior pereça o
homem interior está sendo renovado dia após dia, e Deus está
permitindo-nos, ou melhor, causando-nos pelo Seu Espírito, descer
ao deserto, e ter cortado tudo da nossa vida natural e recurso natural
a fim de levantar no meio da morte, o testemunho de Sua
Ressurreição. Ora, isso tem que ser verdadeiro na experiência
espiritual.

Você vê que Ele estava pré-lutando a batalha do Calvário, porque no


Calvário Ele tinha que descer até Hades. Não é simplesmente a
colocação do Seu Corpo num túmulo - “Ele foi e pregou aos espíritos
em prisão que foram outrora desobedientes”, “Ele desceu até as
partes baixas”; Ele ficou enrolado em volta pelos poderes das trevas,
as hostes do mal giraram sobre Ele. Ó, mas o testemunho de Jesus é
que Deus ressuscitou Ele dentre os mortos: que Ele sobreviveu ao
inferno; Ele sobreviveu a toda a jerarquia satânica; Ele sobreviveu a
toda a extensão, esfera e poder do pecado universal de Adão em
diante. Como? Por essa Filiação com a vida Divina que não podia ser
retida pela morte. Esse é o Testemunho de Jesus. Nós nunca teremos
que chegar a essa profundidade, e essa extensão, mas
participaremos desse tipo de sofrimento. Estes são os sofrimentos
que podemos participar. É por isso que Paulo coloca a ordem
espiritual assim, “para que eu possa conhecê-Lo, e o poder da Sua
Ressurreição, e a participação dos Seus sofrimentos, conformando-
me a Ele na sua morte”. - A participação dos Seus sofrimentos no
terreno do poder da Sua Ressurreição.

O Senhor pode tirar tudo no qual nós confiamos como homens; o


Senhor pode levar-nos no nosso homem natural diretamente para a
esfera da morte; o Senhor pode permitir nosso espírito estar
envolvido em volta pela morte e algo de inferno e das potestades das
trevas, a fim de que, lá em morte, o testemunho do poder da Sua
Ressurreição possa ser estabelecido. Essa batalha foi lutada no
deserto no caso do Senhor Jesus. Amados, somos chamados para
participar nos “quarenta” nesse teste para essa vitória. Nós nunca
entramos nos quarenta até que tenhamos ido sobre terreno de
Ressurreição, graças a Deus! Quarenta dias; a provação da Igreja foi
depois da Sua Ressurreição: quarenta dias: quarenta dias da
provação do Senhor foram depois da Sua Ressurreição simbólica do
Jordão; quarenta anos de Israel foram depois da emersão deles do
Mar Vermelho. Os quarenta vêm depois da Ressurreição, e a
Ressurreição é demonstrada através dos quarenta, a provação e a
hora do teste, sempre resultando na glória. O resultado é certo
porque a coisa já tem sido feita. Quando foi que o Senhor deu Caná
nas mãos de Israel? Muito antes deles colocarem o pé dentro de Caná
foi feito. A conclusão é a prova do que tem sido já feito, e a
demonstração da fé em algo que tem acontecido.

Bem agora, o inimigo está procurando levantar uma pergunta na


presença de morte. O Senhor está procurando levantar um
testemunho, como o temos colocado, que, no meio de morte nós
estamos em Vida.

Fé, Filiação, e Domínio do Mundo

Terceira tentação. “o diabo o levou a um monte muito alto; e


mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles; e disse-lhe:
Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares”. E a resposta: “Vai-te,
Satanás; porque está escrito; ao Senhor teu Deus adorarás, e só a
Ele servirás”.

“Está escrito”. Até onde isso te leva de volta?” Deuteronômio


6:12,19. “guarda-te, que não te esqueças do Senhor, que te tirou da
terra do Egito, da casa da servidão. Temerás ao Senhor teu Deus e o
servirás, e pelo seu nome jurarás. Não seguirás outros deuses, os
deuses dos povos que houver à roda de ti; porque o Senhor teu Deus
é um Deus zeloso no meio de ti; para que a ira do Senhor teu Deus
não se acenda contra ti, e ele te destrua de sobre a face da terra...
para que te vá bem, e entres, e possuas a boa terra, a qual o Senhor
prometeu com juramento... para que lance fora de diante de ti todos
os teus inimigos”.

Observe do que o inimigo estava atrás. Bem, qual é o significado


disto? Domínio mundial! Sim, essa é a busca de Cristo. É para isso
pelo que Ele veio. Ele veio para os reinos deste mundo, e o diabo o
sabe. É do Filho. O diabo sabe bastante bem, “a Quem constituiu
herdeiro de todas as coisas, e por quem fez também os mundos”; e
ele sabendo que Ele é o Herdeiro, Ele disse, “este é o Herdeiro, vinde,
matemo-lo”. Como podemos fazê-lo? Consiga que Ele se comprometa
e adore em outra direção, e Deus será compelido a destruí-Lo. Isso é
o que Deuteronômio diz, “não adorarás outros deuses, os deuses do
povo, para que a ira do Senhor teu Deus não se acenda contra ti, e
ele te destrua”. O Senhor destruiu todas as nações porque eles
persistiriam em suas lealdades aos falsos deuses; não a ídolos, eles
eram apenas uma expressão externa do sistema espiritual por trás. O
sistema por trás daqui é “outro deus” e se o Senhor Jesus pode por
quaisquer meios ser desviado para dividir a Sua aliança com Deus e
reconhecer só o “outro deus” e os outros deuses, Deus será
compelido a destruí-Lo. Ele não obterá os reinos do mundo.

Então, qual é a lição? É a dominação do mundo na base de total,


absoluta lealdade a Deus demonstrada sob a provação mais feroz.
“Porque não foi aos anjos que Deus sujeitou o mundo vindouro, de
que falamos. Mas em certo lugar testificou alguém dizendo: Que é o
homem, para que te lembres dele? ou o filho do homem, para que o
visites?” Nós somos chamados a participar do domínio, da soberania.
Chamados para participar do trono do Filho; “Se sofrermos, também
com Ele reinaremos”. “Ao que vencer lhe concederei que se assente
comigo no meu trono”. Você vê que somos chamados para a parceria
do domínio mundial. O inimigo está lançando seus ataques mais
ferozes sobre nós para obter um compromisso, uma aceitação da sua
isca, uma dúvida em nós acerca de Deus; e o Senhor nos permite
entrar no deserto, onde somos sujeitos a isso, a fim de que possamos
aprender como reinar, e quando tenhamos aprendido a reinar em
Vida pelo Homem Jesus Cristo o Único, você terá atingido o estado
para reinar sobre a terra habitada por vir.

Agora, a Sua tentação é nossa tentação – partilhamos disso num


sentido limitado. O inimigo, amados, está aí fora para roubar-nos do
reino, o domínio, e nas horas de provação o Senhor não previne o
inimigo de vir com toda sua crueldade tentando pressionar o assunto
além da medida de resistência, para que de alguma forma clamemos
contra Deus; neguemos Deus, questionemos Deus, duvidemos Deus,
retiremos nossa lealdade de Deus, retiremos nossa fidelidade,
fiquemos amargos para com Deus, e qualquer uma destas coisas
simplesmente nos entrega nas mãos do inimigo e dá a ele posse
sobre nós. Quando ele tiver feito isso, ele terá nos roubado do
domínio, de nossa herança conjunta com o Herdeiro de todas as
coisas. Você vê para o que somos chamados, e vê como o inimigo
faz. Este domínio está sobre a base de lealdade indivisa estabelecida
na maior extremidade da provação.

Para encerrar apontemos que este teste e prova era a base da grande
obra que Cristo veio fazer. Ele fez uma coisa ímpar, na qual nós não
podemos e não precisamos participar, mas existe uma obra a partir
disso na qual Ele nos chama. Cada pedaço da obra de Deus em união
com Cristo é sobre a mesma base, e o mais profundamente provado
será sempre o mais grandemente usado. Existe aquilo na Filiação do
Senhor Jesus que é exclusivo na Cabeça Triuna, para o qual nós não
podemos atingir; mas existe aquilo no engendramento de Deus, que
nos faz vitalmente um com Cristo numa vida em comum e comunhão
para o eterno propósito.

“Deus lida conosco como com Filhos”.

Primeiramente publicado na revista “Uma Testemunha e Um


Testemunho” Mar-Abr 1929, Vol.7-2.

A Força da Igreja
por T. Austin-Sparks

Compêndios de discurso

João 14:25-26, 16:25, 2 Coríntios. 3:2-3, 7:18, Efésios. 1:17, 3:16-20, 6:10 .

“Sede fortalecidos...na força do Seu poder”.


Há uma ou duas coisas em meu coração para dizer, que eu sinto ser de grande
importância para nós e para o Senhor neste momento.

A carta aos Efésios não é simplesmente uma apresentação ou concepção da Igreja


em sua natureza e existência. Ela apresenta uma enorme e intensa atividade
relacionada com a construção da Igreja. Um processo muito enérgico é visto ao
longo de toda esta curta carta.

Esta palavra tem principalmente a ver com a “força” - a força da Igreja:


acompanhe isto através da Palavra, e muito será descortinado, tanto em relação à
natureza da nossa vocação, quanto do caráter do conflito que a Igreja está no
tempo do fim desta era.

Quando o Senhor Jesus introduziu pela primeira vez o pensamento da Igreja, Ele
disse : “Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela”. O elemento predominante visto aqui é uma força
poderosa. Sim, todas essas persuasões do inferno não prevalecerão contra essa
força poderosa de uma rocha e esse pensamento de força está o tempo todo
conectado com a Igreja. É a força espiritual em vista, força interior. É a força de
“Quem” é “O Que” o Senhor Jesus é como o próprio Deus, Todo-Poderoso.

É muito necessário e essencial reconhecer a interioridade da nova dispensação


depois do “Pentecostes”. Tudo agora relacionado ao Senhor Jesus é interior, não
mais exterior, objetivo. Ele é Deus no Trono, mas Ele é conhecido
experimentalmente através do Espírito Santo interiormente.

Volte-se para a segunda carta a Corinto capítulo 3. A antiga Aliança era uma coisa
externa escrita em tábuas de pedra: Paulo trazendo-a para os nossos tempos
escreve “escrita com tinta”, mas a nova Aliança não é relacionada a tempo, mas
uma Aliança Eterna, não uma escrita exterior, mas algo escrito no interior pelo
Espírito Eterno do Deus vivo e gravada em nossos corações.

Oh! Será que percebemos a grandeza deste fato, que é necessário e vital ver que
tudo é interior. Isto deve ser reconhecido pelo povo do Senhor. A vida do crente é
interior, e tudo que se relaciona com ela é para dentro; e na medida em que a vida
do crente é para fora e depende de coisas externas, nessa medida ela será fraca;
na medida em que o crente a vida é dependente de encontros e de ser ministrados
por outros e conhecer o Senhor somente neste tipo de forma exterior - em vez de
conhece-Lo de forma profunda no interior, só em secreto com a palavra e oração -
a expressão da vida será fraca e ela não será constituída de força espiritual para a
assembleia, e sim trará uma fraqueza (um peso morto, além de um terreno para o
inimigo de trabalhar “em” e “de”).

Tudo agora é interior e temos que reconhecer que “tudo” é o próprio Senhor Jesus .

A Igreja é um agregado de indivíduos e por isso é necessário que cada indivíduo


conheça o Senhor desta maneira interior, viva essa vida interior, seja dirigido pelo
Espírito Santo na “Lei do Senhor” interiormente em seu coração e conheça as
coisas celestiais interiormente como entretecido pelo Espírito Santo.

O ponto essencial é este - a grande necessidade, a necessidade desesperada da


Igreja ser forte em cada membro individualmente. A grande necessidade deste dia
é mais força na Igreja, para que o povo do Senhor seja individualmente forte no
Senhor, e assim sejam capazes de contribuir pessoalmente para a assembleia, e
sejam um fator forte no Senhor para a realização de Seu propósito.
Em nossos encontros, a força do encontro é determinada pela força do indivíduo. O
encontro não é mais forte do que a força da vida secreta de cada indivíduo em sua
história secreta pessoal com o Senhor.

Nós não apenas nos juntamos para realizar reuniões, para cantar, para ter um bom
tempo: nos reunimos para que haja força espiritual manifesta e recebida através do
encontro com o Senhor. (Não estou esquecendo o primeiro e principal objetivo -
para adorá-Lo - todo o resto é nada além de adoração d'Aquele para Quem são
todas as coisas).

Mas a questão aqui é de força espiritual. A eficácia dos nossos encontros e seu
impacto no mundo espiritual é uma questão de força espiritual, quando nos
reunimos há demasiadas vezes o aspecto de expectativa passiva em vez de
reconhecer o fato de que

nossa reunião deve ser a ocasião para uma poderosa expressão de poder espiritual,
para o cumprimento dos fins espirituais.

Estamos diante de grandes forças espirituais

A carta aos Efésios encabeça tudo na esfera da luta em lugares celestiais, onde
nada menos do que a suprema grandeza do Seu poder vai cumprir o propósito e
possibilitará a Igreja cumprir a sua vocação: esta é a esfera de atividade da Igreja
em nome dos irmãos em Cristo em todo o mundo, é uma única batalha em todo o
mundo contra o inimigo que está contra a Igreja de Cristo. Oh! podemos
reconhecer que há sempre problemas terríveis em jogo quando o povo do Senhor
se reúne e deve haver uma forte expressão de poder e influência contra todo o
sistema do mal - o impacto do filhos do Senhor reunidos no Nome, deve retardar o
adversário e manifestar uma celebração do triunfo de Cristo sobre os Seus
inimigos; reunir assim pode representar a conquista da batalha a milhas de
distância.

Paulo atribui suas próprias vitórias e fugas às orações das assembleias distantes (2
Co.1:2). Quando estamos juntos há questões enormes para o Senhor Jesus em
jogo, quando estamos reunidos e focados na Igreja.

Estamos em uma luta universal, a batalha está acontecendo e a Igreja nunca vai
chegar até o trono sem luta.

Enquanto tudo está garantido no Trono pelo nosso Senhor Jesus Cristo, por Seu
triunfo completo e perfeito na Sua Cruz, ainda assim este triunfo tem que ser
operado e manifesto, e a Igreja é o Seu instrumento para isto, por isso a batalha
está sempre focada na Assembleia.

A necessidade é grande para que o povo de Deus reconheça isso e, assim, se junte
em ação, e em poder espiritual para todo o corpo de Cristo. É o negócio de todo o
Corpo e de cada membro do Corpo. Portanto, a questão é de força e poder
espiritual, e o poder e a força espiritual da Igreja reunida é a quota individual de
vida e força para o todo.

Há muito que o Senhor deseja revelar ao Seu povo, e, por essa revelação eles
possuirão o conhecimento espiritual Dele mesmo, o que é necessário para uma
maior revelação e plena realização dos fins de Deus para este tempo. É muito
importante saber o tempo que estamos vivendo, e o Propósito Eterno de Deus em
relação a ele.
Você não pode lutar sem conhecimento espiritual e a Igreja não pode ser edificada
sem a revelação espiritual, e você não pode obter um raio de revelação sem luta,
pois o inimigo está lá fora com toda a força e sutileza para cortar toda a revelação,
e ele sempre procura impedir a revelação espiritual, que ela seja dada ou recebida.

Em Daniel 10, lemos sobre o conflito terrível na terra e nos céus, e vemos que tudo
se relaciona à revelação. (Dn.10:1 ARV) “foi revelada uma palavra a Daniel... uma
palavra verdadeira concernente a um grande conflito; e ele entendeu esta palavra e
teve entendimento da visão. Naqueles dias eu, Daniel, estava pranteando por três
semanas inteiras... nem me ungi com unguento, até que se cumpriram três
semanas completas...não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia aplicaste o
teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as
tuas palavras, e por causa das tuas palavras eu vim. Mas príncipe do reino da
Pérsia me resistiu por vinte e um dias ... a visão se refere a dias ainda distantes
(marg. para o fim dos tempos)”.

Daniel se posicionou em relação a todo o Corpo da Casa de Israel; e a Igreja


reunida é representativa de toda a Companhia do povo do Senhor. O Senhor deve
ter tal instrumento nestes últimos dias - dias finais desta dispensação.

Este capítulo de Daniel mostra que foi um negócio caro receber revelação, sim,
custa receber revelação e custa reparti-la; ministério espiritual é extremamente
custoso e há uma batalha de cada vez para cada porção de revelação.

Esta revelação não é algo extra além das Escrituras, mas o que está oculto
aos olhos obscurecidos nas Escrituras.

É absolutamente necessário ser fortalecidos com todo o poder no Senhor. “Seja


forte no Senhor e na força do seu poder” (Ef.6:10). “Fortalecidos com poder pelo
seu Espírito no homem interior...que sejais fortes para compreender... fortes para
conhecer.”

É necessário um fortalecimento interior para “saber”! O conhecimento espiritual é


muito mais do que a aquisição mental; e é apenas a revelação espiritual que realiza
coisas, e é a força da Igreja em sua natureza e constituição que capacita para esta
obra poderosa. A força do conjunto é apenas a força dos vários indivíduos que
estão reunidos, e a nossa reunião não vai nos levantar acima do nosso
relacionamento pessoal com o Senhor, juntamente com outros filhos do Senhor
ainda permanecemos com a mesma medida em nós mesmos, e essa medida é a
medida de

nossa história secreta com o Senhor, e até esta medida é o exercício espiritual na
assembleia. O indivíduo tem que ser exercitado nas coisas do Senhor e seu homem
interior ganha força através de tal exercício espiritual.

Tomemos o assunto da oração: o que acontece com a nossa vida de oração


privada? Agora, amados, estas questões não são destinadas a ser críticas mas são
tomadas com um propósito construtivo. O conjunto não é mais forte do que a vida
de oração individual dos membros. Se chegarmos a assembleia e fizermos lá a
nossa oração particular, aquela oração que deveríamos ter tido a sós com Deus , ou
levar os outros a fazer a nossa oração por nós - o Senhor não aceita esse tipo de
substituição - apenas na medida que somos individualmente poderosos e fortes em
nossa vida de oração privada será o proveito da assembleia quando estamos
juntos. Se cada um reunido na assembleia tem uma vida particular de oração forte
e verdadeira em secreto com o Senhor, isso representa um forte poder e eficácia
espiritual no Corpo de Cristo sendo conduzido a uma realização definitiva dos fins
específicos de Deus para aquela hora em relação com Seu Propósito Eterno em
Cristo Jesus. Mas se nós estamos fazendo a nossa oração privada em público o
Senhor sabe e há fraqueza e ineficácia na assembleia, e se você é forte na vida de
oração privada a assembleia vai sentir isso e toda a Igreja de Deus será
beneficiada.

O que você está fazendo em sua vida de oração pessoal? Claro que há uma maior
força por todos estarem juntos, e há ganho para o indivíduo por meio da oração
corporativa.

E o que é verdadeiro na esfera da oração deve ser verdade também na esfera da


Palavra.

O Espírito Santo nos fortalece desta forma exercitando nosso homem interior na
Palavra.

Que tempo tem a leitura e estudo da Palavra em sua vida? Você está recebendo
todo o seu conhecimento da Palavra de outros servos do Senhor, em vez colocar a
mão na massa você mesmo?

O Espírito Santo exige trabalho e perseverança com a Palavra, e é essencial para


nós ter a Palavra em nós para que o Espírito Santo trabalhe nela; este é o caminho
da força, sobre a palavra trabalhando, lendo persistentemente, meditando, orando,
e não desistir quando chegamos a um período de seca - mas persistindo, assim por
diante. O Espírito Santo precisa desse exercício do nosso homem interior, no estudo
da Palavra e oração, para edificar a Igreja forte, e o Senhor fará uso de todos os
trechos da Palavra

assim plantados individualmente, e o Espírito Santo descerá e operará sobre ela.

A Palavra de Deus é a espada do Espírito (Ef.6:17). “Que a Palavra de Deus habite


em vós abundantemente” (Cl.3:10). O que é verdade na oração e na Palavra para
fazer-nos fortes com a força espiritual interior também é verdade no Testemunho.

Quando eu digo que devemos sempre estar atentos para testemunhar para o
Senhor Jesus, eu não quero dizer que devemos parar cada um e força-los a nos
ouvir sobre o estado de sua alma. O que eu quero dizer é que será que nós, no
início do dia, definitivamente buscamos que o Senhor esteja vivo para todas as
oportunidade que surgirem para Dele, estamos olhando para fora, alertas para
aproveitar a oportunidade quando ela aparece, estamos em oração esperando
ansiosamente por ela? Estamos vivos na espera espiritual por almas?

A força da Igreja depende da vida espiritual de seus membros. Quantas vezes


pedimos ao Senhor para nos tornar vivos para contatos? Você está em plena força
para testemunhar? A característica da Igreja depois do Pentecostes, foi de que
todos os crentes iam por toda parte pregando a Palavra - onde quer que fossem,
em sua vida diária, houve uma proclamação do Senhor Jesus - eles eram
testemunhas em todas as circunstâncias e testemunhavam para Ele, um
testemunho vivo, e, amados, deve ser assim.

E então que maravilha, quando nos reunimos, Oh! quão vital seria, quão vivos para
Deus, e todo o Corpo de Cristo em todo o mundo iria sentir o impacto de estarmos
reunidos no Nome do Senhor, e deveria haver uma recuada do inimigo.
Que o Senhor possa nos trazer a isso por amor do Seu Nome em uma medida cada
vez mais completa.

Publicado pela primeira vez na revista “A Testemunha e um testemunho “, em


maio-junho de 1930, vol. 8-3.

Proximidade de Cristo
por T. Austin-Sparks

Mensagem de abertura na Conferência de Páscoa

Leitura: Gênesis 43:1-34; Gênesis 44:1-12

As passagens de Efésios 2:11-13; 17:18 e Mateus 26:39 estão em conexão com os


textos para leitura (acima).

Há uma palavra no coração de alguém em conexão com a proximidade com Cristo.


A Palavra de Deus deixa evidente que existem diferentes níveis de proximidade
para com Cristo. Ou, falando de outra forma, que as distancias em relação à Cristo
são muito diferentes, podendo ser maiores ou menores. Vejamos então o que diz o
Novo Testamento, de forma literal, sobre esse assunto, para entender o lado
espiritual da questão. Examinando a passagem de Mateus 26:30, começamos
vendo o Senhor no ponto mais avançado, e encontramos a expressão “adiantando-
se um pouco”. O Seu “adiantar-se”, é claro, representava ir até o fim na vontade de
Deus. Esse trecho descreve a entrega e a plenitude da Sua separação para a
vontade do Pai. Ele foi um pouco além do que qualquer outro, e lá Ele é visto
sozinho. A partir desse ponto, podemos perceber as diferentes distâncias que
existem até Ele.

Se voltarmos um pouco nesse texto, lendo de trás para a frente, veremos, no


versículo anterior, que Jesus tomou Pedro, Tiago e João um pouco além dos outros.
Eles foram um pouco mais longe que os demais discípulos, e estavam mais
próximos de Jesus do que o resto do grupo que veio para o jardim. Ainda assim,
não estavam no mesmo local que Ele. Podemos pensar que conosco aconteceria
algo assim: “vamos descer e orar juntos. Existe uma grande batalha acontecendo,
algo grande para ser enfrentado, não podemos enfrentar isso sozinhos, vamos
orar”. Mas havia algo que tornou necessário que Ele deixasse por um momento
aquela comunhão e, ao invés de fazer aquilo que certamente Seu coração mais
ansiava, que é, passar pela situação em comunhão com Seus irmãos, ou trazê-los
para essa comunhão, Ele foi um pouco mais longe, e a partir dali eles não podiam ir
mais a frente. 

Então, lendo mais um versículo atrás, percebemos que oito discípulos são deixados
a uma distância maior. Temos então uma distância entre os oito e os três, e outra
entre os três e o Senhor. No capítulo um do livro de Atos encontramos cento e
vinte pessoas, que certamente eram todas seguidoras de Jesus antes da Cruz. Ou
seja, eles não se tornaram discípulos somente a partir do Calvário. Eles eram um
grupo maior, mas não estavam no jardim. Eles estavam em algum outro lugar; e
não na mesma proximidade do Senhor que os oito ou os três. Se continuarmos
lendo mais à frente, em 1 Coríntios 15:6, encontraremos quinhentas pessoas. Paulo
diz “Depois, foi visto por mais de quinhentos irmãos de uma só vez”. Onde estão os
trezentos e oitenta e os cento e vinte reunidos juntos? Trezentos e oitenta estão
faltando, faltando naquele cenáculo em oração durante os dias da espera pela
Promessa do Pai. Os quinhentos são espalhados e apenas cento e vinte estão lá,
trezentos e oitenta estão em outro lugar. Desta forma literal, podemos perceber o
Senhor, um grupo muito pequeno mais próximo Dele; depois um grupo maior que
não está tão próximo quanto esse pequeno grupo; e então um grupo ainda maior;
e outro maior ainda, e quem pode dizer quantos foram aqueles que estavam mais
afastados que todos estes. Proximidade! Acredito que isso é sugestivo no que tange
a comunhão espiritual com o Senhor por aqueles que vão um pouco mais longe;
que vão até o fim com Ele, que vão chegar a uma comunhão mais íntima e
imediata com o Mestre. 

Sabemos de muitos que vão muito longe com o Senhor e então determinam uma
linha de proximidade; outros vão um pouco mais longe, e então param pelo
caminho, e parece que muito poucos seguem em absoluta unidade com Ele, com
Seu coração, Sua mente, Sua vontade. Ele está buscando esses que serão do Seu
próprio Espírito, que vão mais longe que os outros, e talvez estejam mais adiante
que todos os demais, um pouco mais longe, para os levar ao sofrimento interior
secreto do Seu próprio Coração.

Me parece que as diferenças de proximidade com Ele revelam o estado espiritual.


Não desejo falar muito sobre isso no sentido literal, mas no sentido espiritual isso é
certamente verdade. O estado espiritual é descortinado por quão longe vamos com
o Senhor. Para começar, temos a questão da apreensão e apreciação; a
compreensão, apreensão do desejo mais íntimo, ansiado e secreto do Senhor e
uma apreciação Dele, Sua vontade, Sua mente e propósito. Nos parece que alguns
daqueles homens tiveram uma mais plena apreciação e apreensão Dele que os
outros, e que, por causa disso, foram mais longe. Não estava Ele em constante
sofrimento por essa falta de apreciação e compreensão? Repetidamente, Ele
expressou algum sentimento, algum conhecimento interior que eles não percebiam,
não tomavam para si e não entendiam. “Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós
não o podeis suportar agora” [Jo 16:12]. O tempo todo eles estavam falhando em
compreender o fato interior, eles percebiam o exterior e perdiam o interior, não
apreciavam Seus sentimentos - “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu
para os consumir?” mas, “Vós não sabeis de que espírito sois” [Lc 9:54]. Vemos
uma falta de apreciação do Seu coração, Seus sentimentos, Seus pensamentos e
mente ali.

Se não vamos em frente com Ele, se não vamos encontrar uma resposta em nossos
corações, não seria porque não temos uma correta apreciação e apreensão do
coração, mente e propósito do Senhor? Então a questão da devoção e sacrifício
aconteceria naturalmente, se estivéssemos preparados para pagar o preço de ir em
frente. Medir a devoção, o sacrifício, o quanto vai custar, e então, hesitar devido a
esse preço. De fato seguir até o fim com o Senhor torna necessário pagar todo o
preço, qualquer que ele seja, de sofrimento… sofrimento!

Isso me traz de volta a esses capítulos lidos no início, do livro de Gênesis - essa
história incomparável de José e seus irmãos. Essa história conectada com as
palavras que lemos na carta de Efésios, expressa uma profunda afinidade espiritual
entre essas porções das Escrituras. Vimos recentemente que José representa o
Senhor Jesus como o grande Vencedor, Aquele que por direito Divino e revelação
foi o objeto de adoração universal, para quem os molhos da terra se dobram e O
obedecem, para quem o sol, a lua e as estrelas do Céu também se dobram e O
proclamam Senhor. E Este, que passou por rejeição, foi vendido por trinta peças de
prata, colocado em cadeias por Seu próprio consentimento - no caso do Senhor
Jesus - foi levado aos grilhões, humilhação, a um lugar de trevas onde pode ter
parecido que todas as promessas e visões estavam totalmente eclipsadas e
impossíveis, mas no final foi exaltado até o Trono. O grande Vencedor! Portanto,
por causa “da obediência até a morte”, “pelo que Deus O exaltou” [Fp 2: 8,9]. “Pelo
sofrimento da morte” [Hb 2:9] está agora na presença da glória nos Céus. Aqui
temos José, ou José é aqui um tipo Dele.

A próxima figura incomparável está na história de Benjamin, que representa o


crente como Vencedor. Um estudo sobre Benjamim vai nos ajudar. Ele foi marcado,
distinguido. “O pequeno Benjamim”. Benjamim é o Vencedor entre o povo de Deus,
assim como José foi distinguido entre os seus irmãos no início como o filho do amor
de Deus, Benjamim é chamado o filho da velhice do seu pai, e tudo depende dele,
no que tange aos seus irmãos, sem a presença momentânea de José. Então
Benjamim é o vencedor entre os seus irmãos. Os irmãos estão a uma
distância; todos os outros não tem proximidade com José, que é aquele no trono.
Você percebe a distância? Tudo expressa a distância. Não há comunhão. Oh, José
geme, ele anseia por aquilo que está na comunhão, mas não pode tê-la ainda.
Benjamim não está ali, e então os irmãos são mantidos a uma distância, separados,
e ele diz: “É impossível a vocês ver a minha face, chegar a comunhão comigo a não
ser que tragam Benjamim”, e lemos o argumento do pai sobre levar Benjamim, e
eles se determinaram que não iriam de volta se Benjamim não fosse com eles,
porque eles não veriam a sua face; e então, quando eles o levaram, a distância
ainda não havia sido superada. José viu Benjamim à distância, e então ordenou ao
seu mordomo que servisse sua comida à parte dos demais, e ainda a comida dos
seus irmãos separada da dele e da dos demais presentes, não se alimentando
juntos ainda: os Egípcios estavam presentes. Sabemos o significado do Egito, a
esfera dos recursos naturais, a força da carne.

Como a distância final foi retirada? Como eles todos chegaram a uma comunhão
mais próxima em unidade? Ele colocou seu copo de prata no saco de cereais de
Benjamim, e quando eles partiram com esse seu objeto, ele enviou seu mordomo a
eles e os trouxe de volta. Sabemos o que aconteceu! Esse estratagema, esse
truque, por assim dizer, foi o caminho pelo qual tudo foi quebrado. Assim a
comunhão foi trazida. O que a trouxe? Foi o seu copo no saco de cereais de
Benjamim, seu copo de prata onde ele bebeu. Você compreende? Para os
vencedores - um cálice, um cálice de prata. O Mestre disse a eles: “Podeis vós
beber o cálice que eu estou para beber?” [Mt 20:22] Eles responderam: “Podemos”!
Então Ele disse: “Bebereis o meu cálice”! E isso é absoluta comunhão, é a
comunhão no cálice, unidade de cálice, o cálice de prata. Isso representa ir até o
fim em grande proximidade - o preço! Você percebe? Não precisamos falar mais.

Essa é a história. O que parece, aos olhos do mundo como um estratagema, um


truque, foi uma profunda sabedoria com um motivo de amor por trás, para que eles
se tornem UM por meio do cálice. O Espírito escreve profundamente por trás da
sabedoria do homem, aquilo que o homem poderia chamar de qualquer coisa,
menos sabedoria e amor. O Espírito escreve a história do Calvário como base sobre
a qual a perfeita comunhão é trazida entre o Senhor e Seus irmãos. Mas, oh! Existe
outra palavra. Benjamim, o último, o menor, foi trazido para essa comunhão em
favor de todos os irmãos, os mais importantes de acordo com a carne, mas que são
espiritualmente desconsiderados. O Senhor depende que um pequenino chegue à
comunhão com Ele no cálice. Este é o vencedor no livro de Apocalipse. Você tem os
irmãos nas Igrejas, mas estão espiritualmente distantes, e nas Igrejas você tem
um pequeno grupo “vencedor” que entra em comunhão com o Senhor em Sua
paixão e dores de parto. Essa é a mensagem dos três primeiros capítulos de
Apocalipse. Chegar à comunhão com o Senhor em Sua Cruz, como representação,
para salvar o testemunho do Senhor. Você segue em Apocalipse e percebe que o
pequeno grupo se torna depois um grupo maior, mas eles estão lá em favor dos
outros, os outros nunca estariam ali se eles não chegassem lá primeiro. Eles,
entretanto, chegaram lá por meio do cálice dos Seus sofrimentos e os outros
chegarão a essa comunhão com esse cálice, “São estes os que vêm da grande
tribulação, lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro” [Ap
7:14].

Não estou preocupado com os tempos relativos a esse assunto, mas sim com os
fatos e leis espirituais. Por todo o caminho entre Gênesis e Apocalipse, há uma lei
determinante que Ele deve ter um grupo pequeno, um remanescente, um corpo de
vencedores, chegando a uma plena comunhão com Ele pelo altar, pela Cruz, em
favor dos demais. Muitas vezes demonstramos que o remanescente em Israel é
apontado apenas como duas tribos, e ainda assim, eram chamados de “todo
Israel”. Foi o remanescente que colocou o altar no seu lugar e construiu a Casa, e
ainda assim foram chamados “todo Israel”. Vemos que isso é relativo.

Esse grupo pequeno, que pode ir até o fim no caminho daquilo que o Senhor
buscar, esse pequeno rebanho que chega a uma mais íntima comunhão com Ele em
Seus sofrimentos, em Sua paixão, Seu propósito. Apenas poucos podem chegar ali.
Ele tomou com Ele Pedro, Tiago e João, e Ele mesmo foi um pouco além; e ali
vemos as regiões; e isso fala de quão longe você deseja ir, de acordo com o preço
que vai pagar - a comunhão dos Seus sofrimentos. Mas é muito comum na era de
Laodicéia, que exista algo que gera dor no coração de Deus em relação a
espiritualidade da maioria. Eles não são nem frios nem quentes. Eles são aqueles
para quem Ele fala, bem dentro das condições de Laodicéia: “Ao vencedor, dar-lhe-
ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com
meu Pai no seu trono” [Ap 3:21]. Aqui vemos o Trono - “se com Ele sofrermos, com
Ele reinaremos”. Esse é o chamado do Senhor nesses dias, e acredito que isso seja
o que o Senhor está trazendo à luz nesses dias a cada um que participa desses
encontros.

Você vai mais longe? Vai até o fim? O fim do caminho é o Trono; e chegar lá
implica que você irá pelo caminho da Cruz, pelo caminho do cálice. O cálice foi
encontrado no saco de cereal de Benjamim, o pequeno, um grupo pequeno. Por
Benjamim os outros foram trazidos à comunhão com o Senhor exaltado - completa
comunhão. Não existem mais mesas separadas e os Egípcios foram colocados para
fora, ali temos perfeita comunhão no Espírito.

Que o Senhor nos leve a ser esse grupo.

Primeiramente publicado na revista “Uma Testemunha e Um Testemunho”, em Mai-


Jun 1930, Vol. 8-3

Cristo, Nosso Tudo (1931)


por T. Austin-Sparks

Cl 3:4

Um dos principais objetos do Espírito Santo nos filhos de Deus é conduzi-los,


espiritualmente e experimentalmente, para dentro do Cristo ressurreto e exaltado,
e da vida ressurreta e exaltada de Cristo.

O momento em que vivemos é particularmente marcado por um afastamento das


coisas, homens e movimentos, com vistas a um apego total ao próprio Senhor
Jesus. O Anticristo logo será manifesto, e provavelmente será por meio de grande
movimento mundial de elevação moral e social humana sob o nome de
"Cristianismo".
Multidões serão arrastadas por ele, e aqueles que se recusarem a ser incluídos em
tal movimento trarão sobre si estigma e ostracismo. O Senhor está Se preparando
para o Anticristo tornando o Senhor Jesus o suprimento mais pleno de vida para os
Seus, de forma mais ampla do que já tenham experimentado antes.

Trabalhos, projetos, atividades, movimentos, igrejas, sociedades, ensinamentos,


pessoas, etc., foram e são a vida de muitos. Estes precisam ter o estímulo de um
programa, um esquema, um lugar para ocupar.

O ensino - como algo em si mesmo - pode trazer à confusão e não fornecer


nenhum caminho para a vida. A obra pode levar à exaustão e ao desapontamento.
Os movimentos podem ser marcados por características meramente humanas e se
tornar esferas de dissensão.

As coisas - todas elas - irão decepcionar mais cedo ou mais tarde, mas o Senhor
permanece e nunca falha. A medida do apego das pessoas ao Senhor, pode ser
medida muitas vezes na medida do apego a algum interesse, seja uma(s)
pessoa(s), lugar, movimento ou projeto, e, quando estes entram em colapso, a fé
delas no Senhor é abalada, levando-as a atravessar um escuro período de eclipse
da fé.

O que precisamos aprender urgentemente é como ligar tudo ao próprio Senhor, e


chegar a uma plena apreciação dEle. O Senhor deve ser vida para o espírito para
que este possa ser forte; não interesses e meras preocupações. Caso contrário, só
nos levantaremos fortemente quando houver o apelo por meio de alguma ocasião
externa, crise ou emergência.

O Senhor deve ser vida para nossas mentes, para que a verdade não seja para nós
algo abstrato ou meramente verdadeiro, mas vida e poder.

O Senhor deve ser a vida de nossos corpos. Fraqueza natural ou força não é o
critério. A cura como uma "verdade" ou como algo em si mesmo pode se tornar
escravidão legal e um "pesadelo". É o próprio Senhor que é a nossa vida, seja para
permanecer atormentado com enfermidades ou para ser liberto – aquilo que servir
mais para a Sua glória. A condição natural não é tão importante quando a
transcendência e realização do Senhor.

Nos dias de terrível pressão que estão agora sobre o povo do Senhor em todos os
lugares; dias em que o inimigo toma menos "dias de folga”; dias em que é mais
perigoso do que nunca que os crentes tomem "dias de folga", há apenas uma coisa
adequada - que o Senhor seja conhecido em absoluto como nossa vida - nossa
própria vida.

A exortação de Barnabé aos convertidos em Antioquia pode ser uma palavra muito
oportuna e salutar para nós neste momento: "exortava a todos a que, com firmeza
de coração, permanecessem no Senhor" - Atos 11:23.

A Medida de Cristo
por T. Austin-Sparks

“Cristo em vós, a esperança da glória”. (Col. 1:27). Leia todo o versículo


cuidadosamente, fragmento por fragmento, para obter a importância completa
desta verdade maravilhosa: “Deus quis fazer conhecer – quais são as riquezas da
glória – deste mistério... que é Cristo em vós”. As riquezas da glória, Cristo em vós!
“Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós?” (2Cor. 13:5).
Essa interrogação do Apóstolo não é sem propósito, “ou não sabeis quanto a vós
mesmos” - ou não sabeis que Cristo está em vós? Você não sabe desta coisa
maravilhosa?

“Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja
formado em vós” (Gal. 4:19). “Até que Cristo seja formado em vós”; isto é um
passo em frente.

“Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à


imagem de seu Filho” (Rom. 8:29). Palavras maravilhosas! Nenhum homem ousaria
dizer isto; eles estão aqui por revelação do Espírito Santo.

“Mas a cada um de nós foi dada a graça conforme a medida do dom de Cristo... até
que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus...
à medida da estatura da plenitude de Cristo”. (Ef. 4:7-13).

Queremos imediatamente focar tudo em e sobre o Senhor Jesus Cristo, pois é Ele
quem está em vista. O que temos diante de nós não é um ensino ou verdade; isto
é, para ser possuído de mais conhecimento da verdade; não é serviço; mas é o
Senhor mesmo.

O objetivo do Pai do início até o fim é que o Filho, o Senhor Jesus, encha todas as
coisas, e todas as coisas sejam enchidas com Cristo. O valor de tudo aos olhos de
Deus é segundo à medida da manifestação de Cristo nisso. É a partir dessa
perspectiva que Deus determina a importância de tudo.

Se nós ficarmos focalizados lá, fará uma grande diferença, muito teria que ir
porque não está manifestando o Senhor Jesus. Devemos entender que o Pai
colocou o Senhor Jesus diante de Seus olhos, e os olhos do Pai estão cheios de
somente um alvo, isso é o Amado, Seu Filho; e aos olhos de Deus o valor de tudo é
determinado pela medida na qual Seu Filho é manifestado e glorificado; esse é o
Seu fim e esse é o Seu objetivo.

A Toda-Inclusividade de Cristo

Serviço espiritual, visão, vocação, glorificação, não tem existência à parte de


Cristo; elas não são coisas como coisas, e não podem ser tidas exceto na Pessoa do
Senhor Jesus.

Para muitos, a salvação é como uma coisa. É isolada e considerada como alguma
coisa em si mesma; a ser dada por si só, para o bem daqueles que a recebem. A
santificação é envolvida da mesma maneira. Muitas vezes pensamos da salvação e
santificação em relação às pessoas em vista, e portanto alguma coisa para elas,
mas é Cristo mesmo que é salvação, Ele é santificação, e Ele está no interior como
isso.

É o mesmo com serviço e vocação; estas são frequentemente vistas apenas com
respeito às pessoas em si. “Salvos para servir” é somente parte da verdade e é um
slogan perigoso, pois o motivo, muitas vezes, é o serviço em si e não o Senhor.
Você pode ser tão motivado pelo serviço que Ele chega a ser deixado de fora.
Temos isolado a coisa da Pessoa, e percebemos que estamos agarrados e
envolvidos nas alegações do “serviço”; torna-se o ímpeto do serviço, e no final nos
quebra. E novamente, quando o serviço se torna duro e difícil, dizemos que vamos
a desistir, vamos resignar, demonstrando assim que temos separado o serviço da
Pessoa, e temos estado ocupados, dia após dia, com isso, a obra, e não com o
Senhor mesmo.

E do mesmo modo com a glorificação; sim, isto nos mexe, amamos cantar hinos
sobre nossa glorificação; mas Deus o pretende para começar agora, e deve
começar agora. Que é a glorificação? É a plena manifestação de Jesus Cristo em
nós. Deus considera a salvação, santificação, vocação, serviço, glorificação, como
relacionado a Seu Filho, e de nenhum valor à parte Dele; Ele é salvação, Ele é
santificação, etc.

A salvação e santificação são muitas vezes apontadas para pessoas como coisas a
serem recebidas para o bem delas; o objeto sendo para elas se beneficiarem de
alguma coisa recebida; muitas vezes é salvação por causa da salvação. Deus não
tem salvo uma só alma por causa da salvação. Deus não está atrás da salvação
como um fim em si mesmo, mas por causa do Salvador, para a glória do Seu Filho.
Não é salvação que está em vista, mas o Salvador. Se as pessoas estão
regozijando-se na salvação meramente como alguma coisa recebida para seus
próprios benefícios, o fim pleno será escondido no primeiro passo. Não é esta a
causa de detenção e atraso?

O obreiro tem que ser trazido, pelo caminho de não estar vendo profunda plenitude
de resultado da sua obra, para o lugar onde ele clama, “não posso fazer nada”.
Para que ele venha a ver a verdadeira natureza da salvação, e que para salvar uma
outra alma está totalmente além dele, mas é a obra de Deus. Deste modo, ele
chega a ver o objetivo de Deus na salvação, a qual é a glória do Seu Filho. A
salvação não é algo, é a entrada poderosa de uma Pessoa; “Quem tem o Filho tem
a vida”; (1João 5:12). “a todos quantos O receberam” (João 1:12).

Isto também é verdadeiro no assunto de santificação e serviço. Qualquer serviço


que não é cumprido no terreno da habitação interior de Cristo como o Obreiro, não
pode efetuar o propósito de Deus, pois unicamente o Senhor Jesus pelo Seu
Espírito pode realizar a obra de Deus. Sim, você é chamado para ser um servo num
serviço que você nunca pode cumprir! Serviço é o trazer de Jesus Cristo à vista, e
qualquer serviço que não faz isso, não é serviço do Espírito Santo, mas serviço do
homem que não cumpre os fins de Deus; será testado pelo fogo, e provado ser sem
valor.

O cristianismo não é uma doutrina, não uma verdade como verdade, mas o
conhecimento de uma Pessoa; é conhecer o Senhor Jesus. Você não pode ser
educado para ser um cristão. O cristianismo é o conhecimento de uma Pessoa,
conhecê-Lo como habitando dentro de nós.

A Universalidade de Cristo

Deus apontou uma Pessoa, e reuniu nessa Pessoa toda a perfeição Divina; tudo é
inseparavelmente ligado a Seu Filho; Ele colocou toda a plenitude da eternidade e
do Universo na Pessoa, e ligou toda a plenitude Nele; nenhum fragmento pode ser
tido à parte Dele; aquilo que é para caracterizar a nova criação está Nele. O fim
predestinado de Deus é uma apresentação completa da plenitude de Cristo - “A
Igreja, o Seu Corpo, a plenitude Daquele que enche tudo em todas as coisas” (Ef.
1:23).

Cada canto do universo falará audivelmente de Jesus Cristo; para que nós não
sejamos capazes de ir a um lugar, ou tocar uma vida, sem que achemos uma
expressão do Senhor Jesus.
“Cristo em vós, a esperança da glória” - isto é o céu. Você anda na presença do
Senhor Jesus. Pense de todo o universo dessa maneira; uma expressão universal
do Seu Filho em plenitude. Esse é o fim que Deus tem em vista, que Cristo encha
todas as coisas; que, ao olhar para tudo, seja achado estar cheio de Cristo. Tudo é
feito para Ele, e na nova criação tudo falará da Sua presença e mostrará uma
característica Dele. Ó! A alegria, mesmo agora, quando você toca uma vida e
percebe imediatamente que essa vida está cheia do Senhor Jesus, e o Senhor Jesus
é a plenitude dessa vida; que benção é!

Deus apontou uma Pessoa e O apresentou para ser visto de todos – o Homem
Cristo Jesus.

A Universalidade da Igreja

Você não pode sair fora do A e Z no campo da literatura; você confina a extensão
da linguagem com A e Z; do mesmo modo Cristo Jesus é o Primeiro e o Último da
criação de Deus, e tudo o que fica no meio; você não pode sair fora disso. Nós
nunca podemos pensar de alguma coisa como estando fora de Cristo; Ele é
Salvação, Ele é Santificação; Ele é Redenção, Justificação, Paz, Sabedoria, Amor,
Céus. “Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós” este
Cristo – em você! Você vê as possibilidades e o alcance tremendo disto?

Deus transformará o Seu universo, não a partir de fora, mas a partir de dentro.
Como? Colocando Jesus Cristo dentro do crente pelo Seu Espírito Santo; daí haverá
uma atividade dupla – sendo conformado a Ele pelo Seu Espírito, e Ele sendo
formado no crente; assim Ele vai fazer a Sua nova criação.

“Cristo em vós, a esperança da glória” (Col. 1:27). “Deus nos deu a vida eterna, e
esta vida está em Seu Filho”. (1João 5:11,12).

“Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é Dele” (Rom. 8:9).

“O Senhor Jesus Cristo: que transformará o corpo da nossa humilhação, para ser
conforme ao corpo da sua glória, segundo o seu eficaz poder de até sujeitar a Si
todas as coisas” (Fil. 3:20b,21).

“E vos vestistes do novo, que se renova para o pleno conhecimento, segundo a


imagem daquele que o criou; Onde não há grego, nem judeu, circuncisão, nem
incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo, e em todos” (Col.
3:10,11).

“A igreja, a qual é o Seu corpo, a plenitude Daquele que enche tudo em todas as
coisas” (Ef. 1:22b, 23).

Crescendo Nele

A vida cristã não é pela força, e nem pela luta; nem meramente pela tentativa de
pôr em prática certas máximas, ou pela tentativa de atingir uma certa medida; mas
do principio até o final, e tudo junto, é uma questão de conhecer o Senhor Jesus no
interior. Obviamente isto implica resposta a Ele, e uma submissão continua à Sua
obra pelo Seu Espírito no interior, e assim cooperando com Ele em Seu propósito de
conformidade à imagem Dele.

Todos nós temos crescido desde que nascemos. Como nós crescemos? Não
sentando e considerando que nós devemos aumentar nossa estatura; não
determinando crescer um tanto hoje, e um pouco mais amanhã; não mediante
esforços dolorosos para aumentar nossas dimensões, e assim por diante; mas nós
“só crescemos!” - como Topsy. Mas enquanto nós “só crescemos”, tínhamos que
responder às leis do crescimento. Desse modo, na esfera espiritual, temos que
reconhecer às leis do crescimento, e onde seja que estas não forem respondidas,
ou são violadas, não pode haver crescimento, mas detenção, fraqueza e perda.

Por que o crescimento espiritual é tão lento em alguns e tão gloriosamente rápido
em outros? Porque alguns chutam e questionam, ou argumentam com Deus; dão
voltas e voltas ao ponto perguntando, quer dizer isto? Devo fazer isto? É
necessário? Posso, posso fazer isto? E assim por diante. Contudo, estas mesmas
pessoas são mais barulhentas em dizer que elas querem somente a vontade de
Deus; mas suas próprias afirmações frequentemente mostram que uma luta está
acontecendo, e seus crescimentos estão repletos de uma boa dose de atrição.

Outros, numa sinceridade bela e pureza de espírito, estão imediatamente deixando-


se levar ao Senhor, assim Ele é capaz de levá-los, sem perca de tempo em
controvérsia com a vontade de Deus; e não existe fraqueza por não estar havendo
um abandono total e obediência de todo coração e rendição a essa vontade. Existe
uma paixão pelo Senhor mesmo, e para Ele ter o Seu caminho pleno a qualquer
custo.

Tudo depende de nossa apreciação do Senhor Jesus. Quando obtemos um valor


verdadeiro Dele, e vemos tudo o que Ele é por nós para o Pai, e conforme nós, pela
fé, nos apropriamos Dele, tranquilamente crescemos – Contemplando... o Senhor,
somos transformados (transformado a partir de dentro) de glória em glória na
mesma imagem” (2Cor. 3:18).

O empecilho para o crescimento é o relacionar coisas como à parte da Pessoa, o


Senhor Jesus. Nós nunca daríamos voltas pela Escritura, como às vezes fazemos,
debatendo se sim ou não, se tivéssemos uma apreciação plena Dele, se nossa
paixão fosse para Ele obter a glória mais plena possível; instantaneamente nos
renderíamos, para que Cristo possa obter mais glória.

Não é a dificuldade muitas vezes, no nosso relacionar aspectos da vida cristã como
alguma coisa nelas mesmas?

Uma apreciação adequada do Senhor Jesus livra-se de toda a tensão do


crescimento espiritual. Cristo é mais glorificado onde Cristo está mais no coração.
Crescimento está ligado ao Amado; e o crescimento é o resultado de estarmos
ocupados com Ele, dando ao Senhor Jesus o Seu lugar em tudo; Ele o primeiro, e
Ele tudo, e em todas as coisas. Conclusivamente, é uma questão da medida de
Cristo, devemos ver que tudo está ligado ao Senhor Jesus mesmo.

Tudo é uma questão de conhecer o Senhor em nossos corações, então o Senhor


terá um caminho livre em nós, e através de nós.

Fique focado Nele, e veja que Ele mesmo é tudo.

O Evangelho de Deus é que nós somos salvos para sermos conformes à imagem de
Seu Filho; para chegarmos à plenitude da “medida de Cristo”, “à maturidade, à
medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef. 4:13).

Primeiramente publicado na revista “Uma Testemunha e Um Testemunho” Sep-Oct


1931, Vol. 9-5
Pelo Sangue do Cordeiro
por T. Austin-Sparks

(Uma Mensagem falada)

Leitura: Zacarias 3:1-10; Apocalipse 12:1-12

“Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do
testemunho que deram e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida.”
(Ap 12:11)

Uma parte desse versículo engloba tudo e é suficiente para nossa meditação –
“pelo sangue do Cordeiro”.

As Dores de Parto pelo Filho Varão

Primeiramente, amados, gostaria de agrupar divesas coisas que acredito


representarem o significado dessa declaração. Sou um daqueles que acredita que o
filho varão mencionado nesse capítulo representa um grupo de pessoas do Senhor
no tempo do fim (não peço que você acredite nisso porque acredito, mas que
busque isso do Senhor com um coração aberto). Esse grupo, de forma peculiar,
permanecerá na plenitude da virtude e poder do Sangue do Senhor Jesus. Ainda
acredito que esse filho varão é o povo, o grupo que Deus está buscando assegurar
de forma especial para Si mesmo no tempo do fim. É nisso que o Senhor está
particularmente engajado em trazer à existência, em meio as outras coisas. Esse é
um grupo chamado a um relacionamento peculiar com o próprio Senhor, tendo
como objetivo o cumprimento de um ministério sacerdotal relacionado ao reino
universal de nosso Deus e o Seu Cristo. Quando uso a palavra “universal” é com
cuidado; não me refiro apenas ao aspecto terreno deste reino, mas também ao
aspecto celestial. Devemos entender que existem dois lados do reino: o lado
terreno e o lado celestial. Haverão aqueles que estarão do lado terreno e que não
estarão do lado celestial. Entretanto, aqueles que estariverem do lado celestial
também estarão do lado terreno. Se você tiver o lado celestial, terá os dois. Esse
grupo em particular, o grupo do filho varão, será, de acordo com o propósito de
Deus, trazido a uma relação com Ele que visa o cumprimento de um ministério
sacerdotal relacionado ao reino universal de nosso Deus e Seu Cristo. Um
ministério sacerdotal em relação ao reino e ao trono, à soberania universal do
Senhor Jesus. Estes serão um instrumento administrativo no céu, reinarão com Ele,
dos céus, em toda a amplitude de Seu domínio.

Vamos trazer a memória uma ilustração do Antigo Testamento, que é a pessoa de


Samuel. Você vai se lembrar que o nascimento de Samuel tinha sua realização
impossível dentro das linhas ordinárias da natureza, mas sua mãe, Ana, entrou em
dores de parto espirituais por ele. Enquanto estava nessas dores de parto
espirituais, estando diante do Senhor em forte choro e lágrimas por este filho
varão, a outra mulher de seu marido riu, zombou dela, e a menosprezou. Ela tinha
filhos, Ana não tinha nenhum e era desprezada. Então, por uma intervenção
especial e um ato de Deus, aquela dor de parto espiritual foi respondida e Samuel
nasceu. Nascido, por um lado, das dores de parto de sua alma, mas por outro lado,
por um ato direto de Deus em Sua Divina intervenção, que acontece quando o
homem está desamparado e a natureza, impotente. Quando Samuel foi
desmamado, ele foi apresentado no Templo e lemos que “Samuel ministrava
perante o Senhor, sendo ainda menino, vestido de uma estola sacerdotal de linho”
[1 Sm 2:18] – vestes sacerdotais. Veja os estágios: Samuel – poderíamos dizer
que do nascimento, da infância, sem o passar de anos – imediatamente foi trazido
a um ministério sacerdotal. Ele foi projetado para isso, foi trazido à existência com
essa finalidade, e essa foi a causa das dores de parto. Podemos notar que é dito
que Ana desmamou a criança [1 Sm 1:24]. Quando isso foi falado de Sara e
Isaque, nos é dito “quando o menino foi desmamado” [Gn 21:8] – evidenciando
que foi seguido o curso natural. Ana, entretanto, fez isso tão logo ela pode, as
coisas não tomaram seu curso natural. Ela fez isso para trazer Samuel a esse
ministério sacerdotal tão logo fosse possível. Então, a vida dele, desde o início, foi
marcada por esse ministério sacerdotal, e estava relacionada com o trono e o reino
– Samuel foi aquele que ungiu os reis, e trouxe o grande rei. Seu ministério
sacerdotal estava relacionado com o reino. Ele era a encarnação da grande frase
“reino e sacerdotes para Deus” [Ap 1:6].

Aqui temos seu tipo, o filho varão. Dizemos frequentemente que a mulher na Bíblia
representa princípios espirituais, e podemos dizer que Ana representa a lei de dores
de parto em relação a um propósito específico de Deus. Quando chegamos a
Apocalipse 12, temos uma mulher que entra em dores de parto espirituais. Essas
dores de parto espirituais vêm para trazer à luz um grupo específico, como
acredito, um remanescente, um filho varão nascido dessas dores de parto, desse
clamor do espírito, dessa angústia. O Adversário está posicionado contra esse
grupo de forma mortal. Zacarias, no capítulo 3, que é um dos textos de nossa
leitura, introduz esses princípios de novo com outro pano de fundo histórico. Josué,
o sumo sacerdote, é a encarnação do ministério sacerdotal de todo Israel, que deve
ser um “reino e sacerdotes para Deus”. O sumo sacerdote simplesmente agrega
toda a nação sacerdotal em sua pessoa, e Josué é visto como uma figura central do
sacerdócio em relação ao reino. O sacerdócio, o ministério sacerdotal, a vocação e
chamamento sacerdotal, estavam em um estado lamentável nos dias de Zacarias.
Podemos ver Josué vestido com vestes sujas. Essa é a condição das coisas, e
Satanás – o Adversário – é visto à sua mão direita para se lhe opor. A mão direita é
um lugar de poder, e Satanás está nesse lugar de poder por causa dessas vestes
sujas, acusando Josué diante de Deus. Chegaremos a esse podo de novo mais à
frente – Satanás em um lugar de poder como acusador daquele que é destinado a
cumprir esse ministério sacerdotal em relação ao reino. Trazendo essas coisas
juntas, temos o pano de fundo de princípios espirituais, e você pode ver
exatamente o que está em vista nesse capítulo de Apocalipse. “Eles, pois, o
venceram por causa do sangue do Cordeiro”.

O Poder do Sangue está Primariamente na Sua Incorruptibilidade

Qual é a base da vitória? Qual o fundamento do triunfo definitivo? Qual será o meio
que Deus usará para chegar ao Seu objetivo final? Aqui nos é dito “pelo sangue do
Cordeiro”. Isso, antes de tudo e acima de qualquer coisa, se relaciona à natureza
do Sangue do Senhor Jesus. Me refiro à alsoluta santidade do Senhor Jesus na
essência de Sua vida e natureza, a absoluta ausência de pecado Nele. Sua natureza
era totalmente desprovida da menor suspeita de corrupção, pecado, contaminação
ou corruptibilidade. Essa é a força do sangue, seu poder, sua vitória. Antes que
possamos entender a forma de operação do poder do Sangue do Senhor Jesus,
precisamos entender a absoluta imunidade de qualquer sugestão de pecado na
natureza do Senhor Jesus. Pecado não foi achado Nele. Ele era o “cordeiro sem
defeito e sem mácula”[1 Pe 1:19], e apesar de ter nascido de uma virgem, uma
mulher que era parte da raça de Adão, por uma direta atividade e operação do
Espírito Santo, houve uma completa separação entre Maria como parte da raça de
Adão, e do Senhor Jesus como Filho de Deus, portanto Ele não herdou nada da raça
pecadora de Adão no Seu nascimento. É importante ver isso. Ele nasceu como
membro da raça de Adão, no entanto não herdou nada de seu pecado em Sua
natureza, isso devido a uma separação realizada pelo Espírito Santo. Por isso
podiamos dizer que Ele não era como nenhum outro ser existente no universo, era
“o ente santo” [Lc 1:35]. Essencialmente, em Sua própria substância, Ele era
santo. Seu Sangue representa Sua natureza e vida sem corrupção, pecado,
qualquer mancha, mas em absoluta santidade, e, por isso, Satanás não teve poder
sobre Ele: “aí vem o príncipe do mundo, e ele nada tem em mim” [Jo 14:30]. Por
isso Ele pôde expulsar o príncipe do mundo e o expor publicamente ao desprezo,
triunfando dele na cruz. Ele pôde vencer Satanás, encarar o pecado e dominá-lo,
porque não existia uma base para que ele O dominasse ou enfraquecesse. Veja
Josué em seu lugar de fraqueza, de impotência, um lugar onde ele não está agindo
dentro do seu chamamento celestial, de derrota, e o Adversário em seu lugar de
poder, à sua destra como seu opositor! Ele não pode sair dessa situação sozinho
por causa das suas vestes sujas, e, antes que Josué possa ser estabelecido em seu
lugar de poder e receba ascendência, e Satanás como acusador possa ser
derrubado, essas vestes sujas devem ser removidas. Em princípio e efeito, o
Sangue entra em vigor. O Sangue, o sangue precioso e sem pecado, deve chegar e
lidar com o pecado, o terreno e poder da atividade satânica – os meios de acusação
da parte do Adversário. Antes que essa acusação seja destruída, o Sangue deve
estar operando.

O “Vencedor” Permanece no Terreno das Perfeições de Cristo, e Encontra o


“Acusador” Apropriando-se Disso pela Fé

Qual é o significado da aplicação do Sangue? Significa que a absoluta santidade do


Senhor Jesus é o terreno no qual nos apoiamos. Isso nos dá autoridade, poder. É a
perfeição essencial de Cristo que nos dá segurança, fé, confiança e sustenta nosso
testemunho. Se nos apoiarmos em nós mesmos, estaremos derrotados. Não
existem perfeições em nós, não existe nada em nós que pode reduzir a nada
Satanás, nos livrar de suas acusações e posição de poder sobre nós. Mas quando
nos firmamos em Cristo, em toda a perfeição da Sua natureza, do Seu ser, na
absoluta santidade Dele representada pelo Sangue incorruptível, temos um
livramento. Então, esse Sangue derramado se torna ativo, operante, entra em
movimento, e é uma grande coisa ter as perfeições do Senhor se movendo a nosso
favor, fluindo de forma ativa, indo de encontro a todas as acusações do inimigo.
“Pois foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de
noite, diante do nosso Deus” [Ap 12:10]. Por quê? Porque, nesse momento, eles
não estão permanecendo baseados nas suas imperfeições, pecados, fraquezas,
faltas, mas estão firmes na base da absoluta perfeição do Senhor Jesus, e dando
testemunho delas: “A palavra do seu testemunho”. “Eles venceram pelo sangue”.
Essa é uma questão de absoluta santidade, uma santidade não baseada em nós
mesmos, mas nEle, em nos apropriarmos e apreendemos pela fé tudo o que o
Senhor Jesus é em Sua natureza essencial, como o Cordeiro sem mancha de Deus -
para Deus por nós, de Deus para nós. Nunca poderemos exagerar ao reinterar isso.
Essa é a base da vitória. Dê ao inimigo algum pequeno fragmento do velho Adão,
da carne, do ego, do pecado, e ele imediatamente toma o lugar de poder e te
subjuga com acusação, começando a enfraquecer a sua vida e ministério. Você
sabe que isso é verdade. Se ainda não souber, vai descobrir. Permaneça
continuamente sob a eficácia daquele Sangue, permaneça continuamente
recebendo pela fé tudo o que o Senhor Jesus é feito para você por Deus, acerte
tudo que o Espírito Santo te convencer que O desagrada, limpe pela virtude do
Sangue, e o inimigo será colocado para fora, não terá mais um lugar de poder.

A Tirania Satânica através da Auto-Ocupação, Quebrada por uma Correta


Apreensão do Sangue

Oh! Se o povo de Deus pudesse colocar isso em seus corações. Existem tantos
entre o povo de Deus hoje sob o senhorio de Satanás, por meio de acusação. O
inimigo os está trazendo a um senso de condenação e julgamento, roubando sua
paz, certeza, descanso, esperança. Você vai descobrir que esse povo está sempre
falando de suas falhas, seu pecado; estão sempre circulando ao redor de si
mesmos, o que são e não deveriam ser, o que não são e deveriam ser. Sua
libertação de Satanás se baseia numa apreensão nova da absoluta satisfação do Pai
no Seu filho a favor deles. Eles devem encontrar um lugar para se posicionar diante
do Pai em aceitação. Esse é o caminho da libertação, o caminho para colocar o
Adversário para fora. Esse é o caminho para vencer o inimigo como o Acusador.
Sim, o terreno do Sangue é suficiente para essa ampla, completa e multifacetada
vitória. “Eles venceram por causa do sangue do Cordeiro”, esse é o primeiro e o
supremo fator na virtude do Sangue em todas as direções, que é de uma ausência
de pecado, a natureza do Senhor Jesus. Nunca houve outro assim. Oh, estou tão
feliz porque foi Deus que veio em Cristo, DEUS veio em Cristo. Você pode acusar
Deus de pecado? Você pode lançar pecado sob a responsabilidade de Deus, na Sua
conta? Foi Deus em Cristo, O absolutamente e completo Santo em quem não havia
pecado, que veio na encarnação; e baseado na virtude daquela natureza Divina, na
Sua perfeição, Satanás e sua autoridade são derrotados – nesse terreno. Bendito
seja Deus! Nós recebemos pela fé a virtude desse precioso Sangue, que é a
perfeição do Senhor Jesus sendo colocada em nossa conta. Isso é graça – a
maravilha do Evangelho. Se fôssemos começar a analisar a nós mesmos e fazer
contas, isso seria algo terrível, perverso, não teria fim – pense nisso, amado,
considerando tudo o que sabemos de nós mesmos, e tudo o que Deus sabe de nós
– “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente
corrupto; quem o conhecerá? Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração, eu provo os
pensamentos” [Jr 17:9,10].

Apesar de tudo isso ser um fato, você e eu podemos estar na presença de Deus
como que perfeitos e sem pecado, não baseados em nós mesmos, mas em Cristo. É
como se tivéssemos absoluta perfeição de santidade colocada em nossa conta por
Deus. Entenda que não estou confundindo as coisas, não estou dizendo que nós
iremos ser perfeitos e sem pecado aqui, mas essas perfeições do Senhor Jesus são
colocadas em nossa conta diante de Deus para satisfazer Seus requerimentos, para
prover um lugar onde Satanás não tem mais autoridade. A derrota de Satanás e a
vitória dos santos não é por seus próprios esforços, tensão, gemidos, nem por nada
que possamos fazer; está na medida da apropriação pela fé da absoluta perfeição
de Cristo para eles, como algo vivo e operante de Deus a seu favor. É uma grande
coisa estar em Cristo Jesus.

O Sangue Representa Total Separação para Deus

O segundo ponto no que tange ao significado do Sangue, que é atrelado ao


primeiro, se refere a sua absoluta separação para Deus, algo voluntário; pleno,
completamente separado e entregue a Deus. Não encontramos nenhum ponto onde
tenha havido algum desvio na pessoa do Senhor Jesus. Ele era pleno, inteiro, sem
mistura. Você nunca encontra lã e algodão nas suas vestes espirituais [Dt 22:11 /
Ez 44:17]. Você nunca encontra Nele a contraparte dessas coisas proibidas no
Velho Testamento típicas de contradições, desvios, que não se harmonizam. Ele era
um - mente, coração e vontade, sem a menor reserva, completo para Deus. Essa
era a Sua natureza, e isso tem a sua raiz no Seu Sangue. Seu Sangue representa
isso – uma vida sem pecado, plena e completamente dada a Deus, sem o menor
desvio em pensamento, desejo, inclinação, vontade. O Sangue fala disso, amado,
absoluta separação para Deus. Volte para o Velho Testamento para uma ilustração.
Vemos no Livro de Josué, no capítulo 5, o povo chegando a Gilgal, onde o Senhor,
por meio de Josué, ordenou a completa circuncisão de Israel. Todos os homens que
tinham nascido no deserto foram circuncidados em Gilgal e a palavra de Deus foi:
“Hoje (quando isso aconteceu), removi de vós o opróbrio do Egito... pelo que o
nome daquele lugar se chamou Gilgal”, que é “rolar”. “O Senhor removeu o opróbio
do Egito” no dia da circuncisão, no dia daquele ato simbólico de verter e se cingir
do precioso Sangue – todo o corpo da carne cortado – como Paulo explica em
Colossenses 2, “no despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo”.
O opróbio de Egito rola para longe quando isso acontece. O que é o “opróbio do
Egito”? O que isso significa? Não sei se você notou a persistência do Egito nos
calcanhares de Israel nos dias do deserto. Isso não ocorreu literalmente, mas
espiritualmente. Eles estavam constantemente olhando para trás, para o Egito.
“Você nos trouxe do Egito para morrer nesse deserto?” Até mesmo quando Moisés
subiu ao monte e Arão fez o bezerro, eles dançaram diante do bezerro e o
adoraram, e isso é a representação do Egito. É disso que Estevão estava falando,
eu acho, quando ele resumiu tudo em uma palavra em Atos 7:39 – “no seu
coração, voltaram para o Egito”.

Seus corações estavam no Egito, e isso aconteceu porque seus corações estavam
divididos com o Egito durante os quarenta anos. Por isso temos esse estado tão
triste: altos e baixos, um dia mais claro, e o outro murmurando e reclamando de
novo. Que história foi essa! Você lê e parece que os trechos brilhantes são quase
que ignorados, e o ponto escuro é mantido em foco. Isso é referido no Novo
Testamento. Paulo escreve na epístola de Hebreus sobre isso – “cujos cadáveres
caíram no deserto”, lembrando a eles do dia da provocação no deserto quando “os
vossos pais me tentaram”; sempre voltando a esse infeliz fracasso. Por que eles
falharam? Porque seus corações não estavam totalmente fora do Egito; eles não
reconheceram de forma adequada o sentido do tipo do precioso Sangue do Cordeiro
que foi morto. Até que chegassem à terra, por meio do Jordão (que é
tipologicamente o que Cristo fez por eles na Sua Cruz) em direção a Gilgal (o lugar
de circuncisão onde aquilo se tornou real para eles - aquilo que foi “para eles”
agora é feito “neles”), até esse momento onde eles chegaram ao lugar do corte
(aquela Cruz entrando na carne “o despojamento do corpo da carne”
simbolicamente), que o opróbio do Egito não tinha sido tirado. O que foi o opróbio
do Egito? O profeta Sofonias diz, “Ouvi o escárnio de Moabe e as injuriosas palavras
dos filhos de Amom” (Sf 2:8), o que eles estavam fazendo? Eles estavam olhando
de cima para o povo de Deus, desprezando-os por causa da sua fraqueza, porque
não estavam chegando ao seu objetivo. Do ponto de vista deles, da forma que
julgavam as coisas, tudo era um fiasco. “Vocês deixaram o Egito para ir para Canaã
e tem estado por quarenta anos nisso!” Fraqueza, falha na realização, desamparo,
e o inimigo em uma posição forte! O opróbio estava sobre eles porque não
reconheceram que o Sangue, fundamentalmente, significava um completo corte do
Egito; um coração pleno e entregue a Deus, que permanecia do lado de Deus, não
do lado dos questionamentos a Ele, mas, ao Seu lado com Ele. Quando você chega
lá, no pleno sentido da Cruz – um total corte do Egito: da vontade, da mente e do
coração carnal, e você pleno com Deus – então você tem vitória. Até esse ponto
Satanás está em um lugar de poder, mas quando você tira o opróbio o Egito, chega
à terra prometida em uma posição de autoridade, e vai de força em força em
ascendência. Isso é tão claro na ilustração do Velho Testamento. Esse é o princípio
de Apocalipse 12:11. “Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro e
por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da morte, não
amaram a própria vida. Por isso, festejai, ó céus...”

A Paralisia de um Coração Dividido

Portanto, amados, o problema com tantos de nós tem sido esse coração dividido.
Não estamos totalmente certos, absolutamente certos sobre o Senhor, sobre nossa
posição, o testemunho que estamos sustentado, que proferimos; não estamos
certos, temos questionamentos secretos. Não importa o que dizemos em público e
para os outros, Deus conhece o segredo de nossos corações, e sabe se estamos
absolutamente verdadeiros no secreto com Ele em relação a esse assunto. E não
existirá um lugar de vitória, de ascendência, em direção da realização do propósito
Divino – um povo para assumir um ministério sacerdotal relacionado à absoluta
soberania e ao reino de nosso Deus e Seu Cristo – até que estejamos no terreno de
uma absoluta inteireza de coração para Deus no que diz respeito ao Seu
testemunho. O desafio para os nossos corações é: estamos totalmente dentro ou
apenas parcialmente; metade dentro, três quartos dentro? Existe alguma
fascinação pelo Egito nos espreitando? Como o Egito fascinou e segurou parte dos
corações do povo de Israel quando eles estavam no deserto! Ali todas as coisas são
incertas, nunca sabemos de um dia para o outro se vamos ter alimento! No Egito
tínhamos ao menos a certeza; sabiamos qual a nossa programação, sabíamos que
as coisas seriam substanciais, que enquanto tivéssemos nosso trabalho teríamos
nossa comida! Aqui somos forçados a depender de Deus, e isso é algo precário.
Será que é? Deus é mais garantido que o Egito. Existem Cristãos que sentem que
essa caminhada da fé é algo incerto. Você não sabe o que o Senhor vai te trazer
em seguida, o que vai te acontecer. No mundo pelo menos você tem um terreno
sólido sob seus pés. A carne quer uma base e evidência para ela, uma terra sólida.
Essa vida celestial – você nunca sabe – ah! Mas será que você conhece AQUELE que
é Celestial?

Vou te perguntar o seguinte: você acredita, amado, que quando você se


compromete completamente com Deus, se consagrando a Ele, tendo entendido que
Ele é o Senhor, e tendo sido obediente a Ele de acordo coma luz que Ele te
concedeu – você acredita que quando você chegar na glória você poderá dizer do
Senhor: “Você me deixou ser enganado, minha vida foi arruinbada, eu estava
errado?” Será que isso é possível? Eu não acredito nisso! Eu acredito que,
independente de qualquer coisa que o Acusador possa tentar trazer sobre nós, e
qualquer coisa que outros possam dizer de nós, se no secreto diante de Deus
somos honestos com Ele, se fomos cortados fora pelo precioso Sangue de nossa
própria vontade, caminhos, esquemas, interesses, e colocarmos nossa confiança
Nele, seguindo a Luz que Ele dá, acredito que quando chegarmos lá, amado, você
não terá sido enganado, mas poderá dizer: “Senhor, você foi bom e nos conduziu
por um caminho direito para que pudéssemos chegar na cidade de habitação!” O
Senhor vai tomar a acusação do inimigo contra a Sua honra, quando somos
cortados fora de nós mesmos e de todos os interesses pessoais, e somos
inteiramente voltados para Ele.

O Egito para alguns é o terreno de grilhões e derrota. Mesmo que sejamos filhos do
Senhor, comprados pelo Sangue, no terreno da redenção, ainda podemos ser
derrotados devido a uma inadequada apreensão do significado desse precioso
Sangue. Acredito que muitos que perderão aquilo que Deus tinha em vista para
eles como uma vocação especial no Seu reino celestial, porque não foram
totalmente devotados a Deus hoje. Não acredito que seremos levados a essa
vocação por bem ou por mal. Se você quer o mundo, ainda que como um crente,
mesmo que apenas um pouco dele, bem, você terá o seu preço, a perda daquilo
para o qual você foi preeminentemente chamado: uma maravilhosa vocação no
reino celestial. Isso você perderá. Paulo estava atrás disso. Paulo envidou todos os
esforços, espiritualmetne, por isso. Ele deixou as coisas que almejava por isso, para
ser preservado no reino Celestial do Senhor. Existem muitos Cristãos que vão
perder isso porque não vão até o fim com o Senhor. Não perderão sua salvação,
mas perderão aquela vocação específica em glória e honra; isso porque não
reconheceram e honraram a plena virtude do Sangue em total consagração e
entrega de si mesmos ao Senhor. Sim, nesse sentido serão deixados para trás. Mas
aqueles que vão até o fim, que vencem as adversidades, são aqueles que vencem
por causa do Sangue do Cordeiro nesse segundo sentido, que é o da entrega
absoluta do Senhor Jesus para a vontade do Seu Pai até a morte; estes que estão
permanecendo firmes na virtude da Sua consagração, e tornando-a a sua própria
consagração, pela Sua graça, tão absolutos como Ele foi. Nós nunca precisaremos
deixar aquilo tudo o que o Senhor deixou na Sua obediência à vontade de Deus.
Não temos o que Ele tinha que deixar para trás, mas o que o Senhor busca, amado,
é um povo que é completamente Dele, sem um coração dividido, e esse é terreno
da nossa vitória e da derrota de Satanás.
Acho que devo encerrar pelo momento. Oh, que seja visto que o Sangue do
Cordeiro é a absoluta perfeição de santidade e ausência completa de pecado
representando o Senhor, Sua substância, Sua essência, Sua natureza e Sua
entrega absoluta, Sua rendição à vontade do Seu Pai. Este é o terreno onde
devemos permanecer firmes; algo para ser apropriado e agarrado pela fé. Ainda,
isto é algo que deve ser tomado como uma arma contra o inimigo.

O Sangue é uma Arma para Ser Manejada

O Dragão é o adversário. Estamos diante do Devorador. Todo o povo


verdadeiramente espiritual sabe disso hoje, alguns mais do que outros, talvez. Se
ele puder, irá nos engolir. Acredito que ele está disposto a nos derrubar com a
morte se puder, derrubar nossos corpos, nossas almas com a morte. Deixe-me
deixar essa palavra para aqueles que estão mais intimamente associados com
coisas, saibam que quando mais nos posicionarmos em relação ao Senhor no que
diz respeito ao Seu reino celestial, e esse ministério sacerdotal relacionado ao trono
nesse reino, mais ficaremos conscientes da imediata proximidade do Dragão,
daquele que atinge com morte, atinge as nossas mentes e nossos corpos com
morte. Isso pode explicar muita coisa. Quanto mais perto nos achegarmos da
vocação do filho varão, mais próximos nos tornamos do Dragão, e mais conscientes
estaremos de que estamos rodeados e envolvidos pela morte, e devemos clamar
para sair dela, e dizer: Isso não é vida, é morte! Será que vamos aceitar isso? Isso
é morte, mas onde está a virtude do Sangue? Será que vamos rejeitar isso tudo no
terreno desse poderoso Sangue derramado? “Eles venceram pelo sangue do
cordeiro...” e não vamos aceitar morte, por causa daquele Sangue. Talvez alguns
não tenham entendido isso direito. Não estamos dizendo que não vamos para o
túmulo se o Senhor se demorar; isso não é o que me refiro quando falo em não
aceitar a morte. Podemos morrer e ir para o túmulo no sentido físico, mas isso
pode ser vitória, não derrota, pode ser triunfo! Não aceitamos a morte. Você deve
conhecer isso espiritualmente, mentalmente, você conhece isso que te rodeia e
brinca com você quando você chega a uma proximidade do que é o definitivo
propósito de Deus no testemunho de Jesus Cristo. Procure essa explicação; se
apegue a isso. Isso é um chamado, amado, para permanecer firme contra o
adversário, o devorador, o engolidor. Graças a Deus, haverá um que vai engolir
mais do que ele. A morte será tragada. Haverá um que engolirá, se ele puder.
Contra o Dragão, o Adversário, o Acusador, Enganador, o Sangue é adequado e
suficiente; mas deve haver uma apropriação positiva e ativa do pleno poder e
significado do Sangue, e um posicionamento sobre ele; tomando-o como um
instrumento ativo. Oh! Ter uma companhia assim aqui e agora que conhece e se
apropria do poder do Sangue, não na força da carne, mas esvaziado-se de si
mesmos, em toda a humildade, insignificância, fraqueza, permanecendo na Sua
virtude, no poder do Seu sangue, permanecendo firme e usando essa poderosa
arma contra a operação da morte agora, ao nosso redor, e chegando até o fim que
Deus tem em vista. Isso é a necessidade de hoje, um povo assim.

Que o Senhor possa trazer isso para o nosso coração, que esse não seja um
discurso, mas um apelo, um anseio do Espírito de Cristo – nos trazer para dentro
disso ativamente pela oração. Lembre-se do seu território, sua arma, lembre-se de
se esvaziar de si mesmo, do enfraquecimento, da humilhação, da disciplina, do
correção, tudo isso visa trazer você a um lugar efetivo. O orgulho não pode
permanecer ali; a auto suficiência também, a força natural não entra ali, nada além
do precioso Sangue.

Fraqueza não é impotência. Desamparo de nossa parte não é desespero. Não, é um


caminho aberto para a poderosa eficácia do Sangue entrar em operação.
Primeiramente publicado na revista “Um Testemunho e uma Testemunha”, de Set-
Out 1931, Volume 9-5.

Este Ministério
por T. Austin-Sparks

Leitura: 2Cor. 4:1-7

O primeiro versículo contém a cláusula sobre a qual tudo nesta carta pende, “Por
isso, visto que temos este ministério”, “este ministério”. - Reconhecemos que esta
carta é escrita para os crentes em Corinto, e uma das características desta carta, e
das cartas de Paulo em geral, é a maneira na qual ele une aqueles a quem ele
escreve consigo mesmo, e ele mesmo com eles, e o faz um só assunto. Ele não
está dizendo, “Por isso, visto que tenho este ministério”. Ele está dizendo, nós
temos este ministério, e se olharmos para trás e para frente veremos como ele traz
eles em unidade com ele próprio. É um dos seus grandes princípios. É básico para o
que o Apóstolo esta procurando fazer, porque estes Coríntios desafiaram ele muito
seriamente e levantaram muitas questões acerca dele, alguns disputando seu
apostolado, e ele se encontrou com bastante suspeita e duvida e oposição. Ele é
um homem na presença de pessoas na igreja que não gostam dele, e não querem
ele, e que excluiriam ele e prefeririam outros à ele, e ele tem que enfrentar uma
dificuldade como essa. A dificuldade que muitos ministros tiveram que enfrentar.
Como você vai lidar com pessoas na igreja que realmente não gostam de você, e
não querem você, e estão dizendo todo tipo de coisas acerca de você que são
indignas? Uma expressão da sabedoria do Espírito Santo é que Ele se une a Si
próprio com eles e os envolve em sua própria posição e envolve a si mesmo na
deles e lida com isso como algo em comum. Paulo desce diretamente até eles e fala
a eles como se eles todos estivessem enfrentando dificuldades em comum.

E assim ele diz, “Nós temos este ministério”. A razão pela que menciono isto é para
que todos nós reconheçamos que nós temos este ministério. Isto não pertence a
um certo círculo chamados “ministros” ou “missionários” em algum sentido oficial. É
o ministério de cada filho de Deus. Tem suas formas intensificadas naqueles que
são separados para o evangelho numa maneira especial, mas todos nós o temos.
Não estamos pensando do “ministério” como uma coisa separada e cercada em
volta pertencendo a uma determinada classe de pessoas, mas é a casa inteira de
Deus e o corpo inteiro de Cristo. É o ministério de cada membro, e cada um de nós
no ministério, e portanto estas palavras aplicam-se a você numa maneira muito
definitiva. Nós temos este ministério.

Aqui você tem o ministério revelado de acordo à mente de Deus. É tremendamente


importante reconhecer como o ministério e o ministro são um. Essa é uma das
fundações aqui nesta carta. Você não pode separá-los. O ministério nunca será
mais do que o ministro, e o ministro, no que ele é, faz o ministério. E assim esta
carta, que tem a tratar muito com este ministério está mesmo muito cheio do que é
autobiografia. É a vida interior do servo do Senhor. A história espiritual interior do
servo de Deus está aqui, e ele não hesita em apresentar a história espiritual,
pessoal, interior dele neste mesmo principio do que o ministério é, afinal de contas,
somente a expressão do que o homem é em sua história espiritual interior – o que
o servo do Senhor é com o Senhor mesmo. O ministério e o ministro estão
entrelaçados, e o ministério é a exteriorização do que tem acontecido em secreto
com o Senhor na parte do servo do Senhor.

Isso nos livra totalmente de uma esfera profissional e nos tira da esfera onde
falamos em “aceitar” uma obra cristã, ou “entrar no ministério”. Não há nada no
Novo Testamento que sugeriria uma entrada mecânica no que é chamado a obra do
Senhor. Você não pode aceitá-la. Você não pode entrar nela. É a expressão
espontânea de sua história interior com Deus. E, depois de tudo, o ministério é
principalmente uma questão de pessoalidade. Mas isso precisa de proteção. O que
é a pessoalidade? Estou falando disso no sentido mais alto, espiritual. A
pessoalidade é o caráter formado em secreto com Deus. Se você conseguir
expressar para fora o interior disso, você terá percorrido um longo caminho no
entendimento do “ministério”. É a expressão entre os homens do que tem
acontecido à parte dos homens, onde os homens não têm visto e não sabem, onde
eles são incapazes de traçar o que está acontecendo. A história profunda, interior,
secreta onde o Senhor somente sabe o que está acontecendo. E às vezes até o
próprio indivíduo não sabe o que está acontecendo.

Deus levou ele para uma esfera além das suas próprias profundezas e onde
certamente ninguém mais entende ele, e é lá que a pessoalidade espiritual está
sendo formada. E então por fim, desses profundos tratos de Deus com ele, do lugar
secreto surge com uma mensagem, e não é algo que ele arranjou e preparou e
colocou num papel. É a expressão de algo que Deus tem feito nele, não apenas
algo mostrado a ele, mas feito nele, pois o mostrar vem após o fazer. Ele mostra o
significado do que Ele tem feito, e isso faz a mensagem.

Logo, quando você chega ao final, Deus começa a interpretar o que Ele esteve
fazendo e você sai com um testemunho. O Senhor Jesus mesmo teve esta
experiência. Nós indicamos o outro dia que quando Ele saiu e ficou publicamente
diante do céu e homem e inferno, duas coisas aconteceram. Por um lado o Pai
disse, “Tu és Meu Filho Amado”. Por outro lado, “Este é o Meu Filho Amado”,
chamando a atenção dos homens a Ele como aprovado de Deus. Estas duas coisas
foram o resultado de trinta anos de história secreta com Deus. Não foi que Ele
aceitou esse ministério e obteve um tipo de ordenação Divina. Ele esteve vivendo
um longo tempo diante de Deus em secreto. Possivelmente uma das razões pelas
que há uma parada à idade de doze anos é porque o Senhor Jesus estava
realmente tendo uma concepção da obra de Sua vida - “Respondeu-lhes ele: Por
que me procuráveis? Não sabíeis que eu devia estar na casa de meu Pai?” Ele está
repudiando José ali mesmo, e Ele está ligando a Si próprio com Seu Pai, assim
realmente, como moço, Ele teve a concepção do Seu relacionamento celestial. E
pense, isso crescendo numa jovem masculinidade, Ele só pode crer que durante um
período de anos Ele estava todo o tempo vivendo em vista de um dia que parecia
nunca chegar, quando Ele entraria na obra da Sua vida, e Ele teve que viver pelo
tempo de aparente inação espiritual, não alcançando a Sua real obra da vida, não
entrando na Sua obra, mas vivendo a Sua vida diante de Deus, bem agradável a
Deus, de modo que quando o dia chegou e Ele foi capaz de discernir, Ele apareceu
com as palavras, “O tempo está cumprido”. Se, durante este tempo anteriormente,
tivesse havido aquilo que não era agradável ao Pai, os céus não teriam sido
abertos. A pessoalidade e caráter desenvolvidos no lugar secreto com Deus. Seus
irmãos não acreditaram Nele, Sua mãe não falava sobre isso, assim Ele teve que
simplesmente viver em secreto com Deus.

Isso é um principio básico do ministério. É uma coisa trágica receber um jovem ou


uma jovem e dar a eles um tempo curto de escola Bíblia e empurrar eles para a
plena responsabilidade da obra de Deus. Eles não têm a profunda história forjada
em secreto com Deus, a qual faz a eles capazes de enfrentar a força total da
oposição Satânica. Ou eles irão ficar em pedaços ou a comprometer-se e descer a
um nível mais baixo. Não há perda de tempo em ficar afastado. Deus nos levaria
pelas profundezas. Nós achamos que tudo parece ficar atrasado, mas logo
saberemos. Algo está acontecendo para nos fazer ministros capazes da Nova
Aliança. Não é preparação colegial, não é treinamento nas escolas; é uma história
secreta com Deus.
Paulo ficou mais de doze anos na igreja em Antioquia, porém os santos estão
levando em consideração. Saulo sabe por meio de Deus qual é a obra de sua vida,
e me pergunto se ele se irritou durante esse tempo. Mas ele ficou lá, e em secreto
ele estava aprovando-se diante de Deus, e quando o Espírito Santo diz aos anciãos
“Separai-me a Saulo” não há duvidas na mente deles de que este homem
demonstrou ser mesmo. Eles estão prontos para atuar imediatamente porque Deus
nesse período de tempo chamou a atenção deles para este homem e fez eles
levarem ele em consideração. E assim eles sabem, e quando o tempo do Senhor
chega eles o fazem. Eles impuseram as mãos sobre eles e os deixaram ir.

E portanto, este ministério não é um ministério profissional, não segundo o sistema


de nosso dia. Porém, este ministério sai de uma história secreta com Deus, e este
ministério demanda isso, e não pode ser efetivo além da medida do que tem sido
forjado no lugar secreto com Deus. Não fuga de Deus para entrar no seu ministério.

O caráter deste servo tem sido formado. Cristo está entrelaçado com o ministério
dele. “Paulo, servo de Deus pela vontade de Deus”. A segunda característica deste
ministério é “pela vontade de Deus”. A maneira na que Paulo começa suas cartas
dará a você a chave para o que ele vai dizer. Ele está aqui estabelecendo de uma
vez a autoridade do seu ministério. É “pela vontade de Deus”. Ele vai dizer a você o
que o ministério é pela designação de Deus. E somente o ministério que tem este
respaldo tem a autoridade de Deus. É algo tremendo ter o selo Divino. Como
conseguimos entrar no serviço do Senhor? Ficamos de repente interessados na
obra cristã e a aceitamos? Como foi que entramos? Como é que temos ficado?
Estamos aqui porque sabemos que é a vontade de Deus?

Este ministério deve ter a autoridade de Deus nele, e a autoridade de Deus é a


atestação desde o céu que entra no seu próprio coração quando Deus vê em você o
desenvolvimento em secreto do que Ele estava procurando realizar. Você nunca
terá a ordenação Divina até que você tenha sido “aprovado para Deus”. Deve ser
quando Suas mãos são impostas por meio de um céu aberto. E por isso não
podemos ser demasiado fortes na nossa ênfase sobre a necessidade e a
importância de uma vida secreta com Deus respaldada de todo ministério. “Ele deu
uns para apóstolos, outros para profetas,e outros para evangelistas; e outros
pastores e mestres”. O dom sofrerá e ficará puramente profissional a menos que a
história secreta espiritual seja mantida em plena força. Um dos perigos da atividade
cristã é que você fica tão ocupado que você negligencia a história secreta. Você
perde a base e logo você começa a descobrir que você não tem aquilo que satisfaz
a demanda. Você está perdendo o controle e poder, na estrada para o colapso. É a
perda do lugar secreto e história secreta com Deus, e uma das coisas que qualquer
servo de Deus tem que fazer é refutar essa medida de atividade que vai além da
possibilidade de manter uma adequada história secreta com Deus. Temos que
resolver isto, tão difícil como seja. Aqui há um chamado para o ministério; não é
para nós o aceitar simplesmente porque é uma inauguração para fazer algum bem.
Devemos ir ao Senhor em secreto. Nós nunca devemos ser chamados porque é
uma oportunidade para fazer o bem. O inimigo nos manteria tremendamente
ocupados. Um dos perigos nestes dias é estar sempre ativo nas coisas exteriores, e
seu tempo com Deus ficando menor e menor. Este ministério é fundado numa vida
profunda com Deus em secreto.

Deus deve ser capaz de nos manter constantemente verificados em secreto.


Devemos voltar para Deus e ter esses momentos calmos onde o Senhor pode
constantemente dizer para nós, “você lembra disso e aquilo. Isso não estava certo.
Você tem que corrigir isso”. Talvez temos dito algo errado ou falhado em dizer algo
que devíamos ter dito. Deus nunca o negligencia, e se nos dermos a Deus o
momento calmo Ele traria essas coisas e seriamos lembrados delas. Mas se
passamos por cima dessas coisas, afinal o Senhor nos deixará mergulhar. É o que
um homem é diante de Deus, e não o que ele é diante dos homens.

“Este ministério”. O que é este ministério? É o único ministério que Deus aprova.
Pregar o evangelho não é a primeira coisa neste ministério. “Porque Deus, que
disse: Das trevas brilhará a luz, é quem brilhou em nossos corações, para
iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Jesus Cristo”. A luz do
glorioso evangelho de Jesus Cristo brilhou em nossos corações. Que é o que cerca
isto? O capítulo anterior nos leva de volta para Êxodo 24. Moisés tinha estado com
o Senhor. Ele não sabia que a pele do seu rosto resplandecia, mas o povo o viu e
não podiam olhar ele. E ele estava, depois de tudo, somente lendo a lei. Era
legalismo, era a lei da morte.

Mas aqui está a lei da vida em Cristo. O Deus, cuja glória estava na face de Moisés,
naquela ocasião sob um véu, brilhou sem um véu em nossos corações. Não há véu
na face de Jesus Cristo, e a face desvendada de Jesus Cristo é revelada em nossos
corações pelo Espírito Santo. “Deus brilhou em nossos corações”. Para quê? Para o
mesmo propósito como com Moisés – para dar a conhecer a mente de Deus para
outros. Como os outros vêm a conhecer a mente de Deus? Pela glória de Deus na
face de Jesus Cristo sendo manifestada partindo de nossas vidas interiores. A partir
disso, outros são capazes de ver o Senhor; que nós tenhamos um conhecimento
interior radiante de Deus. “Cristo em você a esperança da glória”. Deus brilhou e
nos fez, não meramente no que dizemos, mas no que somos, uma expressão de
Cristo como a revelação de Deus. Isso é o ministério.

Se isso fosse aplicado para todo ministério hoje, me pergunto quanto sobreviveria.
Quanto de ministério hoje é a emersão do que é conhecido da glória de Deus no
coração? Isso é o que devemos ter – uma história secreta com Deus. Se todo nosso
ministério fosse assim, quanto mais seria efetuado para Deus.

“Temos este tesouro (este desvendar do Senhor Jesus em nossos corações) em


vasos de barro frágil”. Ele nos impede de tomar alguma da glória para nós
mesmos”. Que reflexão da revelação de Jesus Cristo! A excelente grandeza do
poder de Deus revelado em nossos corações! Você ora por poder no seu ministério?
Obtenha a excelente grandeza do poder de Jesus Cristo em seu coração e você não
poderá ter poder maior.

Portanto, você vê como o diabo está aí para cegar a mente. Pois, uma vez que a luz
do conhecimento da glória de Deus na face de Jesus Cristo sucede, seu governo
chega ao fim. É a revelação de Jesus Cristo que vai espalhar o inimigo. Quando Ele
for revelado, o dia do inimigo acabou. E a sobre-excelente grandeza do poder neste
ministério é para que tenhamos o brilhar interior de Deus revelando Sua glória na
face de Jesus Cristo nos nossos corações. Pode que não seja ministério na
plataforma. É no ministério do Senhor que estamos, e é para haver uma expressão
do poder de Deus em cada pedaço dele.

O ministério é a apresentação de Jesus Cristo. “Aprouve Deus revelar o Seu Filho


em mim, para anunciar Ele entre as nações”. Foi o brilhar interior de Jesus Cristo
que fez de Paulo um missionário. É expor Cristo. Isso é o ministério, e devemos
fazer disso a nossa oração para que o que conhecemos do ministério por nós seja
uma apresentação de Jesus Cristo. É a glória do Pai, e nada pode ficar diante disso.
A fim de que assim seja, o vaso deve ser de tal modo que não subtraia nenhuma
glória Dele. Ele o manterá fraco para que tudo seja para Sua glória. Devemos
reconhecer a natureza do ministério diante dos quais principados e potestades não
podem suportar. Não é o que dizemos. É a medida na qual o Senhor Jesus é
mediado como a glória de Deus que conta.
O Ministério é o ministério de Cristo e é constituído unicamente sobre a base do
que Cristo é no nosso interior. Esse é o exame para o ministério. Esse é o
certificado do ministério. Paulo lhes diz literalmente, “você são nossas epístolas,
lidas e conhecidas por todos os homens”, - vocês são nosso certificado do
ministério. Pelo qual ele quer dizer que eles são o resultado do que o Senhor Jesus
tem sido em nós. A verdadeira credencial do ministério é o que o Senhor Jesus é
em nossos corações. Vendo que é Cristo no interior que constitui o ministério; essa
é a ministração de Jesus Cristo, somos capazes de tomar este passo a mais e ver
que Cristo revelado no interior representa uma posição para a qual temos chegado.
Representa que temos chegado a um grande lugar. Significa que temos chegado
além do Jordão.

Você está familiarizado com a diferença na herança sob Moisés e sob Josué, e você
lembrará que sob Moisés haviam duas tribos e meia que obtiveram suas heranças
no outro lado do Jordão. Moisés permitiu eles o fazer embora não fosse a primeira
vontade de Deus. Sob Moisés Ele deu a eles uma herança no outro lado do Jordão,
mas todo o resto tiveram suas heranças além do Jordão na terra e para eles foi
uma questão de plenitude. Para os outros, foi parcial e suas heranças foram
possuídas sem chegarem na terra pelo caminho do Jordão. E contudo Moisés deu
este mandamento para que eles vissem seus irmãos além do Jordão, assim eles
tiveram um tipo de relacionamento com aqueles que foram além do Jordão, mas
não de uma maneira experimental. Foi de uma maneira formal. Não foi de uma
forma subjetiva, foi de uma forma objetiva. De modo que o significado do Jordão
para eles foi objetivo e não subjetivo.

O Jordão, como temos ouvido, representa toda a obra do Senhor Jesus na Sua Cruz
– tudo que foi ligado na morte e sepultura e ressurreição do Senhor Jesus. Você
pode tê-la objetivamente e ter uma herança, porém, se você tê-la subjetivamente,
você tem uma herança muito maior. As duas tribos e meia tiveram os benefícios do
objetivo somente – aquilo que Cristo fez por eles. Os outros foram além e tiveram o
que Cristo tinha feito por eles e também o que Cristo fez neles. Não é pela coisa
exterior somente que nos regozijamos. Os outros foram além numa maneira
interior e eles tiveram a plena herança da terra. É sempre melhor ter o Jordão, com
tudo o que significa, entre você e seus inimigos. Essa é a ilustração do Velho
Testamento para isto.

No Novo Testamento a carta aos Romanos ilustra isto novamente. Romanos 7 é a


posição das duas tribos e meia. Um dia você se sente seguro, mas no seguinte dia
você não se sente nem um pouco seguro. Este assunto não está estabelecido
interiormente. Você se regozija no que o Senhor tem feito por você, mas você está
tão consciente que você precisa de algo mais do que isso. Você precisa de tudo isso
ser feito em você. Mas quando você passa para o capítulo 8 você chega logo na
terra, e o capítulo 9 leva você até Efésios e Colossenses, e você descobre que você
está na plena herança, diretamente na terra, sua plena herança em Cristo.

E é dai que você vem a ter seu ministério pleno. Este ministério particular do qual
estamos falando é fundado primeiramente sobre que você está além do Jordão e
Cristo em Sua plenitude é sua possessão, pois Colossenses é Cristo em plenitude e
essa plenitude em nós - “Cristo em você a esperança da glória”. Assim que o que 2
Corintios 3 e 4 representa é que você tem chegado ao lugar onde “Cristo é tudo”.
Em primeira de Corintios Cristo não é tudo. É o homem e coisas – Paulo, Apolo,
dons. Paulo estava trabalhando na primeira carta para conduzir eles a Cristo. Agora
a obra tem sido feita, e segunda de Corintios traz Cristo em Sua plenitude, e então
você obtém de fato o ministério de Cristo. Claro, quando você obtém esta revelação
de Jesus Cristo no interior, você obtém uma adição, e espiritualmente representa o
principio de Deus acrescentando, e assim os Corintios chegam a uma posição
avançada. Você não consegue falhar em notar uma mudança. A primeira carta
deixa você numa aflição acerca deste povo, mas a segunda carta vê uma tremenda
mudança. Eles têm avançado, e agora o Apóstolo é capaz, logo no começo, de falar
sobre “Deus, que disse: Das trevas brilhará a luz, é quem brilhou em nossos
corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Jesus
Cristo”.

O ministério segundo Deus tem poder, como Josué, para expulsar o inimigo e
terem que fugir. O ministério que é assim, que espalha o inimigo, é inteiramente
baseado na medida em que Cristo está interiormente pleno em nós. Se apenas
pudêssemos voltar a esta base de ministério! O ministério de Jesus Cristo não é
nada mais nem menos do que a revelação de Jesus Cristo no coração do filho de
Deus, e você vai ministrar mais ou menos eficazmente segundo a medida do que
Cristo é em você interiormente. Deus não pode ir além disso. Todos os outros
ministérios sobre os quais falamos não fazem parte do pensamento Divino. O
ministério é algo muito simples, mas muito perscrutador. Não é qualificação como
falantes. Não é nenhum equipamento escolástico. Graças a Deus por qualquer coisa
que possa ser útil, mas se você começar a contar com isso você está cometendo
um erro. Não é que somos capazes de falar. Não é que temos dons acadêmicos ou
equipamento, mas é só o que o Senhor Jesus é em nós e para nós, sendo mostrado
através de nós. Você pode ser o mais pobre falante, mas Cristo pode brilhar, e o
impacto de Jesus Cristo dentro de sua vida pode ser tal que o inimigo começa a
agitar-se. “Jesus eu conheço” - esse é o ministério – onde as forças do mal são
forçadas a ter em conta a presença de Cristo antes que você fale, onde outros ao
redor estão conscientes de que há algo aqui que torna difícil para eles pecarem sem
saber que eles estão pecando. Alguns podem pecar e não saberem que estão
pecando até que Cristo entra em cena num dos Seus servos, e então eles são
feridos. É a presença de Cristo. “Deus fez brilhar em nossos corações”.

Podemos pregar todos os sermões que o homem jamais poderia pregar e efetuar
nada se Cristo não é o registro de nossa presença. É a consciência de Cristo
produzida através do homem e a mulher em quem Ele reina. É a medida da
herança.

E o ministério é aberto para todos. “Temos este ministério”, e temos este tesouro
em vasos de frágil barro. Por que Deus escolhe vasos desses? Por que é que se Ele
obtiver um vaso altamente polido em si mesmo, Ele tem que trazer tal vaso ao
lugar onde todas essas coisas são lixo. Por que um vaso quebrado? Para dar lugar
ao Senhor Jesus. Dar a Ele todo o lugar. A medida de Cristo é a medida do
ministério, não a medida do vaso. E, embora custe, penso que estamos preparados
para ser quebrados só se Cristo é comensuravelmente revelado.

E, claro, quando entramos no ministério dessa maneira, esperamos certas coisas.


Temos o impacto total do diabo. “somos pressionados por todos lados”. O
ministério de Cristo traz imediatamente a você em contato direto com as forças do
diabo, mas nessas condições o ministério é vindicado porque, sob pressão,
perseguição, provação, você não é destruído; você não é deixado para trás. “Para
que também a vida de Jesus seja manifestada”. Aqui está um vaso frágil. Em si
mesmo você não daria nada por isso. Em si mesmo é algo muito pobre, e todavia o
inferno foi soltado sobre essa coisa frágil e o inferno foi derrotado. Qual é o segredo
disso? É Cristo no vaso, a vida pela que Jesus conquistou a morte, num vaso como
esse. Esse é o ministério. Que o Senhor Jesus que conquistou a morte num vaso
está simplesmente demonstrando o inferno ser impotente. Isso é quando o Senhor
tem Seu pleno lugar. Temos este ministério, e assim como temos recebido este
ministério, não desfalecemos. “mas ainda que o nosso homem exterior se esteja
consumindo, o interior, contudo, se renova de dia em dia”. “a nossa leve e
momentânea tribulação produz para nós cada vez mais abundantemente um eterno
peso de glória; não atentando nós nas coisas que se vêem, mas sim nas que se não
vêem; O que o Senhor quer realizar é fazer um grande lugar para Cristo em nós.

Primeiramente publicado na revista “Uma Testemunha e Um Testemunho” Nov-Dez


1931, Vol. 9-6

Novas Reflexões sobre o Testemunho em Relação ao


Candelabro e a Glória
por T. Austin-Sparks

(em forma falada)

Ex. 24:7, 9:34,35; Ef. 3:21; 2 Te. 1:10; Ju. 14, 15.

Nestas passagens vemos que o elemento comum em tudo é a entrada do Senhor


em glória; a entrada do Senhor em glória neste mundo. Em Zacarias 4 o Senhor
está trazendo à vista, no simbolismo do candelabro de ouro puro, um instrumento,
um utensílio para o Seu Testemunho, o qual é total e inteiramente para Deus.

Um candelabro – esse é o instrumento.

De ouro puro – isto é, o que é completamente para Deus.

No santuário o candelabro de ouro ocupa o lugar a meio caminho entre o Santo dos
Santos e a Tenda da Congregação: a meio caminho entre o céu e a terra; e o
testemunho é mantido em constante luz pelo suprimento do Espírito, para com
Deus, e para com o homem.

A partir de Zacarias vemos que o Verdadeiro Testemunho foi perdido em Israel


como um todo, e foi recuperado para Deus num Remanescente. Leve isso para o
Livro de Apocalipse e nas cartas das Sete Igrejas, você achará que a multidão de
cristãos professos tinham perdido o Testemunho, e o Senhor o estava recuperando
num Remanescente; Ele está chamando do resto; Os Vencedores.

Zacarias tinha um espírito para inquirir, o qual foi encorajado pelo Anjo, e ele o
estimulou nas perguntas que Zacarias colocou para ele: “Qual o sentido das
oliveiras...? e ainda acrescentei outra questão: E o que significam estes dois ramos
de oliveira? Ao que ele me questionou: Não sabes o que tudo isso quer dizer? E eu
confirmei: Não, meu senhor! Então ele me explicou: Estes são dois homens ungidos
para trazer o óleo santo e para servir ao Adôni, o Soberano, do mundo inteiro!”

Oh! queremos obter o tremendo significado da última cláusula - “para servir ao


Adôni, o Soberano, do mundo inteiro: isto é – ADONAI, MESTRE. O Mestre de toda
a terra: este é o título usado aqui pelo Espírito Santo, e declara o direito do Senhor
da terra, e que o Senhor deve ter Seu Testemunho mantido na terra pelo direito
que é Dele como Mestre. Ele entra na terra como Mestre.

Os Dois homens ungidos, são tipos de Josué o Sumo Sacerdote, e Zorobabel o


Governante, mas são realmente o Senhor Jesus em tipo nos dois lados de Sua
Pessoa: é ELE nos ambos os lados do candelabro mantendo o testemunho, ELE o
Sumo Sacerdote, e ELE o Senhor Soberano, e o espírito no candelabro mantém o
testemunho a Ele assim.

Em Ex. 24 vemos a glória do Senhor no monte: “a nuvem cobria o monte, e a


glória do Senhor permaneceu sobre o monte Sinai, e a nuvem o cobriu por seis
dias, e a aparência da glória do Senhor era como fogo consumidor fulgurante no
topo do monte”. Era uma glória, indescritível, terrorífica!

Em Ex. 40 vemos essa glória entrando na CASA: “Então a nuvem cobriu a Tenda do
Encontro, e a glória de Yahweh encheu todas as dependências do tabernáculo,
Moisés nem conseguia entrar na Tenda do Encontro, porquanto a nuvem pairava
sobre ela, e a glória do Senhor enchia plenamente o Tabernáculo”.

Passem para Salomão, 2 Cr. 7: “Assim que Salomão concluiu sua oração, desceu
fogo do céu e consumiu o holocausto e os sacrifícios, e a glória do Senhor tomou
toda casa. Os sacerdotes não podiam entrar no templo do Senhor, porquanto a
glória de Yahweh havia enchido toda a casa”. Assim a glória do Senhor veio
novamente.

Passe através dos séculos, e chegue até uma pequena cidade chamada Belém, e o
Senhor entra novamente em glória. Os anjos sabem quem ELE é, demônios
também sabem, se homens não souberem! Assim que Ele entra na terra em Belém,
os anjos cantam, “Glória a Deus nas Alturas”.

Em João 1 está escrito, “NÓS contemplamos Sua glória... Ele veio para o que era
Seu, mas o Seu próprio povo não O recebeu”. Passe para quando Ele foi recebido
na glória, e depois novamente em Pentecostes quando Ele entrou na Sua Igreja, a
qual é para ser o santuário de Sua glória para esta era.

Na entrada de Sua glória, duas coisas ficam à vista, ou duas metades de uma
coisa.

Primeiramente, um lugar presente para o Senhor da Glória habitar. Em segundo


lugar, uma vinda na plenitude de Sua glória para ser “glorificado nos Seus santos e
exaltado em todos os que tiverem crido” (2 Tel. 1:10). O Senhor deve ter algo
no qual Ele habitar como Senhor da Glória. Ele quer entrar, e deve ter algo que
traga Ele, para que a Sua glória venha em plena manifestação.

Moisés, Arão, Nadab, Abiú, e setenta dos anciãos de Israel viram a glória do Deus
de Israel.

Êx. 24 mostra que Deus quer entrar. Ele quer entrar na terra na Sua glória, mas a
fim de que Ele possa fazer assim, Ele primeiro chama por uma companhia
para subir a Ele mesmo, e depois Ele desce para o tabernáculo. Por que subir? Para
obter instruções da coisa na qual Ele quer habitar. Ele deve ter algo absolutamente
em cada detalhe, uma expressão da mente Divina; na qual Ele habitaria, e na qual,
e pela qual Ele poderia expressar Sua glória. Ele deve ter um lugar onde Ele é o
Senhor da glória, antes de Ele poder vir como Senhor da glória: e antes de Ele
poder descer alguém deve subir!

O que tipifica o A.T. é cumprido no N.T.. Existe um sentido no qual, após entrar na
terra em Sua encarnação, Ele nunca a deixou novamente; pois Ele disse, “E assim,
Eu estarei permanentemente convosco, até o fins dos tempos”. Estou contigo todos
os dias. O Espírito Santo é o Espírito do Senhor Jesus e Ele está aqui agora. “E eu
rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Ajudador, a fim de que esteja para sempre
convosco...Ele vive convosco e estará dentro de vós; não vos deixarei órfãos;
voltarei para vós” (João 14). o Espírito Santo tem sido dado para glorificar o Senhor
Jesus, e para estabelecer Sua soberania em e através da Igreja, Seu Corpo – Seu
instrumento, aquilo que Ele está formando, e conformando; e essa entrada na Sua
glória é porque existe algo, o qual Ele moldou pela energia do Espírito, na operação
interna da Cruz – uma Casa que Ele constituiu para Si, e Ele por isso, e através
disso, vindo para Ser glorificado; a glória do Senhor vem, porque Ele já
vem dentro de Seus santos.

A vinda do Senhor esta muito intimamente relacionada com a obtenção de algo


aqui no qual Ele já mora como Senhor da Glória; e a glória manifestada acontecerá
por causa da glória que já está dentro, mas velada; e esta não é apenas a ocasião
de Sua vinda, mas o meio de Sua vinda, e como essa mesma vinda vem a surgir.

Em Êx. 24, antes do Senhor descer e manifestar Sua glória no meio dos homens,
Ele chamou para Si, “setenta dos anciãos de Israel”. O que é isso? Setenta é um
número representativo, um número representando a Igreja.

Observe a diferença ao enviar os Doze, e dos Setenta. Aos Doze o Senhor disse,
“Eu não fui enviado, senão às ovelhas perdidas da Casa de Israel”. Mas para os
Setenta Ele ampliou a extensão do ministério deles além das fronteiras do
Judaísmo. A igreja está em vista.

Setenta é o número de uma companhia representativa do povo do Senhor; e o


Senhor deve ter uma companhia representativa, que tenha a visão de Sua
glória, e esteja em comunhão com Ele no desejo de Seu coração.

Ele não pode vir para todo Israel, até que Ele tenha obtido uma companhia
representativa para deixar as planícies e subir para Ele no monte, e conhecê-Lo
nessa intimidade, comunhão íntima, a qual está implícita em “Eles puderam ver a
glória de Deus e depois comeram e beberam”.

Sim, o Senhor deve ser introduzido por uma companhia representativa que tenha
deixado o nível ordinário religioso, e entrado numa comunhão celestial com Ele
mesmo.

Então, o Candelabro, de ouro puro – completamente de acordo a Deus, é


apresentado com o Remanescente, como cumprindo um ministério representativo.
As duas tribos de Israel eram representativas do conjunto de Israel. E em Ap. 2 a
carta à Igreja em Efésios está escrita para pessoas salvas, mas caíram do seu
primeiro amor: não podemos dizer que eles estão acabados para sempre, e
perdidos! No entanto, Deus está chamando da Igreja em Efésios uma companhia de
Vencedores para entrar em comunhão com Sua própria mente acerca das coisas, e
ser parte do Instrumento para o Testemunho de Sua glória; o Senhor chamaria
uma companhia representativa mais elevada para a comunhão com ELE MESMO.

O Principio é este, o Senhor trabalha através de uma companhia representativa,


você pode traçar isto pela Palavra, e descobrirá que é sempre o caminho de Deus.
O Senhor mantém o que está de acordo com a Sua mente através de uma
companhia pequena; ainda que a principal companhia tenha entrado em
relacionamento com Ele através do Seu Sangue derramado, todavia, é da
companhia que Ele está obtendo, como representativa do resto, esse instrumento
que é totalmente de acordo com a mente de Deus; essa “Companhia dos Setenta”
de ouro puro, totalmente para Deus; onde tudo é de acordo com a Sua mente, e
que estão com Ele nos lugares celestiais dos Efésios. Você sabe o que isso quer
dizer, isso não é só uma teoria, ou doutrina, mas uma realidade viva, forjada
interiormente pelo Espírito através de Sua Cruz; sim, ouro batido.

Se você tem visto o Senhor, você não pode viver nas planícies! Eles subiram
a montanha e viram o Senhor da Glória. Temos visto o SENHOR? Não me refiro a
ver com nossos olhos mortais, ou em visões, etc. Não, nada desse tipo de ver: isso
é perigoso; me refiro a esse verdadeiro, profundo VER INTERIOR do SENHOR.
Temos verdadeiramente visto o Senhor? Estamos apaixonados com ELE. Quando
você vê ELE você é mudado para sempre, e você não pode viver na planície: vocês
são povo de Montanha, você pertence às montanhas! Esse é o segredo da
perseverança maravilhosa.

Qual é o segredo da ascendência de Paulo? Ele viu o Senhor, e à luz disso, vai do
apedrejamento lá para Listra, até que o Testemunho fosse estabelecido num grupo
pequeno de homens e mulheres lá; ele está disposto a morrer milhares de mortes,
se apenas o Testemunho para a Soberania do Senhor Jesus fosse estabelecido.

É uma luta desesperada pelas Cidades. O que as cidades representam? Não são
centros do mal e iniquidade organizado, onde Satanás tem seu assento? Mas
nessas mesmas fortalezas de Satanás, o Testemunho para a Soberania deve ser
estabelecido.

Jerusalém, um grande centro religioso do mundo, crucificou o Senhor da Glória sem


suas paredes! E foi numa pequena sala superior nessa mesma cidade, que o
Espírito Santo estabeleceu o Testemunho para a Soberania do mesmo Senhor
Jesus, no Dia de Pentecostes.

É muito vital ver que é um Testemunho corporativo. “O candelabro deve ser


de uma só peça; três braços do candelabro de um lado, e três braços do candelabro
do outro... tudo se fará com um bloco de ouro batido” (Êx. 25:32,36; 37:22,24).
Muitas vezes é reiterado, “de uma só peça” assim enfatizando a cooperatividade do
testemunho, e a natureza corporativa do Instrumento do Testemunho.

Quando você obtém visão, seu ministério cai, e não é mais nossa obra da vida, ou a
vida da obra que nos pertence para o Senhor, não somos mais perturbados com a
nossa obra da vida para o Senhor, a única coisa que importa, e é de interesse para
nós é, não nosso testemunho, mas SEU TESTEMUNHO, e quando é assim, coisas
como coisas ficarão todas certas e resolvidas. Fique ocupado com o Senhor Jesus,
esta será nossa emancipação. Uma companhia representativa comendo e bebendo
com ELE: “Eles viram o Deus de Israel. Debaixo de seus pés havia como um
pavimento de safira, tão pura como o próprio céu”. A safira, o color celestial,
simbolo da coisa celestial, a natureza celestial do centro até a circunferência, esse é
o lugar do caminhar de Deus; isso é sobre o que o Senhor coloca Seus pés! Ele
deve ter uma companhia cortada das coisas da terra, e cortejada para Ele mesmo.

É uma lei. Deus está vindo para entrar, em glória, e acontecerá na coisa celestial, e
não neste mundo por enquanto, mas naquilo que está de acordo com a Sua própria
mente, e não tem suas raízes neste mundo, mas um povo cortado, um povo que
tem subido até Ele, o Senhor do Céu, no monte, para preparar um caminho para a
Sua vinda em glória, e para isto Ele deve ter uma companhia separada para ELE
MESMO numa vida celestial; e de quem pode-se dizer, todo o manancial deles está
Nele.

Enoque, o sétimo desde Adão, foi um homem num mundo ímpio, e contudo quem
obteve uma visão de Sua vinda (Judas 13,14).

O Instrumento do Testemunho, essa Companhia de núcleo, esse Povo


Remanescente, Vencedores, essa Companhia dos Setenta, os chame como queira,
são esses que possuem uma visão da glória do Senhor, e à luz dessa glória têm
comunhão uns com os outros no Senhor. Esta comunhão do povo do Senhor é um
fator vital na manifestação do Senhor, e um elemento muito importante no
Instrumento do Testemunho para a Soberania; comunhão com o Senhor e com Seu
povo é aquilo que está mais perto do coração de Deus, e é o alvo do Diabo, e o
golpe magistral do Inferno contra isso é divisão!

Primeiramente publicado na revista “Uma Testemunha e Um Testemunho”, Jan-Fev


1931, Vol 9-1.

Origem: "Further Thoughts on the Testimony in Relation to the Candlestick and the


Glory"

O Significado Persistente de Pentecostes


por T. Austin-Sparks

Leituras: Atos 2:1-36; Isaías: 9:6; Mateo: 16:28; Atos 2:34; 1 Coríntios: 15:25

Atos é proeminentemente um livro de princípios, e é justamente aqui que tantas


vezes erramos em procurar a repetição da forma pela qual esses princípios foram
expressos; formas de expressão mudam, mas os princípios permanecem.

Embora o Senhor possa fazer algo fresco, Ele não vai necessariamente usar a
mesma forma, mas Ele vai fazê-lo nos mesmos princípios, estes princípios são
eternos, imutáveis, eles permanecem para sempre.

Estamos muitas vezes querendo uma repetição de Pentecostes na forma que foram
de aquela vez, de manifestações e demonstrações exteriores. O Senhor vai fazer
uma coisa nova, e, coisas básicas para Sua atividade daquela ocasião, serão
fundamentais para Sua atividade sempre. Princípios, e não formas, são as coisas
para as quais estamos a olhar.

A base de tudo no dia de Pentecostes, está centrado e relacionado a uma coisa, a


entronização do Senhor Jesus no céu, na virtude plena de Seu triunfo universal. Até
agora seu triunfo universal não chegou ao seu fim completo: "Assenta-te à minha
direita ATÉ que ..." (Salmo 110:1). Ele fica lá em virtude de Seu triunfo universal, e
o triunfo neste tempo está a operar para a sua conclusão, "até que ...”

1 Coríntios. 15:25,26: "Porque convém que Ele reine até que haja posto todos os
Seus inimigos debaixo de Seus pés, o último inimigo a ser destruído é a morte.".
"Mas graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus
Cristo." Ele deve reinar até - Seu reinado já começou!

Tudo o que aconteceu no dia de Pentecostes se centralizou nisso, e se relacionou a


essa entronização do FILHO DO HOMEM.

Atos 2:22, 32-36: "Varões de Israel, ouvi estas palavras: Jesus de Nazaré, um
homem aprovado por Deus ... Este Jesus que Deus ressuscitou ... sendo, portanto,
pela mão direita de Deus, exaltado, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito
Santo, Ele derramou isto, que vos vedes e ouvis ... que toda a casa de Israel saiba,
com plena certeza, que Deus o fez Senhor e Cristo, este Jesus, a quem vocês
crucificaram. "Esse é o pivô, centro, e coração de tudo o que aconteceu no dia de
Pentecostes.

Muitas vezes a nossa atitude sugere que o Senhor Jesus está dificilmente à altura
da situação, e que os principados e potestades, e o diabo tem o domínio e
autoridade, ou que é uma luta muito grande, com um problema quase que
duvidoso!

Pentecostes marca o início da soberania celestial do Senhor Jesus, e alguns deles


viram o Filho do homem vindo ao Seu reino antes que eles provassem a morte.
Jesus disse-lhes: "Em verdade eu vos digo, Que há alguns que aqui estão, que não
provarão a morte até que vejam o reino de Deus com poder." (Marcos 9:1).

Pentecostes apresenta uma crise e um clímax, conectado com o que é um bom


número de coisas. Em Atos 2, veja as diferentes conexões com as Escrituras do
Antigo Testamento e do clímax para elas; liga Atos 2 com Efésios 3:8,9: "Para dar a
conhecer a todos, qual seja a dispensação do mistério que desde os séculos esteve
oculto em Deus ... com a intenção de que agora até os principados e potestades
nos lugares celestiais pode ser conhecido através da igreja, a multiforme sabedoria
de Deus, de acordo com o propósito eterno que propusera em Cristo Jesus, nosso
Senhor. "

Vamos traçar as conexões e os clímaxs: -

1. Como nas Escrituras do Antigo Testamento;

2. Como na Pessoa do Senhor e obra;

3. Quanto à formação e preparação de Seu instrumento - a Igreja.

Em primeiro lugar, o clímax em relação ao Antigo Testamento. Observe como é


lidado neste registro em Atos 2, e leia Lucas 24:26,27,44:? "Acaso não convinha
que o Cristo padecesse e entrasse na Sua glória? E, começando desde Moisés e
desde todos os profetas, explicou-lhes em todas as Escrituras as coisas referentes a
Si mesmo ... e disse-lhes: são estas as palavras que Eu disse a vocês, enquanto Eu
ainda estava convosco, que todas as coisas devem ser cumpridas, que estão
escritas na lei de Moisés, e os profetas e nos Salmos, a respeito de Mim.

Pentecostes relacionou-se com todas as Escrituras do Antigo Testamento,

e foi o clímax de tudo o que havia sido escrito. O Espírito Santo veio com a virtude
plena de tudo o que havia sido escrito no Antigo Testamento a respeito de Cristo
para torná-las real e cumprí-las, para trazer essas realizações à experiência pessoal
do crente. O advento do Espírito Santo foi para fazer de todo o Antigo Testamento,
um cumprimento manifestado na pessoa de Jesus Cristo.

Neste registro de Atos 2, há uma ruptura e abertura do sentido das Escrituras. Joel;
o que era o peso da Palavra de Joel? "O Dia do Senhor". "Mas isto é aquilo que foi
dito pelo profeta Joel". "Isto é aquilo," no dia em que o Senhor veio para os Seus.
Falamos de ter o nosso dia, o Senhor vem em Seu dia. Pentecostes é a vinda do
Senhor em Seu dia, Ele é entronizado, e este Dia do Senhor está em duas partes; a
primeira ocorreu no dia de Pentecostes, e a última parte está no livro do
Apocalipse.

Pentecostes foi a introdução do "Dia do Senhor", no lado da Graça de Sua


soberania, e no Apocalipse é no lado do Julgamento de Sua soberania - um dia,
mas em duas metades, e, tão certo como o Senhor Jesus começou Seu reinado em
graça, também, certamente Ele vai levar a barra de ferro para quebrar as nações
em julgamento aos que resistem e rejeitam Seu reinado na graça.
O Dia do Senhor está em nossos corações agora, Ele é o Senhor soberano, e por
isso Ele é oferecido para as nações em graça, mas também temos uma mensagem
de autoridade, e se há uma recusa de Sua graça, deve haver um reconhecimento
da soberania no juízo, pois tudo confessará que Jesus Cristo é o Senhor.

"Pelo que também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu o nome que está
acima de todo nome ... e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para
glória de Deus Pai". (Filipenses 2:9,11)

Em outra parte do mesmo registro da ligação, está com Davi e Salomão. Com Davi
e Salomão foi introduzida uma revelação da graça, glória e admiração, mas é
preciso das duas pessoas para ilustrar o reinado e obra do Senhor Jesus, e você
entrar em Pentecostes, onde ele tem o seu cumprimento e realização espiritual.

Davi e Salomão são os tipos da pessoa do Senhor Jesus, em Sua obra e reinado Ele
é Davi e Salomão, mas Ele transcende a ambos, Ele adquire tudo o que é típico em
eles e o realiza em Sua própria Pessoa; Pentecostes é o clímax das Escrituras do
Antigo Testamento a respeito de Cristo.

Agora, em relação à Pessoa, vida e ensino do Senhor Jesus nos dias de Sua carne.

Pentecostes foi um reconhecimento e uma prova de tudo o que Cristo veio a ser, e
tudo o que Ele ensinou, e tudo o que Ele fez.

Todo o valor espiritual disso vem por Pentecostes em sua plena vindicação.

Sua reivindicação da soberania é estabelecida pelos resultados morais e espirituais


do Espírito Santo entrando na vida de um filho de Deus e transformando-o, fazendo
com que ele conheça na experiência (não pelo argumento intelectual) a vida de Seu
triunfo soberano, esse reinado interior em vida por Cristo Jesus. Tudo o que o
Senhor Jesus ensinou e fez é vindicado pela operação interior do Espírito Santo na
vida do crente, a vitória da vida de ressurreição do Senhor Jesus.

O Senhor Jesus foi vindicado por uma experiência poderosa do Espírito Santo! É o
valor espiritual e moral da pessoa, e o trazer desses frutos pelo Espírito Santo para
dentro da vida, é a mudança que o Espírito Santo faz na vida moral, que é, a
vindicação do Senhor Jesus. Você não pode divorciar responsabilidade moral e
experiência espiritual, não há vindicação, mas o caos e contradição. Pentecostes é o
clímax da Pessoa, trabalho e ensino do Senhor Jesus nos dias de Sua carne, pois dá
valor espiritual e moral para aqueles em quem Ele habita, ou seja, provado na
experiência pelo Espírito Santo.

Por que o Espírito Santo veio? Para fazer experimental na vida, pelo mesmo Espírito
Santo, tudo o que Jesus é para o crente. Esta é a obra progressiva e construtiva do
Espírito Santo, a transformação de homens e mulheres.

Pentecostes foi o clímax em relação ao treinamento e preparação de um


INSTRUMENTO.

O primeiro capítulo termina com a apresentação do referido instrumento, a


conclusão do Apostolado com a inclusão de Matias. Um instrumento tinha sido
treinado e preparado para continuar a obra do Senhor entronizado. Esta preparação
está em três partes:

1. Nos dias de sua carne;


2. Os quarenta dias após Sua ressurreição;

3. Os dez dias após sua ascensão.

A primeira parte do treinamento - Nos dias de sua carne

Um ano depois dEle começar Seu ministério público, Ele chamou e teve em
formação por dois anos à aqueles quem Ele escolheu. Quais foram as principais
características desse período de treinamento? Primeiro, uma visão e uma audição
sem entendimento, um assunto muito real. Enquanto lemos os Evangelhos, vemos
que foi um tempo de imposição de um armazenamento subconsciente de ações e
palavras não compreendidas. Oh! mas não operou isso depois o Espírito Santo? O
que o Espírito Santo vindo em nossa vida, significa? Uma explicação de quem é
Jesus: "Ele receberá de Mim, e dará a ti", e até que Ele não venha, palavras não
têm essa força potente; ". O Espírito dá Vida"

Em segundo lugar, sendo permitido participar nas obras e poderes sobrenaturais, e


sendo dado lampejos de revelação espiritual, "carne e sangue não revelou a ti, mas
o meu Pai que está nos céus." Apenas lampejos, logo passando, mas sabendo de
uma coisa "dos poderes do mundo vindouro".

Atente para princípios destes. Muitas vezes, o Senhor antecede as coisas para nós,
mas depois as encontramos descendo para a morte, mas isso é um treinamento, e
tem que estar em ordem para nós, a nossa carne o deixa de fora, é um princípio de
treinamento, e assim o Senhor nos traz à cooperação espiritual com o que Ele está
fazendo.

Pentecostes é necessário para colocar as coisas em outro reino, onde o "eu" fica
completamente fora, e o Senhor está absolutamente dentro. Pentecostes é o clímax
para isso. Isso tudo foi acompanhado e dirigido a um total colapso e falência
pessoal por parte dos discípulos, eles Lhe falharam no decorrer; veja-os com a
mulher sírio-fenícia, perturbada com problemas, chorando-lhes: "Tem misericórdia
de mim! " e eles "rogaram-lhe, dizendo: Manda-a embora;. ´pois vem gritando
atrás de nós"

Mais uma vez: "Senhor, quantas vezes meu irmão deve pecar contra mim, e eu lhe
perdoar? Até sete vezes?" "Eis que nós tudo temos deixado, e te seguimos; então o
que teremos?" De barganha para obter mais do que eles deixaram! e não cuidando
dos outros, só deixe-nos ser os primeiros; ambição por um lugar de destaque, este
não é o espírito dAquele que se esvaziou e se humilhou até a morte de cruz!

Agora Pentecostes vem para erradicá-los completamente, mas já não são mais eles
mesmos, mas ELE, agora eles podem seguir até a morte, agora eles podem
perdoar, o que era pessoal foi embora, já não são os seus interesses a coisa
predominante, mesmo nas coisas de Deus; mas única e totalmente a SUA GLÓRIA
a qualquer custo.

Pentecostes exige esses termos, o termo de que está acabado! Não há lugar para a
mera força da alma aqui; força da alma nas coisas de Deus é uma negação do
Espírito Santo, Ele é o "Espírito da vida em Cristo Jesus." (Romanos 8:2)

Não são mais os nossos esforços, nossas conquistas, estamos de fora, e é,


doravante, o Senhor o fez! Isso é Pentecostes.
O Senhor está procurando obter um Instrumento, pelo que e através do qual
apresente o Senhor Jesus para as nações como "Príncipe e Salvador". (Atos 5:31.)
E primeiro deve haver uma realização da soberania absoluta do Senhor Jesus na
vida antes que possa haver tal apresentação dEle para as nações.

A segunda parte do treinamento - os quarenta dias após a Ressurreição

Esta é uma outra fase de suas formações; note a característica disto. Era um
estabelecimento na suas experiências de que Ele disse quem era - Ressurreição em
pessoa.

Nos dias de sua carne, afirmara ter poder sobre Sua vida, "ninguém tira isso de
mim ... Eu tenho poder para a dar, e tenho poder para tomá-la. Este mandamento
Eu recebi de meu Pai "(João 10:18), e por quarenta dias Ele esteve estabelecendo
na experiência deles quem Ele disse que era, e tudo o que Ele dizia ser. Teria sido
uma catástrofe sem esses 40 dias, eles teriam perdido a realidade da presença viva
do Senhor.

Também foi o estabelecimento para eles de tudo o que Ele havia prometido em
relação a Sua ressurreição: "Eu nunca te deixarei." "Eu estou com você sempre -
todos os dias." "Porque eu vivo e vós vivereis." Ele fez muitas promessas no
terreno da ressurreição, e assim, voltou e estabeleceu-os todos, e a fé deles era
num ressuscitado, vivente e Senhor presente, e não apenas num Jesus histórico.

Seguidamente, Ele estabeleceu o fato de que Ele é o Senhor dos homens, e vemos
a inclusão de Sua reivindicação. Todas as forças que poderiam ser usadas pelos
homens foram trazidas por eles para colocá-Lo para fora da existência, mas Ele
voltou! O homem não pode livrar-se do Senhor Jesus. Ele é o soberano dos
homens.

Trás os homens está o diabo, ele está envolvido em tudo isso, e ele esgotou-se e
recorreu a sua última arma, a morte. A resposta para isso é a ressurreição: "Eu sou
... o Vivente, e fui morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho
as chaves (autoridade) da morte e do Hades." (Ap 1:18).

Ele estabeleceu sua soberania sobre todos, homens, diabo e a morte; estabeleceu-
se em todos os domínios.

Este foi o Testemunho que está sendo trazido para casa naqueles 40 dias; Sua
soberania em todas estas coisas. Ele estava fazendo-os saber da literalidade da Sua
Pessoa na ressurreição para ser igual ao que era nos dias de Sua carne, Ele não era
um espírito, mas literalmente tão real em Pessoa como o era antes de Sua morte.
Pentecostes é o clímax para a literalidade da ressurreição do Senhor Jesus.

Seguidamente, a emancipação desde fora da limitação de tempo e espaço. Ainda


treinando um instrumento de utilidade futura! Ele não é mais limitado pelas
restrições do tempo, e Ele está buscando trazer para casa aqueles que, apesar de
não ver, Sua ausência não deve ser tomada como garantida. Ele está lá o tempo
todo, e não há tempo em que Ele não está com eles!

A seguir, o estabelecimento no solo da comissão mundial deles. Quarenta dias é o


período à demonstração, que termina em uma demanda para assumir a
responsabilidade. Depois de quarenta anos no deserto, os israelitas receberam a
ordem de ocupar a terra.
A terceira parte da Formação - Os dez dias depois de Sua Ascensão

Demonstração e treinamento emitem na assunção de responsabilidade. Dez é o


número de responsabilidade. Veja as tábuas do Tabernáculo, dez côvados de altura
e coberto com ouro. Aqui você tem o tipo de ensino, e sobre a responsabilidade do
homem para com Deus, o homem só é capaz de cumprir essa responsabilidade
(mas ele é capaz de enfrentá-la!) Na base da redenção e no poder da natureza
Divina.

Dez dias passaram em oração, entrando neste assunto pela oração, ocupados, sem
outra carga! E, oh! com toda a revelação que Ele nos deu, não deveria nos levar
aos joelhos em oração? Pentecostes não veio um dia antes da preparação da
oração completa; 40 dias de revelação e, em seguida, a oração de dez dias; uma
clara manifestação de Si mesmo e Sua novidade; e o primeiro carregamento da
responsabilidade em dez dias de oração.

E qual foi o resultado da oração? Um empurrão no poder, pelo poderoso Espírito


Santo, a revelação da ressurreição, uma visão dos campos brancos para a colheita,
e depois uma entrega de si à oração, até o envio do Espírito, visão, oração, vai;
sim, essa é a ordem do Senhor.

Aqui há uma preparação tríplice, e Pentecostes é o clímax dessa preparação, e o


terreno sobre o qual o Espírito Santo vem.

"Vós sois as testemunhas destas coisas, mas ficai ... até que sejais revestidos com
poder do alto". (Lucas 24:48,49).

"Ele foi recebido no alto, depois de haver dado mandamento, pelo Espírito Santo
aos apóstolos que escolhera, para quem também se manifestou vivo depois de sua
paixão por muitas provas, aparecendo-lhes por espaço de quarenta dias, e falando
das coisas concernentes ao reino de Deus: e, estando com eles, ordenou-lhes que
não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual,
disse Ele, que ouvistes de mim ... sereis batizados com o Espírito Santo, não muito
depois destes dias. " (Atos 1:2-5).

"Então voltaram para Jerusalém, estes todos, com um acordo perseveravam na


oração, com as mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e com seus irmãos."

Originalmente publicado na revista “ uma testemunha e um testemunho”


http://www.austin-sparks.net/english/001559.html

O Escândalo da Cruz
por T. Austin-Sparks

“Eu, porém, irmãos, se ainda prego a circuncisão, por que continuo sendo
perseguido? Logo, está desfeito o escândalo da cruz” (Gal. 5:11).

Fica perfeitamente obvio o fato de que onde quer que a Cruz do Senhor Jesus
Cristo tenha sido mais fielmente pregada e apresentada (embora trazendo
esperança e vida nova a muitos) tem sido quase invariavelmente a causa de
problemas.

Onde quer que tenha ido tem despertado antagonismo. Como foi uma pedra de
tropeço para os judeus e um ridículo para os gregos nos primeiros dias, assim,
desde então, tem sido inaceitável, não somente para o homem do mundo como tal,
mas para as comunidades religiosas também.

Isto nós, afirmamos resolutamente ser tão verdadeiro hoje como nunca, a despeito
do fato de que é o simbolo mais popular no mundo. Dificilmente existe uma cidade
na cristandade onde a arquitetura, galerias de arte, coleção de literatura,
conservatórios de música e instituições religiosas, não declarem ao mundo uma
certa consideração e honra por este sinal sagrado.

Até é achado necessário em certas fases de algumas empresas missionárias hoje,


eliminar dos livros didáticos a menção da Cruz para que não ofendam.

Grande parte da pregação e ensino na igreja cristã ou é confinada ao “Jesus


Histórico” que apresenta um Cristo sem Cruz, ou dá um significado extremamente
modificado à Sua morte.

E todavia é certamente necessário se livrar da Bíblia antes de que possamos nos


livrar do fato de que se une em todas suas partes para declarar que a Cruz é o
caminho da salvação de Deus, o suficiente e único caminho de Deus.

Fica, ainda mais, certamente muito claro que a Cruz tem provado ser o meio pelo
qual Deus fez depender todo o peso do Seu grande poder salvador. Foi dominante
nos dias do Novo Testamento. A recuperação ou re-ênfase sobre algumas fases
vitais e essenciais dessa Cruz deu lugar a semelhantes movimentos como são
representados pelos nomes de Lutero, Moody, Finney, Jonathan Edwards, Withfield,
os Wesleys, Spurgeon, e muitos outros homens especialmente honrados de Deus.

Agora perguntamos, por que a Cruz tem sido sempre semelhante criadora de
problemas e semelhante causa de escândalo? E por que é que hoje está por trás de
tanta reviravolta mesmo nas muitas das nossas instituições evangélicas professas,
e denominações, lares cristãos, igrejas locais e vidas cristãs individuais?

Isto procuraremos responder, mas primeiro vamos discriminar. Não são os heroicos
da Cruz ou estéticos que causam o problema.

Sacrifício, sofrimento, devoção altruísta, serviço modesto para o bem dos outros,
suportando a pena de colocar a si mesmo contra o mal atual dos tempos, etc; estos
são elementos românticos e são explorados como os temas pelos que multidões são
capturados e cativados.

É o significado mais profundo que a Bíblia dá à Cruz que causa a agravação, isto
pode ser visto em uma ou duas aplicações claramente definidas.

1. A Cruz condena o mundo.

Em Sua Cruz, Cristo criou uma grande divisão entre o mundo velho e o novo, uma
divisão que não pode ser ultrapassada.

Dois distintos sistemas diferentes, escalas de valores, padrões de julgamento,


conjuntos de leis, prevalecem nos dois lados da Cruz, o sistema de cada um não é
somente inteiramente diferente mas irreconciliável e para sempre antagonístico o
um ao outro.

A Cruz demanda uma absoluta distinção de interesses, e objetivos, relacionamentos


e recursos.
Tira a distinção final dentre o salvo e o não salvo, dentre o vivente e o morto.

A Palavra de Deus enfaticamente declara que os tempos são maus, e que “o mundo
inteiro jaz no maligno”, e que suas formas, motivos, propósitos, ideias,
imaginações, são todas opostas às de Deus e que é também totalmente
incapacitado de receber a revelação da mente divina, crescer por si mesmo até a
imagem divina, desfrutar e apreciar comunhão real com Deus, ou ser confiado com
o privilegio da cooperação com Deus.

Estas são somente a consciência, capacidades, relacionamentos, do recentemente


nascido ou alma regenerada. É este veredito, condenação, e demanda da Cruz que
é inaceitável e irritante para uma maioria muito grande de até mesmo cristãos
professos. Além do mais, é a presencia em grande parte do que é chamado
“mundanismo” tanto na vida cristã individual e na igreja que absolutamente
neutralizam suas eficácias na realização dos propósitos essenciais da Cruz.

2. A Cruz condena a carne.

A Palavra de Deus declara que “nosso velho homem tem sido crucificado com
Cristo”. “Um morreu por todos, logo todos morreram Nele, para que os que vivem
não vivam mais para si mesmos mas para Ele”. Temos tentado trazer um pouco da
vida da velha criação para a nova criação e Deus não a terá. A história da raça
caída foi concluída tanto quanto se referiu a Deus no Calvário. A partir desse
momento em diante, o inteiro interesse de Deus foi a nova criação, mas tanto
nossas capacidades humanas como nossas enfermidades, o que chamamos nosso
melhor lado humano, como nosso pior, nossa bondade e nossa maldade, têm sido
inclusas nessa morte. Doravante somos chamados a viver não num nível humano
mas num divino. Humanamente não possuímos nada que seja aceitável para Deus.
É sempre a asserção de algum elemento humano, algum gosto ou desgosto,
modismo ou capricho, alguma ambição, algum interesse pessoal, que paralisa a
real obra espiritual de Deus. Considerar não somente nossos pecados mas nós
mesmos como tendo sido levados à Cruz por Cristo é a única maneira pela qual os
propósitos de Deus podem ser operados através de nossas vidas. É estranho que
embora nós mesmos sejamos a ruína de nossa própria existência, o problema de
nossas próprias vidas, sejamos tão lentos para aceitar nossa crucificação com
Cristo, ter a Cruz forjada para nossa morte a fim de que a vida de Cristo seja
manifesta em nós. Aqui contido jaz o escândalo da Cruz, não somente para o
mundano mas também para o cristão.

3. A Cruz expulsa o diabo.

Talvez, aqui tocamos a mais profunda causa do escândalo, pois o mundo e a carne
são apenas instrumentos e armas pelas que a grande jerarquia de Satanás mantém
seu domínio e sua existência como a força controladora. Cristo disse, enquanto Ele
se aproximava à Cruz, “agora é o príncipe deste mundo expulso”, Paulo refletindo
sobre essa Cruz disse que por ela “Cristo despojou principados e potestades,
publicamente os expondo ao desprezo, triunfando deles na cruz”. É perfeitamente
natural, então, que a grande jerarquia, por todos os meios e recursos, procure
fazer a Cruz sem efeito nenhum. Pelo “tom pálido” irá diluir a mensagem da Cruz;
empurrando os métodos do mundo dentro, seus meios, seu espírito. Irá tocar a
vitalidade espiritual da Igreja; ao instigar a carne, o ego e o velho Adão, irá causar
separação, tensão e desintegração; ou ao dar muita importância ao elemento
humano em seu lado artístico, estético, heroico, humanitário, ficará cego para a
necessidade da regeneração. Reputação, popularidade, grandeza, o padrão de
sucesso do mundo, são todos contrários ao espírito de Cristo, mas eles são os
brinquedos com os que o inimigo absorve a mente de muitos, mesmo de ministros
cristãos. Se, portanto, a Cruz é pregada em sua vitória total e emancipação do
mundo, a carne e o diabo, é de se esperar que de um jeito ou de outro as forças
inteligentes do mal utilizem todos os meios para pará-la, e provocar toda causa de
escândalo para o colocar na conta da Cruz.

Para concluir não esqueçamos que o gozo da vida plena de Deus, a experiência da
vitória, e cooperação excecutiva com Ele que se assenta no Trono na certa
realização de que Seus propósitos eternos são nossos apenas na medida em que
somos um com o completo e essencial significado da Cruz como apresentada na
palavra de Deus. “tenho sido crucificado com Cristo, doravante... não mais eu mas
Cristo”. “Eles venceram por causa do sangue do Cordeiro, e por causa da palavra
dos seus testemunhos, e mesmo em face da morte, não amaram a própria vida”.

Primeiramente publicado na revista “Uma Testemunha e Um Testemunho” Jan-Fev


1932 Vol. 10-1

Origem:"The Offence of the Cross"

O Rosto Resplandecente
por T. Austin-Sparks

Êxodo 34:29,30; Daniel 1:8-16; Atos 6:15; 7:56; 2Cor. 3:18

Você perceberá que a característica comum de todas estas passagens é o rosto


resplandecente. Temos estado reunidos juntamente por um período de tempo aqui,
na montanha com o Senhor, e temos que voltar, para nos dispersar em lugares
diferentes, e lidar com as diferentes situações, e queremos voltar com rostos
resplandecentes. Isso não precisa ser tomado literalmente. Não sempre teremos
um semblante que explodirá em júbilo, mas existe aquilo que mesmo no meio da
adversidade e dificuldade, sofrimento e provação, fala de algo dentro do coração
que é paz de Deus, descanso de Deus, alegria de Deus. É possível conhecer a paz
que excede entendimento. É possível conhecer a alegria indizível e cheia de glória,
mesmo no meio de pressão e sofrimento muito grande. É possível ser reconhecido
lá, mesmo num semblante marcado pela dor, algo que é de Deus.

Do que se está falando não é necessariamente de só um resplandor de nossos


rostos, mas de algo resplandecendo através de nossos rostos, algo que nossos
rostos indicam que é mais do que meramente persistência humana, bravura e
coragem humano; algo da profunda força e graça de Deus. Isso é o que quero dizer
pelo rosto resplandecente, e nestas quatro instâncias das quais lemos, temos os
segredos do rosto resplandecente neste sentido. Você sabe que isso é o
testemunho. Não são sempre coisas que dizemos, mas o que é expressado através
de nós nos momentos de estresse e provação, provocação e oposição, antagonismo
e sofrimento. Então é isso que é capturado, como se fosse de trás de nossos rostos,
isso é o testemunho.

Quando se sabe que estamos passando pela provação, quando se sabe que
estamos no sofrimento, quando se sabe que outros numa outra esfera atuariam e
falariam e reagiriam a coisas na carne, como homens reagiriam; existe essa traição
de algo do Senhor Jesus. Esse é o testemunho. É a traição do Senhor Jesus no
sentido correto. E será de pouco proveito ao Senhor, pouco ganho para Ele ou nós,
se enquanto voltamos e continuamos nas cenas de nossa vida, e quando haja um
teste, não exista uma indicação mais plena do próprio Senhor nos nossos corações
e vidas. As pessoas chegarão às suas conclusões nessa base – o que revelamos sob
pressão, sob provação.
Essa é a prova do assunto, não o que sabemos e dizemos. Mas quando passamos
através de dificuldades e adversidades intensas, o que é revelado em tais
momentos. E para que o testemunho possa ser mantido, queremos entender quais
são os segredos do rosto resplandecente. Eles são um quádruplo.

“Moisés não Sabia que a pele do Seu Rosto Resplandecia”

O primeiro é no caso de Moisés. Moisés tinha estado no monte com o Senhor e o


Senhor tinha falado com ele. Moisés chegou a ver aquilo no qual o olho de Deus
estava descansado. Ele ficou do lado do Senhor e olhou com os olhos do Senhor
enquanto o Senhor trazia diante dele Sua própria visão, e essa visão foi expressada
no tipo, no tabernáculo. Tudo passou diante do olho de Moisés nos mais mínimos
detalhes. Desde a arca, do Santo dos Santos, para o Átrio e todos seus conteúdos,
e o sacerdócio e sacrifícios, e ele viu no que os olhos de Deus estavam repousando.
E por causa do Senhor estar falando a ele sobre isso, ele ficou vivo com a própria
glória do Senhor.

É uma coisa maravilhosa reconhecer que a glória do Senhor foi transmitida a


Moisés por causa daquilo que se tornou o objeto comum dos olhos deles. Ao que o
Senhor estava olhando, Moisés estava olhando, e enquanto olhavam juntamente
eles compartilhavam a mesma glória. Quando a própria face do Senhor se ilumina
com glória? Quando é a face de Deus cheia de glória? Quando Ele olha para o
Senhor Jesus. O tabernáculo era apenas o Senhor Jesus numa representação, e foi
o Senhor Jesus em toda Sua Pessoa Mediacional, Sacerdotal e obra reunida num
grande sistema, mas era a pessoa do Senhor Jesus em relação à comunhão do
homem com Deus – o lugar, a esfera onde Deus e o homem entram em unicidade,
onde Deus pode, sem sacrificar Sua santidade, ter comunhão com o homem e onde
o homem pode, sem ser consumido pela própria santidade de Deus, ter comunhão
com Deus. A partir Dele, o Senhor Jesus Cristo, com a realidade mais central do
propiciatório Ele falará com você face a face.

Deus estabeleceu Cristo como uma propiciação. Deus vê além do modelo para a
realidade, Seu Filho, e foi Cristo Quem estava no olho do Pai em toda sua obra
maravilhosa, mediacional, para trazer os homens perto de Deus e Deus perto do
homem. Quando isso está no olho de Deus, Sua face é cheia de glória, quando nós
obtemos o que está no Seu olho, participamos da glória do rosto resplandecente de
Deus. Simplesmente, apenas significa que quando estamos ocupados com o Senhor
Jesus em tudo o que Ele é do Pai para nós e de nós para o Pai, quando estamos
ocupados com Ele, então conhecemos o rosto resplandecente. Esteja ocupado com
qualquer outra coisa e você perderá o rosto resplandecente. Esteja ocupado com
você mesmo e sua própria vida e condição espiritual, de forma que você esteja
sempre se auto analisando, e não demorará muito para você perder o rosto
resplandecente. Olhe ao redor nas coisas como elas são no mundo e você perderá o
rosto resplandecente. O segredo do rosto resplandecente é obter o pensamento de
Deus acerca do Senhor Jesus, ter seus olhos onde o olho de Deus está. Isso é
tremendamente importante.

A única esperança para Deus da última realização do Seu propósito é olhar para o
Senhor Jesus. Ele tem toda a garantia Nele. E Ele diz, “Porque Ele é o que Ele é,
meu fim é seguro, Tenho meu Sabbath, Meu descanso, Meu olho está Nele”. E até
que tenhamos visto que Deus alcançou Seu fim em Cristo, e nossos olhos estiverem
Nele, não obteremos o segredo da esperança e confiança, descanso e satisfação. É
o segredo. É uma realidade maravilhosa.

Não posso dizer que benção isso trouce ao meu próprio coração quando o Senhor
me mostrou o que Ele tinha feito do Senhor Jesus para Ele mesmo a meu favor.
Estava sempre ansiando trazer ao Senhor uma vida perfeita, que agradaria Ele e
satisfaria Ele, e que Ele pudesse ficar perfeitamente satisfeito comigo! Mas era
impossível e parecia não adiantar tentar. Quanto mais você tenta, mais distante
você parece ficar, e quanto mais você vive mais você sabe do absoluto engano de
seu próprio coração.

Oh, ser capaz de chegar diante do Senhor com algo que agradaria Ele! E agora o
Senhor diz, “Tenho feito a provisão para tudo isso. Tenho provido você com
absoluta perfeição espiritual e moral. Tenho achado esses em Um, e Tenho
colocado eles em Suas mãos. Eu aceito você Nele, Sou satisfeito com você Nele,
você é aceito no Amado”. Você não pode trazer perfeição a Deus, e essa é a única
coisa que satisfará Ele, mas o Senhor Jesus preenche – enche completamente –
todos os requerimentos Divinos.

Em Levítico, Deus fala sobre a oferta. “Se alguém deseja trazer uma oferta”, então
o Senhor proverá quanto à oferta. Você tem que desejar trazer uma oferta. E você
sabe muito bem que não adianta trazer a Deus qualquer coisa que não seja
absolutamente perfeita, e onde você achará isso?aquilo que é unicamente de
acordo a Cristo satisfaz Deus. Quando isto rompe em nós, é descanso. É o
semblante resplandecente. Quando chegamos às perfeições do Seu Filho, teremos
achado o beneplácito de Deus, e ficamos, não olhando a Deus de soslaio, ficamos
ao lado de Deus e ambos olhamos à mesma coisa e compartilhamos a mesma
glória. O objetivo de Deus é o Senhor Jesus.

Moisés não sabia que seu rosto estava resplandecendo. É algo grande ficar ocupado
com o Senhor Jesus dentro, e pessoas tomarem nota disso. “Ele não sabia que a
pele do seu rosto resplandecia”, mas outros sim, e isso é o importante.

O Segredo da Face Resplandecente de Daniel

Daniel aprendeu o segredo do rosto resplandecente, e há algo mais profundo aqui,


mais provador. Daniel está em Babilônia. Babilônia está na ascendência. Jerusalém
está em ruínas. Conhecemos o que estas coisas significam espiritualmente.
Sabemos que aquilo que realmente é inteiramente de acordo a Deus, aquilo que
era desde o principio, não é encontrado hoje – aquilo onde o Espírito Santo governa
absolutamente e onde tudo é do Senhor Jesus. Você não encontra isso na
ascendência hoje. É o outro sistema religioso feito pelo homem que está na
ascendência. Isso é Babilônia. E essa massa do povo do Senhor está em catividade
a isso, a um sistema cristão fabricado pelo homem.

E aqui está Daniel, vendo aquilo que é segundo Deus, quebrado, arruinado, e ele vê
esta outra coisa, que não está de acordo a Deus, tendo o domínio e envolvendo a
massa do povo do Senhor. A maravilha de tudo isso é que Daniel não aceitou
Babilônia. Ele não aceita as coisas visíveis. Ele sabe que Babilônia é apenas algo
temporário e que Deus vai ter Seu testemunho novamente. E Deus vai, através de
um remanescente, obter Sua casa novamente. Ele sabe que Deus não pode ser
derrotado e por isso ele não irá se sujar com as iguarias do rei. Deus é a sua vida,
e ele repudia aquilo que parece ter a vantagem por enquanto e se apega a Deus.

Daniel também vê além e vê quando Babilônia e todos os outros reinos serão


dispersados. Se você aceitar Babilônia você perderá o rosto resplandecente. Se
você aceitar a religião como está hoje e dizer, “é o melhor que tem”, você ficará
envolvido em algo que não é de Deus. E hoje cada vez mais pessoas estão se
revoltando, e não estão satisfeitas. As pessoas dizem, “oh, estar fora disto, achar a
coisa real”. Deus vai ter Sua sua coisa real. Deus não pode ser roubado daquilo no
qual Ele colocou o Seu coração. Coloquemos nossos corações nisso, e não
aceitemos nada mais. É tão fácil dizer, “o Cristianismo está numa bagunça, porém
devemos fazer o melhor de um trabalho ruim”. Mas não há alegria ao longo dessa
linha. Deus está trabalhando hoje secretamente mesmo em Babilônia. E quando
chegamos ao livro de Esdras, descobrimos que Deus atua soberanamente. Ele
mexe o coração de Ciro e ele faz uma proclamação. Que Deus está fora de ação.
Porém existe uma companhia com quem Deus tem secretamente trabalhado em
Babilônia.

E Deus é visto trabalhando em Babilônia hoje com Seu próprio remanescente e eles
estão gradualmente movendo-se numa separação deste sistema para que quando o
tempo de Deus vier Ele tenha aquilo que é segundo a Sua mente. Mas Daniel foi o
primeiro. Ele representava essa companhia. Ele permanecia pelo que era de Deus
embora não fosse manifesto no momento. Não aceite nada menos daquilo no que
Deus fixou Seu coração. O segredo de Daniel do rosto resplandecente estava em
que Ele olhou para o fim certo de Deus e creu que num dia escuro o último
propósito e pensamento de Deus era de realização certa.

O Segredo de Estevão

Estevão – todos os que estavam no conselho, olhando para ele, viram sua face
como se fosse a face de um anjo. Qual é o segredo? Creio que a segunda passagem
é o segredo. “e levantando seus olhos disse, vejo os céus abertos e o Filho do
Homem em pé à destra de Deus”. Estevão era um homem cheio do Espírito Santo e
fé, e o Espírito Santo tinha chamado a atenção de Estevão para o Senhor Jesus na
glória. Leia Atos 7. é quase incomparável na literatura do Novo Testamento, e veja
o lugar que ele dá ao Senhor Jesus. Ele o dirige diretamente para o Senhor Jesus
na glória e, enquanto ele está sob o teste, essa é a coisa que o sustenta, e quando
chega o último momento ele vê literalmente com seus olhos o que ele tinha visto
durante todo o tempo com seu coração. E isso só significa isto – quando nós vemos
o Senhor Jesus em glória temos visto isto, que Deus tendo obtido Ele lá, o Filho do
Homem, tendo obtido um Homem todo inclusivo lá, está tudo certo para nós. Ele
pode nos levar até lá.

Este que simplesmente sondou todo juízo, toda morte, todo o poder de Satanás e o
túmulo. Ele esgotou tudo e Deus levou Ele até lá. Ele tinha todo o pecado de toda a
criação de Adão em diante lançado sobre Ele, e então Este chegou à glória. Ele
tinha todo o poder e fúria do diabo lançada sobre Ele, e Deus levou Este para a
glória; o poder da Morte e Hades sendo liberada sobre Ele, e Deus levou Este para
a glória. Nós nunca teremos que passar por todo o que Ele passou. Estevão viu
esse Homem na glória, sendo tal Pessoa como Ele era, é a garantia de que Deus
podia levar ele até lá, deixe todo o inferno cair sobre ele. É o segredo do rosto
resplandecente.

Às vezes podemos, por causa de muitas coisas, nos perguntar se chegaremos à


glória, se aguentaremos até o fim, mas, bendito seja Deus, Ele é capaz de nos levar
até lá. Não é nosso fazer, é o fazer do Senhor. Por quê? Porque Ele já tem nosso
pioneiro em Sua presença. Isso carrega você no tempo de oposição. E homens
cheios com o Espírito Santo são especialmente o objeto das pedras.

O Segredo de Paulo

E agora, finalmente, o que Paulo viu sobre ele mesmo e acerca de nós. “Todos nós
com rosto descoberto contemplando como em espelho a glória do Senhor, somos
transformados na mesma imagem, de glória em glória” - transformados. É pelo
Senhor, o Espírito. E qual é o segredo deste rosto resplandecente? 2 Cor. 4:6,
“Deus brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de
Deus na face de Jesus Cristo”. O segredo do rosto resplandecente neste caso não é
Cristo objetivamente, porém Cristo subjetivamente. É uma benção perceber que
Aquele que foi até lá cima no Seu grande triunfo está no nosso interior. Não
depende no que está fora de nós. Porém o Senhor está dentro de nós, Quem já
venceu. Estamos familiarizados com os termos mas se torna um grande dia quando
de repente acordamos para conhecer o que Cristo é em nós. Tem alguma vez vindo
até você por um súbito lampejo de luz? Cristo em você! “Ou não sabeis quanto a
vós mesmos, que Cristo está em vós”. “Que Cristo habite em seus corações pela
fé”. Obtenha isso, espiritualmente apreendido, e você obterá o rosto
resplandecente. Tudo que está em sua volta não é páreo para Ele. “Maior é Aquele
que está em você do que aquele que está no mundo”

Peça ao Senhor para fazer isto viver. Saber que isto significa muita maravilha para
a vida. Que o Senhor nos leve de volta com aquilo nos nossos corações que fala do
Senhor Jesus! Esse é o testemunho. Nosso olho está sobre o que o olho de Deus
repousa, nosso coração está sobre o que o coração está, nossa esperança está
sobre a esperança de Deus, nossa certeza sobre a certeza de Deus. E é tudo o
Senhor Jesus.

Primeiramente publicado na revista “Uma Testemunha e Um Testemunho” Jan-Fev


1932, Vol. 10-1

"The Shining Face"

O Servo e Serviço do Senhor


por T. Austin-Sparks

Leitura: Êxodo 21:1-6; Deuteronômio 15:12-17; Levítico 8:14-28; Isaías 50:4-5.

“Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta,
entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. Ao que vencer, eu lhe
concederei que se assente comigo no meu trono. Quem tem ouvidos, ouça o que o
Espírito diz às igrejas”. (Apocalipse 3:20-22).

O Ouvido do Servo

Observe que a característica comum em todas estas passagens é a do ouvido.


Estamos nos ocupando com o assunto dos servos e do serviço do Senhor, e não é
pouco impressionante notar como o ouvido na palavra de Deus, tem um lugar tão
importante no serviço de Deus. Precisamos, obviamente, sempre obter um pano de
fundo adequado para qualquer matéria a ser considerada. É muito fácil fazer uma
Leitura Bíblica dos “ouvidos”, ajuntar os “ouvidos” da Bíblia e formar eles num certo
arranjo ordenado, mas não é suficiente. Queremos obter a extensão das coisas a
partir do ponto de vista Divino, e ver como estas coisas, não são só coisas nelas
mesmas, mas elas se encaixam em algo que é tremendo em sua contemplação e
aplicação.

Podemos ser ajudados a obter este grande pano de fundo ao lembrarmos que a
ruína, destroços, toda a miséria e desgraça, pecado e aflição, dor e sofrimento de
todo tipo, tudo o que tem atingido desde nosso redor até ao próprio coração de
Deus, tudo que tem sido uma mão contra o Seu trono, tudo que tem ficado no
caminho para deter o Seu grande propósito eterno, tudo que necessitou Deus
dando o Seu único e muito amado Filho, tudo que fez essencial a Cruz de Cristo, e
muito mais, é o resultado direto de um ouvido erroneamente operando; tudo que
foi ocasionado pela captura de um ouvido pelo inimigo. O inimigo ao lançar seus
planos para capturar a raça e o mundo e o lugar de autoridade para si mesmo,
deliberadamente decidiu que o ponto de ataque que serviria a ele melhor, serviria
sempre mais seus interesses, seria o ouvido. E por isso ele assaltou o ouvido e fez
suas insinuações por meio do ouvido. “É assim que Deus disse...?” E tudo o resto
se seguiu. O ouvido foi emprestado à sugestão, à insinuação; o ouvido foi entregue
com estas extensas consequências terríveis.

Agora, amado, isso é apenas a metade da história. A outra metade é esta, que na
redenção do mundo, na redenção da humanidade, na recapturação para Deus e
para o homem do governo do universo, na destituição de todo esse poder e a
destruição de todas essas obras, Deus o faz capturando um ouvido. E estas
passagens que temos lido nesta noite, em tipo, se relacionam ao ouvido do Senhor
Jesus, que Deus tinha Seu ouvido. Foi porque Deus tinha o Seu ouvido como Ele o
teve que o resto surgiu.

Observe, você tem um principio tremendo neste serviço e servo do Senhor, o


Servo, maior de Quem nunca tem sido um Servo do Senhor, o Senhor Jesus
mesmo cumpriu Seu maravilhoso serviço, comissão, a Sua maravilhosa obra,
primeiramente por uma rendição do Seu ouvido ao Pai. Era a lei do ouvido em
relação a Deus que governou este Servo para começar. Outras coisas se seguiram,
como veremos num outro tempo, mas foi aqui onde começou, e embora que no
Seu caso é muito mais do que poderia jamais ser no caso de qualquer outro, o
principio ainda vale para todos os servos de Deus, que Deus vai realizar o Seu
propósito celestial primeiramente mediante um ouvido a Seu cargo, sob o Seu
controle, em comunhão com Ele mesmo. E, se eu e você vamos entender a
natureza do ministério sacerdotal, temos que chegar a conhecer o que é ter um
ouvido segurado por e para Deus. Agora, obviamente, tendo estabelecido o pano de
fundo, ou visto a extensão disto em principio, podemos entrar então nas ilustrações
disso, e obter o significado destas várias passagens que têm a ver com o ouvido.

Na primeira destas passagens em Êxodo e Deuteronômio, o servo, o escravo é


trazido. Notem um ou dois detalhes. Ele é um hebreu. Ele não é um estranho, ele é
um membro dessa raça que foi libertada da escravidão e servidão, cujos direitos da
aliança eram liberdade, mas dentro da abrangência de um povo liberado ele está
em servidão. Ele é um hebreu. Ele é propriedade de um senhor. Ele serve esse
senhor por seis anos, e depois o sétimo ano, o ano do jubileu, é o ano da liberação.
Este escravo chega ao dia em que seu senhor é compelido a libertar ele e deixar ele
ir; ele não pode mais segurar ele quanto à lei diz respeito, e ao escravo lhe é dada
a liberdade. O senhor diz a ele, “bem, isso e aquilo, o tempo chegou para você
tomar a liberdade que é sua por direito, sair livre, não posso te segurar mais, aí
está você”.

O escravo se volta para o seu senhor e diz, “mas existem maiores laços do que o
da lei, existem ligações mais poderosas do que o legalismo, existem tais coisas
como laços do coração, e são esses laços que me seguram. Já faz bastante tempo
que cessei de estar ligado pela lei, tenho me tornado ligado pelo amor e não quero
ser libertado disso, não sairei livre, escolho deliberadamente na base de um
relacionamento de coração para sempre, não por outros seis anos, não por outro
termo da lei, não por doze ou dez e oito anos ou qualquer outro número de termos
legais, escolho para sempre por toda a extensão da minha vida, habitar nesta casa
e servir”. Essa declaração deve ser formada numa aliança, selada em sangue. O
senhor leva ele para o umbral da porta da casa e com uma sovela fura sua orelha e
o sangue cai sobre o umbral, e esse umbral torna-se um altar com sangue
salpicado nele, e nessa aliança de sangue, o senhor e o servo fazem parte da casa
para sempre.
Ora, tudo isso é muito simples, tudo muito bonito, mas observe que isso introduz a
verdadeira natureza do servo e o serviço como representado pelo Senhor Jesus. O
Senhor Jesus estava sob nenhuma obrigação legal para chegar e cumprir esse
serviço, mas Ele o cumpriu. Ele não veio porque Ele foi legalmente compelido ou
judicialmente limitado para com isso. Ele não veio num espírito de independência
para Ele realizar isto, em que obviamente, Ele o faria se quisesse, mas no entanto,
poderia resignar. Não! Ele veio nesta base – por causa do amor, na base do amor.
Ele era o escravo de Jeová para levar esta obra em relação à Casa de Deus, e esse
serviço e servo foi selado no Seu próprio sangue. O derramamento desse sangue
foi o derramamento de Sua vida, o sinal dessa vida e morte estava ligado com este
fato. Era uma questão do sangue, uma questão de vida e morte, e o amor levou a
isso, e essa foi a natureza do Seu relacionamento para com o Seu Pai.

Há duas coisas lá, amado, a serem observadas. Uma, a importância de um ouvido


neste assunto. Por que não poderia ter sido outra coisa? Por que não
primeiramente nos deixar dar a mão? Quando nós fazemos um pacto, dizemos que
vamos dar a nossa mão. Por que não outro membro ou alguma outra
instrumentalidade, por que o ouvido deve ser a coisa básica nisto? Bem, a resposta
acho que é obvia. Porque você nunca pode fazer alguma coisa com a mão, porque
você nunca pode expressar seu serviço por qualquer outro meio até que você tenha
chegado a uma apreensão inteligente do que está no coração daquele a quem você
está dando seu serviço, cujo servo você é. Esse obrar da mão é dependente do
conhecimento da vontade dele, e este ouvido entrando na evidencia nesta conexão,
está simplesmente dizendo isto – para sempre, voluntariamente, totalmente, na
base do laço mais forte possível, a base do amor, não tenho um ouvido para
ninguém mais além, meu ouvido como a porta de entrada da inteligência é seu.

Você vê, este ouvido entediado, amado, fica bem sobre esse freelance, anarquia do
homem Adão que se rendeu a Satanás. Foi a anarquia do ouvido em Adão que
trouce a confusão, e quando você toma a sovela e passa ela pela orelha, a orelha
fica selada no sangue para outro, e é o tomar de volta este ouvido da esfera da
anarquia que ocasionou toda a ruína e todo seu poder para fazer sua obra,
tomando-o de volta completamente e totalmente, e colocando-o na mão de Deus
para que as obras do diabo nunca mais tenham uma chance ao longo dessa linha; a
partir desse momento o ouvido é o ouvido de Deus.

Agora, é claro, entendemos que não estamos só falando sobre ouvido físico,
embora isso esteja incluso. O crente deve ter cuidado acerca do que o ouvido está
ouvindo. É só na forma normal de todos os dias com o ouvido físico, que o diabo
obtém muitas vantagens. A fofoca que conversamos, os rumores e relatos que,
neles mesmos estão muitas vezes errados e distorcidos pelas pessoas que os
espalham, crendo que são muito verdadeiros, e cremos serem a verdade, quando a
coisa inteira é peneirada, resta pouquíssima verdade ao todo, e a questão toda tem
estado errada. A Palavra de Deus nos diz “vede, pois, como ouvis”.

No sentido físico, é verdade que nosso homem interior é afetado pelo nosso ouvido
exterior, mas não estamos falando apenas disso, tão importante como é para nós
salvaguardar nossos ouvidos, o serviço real do Senhor não é só essa esfera física,
está nesse ouvido interior mais profundo que está aberto para o Senhor e que é do
Senhor. Quero dizer que ao Senhor lhe é dado o Seu lugar na vida interior para ser
permitido falar, e outras coisas estão sendo caladas para que o Senhor fale; e isso
é algo que é básico para o serviço sacerdotal.

O homem ou mulher que não tem um ouvido interior, nem um silencio interior,
nem um lugar interior para ouvir o Senhor, nunca vai ser de muito uso no serviço
do Senhor, e note bem, deve ser o Senhor, e nós devemos ter muito cuidado em
dar mesmo até a homens e escritores bons o lugar que o Senhor deve ter.

Há um tempo em que devemos deixar nossos livros de lado, em que devemos nos
apartar das vozes dos homens, em que devemos ficar calmos com o Senhor e
escutar, e ainda mais, devemos procurar cultivar, pela graça de Deus, o ouvido que
está sempre aberto para o Senhor mesmo quando todos os outros sons estão à
nossa volta. É difícil, contudo não impossível, no furor da rua e correria da vida de
trabalho o Senhor dizer alguma coisa; mas Ele apenas falará a aqueles que
reconhecem o valor de escutar o Senhor e estão dando a Ele o Seu lugar de silencio
para falar sempre que possível. O ouvido para ouvir o Senhor quando todos os
outros sons e vozes estão à nossa volta está preparado e treinado nestes tempos
de distanciamento que o Senhor demanda, e contra o que o diabo está
eternamente ativo, para capturar o ouvido novamente.

Agora, isso é elementário (nós não estamos procurando ser profundos), mas
tremendamente importante. Você e eu, pouco nos importamos de quão maduros
espiritualmente somos – o único objetivo do diabo é capturar nosso ouvido de
Deus, fazer impossível para nós ter a hora de silencio e o ouvido silencioso para
Deus. O pressionar, e todas as coisas que acontecem justamente quando você
decide ter um pouco de tempo calmo; é quando você tem que lutar pelo ouvido –
você sabe que é verdade. Observe, existe algo ligado com isso; o desfazer das
obras do diabo, a registração da mente de Deus sobre este universo, tudo que é
tencionado pelo ministério sacerdotal, que está trazendo Deus, está ligado com
isto: Deus tendo o ouvido.

Há duas coisas a serem notadas, esta é uma. A outra é esta: com este servo
hebreu foi uma crise. Chegou o dia em que ele tomou uma decisão, o assunto
alcançou um ponto de decisão e essa decisão envolveu ele por todo o tempo. Uma
crise. A decisão voluntária. Agora, amado, o ponto é este. Temos que chegar,
seremos compelidos a chegar, ao lugar onde decidimos de uma vez por todas se
vamos servir ao Senhor sob compulsão, sob um senso de legalidade, sob um senso
de obrigação, sob algum senso de consciência e continuar dia trás dia e ano trás
ano, todavia, se pudêssemos apenas nos isentar, se apenas não tivesse de ser
assim; gemendo sob isso, gemendo no serviço do Senhor. Temos que decidir se vai
ser porque devemos, ou se vai ser nosso deleite fazer a Sua vontade, nossa
alegria. Isso é uma crise, e esta crise representa a posição de apreciação do Amo
para a qual temos que vir. Somos escravos num tipo de sentido legal consciencioso,
de que tememos fazer o contrário, de que devemos fazê-lo, somos compelidos a
fazê-lo por varias razões, seria algo desastroso sair e desistir. Seja esse o espírito
ou seja “eu amo meu senhor, não sairei livre”, representa um ponto de nossa
estimação do Senhor, nossa apreciação do Senhor, nosso senso de dívida ao
Senhor, nosso reconhecimento do valor do Senhor; e, amado, o serviço que o
Senhor está procurando não é um serviço no qual temos que ser forçados a fazer, o
serviço que não irá render a menos que sejamos invitados a fazê-lo, o serviço que
não é espontâneo mas que é organizado, e a menos que não nos for pedido
assumi-lo não o faremos.

Oh, que tenhamos uma melhor ideia do que o serviço do Senhor é, mais do que
plataformas e púlpitos e reuniões ao ar livre. Amado, o serviço para o Senhor é tão
importante quando se está prestando algum ato bondoso de serviço útil para bem
um filho de Deus depressivo nas coisas domésticas comuns da vida diária; quanto é
valioso subir à plataforma e dar uma mensagem. É fortalecer as mãos dos filhos do
Senhor, é vir à verificação do esmagar preponderante do adversário, vindo
juntamente a levantar o testemunho numa vida ou casa onde o inimigo está
tentando esmagar o testemunho – e o testemunho é algo mantido nos
relacionamentos domésticos, na vida familiar, vida privada. Existem muitos que
querem desistir dos seus serviços domésticos e ir para a Escola Bíblica, falhando
em reconhecer que esse serviço aí pode ser tão valioso para o Senhor como o sair
para o campo missionário. É espiritual, não técnico, não organizado, e você pode
ser tanto um sacerdote do Senhor ao ir para alguma casa amanha onde o inimigo
está pressionando, e dar uma mão prática ajudando a lavar os pratos, quanto você
pode ser um sacerdote em pé na plataforma. Revisemos nossas ideias do Senhor.
Não sempre, mas muitas vezes talvez para a majoria é o contrário, pois mais são
chamados para cumprir ministério sacerdotal nessa esfera do que nesta esfera. Não
o negligencie. Que seja a espontaneidade do amor pelo Senhor, não a compulsão
ou senso de obrigação, não meramente por causa da consciência, pois quando o
coração está corretamente relacionado ao Senhor, estas coisas tornam-se
espontâneas. Não são forçadas, elas simplesmente fluem. Encontre a pessoa que
tenha mais o amor de Deus no seu coração, essa pessoa está mais interessada
pelos outros filhos de Deus.

Existem muitos sacerdotes de Deus cujas vozes nunca têm sido ouvidas em
público, que nunca têm sido vistas numa forma pública, que são desconhecidos,
escondidos muitas vezes na assembleia e mesmo na história secreta, cumprindo o
mais valioso ministério. Ajuste-se perante isto. Temos que chegar ao ponto onde
deliberadamente decidimos quanto a se o Senhor é digno disto, e abandonarmos a
isto por causa de nossa apreciação Dele, o Amo. Observe, este servo abandonou-se
a si mesmo livremente, voluntariamente, por todo o tempo para o serviço do seu
senhor porque ele veio a amar seu senhor.

Primeiramente publicado na revista “Uma Testemunha e Um Testemunho” Jan- Fev


1932, Vol 10-1

Origem: "The Servant and Service of the Lord"

O Significado da União com Cristo


por T. Austin-Sparks

Se, pois fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas que são de
cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Col 3:1.

Vemos, porém...Jesus, coroado de glória e honra. Heb. 2:9.

FITANDO OS OLHOS EM JESUS, autor e consumador de nossa fé... e está


assentado À DIREITA DO TRONO DE DEUS. Heb 12:2.

O Significado da Presença de Cristo na Terra

A presença de Cristo aqui na terra teve dois propósitos. Um era para que houvesse
uma perfeita apresentação de Deus ao homem. O outro era para que Ele pudesse
assumir o homem segundo os pensamentos de Deus. Houveram poucos, por assim
dizer, que viram Ele no primeiro aspecto. “O mundo não O conheceu”. Mesmo
aqueles que estavam mais perto e em constante contato com Ele, olhando para Ele,
escutando Ele, observando Ele, não viram realmente Ele. Em direção ao fim Ele
teve que dizer a um deles, “tenho estado tanto tempo convosco e ainda não Me
conhecem? Aquele que Me vê, tem visto ao Pai” mas nesse verdadeiro sentido eles
não tinham visto Ele. Ele estava aqui para pessoalmente representar a mente,
coração, e vontade de Deus, mas é preciso do Espírito Santo abrir os olhos para
Cristo nesse respeito. Não obstante, Deus teve uma perfeita representação de Si
mesmo aqui na terra, e a partir daí, todo conhecimento Dele é inseparavelmente
ligado com a pessoa de Jesus Cristo. Num sentido, no tempo antigo, os judeus iam
diretamente para Jeová, a primeira Pessoa na Cabeça Triuna. Eles não olhavam
para os sacrifícios, sacerdócio, etc., como para mais do que coisas. Isto é, eles não
as personificaram, e consideraram elas à luz de uma Pessoa mediadora. Mas do
momento em que Cristo veio a este mundo, entrou no Seu ministério, e realizou a
Sua obra na Cruz, Deus nunca poderia ser conhecido à parte Dele, e no sentido
mais direto as Suas palavras são verdadeiras, “ninguém pode vir ao Pai senão por
Mim”. Nenhum judeu a partir daquele momento conheceria ou jamais conhecerá
Deus à parte de Cristo. Quando o nome “Jeová” saiu fora do Templo judeu – como
aconteceu – entrou na forma de “Jesus” (Salvador-Jeová) para a Igreja Cristã. O
primeiro aspecto da presença de Cristo está aqui, no entanto, não é o objeto de
nossa presente consideração. Estamos aqui interessados com o outro lado em
particular, embora eles não possam ser separados. Cristo esteve aqui para assumir
o homem quanto aos pensamentos de Deus sobre o homem. Em Cristo, Deus tinha
um homem inteiramente de acordo ao Seu pensamento. (No que estamos dizendo
sobre Cristo como homem, não estamos tocando a Sua deidade, ou negligenciando
o fato de que Cristo era Deus. Nós cremos absolutamente nisso, e não temos
nenhuma reserva quanto a isso. Estamos aqui lidando com a Sua humanidade).

Um dos principais propósitos do porque Cristo gastou vários anos aqui, foi para que
como homem Ele fosse experimentado, testado, provado por todo tipo de provação
severa quanto à Sua fidelidade, obediência, e devoção a Deus. A oferta de
alimentos de Levítico 2 é a humanidade de Cristo, como é bem conhecida. Essa
oferta de alimentos era preparada para apresentação por fogo em três maneiras. O
forno, assada na assadeira, ou cozida na frigideira. O forno fala da provação severa
em secreto, onde nenhuma vida poderia ver. O segundo método sugere essas
provas que somente aqueles que são compreensivos o suficiente para examinar
podem ver. A frigideira é a forma e natureza de sofrimento e prova que é patente e
aberta a todos. Em todas estas maneiras o Senhor Jesus foi “aperfeiçoado por meio
de sofrimentos” e “tentado em todos os pontos como nós, porém, sem pecado”. Ele
foi experimentado por cada esfera. Ele enfrentou o inferno diretamente através do
seu cabeça – Satanás mesmo tentou Ele – e esgotou seus recursos para quebrar a
Sua fidelidade e lealdade ao Seu Pai. Durante quarenta dias no deserto Ele foi
diretamente atacado assim. Foi apenas “por um tempo” que o diabo deixou Ele, e
sem duvida Ele teve muitos outros conflitos secretos -do tipo forno- com o “príncipe
deste mundo” na questão do assunto da fé e obediência.

O mundo assaltou Ele. O sistema do mundo, religioso e pagão, circunstâncias,


relativos, amigos (?) e o comercial, social e esferas profissionais, todas tentaram
Ele. Mesmo dentro do estreito circulo da Sua própria casa terrenal, não excluindo a
amada e mãe devota, foi o Seu relacionamento para com o Seu Pai celestial posto à
prova.

Então, afinal, num momento terrível, o céu foi a fonte do supremo teste. O Pai
tinha que abandonar Ele, e isto quebrou Seu coração. Não obstante, Ele triunfou, e
quase imediatamente após o terrível clamor do abandono, Ele clamou “PAI, nas
Tuas mãos entrego Meu espírito”. Assim, foi Ele testado e triunfou em cada esfera –
céu, terra e inferno; e em cada forma de prova. Desse modo Ele, como o “Capitão”
- líder – de nossa salvação foi “aperfeiçoado, por meio de sofrimentos”.

Isto nos leva até onde somos capazes de responder a pergunta em relação ao
porquê o Senhor Jesus está como o “Filho do Homem” no céu: pois foi o “Filho do
Homem” que Estevão viu em pé à direita de Deus. Era “Jesus de Nazaré” quem
falou e apareceu a Saulo de Tarso. É “Jesus” de quem o Apóstolo diz “coroado de
glória e honra” e para Quem devemos “fitar nossos olhos”. É “Um como o Filho do
Homem” que é repetidamente visto no Livro de Apocalipse. A verdade, então, é que
à direita de Deus na Pessoa do Seu Filho há um HOMEM inteiramente de acordo aos
Seus pensamentos concernentes ao homem. Deus obteve na Sua presença, no
lugar de honra e poder (à direita) um HOMEM que satisfaz completamente Ele, e
responde a toda Sua mente eterna quanto ao homem. Há uma humanidade na
presença de Deus com a qual Ele pode estar na mais perfeita comunhão. Agora,
esta é a fundação inteira do Cristianismo, desde que seja tido em mente o que isto
inclui e envolve quanto ao significado da Sua Cruz.

Tudo no interesse de Deus está ligado com Cristo à direita de Deus. Isto veremos
de vários pontos de vista ou ao tomarmos suas várias inclusões. A primeira verdade
principal nesta apreensão de Cristo é que Cristo no céu é

O Modelo para o qual Deus está Trabalhando

em todos aqueles que creem.

Não estamos aqui dizendo muito sobre o significado posicional de Cristo em glória,
mas estamos principalmente interessados com o aspecto condicional. É abençoador
e maravilhosamente verdadeiro que Ele está lá como nós, e que quando nós
estamos “em Cristo Jesus” tudo que é verdade Dele é posto para o beneficio
daqueles que creem, e eles são “aceitos no Amado”. Tudo que isso significa é uma
revelação compreensiva da graça de Deus, e nunca deve deixar de ser o motivo de
adoração e terreno de confiança do crente.

Mas é verdade que o que obtém-se em Cristo lá para nós é o interesse do Pai
cumpri-lo em nós. A declaração toda-inclusiva concernindo este assunto, e a qual
leva diretamente até o final, é Romanos 8:29: “Porque os que dantes conheceu,
também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que
ele seja o primogênito entre muitos irmãos”.

O objetivo de Deus, então, é ter uma família completamente levada à imagem do


Filho que está à Sua direita. Esse objetivo estabelece os limites ao interesse de
Deus. Todo o Seu interesse está ligado a isso, e Ele não tem nenhum interesse fora
disso. Cristo é “o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último” e principio e o final.

Como operará Deus para esse fim? Aqui, novamente, estamos no que é – embora
elementar, porém – o mais vital. Ele o fará interiormente e de dentro. A única, mas
certa esperança de glória é “Cristo em você”.

O que é o Novo Nascimento?

Isto pressupõe a necessidade absoluta do novo nascimento. O que é o novo


nascimento, simplesmente? É o receber Cristo como a Vida no coração pela fé. Não
a vida como uma coisa, no abstrato, mas vida em inseparável relação à Pessoa.
Isto é enfaticamente assim na base de que O Espírito Santo é uma Pessoa: Ele é o
“Espírito de Cristo”, e Ele é o “Espírito da Vida”, e não existe relacionamento com
Cristo à parte da habitação do Espírito Santo. “Se alguém não tem o Espírito de
Cristo esse tal não é Dele” (Rom. 8:9).

Assim, então, Cristo, o Espírito Santo, e a “Vida Eterna” são um como a base e
relacionamento resultante com Ele. Cristo é o Objeto e Realidade Central. O Espírito
Santo é o Agente Divino. A Vida Eterna é a base do relacionamento com Deus.

Qualquer termo que usemos, seja “Novo Nascimento”, ser “Nascido de novo”,
“Nascido de cima”, “Regeneração”, ou “Nascido de Deus”, o significado é um, e é
que recebemos em Cristo pelo Espírito Santo, a vida Daquele que está à direita de
Deus. Nada é possível da conformidade à Sua imagem até que essa vida tenha sido
colocada em nós. Como num infante recém nascido, a vida contém todos os
elementos, possibilidades e potencialidades do homem adulto a ser, logo, no novo
nascimento tudo que Cristo é como “aperfeiçoado” está na vida do Seu Espírito
para então ser transmitido.

Por natureza essa vida não está em ninguém, é o “dom de Deus” no novo
nascimento, regeneração pelo Espírito Santo. É sobre essa vida interior que todos
os interesses de Deus estão centrados. O crescimento, aumento, e
desenvolvimento dessa vida com todas suas características é o propósito único do
Espírito Santo no crente. Paulo escreveu para certos crentes - “Meus filhinhos, por
quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja plenamente formado em
vós”. Cristo plenamente formado dentro; essa é a natureza do crescimento
espiritual.

O novo nascimento é o começo e fornece ao Espírito Santo com a Sua base. Esse é
o primeiro passo em responder a pergunta quanto à natureza da união com Cristo.
É unicidade com Ele em Sua vida ressuscitada e entronizada. Isto é vida que já está
Nele consumada em pleno triunfo.

A segunda coisa nesta união do lado do estado, é santificação.

O que é Santificação?

Esta grande doutrina pode ser trazida bem adequadamente para dentro da
extensão de duas declarações simples para nosso propósito aqui.

Santificação é primeiramente um ato, um ato de fazer do objeto inteiramente do


Senhor. Nos tempos do Velho Testamento, quando algo ou uma pessoa era
santificada (consagrada, devotada, santificada; tudo a mesma palavra) era
primeiramente tomada à parte e separada de todos os outros interesses e feita
inteiramente do Senhor. A partir desse momento todos os direitos de propriedade
eram Dele, e era reconhecido que Ele tinha a inteira reivindicação nela e governo
dela. Era consagrada ou santificada pelo sangue ou por aquilo que tinha o mesmo
significado simbólico. Este é o simples significado fundamental da santificação.

“Não sois de vós mesmos, porque fostes comprados por um preço” (1Cor:20).
“Não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados, mas
com precioso sangue” (1Pe. 1:18).

É – num ato – apresentando espírito, alma, e corpo ao Senhor para que em cada
parte e em todos os detalhes da vida, Ele tenha a primeira e final consideração: ser
consultado em todos os assuntos da mente, coração, e vontade; a vida pessoal com
o inteiro principio do eu e constituição natural entregue pela Cruz para ser
absolutamente sujeita à vontade de Deus. Cristo à direita de Deus representa o
homem como num ato de abandono à vontade de Deus; experimentado quanto a
esse abandono em todos os sentidos; e vitorioso quanto a esse ato inicial. O crente
tem de entrar nesse ato, e mantido na energia do Espírito Santo até o fim.

Existe permanente virtude e poder no Seu ato “de uma vez por todas” para nós em
recebermos do Seu Espírito.

A seguir, em segundo lugar, santificação é algo progressivo. É o processo pelo qual


tudo que é verdadeiro das excelências morais de Sua humanidade glorificada é
forjado no crente. As coisas de Cristo, tomadas pelo Espírito Santo e revelado aos
Seus, não são só os esplendores e riquezas e possessões pelas que Ele entrou para
Si mesmo. Nem são só coisas ganhas como uma recompensa. São essas perfeições
por meio de sofrimentos a serem feitas sobre os crentes, e nas quais os crentes são
para ser trazidos, para que possam também partilhar da glória que resta sobre a
humanidade aperfeiçoada quanto a seu estado nativo como investido por um Deus
todo satisfeito e encantado.

Enquanto “contemplamos Ele, somos transformados de um degrau de glória a


outro, como pelo Espírito o Senhor” (2Cor. 3:18).

Este contemplar é pelo revelar do Espírito interiormente, e o que é revelado é a


verdade de Cristo como “feito para nós santificação,” isto é, santificação para nós e
em nós.

Vejo pelo Espírito que santificação não é meu lutar e esforço para ser melhor. É o
fruto do conflito de Cristo e vitória apropriada pela fé. Não é meu melhoramento
moral pelo esforço ou cuidado, mas a apreciação e apreensão das perfeições morais
de Cristo asseguradas para mim. Cristo em glória é o modelo no olho do Espírito
Santo, e Ele operará em mim a conformidade a esse modelo, pedindo de mim
submissão, rendição, fé, obediência; para tudo o qual, Ele está disposto a ser
minha força conforme eu tomo uma atitude de caráter positivo em linha com o Seu
propósito, como em contra de uma mera passividade de mente.

Por que somos Disciplinados?

Portanto, santificação é o significado de “Cristo à direita de Deus” e de nossa união


com Ele no Espírito. O que é verdadeiro do Novo Nascimento como a base, e da
Santificação como o processo todo inclusivo, explica os tratos de Deus conosco no
treinamento. Devemos ter cuidado com não cairmos na cilada de pensar de Deus
como sempre estando sobre nós com uma vara, pronto para saltar sobre nossas
falhas e imediatamente nos punir. “Disciplina”, como em Hebreus 12 não é punição,
é “educação de crianças”. É verdade que representa sofrimento principalmente. Mas
depois estão aqueles de nós que, agora sendo de julgamento amadurecido,
justificamos parentes ao máximo pela correção que, quando era dada, era
considerada como cruel e sem amor. Nos perguntamos o que seriamos se não fosse
por isso, e aqueles de nós que somos pais há muito mudamos nossos pensamentos
sobre muitas das experiências desagradáveis da infância. Podemos nos doer sob
qualquer pouco de injustiça que se adere tão tenazmente à memoria. Mas nós não
estamos agora nas mãos de um Pai injusto ou iníquo.

Deus está atrás de um “depois”. O que é? “fruto pacífico de justiça”. Ou seja, um


estado onde não há discórdia ou tensão em relacionamentos. Isto não é nada mais
do que o estado presente de Cristo com o Pai sendo cumprido também em nós.
Então, todos os aspectos difíceis de nosso treinamento são para o mesmo fim –
conformidade com a Sua imagem.

O Motivo do Ministério

Tem um outro aspecto neste assunto para o qual apontaremos antes de encerrar. É
em relação ao ministério e comunhão. Qual deveria ser o motivo predominante e
alvo do ministério, seja para nós ou através de nós? Com certeza deveria ser com o
único fim de Deus em vista, e tudo deveria ser sacrificado, ou trazido em
conformidade com isso. O único fim de Deus é semelhança ao Seu Filho. No
ministério tudo deve ser sujeito ao teste, quanto a quão longe é calculado chegar a
esse fim. Com Deus mesmo, o valor de qualquer coisa e tudo é determinado por
isto. Métodos, materiais, maneiras, presença pessoal, e tudo é para vir sob este
teste. Somente o Espírito Santo pode trazer-nos a Cristo e conformar-nos com
Cristo. Consequentemente, o ministério é de valor de acordo como é no Espírito
Santo. Não apenas se aplica isto ao nosso ministério, mas deve influenciar-nos no
assunto do que aceitamos e para onde vamos.

Estamos sendo edificados em Cristo? O que nós recebemos tende realmente a


aumentar interiormente Ele? Está Cristo sendo ministrado a nós no Espírito Santo?
Se não for assim, então não importa quão interessante, brilhante, informante, ou
atrativo, nós estaremos perdendo nosso tempo, aquilo que é eterno não está sendo
realizado, e o fim de Deus está sendo perdido. Este principio deve também aplicar-
se à comunhão dos crentes. É muito fácil cair na armadilha de falar todo tipo de
banalidades, assuntos de interesse, e muitas vezes numa jocosidade e frivolidade
espiritualmente dissipante, e depois o tempo se acaba para entender que o coração
clama em fome para aquilo que unicamente é seu Pão – Cristo mesmo. Comunhão
deve ser para edificação mutua e definitivamente para transmitir Cristo o um ao
outro.

Hebron foi onde eles fizeram Rei a Davi e festejaram por dias em comunhão alegre.
Comunhão deve sempre ser a festividade do coroado – exaltado - glorificado
Senhor, e mais Dele próprio em nosso coração deve ser o resultado.

Portanto vemos que tudo na vida do crente desde o começo, está relacionado
diretamente e numa maneira prática, com Cristo em glória, e a natureza da união
com Cristo é dessas atividades do Espírito Santo para nossa conformidade com a
Sua imagem, individualmente e coletivamente.

Primeiramente publicado na revista “Uma Testemunha e Um Testemunho” May-Jun


1932, Vol. 10-3.

Origem "The Meaning of Union with Christ"

A Cruz e o Terreno mais Elevado


por T. Austin-Sparks

Uma Mensagem de forma Falada

Leitura: Êxodo 24:1-18.

“Disse a Moisés: Sobe ao Senhor”.


Versículo 12: “Disse o Senhor a Moisés: Sobe a Mim ao monte”.

Se me fosse pedido colocar numa sentença, numa frase, aquilo que acredito que o
Senhor tem estado dizendo no meu coração em relação a esta temporada juntos,
penso que diria que é “A Cruz e o Terreno mais elevado”. Acredito que o Senhor
está dizendo a muitos dos Seus filhos, e deseja dizer, “Sobe a Mim ao monte”. E
quando você o analisa, fica muito claro que o pensamento máximo, mais elevado,
maior do Senhor para o Seu povo, é que eles ocupem lugares altos, que eles, no
sentido correto, sejam um povo exaltado. Todos os movimentos de Deus são nessa
direção para o Seu povo. O homem de quem se diz que caminhava com Deus no
meio de muitos outros que conheciam o Senhor, terminou a sua carreira aqui
subindo para o Senhor. O fim da viagem de Israel no deserto foi subindo a possuir.
Elias acabou seu curso com uma mudança ascendente para o Senhor. A história
posterior de Israel, quando em relacionamento correto com o Senhor, foi
governado por essas grandes temporadas subindo para o Senhor em Jerusalém, e
temos uma série de cânticos chamados “Cânticos de Ascensão” ou Salmos da
“subida”. O Senhor Jesus não acabou o Seu curso na Cruz ou sepultura, mas
subindo: e a Igreja, o Seu Corpo, é destinado a seguir nesse caminho, ir para cima.
Todos estes movimentos representam o pensamento mais elevado de Deus para os
Seus. Falhar nisto significa ter falhado a respeito do máximo propósito de Deus. O
Senhor é um Senhor exaltado. Ele é representado como sendo “Altíssimo acima de
todos”, e Ele deseja que Seu povo O exalte acima de todos, e é algo extraordinário
que quando você exalta o Senhor você mesmo sobe. O Senhor deseja que
tenhamos pensamentos altos sobre Ele mesmo. Se temos pensamentos baixos
sobre o Senhor viveremos uma vida baixa. Se temos pensamentos altos sobre o
Senhor sempre subiremos. Isto contém esta simples, e porém, verdade muito rica,
o Senhor deseja que o Seu povo esteja em comunhão com Ele mesmo, em lugares
altos, num lugar exaltado, numa verdadeira elevação espiritual. Se o fim do curso
da Igreja é ser marcado pelo subir da Igreja, então penso que corretamente
concluiríamos que em direção ao fim, o Senhor fará uma grande ênfase para
repousar sobre ascendência espiritual e moral no Seu povo; que Ele estará
chamando para o terreno mais elevado, pois enquanto a nós, penso, acredito, e
certamente temos muitas vezes dito, que a cronologia das coisas está ligada com a
espiritualidade das coisas. As datas de Deus sincronizam com as condições do Seu
povo; não haverá translação da Igreja apenas no terreno da preparação da Igreja
para a translação: a hora fixada para subir é fixada por Deus para corresponder
com um estado ao qual a Igreja tem chegado. Não haverá uma mera translação
mecânica e automática da Igreja. Estará inteiramente relacionada com a condição
da Igreja, e portanto, deve haver um lado espiritual como também, o que podemos
chamar de lado cronológico, e o subir, literalmente deve estar ligado com o nosso
subir espiritualmente e moralmente. Tenho bastante certeza de que o Senhor está
procurando obter o Seu povo no terreno mais elevado. O terreno mais elevado da
fé, o terreno mais elevado do amor, o terreno mais elevado da comunhão, o
terreno mais elevado da visão espiritual e revelação, o terreno mais elevado do
poder espiritual, autoridade, o terreno mais elevado da ascendência moral; e é
significativo observar que as Escrituras contém montanhas as quais representam
todas estas coisas. Essa provavelmente deve ser a esfera de nossa meditação nos
momentos durante estes dias.

Nesta tarde não iremos mais além do que até o primeiro passo. Examinemos antes
de tudo, em resumo, este fato, pois é um fato, o Senhor está chamando para o
terreno mais elevado, e a seguir tomaremos em consideração a primeira coisa e
toda inclusiva, relativa ao terreno mais elevado. Mas oh! O efeito disto, amado, não
deve ser só mais informação, mais ensino, mais conhecimento, mas deve ter um
efeito moral em nós, nos nossos relacionamentos, no assunto da comunhão; temos
que ter uma reação de tudo que é baixo, pequeno, mesquinho. Veremos que
devemos tomar um terreno mais elevado no assunto de nossos relacionamentos. O
nível presente é demasiado baixo, não é elevado o suficiente, não está de acordo
ao pensamento de Deus. Na questão do amor de uns pelos outros deve brotar em
nós o sentimento de que a maneira em que consideramos os uns aos outros é
muito baixa. Devemos tomar a atitude de que é muito baixo, devemos subir mais
alto nesta questão. E assim sucessivamente, em todos os assuntos de nossa vida
em relação ao Senhor deve haver uma elevação; e devemos ver que está
relacionado ao último propósito de Deus. Isto não é uma pequena homilia para a
vida diária, que você deve tentar ser mais amoroso e mostrar uma maior
consideração, e assim por diante; está relacionado ao grande fim o qual Deus tem
em vista; que devemos ver à media que avançamos.

Todo avance é conetado com a Elevação

Mas quero aqui destacar quão surpreendente é, e impressionante, que na Palavra


de Deus todo aumento e progresso do povo do Senhor está conetado com
elevação. De fato, podemos dizer que tudo conetado com o lado positivo do
testemunho é trazido por uma eminência. Quando o Senhor vai fazer algo no lado
positivo de acrescentar e aumentar o Seu povo, ou avançando eles espiritualmente,
quase invariavelmente, se não for invariavelmente, está conetado com algum lugar
alto. Isso é surpreendente, isso é impressionante. Este capítulo 24 de Êxodo é um
grande exemplo marcante disso. Façamos a observação agora, a fim de que
possamos ser detidos por isto. Enfatizo a palavra “positivo” porque existe um lado
negativo, e esse é o lado da Cruz. Estamos falando sobre a Cruz e o terreno mais
elevado. Existe esse nível de deserto onde a Cruz opera a fim de fazer possível o
terreno mais elevado. O deserto não é o terreno positivo de Deus, esse é o lado
negativo; que temos que ser crucificados não é o fim de Deus, mas o método
essencial de Deus. O pôr de lado do homem por natureza é o que chamamos de
lado negativo, o lado positivo é trazer aquilo que é de Deus no nível do propósito
de Deus e poder de Deus.

A Calçada de Safira

E portanto vemos que tudo que está relacionado ao lado positivo do povo do
Senhor e do testemunho do Senhor está ligado com algum terreno elevado. Mas
antes de avançar com isso queremos ver o que é todo inclusivo, aquilo no que tudo
o mais está ligado neste assunto, e isso é, ver a calçada de Deus, aquilo sobre o
qual os Seus pés descansam, por assim dizer, a rodovia de Deus em relação a Seu
povo. Venha a Ex. 24 e você o tem (versículo 9-10): A calçada de Deus, aquilo que
estava sob Seus pés, como que de uma pedra de safira, que parecia com o próprio
céu na sua claridade. Vemos isso como a coisa sobre a qual os pés de Deus
descansam, isso, como que dizendo, sobre o que o Senhor sobe e desce, a base e a
fundação de tudo que se segue, e você sabe o que se segue. “como que uma pedra
de safira”. Não vou me propor a ir por todas as passagens na Escritura onde a
pedra de safira é mencionada, você pode fazer isso quando você desejar, para fazer
um pequeno estudo da Palavra. Tudo que eu desejo fazer é destacar o que isto
significa. A pedra de safira tem um grande lugar na Escritura. Você a encontra em
relação à criação, em relação à graça, em relação ao governo, e você a encontrará
em relação à glória, tanto a glória celestial como a terrenal. Aqui está em Ex. 24
debaixo dos pés de Deus. Em Ez. 1:26 e 10:1, você a tem, como sobre o brilho de
cristal terrível estendido do firmamento. Lam. 4, você vê dito acerca dos príncipes
de Sião que são como de pedra safira; e depois em Isa. 54, a metrópole da terra é
vista tendo suas fundações colocadas com pedras de safira, e a seguir a Nova
Jerusalém em Ap. 21, a segunda fundação é uma safira.

O que é a safira? Penso que se você olhar na Escritura, você perceberá que a pedra
de safira indubitavelmente representa Cristo em glória universal. “como o céu em
sua claridade”. Você sabe que a safira é a pedra do azul celestial, azul
transparente, como o próprio céu em sua claridade. Você percebe o que está
acontecendo aqui? “Sob Seus pés como que uma pedra de safira e como o próprio
céu em sua claridade”, em sua transparência; e imediatamente seguindo este
capítulo, saindo deste capítulo, as instruções para o tabernáculo. Esse tabernáculo
é para ser uma representação do Senhor Jesus por completo, do centro até a
circunferência, é Cristo apresentado. O elemento predominante na coisa toda é o
azul celestial; e todo homem, mulher e filho por todas as suas gerações são
ordenados a ter um pouco desse mesmo azul na orla de suas vestes. O elemento
predominante ao longo dessa coisa toda, a qual é para ser uma revelação, um
desvendar da representação do Senhor Jesus, é o azul celestial. É algo que tem
descido do monte. É uma reflexão aqui na terra daquilo que estava sob os pés de
Deus, os pés do Deus de Israel. A terra e o céu são unidos nesse azul. O céu e a
terra ligados, unidos para revelar o Senhor Jesus em glória universal.

Essa é a natureza de tudo na Palavra de Deus. É aí onde você chega na revelação


do propósito eterno e pensamento de Deus, o céu e a terra unidos na revelação da
glória de Cristo. Isso é bem conhecido, isso é perfeitamente claro, mas não
façamos disso algo trivial. Algo familiar com a verdade disso, amado, não é uma
pequena coisa que quando Deus alcança Seu fim, este universo inteiro, o céu e a
terra, serão unidos na manifestação da glória do Seu Filho Jesus Cristo. Isso não é
algo pequeno. Deus fixou isso, e Deus atingirá o Seu fim. Mas pelo momento, o que
está diante de nós é isto, que tudo está relacionado a isso nas atividades de Deus.
Deus tem isso em vista todo o tempo, e tudo o que Ele vai dizer, realizar e
requerer, está ligado a isso, a glória, a glória universal do Seu Filho Jesus Cristo.
Por isso, antes de que uma mão seja colocada a trabalhar para realizar essa
representação em tipo, antes de que haja um movimento na esfera prática da
realização, tem que haver uma visão e uma revelação de Jesus Cristo na glória.

Um Instrumento Representativo

Se ao Apóstolo Paulo lhe foi dada de uma maneira especial o ministério concernindo
essa revelação de Jesus Cristo no mistério do Seu Corpo, antes de que ele possa
expressar uma palavra nessa conexão ele deve ter uma revelação de Jesus Cristo
na glória; isso é básico para todo o propósito de Deus, e nós nem podemos fazer
nada, nem suportar nada até que obtenhamos isso. Veja o fim de Deus e aquilo
sobre o qual o olho de Deus está descansado. Por que ter a Moisés, Arão, Nadabe e
Abiú, e setenta dos anciãos de Israel para ascender ao monte e ver o Deus de
Israel e aquilo que estava sob Seus pés? A fim de que, certamente, possa haver
uma representação adequada do que era de acordo com a mente de Deus. Esta era
uma responsabilidade solene que estava-lhes sendo conferida. Eles foram trazidos
para ver o que estava sob os pés de Deus a fim de serem responsabilizados para
ter tudo construído e mantido em concordância com isso. Setenta dos anciãos; esse
é um número representativo do povo de Deus. No Novo Testamento, setenta é uma
representação da Igreja inteira. Setenta é uma combinação de dez e sete. Dez é o
numero da responsabilidade e sete da perfeição espiritual, e a responsabilidade que
estava sendo conferida a estes homens era para a perfeição espiritual do
pensamento de Deus em relação ao Senhor Jesus. Eles tinham que ter o
pensamento perfeito de Deus sobre o Senhor Jesus e ver que tudo era para ser
construído segundo a esse pensamento. O pensamento de Deus desde a eternidade
é a glória universal do Seu Filho. O Senhor deve obter algum povo para entrar nos
Seus pensamentos sobre o Seu Filho a fim de tomarem responsabilidade em
relação a outros, e por isso Ele disse com efeito a eles - “subam ao monte, a subida
deles é relacionada a muitos mais. A sua subida é para que você receba uma
revelação que colocará você num lugar de grande responsabilidade, mas também
de grande privilegio para um ministério que não tem objeto menor e fim do que a
glória universal de Jesus Cristo. Suba ao monte”. Certamente, estes são dias nos
quais existe uma grande necessidade de chegar à plenitude do pensamento de
Deus concernente ao Senhor Jesus. Estes são dias em que a glória de Deus em
Cristo precisa ser conhecida, uma recuperação do testemunho completo de Jesus.
Para isso o Senhor deverá tomar pelo menos alguns, e levar eles a uma comunhão
especial com Ele mesmo, no Seu pensamento. Este é um lugar de elevação.

O Caminho da Cruz

Oh, mas você percebe o que teve que acontecer antes de que jamais isso pudesse
ser? “E Moisés construiu um altar sob o monte”. Isso é um sacrifício. Não houve
ascensão ao monte até que o altar tivesse sido construído; sacrifício e sangue
derramado. Em outras palavras, não há subida para essas altitudes mais altas de
revelação Divina, apreensão Divina, vocação e ministério Divino senão unicamente
na base da Cruz realizando sua obra para pôr a natureza de lado, pôr o homem de
lado, porque o homem por natureza não pode entrar no pensamento de Deus. “O
homem natural não recebe as coisas do Espírito de Deus nem mesmo pode ele
conhecê-las”, ele tem de ser posto de lado, a Cruz tem que cortar aí e colocar o
homem por natureza fora disto, antes dele entrar na plenitude da mente de Deus e
propósito de Deus; e Moisés construiu um altar. A Cruz é sempre as portas de
entrada para os mais elevados níveis da vida espiritual. A Cruz é sempre o caminho
para os planaltos de Deus, e a cruz não é uma coisa, na medida em que a nós diz
ao respeito, feito uma vez para sempre, unicamente no assunto de nossa
justificação e nossa aceitação. No lado objetivo está finalizado de uma vez por
todas, mas no lado subjetivo deve haver uma morte diária, trazendo sempre no
corpo o morrer de Jesus. Mas esse é o caminho de subida. Às vezes pensamos
disso como o caminho de descida, este puxar para baixo, destruição, crucificação,
quando vamos chegar ao fim deste negócio? Amado, se soubéssemos, estamos
subindo todo o tempo, é o caminho de subida. O Senhor Jesus desceu. Ele
subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus, mas se esvaziou
a Si mesmo, tornando-se semelhante aos homens, Ele humilhou-se a Si mesmo,
tornando-se obediente, até a morte – e o Apóstolo não para aí – tornou-se
obediente até a morte e morte de Cruz – não havia nada acerca dessa morte que o
homem aplaudiria, não foi esse tipo de mortes que homens teriam em conta e
diriam que foi uma morte nobre. Foi a morte mais vergonhosa, degradante, a
morte das mortes. Pela qual Deus O exaltou sobremaneira.

Nós não temos nada do que desistir assim, mas o principio funciona, de que a Cruz
é aplicada para a destruição da vida de natureza. Não gosta de ser posta de lado.
Quantos de vocês gostam de serem tidos como nada? Quantos de vocês têm prazer
em pessoas só tratando você como sendo nada? A carne não é feita dessa forma. A
Cruz é aplicada para colocar o homem por natureza de lado, e à medida que a Cruz
é aplicada há um espiritual subindo todo o tempo: isto é ascendência, subindo a um
nova posição, e muitas pessoas nunca alcançam um terreno muito elevado porque
eles nunca descem muito baixo, eles não sabem da plenitude do Senhor porque
eles conhecem bem pouco do esvaziamento.

Amado, uma nova aplicação da Cruz está no pensamento Divino – e intenção – de


levar-nos a um lugar mais elevado, e se a Igreja é para alcançar finalmente o seu
mais alto terreno, justamente antes disso conhecerá a mais profunda aplicação da
Cruz. O que é verdadeiro da Igreja é verdadeiro para o membro individual. O altar
sempre leva à montanha na intenção e propósito determinado de Deus. Sempre
acontece. Não é a exaltação de nós mesmos, é a exaltação de Cristo em nós, e
nisso encontramos nossa mais plena satisfação. Nós sempre nos sentiremos
menores e menores, mas se é um estado correto que é produzido pela operação do
Espírito Santo mediante a Cruz, à vista de Deus há um maravilhoso aumento, um
ganho maravilhoso. Veremos mais tarde que há uma montanha em Mateus para a
qual o Senhor traz os Seus e diz “Bem-aventurados, os mansos porque eles
herdarão a terra” - você observa a conexão?

Mas agora voltemos e encerremos com esta palavra preliminar. Do que é o Senhor
está atrás nessa Cruz, com você, comigo? Que é o que Ele tem em mente?
Justamente isto; tudo de acordo a Cristo, azul celestial: isto é, a glória de Jesus
Cristo em Seu povo individualmente, na Sua Igreja coletivamente, e
eventualmente, neste universo em geral; tudo revelando a glória de Jesus Cristo.
Você vê que esse é o movimento da Igreja? Quando a Igreja esteja perfeita em
glória, será o próprio veículo saindo no universo da glória de Cristo. Esse é o nosso
destino como membros de Cristo. É para isso que fomos chamados e escolhidos
antes da fundação do mundo, que sejamos para o louvor de Sua glória e que todo o
universo através de uma Igreja impregnada de Cristo, reflita a Sua glória – o azul
por todo lado. Esse é o fim. Deus está operando para esse fim agora. Seus tratos
conosco são para esse fim. Por que estas experiências difíceis, esta disciplina, este
castigo, por que estes sofrimentos? Tudo para a glória; tudo para produzir clareza
de cristal, a transparência absoluta, a pureza da natureza celestial de Jesus Cristo
em nós. O Senhor está só fazendo isso em nós, amado, pela Cruz, a qual está
clareando o filme desta vida natural, removendo a espessura e a densidade desta
corrupção e poluição, obtendo um estado puro, um estado transparente o qual é a
absoluta pureza, transparência, claridade da natureza de Cristo em nós. É algo
moral. Esta conformidade à imagem do Seu Filho é algo moral – uso essa palavra
no sentido mais elevado – algo que está sendo forjado na própria fibra moral de
nosso ser, a natureza de Jesus Cristo. O Espírito Santo tem tomado isso na mão.
Não pense sobre ser glorificado como algum tempo alcançando essa posição onde
de repente haverá sobre nós um manto de luz e então sermos glorificados. A glória
vem pelo que nós somos, brilha do interior, não do exterior. O monte da
Transfiguração não é que de repente ao Senhor Jesus lhe foi dado uma túnica de
luz, era o brilhar de Sua Pessoa: e a glória é o resultado do processo moral em nós,
da obra do Espírito Santo pela Cruz. Será o que temos sido feitos pela graça, será a
Sua glória, não a nossa, porque é tudo da graça, porque Ele o fez possível e Ele o
levou a cabo.

Este universo é para ser cheio da excelência moral do Senhor Jesus, vista por todos
lados. Que universo será este! Isso representa o terreno mais elevado para nós.
Enfatiza e sublinha a chamada “Suba a Mim ao monte”. Primeiramente, ver o que
está em vista. Quando você vê que você tem um motivo adequado para suportar os
sofrimentos da Cruz, você tem um objetivo em vista à luz da qual você considera
tudo que o Senhor faz com você e a você. Esse é o fim. Precisamos disso. Temos
muitas vezes dito que Paulo passou por essa vida incrível dele porque ele manteve
o Senhor, o Qual tinha visto na estrada de Damasco, diante dele, e nas suas quase
últimas palavras ele ainda tinha essa visão lá: “para que possa O conhecer, Ele
quem eu vi anos atrás na estrada de Damasco, Ele é ainda meu alvo, meu objetivo,
minha glória, para que eu possa ser conforme a Ele, essa é a única coisa”. Isso foi
o que sustentou ele. Oh, que o Senhor nos mostre o Senhor Jesus como o Seu alvo
para nós, e que Ele está operando todo o tempo em relação a esse fim. Ele vai ter
tudo construído com esse fim em vista, de acordo a isso. E o tabernáculo, enquanto
representa Cristo em Pessoa, sabemos bastante bem que também representa
Cristo corporativo. O Corpo o qual tem muitos membros, e todos esses membros
sendo muitos, formam um só Corpo, assim também é o Cristo. O Cristo pessoal
será revelado no Cristo corporativo nos séculos vindouros, e eles devem ser um,
assim, em natureza moral como ele serão em glória, tendo sido, de uma certa
perspectiva ao longo de uma certa linha, um na Cruz. Há uma obra da Cruz na qual
nós não participamos, feita por nós e à parte de nós, mas há uma obra da Cruz na
qual nós sim temos um lugar, e é dado a nós a favor de Cristo, não apenas crer
Nele mas também sofrer por Ele em Seu favor. “Cumpro o que resta das aflições de
Cristo”. É para essa glória, esse fim de Deus.

Agora, que o Senhor nos leve à montanha para ver a glória para a qual Ele está
trabalhando, na qual Ele sobe e desce. Todos os caminhos de Deus estão conetados
com a última glória do Senhor Jesus. Seus pés estão sobre isso e Ele não se move
dessa calçada. Os movimentos de Deus são em direção do Senhor Jesus, para a
glória do Senhor Jesus:- a pedra de safira a ser revelada por todo o universo. A
criação é governada por isso, a graça é governada por isso, o governo é governado
por isso. Ezequiel é governo. “E por cima do firmamento, um trono e como que
uma pedra de safira”, a glória da “semelhança a um Homem”. O governo está
relacionado à glória do Senhor Jesus, e a glória é a Sua glória; isso é glória, a
manifestação Dele em Suas perfeições morais num povo que Ele tem trazido para a
glória:- a realização Deste levando muitos filhos à glória. Isso será glória para Ele e
isso será glória para nós. Que o Senhor nos leve no terreno mais elevado com a
visão do fim que Ele tem em vista, pois isso encarna tudo que o Senhor tem a dizer
nestes dias, está relacionado a isso. Assim que tenhamos nossa visão ajustada no
início e vejamos o fim de Deus.

Primeiramente publica na revista “Uma Testemunha e Um Testemunho” Jul-Ago


1932, Vol. 10-4.
Origem: "The Cross and Higher Ground"

O Espírito Santo em Relação Ao Cristo Glorificado e Ao Crente -


Parte 1
por T. Austin-Sparks

Leitura: João 16:5-15; 7:38-39.

“Aquele que crê em Mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água
viva (Mas Ele se referiu ao Espírito que, mais tarde, receberiam os que Nele
cressem; pois até aquele momento não fora concedido, porque Jesus não havia
ainda sido glorificado)”.

Amado de Deus, por um tempo considerável meu coração tem se exercitado cada
vez mais a respeito do Espírito Santo. Creio que o Senhor tem algo que Ele quer
dizer para Seu povo nesta conexão, e algo que Ele quer fazer em e através do Seu
povo nesta conexão, numa nova maneira neste tempo do fim. Se alguém não tem
mal interpretado a liderança do Espírito, estamos certos em nos reunir neste
momento para o Senhor nos falar sobre este assunto. Tenho certeza de que nós,
juntamente com muitos mais do povo do Senhor, estamos profundamente
conscientes, e cada vez mais conscientes, da necessidade por uma expressão mais
plena da vida, poder, e obra do Espírito Santo na Igreja; o qual significa, é claro,
em nós mesmos como membros de Cristo. E apesar de que não é meu pensamento
neste momento, ou a direção que tenho, procurar apresentar um sistema de
doutrina concernindo a Pessoa e obra do Espírito Santo, sinto que o Senhor tem
algumas coisas dentro dessa extensão que Ele realmente quer que nós tenhamos
em consideração. Não vamos, por exemplo, discutir se o Espírito Santo é uma
Pessoa ou não. Acho que todos nós podemos considerar isso como resolvido. Se
não está, bem, vamos resolvê-lo fora, pois isso não é o assunto que preocupa a
maioria de nós aqui, os quais têm, tenho certeza, resolvido esse assunto há muito.
Existem outros assuntos similares em relação ao Espírito Santo que consideraremos
como resolvidos e por garantido, mas existem umas coisas que, embora possamos
estar bem familiarizados com elas, precisamos ter renovadas como um assunto
sério de indagação e consulta diante do Senhor.

Existem, penso, principalmente duas ou três direções nas quais este assunto do
Espírito Santo nos preocupa espiritualmente nestes dias. Existe, por exemplo, o
assunto do poder. Poder pelo Espírito Santo; o Espírito Santo como um Espírito de
poder. Isso é um assunto que nos preocupa, pois o povo do Senhor está quase
universalmente, pelo menos muito geralmente, consciente de que as forças que
estão contra Seu Testemunho, Sua obra, são praticamente demasiado para eles, se
não estiverem totalmente além da habilidade deles para fazer face. Há um senso de
severa limitação, real fraqueza, inabilidade para avançar, uma forte resistência e
obstrução, uma terrível pressão e adversidade que levanta toda a questão do
poder. Todos nós estamos nos nossos corações simplesmente clamando ao Senhor
para que conheçamos mais do poder de Deus nas nossas vidas, e depois qual o
ministério que o Senhor nos dará além do ministério da vida de testemunho
individual, isto é, num ministério especifico que pode ser confiado a nós. Isso é
uma esfera na qual todo o assunto do Espírito Santo é algo vivo para nós hoje. E a
seguir novamente, a questão da verdade; isto é algo, penso, igualmente vivo nesta
hora.

Embora estamos contra essa força de oposição, esse poder do mal, esse grande
antagonismo do adversário, estamos também contra erros difundidos e crescentes
que estão tomando a forma sutil de uma falsificação do Espírito Santo. Não há
dúvidas de que existem moveres na terra neste momento que são uma falsificação
do Espírito Santo, até mesmo no assunto da regeneração ou novo nascimento ou
conversão; e em muitas outras conexões o Espirito Santo está sendo falsificado; e
a tragédia triste, grave disso tudo, é que multidões dos próprios filhos queridos do
Senhor estão sendo levados por estas coisas. É muito fácil para nós dizer que não
queremos, nós queremos vida, queremos poder, queremos trabalho, queremos
atividade, mas, amado, precisamos de ensino. O assunto da verdade pelo Espírito
Santo como o Espírito da Verdade é um assunto muito, muito vital, importante para
nós hoje. Não podemos falar sobre querer poder como algo em si mesmo; estas
duas coisas devem ir juntas, verdade e poder, poder e verdade.

Agora a terceira coisa, o qual é claro abrange estas duas, é a questão da


experiência, e aqui talvez estamos no terreno mais perigoso de todos, pois muitos
dos queridos filhos do Senhor, em consciente desapontamento, e fraqueza e
insuficiência, estão simplesmente clamando, orando, ansiando, por uma
experiência, uma nova experiência, uma experiência fresca, e estão se estendendo
para ela. Eles relacionam suas experiências mentalmente ao Espírito Santo, eles
falam acerca do “batismo do Espírito Santo” e termos semelhantes são usados, mas
é de uma experiência que eles estão atrás. Agora, isso está correto e está errado, e
queremos ser bastante claros quanto ao correto e ao errado de uma experiência em
relação ao Espírito Santo.

É uma coisa muita perigosa sair por uma experiência como tal, ter uma experiência
como um objetivo em vista em si mesmo. Abre o caminho para a decepção, para a
desilusão e para a irrupção da falsificação. Atrai a vida de nossa alma, e nos leva a
um estado forçado e quase oculto, deixando muitos dos queridos do Senhor
mediúnicos, e eles são levados, portanto, por qualquer coisa que o falsificador do
Espírito Santo gosta de lhes oferecer, contanto que seja redigido em termos bíblicos
e apresentado numa aparência de doutrina evangélica. O perigo aí, amado, é o
perigo da hora, a alma se esticando por uma experiência, como tal. Mas oh, meu
coração nestes dias está terrivelmente sobrecarregado a respeito do povo do
Senhor, para que Ele diga alguma coisa, se possível aqui, mas para que Ele em
qualquer caso levante um ministério para a proteção do Seu povo nestes dias muito
perigosos, estes dias os quais são perigosos nestes aspectos em particular.

Vai haver um estado terrível de coisas muito em breve no descobrimento de


multidões dos queridos filhos de Deus que têm sido induzidos em erro, que têm
sido desviados, e que a coisa que levou eles para longe não é o verdadeiro, embora
tinha todas as marcas do verdadeiro na medida em que eles eram capazes de ver;
mas era outra coisa, outra coisa e não a verdade como a verdade está em Jesus.
Na medida em que o Senhor nos capacite, procuraremos chegar na verdadeira luz
hoje pela Palavra do Senhor, e pleno entendimento, para que na nossa parte
possamos ser preservados, e para que também possamos ser capazes de ajudar na
preservação, e proteção de outros filhos de Deus. Ore para que o Senhor levante
esse ministério e ore isso mesmo agora, nesta mensagem, se for de Sua vontade,
haverá aquilo que será para salvar o Seu próprio povo num dia como este.

Agora, no que diz respeito à experiência. As coisas, é claro, devem ser


experimentais como diferindo do meramente doutrinário, teórico. Deve haver
experiência e deve haver experiência em relação ao Espírito Santo; mas em que
maneira é a experiência segura? Bem, lembremo-nos da posição do Novo
Testamento sobre este assunto, que embora a manifestação, vinda, presença,
atividade do Espírito Santo no Novo Testamento, sempre foi uma experiência na
parte dos interessados, não era uma experiência, não era uma experiência apenas
em si mesma, algo que eles sentiam, algo que eles ouviam, algo que rompia nos
seus sentidos; a experiência estava sempre relacionada a uma Pessoa e essa
pessoa era o Senhor Jesus glorificado, e a experiência sempre punha Cristo
glorificado em evidência, de maneira que a expressão imediata, espontânea deles,
era o glorificar de Jesus em palavra, em testemunho, em vida, em conduta, em
todos os sentidos. Cristo glorificado entrava em evidência nesse momento, e eles
não andavam por aí dizendo que eles tinham tido um tipo de sensação bonita,
emoção, experiência de alta tensão; eles passavam imediatamente a falar sobre o
Senhor Jesus. Essa é a única esfera na qual a experiência é uma busca correta.
Devemos sempre relacionar o Espírito Santo em todas as formas e fragmentos de
Sua atividade, à Pessoa do Senhor Jesus, pois é aí onde o Novo Testamento faz a
ligação. E por isso devemos parar de procurar uma experiência em si mesma.
Devemos procurar uma expressão, uma manifestação, um glorificar do Senhor
Jesus pelo Espírito Santo como nossa experiência.

Amado, se o Senhor Jesus é glorificado nas nossas vidas nós temos o Espírito
Santo, pois de outra maneira isso não é possível. Se Ele é Aquele que está diante
da consciência de outros como glorificado, esse é o testemunho, vindo diretamente
do mais íntimo de nosso ser e sendo registrado sobre outros, você pode ter como
garantido que a questão do batismo do Espírito Santo está bem, está resolvida.
Mas, embora tenhamos tido todos os tipos de experiências maravilhosas, e as
pessoas estão impressionadas com e algo que nos aconteceu, e são postas em
evidência, e estamos girando em torno de nós mesmos e de nossa própria
experiência, e o Senhor Jesus não é o fato registrado sobre outras consciências,
mas nós ocupamos o campo, existe uma real pergunta de nós termos ficado
controlados, dominados, enchidos, batizados (seja qual for que você goste de
chamá-lo) pelo Espírito Santo. Deve ser relacionado a Ele. É por isso que temos lido
esta passagem como uma chave para o que quer que o Senhor Jesus tenha a nos
dizer. “Mas Ele se referiu ao Espírito que, mais tarde, receberiam os que Nele
cressem; pois até aquele momento não fora concedido, porque Jesus não havia
ainda sido glorificado”. O Espírito não poderia começar Sua obra até que Ele tivesse
obtido aquilo que era essencial para Sua obra. O ministério do Espírito Santo não
poderia ser iniciado dentro do crente até que Ele tivesse obtido aquilo que era
essencial para Seu ministério na íntegra, o qual era Cristo glorificado. Que significa
que o ministério, a obra do Espírito Santo em e através do crente é baseada
completamente e unicamente sobre a glorificação do Senhor Jesus.

Agora então, comecemos a esquadrinhar isto e reduzi-lo a uns poucos fatos,


realidades bem claras, concisas. Começamos perguntando uma pergunta muito
geral. Por que o Espírito Santo veio? Penso, pelo que eu sei, a melhor resposta a
essa pergunta é: para assumir o lugar do Senhor Jesus aqui. Isso abrangerá muita
coisa. “É para o vosso bem que Eu parta. Se Eu não for, o Espírito Santo não
poderá vir para vós”. Portanto, o Senhor Jesus considerava que a presença do
Espírito Santo aqui era mais importante do que Sua presença pessoal humana na
terra, que pelo menos significava o que a Sua presença significou na carne, porém
mais. De maneira que podemos com bastante segurança, e verdadeiramente dizer
que o Espírito Santo veio para assumir o lugar do Senhor Jesus aqui.

Façamos outra pergunta que nos levará um passo adiante em direção a nossa
conclusão última. Por que o Senhor Jesus gastou trinta anos primeiro, três anos e
meio em segundo lugar, e quarenta dias em terceiro lugar, aqui na terra? A
resposta é claramente simples. A fim de que, primeiramente, Ele pudesse ser
associado à humanidade vitalmente e praticamente; esse é o significado dos trinta
anos começando com a Encarnação. Você não precisa de que tomemos tudo que a
escritura tem a dizer a respeito da Encarnação; penso que uma escritura é
suficiente, pelo momento. “Portanto, visto que os filhos compartilham de carne e
sangue. Ele também participou dessa mesma condição humana, para que pela
morte destruísse aquele que tem o poder (o domínio) da morte... e livrasse todos
os que ao longo de toda a vida estiveram escravizados pelo medo da morte”. Ele
também participou da mesma. “Assumindo plenamente a forma de servo e
tornando-se semelhante aos seres humanos”, uma segunda escritura muito forte. E
em terceiro lugar, “Ainda que era Filho, aprendeu a obediência por meio daquilo
que sofreu”. Muitas outras escrituras levando Ele a um vital relacionamento com a
humanidade poderiam ser citadas, mas penso que reconhecemos que Ele devia ter
estado aqui, embora silenciosamente e principalmente em reclusão por trinta anos
antes de Sua manifestação ao mundo, não sem objetivo, não sem razão e não sem
a melhor das razões. Quando você se lembra de que no Velho Testamento Ele
aparecia na forma de um homem uma e outra vez, e era visto e Lhe falado numa
forma de homem adulto – de onde Ele conseguiu esse corpo, você sabe? Eu não
sei; onde foi, você não sabe, eu não sei, mas em muitas ocasiões Ele era visto
como um homem. As escrituras deixam absolutamente claro e certo que Aquele
que aparecia era Deus, porém Ele logo, para propósitos específicos, em
determinados momentos, apenas por um momento, tomava a forma de um homem
plenamente desenvolvido e aparecia para realizar alguma coisa, e depois
desaparecia. Não sabemos nada mais sobre o meio de Sua manifestação lá, mas
aqui Ele escolhe vir por meio de um nascimento de criança e permanecer por trinta
anos, e existe algo de diferente aqui nisso, e é porque, agora, diferindo daquilo, Ele
se tornou vitalmente ligado à raça como Ele não era até então, participando da
mesma carne e sangue, contudo sem a mancha do pecado.

Bem, os trina primeiros anos primeiramente, penso, representam Seu


relacionamento à humanidade, vitalmente; isto é, vividamente e praticamente, me
refiro a uma maneira prática. Ele foi um bebê, e foi um menino, e foi um
adolescente, e foi um jovem, e passou por tudo isso que esses passam, e você não
coloca uma auréola em volta de sua cabeça e faz Dele uma excepção extraordinária
de todos os meninos e jovens e homens, exceto que você não achará pecado Nele;
contudo Ele teve uma vida de menino, uma vida de adolescência, uma vida de
jovem. Ele é numa maneira prática relacionado à humanidade. Os três anos e meio
são a segunda fase e introduzem novos fatores, quanto à razão Dele estar aqui.
Bem, trazem à vista o fato de que Ele esteve aqui para revelar, manifestar a mente
do Pai, o amor do Pai e o poder do Pai. Foram os anos do desvendar da mente de
Deus, os pensamentos de Deus em e através de Cristo.

Amado, tudo que você irá achar subsequentemente no Novo Testamento no livro
dos Atos, nas Epístolas ou em Apocalipse como verdade, você irá achar sua
semente, seu germe, nos evangelhos. Isso é uma coisa importante para lembrar.
Escreva isso, que você não irá achar nos escritos subsequentes do Novo
Testamento o que você não pode traçar em germe no ensinamento do Senhor
Jesus. Seus três anos e meio de ensinamento foi a parcela de sementes de toda a
revelação Divina. Isso lhe dará suficiente estudo até o fim de seus dias! Foi a
revelação, não que o homem o apreendeu, o compreendeu, o entendeu, nem
mesmo aqueles mais perto Dele entenderam; no entanto, foi a revelação da mente
do Pai para o homem. Quão maravilhoso é. Podemos gastar muitas horas, muitas
semanas com isso somente, ver os aspectos dessa verdade, a revelação da mente
do Pai e as riquezas desse ensinamento. E devemos fazer comparações? Talvez
não, mas alguém iria dizer, o registo de João é o mais rico. E o que tem João a
revelar sobre a mente do Pai de diferente dos outros? É isto, a descida do Pai todo
o tempo para o homem. É uma maravilhosa revelação como Deus toma a iniciativa
em direção ao homem. Todo o aspecto do Evangelho de João do ensinamento e
obra do Senhor Jesus é Deus tomando a iniciativa, Deus descendo. Isso é
abençoador, isso é precioso, acompanhe isso no resto do Novo Testamento. Você
sabe o que você está tentando fazer, tentando bombear a corrente vil de nossa
humanidade para alcançar Deus, quando Deus está se derramando na corrente da
vida Divina para nos alcançar. Estamos lutando de alguma forma para nos levantar
em toda a vileza de nossa carne, em contato com Deus, e nunca consegue. Mas a
revelação da mente de Deus é que Deus desceu para nós em toda Sua santidade.
Esse é “João”. Isso é certamente confortador para os nossos corações. Apenas o
toco como significando ao que me referi pelo revelar da mente de Deus nos três
anos e meio, e a seguir, o revelar do amor do Pai.

Publicado na revista "Uma Testemunha e Um Testemunho" 1932, Volume 10-3.

Origem: "The Holy Spirit in Relation to The Glorified Christ and The Believer

O Espírito Santo em Relação Ao Cristo Glorificado e Ao Crente -


Parte 2
por T. Austin-Sparks

Por onde devemos começar quando queremos considerar a revelação do coração de


Deus em Jesus Cristo naqueles anos? “Deus amou o mundo de tal maneira”. Pense
na maneira em que João usa o próprio termo “Pai”. Isso é uma nova revelação,
pela maior parte para a humanidade. Entra em plenitude e profundidade de
significado no Novo Testamento, o qual é bem novo. O coração de Deus fica
despido no Senhor Jesus. Oh sim, para a vergonha de nós Cristãos, muitas vezes,
para a minha vergonha, talvez para a sua, a nossa atitude para com os pecadores,
os desacreditados, os repugnantes, os repulsivos, os antagonísticos, os
rejeitadores, os desprezadores, os maliciosos, muitas vezes, é tanta a diferença da
atitude Dele. Que grande atitude Ele tomava. Sem tolerar o pecado, e nunca
justificando o mal, no entanto, Ele prosseguia com um amor e uma benevolência,
uma paciência e enternecimento que, digo, nos envergonha. Alguém tem a razão e
um objetivo em vista ao dizer isto, para o qual estamos trabalhando num minuto. E
a seguir, é claro, Seus três anos e meio foram para a manifestação do poder de
Deus, as obras portentosas de Deus que foram forjadas por Ele e através Dele. O
poder de Deus foi claramente demostrado e administrado por Ele. Os homens
tinham uma oportunidade muito ampla de ver o poder de Deus manifesto através
Dele. É claro, a apreciação de homens, homens carnais, homens mundanos, jaz em
grande parte dentro da própria esfera deles do que é fisicamente demostrado. Eles
não podem apreciar poder espiritual na esfera espiritual. Mas o poder de Deus lhes
foi mostrado na esfera em que eles podiam reconhecê-lo. Todos os tipos de
doenças, e enfermidades, como também o poder sobre a natureza, poder sobre
condições temporais, poder em muitas esferas, e, é claro, poder na esfera
espiritual, mas o homem não podia ir tão longe; mas estes anos foram ocupados
com a demostração do poder do Pai, principalmente a favor do homem para seu
bem, bendição e beneficio. Bem, isso tudo está muito claro, penso.

Mas o que dizer sobre a terceira fase, os quarenta dias? É uma fase de provação.
Tem seu próprio significado, e foi para estabelecer o fato e natureza da perfeita
redenção que Ele tinha realizado para o homem em espírito, alma e corpo. O
registro é que “por muitas provas infalíveis” Ele apareceu a eles – Se deu a
conhecer a eles – após a Sua ressurreição. Houve primeiramente o estabelecimento
do fato de que Ele foi ressurreto, o fato de que Cristo, que tinha morto estava vivo.
Leia em Atos 17:31 “Porque determinou um dia em que julgará o mundo com o
rigor de sua justiça, por meio do homem que para isso estabeleceu”.

Aqui, na ressurreição você tem – embora Deus, Deus verdadeiro – contudo Homem
num estado de perfeita redenção, onde todo o homem é representado em seu
estado completamente remido. Os quarenta dias representam o homem em Cristo
como Deus tenciona o homem ser. Por que Ele chama a atenção a Si mesmo como
Ele faz, “Tocai-me e comprovai o que vos afirmo. Por que um espírito não tem
carne nem ossos, como percebeis que Eu tenho”. “Coloca o teu dedo aqui; vê as
minhas mãos” - “Observai as minhas mãos, vede que Sou o mesmo – tocai-me e
comprovai”. Por que? E contudo, esse corpo, essa humanidade, que podia ser
tocada, sentida, apalpada, podia atravessar portas que estavam trancadas, e ser
achada a grandes distâncias num momento de tempo. Isso não é um espírito, isto é
um corpo espiritual. Existe toda uma diferença entre um espírito e um corpo
espiritual. Nós não vamos ser espíritos desencarnados flutuando ao redor, pelo ar.
Nós vamos ter corpos glorificados, e aqui está o penhor, aqui está o tipo, aqui está
a representação.

Quarenta dias é o período de provação na Bíblia, o qual sempre pretende resultar


em glória. Quarenta dias para Israel deveria, no propósito de Deus, ter resultado
em Canaã. Seus quarenta dias foram um período de provação para uma
manifestação antecipada de Sua entrada na glória: - a manifestação, o
estabelecimento do fato e natureza da redenção para o homem, a qual Ele realizou
e reuniu na Sua própria Pessoa como representando o homem completamente
remido, espírito, alma e corpo. É por isso que Cristo gastou trinta anos, três anos e
meio, e quarenta dias aqui na terra.

Agora então, o que tem a ver com o Espírito Santo? Amado, por que o Espírito
Santo veio? Dissemos, para tomar o lugar de Cristo aqui. Em outras palavras, o
Espírito Santo está aqui para obrar interiormente nessa direção no crente: - como o
Espírito do Cristo glorificado, ocasionar o nascimento, por assim dizer, de Cristo no
interior. Aquele que completamente forma Cristo nesse crente, e conforma esse
crente à imagem de Cristo até que, à parte de Sua Deidade e Divindade, haja uma
manifestação de Cristo glorificado em cada crente na consumação da atividade
redentora de Deus. Esse é o propósito do Espírito Santo ao estar aqui. Tomar Cristo
na integralidade da Sua obra e Pessoa como Filho do Homem glorificado, e obrar
nessa direção em cada crente. Mas volte pelo terreno. O Espírito Santo está aqui
em relação aos trinta anos para trazer Cristo glorificado num vital relacionamento
conosco, um relacionamento vital; aí está a contrapartida espiritual dos trinta anos.
“Aquele que se une ao Senhor é um espírito” e o Espírito Santo está aqui para ligar
Cristo a nós e nós a Cristo, numa unidade e relacionamento vital, de maneira que é
“Cristo em nós” e “Cristo a nossa vida”. Você não pode ter nada mais total do que
isso. Cristo a nossa vida. Aí está o relacionamento. Não quer dizer que Ele perde
Sua pessoalidade ou Sua identidade individual, mas quer dizer que Ele liga a Si
mesmo a nós e nós a Ele mesmo no novo nascimento para que sejamos um, e
possamos dizer “Eu sou Dele e Ele é meu para sempre”, a unidade é absoluta.

A seguir, o Espírito Santo está aqui também em relação ao propósito dos três anos
e meio, a manifestação da mente de Deus no crente: - tomando do celestial, das
coisas Divinas, e as mostrando. Não há conhecimento de Deus em realidade, à
parte do Espírito Santo. Não há conhecimento da mente de Deus sem o Espírito
Santo. Mas Ele veio para que no nosso interior possa haver uma revelação da
mente do Pai em Jesus Cristo. Diz o apóstolo João, “A unção que Dele recebestes
permanece em vós, e não tendes necessidade de que alguém mais vos ensine
sobre isso. A unção vos ensina sobretudo o que precisais saber”. “O que é espiritual
pode discernir todas as coisas, e ele mesmo por ninguém é compreendido”. “Olho
algum jamais viu, ouvido algum nunca ouviu e mente nenhuma imaginou o que
Deus predispôs para aqueles que o amam. Deus todavia, o revelou a nós por
intermédio do Espírito”. A revelação interior da mente de Deus é a obra do Espírito
Santo, “O Espírito receberá do que é meu e vos anunciará”. “O Espírito não falará
por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos revelará tudo o que está por
vir”. “Tudo quanto o Pai tem, pertence a mim. Por isso é que eu disse que o Espírito
receberá do que é meu e o revelará a vós”. Observe que são as coisas do Pai
entregues a Cristo, tomadas pelo Espírito Santo e reveladas a nós: - a mente, o
amor. Oh, fiquemos aqui em coração, se não podemos em palavra, fique aqui em
coração, pois é aqui onde precisamos o Espírito Santo, se há um lugar onde
precisamos o Espírito Santo. Uma revelação do coração do Pai. O Espírito Santo
veio como o Espírito de Cristo glorificado, tome esse objetivo de Ele estar aqui, e
elabore esse objetivo agora, não como meramente um testemunho público
histórico, mas como uma realidade espiritual interna, “o amor de Deus derramado
nos nossos corações pelo Espírito Santo”. É a obra do Espírito Santo fazer isso, e
não há amor nenhum que é verdadeiramente o amor de Deus, e que resista a
prova e percorra todo o caminho que o amor de Deus percorre sem o Espírito
Santo, mas recebido o Espírito Santo o amor se torna quase, estava indo dizer –
omnipotente, recebido o Espírito Santo há pouco impossível na esfera do amor:
mas oh, conhecemos tão pouco disso. É por isso que estou falando acerca da
necessidade do Espírito Santo; mas se você e eu precisamos de uma coisa mais do
que qualquer outra, é mais desse amor de Deus derramado no coração, vertido no
coração pelo Espírito Santo. Acho que teremos de retornar a isso novamente antes
de terminarmos.

Depois, a terceira coisa concernindo os três anos e meio – o poder de Deus. Isto
novamente é algo a ser considerado por si mesmo, mas meramente o
mencionaremos nesta conexão. “É para vosso bem que Eu parta. Se Eu não for, o
Advogado não poderá vir para vós; mas se Eu for, Eu o enviarei”. “Mas se Eu for”.
O que está ligado para nós na vinda do Espírito? “Aquele que crê em Mim fará
também as obras que Eu faço e outras maiores fará, pois eu vou para meu Pai”.
Isto é, com efeito, por causa de que ao Eu ir, o Espírito Santo vem! “E obras
maiores fará”. Como? Por quê? Em tanto quanto o espiritual e eterno são maiores
do que o físico e o temporal, nesse grau maiores obras são forjadas por você no
poder do Espírito Santo. Eles não podiam apreciar isso naqueles dias. Seja que é
preciso de mais poder para dizer “Levanta-te, toma a tua maca e sai andando” ou
“estão perdoados de ti os pecados” - “Todavia, para que saibais que o Filho do
homem tem na terra autoridade para perdoar pecados” - um sinal dessa coisa
maior - “Dirigiu-se ao paralítico - Eu te ordeno: Levanta-te, toma tua maca e vai
para tua casa”. Era um sinal de maior poder na esfera espiritual. É uma coisa muito
maior levantar o espiritualmente morto do que o fisicamente morto; uma coisa
muito maior abrir olhos cegos espiritualmente do que os naturais. O fisicamente
ressuscitado dentre os mortos morrerá novamente, os que são cegos fisicamente
podem ter seus olhos abertos e receberem a vista, mas são somente por setenta
anos “ou a oitenta para os que têm mais saúde; entretanto, a maior parte dos anos
é de labuta e sofrimentos”. O abrir espiritualmente os ouvidos surdos é maior do
que abrir naturalmente os ouvidos surdos. “Obras maiores do que estas fará porque
eu Vou para o Pai”. 'O Espírito Santo está vindo para fazer na esfera espiritual o
que tenho estado fazendo em três anos e meio como somente um sinal”. Bem, eles
passaram dessa esfera para uma esfera em que tudo era celestial, tudo espiritual,
onde Deus não estava mais indo a fazer coisas para julgar e condenar duplamente
uma raça incrédula.

“Obras maiores... porque Eu vou para o Pai”. Veja que o poder de Deus é para ser
manifesto pelo Espírito Santo na esfera mais elevada da ressurreição espiritual,
iluminação, vivificação, e todas essas atividades de contrapartida do que Cristo fez
nos três anos e meio. O Espírito está aqui para assumir os três anos e meio, mas
Ele está também aqui para assumir os quarenta dias. Oh não, não para nos dar
corpos glorificados ou espiritualizados agora, mas, amado, se o Espírito Santo não
entrar e começar a nos fazer homens e mulheres espirituais, com uma mente
espiritual, e apreensão espiritual, e com sensibilidades espirituais, sentidos e
faculdades, e as desenvolver, você pode ter por garantido que você nunca terá um
corpo espiritual. É preciso de um homem interior espiritual para ter um homem
exterior espiritual. “A cada espécie de semente dá seu corpo apropriado”. A
semente do corpo da ressurreição é o Novo Homem, o Cristo no interior, e esse
homem está sendo formado agora. Como Paulo orou “Meus amados filhos,
novamente estou sofrendo como que com dores de parto por vossa causa, e isso
até que Cristo seja completamente formado em vós”. Essa formação de Cristo no
interior, e essa conformação à imagem de Cristo, é o movimento do Espírito para
revestir esse novo homem interior com o corpo celestial. “A cada espécie de
semente dá seu corpo apropriado”. E os quarenta dias representam esse modelo
completo, o modelo da humanidade glorificada de Deus para a qual a entrada e
atividade do Espírito Santo é direcionada a cada homem.

Ora, isso é tudo elementar e simples, pois disse que o reduziria a umas poucas
proposições concretas. Existem uns fatos primários básicos que devem ser
estabelecidos de uma vez por todas por nós, e ao mencionarmos eles,
possivelmente encerraremos.

Primeiramente, salvação do incio até o final, desde o primeiro exercício simples de


fé direto por todo seu curso e desenvolvimento até o último toque de uma
glorificação instantânea, a totalidade desde o principio até o fim é inseparável do
Senhor Jesus em Pessoa. Essa é uma declaração simples. Você não precisa usar
tantas palavras quantas eu usei, o coloque nas suas próprias palavras. Salvação do
inicio até o final é inseparável do Senhor Jesus em Pessoa. É a “salvação que está
em Cristo Jesus” e não existe outra fora. Essa é a primeira coisa que tem de ser
resolvida logo de uma vez. Você não pode chegar ao Senhor Jesus como você iria
para uma mercearia e obter salvação, e levá-la embora num pacote. Desculpe pela
maneira de colocar isso, mas algumas pessoas falam sobre a salvação como se
fosse alguma coisa que eles têm. Nós nunca obtemos salvação como algo, mas
como alguém. A totalidade da salvação em cada parte e fragmento está ligada a
Cristo em Pessoa, e você não pode separar a coisa Dele. É Cristo, e não salvação
como algo em si mesmo.

Em segundo lugar, Cristo é o representativo pessoal da nova criação de Deus, isto


é, em ressurreição. Veja Cristo em ressurreição e você verá o representativo
pessoal em plenitude da nova criação, o homem da nova criação de Deus.

Em terceiro lugar, o Espírito Santo é o representativo pessoal de Cristo. Eles são


um, Ele é o Espírito de Cristo. Como tal, Ele é o Espírito da nova criação.

Agora você junta essas três coisas antes de ir mais longe e você vê; a salvação em
sua inteireza é inseparável de Cristo em Pessoa. Cristo é o representativo da nova
criação de Deus: você tem Cristo, você tem a nova criação de Deus, você tem tudo
o que está incluído na nova criação. O Espírito Santo é o representativo pessoal de
Cristo; eles são um, e Ele é o Espírito da nova criação; portanto, quando somos
salvos, é que o Espírito Santo trouce Cristo como a nova criação aos nossos
corações, o representativo da nova criação de Deus entrou, e a partir desse
momento tudo é relacionado a Cristo no nosso interior, o Espírito Santo
trabalhando em relação a Cristo em nós. E depois finalmente, a nova criação é
portanto, toda de Deus. Se Cristo é tudo de Deus, e a nova criação é Cristo
habitando no interior do espírito renovado, então a nova criação tem uma nova
natureza. Essa não está em nosso eu, isso é Cristo, e é Cristo em nosso espírito
renovado. Seja que vivamos na nova ou na velha, depende de se estamos vivendo
no Espírito ou na carne; isso abre toda essa esfera da carne e espírito. Se andamos
no Espírito não satisfaremos as vontades da carne, mas há essa habitação
Representativa da nova criação de Deus, a qual é completa e totalmente de Deus
em sua natureza. Sim, em mente, a mente de Cristo; o coração, sim, o coração de
Cristo; a vontade, sim, a vontade de Cristo, como a mente, coração e vontade de
Deus estavam Nele, agora estão em nós pelo Espírito Santo. Disposição Divina esta
lá pelo Espírito Santo como Representativo Pessoal de Cristo, está aqui, uma
disposição divina.
Agora, como acabamos de dizer, tudo para nós a partir dessa hora depende de se
vamos ser totalmente, absolutamente rendidos e governados pelo Espírito Santo, o
Espírito de Cristo, e deixar Ele trabalhar tanto em nós e nós cooperarmos tanto com
Ele em Sua operação em nós que a mente que é a mente do Senhor, o coração que
é o coração do Senhor, a vontade que é a vontade do Senhor, a disposição que é a
disposição do Senhor, cresce, transcendendo todo o tempo a velha mente, coração,
vontade, disposição, e Cristo sendo assim completamente formado em nós. Isso é
nova criação em Cristo Jesus.

Minha ênfase no momento é sobre isto, que a nova criação é toda de Deus, e na
medida em que, amado, não formos tudo de Deus em mente, coração, vontade,
disposição, ou em qualquer outra maneira, nesse grau teremos carecido da plena
obra do Espírito Santo. Ora, isso não é dito para condenar ou julgar, pois quem
nesta terra pode jamais alegar ter alcançado a plenitude da obra do Espírito Santo
neles? Nenhum de nós aqui faria tal alegação, mas alguém o diz a fim de destacar
que quando fica em evidência, com nossa mente, vontade, disposição, quando
começamos a permitir isso se fazer valer, se mostrar, se intrometer, quando
permitimos isso de qualquer modo, e não nos voltamos contra isso imediatamente
no poder da morte de Cristo e o repudiar, nessa medida não estaremos andando
após o Espírito, nessa medida estaremos falhando em reconhecer esta grande
coisa, que a nova criação é toda de Deus. Oh, que imediatamente nos voltemos
contra qualquer tipo de exibição de nós mesmos e dizer “isso não é de Deus”, não o
dispensar, não o encobrir, não dizendo que isso é minha fraqueza, enfermidade,
meu temperamento; não, isso não é de Deus, isso não é a nova criação, isso não é
o Espírito Santo! É dessa maneira que devemos lidar com as coisas. Você e eu
devemos aprender a lidar com as coisas assim e isso é andar após o espírito. Você
percebe que o Espírito Santo coopera com isso, pois Ele veio como o Espírito do
Cristo glorificado. E o que é isso? Tudo o que não pode ser glorificado tem que ser
posto de lado por essa cruz, pois Deus tem glorificado o velho homem ainda, e o
Espírito não tem entrado para glorificar ou dispensar nosso velho homem, Ele
entrou para fazer com ele o que Cristo fez com ele na cruz, eliminá-lo.

Temos muito trabalho a fazer, não temos? Mas lembre, este é o caminho do
Espírito e enquanto isso possa parecer uma proposição apavorante do lado positivo,
amado, “Aquele que está em você é maior do que aquele que está no mundo”. O
Espírito Santo é mais poderoso do que nossa carne. O Espírito Santo é mais
poderoso do que o velho homem. Cristo, pelo Espírito Eterno reuniu todo o velho
homem de milhares de gerações e provou ser mais que o suficiente, triunfante
sobre todo o poder da humanidade caída; e o poder do Espírito, esse Espírito dO
glorificado é por nós. Para mim é tremendo que Deus tenha glorificado o homem,
uma coisa que Ele não poderia fazer com um homem de todos os milhões prolíficos
desde Adão até Cristo; Ele nunca poderia glorificar o homem até que Cristo viesse e
pusesse esse homem de lado para sempre, e todo o pecado associado com ele, e
Ele é o tipo e representativo da humanidade que Deus terá quando a redenção
tenha executado seu curso. Essa é nossa esperança, e Aquele está em nós pelo
Espírito Santo. Qual esperança? - “Cristo em vós a esperança da glória”.

Primeiramente publicado na revista "Uma Testemunha e Um Testemunho" 1932,


Volume 10-4.

Origem: "The Holy Spirit in Relation to The Glorified Christ and The Believer"

Um Homem no Céu e Cristo em Você


por T. Austin-Sparks
"E, ouvindo eles isto, enfureciam-se em seus corações, e rangiam os dentes contra
ele. Mas ele, estando cheio do Espírito Santo, fixando os olhos no céu, viu a glória
de Deus, e Jesus, que estava à direita de Deus; E disse: Eis que vejo os céus
abertos, e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus. Mas eles
gritaram com grande voz, taparam os seus ouvidos, e arremeteram unânimes
contra ele. E, expulsando-o da cidade, o apedrejavam. E as testemunhas
depuseram as suas capas aos pés de um jovem chamado Saulo. E apedrejaram a
Estêvão que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito. E, pondo-se
de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E,
tendo dito isto, adormeceu". Atos 7:54-60

É maravilhoso que o primeiro homem a ser testemunha até a morte na era cristã
fosse a personificação de todas as grandes verdades espirituais do Cristianismo. É
como se o Senhor colocasse diretamente no inicio da dispensação uma
representação nesta terra dessas grandes realidades espirituais.

As duas grandes características do Cristianismo vivo estão aqui definidamente


estabelecidas. Essas duas coisas são (1) Um Homem no céu, e (2) Cristo em você.
Estevão viu Jesus em pé à destra de Deus. Ele disse: "Vejo os céus abertos, e o
Filho do homem em pé à destra de Deus". Esse é o Homem no céu! Depois quanto
a Cristo em você, a Palavra diz: "Ele, estando cheio do Espírito Santo..." Isto é um
cumprimento das palavras do Senhor Jesus no Evangelho de João: "Se eu não for,
o Consolador não virá a vós; mas quando eu for, vo-lo enviarei" (João 16:7). É pelo
Espírito Santo que o Senhor Jesus está em nós.

Essas são as duas características principais do Cristianismo: Cristo glorificado,


Cristo na presença de Deus, o Homem no Trono e tudo que isso incorpora e
representa; e, por outro lado, a habitação interna de Cristo pelo Espírito Santo.
Tudo no Cristianismo vivo é reunido nessas duas coisas; você não pode sair delas.
É maravilhoso que a palavra é usada: "ele... viu... Jesus" (v.55). Este homem cujo
nome é mencionado pela primeira vez no final deste capítulo, Saulo, não muito
tempo depois teve uma visão similar. "Sou Jesus", disse o Senhor glorificado a ele
na estrada de Damasco.

Satanás pensava que ele tinha triunfado absolutamente quando ele conseguiu
afastar o primeiro Adão do propósito de Deus, um Homem na glória, mas este fala
do absoluto triunfo do Senhor sobre o que Satanás pensava ser seu triunfo. Esta é
a resposta de Deus: Jesus como o Homem na glória!

Então, como Ele vai trazer muitos filhos à gloria? "Cristo em você, a esperança da
glória". De modo que ser cheio do Espírito se torna necessário para o próprio
propósito de Deus. Note o efeito neste exemplar! Um Homem na glória, o Espírito
enchendo, um instrumento espelhando esse Homem na glória. Eles olharam na sua
face, e era como a face de um anjo. Então: "Senhor, não lhes imputes este
pecado". Acaso não é o caráter do Homem na glória reproduzido? Acaso não é essa
a conformidade à imagem do Filho de Deus?

Foi no tempo de sofrimento, dor, oposição, antagonismo, ódio, malicia, amargura.


Que diferença há nessas duas imagens! Por um lado: "rangiam os dentes contra
ele". Essa é uma imagem dos dentes de uma besta escancarada. Por outro lado: "A
sua face... a face de um anjo" (Atos 6:15). Que contraste! O que a religião pode
fazer, e o que o Cristianismo pode fazer! O que a tradição pode fazer, e o que a
revelação pode fazer! Isto verdadeiramente é o que Paulo quis dizer quando ele
disse, depois disto: "Nós...contemplando como num espelho a glória do Senhor,
somos transformados de glória em glória na mesma imagem" Essa palavra
"contemplando" no grego é muito mais rica do que a nossa palavra inglesa; é uma
combinação de duas ideias. É contemplando e refletindo, e há só uma palavra no
inglês que chega perto dela, e é "espelhando". Esse era Estevão. Ele contemplava,
ele refletia, porque ele estava cheio com o Espírito.

O curso espiritual da era é reunido nesta primeira testemunha. Ele viu o Homem na
glória; ele foi cheio com esse Homem na glória; ele era como esse Homem na
glória. E foi tudo produzido através do sofrimento, esvaziamento.

Primeiramente publicado na revista "Candelabro de ouro" Vol 132, de manuscritos


previamente não publicados datado de 1932.

Origem: "A Man in Heaven and Christ in You"

Maturidade - o Desejo do Senhor para o Seu Povo


por T. Austin-Sparks

Mensagem em forma falada

Leitura: Hebreus 5:14-6:1,2; 12:11,12; 2:10; 3:8.

É algo quase comum para nós saber que a grande característica da dispensação na
qual vivemos é o recolher das nações os membros do Corpo de Cristo, e daí levar
eles para uma medida de maturidade tão completa quanto possível. Não é apenas a
salvação de almas, e não é apenas a coleta de crentes para um Corpo espiritual. É
posteriormente, eles chegando ao pleno crescimento, o qual representa o supremo
interesse e conta do Senhor nesta dispensação. Acho que fica perfeitamente claro,
sendo uma grande característica deste tempo; que a maturidade é o desejo do
Senhor para o Seu povo; pleno crescimento, plenitude. Certamente isto é
inequívoco quando você lê a Palavra do Senhor ao longo dessa linha. Que a
imaturidade está estendida é também, penso, inequívoco. Que o Senhor está
movendo-se no meio do Seu próprio povo para trazer a todos quantos vão
continuar com Ele para a plenitude, nessa plenitude, é também algo que penso é
patente. Muitas perguntas surgirão, mas pelo momento, devemos deixar elas de
lado.

Sabemos da estendida imaturidade, sabemos que existem multidões dos salvos,


que são do povo do Senhor, vivendo nas sombras da imaturidade, que não pagarão
o preço e continuarão com o Senhor, e poderíamos ser tentados a dizer como
alguém do passado, “e deste que será?” e o Senhor diria, “que tens tu com isso?”
Em outras palavras, “não é para você fazer da imaturidade de outras pessoas o
modelo seu, mas o que Eu desejo é ser a coisa que governa o seu próprio
pensamento e ocupa você inteiramente”.

Então, sendo este o propósito e vontade de Deus, integralidade e plenitude,


reconhecemos o significado de tudo o que o Senhor está fazendo. Mas antes de
tocar nisso mais plenamente permita-me voltar para uma ou duas simples
realidades básicas, para lembrar você destas coisas. Que o filho de Deus, o crente,
é uma nova criação. Que o homem por natureza, em seu melhor estado natural,
não tem legitimidade alguma na esfera das coisas de Deus. Que o crente não é
alguém que tem chegado a mudar uma atitude e tornado-se cheio de interesses
cristãos dos quais ele ou ela era desprovido anteriormente, e agora todos os outros
interesses, ao invés de serem pessoais ou mundanos são interesses e atividades
cristãs. Isso não é o crente. O crente é alguém que tem se tornado possuído de
uma inteira nova série de faculdades espirituais e é uma nova entidade espiritual;
um ser de uma espécie diferente, uma criatura inteiramente diferente, e que estas
faculdades espirituais pelas que unicamente as coisas de Deus podem ser
conhecidas e participadas, têm que ser desenvolvidas, têm que crescer, têm que
chegar a um lugar de eficácia espiritual, exatamente como na criança natural que
tem suas faculdades no nascimento e tem de haver continuamente um
desenvolvimento dessas faculdades naturais.

As faculdades da vista, audição, tem de vir sob controle, e cada sentido da criança
tem de ser desenvolvido e trazido para um estado de perfeição tão alto quanto
possível. Seu entendimento, observação, e assim por diante. Portanto, o crente,
sendo nascido de cima, uma nova criação, é nascido com uma inteira série nova e
diferente de faculdades daquelas com as que viemos a este mundo por natureza, e
são essas faculdades espirituais e sentidos que têm de ser desenvolvidos para
deixar-nos amadurecidos, espiritualmente eficazes no Senhor.

Isso é muito simples e elementar, e no entanto é discriminante numa forma em


que muitos precisam ter uma discriminação feita, e é para estes santos que o
Apóstolo Paulo escreve quando disse “os quais têm as faculdades exercitadas”, e
ele diz que para estes, alimento sólido é o tipo certo de provisão. Ele está
lamentando que depois de anos eles ainda são incapazes de ter alimento sólido
porque seus sentidos e faculdades não têm sido desenvolvidas. Se o Senhor está
realmente inclinado a – como um dos Seus objetivos supremos neste século – levar
os crentes, os santos, ao pleno crescimento, à maturidade espiritual, então Ele não
considerará nada um preço alto demais para alcançar Seu fim, e isso explicará todo
o mistério dos Seus tratos com Seus filhos, e todas as coisas estranhas que
acontecem e que às vezes parece estar Deus trabalhando contra os Seus próprios
interesses, e para nós muitas vezes parece como se o Senhor estivesse trabalhando
contra nossos interesses e fazendo tudo totalmente errado. Mas o Senhor está
preparado para tomar riscos. Estou apenas colocando-o dessa forma – riscos,
mesmo com Ele na mente de gente pobre finita cujos entendimentos são tão
limitados, e envolve Ele mesmo numa boa dose de mal-entendido, se apenas assim
Ele pudesse alcançar o Seu fim.

Ele habita na eternidade, não no tempo. Ele pode permitir-se ignorar o mal-
entendido de pobres pessoas sabendo que Ele tem o fim em vista, e a eternidade
diante Dele, e que vale a pena usar um breve momento do tempo, mesmo se nesse
momento Ele fosse completamente mal-entendido, contanto que Ele alcance um fim
que é eterno e justifica Ele ao máximo. Que foi o que o Senhor disse ao Seu povo
dos tempos antigos uma e outra vez sob as mãos dos seus inimigos e Seus
inimigos? Àqueles contra quem Ele se levantou, contra quem Ele tomava uma
atitude que estava além da reconciliação; contudo Ele entregava o Seu povo nas
mãos deles, e por anos o Seu povo ficava sob a tirania dos próprios inimigos
jurados de Deus.
Olhando a isso de um ponto de vista você diria que isto é uma contradição, e
certamente estes inimigos do Senhor e todos os outros que odiavam o Senhor
olhando diriam, “você vê, o Senhor não podia fazer o que Ele queria com eles por
isso Ele lavou as Suas mãos para com eles – o Senhor foi incapaz de obter o Seu
próprio povo e portanto Ele abandonou eles”. Isso é o que Moisés trouce ao Senhor
numa ocasião. Ele, o Senhor, tomou esse risco. Ele deixou os pagãos rirem e
zombarem, e olharem e escarnecer Dele e dizer que Ele resultou ser um fracasso,
indigno de confiança, enquanto Ele deixava o Seu povo permanecer nas mãos dos
inimigos repetidamente. Jerusalém pisoteada e todos que passavam dizendo, este é
o resultado da confiança deles em Jeová. O Senhor repreendido pelo que Ele fez, e
contudo Ele considerou que valia a pena que tudo isso assim fosse a fim de obter
os Seus fins.
Os caminhos do Senhor são inescrutáveis e eles nunca devem ser julgados segundo
nossos padrões humanos; e o Senhor permite catástrofes para ultrapassar, mas
com um fim em vista, algo que quando venha, justificará Ele até o máximo, e você
verá que o que pensávamos era a fraqueza de Deus, provou ser a Sua força; o
colapso provou ser a Sua supremacia; a loucura de Deus provou ser a Sua
sabedoria, assim Ele será justificado no fim. Portanto, nesta questão do
crescimento pelo exercício você tem todo o principio envolvido. Este exercício não é
auto-análise introspectivo. Algumas pessoas pensam que quando eles voltam seus
olhos para dentro e ficam auto-conscientes, auto-analíticos, e estudam os seus
interiores muitíssimo, circulando em torno das suas almas, fazendo perguntas
sobre eles mesmos – isso é o exercício. Isso não é o exercício espiritual. Isso é o
que dizemos ser – é tudo auto-consciência, e toda auto-consciência leva à paralisia,
escravidão, debilidade e derrota.

Se você olhar para a palavra onde o exercício é referido, você achará que este
exercício é aquele que vem a nós em experiências que Deus produz. “Meu filho, não
desprezes a disciplina do Senhor, nenhuma correção pelo momento parece ser de
gozo, porém de tristeza, não obstante, depois produz um fruto pacífico de justiça
aos que têm sido exercitados por ela”. Pelo quê? Pela correção que Deus adota com
eles. Deus lida com você como com filhos se você sofrer correção. Como filhos Ele
leva você à maturidade. A maneira em que o Senhor trata com você; esse é o
exercício.

O Senhor pode tirar você de atividades e confinar para inatividade, e passar por um
tempo terrível e dizer que o Senhor abandonou você, tudo deu errado. Que é isso
realmente? Ora, são dores crescentes! Acaso não têm provado serem dores
crescentes? No final das contas não estava tudo errado, estava tudo bem. Você
veio a conhecer o Senhor quando antes a sua vida inteira estava ocupada com
coisas. Você foi confinado e você veio a conhecer o Senhor interiormente, e você
pode agora enfrentar a situação externa. Ele tem sido mal-entendido, porém Ele
estava agindo para a sua eficiência, exercitando-nos para a eficiência. Estas dores
crescentes são terríveis. Você não pode ajudar ninguém que está sofrendo de dores
crescentes, e você deve ficar de fora e ver eles passando por isso.

Assim, por numerosas e várias direções este crescimento acontece pelo exercício
doloroso produzido pela maneira em que o Senhor está lidando com você. Correção
(chastening)– uma pobre palavra inglesa. É educação de criança ou disciplina.
Tome a palavra disciplina; alguém que entra em associação com outro a fim de
aprender, e os discípulos foram escolhidos para que eles estivessem com Ele a fim
de aprender. Isso é disciplina, aprendizagem. Nós aprendemos por sofrimentos.
Mesmo o Senhor Jesus foi “amadurecido” neste sentido, completo, por sofrimentos.
Nós tomamos o mesmo caminho para o pleno crescimento. É educação de crianças,
disciplina, aprendendo pela experiência. Isso é correção. Fazendo-nos de crianças
para filhos, de infantes para homens amadurecidos. Sinto que queremos ter mais fé
nos tratos de Deus para conosco ao longo desta linha. É doloroso, às vezes
angústia. O que está fazendo o Senhor? Por que há tão pouco espaço entre uma
coisa e a outra? Parece que o Senhor está pressionando para nos levar rapidamente
ao pleno crescimento, para nos levar à posição onde aprendemos alguma coisa.

A atitude correta a tomar com respeito a cada prova que o Senhor permite vir
sobre nós, cada coisa fresca e difícil, é – o que é que o Senhor tem em vista para
nós atingir por esta experiência? Não é para nos destruir, mas para nos edificar.
Não para nos tirar, mas para nos aumentar. Não para nos restringir, mas para nos
ampliar. Lá no lugar profundo existe um tesouro do Senhor a ser descoberto.
Alguns de nós pode dizer “sim, nós descobrimos que é assim”. Temos entrado em
lugares profundos, achado plenitude lá e chegado a conhecer o Senhor. Consegue
ver a coisa que está em vista nesta passagem sobre exercício? “Discernir”; é
inteligencia espiritual que o Senhor tem em vista. Existe uma história espiritual
acontecendo para alguns que é a contrapartida disso, ilustrado nos dias do Senhor
na Sua carne. Os discípulos com o Senhor como o Cabeça deles são reunidos numa
pequena companhia para Ele mesmo. Em comunhão para aprender. Depois Ele lhes
deu, conferiu-lhes autoridade oficial, jurisdição, para sair e exercitar a Sua chefia
na criação. Para cumprir o Seu governo; para administrar o Seu governo no
mundo. Aí você tem, em resumo, o inteiro significado desta dispensação. A única
coisa real era que o Senhor era Cabeça, mas quanto a eles, tudo era meramente
oficial, não espiritual. Eles quebraram nesse ponto, mas parece que o Senhor
estabeleceu uma ilustração do que era para vir espiritualmente mais tarde – a
Igreja que é o Seu Corpo – e um treinamento espiritual pela disciplina, correção,
para conhecer Ele a fim de que por essa maturidade e inteligencia espiritual Ele
formasse para Si mesmo um instrumento administrativo pelo qual Ele governará o
universo nos séculos vindouros.

E amado, o crente não é uma maquina que vai ser apoderado pelo Senhor e
fabricado para fazer coisas. Pessoas parecem pensar que é o auge da humildade
dizer que você é uma peça no sistema. O que isso faz? Uma peça vai quando todos
os demais vão, e tem que fazer o que o resto faz. Você não é uma peça no sistema.
Somos indivíduos escolhidos para nos fazer individualmente o centro da Sua própria
inteligência espiritual, conhecer Ele por nós mesmos; não separados um do outro,
mas significa que conhecemos o Senhor, e se nós todos somos governados pelo
mesmo Espírito não trabalharemos em desacordo, trabalharemos juntos com uma
mente se o único Espírito é triunfante em todos nós. Mas Ele quer que os Seus
filhos sejam individualmente o centro do Seu próprio conhecimento espiritual,
inteligência espiritual, e então conduzir-nos juntamente no único Espírito, operando
a única obra, pensando a única coisa, Ele obterá para Si mesmo um instrumento
para governar as nações nos séculos vindouros: um instrumento inteligente que
tem chegado a conhecer o coração do Senhor pela experiência.

Primeiramente publica na revista "Uma Testemunho e Um Testemunho" Mar-Abr


1933, Vol. 11-2

Origem: "Maturity - The Lord's Desire for His People"

A Questão do Alimento (1933)


por T. Austin-Sparks

Leitura: João 4:31-34; 6:1-14, 60-71.

Todas estas três porções das Escrituras têm a ver com a questão alimentar. A
questão alimentar está muito em vista nessas porções da Palavra do Senhor, e
sinto que o Senhor tem algo a dizer sobre o alimento espiritual neste momento.

O Desejo do Senhor é a Plenitude

Podemos chegar a algumas deduções simples e conclusões a partir desta parte do


capítulo 6, como o fato claro de que o Senhor Jesus tem o desejo em seu coração
que todos os que vêm a Ele devam ser plenamente satisfeitos; Ele se moveu com
compaixão. É uma questão do coração do Senhor Jesus que todos os que vêm a Ele
devam estar plenamente satisfeitos, que sejam preenchidos por completo. Nossa
tradução muitas vezes coloca a palavra ao contrário, "cumprida" [fulfilled – em
inglês], mas é a mesma coisa, repleta [filled full – em inglês]. Quando você para e
pensa sobre isso, este é um pensamento Divino expresso em todo o conjunto das
Escrituras. Deus deseja que plenitude seja uma marca da vida relacionada com Ele,
e a intenção principal de Deus é que toda a Sua plenitude seja derramada no vaso
da Igreja, o Corpo de Cristo: repleta nEle. Essa é uma simples dedução a ser feita a
partir desta porção das Escrituras, e devemos ter diante de nós tanto este fato
declarado como um teste para a nossa relação com o Senhor. Ele imediatamente
nos interroga, encontramos no Senhor Jesus plenitude absoluta, a satisfação
completa, ou ainda estamos sem essa finalidade, que está nEle? Estamos
desfrutando e nos alegrando em plenitude em Cristo? Com esse testemunho de Seu
desejo, esse teste diante de nós, somos levados através destas passagens para ver
o caminho da plenitude, e então o objeto da plenitude, de modo que estas três
coisas, muito simples, estão aqui.

Em primeiro lugar, o desejo do Senhor é que estes relacionados a Ele sejam


preenchidos por completo e tenham algo de sobra, então temos o caminho da
plenitude, e depois o objeto da plenitude.

Acho que poderemos descartar o número um de uma vez. Eu espero que


possamos. Nossos corações não respondem a isso. Muitos de nós estão
imediatamente prontos para dizer que sabemos que o desejo do Senhor é a nossa
plenitude porque Ele se tornou o nosso tudo em todos. Isso não significa que não
temos mais desejos e anseios, mas isso significa que nós encontramos o reino em
que toda a nossa satisfação é reunida, e esse reino é o próprio Senhor Jesus, e não
temos desejo nem inclinação de sair Dele por nada, Ele é tudo. Estamos
diariamente descobrindo quão pleno Ele é. Cada vez mais estamos descobrindo que
"Nele habita toda a plenitude", e que é muito mais do que já experimentei, ou
espero experimentar nesta terra, mas estamos completamente inutilizados para
qualquer outra esfera ou fonte de vida. Alguns de nós podem dizer isto
verdadeiramente. Espero que você possa dizer isto, mas se há alguém que não é
capaz de dizer isto, deixe-me declara-lo novamente como uma afirmação forte,
como para a vontade revelada de Deus; Ele deseja que todos aqueles que estão
relacionados a Ele sejam plenamente satisfeitos.

O Caminho da Plenitude

Então podemos continuar com o caminho da plenitude. O caminho da plenitude do


Senhor, amados, - e isso pode soar para você como quase ridículo - é a
alimentação, mas eu me refiro desta forma porque algumas pessoas parecem
pensar que é uma espécie de efervescência, que está se tornando
maravilhosamente, misteriosamente consciente de um borbulhar e transbordar por
nenhuma razão, e eles estão tentando obter plenitude dessa forma e querem ter
uma maravilhosa série ou continuidade de sensações de plenitude e satisfação, e
assim por diante. Esse não é o caminho do Senhor. A plenitude do Senhor não é o
ar, não é efervescência, é a alimentação. O Senhor não faz isso de uma maneira
milagrosa que suspende todo exercício espiritual e atividade de nossa parte. O
Senhor faz provisão e nos chama a apropriação e ela é de um caráter muito prático.
Você nunca vai estar cheio da plenitude do Senhor se você não colocar em prática o
alimentar do Senhor, se alimentando e assimilando a provisão do Senhor.

Não pode haver uma declaração mais fundamental do que esta, no entanto, tem
que ser feita para que não estejamos vivendo em um falso reino. Então temos o
milagre dos pães e dos peixes, a provisão feita para evidenciar o objetivo do
Senhor da plenitude, e a Palavra afirmou que eles foram levados a comer "e eles
comeram”. Agora, voltando para João 4 você tem a própria explicação do Senhor
do que significa comer para Ele. Quando os discípulos vieram com o pão que eles
tinham ido à cidade para comprar, porque eles estavam com fome, e suplicaram-
lhe, dizendo: "Mestre, come", ele renunciou o seu pão de lado e disse: "Uma
comida tenho para comer que vós não conheceis". Eles disseram: "Acaso alguém
deu-lhe de comer?" e, em seguida, explicou: "A minha comida e minha bebida é
fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra”.

Assim, alimentar-se até a plenitude e satisfação, de acordo com a própria definição


e explicação do Senhor, é a obediência à vontade de Deus. Você quer crescer e
florescer e ser satisfeito, e feliz porque está satisfeito? A maneira, amados, é a
obediência instantânea e rápida para cada intimação da vontade Divina. Você quer
ser magro e quase morto de fome e miserável, e balbuciante, e nunca contente
espiritualmente? Apenas suspenda a sua obediência por um pouco à vontade
conhecida Dele e isso vai produzir rapidamente esse resultado. "A minha comida é
fazer a vontade daquele que me enviou". O Senhor Jesus encontrou maravilhosa
satisfação ao longo dessa linha e maravilhosa paz, maravilhosa alegria, e você sabe
amado, não há nada tão estimulante e fortalecedor do que saber que você está na
vontade de Deus. Você pergunta a qualquer um que sabe alguma coisa sobre isso,
e se você sabe que está na vontade de Deus e que está com o Senhor, e que está
para o Senhor segundo a Sua vontade, você está maravilhosamente forte,
saudável, descansado, vitorioso, um homem ou uma mulher elevados. Não importa
qual possa ser o custo, existe uma força maravilhosa em estar nesta posição.

Pergunte a Davi sobre isso. Este jovem, este rapaz, foi enviado por seu pai do
campo ou aprisco com pão para os seus irmãos no exército, e para inquirir sobre o
seu bem-estar. Assim que ele chega ao exército aparece aquele monstro dos
exércitos dos filisteus, que dia após dia vinha desafiando as hostes de Israel
"Encontre-me um homem para vir e lutar comigo", e Israel não poderia encontrar
nenhum, eles não conseguiam encontrar um homem! As coisas estavam em um
mau caminho, um caminho muito ruim. Davi ouve o desafio, um jovem, um
adolescente, seus irmãos não compreenderam seus motivos, ninguém lhe dando
muito apoio, reconhecimento ou dando-lhe muito crédito: desprezado, mas
conhecendo o Senhor.

Quando ele é levado ao Rei Saul e se oferece para ir ao encontro daquele filisteu,
Saul olha para ele e diz: "quem és filho?" "De onde é que você veio?" Davi dá seu
testemunho. Um dia, enquanto ele estava cuidando daquelas poucas ovelhas, um
leão atacou e ele tomou o leão e o dilacerou como ele teria dilacerado uma criança.
Outro dia um urso atacou seu rebanho e ele tomou o urso e rasgou-o em pedaços.
Ouça: "O Senhor, que me livrou da boca do leão e das garras do urso me livrará
das mãos deste filisteu, este incircunciso filisteu”. Seu testemunho do seu
conhecimento do Senhor. E que posição de ascendência a comunhão secreta com
Deus o colocou, ascendência moral em um dia em que tudo o que representava
Deus estava em uma condição tão pobre ... não podiam encontrar um homem. Mas
Deus tinha um segredo em um homem desprezado entre os outros, que o conheceu
na experiência, aquele que provou Deus.

Davi é uma expressão maravilhosa, a representação de uma pessoa que conhece o


Senhor e confia Nele, e em nada mais. O que gosto em Davi é que ele refere tudo
ao Senhor. Quando Saul, com seus piedosos chavões religiosos disse a Davi: "Vai, e
o Senhor seja contigo", ele também disse: "Agora pegue esta armadura". Piamente
ele desejou o bem quando disse: "O Senhor seja contigo" - mas isto não é
suficiente - "você deve ter uma armadura também!" Confie no Senhor - mas! Davi
vestiu a armadura, mas era desconfortável. "Eu não posso ir com isso, eu não
provei isso, eu provei o Senhor, eu conheço o Senhor, e você pode ter sua
armadura, estou preparado para confiar Nele". Agora, para o gigante, "Eu vim com
uma funda e cinco pedras" - não, eu não, "eu venho a ti em nome do Senhor dos
exércitos, cujos exércitos você desafiou". Quem é o gigante neste campo? Davi é o
gigante, e naquele dia algo entrou na cabeça de Golias, que nunca tinha estado lá
antes. O ponto é este, amados, que a força, robustez, plenitude, confiança,
segurança, tudo decorre de estarmos em total unidade com Deus, com base em
toda a Sua vontade. Você será repreendido, porque como Davi, em um dia em que
as coisas estão religiosamente em um estado de decadência, o homem de fé que se
atreve a sair e confiar em Deus é sempre deturpado, caluniado, e seus motivos são
sempre torcidos. "Bem conheço", disse o irmão mais velho de Davi, "a maldade do
teu coração, você veio para ver a peleja". Sim, o homem que confia no Senhor em
um dia em que as coisas estão em uma condição de pobreza espiritual terá seus
motivos torcidos, distorcidos, deturpados, mas se ele está com Deus, tem certeza e
confiança, e está em ascendência, ainda que possa ser mal interpretado, aviltado e
desvalorizado, ele está em pé diante de Deus, pela vontade de Deus, e esse é o
segredo da satisfação, força, plenitude, robustez. O Senhor Jesus estava sempre
em ascendência espiritual e moral naquele dia de declínio espiritual.

Bem, o segredo era que Ele estava com Deus e Deus estava com Ele, eles estavam
juntos, e nunca houve um momento de hesitação em sua vida no que diz respeito a
fazer a vontade de Deus. Então a vontade de Deus cobriria todas as etapas, cada
passo da Sua vida. Tudo começa no primeiro ponto onde tomamos o nosso lugar
como pecadores diante de Deus, reconhecendo que somos impotentes na questão
da nossa salvação, e desesperadamente necessitados de salvação e de um
Salvador, e pela fé, tomamos o Senhor Jesus como este Salvador para nossa
salvação. Esta é a primeira coisa na vontade de Deus, e é o primeiro passo para a
satisfação e plenitude, e quando você tomá-lo - todo mundo que tomou esse
caminho pode testemunhar o fato - há um maravilhoso senso de satisfação,
plenitude, após esse passo, a alegria começa.

Desse ponto em diante, portanto, todo o curso de nossa vida e experiência, o nosso
crescimento, aumento, plenitude, está ligado a passos de obediência à vontade de
Deus. Nós conhecemos muitos que naufragaram na fé, para destruir a sua própria
vida espiritual, vindo a parar em algum ponto da vontade conhecida de Deus, algo
que o Senhor lhes disse para fazer, algo sobre o qual o Senhor colocou o dedo
como fora de Sua vontade, algo que o Senhor lhes mostrou estar a parte de "toda a
justiça" a ser cumprida: alguns passos de obediência, de alguma forma, em algum
sentido, e eles pararam. Talvez eles tenham discutido o assunto com os outros,
talvez eles tenham acatado um conselho, e conselho dos homens, talvez eles
tenham tentado encontrar uma porta dos fundos para sair da situação. Mas não,
Deus não se move, e colocando reservas na obediência, a sua vida espiritual foi
presa naquele momento, eles começaram um curso de declínio, e temos visto
muitos ficarem espiritualmente aos pedaços apenas por alguma questão de
obediência absoluta à vontade conhecida de Deus. O Senhor Jesus disse: "A minha
comida (aquela pelo qual eu vivo, sobre a qual eu sou mantido e sustentado, que é
o segredo da minha força) não é o pão que perece, mas o fazer a vontade de meu
Pai, daquele que me enviou e terminar a Sua obra."

No entanto eu não sei por que sou levado a falar assim. Nós raramente sabemos
por que somos levados a falar como falamos, mas isso tem uma ênfase forte no
meu coração, dizer isso, e o Senhor pode estar tocando uma vida que conhece a
Sua vontade em um determinado assunto, e em conhece-la não houve a
consequente obediência, daí em diante, tudo foi suspenso, desculpas foram dadas.
Você sabe, eu não, e o Senhor sabe exatamente o significado dessas palavras
agora. A maneira de ir em frente em plenitude, crescendo Nele em todas as coisas,
a forma de um testemunho de satisfação absoluta em Cristo, o caminho para uma
posição forte em Deus, a maneira de ser útil ao Senhor, é apenas através da
obediência pronta e irrestrita a tudo o que tem sido conhecido como a Sua vontade.
As pessoas de espírito aberto e coração honesto, que estão prontos e que, sem
qualquer hesitação, reconhecem a vontade de Deus, a colocam em prática, são as
pessoas que vão em frente espiritualmente a largas passadas. Esta não é uma
questão de anos ou de tempo. O crescimento espiritual nunca foi uma questão de
tempo. Um jovem pode estar léguas à frente de um velho espiritual, sobre esta
base simples de fazer a vontade de Deus. Samuel estava muito à frente de Eli
espiritualmente, simplesmente porque seu coração estava aberto para o Senhor e
era obediente, enquanto Eli não era. Em suma, este é o caminho da plenitude, o
caminho da satisfação.

O Objeto da Plenitude

Agora o objeto da plenitude. Claro, o objeto é claramente o de tornar os outros


também cheios: até ao ministério. Você pode tomar algumas das características, se
quiser, um pequeno estudo bíblico por um minuto ou dois. Você tem que começar
com cinco mil. Milhares, na Bíblia sempre representam figuradamente multidões.
Suponho que isso seja a primeira percepção - multidões, um grande grupo de
pessoas. Aqui você tem cinco mil - e cinco na Bíblia é o número da graça - e o que
é figuradamente representado aqui é uma multidão cuja vida vem pela graça. Para
que não morram no deserto eles serão salvos e satisfeitos pela graça. O Senhor
não tinha nenhuma obrigação legal de atender sua necessidade. Eles vieram, eles
estavam em necessidade, eles poderiam morrer, eles poderiam desmaiar: o Senhor
é movido de compaixão. A graça é aquela pela qual eles são salvos e satisfeitos.
Uma multidão, portanto, cuja vida é pela graça é o que está diante de nós, e Cristo
é a sua vida. Cinco pães; os pães, é claro, falam de Cristo, o Pão. Isso é confirmado
no capítulo 6, como você pode ver mais adiante. Cristo, o Pão da vida, e cinco
pães, a graça vem de novo. Cristo é a vida para nós, pela graça de Deus. É a graça
de Deus que deu o Senhor Jesus a nós. Maravilhosa graça de Deus, que tem se
mostrado dando do céu o Seu Filho para ser a nossa própria vida, isto é claro e
muito simples.

Dois peixes. Peixes como nós sabemos até agora nas Escrituras são símbolos do
que é universal. O mar é um tipo de universalidade, a profundidade do mar, a
largura do mar, a imensidão do mar, se você quer uma palavra que fala de
universalidade, bem, o mar abrange muito, ele cobre tanto. Oh! a plenitude do mar
e a extensão do mar. Saia no meio do Atlântico e você vai ter uma boa sensação do
que a universalidade é, e se você apenas soubesse o que existe no mar, você teria
uma sensação mais profunda ainda! Peixes falam da universalidade. Dois é o
número bíblico de testemunho ou testemunha. O que está aqui? O testemunho da
plenitude universal de Jesus Cristo dado aos homens. Esta é apenas uma figura
dirigida para as epístolas, adiante em Colossenses 1, a plenitude universal de
Cristo, para que Ele preencha tudo e que toda a plenitude esteja Nele. Duas formas
da plenitude de Cristo são reveladas nas epístolas, uma é que na intenção de Deus,
Ele preencherá todas as coisas, e na mesma intenção de Deus todas as coisas
sejam reunidas Nele. É a extensão do oceano e a inclusão do oceano em peixes, e
os depoimentos de dois para a plenitude universal, todo-abrangente e expansiva do
Senhor Jesus. Você está no caminho para ver o que é a satisfação quando você
conhece o Senhor Jesus. Essa é a sua fundação.

Doze discípulos. Doze é o número da responsabilidade administrativa. Você pode


estudar todas os dozes de sua Bíblia com isso em mente e ver que é desta forma.
Os discípulos representam para o Senhor um instrumento de administração e
responsabilidade em relação à necessidade lá fora e o desejo Dele. Agora você está
começando a ver o objeto de plenitude - ministério. Ministério que tem dois lados,
a realização do desejo do Seu coração, e a satisfação da necessidade do homem
por Ele. Doze cestos entram em cena no final. E é interessante e importante notar
que a palavra grega usada é o diminutivo que significa "cesta de mão". Não é uma
cesta de roupas grandes, é a cesta de mão, o que significa que, no instrumento
corporativo - os doze - cada um tem uma responsabilidade pessoal. Não são três ou
quatro homens carregando uma cesta grande, é cada homem carregando sua
própria cesta. Nós, muitas vezes, colocamos uma boa dose de nossa própria
responsabilidade no instrumento corporativo, e saímos fora de alguma coisa. Não, a
ideia do Senhor no instrumento corporativo é que todos têm uma responsabilidade
individual. Devemos ter cuidado com a aplicação do corporativo que nos alivia da
nossa parte da responsabilidade. A colocamos sobre a Igreja, quando o Senhor a
colocou sobre nós individualmente.

Doze cestos, cestos de mão. E há um rapaz aqui, e ele apresenta uma outra lei. Ele
está sem nome. Ele não é uma pessoa conhecida. Ele não está aqui na base do que
ele é em si mesmo, ou de sua capacidade, sua realização. Ele não está aqui em
nenhuma outra base além daquilo que ele tem.

Agora receba isto direito no coração. Ministério, amados, na realização do desejo do


Senhor, indo de encontro da necessidade da qual Ele está consciente, nunca é
sobre a base de nomeação oficial, nem popularidade, nem brilho, capacidade,
reputação; ministério é sobre a base de que temos alguma coisa. Muitas pessoas
são maravilhosamente brilhantes, sem serem capazes de te dar uma migalha de
alimento espiritual. Este rapaz apenas está na cena porque ele tem alguma coisa, e
essa é uma lei do ministério espiritual. O Senhor requer isso. Você vê que tem os
elementos típicos desta história e quando você os coloca juntos, chega a algo
notável. Leve isso em conta. O evangelho de João, (não é o mesmo nos outros
Evangelhos porque outra coisa está em vista, portanto, este ponto não está lá), é
em a sua extensão aquilo que o Senhor Jesus é. Ele é mantido por excelência,
como o centro de tudo no Evangelho de João, o tempo todo é a Pessoa do Senhor
Jesus.

Algo significativo nessa narrativa do evento é que eles não são chamados ‘os doze’
até eles descobrirem o que a comida é, e terem se alimentado dela. Se você
observar, verá que no final desta história eles são chamados ‘os doze’ pela primeira
vez. "Ele chamou para si os Seus discípulos", mas não diz os doze. No final ele
menciona "os doze". Eram doze, mas eram doze discípulos no início, quando eles
eram usados, mas quando eles aprenderam a lição que o Senhor estava tentando
ensinar, e quando eles próprios tinham comido o pão reconhecendo o que o pão
representava, em seguida, então eles foram chamados ‘os doze’. Isto é, amado,
que eles foram reconhecidos como instrumento administrativo do Senhor quando
eles mesmos tinham terreno experimental no qual ministrar; quando eles mesmos
haviam entrado na responsabilidade administrativa em razão de terem descoberto
os segredos espirituais do Senhor Jesus, e em tipo, tinham se alimentado Dele.
Isso não é sutil, é bem direto ao ponto. Você vê que João 6 abre com a história da
alimentação dos cinco mil, mas quase que imediatamente passa para o "Eu sou o
pão da vida", e isto estava circulando em volta da festa da Páscoa, de modo que o
que o Senhor Jesus tem em mente é que tudo isso é Ele mesmo, o Pão da Vida.

O Que é Ministério

Agora Ele vai dar uma grande lição experimental do que significa ter Cristo como
sua vida, como sua vida em um deserto, em um lugar onde não há pão, em um dia
de fome. Então Ele disse a Filipe "Onde vamos comprar pão? Mas dizia isto para o
provar, pois Ele bem sabia o que ia fazer". Por que Ele disse isso a Filipe? Por duas
razões. Filipe era um dos dois homens que representavam um ministério de uma
forma especial. Filipe e André estão sempre à volta fazendo coisas: sempre - por
assim dizer - homens ativos em matéria de serviço, e, então, de uma maneira
especial representam o serviço. Essa é uma razão. A verdade do ministério está em
vista, e o ministério é, como já dissemos, a transmissão de Cristo do nosso próprio
conhecimento, nossos corações, nossas próprias vidas: ministério não e transmitir
a verdade, pregar algo da Bíblia; ministério é a transmissão do Senhor Jesus no
Espírito Santo. Outra razão pela qual Ele disse isso para Filipe foi porque Ele sabia
Filipe não estava vendo quem ele era. Depois, mais tarde neste mesmo Evangelho,
Filipe lhe disse: "Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta." Jesus disse-lhe:
"Estou há tanto tempo convosco e ainda não tens me conhecido, Filipe?" O que isso
quer dizer na prática? "Felipe, você tem tido seus olhos em mim durante todos
esses meses, nos últimos três anos ou mais, e os seus olhos estiveram em mim,
mas você não me vê. Você tem visto o que eu tenho feito, tem ouvido o que eu
tenho dito, tem estado ao Meu redor todo o tempo, mas ainda não Me viu, Filipe?".
E assim Ele se volta para Filipe, a fim de acrescentar mais uma coisa para a sua
formação, e a formação desses discípulos.

Então, tudo está ligado com a descoberta de quem e do que o Senhor Jesus é. Essa
é a formação para o ministério; o melhor tipo de formação; descobrir tudo o que o
Senhor Jesus é para o coração e para a vida; e você só pode ministrar na medida
que você O conhece, e nada mais. Ministério está em vista, mas tem que ser sobre
a base da nossa apreensão experimental, pessoal e interior do Senhor Jesus. E
assim, eles não são chamados ‘os doze’ - que é o vaso administrativo responsável -
até que de uma forma prática eles tenham vindo a conhecer quem Ele é, e você
pode imaginar que seus olhos estavam sendo bem abertos a medida que eles viram
cinco pequenos pães e dois pequenos peixes crescendo, e crescendo, e você pode
imaginar, no final, quando deram a volta com suas cestas - só havia uma
conclusão, esse não é um homem comum, este é o Filho de Deus. Assim, eles
foram levados a conhecê-lo, a fim de serem constituídos instrumentos de Deus
responsáveis em um dia de fome espiritual.

Nós não temos muito mais para onde ir. A questão do alimento é muito aguda hoje.
Não importa onde você vá no mundo hoje, você vai encontrar pessoas falando de
um estado abundante de inanição espiritual. Há muita fome e muita necessidade e
sabemos muito bem quão real essa fome é. As pessoas se deslocam muitos
quilômetros só para conseguir um pouco de comida espiritual de verdade. Nós
poderíamos contar muitas histórias maravilhosas sobre esse assunto. Pessoas que
caminham 20 quilômetros para chegar de uma reunião onde há alimento espiritual.
Talvez você não seja tão agudamente vivo para isso se você está constantemente
recebendo boa comida, mas se você sair você vai descobrir que é assim. Existe a
necessidade, há este estado, existe a fome.

Por outro lado, há a paixão do Senhor e desejo do Senhor de que esse estado não
continue. Mas, então, o Senhor vai encarar isso de uma forma soberana
independente, porque Ele se comprometeu em operar através de um instrumento
administrativo, a Sua Igreja. Mas, para que tudo seja algo mais do que uma coisa
meramente financeira, eclesiástica, formal, a fim de que haja vida em seu
ministério, isto deve acontecer experimentalmente onde verdadeira e
profundamente se conhece, se apreende e se aprecia Cristo, e por quem encontrou
sua própria vida Nele, e Ele como sendo sua vida, sem O qual não há vida. Essa é a
base do ministério. Assim o Senhor iria tornar tudo muito prático nesse sentido e
muito experimental, e nos levar essas experiências que nos levam a terra das
nossas profundezas. "Filipe, onde vamos comprar pão suficiente para alimentar
esta multidão?" Ele lançou Filipe fora de sua profundidade. Ele sabia o que ia fazer.
Ele estava provando Filipe. "Duzentos denários de pão...." Imediatamente Filipe
começa a falar dentro do compasso do que é natural, e o Senhor está tentando
tirá-lo desse nível por completo para um lugar de apropriação pela fé do que Cristo
é.

Amado, é exatamente isso o que o Senhor está tentando fazer conosco o tempo
todo, nos trazendo para fora de nossa profundidade, nos trazendo proposições que
estão absolutamente além de nós, e quebra os nossos corações em situações nas
quais estamos tão conscientes de nossa insuficiência absoluta. Eu acredito,
amados, que uma das leis de Deus de aumento, aumento na utilidade, serviço,
ministério, é levar-nos de maneira recorrente, uma e outra vez, a uma nova
posição onde nossos corações quase rompem com a consciência da necessidade,
com a situação como ela é, e nos desesperamos novamente por nunca sermos
capazes de fazer qualquer coisa que atenda adequadamente esta necessidade, e
parece que chegamos a um novo fim de nossas possibilidades e de nossos recursos.
O Senhor nos leva até lá e, em seguida, aquele desgosto, aquele peso tornou-se
uma necessidade de Deus para nos ampliar com Ele mesmo.

Mas oh! antes de terminar, gostaria trazer isso de novo. Que um instrumento
administrativo para assumir a responsabilidade pela necessidade, e pelo desejo do
Senhor, deve ter colocado sobre si um fardo que é demasiado grande para si
mesmo, para que possa descobri-Lo e o quão grande Ele é. E a pergunta que deve
vir a nós, como povo de Deus é esta, estão os nossos corações oprimidos e
rompidos com a necessidade como nós a conhecemos, como a vemos, e nossa
própria insuficiência absoluta para atendê-la? Se assim for, essa é a maneira do
Senhor de nos levar a um conhecimento Dele mesmo que vai de encontro exato a
esta necessidade. Nós temos que ser batizados na paixão de Seu coração, e a única
maneira é por ver uma necessidade, que vem direto a nós, e ao mesmo tempo com
uma consciência de que não podemos fazer nada em nós mesmos para atendê-la.
O Senhor tem que fazê-lo, então nos voltamos para o Senhor para atender a essa
necessidade. Essa é a lei do ministério espiritual e eficaz.

Jamais oraremos corretamente pelo o povo do Senhor até que sua necessidade se
torne uma dor aguda em nossos próprios corações. Tem que ser assim.

O Senhor, então, em primeiro lugar, nos dá um coração obediente a toda a vontade


conhecida de Deus, para que possamos crescer e ficar satisfeitos, que todos os
membros de Cristo possam ter aumento de Deus através de nós. O motivo para a
obediência é a satisfação de Seu coração pelo encontro da Sua própria necessidade.

Publicado pela primeira vez na revista "A Testemunha e um testemunho " em


julho-agosto de 1933, vol. 10-4.

Origem: "The Food Question (1933)

Os Despojos da Batalha (1933)


por T. Austin-Sparks

Leitura: 1Cr 26:27

Percebemos que o Senhor edifica Sua Casa com o fruto dos nossos
conflitos, nossas batalhas. Foi assim que aconteceu com o templo,
conforme vemos na história de Davi e Salomão. Ao final de sua
edificação, o templo foi um monumento à vitória universal,
declarando triunfo à sua direita e à sua esquerda. A prata, o ouro
e todas as coisas preciosas que o constituíram foram conquistadas
em batalhas e moldadas na Casa de Deus. Essa ilustração do Velho
Testamento ainda é uma verdade na realidade do Novo
Testamento. O Filho de Davi, maior que Salomão, Aquele que aqui
está, edifica a Casa com os despojos de Sua própria guerra e da
guerra dos Seus santos.

Fiquei impressionado ao perceber, no primeiro livro de Crônicas,


no capítulo 17, verso 9, que o Senhor falou a Davi: “Prepararei
lugar para o meu povo de Israel e o plantarei para que habite no
seu lugar e não mais seja perturbado; e jamais os filhos da
perversidade o oprimam, como dantes, desde o dia em que
mandei houvesse juízes sobre o meu povo de Israel; porém abati
todos os teus inimigos”. O Senhor se referiu aos juízes de Israel,
que Ele levantou para realizar aquilo que Israel tinha falhado em
fazer sob a direção de Josué. Sob a liderança de Josué, o povo foi
ordenado pelo Senhor a destruir totalmente todas as nações da
terra de Canaã, e subjugar completamente cada inimigo, mas eles
falharam nessa tarefa. Eles permitiram que os inimigos
permanecessem, fizeram concessões, e o Senhor levantou os
juízes para salva-los das terríveis consequências dessa obra
incompleta. Mas, os juízes falharam, e o livro de Juízes é um triste
relato de como essa obra ainda continuou incompleta. Mais uma
vez, a obra não foi realizada perfeitamente. É muito interessante e
esclarecedor perceber em 1 Crônicas 18 e 19, que quando o
Senhor falou a Davi sobre a edificação do Templo, ele se
determinou a derrotar todas aquelas nações que os juízes não
tinham vencido. Leia esses capítulos e encontrará uma lista com
todas as nações e povos mencionados no Livro de Juízes. Então
Davi - ao ver a Casa de Deus - parece ter sido levado
instintivamente pelo Espírito de Deus a perceber que a Casa nunca
poderia ser levantada enquanto esses inimigos não tivessem sido
subjugados, e fossem inteiramente derrubados. Dessa forma, o
Senhor cumpriu Sua palavra de subjugar todos os inimigos e lidar
com todas essas nações. Quando o Senhor deu a Davi vitória de
todos os lados, então ele entregou o plano a Salomão para seguir
em frente na edificação da Casa, e os despojos dessas batalhas
foram o material nessa obra. O inimigo tinha os recursos para a
Casa de Deus, e o inimigo deveria ser despojado para que a casa
fosse edificada. Essa é uma longa história, e pode ser muito
esclarecedora. Gostaria de reduzir isso a pequenas palavras, ainda
assim, isto vai nos conceder muito material para futura ajuda e
contemplação.

O Prédio Duplo

Temos dois aspectos da edificação da Casa de Deus. Nós tendemos


a dar maior valor a um deles do que ao outro. Temos o aspecto
numérico. Quando nós pensamos na edificação da Casa de Deus,
pensamos no ajuntamento de almas por meio da salvação e de sua
condução à verdade. Assim, nós só pensamos na edificação da
casa do Senhor no sentido referido por Pedro: “vós mesmos, como
pedras que vivem, sois edificados casa espiritual” (1Pe 2:5), que é
o lado numérico, o ajuntamento de pedras individuais e a sua
colocação em seus lugares no edifício espiritual. Bem, esse é um
lado verdadeiro da edificação da Casa do Senhor, mas é apenas
um dos lados, e é apenas metade da verdade. Há um outro lado
também importante, sem o qual isso seria totalmente inadequado,
que é o lado espiritual e moral da edificação da Casa de Deus.
Podemos ter um grande número de indivíduos salvos, e ainda
falhar em obter o sentido mais verdadeiro da Casa de Deus.
Podemos ter uma congregação, sem possuir uma igreja. Podemos
ter números, não tendo espiritualmente a Casa de Deus. A Casa de
Deus não é algo numérico, mas espiritual e moral, com um caráter
que é o que a torna, em sua essência, a Casa de Deus. Ela toma o
caráter do seu Cabeça e finalmente, em sua consumação, será
reconhecida – não como uma grande multidão de almas apenas
salvas – mas algo que expressa o caráter do Cabeça, do Senhor
Jesus. O tempo vem quando o Senhor gravará Seu Nome sobre os
Seus, ou seja, iremos receber uma pedra branca e nela haverá um
novo nome. Teremos então um novo nome e seremos chamados
pelo Seu Nome - o teremos escrito na nossa fronte. Essa é uma
linguagem simbólica, mas o seu significado é: o Senhor Jesus vai
ser tão grandemente manifestado nos Seus, que a medida que
você os vê dirá: “Isto é Jesus”. “Isto é o Senhor Jesus”, e
reconhecerá tanto dEle, Ele estará tão em evidência, que
simplesmente dirá: “Isto é o Senhor Jesus”. Então, Ele será
universalmente revelado através dos Seus, e Seu Nome é Seu
Caráter. Aquilo que Seu Nome encarna espiritual e moralmente
estará sobre eles, quando haverá uma demonstração universal do
caráter e natureza do Senhor Jesus. Isto não vai dispensar a
necessidade de Sua manifestação pessoal individual, mas Seu
povo será um canal da Sua própria expressão universal.

Caráter Através do Conflito

A construção da Casa de Deus, portanto, não é um ajuntamento


de pessoas, mas uma construção espiritual e moral. Mas esse lado
só pode ser desenvolvido por meio do conflito. A economia Divina
é ordenada de tal maneira que, apesar do Senhor Jesus ter em Si
Mesmo o triunfo universal sobre todos o Seus inimigos, esses
inimigos ainda são deixados aqui para lidarmos com eles. O
Senhor não lançou nossos inimigos para fora do universo, apesar
de Nele mesmo, Ele já ter triunfado. Ele deixou o inimigo aqui para
que possamos aplicar Seu triunfo, e é assim que nós obtemos o
nosso desenvolvimento moral e espiritual. É no conflito, na
batalha, no combate espiritual sinistro e terrível, que as
excelências morais do nosso triunfante Cabeça são manifestadas
em nós. Nós triunfamos em Sua vitória. Nós sabemos, no entanto,
que a fé é tão testada no conflito, tão profundamente provada na
batalha, que isso é algo mais do que apenas, objetivamente,
tomar posse ou crer em algo, em Cristo. O próprio exercício da fé
traz do Senhor, para dentro de nossas almas, a força da Sua
vitória, para que tenhamos unidade moral com Ele e com Seu
triunfo por meio da provação da fé. Essa prova é tão sinistra e
terrível, que nada que não for dEle em nós será suficiente para nos
levar adiante. Isso deverá ser forjado na substância do nosso ser,
e ocorrerá através do conflito, por meio do qual a fé será extraída.
Assim, espiritual e moralmente, nós edificamos através do conflito,
da adversidade, que são Divina e soberanamente ordenados em
nossas vidas.

O lado moral das coisas é o que deriva do exercício da fé no valor


da vitória do Calvário. Uma coisa é apropriar-se teoricamente da
vitória do Calvário e dizer em uma hora de emergência: "Tomo
posse a vitória do Calvário!". Mas normalmente, apesar de nada
acontecer de imediato ao tomarmos uma posição como essa, nos
sentimos chamados a ficar firmes, permanecer e, durante o tempo
em que estamos sendo demandados pelo Senhor para permanecer
firmes, nossa fé está sendo testada. Nesse momento, a vitória do
Calvário está deixando de ser algo apropriado objetivamente, mas
está sendo estabelecida em nosso interior. Enfim, a vitória estará
em nós, e estará no Senhor. Isso se tornou uma qualidade moral
em nosso ser, e da próxima vez que formos testados, não
tentaremos mais tomar posse de algo, já estará lá, terá
estabelecido raízes em nós, porque algo foi feito. Terá se tornando
parte de nós.

A Batalha pela Revelação

Isso pode ser abordado de várias formas, direções e conexões.


Obtemos uma revelação, um ensino do Senhor em relação à
verdade, os céus são abertos para vermos a verdade Divina como
nunca vimos antes. Talvez isso seja uma coisa nova, ou talvez seja
uma nova luz sobre uma coisa antiga. De qualquer forma, é uma
nova revelação, e ela vem a nós com todo o frescor, alegria,
inspiração, e toda a enlevação da abertura dos céus. Por um
tempo nos deliciamos nisso e nos banhamos nessa revelação. Não
temos nada mais a dizer até chegarmos a um terrível conflito em
relação a ela. Parece que sua primeira glória se foi, e nos
encontramos com todo tipo de questionamento a respeito.
Estamos frios, mortos, em trevas. Tudo se perdeu, e olhando para
aquela revelação sob a ótica da experiência, questionamos se
realmente estávamos certos. Que criaturas estranhas somos nós!
Coisas tremendas que recebemos em nossa experiência, nas
circunstâncias descritas acima passam a ser questionadas,
duvidamos de sua realidade. Às vezes nós simplesmente tomamos
posse de algo e caminhamos com base nisso por um tempo,
enquanto houver um frescor sobre essa revelação, e esse foi o
próprio ímpeto que nos conduziu adiante. Mas, agora tudo é irreal,
e nós entramos num período de conflito pela verdade que o
Senhor nos concedeu. Naquele momento de conflito nós somos
sondados, nossos corações são contemplados, e somos provados.
Vamos nos lembrar de José: “Até cumprir-se a profecia a respeito
dele, e tê-lo provado a palavra do Senhor” [Sl 105:19]. A Palavra
do Senhor provou José, e nós precisamos passar pelas próprias
coisas sobre as quais nós estivemos falando e crendo, e
precisaremos passar por todo tipo de questionamento a respeito.

A Palavra do Senhor nos prova. Mas é nesse conflito que os


elementos espirituais e morais serão desenvolvidos, e os recursos
serão trazidos. O conflito garante o despojo para futura edificação.
Então nos voltamos novamente para aquela revelação, mas não
apenas para o campo original em que nos apropriamos daquela
verdade, mas em outro muito mais elevado. A partir de então,
teremos uma apreensão muito mais profunda e forte daquela
verdade, de forma que ela representará mais para nós do que
antes, porque nós fomos levados para o combate com ela, e
voltamos com o despojo para edificar. Agora foram adicionados
fatores celestiais ela, e alguma coisa foi introduzida na verdade
original, por meio do conflito, dando à revelação um valor
adicional: é o poder da ressurreição. A verdade vem de Deus, com
toda sua glória, beleza e força, e nós nos regozijarmos nessa luz
por um tempo, até que somos conduzidos à morte com esta
própria luz. Entretanto, na batalha, no conflito, na morte, ao
sermos sondados, provados, testados, revelados, é que seremos
levados ao ponto em que aquilo se tornará a nossa própria vida. A
partir daí, o poder da ressurreição começa a operar e nós, teremos
a revelação mais forte do que nunca, e com a adição de despojos
para a edificação. Agora conheceremos ainda mais o valor dessa
revelação, porque nós nunca havíamos passado por um conflito
com ela, nunca tínhamos testado esse armamento, essa espada.
Mas algo de valor foi acrescentado a ela, e nós nunca soubemos
disso até ter entrado no conflito. Isso acontece com a revelação.
Vemos muitas pessoas obtendo revelação, a abraçando, e só
falando a esse respeito. Nós ficamos muitos felizes quando as
pessoas fazem isso, mas dizemos: “É, em breve eles serão
provados, essa revelação vai testa-los”. Então, eles passam por
um período de conflito e terríveis trevas, ficando cheios de
questionamentos a respeito, se aquilo é verdadeiro e correto, e
então o Senhor começa a estabelecer a revelação dentro deles.
Aquela revelação era algo bem amplo em termos de abrangência
e, em um certo sentido, era algo objetivo. Mas, agora, o Senhor
está plantando a revelação em nós, e nós na revelação. Iremos
passar por tudo isso e dizer: “Antes, aquilo era algo dado a mim,
mas pertencia a outro, agora é meu”, e então iremos começar a
edificar com o despojo do conflito.

A Batalha pela Vocação

Da mesma forma como acontece com a visão, acontece também


em relação ao propósito. O Senhor dá a visão de Sua intenção,
Seu propósito no qual está nos chamando como Seus servos, e a
visão nos atrai, o propósito nos prende, e à medida que o tempo
passa, nós não temos mais nada no que pensar ou falar senão o
propósito pelo qual fomos chamados, todo esse sentido da vocação
e serviço nos governam; nós obtivemos a visão. Bem, seguimos
em frente por um tempo pelo ímpeto dessa visão, e então parece
que a visão falha, ou nós entramos em uma esfera de conflitos em
relação a ela, uma batalha furiosa que parece levá-la à morte. Nós
passamos através de uma profunda e escura experiência, na qual
a pergunta que vem a tona é: “Será que aquilo era real, afinal;
não estávamos enganados?” “Será que foi para isso que o Senhor
nos chamou?” “Será que não nos adiantamos nisso, e afinal, o
Senhor não tinha isso em mente?” “Será que estávamos errados?”
Imagino que muitos de nós sabemos o que são essas experiências
de conflito, de batalha por uma visão. Mas esse combate nos
coloca, finalmente, em um lugar ainda mais forte do que antes em
relação ao propósito Divino.

Nossa história é assim; muitas vezes fomos até a morte e conflito


com nossa visão, em experiências que aparentemente acabaram
com ela, muitos questionamentos foram feitos, mas, finalmente,
nos encontramos mais solidamente comprometidos com o
propósito Divino do que antes. Nós passamos pelo conflito e
elementos morais e espirituais foram edificados como resultado da
prova.

A Batalha por uma Posição Tomada

Nós tomamos a posição e declaramos isso. Como é fácil, em


encontros e conferências, assumirmos posições em conjunto com o
corpo de Cristo, declararmos que iremos tomar certa direção e
dizer que seguiremos nesse curso para sempre daqui em diante:
“Nunca, nunca O abandonarei”. Podemos prontamente cantar
essas coisas em hinos e, amanhã, nos encontraremos revendo
tudo, olhando ao nosso redor em busca de uma saída. É verdade,
nosso coração é inconstante sempre que fazemos uma declaração.
E, na medida que o tempo passa, na força disso, seguimos em
frente e somos desafiados pela nossa posição: “Então, entoou
Moisés e os filhos de Israel este cântico ao Senhor” [Êx 15:1]. Eles
chegaram do outro lado do mar [Vermelho] e todo o Israel cantou.
O que eles cantaram? Uma canção de absoluta vitória. Poderíamos
pensar que eles já estavam na terra, mas não demorou muito até
que estivessem murmurando contra o Senhor e contra Moisés.
Israel foi testado, desafiado, provado pela posição que tomou,
atravessando um período negro. O mesmo acontece conosco. A
qualquer momento que fazemos uma declaração, devemos cedo
ou tarde ser testados por ela. (Espero que o efeito do que estou
dizendo não te leve a dizer: "Nunca vou declarar nada
novamente". Se você tomar essa atitude simplesmente vai limitar
o Senhor). É necessário, para obter o despojo, que sigamos
adiante. As qualidades serão desenvolvidas no caminho. Seria
correto dizer que, na medida da nossa devoção, fazemos
declarações, tomamos posições, e o Senhor nos chama a fazer
isso, pois assim concedemos a Ele o terreno para nos provar. De
alguma forma, parece que o Senhor demanda uma declaração
nossa, antes que Ele possa fazer alguma coisa. Se você nunca
tomou uma posição, sempre teve reservas, tantos cuidados, o
Senhor nunca foi capaz de fazer algo em você. Mas quando nós
tiramos o pé do fundo e nos lançamos nas profundezas, onde não
dá pé, aí é como se estivéssemos dizendo que estamos junto com
o Senhor. A partir daí é que Ele pode começar a fazer as coisas.
Nós somos testados pela posição e o compromisso que
assumimos, obtendo qualidades para edificação, o despojo da
batalha.

Estava lendo a seguinte citação do livro “Mananciais no Deserto”:

"Muitas pessoas desejam poder. Mas como o poder é produzido?


Outro dia passamos pela região que supre os motores dos bondes
de eletricidade. Ouvimos o zumbido e barulho das incontáveis
rodas, e perguntamos a nosso amigo, 'de onde vem a força
propulsora para movê-los?' Ele respondeu, 'Somente por meio da
rotação das rodas e de sua fricção é que elas produzem energia. O
atrito produz a corrente elétrica'."

"Então, quando Deus deseja trazer mais poder à nossa vida, Ele
traz mais pressão. Ele gera força espiritual, por meio de forte
fricção. Alguns não gostam disso, e tentam fugir das pressões, ao
invés de obter o poder e usá-lo para se elevar acima das causas
de seu sofrimento."

"Oposição é essencial a um verdadeiro equilíbrio de forças. As


forças centrípeta e centrífuga, agindo em direções opostas,
mantém o planeta em sua órbita. Uma força atraindo e a outra
repelindo, ação e reação. Apesar de não parecer, essas forças
sustentam a órbita do planeta equilibrada no sistema solar,
impedindo que ele se perca no espaço em uma trilha de
desolação."

"Assim Deus guia nossas vidas. Não é suficiente ter apenas uma
força impelindo – nós necessitamos também de uma força
repelindo. Assim Ele nos mantém firmes pelas experiências
penosas da vida, por meio da pressão da tentação e prova, pelas
coisas que parecem estar contra nós, mas que na verdade estão
nos conduzindo mais longe em nosso caminho e estabelecendo
nossa jornada."

"Vamos agradecê-lO por ambas, vamos tomar os pesos, assim


como as asas, sendo dessa maneira Divinamente impulsionados,
vamos persistir com fé e paciência em nosso chamado elevado e
celestial".

Essa é apenas uma outra forma de expor a idéia. Luz e poder vêm
do conflito. Assim o Senhor edifica Sua casa, com os despojos da
batalha. Ele concede permissão aos inimigos - internos e externos
- para que permaneçam, com o objetivo da nossa superação, para
que Ele possa obter a beleza e a glória para Sua casa.

O Senhor aponta para a Sua palavra e nos mostra que, quando Ele
concede a visão, a revelação, o chamado, e quando nós
respondemos positivamente a esse chamado, então os revezes,
dificuldades e oposições acontecem. Sim, isso não é uma
contradição com a revelação de Deus ou com o Seu chamado, mas
é intencional, com o objetivo de nos conduzir para dentro de algo
maior, que é mais profundo do que uma realidade emocional em
relação àquela verdade e serviço. Essas coisas devem nos levar a
um lugar de força, onde Ele pode contar conosco. Diz o Senhor
Jesus: “Edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela” [Mt 16:18]. Isso ocorre por causa da sua
qualidade moral, por causa disso ela está estabelecida para
sempre.

Primeiramente publicado na revista “Um Testemunho e Uma


Testemunha”, Nov-Dez 1933, Vol 11-6

"The Spoil of Battle"

Eu Edificarei Minha Igreja


por T. Austin-Sparks

Leitura: 1 Pedro 2:1-12; Mateus 16:16-18.

Tornemos para a Palavra do Senhor em Mateus 16:16-18; o fragmento dessa


passagem, a qual é básica para nossas meditações, está no versículo dezoito: “Eu
edificarei minha igreja”, e procuraremos explicar o que temos em vista. E é, aquilo
que surge da morte e ressurreição de Cristo, e sua real natureza. É aqui chamado
por Ele: “Minha igreja”, e isso abrange assuntos nada mais e nada menos
importantes do que a Pessoa de Cristo, a morte e ressurreição de Cristo, a posição
celestial e atividade de Cristo, o advento e vocação do Espírito Santo, a volta do
Senhor Jesus, o novo nascimento, a guerra contra Satanás, e a vocação dos
crentes nos séculos vindouros. Aí você tem o catálogo das magnitudes da Palavra
de Deus, e tudo isso está incluso nessa frase: “Minha igreja”. De modo que será
visto logo que ficar ocupado com o que o Senhor Jesus chama de “Minha igreja” é
ficar ocupado com uma coisa nada pequena – não que seja a minha intenção lidar
com todos estes assuntos, mas simplesmente quero impressionar você no início
com a grande importância deste assunto.

Nosso objetivo específico nesta hora é a natureza do que Cristo efetua e traz à
existência na Sua ressurreição; e consideraremos isto em duas maneiras.
Primeiramente, o que chamamos de contemplativo ou objetivo, e em segundo
lugar, o introspectivo ou subjetivo. Isto é, por um lado olharemos para a sua
natureza como está apresentada para nós, e então pelo outro lado olharemos nela
e veremos sua mais profunda natureza e conteúdo.

A Explicação de Pedro do Que Cristo Lhe Disse

Para começar, então, com a contemplação de “Minha Igreja”. Temos lido uma
passagem que define para nós o que Pedro – a quem a declaração foi
especificamente feita – entendeu significar: “...sobre esta pedra edificarei minha
igreja”; ele não o entendeu naquela hora. Isso é bem evidente pelo que ele disse
uns minutos mais tarde, mas ele veio a entender o que O Senhor tinha dito a ele, e
nos dá o que ele entendeu ser o significado dessa frase: “Eu edificarei minha
igreja”, ou: “...sobre esta pedra edificarei minha igreja”. Ouça novamente sua
própria definição e explicação dessas palavras: “E, chegando-vos para ele” (ou
seja, é claro, o Senhor Jesus) “pedra viva...” qual era a pedra viva? “E, chegando-
vos para ele, reprovada, na verdade, pelos homens...” Olhe novamente em Mateus
16 e você achará imediatamente depois de que o Senhor Jesus disse essas palavras
a Pedro: “Desde então começou Jesus a mostrar a seus discípulos que convinha ir a
Jerusalém, e padecer muitas coisas...” e ser morto...” “E, chegando-vos para ele,
pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e
preciosa, vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual...”
“Edificarei minha igreja”. “...edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para
oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo. Por isso também
na Escritura se contém: eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita
e preciosa; e quem nela crer não será confundido”. Aí você tem o que Pedro
entendeu ser o significado das palavras do Senhor em Mateus 16:16-18.

Quando tornamos para a carta aos Efésios temos o que o Apóstolo Paulo chegou
pelo Espírito Santo a entender ser o significado de tais palavras. Deixaremos isso
por enquanto, voltaremos a isso mais tarde, tendo em mente enquanto avançamos,
que o que está diante de nós é a natureza, não só o objetivo, mas a natureza
daquilo que Cristo traz à existência na Sua ressurreição.

Cristo é o Construtor

Estudemos esta passagem em Mateus um pouco mais de perto, e vejamos o que


está implícito na declaração. Começamos com a declaração pessoal do Senhor
Jesus: “Eu edificarei minha igreja”. “Eu”; isso carrega consigo duas coisas bastante
claras. Uma é que Cristo edifica a Igreja. Isso é discriminativo e importante. Cristo
edifica a Igreja. Nenhum homem pode edificar a Igreja. Cristo é o Construtor. “E o
Senhor acrescentava a eles dia após dia aqueles que iam sendo salvos”. Nenhum
homem acrescenta à Igreja. Nenhum homem pode constituir a Igreja, nenhuma
companhia de homens, nenhum comité de homens. Isto é algo que é o realizar do
Senhor, e se a Igreja é eterna, somente o Senhor pode edificá-la. O que o homem
pode fazer será senão por um tempo. A segunda coisa em conexão com esse “Eu” é
isto; que em vista da cruz iminente, a declaração - “Eu edificarei minha Igreja” -
significa que o Cristo ressuscitado edificará Sua Igreja. Ele olha bem através da
graça, Ele olha bem através da morte, Ele olha para o outro lado de Jerusalém, Sua
crucificação e tudo que estava prestes a acontecer lá, Ele olha através disso, além
disso, e diz: “Eu edificarei minha Igreja”. É a confiança absoluta e certeza de que
Ele atravessará, de que Ele sairá do outro lado; e Ele estará tão verdadeiramente
no outro lado do Calvário e da morte e de tudo que isso significa quanto Ele está
aqui e agora deste lado; e agora como Alguém que já em fé, garantia e certeza
atravessou por isso, Ele diz: “Eu edificarei”. Essa é a fé com a qual o Senhor Jesus
encara a cruz. É um desafio. É como se Ele estivesse dizendo: “Deixem que os
Anciãos, Escribas, Fariseus, Governadores, homens e demônios, e todo o poder da
morte espiritual façam seu trabalho, e o melhor deles. Eu edificarei Minha igreja;
Eu encaro os Escribas, Fariseus, Anciãos, Governadores, pessoas, diabo e morte, e
edificarei Minha Igreja a despeito de todos eles!” esse “Eu” é um tremendo “Eu”
enquanto chega lá com a cruz claramente em vista, iminente.

O Essencial da Cruz para a Igreja

Agora, isso nos leva até outras três coisas. A cruz e a ressurreição significam,
primeiramente, que a cruz efetua algo. Observe-o dessa maneira e você verá o que
quero dizer. Aqui está o Senhor Jesus posicionado com tudo isso em vista, e
contudo com um objetivo que é o objetivo para o qual Ele veio, o objetivo que tem
estado no coração do Pai, o pensamento e intenção do Pai desde a eternidade; o
objetivo que é o objetivo dominante de Seu próprio Ser: “Minha Igreja”; “Eu
edificarei”, e contudo antes de que Ele possa edificar essa Igreja deve haver esta
coisa, esta morte, esta cruz, e esta ressurreição. Não é apenas algum incidente em
Sua vida, não é apenas algo que veio na ordem e progresso, e programa das
coisas; é algo que é básico para esse objetivo, sem o qual esse objetivo não pode
existir, porque esta cruz e esta ressurreição é para ser a cena e a ocasião da
realização de algo, Igreja que à parte dessa realização não pode existir. De forma
que a cruz e a ressurreição do Senhor Jesus efetuaram algo. São parte de um
esquema; uma definitiva ordem arranjada de coisas as quais tomam um lugar
muito vital e importante.

Tenho que lembrar a você de que estamos trabalhando para ver a natureza da
coisa que resulta de Sua ressurreição, e portanto é importante ver que esse
caráter, essa natureza é resultante de Sua morte e ressurreição: que a morte e
ressurreição, a cruz do Senhor Jesus, dá o caráter à Igreja. E é por isso que
cumprem um propósito e são parte do desenho inteiro, porque a Igreja não pode
existir sem elas. Você vê o Senhor Jesus, embora Ele tinha se fixado sobre esse
objetivo, nunca o poderia ter realizado saltando por cima desde Cesareia de Filipe
para a ressurreição; ou seja, deixando a cruz fora. Era essencial para Seu fim,
porque tinha que produzir certas características que constituiriam a Igreja.
Veremos essas coisas mais tarde.

Em segundo lugar, a ressurreição do Senhor Jesus significa um novo terreno a


causa de um novo estado. Algo tem sido deixado para trás na morte. Alguma
esfera inteira e ordem de coisas tem sido dispensado, posto de lado, e um terreno
inteiramente novo é tomado na ressurreição, e esse novo terreno representa um
novo estado, um estado totalmente novo; e é nesse terreno que a Igreja é
edificada.

A seguir, em terceiro lugar, o mundo é deixado de lado. Na cruz, a morte e


ressurreição do Senhor Jesus, o mundo é deixado de lado, é deixado para trás. Oh,
a ênfase que o Senhor mesmo colocou sobre essa verdade como a temos
apresentada diante de nós por João no seu Evangelho 16:16-18,20-23. “Naquele
dia” - agora continue para o capítulo 17:6 e Ele bate nessa nota continuamente no
capítulo décimo sétimo: “Eu já não estou mais no mundo... e Eu vou para ti”. “Eles
não são do mundo, assim como Eu não sou do mundo”. O mundo é deixado para
trás. O mundo é excluído, um novo terreno é tomado, e nesse terreno a Igreja é
edificada. O Apóstolo Paulo, escrevendo para os Gálatas explica o significado disso
no que à experiência espiritual diz respeito: “Mas longe esteja de mim gloriar-me, a
não ser na cruz de nosso Senhor Jesus, pela qual o mundo está crucificado para
mim e eu para o mundo”. E quando você e eu testemunhamos a nossa união com o
Senhor Jesus na Sua morte e sepultamento e ressurreição nas águas do batismo,
espiritualmente aceitamos a posição onde o mundo é excluído e deixado para trás,
e tomamos um novo terreno; e esse é o terreno sobre o qual a Igreja é edificada.
Numa palavra, a Igreja é edificada sobre o terreno onde o mundo não tem lugar.
Está fora do mundo. Ao dizer isso, estamos, é claro, dizendo algo que é muito
familiar para a maioria, mas algo que é crescentemente importante no nosso
tempo. A natureza disso que aparece na ressurreição do Senhor Jesus é que tem
deixado o mundo para trás, e que está fora do mundo, nesse sentido no qual o
Senhor Jesus usou as palavras na Sua oração: “Eles não são do mundo, assim
como Eu não sou do mundo”. “...assim como Eu...” Você não pode agora associar o
Senhor Jesus com este mundo: você não pode! E exatamente da mesma forma
você não pode associar Sua Igreja com o mundo, e a igreja que é associada com o
mundo, não é Sua Igreja.

Propósito Eterno

Em segundo lugar, “...edificarei”. Temos visto um pouco das implicações desse


pronome pessoal “Eu”. Agora, em segundo lugar, “...edificarei”, e para o nosso
presente propósito notamos duas coisas. Isto significa que o Cristo Ressuscitado
será marcado pelo propósito. “Eu vou edificar...”; marcado pelo propósito. Não
quero dizer meramente, determinação para fazer alguma coisa; mas, caracterizado
por um espírito, um poder de propósito. Me pergunto se você tem reconhecido essa
característica que surge espontaneamente na vida de todos os que são vitalmente
unidos ao Senhor Ressuscitado, que essa vida imediatamente assume um espírito
de propósito. Se nunca teve um senso de propósito anteriormente, agora o tem. Se
antes era uma coisa errante, indefinida, sem objetivo ou alvo, ou direção, a coisa
que marca essa vida agora é um senso de propósito, um senso de objetivo, uma
direção definida, uma estabilidade; e embora ainda tudo o que isso significa não
tenha rompido no nosso entendimento, há um senso que veio, e esse senso surgiu
da eternidade, essa vida tem entrado no eterno, e pela sua união com Ele tem
voltado diretamente para antes dos tempos eternos, nos conselhos da Cabeça
Triuna, e tem recebido agora seu caráter desses conselhos eternos do propósito
eterno de Deus. À medida que essa vida continua com Deus, se moverá mais e
mais ao lugar e estado representado pelas palavras do Apóstolo Paulo: “mas uma
coisa faço...” É um senso de propósito. É o propósito do Senhor Ressuscitado. Esta
declaração Dele diz para mim, enquanto medito sobre isso: “Eu estou sobre a
Minha Igreja e Me entrego totalmente para a sua realização; a edificação dela e a
consumação dela dominam e governam todos os Meus pensamentos”. E você sabe
que quando você chega até a carta aos Efésios isso é ao que você chega de uma
vez, “...nos vivificou juntamente com Cristo... e nos ressuscitou juntamente com
Ele, e nos fez assentar com Ele...” Você está na esfera do propósito de Deus
concernindo Cristo, desde a eternidade. “Eu edificarei Minha Igreja”. Uma
atmosfera, um espírito, um senso de propósito.

E, amados amigos, há, penso, muito espaço em muitos dos filhos de Deus, para
esse espírito, esse senso, essa dominante consciência de propósito, para que eles
sejam absorvidos, prendidos, dominados por uma coisa, o fim que Cristo tem em
vista, e ser queimados com Seu objetivo, o qual deixa espaço para muito da
dispersão, fraqueza destrutiva, obra paralisante do Diabo. Não há maior defesa
contra o Diabo do que todo seu ser estar dominado por um objetivo. Nós deixamos
muito espaço para ele entrar ao sermos como Davi, na sua cama, quando o tempo
voltou para os reis saírem para a batalha. O Diabo fez estragos com Davi aquela
noite, Davi foi enfraquecido até o fim dos seus dias, e nunca se recuperou, porque
naquele momento ele não se ocupou com seu real assunto da vida. O Senhor nos
terá em união com Ele neste senso, de que temos esta característica marcando
claramente nossas vidas: “Mas uma coisa faço”; um senso de propósito Divino nos
devorando; o zelo pela Sua Casa. “Eu edificarei Minha Igreja” é uma declaração que
carrega consigo o espírito Daquele que tem um todo-inclusivo e governante objeto
em vista, e quando você chega ao seu Novo Testamento mais à frente, você
descobre que essa é a coisa que marca apóstolos e crentes.

Leia as cartas aos Tessalonicenses de novo e você verá que esse é o espírito dos
crentes lá em geral. E leia as cartas dos Apóstolos mesmos do ponto de vista dos
Apóstolos, e você descobre que seus corações são devorados com este único
objeto. Ouça Paulo: “... para que apresentemos todo homem perfeito em Jesus
Cristo”. Isso é algo que tinha atraído todo seu ser. Oh, que estejamos cem por
cento no propósito Divino, nos derramando para ele sem nenhuma reserva. Isso é
união com o Senhor Ressuscitado. Isso é para ser a natureza daquilo que surge em
Sua ressurreição. É algo governado pelo único objetivo – propósito e ação, “Eu
edificarei Minha Igreja”. Devemos lembrar que o Senhor Jesus, do dia da Sua
ressurreição até agora está em ação. Há um senso no qual Ele se assentou. Esse
senso é que Ele tem realizado toda a obra necessária para assegurar a consumação
da obra realizada. Ele está agora a trabalhar pelo Espírito Santo na operação da
obra realizada. Ele ainda está trabalhando. “Vivendo sempre para interceder por
eles...” é uma imagem Dele em ação. “Eu edificarei...” Ele está edificando, Ele está
em ação, e Ele terá todos os que estão em união com Ele, não apenas
caracterizados por um senso de propósito, mas definitivamente em ação sob esse
senso. É possível ter um senso de propósito, e jazer no amanhã que nunca chega.
Quando estivermos um pouco mais qualificados, quando certas coisas tomarem
certas formas, ou aconteçam – existe sempre esse “fogo-fátuo” futuro ao qual
nunca chegamos, mas que faremos o que nos propomos fazer; porém não o
estamos fazendo.

O Senhor Jesus não só tem um objetivo, mas Ele está ativamente envolvido no Seu
objetivo, e nós somos a prova disso. União com Ele significa que estamos em ação,
definitivamente esticados na ação sob um propósito dominante desde a eternidade;
pois o elemento eterno surge com o Senhor Ressuscitado. Elementos temporais
tem passado na Sua morte. “Eu edificarei Minha Igreja...” Então, temos que estar
governados por um senso de propósito neste regime do Espírito Santo ativo. É
claro, a natureza da Igreja que Ele edificará tem sido vista nas palavras de Pedro:
“Uma casa espiritual”. É algo espiritual.

A Igreja é de Cristo

“Minha Igreja”. Aí você tem a implicação do relacionamento e propriedade. O


Senhor Jesus edifica Sua igreja, aquilo que é peculiarmente Seu no sentido de que
Ele a tem comprado. Ele a fez Dele mesmo, por direito de escolha eterna, criação e
redenção. É Sua. Pertence a Ele. E lá novamente temos a importância de termos
em consideração o fato de que os direitos soberanos em e sobre a Igreja
pertencem ao Senhor Jesus, e são adquiridos em ninguém mais. Ao homem ou
homens não lhes são dado o senhorio sobre a herança de Deus; ter o supremo
governo da Igreja. É a Sua Igreja, e Ele é Senhor da Igreja, e a Igreja que Ele
edifica é aquela que representa o absoluto Encabeçamento Soberano do Senhor
Jesus, para ordenar, governar, direcionar, controlar, ter a primeira e a última
palavra, e cada palavra entre meio. É onde Cristo é Senhor. Isso é simples;
possivelmente demasiado simples e demasiado familiar, porém estamos
trabalhando em direção ao nosso objetivo.

A Vitória da Igreja sobre a Morte

“... e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. Essa frase é explicada no
Velho Testamento como significando “a casa da morte”. “A casa da morte não
prevalecerá contra ela”. Em Atos 2 você tem uma explicação disso: “Pois não
deixarás a minha alma em Hades, nem permitirás que o teu Santo veja a
corrupção”, a primeira declaração. A segunda, “ao qual Deus ressuscitou, soltas as
ânsias da morte, pois não era possível que fosse detido por ela”. “Detido”, no
controle, a superioridade, o domínio da morte; a casa da morte. As palavras: “não
prevalecerão” mais literalmente são: “Não terão poder sobre o controle”. “A casa da
morte não terá poder de controle”. Isso foi relacionado ao Senhor Jesus, e isso se
relaciona a todos em essa união com Ele como parte de Sua Igreja. Ele foi até a
casa da morte; a casa da morte cercou Ele. Devemos lembrar que a morte é
sempre algo de positivo antagonismo. Existe muito do romancear e
sentimentalismo sobre a afabilidade da morte. A morte é sempre uma Inimiga na
Palavra de Deu e sempre está em positiva oposição às intenções de Deus, aos
propósitos de Deus. É o oposto, e isso é ativamente assim, do que Deus
eternamente pretendeu, e no final a morte como a última Inimiga será destruída.

Foi necessário para o Senhor Jesus ir na casa da morte, representando todos


aqueles que, por causa da queda, tinham sido fechados na casa da morte. Mas Ele
foi no poder de algo que nenhum outro que já entrou lá possuía, e enquanto a
morte cercava Ele como representando o homem no pecado, ela achou que tinha
cercado algo mais também, o qual era mais do que seu mestre, e: “Jesus arrancou
os grilhões”, e “Da cova Ele se levantou”, e a morte, a casa da morte, não podia
mais O segurar. “Sou o primeiro e o último e o que Vivo; e fui morto, mas eis que
estou vivo para todo sempre, e tenho as chaves da morte e do Hades”. Em virtude
disso, embora a casa da morte cerque a mim e a você, se o Senhor demorar, essas
portas da casa da morte não terão poder para impedir de estarmos lá na Igreja
aperfeiçoada, no edifício consumado de Cristo. A casa da morte não terá poder para
reter você e eu quando essa trombeta tocar. Ele tem as chaves, isto é, a
autoridade, sobre a casa da morte, e a morte não será capaz de frustrar a
realização da Sua intenção, Seu propósito. As portas do Hades, a casa da morte,
não prevalecerá, não terá poder de impedir. Isso se aplicou ao Senhor Jesus, e isso
se aplica aos santos.

E agora para encerrar, pelo momento; a implicação desta declaração do Senhor


Jesus revela a unicidade de Cristo e Sua Igreja. “Eu edificarei Minha Igreja; e as
portas do Hades não prevalecerão contra ela” significa, se significa alguma coisa,
que a ressurreição do Senhor Jesus é essencial para a própria vida e ser da Igreja.
Impedir Ele de ressuscitar seria impedir Ela de ter uma existência. Se Cristo
ressuscita então é para a realização da Sua Igreja, para que Ele e Ela sejam um por
motivo de uma poderosa vitória sobre a morte. E isso, creio, é porquê, sobre todas
as outras coisas, tem havido esse ataque determinado através das épocas contra o
testemunho da ressurreição do Senhor Jesus. Porque, imediatamente que você
chega no testemunho da vida Ressuscitada de Cristo você se torna o objeto e alvo
de todos os assaltos do inferno; e da coisa que você fica mais agudamente
consciente do que qualquer outra coisa é do espírito e poder da morte, morte
operando como uma força contra espírito, alma, mente, corpo. Por quê? Porque a
ressurreição do Senhor Jesus é a maior coisa na Bíblia, e sobre a ressurreição do
Senhor Jesus tudo na Bíblia pende.
Os propósitos de Deus desde a eternidade, antes mesmo de que uma pagina da
Bíblia fosse escrita, pende sobre a ressurreição do Senhor Jesus. É a coisa central e
suprema na história dos séculos desde que o homem caiu. E esse testemunho para
ter uma expressão em vidas individuais, e mais, numa companhia, a Igreja, é
portanto, a coisa suprema que incita o inferno nas suas profundezas. O inferno não
se importa com os nossos sistemas de ensino, se eles são verdade ou se eles são
falsos; mas o inferno sim se preocupa em nós vivermos no poder da Sua
ressurreição. Ao Inimigo não lhe importa quão maravilhosamente acurados sejamos
na nossa interpretação Bíblica, mas o Inimigo sim, com toda sua força, resiste à
nossa expressão Bíblica numa vida triunfante sobre a morte. É para isso que a
Igreja tem sido trazida à existência. É isso que é o objetivo da Igreja na terra,
manifestar Cristo em vida Ressurreta e em poder Ressurreto. Muitas vezes o ensino
pode se tornar precisamente aquilo que encobre e abafa, e amortece e entorpece
essa vida.

Você e eu, amado, temos de ter muito cuidado de nós nunca ficarmos tão
interessados na doutrina e verdade cristã que se torna a coisa que nos ocupa
preeminentemente. Do que você e eu temos que nos ocupar mais do que com
qualquer outra coisa é com viver uma vida que é triunfante sobre a morte. Isso é
muito mais difícil do que estudar doutrina cristã; é a batalha dos séculos. A
natureza daquilo que surge com o Senhor Ressuscitado é que é uma expressão viva
do fato de que Nele plenamente, e Nele inicialmente e progressivamente, as portas
do Hades, a casa da morte não prevaleceram e não podem prevalecer. Somos
chamados para isso. O Senhor nos conduza na natureza do que Ele chama “Minha
Igreja”.

Primeiramente publicado na revista “Uma Testemunha e Um Testemunho” Jan-Fev


1934, Vol. 12-1

Origem: "I Will Build My Church"

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