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Sinais da Destruição de

Jerusalém e do Templo, Não


do Fim Deste Mundo
16 de Dezembro de 2019 / Frank Brito.

Em relação ao sermão
profético de Cristo
(Mateus 24-25;
Marcos 13; Lucas 21),
o que muitos
acreditam ser sinais
da segunda vinda de
Cristo no fim da história são, na verdade, sinais da
destruição de Jerusalém e do templo na guerra
judaico-romana que aconteceu entre os anos de 66-73
AD do primeiro século. Não são sinais de que este mundo
está prestes a acabar. Marcos e Lucas deixam isso
especialmente claro:

MARCOS 13
(1) E, saindo ele do templo, disse-lhe um dos seus
discípulos: Mestre, olha que pedras, e que edifícios!
(2) E, respondendo Jesus, disse-lhe: Vês estes grandes
edifícios? Não ficará pedra sobre pedra que não seja
derrubada.
(3) E, assentando-se ele no Monte das Oliveiras, defronte
do templo, Pedro, e Tiago, e João e André lhe
perguntaram em particular:
(4) Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal
haverá quando todas elas estiverem para se cumprir.

Segundo Mateus, esse sermão foi proferido depois de um


duro confronto entre Cristo e os escribas e fariseus
(Mateus 23). Perante uma grande multidão (Mateus 23:1),
Cristo fez duras críticas contra os escribas (v. 2),
chamando-os de “hipócritas” (v. 13-15, 23, 27, 29), de
“condutores cegos” (v. 16, 24), de “insensatos e cegos”
(v. 17, 19, 26), de “serpentes, raça de víboras” (v. 33) e de
assassinos (v. 30-31, 34). Em seguida, ele anunciou que,
como castigo por suas maldades, a “casa” de Jerusalém
ficaria “deserta” (v. 37-38) e que Jerusalém não o veria
mais até que dissesse: “Bendito o que vem em nome do
Senhor” (v. 39). Aparentemente, esse confronto
aconteceu no templo de Jerusalém, pois o verso seguinte
diz: “E, quando Jesus ia saindo do templo, aproximaram-
se dele os seus discípulos para lhe mostrarem a estrutura
do templo” (Mateus 24:1).

Os discípulos estavam elogiando a beleza do templo (cf.


Marcos 13:1-2; Lucas 21:5). A resposta de Jesus foi uma
confirmação do que ele tinha acabado de avisar aos
escribas e fariseus: “E, respondendo Jesus, disse-lhe:
Vês estes grandes edifícios? Não ficará pedra sobre
pedra que não seja derrubada.” (Marcos 13:2). Ou seja,
a resposta de Jesus aos discípulos foi equivalente ao que
ele tinha acabado de avisar no confronto contra escribas
e fariseus: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os
profetas, e apedrejas os que te são enviados! quantas
vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta
os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste! Eis
que a vossa casa vai ficar-vos deserta” (Mateus 23:37-
38). Os discípulos de Jesus ficaram perplexos com o que
Jesus disse sobre a destruição do templo. Por isso,
“assentando-se ele no Monte das Oliveiras, defronte do
templo, Pedro, e Tiago, e João e André lhe perguntaram
em particular: Dize-nos, quando serão essas coisas, e
que sinal haverá quando todas elas estiverem para se
cumprir” (Marcos 13:3-4). O sermão profético foi a
resposta de Jesus a esse questionamento dos
discípulos.

É importante observar que Jesus não profetizou sobre a


destruição de algum templo que seria construído no
futuro. Ele profetizou sobre a destruição daquele templo,
que existia em Jerusalém na época dele, que era o
templo que os discípulos estavam vendo e elogiando
naquele momento. Portanto, a resposta de Jesus nos
versos seguintes precisa ser entendida como uma
resposta sobre os sinais que precederiam a destruição
do templo.

MARCOS 13
(4) Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal
haverá quando todas elas estiverem para se cumprir.
(5) E Jesus, respondendo-lhes, começou a dizer: Olhai
que ninguém vos engane;
(6) Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o
Cristo; e enganarão a muitos.
(7) E, quando ouvirdes de guerras e de rumores de
guerras, não vos perturbeis; porque assim deve
acontecer; mas ainda não será o fim.
(8) Porque se levantará nação contra nação, e reino
contra reino, e haverá terremotos em diversos lugares, e
haverá fomes e tribulações. Estas coisas são os princípios
das dores.
(9) Mas olhai por vós mesmos, porque vos entregarão aos
concílios e às sinagogas; e sereis açoitados, e sereis
apresentados perante presidentes e reis, por amor de
mim, para lhes servir de testemunho.
(10) Mas importa que o evangelho seja primeiramente
pregado entre todas as nações.
(11) Quando, pois, vos conduzirem e vos entregarem, não
estejais solícitos de antemão pelo que haveis de dizer,
nem premediteis; mas, o que vos for dado naquela hora,
isso falai, porque não sois vós os que falais, mas o Espírito
Santo.
(12) E o irmão entregará à morte o irmão, e o pai ao filho; e
levantar-se-ão os filhos contra os pais, e os farão morrer.
(13) E sereis odiados por todos por amor do meu nome;
mas quem perseverar até ao fim, esse será salvo.
(14) Ora, quando vós virdes a abominação do
assolamento, que foi predito por Daniel o profeta, estar
onde não deve estar (quem lê, entenda), então os que
estiverem na Judeia fujam para os montes.
(15) E o que estiver sobre o telhado não desça para casa,
nem entre a tomar coisa alguma de sua casa;
(16) E o que estiver no campo não volte atrás, para tomar
as suas vestes.
(17) Mas ai das grávidas, e das que criarem naqueles dias!
(18) Orai, pois, para que a vossa fuga não suceda no
inverno.

Nos versos 14 e 18, Jesus ordenou que os discípulos


fugissem da região da Judeia. Por que eles deveriam
fugir da Judeia? Porque o contexto é a guerra judaico-
romana de 66-73 AD do primeiro século, que é
quando Jerusalém e o templo de Deus em Jerusalém
foram destruídos. No verso 14, Jesus diz que o que ele
estava profetizando era o mesmo que Daniel já tinha
profetizado. Quando lemos as palavras do próprio Daniel,
confirmamos que Jesus estava falando dessa guerra
entre o Império Romano e Israel:

DANIEL 9
(26) E depois das sessenta e duas semanas será cortado
o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do
príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o
santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao
fim haverá guerra; estão determinadas as assolações.
(27) E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e
na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação;
e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso
até à consumação; e o que está determinado será
derramado sobre o assolador.

Aqui Daniel deixa claro que, em algum momento depois


da morte do Messias, que é Jesus, a cidade e o templo
seriam destruídos. Isso aconteceu no ano de 70 AD do
primeiro século, no meio da guerra judaico-romana, que
durou sete anos. Por isso, em Marcos 13:14-18, a ordem
de fuga foi para fugir da Judeia. É porque ele estava
falando da guerra de Roma contra Israel. A versão do
sermão profético que se encontra no Evangelho de Lucas
traz algumas informações adicionais que deixam isso
ainda mais claro:

LUCAS 21
(20) Mas, quando virdes Jerusalém cercada de
exércitos, sabei então que é chegada a sua desolação.
(21) Então, os que estiverem na Judeia, fujam para os
montes; os que estiverem no meio da cidade, saiam; e os
que nos campos não entrem nela.
(22) Porque dias de vingança são estes, para que se
cumpram todas as coisas que estão escritas.
(23) Mas ai das grávidas, e das que criarem naqueles
dias! porque haverá grande aperto na terra, e ira sobre
este povo.
(24) E cairão ao fio da espada, e para todas as nações
serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos
gentios, até que os tempos dos gentios se completem.

Se Marcos 13:14-18 está falando sobre a fuga que


deveria existir no contexto da guerra judaico-romana
de 66-73 AD e se a pergunta dos discípulos era sobre os
sinais que precederiam a destruição do templo que
aconteceria nessa guerra, isso significa que todos os
sinais mencionados por Cristo nos versos anteriores, em
Marcos 13:5-13, se cumpriram antes da guerra
começar. Ou seja, quando Jesus fala sobre os falsos
messias (Marcos 13:5-6), sobre as guerras e rumores
de guerra (v. 7-8), sobre as fomes (v. 8), sobre as
perseguições (v. 9, 11-13) e sobre a pregação do
evangelho entre as nações (v. 10), ele está falando
sobre a ocorrência dessas coisas no contexto do
primeiro século, antes da primeira guerra judaico-
romana, como sinais que precederiam aquela guerra.
Isso não significa que essas coisas não podem acontecer
em outros momentos da história. No século 21, por
exemplo, há muita perseguição contra os cristãos.
Contudo, no sermão profético, Jesus não estava
falando da perseguição do século 21. Ele estava
falando especificamente perseguição que aconteceria
antes da destruição do templo de Jerusalém em 70
AD. Portanto, os sinais de Marcos 13:5-13 não são sinais
de que este mundo está prestes acabar. Eram sinais de
que o templo de Deus em Jerusalém estava prestes a
ser destruído. O Evangelho de Lucas também deixa isso
perfeitamente claro:

LUCAS 21
(5) E, dizendo alguns a respeito do templo, que estava
ornado de formosas pedras e dádivas, disse:
(6) Quanto a estas coisas que vedes, dias virão em que
não se deixará pedra sobre pedra, que não seja
derrubada.
(7) E perguntaram-lhe, dizendo: Mestre, quando serão,
pois, estas coisas? E que sinal haverá quando isto
estiver para acontecer?
(8) Disse então ele: Vede não vos enganem, porque virão
muitos em meu nome, dizendo: Sou eu, e o tempo está
próximo. Não vades, portanto, após eles.
(9) E, quando ouvirdes de guerras e sedições, não vos
assusteis. Porque é necessário que isto aconteça
primeiro, mas o fim não será logo.
(10) Então lhes disse: Levantar-se-á nação contra nação,
e reino contra reino;
(11) E haverá em vários lugares grandes terremotos, e
fomes e pestilências; haverá também coisas espantosas,
e grandes sinais do céu.
(12) Mas antes de todas estas coisas lançarão mão de
vós, e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e às
prisões, e conduzindo-vos à presença de reis e
presidentes, por amor do meu nome.
(13) E vos acontecerá isto para testemunho.
(14) Proponde, pois, em vossos corações não premeditar
como haveis de responder;
(15) Porque eu vos darei boca e sabedoria a que não
poderão resistir nem contradizer todos quantos se vos
opuserem.
(16) E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos
sereis entregues; e matarão alguns de vós.
(17) E de todos sereis odiados por causa do meu nome.
(18) Mas não perecerá um único cabelo da vossa cabeça.
(19) Na vossa paciência possuí as vossas almas.
(20) Mas, quando virdes Jerusalém cercada de
exércitos, sabei então que é chegada a sua desolação.
(21) Então, os que estiverem na Judeia, fujam para os
montes; os que estiverem no meio da cidade, saiam; e os
que nos campos não entrem nela.
(22) Porque dias de vingança são estes, para que se
cumpram todas as coisas que estão escritas.
(23) Mas ai das grávidas, e das que criarem naqueles
dias! porque haverá grande aperto na terra, e ira sobre
este povo.
(24) E cairão ao fio da espada, e para todas as nações
serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos
gentios, até que os tempos dos gentios se completem.

Como em Marcos 13, as coisas mencionadas em Lucas


21:8-19 são uma resposta ao que os discípulos
perguntaram no verso 7 sobre a destruição do templo. Os
versos 20-24 falam sobre a guerra em que o templo foi
destruído. Portanto, os sinais dos versos 8-19 não são
sinais de que este mundo está prestes acabar. Eram
sinais de que o templo estava prestes a ser destruído.

Considerando que esses textos são tão claros, por que há


pessoas que ainda creem que esses sinais são sinais do
fim deste mundo? Essa confusão existe por causa da má
interpretação de alguns detalhes que só encontramos na
versão do sermão profético do Evangelho de Mateus.
Vamos falar mais sobre isso nas próximas partes deste
estudo.

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