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Jesus termina essa seção discorrendo sobre a pregação do Evangelho do Reino até “o fim” (v.
14). Os termos “Evangelho do Reino” e “fim” indicam, à luz de Apocalipse, que o Senhor se
referiu ao Evangelho que será pregado durante a Grande Tribulação, especialmente pelas duas
testemunhas e os 144 mil judeus selados por Deus, e por ocasião do Milênio, quando toda a
terra se encherá do conhecimento do Senhor, de modo intuitivo e também por meio da
pregação (cf. Hc 2.4; Jr 31.33,34; Is 2.3; 54.13). Tudo isso que Ele disse teve como objetivo
incentivar os salvos a serem perseverantes em qualquer época ou circunstância (Mt24.13).
Quem pensa que nessa seção Jesus se refere à invasão de Jerusalém, no ano 70, precisa ler com
atenção o versículo 21: “nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do
mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais” (ARA). A Segunda Guerra Mundial,
por exemplo, foi muito pior para os israelitas que a invasão de Jerusalém. O Mestre conclui
essa seção afirmando que, “assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente,
assim será também a vinda do Filho do Homem” (v. 27), numa alusão clara à sua Manifestação
em poder e grande glória, com a sua Igreja, no fim da Grande Tribulação (cf. Zc 14.1-11; Jd
vv. 14,15; Ap 19.11-21).
Nesse caso, quem são os escolhidos, ajuntados por anjos “desde os quatro ventos, de uma à
outra extremidade dos céus” (Mt 24.31)? Não há dúvida, com base na analogia geral da Bíblia
e no que o Senhor dissera anteriormente, no sermão profético em apreço, que se trata de uma
referência ao remanescente dos israelitas tementes a Deus. Estes serão reunidos para o
Julgamento das Nações, mencionado pelos profetas do Antigo Testamento, como em Joel 2.30-
32; 3.1,2:
“E mostrarei prodígios no céu e na terra, sangue e fogo, e colunas de fumaça. O sol se
converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do SENHOR.
E há de ser que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo; porque no monte Sião
e em Jerusalém haverá livramento, assim como o SENHOR tem dito, e nos restantes que o
SENHOR chamar. Porquanto eis que, naqueles dias e naquele tempo, em que removerei o
cativeiro de Judá e de Jerusalém, congregarei todas as nações, e as farei descer ao vale de
Josafá; e ali entrarei em juízo, por causa do meu povo e da minha herança, Israel, a quem eles
espalharam entre as nações, repartindo a minha terra”.
O Senhor Jesus faz menção desse grande acontecimento em Mateus 25.31,32: “quando o Filho
do Homem vier em sua glória, [...] se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão
reunidas diante dele”. O remanescente israelita (cf. Rm 9.27; 11.26) não participará do aludido
julgamento na qualidade de réu, pois, “naqueles dias e naquele tempo”, Deus removerá “o
cativeiro de Judá e de Jerusalém” (Jl 3.1). Em seguida, será instaurado o Milênio, e “o
SENHOR será rei sobre toda a terra; naquele dia, um será o SENHOR, e um será o seu nome”
(Zc 14.9).
Mateus 24.39 - Os versos imediatamente antes do texto que estamos analisando mostram
uma comparação desses eventos com o dilúvio: “e não o perceberam, senão quando veio o
dilúvio e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do Homem” (Mateus 24:39).
Observe que o dilúvio é usado aqui por conter a ilustração que se assemelha ao texto que
estamos estudando. O dilúvio separou pessoas. Levou várias para a morte e condenação,
enquanto deixou Noé e sua família para a salvação. Isso nos dá uma boa pista do significado
que Jesus quis ensinar aqui e do evento que Ele está tratando, que é o final dos tempos, a Sua
volta.
Jesus conclui a presente seção — e também o seu sermão profético — dizendo: “E irão estes
para o tormento eterno, mas os justos, para a vida eterna” (Mt 25.46). Isoladamente, os termos
“tormento eterno” e “vida eterna” poderiam ser grosso modo chamados de Inferno e Céu, mas,
como a Bíblia é análoga, não podemos deixar de conferir outras passagens escatológicas e o
próprio contexto imediato do versículo em apreço. À luz de Mateus 10.28 e Apocalipse 20.15,
o primeiro termo, “fogo eterno”, equivale a “tormento eterno” (gr. kolasin aiõnion), Geena e
Lago de Fogo (gr. limnem ton purós).
Quanto ao segundo termo, “vida eterna”, está claramente associado ao que o Senhor havia dito
a respeito do Reino, isto é, o Milênio: “Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o Reino
que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25.34). Ou seja, os representantes de
países absolvidos no Julgamento das Nações irão para a vida eterna no sentido de que, ao
ingressarem como povos naturais no Reino de mil anos previamente preparado por Deus, terão
a oportunidade de receber a salvação eterna por meio de Jesus Cristo e permanecer nEle, assim
como ocorre hoje, antes do Arrebatamento da Igreja (cf. Jo 3.16; Mt 24.13).