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ORDEM DOS EVENTOS

Mateus 24.1,2 — a invasão de Jerusalém. Ao sair do Templo, o Senhor Jesus foi


abordado por seus discípulos, que começaram a lhe mostrar a estrutura Daquele edifício. No
versículo 2 temos, então, o início do seu sermão profético, com a predição da invasão de
Jerusalém pelos romanos no ano 70: “não ficará pedra sobre pedra que não seja derribada”. As
profecias do Senhor sobre o futuro terminam em Mateus 25.46.

Mateus 24.3 — a pergunta tripartida dos discípulos. Ao fazer menção da invasão de


Jerusalém e da destruição do Templo, o Senhor ouviu dos discípulos uma pergunta Tripartida,
abarcando questões alusivas a sinais para “estas coisas”, “tua vinda” e “fim do mundo”. Aqui
está uma importante chave para se entender as profecias do Senhor. Ele, como veremos,
responde aos discípulos de modo tripartido e faz menção de profecias veterotestamentárias,
direta ou indiretamente, reforçando a necessidade de se considerar a analogia bíblica.

Mateus 24.4-14 — sinais escatológicos gerais. Diante da pergunta tripartida dos


discípulos, o Senhor faz inicialmente uma abordagem panorâmica dos sinais sobre o futuro,
desde aqueles dias até o fim do mundo. Ele, por enquanto, não menciona nenhum evento
específico, mas chama a atenção dos discípulos — que também eram israelitas — para sinais
escatológicos gerais, como surgimento de enganadores (vv. 4,5,11), guerras e rumores de
guerras, fomes, pestes, terremotos (vv. 6-8), perseguições aos cristãos (v. 9), escândalos,
traições, aumento da iniquidade e esfriamento do amor etc. (vv. 10-12).

Jesus termina essa seção discorrendo sobre a pregação do Evangelho do Reino até “o fim” (v.
14). Os termos “Evangelho do Reino” e “fim” indicam, à luz de Apocalipse, que o Senhor se
referiu ao Evangelho que será pregado durante a Grande Tribulação, especialmente pelas duas
testemunhas e os 144 mil judeus selados por Deus, e por ocasião do Milênio, quando toda a
terra se encherá do conhecimento do Senhor, de modo intuitivo e também por meio da
pregação (cf. Hc 2.4; Jr 31.33,34; Is 2.3; 54.13). Tudo isso que Ele disse teve como objetivo
incentivar os salvos a serem perseverantes em qualquer época ou circunstância (Mt24.13). 

Mateus 24.15-28 — predições e advertências para Israel sobre a Grande


Tribulação. A partir do versículo 15, com a menção da “abominação da desolação, de que
falou o profeta Daniel” (no Templo), fica claro que o Senhor Jesus passa a tratar
especificamente de predições relativas ao que acontecerá em/com Israel — haja vista estar
falando também a israelitas — na Grande Tribulação, antes da Manifestação do Senhor. Até o
versículo 28 não há dúvida de que Ele está tratando do que acontecerá em/com Israel durante a
Grande Tribulação. Jesus faz predições e advertências específicas para Israel, como o alerta de
que surgirão falsos cristos (vv. 23-26). E sabemos que os israelitas tementes a Deus também
creem na vinda do Messias; mas estão esperando ainda a sua primeira vinda, enquanto nós já
esperamos a sua volta ou Segunda Vinda (Jo 14.1-3; Hb 9.28).

Quem pensa que nessa seção Jesus se refere à invasão de Jerusalém, no ano 70, precisa ler com
atenção o versículo 21: “nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do
mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais” (ARA). A Segunda Guerra Mundial,
por exemplo, foi muito pior para os israelitas que a invasão de Jerusalém. O Mestre conclui
essa seção afirmando que, “assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente,
assim será também a vinda do Filho do Homem” (v. 27), numa alusão clara à sua Manifestação
em poder e grande glória, com a sua Igreja, no fim da Grande Tribulação (cf. Zc 14.1-11; Jd
vv. 14,15; Ap 19.11-21).

Mateus 24.29-35 — a Manifestação do Senhor em poder e grande glória. A partir


do versículo 29 o Senhor Jesus passa a fazer menção da sua aludida Manifestação, “logo
depois da aflição daqueles dias”, quando “o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as
estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas”. Observe que todas as tribos da
terra se lamentarão (v. 30), pois Ele então se manifestará para julgar os adoradores da Besta —
reunidos na “grande Babilônia”, cidade de Jerusalém tomada pelos inimigos de Israel —,
pondo fim ao império do Anticristo (cf. Ap 18.9-24). Segundo Apocalipse 19, a Igreja já estará
com o Senhor, por ocasião de sua Manifestação em poder e grande glória.

Nesse caso, quem são os escolhidos, ajuntados por anjos “desde os quatro ventos, de uma à
outra extremidade dos céus” (Mt 24.31)? Não há dúvida, com base na analogia geral da Bíblia
e no que o Senhor dissera anteriormente, no sermão profético em apreço, que se trata de uma
referência ao remanescente dos israelitas tementes a Deus. Estes serão reunidos para o
Julgamento das Nações, mencionado pelos profetas do Antigo Testamento, como em Joel 2.30-
32; 3.1,2:
“E mostrarei prodígios no céu e na terra, sangue e fogo, e colunas de fumaça. O sol se
converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do SENHOR.
E há de ser que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo; porque no monte Sião
e em Jerusalém haverá livramento, assim como o SENHOR tem dito, e nos restantes que o
SENHOR chamar. Porquanto eis que, naqueles dias e naquele tempo, em que removerei o
cativeiro de Judá e de Jerusalém, congregarei todas as nações, e as farei descer ao vale de
Josafá; e ali entrarei em juízo, por causa do meu povo e da minha herança, Israel, a quem eles
espalharam entre as nações, repartindo a minha terra”.

O Senhor Jesus faz menção desse grande acontecimento em Mateus 25.31,32: “quando o Filho
do Homem vier em sua glória, [...] se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão
reunidas diante dele”. O remanescente israelita (cf. Rm 9.27; 11.26) não participará do aludido
julgamento na qualidade de réu, pois, “naqueles dias e naquele tempo”, Deus removerá “o
cativeiro de Judá e de Jerusalém” (Jl 3.1). Em seguida, será instaurado o Milênio, e “o
SENHOR será rei sobre toda a terra; naquele dia, um será o SENHOR, e um será o seu nome”
(Zc 14.9).

Mateus 24.36-51; 25.1-13 — advertências e compareções feitas pelo Senhor –


parábola das 10 virgens - Repare o conectivo “ então “ no versículo 40 liga ao versículo
29 de Mateus 24. O verso que iremos estudar em Mateus 24:40-41 diz: “Então, dois estarão
no campo, um será tomado, e deixado o outro; duas estarão trabalhando num moinho,
uma será tomada, e deixada a outra”. A primeira coisa que temos de fazer aqui é observar
esse “então” do início do verso, pois ele liga esse texto a algo que foi mencionado antes. A
pergunta é: sobre qual evento Jesus está falando aqui? Para uma resposta precisa precisamos
analisar o contexto. Mateus 24:29 é o acontecimento que está sendo narrado e nos ajuda a
entender melhor a questão: “Logo em seguida à tribulação daqueles dias, o sol escurecerá,
a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento, e os poderes dos céus
serão abalados” (Mateus 24:29). Ou seja, os versos que estamos estudando se situam nesse
período de tempo, que não é o arrebatamento da igreja de Cristo. Portanto, esse
acontecimento narrado por Cristo não se trata do arrebatamento citado nas escrituras.

Mateus 24.39 - Os versos imediatamente antes do texto que estamos analisando mostram
uma comparação desses eventos com o dilúvio: “e não o perceberam, senão quando veio o
dilúvio e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do Homem” (Mateus 24:39).
Observe que o dilúvio é usado aqui por conter a ilustração que se assemelha ao texto que
estamos estudando. O dilúvio separou pessoas. Levou várias para a morte e condenação,
enquanto deixou Noé e sua família para a salvação. Isso nos dá uma boa pista do significado
que Jesus quis ensinar aqui e do evento que Ele está tratando, que é o final dos tempos, a Sua
volta.

Mateus 25.31-46 — o Julgamento das Nações. O último assunto apresentado pelo


Senhor Jesus em seu sermão profético é o Julgamento das Nações, o qual se dará durante toda
a Grande Tribulação (Zc 12-14; Jr 50.20), tendo a sua consumação com a Manifestação do
Senhor. Quem não considera a analogia geral da Bíblia terá grande dificuldade de entender
essa parte da revelação apresentada por Jesus. Ele compara as nações reunidas a bodes e
ovelhas, postas à esquerda e à direita do Justo Juiz. Fica claro, à luz de Joel 3, que as nações-
bodes e nações-ovelhas são as que, respectivamente, fizeram mal e bem a Israel.

Jesus conclui a presente seção — e também o seu sermão profético — dizendo: “E irão estes
para o tormento eterno, mas os justos, para a vida eterna” (Mt 25.46). Isoladamente, os termos
“tormento eterno” e “vida eterna” poderiam ser grosso modo chamados de Inferno e Céu, mas,
como a Bíblia é análoga, não podemos deixar de conferir outras passagens escatológicas e o
próprio contexto imediato do versículo em apreço. À luz de Mateus 10.28 e Apocalipse 20.15,
o primeiro termo, “fogo eterno”, equivale a “tormento eterno” (gr. kolasin aiõnion), Geena e
Lago de Fogo (gr. limnem ton purós).

Quanto ao segundo termo, “vida eterna”, está claramente associado ao que o Senhor havia dito
a respeito do Reino, isto é, o Milênio: “Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o Reino
que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25.34). Ou seja, os representantes de
países absolvidos no Julgamento das Nações irão para a vida eterna no sentido de que, ao
ingressarem como povos naturais no Reino de mil anos previamente preparado por Deus, terão
a oportunidade de receber a salvação eterna por meio de Jesus Cristo e permanecer nEle, assim
como ocorre hoje, antes do Arrebatamento da Igreja (cf. Jo 3.16; Mt 24.13).

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