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1.0 PROBLEMÁTICA
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ocupação no tempo e no espaço, a partir da economia extrativista, da sua
hierarquia, de seus conflitos e de suas crises (FRANCA, 2013, p. 163).
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criação de fazendas ou como consequência da própria expansão urbana. No
entanto, a ocupação ainda se reproduz no ambiente úmido integrado da
floresta tropical na escala regional, com inúmeros cursos d’água no solo,
APPs, constituindo-se uma cidade ribeirinha de segunda ordem que se
localiza em parte da floresta fragmentada na escala local.
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2.0 JUSTIFICATIVA
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3.0 OBJETIVOS
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1.0 ASPECTOS HISTÓRICOS
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Apesar das discordâncias numéricas entre os diversos autores (Ferreira Reis,
Celso Furtado, Roberto Santos, C. Wagley etc.) que estudam a questão ocupacional
da Amazônia e do Acre no final do século XIX e início do XX, existe um consenso de
que houve um grande fluxo migratório para esta região. Entre 1920 e 1940 notou-se
uma desaceleração, ocasionada pelo freamento parcial da atividade extrativa da
borracha, tendo o acréscimo populacional não indo além de 0,2% .·.
A borracha tornou-se um dos principais produtos de geração de riqueza,
exercendo uma “fascinação quase mítica sobre milhares de brasileiros ou
alienígenas que para cá demandaram” (MARTINELLO, op. cit., p. 139). Conforme
Reis apud Martinello (1995, p. 156), esse período trouxe para a Amazônia uma
maior expressão política, cultural e socioeconômica, propiciando novas condições
materiais e de vida até então não experimentadas na região.
Para Franca (2009, p. 31), com o tempo a decadência da borracha é sentida
ao longo de todo o século XX. Mesmo que na década de quarenta tenha tomado um
novo fôlego, com o advento da Segunda Guerra Mundial em que, com a invasão dos
seringais de cultivo do Oriente, forçou os países Aliados a investirem na produção
brasileira, esta, com o fim do conflito, voltou a decair. Isso levou o então Território do
Acre à dependência do governo federal, implantado o modo de produção de
subsistência com a produção do arroz, feijão, milho, mandioca e coleta da castanha
do Pará. O período de 1920-1962 representa para o Acre lapsos de incertezas e
descontinuidade no crescimento e distribuição populacional.
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(1912) e Cunha Vasconcelos (1913). Os “colonos” não receberam nenhuma
orientação técnica.
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2.0 REFERENCIAL TEÓRICO
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obra de arte, talvez em exibição em um estabelecimento ou como uma música
congelada nas fotografias sem pessoas de revistas caras. Conforme Roaf (2006, p.
11), alguns arquitetos veem o processo do projeto como uma linha de montagem,
com a edificação como um produto a ser depositado em um sítio, sem considerar
suas qualidades ou seu meio ambiente particular.
Para o autor, as ecohouses estão estreitamente ligadas ao sítio, à sociedade,
ao clima à região e ao planeta, devido ao fato de as casas modernas estarem
literalmente destruindo o planeta. Independente do aumento da população ou o
desenvolvendo de tecnologias sofisticadas para explorar as reservas naturais da
Terra nos leva a perceber que edifícios são poluentes nocivos, consumindo mais da
metade de toda a energia usada nos países desenvolvidos e produzindo mais da
metade de todos os gases que vêm modificando o clima.
Ainda de acordo com Roaf (2006, p.11 e 21), é importante ressaltar que a
mudança em direção a projetos sustentáveis começou nos anos 70 e foi uma
resposta pragmática à alta no preço do petróleo. Em 1973, quando o preço do
combustível fóssil elevou-se, que os futurologistas começaram a olhar a história dos
combustíveis fósseis no planeta e a calcular quanto petróleo e gás restavam. Os
seres humanos são os únicos na história do mundo, devido à gigantesca escala dos
impactos que têm sobre o meio ambiente global e, em particular, sobre a atmosfera
da terra e a sua habilidade de compreendê-los e alterá-los. É importante que
efetuemos mudanças radicais no que nós, como indivíduos, esperamos das infra-
estruturas de nossos nichos ecológicos, nossas casas e assentamentos e
sociedades.
Portanto, o objetivo desse trabalho é fazer uma análise das moradias de
ribeirinhos em Porto Acre e se constitui também em uma oportunidade de reflexão
técnica na qual poderemos harmonizar esses preceitos. A idéia de sustentabilidade
ao meio não foge da concepção de uma ecohouse que está integrada ao habitat
amazônico.
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3.0 LEGISLAÇÕES PERTINENTES PARA O USO E OCUPAÇÃO DO
SOLO
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de largura, 200m de mata; e rios de mais de 600m de largura devem ter 500m de
mata preservada em suas margens.
Nas nascentes e olhos d’água, a mata mínima preservada deve ter raio de 50
metros de largura e os manguezais devem ter toda a sua extensão conservada. No
caso das veredas, a largura mínima da faixa de vegetação a ser preservada é de 50
metros, a partir do espaço permanentemente brejoso e encharcado.
Essas regras são válidas para todas as propriedades com vegetação nativa e
original e áreas desmatadas ilegalmente após junho de 2008, ano em que foi
aprovado o Decreto nº 6.514, que regulamenta a lei de crimes ambientais. As regras
transitórias para as propriedades que ocupam uma determinada Área de Proteção
Permanente, APP, com atividades agrossilvopastoris (cultivo conjunto de agricultura,
silvicultura e pecuária), de ecoturismo e turismo rural consolidadas até 22 de julho
de 2008, o Código Florestal prevê regras transitórias e de adequação, que serão
reunidas nos Programas de Regularização Ambiental (PRA). O prazo para
criação dos PRA nos estados e no Distrito Federal é de dois anos a partir da
publicação da Lei nº 12.727, sobre a proteção da vegetação, ocorrida em 25 de maio
de 2012.
Caso a área tenha mais de quatro módulos fiscais, o Código Florestal prevê
regras de recomposição que podem ser feitas em até 20 anos, contanto que seja
comprovada a recuperação de no mínimo 10% da área total a cada dois anos. No
caso das APP, o documento prevê regras de recuperação para cada tipo de terreno,
de acordo com o tamanho da propriedade (em módulos fiscais).
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3.2 Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e
Comunidades Tradicionais
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Nesse contexto, a autora ainda nos revela que a identidade ribeirinha acabou
por sucumbir ao movimento desordenado de ocupação urbana. Essa concepção de
planejamento urbano, que diverge da geografia física e se distancia da idéia de que
a cidade faz parte do ecossistema, criou condições para que as orlas dos rios se
transformassem em autênticos cinturões de confinamento social e ambiental em
suas margens. Assim, o decreto é um importante instrumento de proteção dessas
comunidades e na política de desenvolvimento sustentável.
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4.0 PROJETO CORRELATO
Segundo Roaf, (2006, p. 317), essa casa é uma simples residência de dois
pavimentos, com planta quadrada. Localiza-se em Ostend, o centro administrativo
de WaihekeIsland, país Nova Zelândia. Essa vila também contem o único
supermercado da ilha e única loja de materiais de construção. A casa foi projetada
por Graham Duncan e buscava ser simples e barata. Seu telhado de duas águas
esta voltado para norte e sul. As fachadas norte e sul têm 6m de comprimento e as
leste e oeste 7m. A entrada é pelo oeste, com as vistas principais da casa voltada
para a Baía de Anzc (sul). O lado norte do telhado não é interrompido por trapeiras,
permitindo que toda sua área possa ser utilizada por um sistema de energia solar.
Para o autor, a casa foi construída na forma convencional em que são feitas
as casas com estrutura de madeira na Nova Zelândia, com isolamento em fibra de
vidro classe R2.2, revestimento interno em placas de gesso no piso térreo e madeira
compensada no segundo pavimento. O acabamento externo é em folhas de madeira
compensada e o telhado, com telhas corrugadas comuns de aço. As janelas são de
fabricação local, com vidros simples e esquadrias de alumínio (com vedação contra
ventos).A casa conta com todo um aparato de equipamentos que a torna
autossustentável.Figura 01.
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4.2 Princípios de sustentabilidades adotados
4.2.1Eletricidade.
Em Roaf (2006, p. 317), a casa conta com 16 placas solares e três pequenas
turbinas eólicas que geram em conjunto o total de 1.200 kWh tornando a casa
autossuficiente em energia renovável.
4.2.2Aquecimento de água
Segundo o autor, a água é aquecida por dois painéis solares na parte inferior
da água norte do telhado e levada por tubulações a um sistema de termos sifão com
300l, que se localiza entre o teto e a parte mais alta do telhado.
4.2.4Cisterna e esgoto
Roaf (2006, p. 318), nos revela uma típica casa de ilha,que tem uma cisterna
com 25.000 l que armazena a água da chuva e que supre todas as necessidades. A
água é bombeada por meio de três bombas de 12 v, com interruptores controlados
por sensores de pressão que ativa as bombas sempre que as torneiras são abertas.
Uma bomba é para a principal fonte dos reservatórios e as outras duas atendem os
fornecimentos de água quente e fria. Essas bombas de 12 v são consideradas mais
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eficientes em termos de consumo de energia elétrica. O esgoto é tratado através de
uma fossa séptica convencional.
O autor nos revela que com toda essa tecnologia aplicada o consumo de
combustível fóssil em forma de gás de cozinha e equivalente a 626 kWh por ano
somente utilizado para cozinhar que se torna uma energia não renovável. A solução
para este problema seria a utilização de um biodigestor que produz o gás metano a
parti da decomposição das fezes de animais ou de seres humanos.Uma solução
limpa e barata.
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5.0 ESTUDO DE CASO: COLÔNIA SÃO JOAQUIM
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Figura 03: Localização a nível estadual
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Figura 05: Localização da Colônia São Joaquim
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Data: 17/03/2013
O lote não tem nenhum tipo de levantamento topográfico existente, mas, após
uma visita na propriedade, e de se fazer um reconhecimento visual é, em boa parte,
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totalmente plano, sendo a maior declividade na margem do rio.O terreno foi
escolhido pela sua localização geográfica e condição de isolamento, em que o único
meio de transporte é o barco descendo rio Acre, sendo assim, uma colônia de
ribeirinho.
Existe também toda uma dificuldade de transporte que é feita somente pelo
rio,todos os insumos e materiais chegam de barco.Mas a maior parte do material,
que é a madeira, pode ser retirada no próprio local devidamente licenciada pelos
órgãos de controle ambientais.
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Data: 15/11/2013
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Fonte: Kenned Kaccio R.C
Data: 15/11/2013
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Fonte: Kenned Kaccio R.C
Data: 15/11/2013
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Fonte: Kenned Kaccio R.C
Data: 15/11/2013
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Figura 14: Dona Antônia lavando roupa
Transporte escolar dos alunos é feito por uma embarcação de pequeno porte
em que passa pelo rio até a escola. Figura 15.
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Para se ter acesso à propriedade, primeiramente, deve-se subir o barranco,
íngreme e escorregadio, que, segundo dona Antônia, propício a acidentes tendo já
vitimado seu esposo. Figura 16.
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Figura 17: Fachada frontal da casa
A cozinha conta com um fogão a lenha e um a gás GLP, para no caso de falta
este último ter a opção do primeiro. Nem sempre existe a disponibilidade de se ir à
cidade adquirir uma botija.Figura 18.
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O banheiro é só para o banho e o reservatório para a água bombeada do rio e
capitada da chuva. Figura 19.
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Na varanda há uma escada que dá acesso ao segundo pavimento. Figura 21.
Na sala de estar onde fica a televisão que funciona através de uma bateria
que é alimentada por duas placas solares de pequeno porte e onde a família se
reúne todas as noites para ver a programação da televisão. Figura 22.
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Quarto do casal com uma cama para o filho caçula. Figura 23.
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Na parte externa está uma antena parabólica e duas placas solares pequenas
que são fonte de energia para a televisão. Figura 25.
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Data: 15/11/2013
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Fonte: Kenned Kaccio R.C
Data: 15/11/2013
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Fonte: Kenned Kaccio R.C
Data: 15/11/2013
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6.0 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
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Figura 33: Duto de ar coletor de vento.
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O controlador de carga carrega as baterias e ainda, como corrente contínua, a
energia das baterias é direcionada ao conversor que transforma energia contínua
em alternada, podendo funcionar todo tipo de eletroeletrônico da casa. Figura 34.
Fonte:http://www.solenerg.com.br/blog/sistemas-fotovoltaicos-conceitos-basicos/
Além de atender a demanda solicitada, a energia solar tem como fator atrativo
a economia gerada e a não agressão ao ecossistema. Devido ao fato de ser uma
fonte de energia limpa é considerada ecologicamente correta.
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térmica com quatro recipientes negros com água e tampados com um vidro. A água
aquecida descia por gravidade até as torneiras da casa. Com o passar das décadas,
o sistema se modernizou no mundo, inclusive no Brasil já se tem várias fábricas
deste tipo de aquecedor solar de água.
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6.4 Bombeamento da água com capitação do rio ou em poços
A bomba solar é uma bomba vibratória submersível para água doce destinada
ao uso em reservatórios ou cisternas. Pode ser instalada em qualquer lugar em que
haja sol, inclusive em locais remotos e de difícil acesso.
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Fonte:http://minhacasasolar.lojavirtualfc.com.br
Fonte: http://minhacasasolar.lojavirtualfc.com.br
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Fonte: http://minhacasasolar.lojavirtualfc.com.br
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A capitação da água da chuva é filtrada em três etapas: primeiro, o descarte
da primeira água que lava as telhas e desse com folhas e poeira;segundo, a água
passa em uma pequena caixa com brita, e, terceiro, cai em mais uma pequena
caixa, agora com areia, sendo assim filtrada e podendo ser armazenada em uma
cisterna para o uso como água potável.Tratada, ela tem o objetivo de suprir as
necessidades da casa.
A = área de captação;
I = índice pluviométrico anual:é a quantidade de água que cai por m² por ano
em uma região. Estes dados são obtidos junto aos órgãos estaduais. Em vitória (ES)
a média anual é 1.42 mm;
A = 150m²
P = 0.88
D = 0.90
Qt. Armazenada = A x I x P x D
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Figura 39: Como calcular a metragem quadrada de um telhado.
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Fonte: Lengen (2009, p.608)
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Fonte: http://aventurasconstrutivas.flaviocordova.com/2010/05/captacao-de-agua-da-chuva.html
A figura a seguir demonstra um modelo de cisterna com três partes que filtra e
armazena a água. Figura 42.
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Fonte: Lengen (2009, p.609)
6.6 Biodigestor
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Os biodigestores utilizam a energia natural que existe nos resíduos que
podem ser tanto de animais, como vacas e porcos, como lixo doméstico. A
degradação destes resíduos gera o gás metano, que pode ser aproveitado para
gerar energia. Nos biodigestores o metano é armazenado para posterior utilização
no aquecimento dos ambientes ou como gás de cozinha, substituindo o gás GLP.
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válvula de escape de pressão, também conhecida como corta chamas, um sistema
de segurança que evita que o fogo retorne para dentro do biodigestor, ocasionando,
assim,uma explosão. Figura 44.
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6.7 Tratamento do esgoto com fossa séptica
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Fonte: Venâncio (2010, p. 206)
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Fonte: Venâncio (2010, p. 207)
A água pode ser tratada em dois estágios: primeiro, a água que vem da pia da
cozinha e do tanque de lavar roupas, cai no primeiro estagio do tratamento. Na caixa
de gordura que, como o nome diz, serve para separar a água da gordura por
sistema de decantação, pois a água não se mistura com a gordura que flutua ficando
na parte superior da caixa. Periodicamente, a caixa deve ser aberta e a gordura
deve ser retirada para evitar um acúmulo excessivo. Figura 50.
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Fonte:Lengen (2009, p.662)
No segundo estágio, a água vai para um filtro de areia, que é uma caixa de
tijolos ou de concreto cheia de areia e brita disposta em camadas. A água entra por
um lado e sai pelo outro já filtrada. De vez em quando, muda-se a areia, se a água
ficar muito suja.
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Na cobertura da moradia usa-se telha de fibrocimento por ser mais barata e
fácil de se encontrar no mercado.Também exige menos emadeiramento. Mas por
absorver muita radiação é necessário impermeabilização com resina da cor branca.
Para se fazer o isolamento térmico da cobertura, utiliza-se como isolante
embalagens tetrapak, que são caixas de leite longa vida e que tem eficiência igual a
qualquer manta térmica a venda no mercado. A vantagem é que é um material
reciclado que não será descartado na natureza como lixo.
No lugar do ferro será utilizado o bambu, que tem sua eficácia já comprovada
na substituição do ferro em algumas estruturas. A argamassa de cimento e areia é
no traço 1:4. Normas correlatas NBR 15270 e NBR 8545.
Portanto, com isso, verificamos que a moradia ribeirinha pode ser constituída
com um conforto mínimo necessário, mesmo em condições de difícil acesso.
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7.0 ETAPAS PRÉ-PROJETUAIS
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7.2 Organograma
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7.3 Matriz de Relações Espaciais
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7.4Fluxograma
Figura 54:Fluxograma
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7.5 Zoneamento de Setores
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
LEGEN, Johan Van. Manual do arquiteto descalço. São Paulo: Empório do Livro,
2009.
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(org.). 15 textos de história da amazônia. Rio Branco: UFAC/Pró-Reitoria de
Assuntos Comunitários, 1995. p.139-167.
VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento sustentável: o desafio do século XXI. Rio de
Janeiro: Garamond, 2010. 220p.
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