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Rumi / DR
Rumi embarcou em diversas peregrinações, fazendo-se rodear por amigos e seguindo até
Bagdade, Hejaz, Meca (à qual fez a habitual peregrinação), Damasco, entre outras cidades.
Tanto a sua mãe como o seu irmão faleceriam na cidade de Karaman, na atual Turquia,
cidade em que Rumi Jcou a viver durante sete anos. Rumi casaria por duas vezes, tendo dois
Jlhos em ambos os casamentos. No entanto, Rumi Jcaria de vez na cidade de Konya,
também ela na atual Turquia, aos 21 anos, onde se Jxou para o resto da sua vida. Foi nesta
cidade em que, para além de dar aulas, herdando a posição do seu pai numa madrassa (uma
escola religiosa), que havia falecido, ensinava uma JlosoJa: o suJsmo. Era o rosto da tariqa
(uma JlosoJa de ensino voltada para a formação das práticas místicas e espirituais do
suJsmo, com vista a encontrar a verdade (haqiqa)). No entanto, deixaria essas funções para
segundo plano quando se tornou jurista, dando sermões e emitindo os seus pareceres legais
(as fatwas). Apesar de as relegar, nunca deixariam de ser a tradução mais plena da sua alma
e das suas intenções, visto que era na partilha e na sua expressão pessoal e íntima que
encontrava a sua realização. Assim, dividia a sua vida entre a família, o trabalho e as suas
lições espirituais e místicas.
Porém, alguém entraria na vida de Rumi e lhe viria a transformar as suas perspetivas
religiosas e JlosóJcas. Esse alguém foi Shams-i-Tabrizi, um poeta pérsico que esteve
durante quarenta dias em reclusão com Rumi enquanto o fazia orbitar dessa crença centrada
na Jgura de Maomé para uma bem mais ascética, bem menos incansável em relação à
obtenção dessa verdade indiscutível e de valor divino. A sua busca, havia percebido,
terminava em si mesmo, já que procurava a divindade em tantas fontes externas e nunca a
havia reconhecido em si mesmo. Rumi tornar-se-ia, assim, ascético, e dedicaria muita da sua
futura poesia a esse conhecimento que travou com esse homem que havia conhecido
casualmente. “Divan-e Kabir”, uma coleção de mais de quarenta mil versos, com diversos
poemas escritos em persa, mas também em árabe, grego e turco, numa diversidade
estilística bastante assinalável, onde se destacam os ghazals (odes árabes com um distinto
valor espiritual e transcendental) e rubais (quadras).
Vem,
Te direi em segredo
Aonde leva esta dança.
Vê como as partículas do ar
E os grãos de areia do deserto
Giram desnorteados.
Cada átomo
Feliz ou miserável,
Gira apaixonado
Em torno do sol.
Também património oral e intangível foi toda a sua poesia, um conjunto de escritos tão
inNuentes quanto místicos. O seu “Masnavi” – conhecido como o “Corão em Pérsico” –
abrange seis livros que, em mais de vinte mil versos, sensibiliza os suJs para o amor pleno e
verdadeiro a Deus. Nestes livros, estão, também, anedotas, fábulas e histórias quotidianas,
para além de nuances revelatórias do próprio Corão e do “Ahadith”, onde Jcaram as notas de
Maomé. É uma obra de introspeção, de interpretação dos escritos islâmicos fundida com a
ponderação das mais elementares questões JlosóJcas: o que é a vida e qual é o sue
signiJcado. Tudo isto com uma base monoteísta bem deJnida, sustentada na singularidade
de Deus (tawhid), que Rumi incentiva a que seja procurada enquanto se nega a própria
existência de cada um. É a forma reNexiva que encontra de, através do amor, estabelecer
uma conexão verdadeiramente íntegra e íntima com a divindade. Também a música e a
dança, como já referido, são formas que Rumi assinala como práticas de presença do divino e
de foco neste, de forma a destruir e ressuscitar a alma, que, agora, se direciona para a
verdade, crescendo ao sabor do amor e do abandono do ego. O encontro com essa verdade
divina é, assim, a chegada ao perfeito, depois dessa ascensão emocional e mental, que
devolve uma alma mais preparada para o dia-a-dia, mais espiritualmente madura e mais
predisposta a amar e a criar, sem espaço a discriminações e a proconceitos.
Para além da poesia, Rumi também redigiu prosa e até alguma correspondência. Assim,
Jcaram imortalizadas as suas palestras aos seus discípulos na obra “Fihi Ma Fihi”, palestras
muito coloquiais e de fácil acessibilidade às comunidades mais humildes, para além dos
sermões de “Majales-e Sab’a”, onde Rumi faz uma incursão pelos escritos dos seus poetas
prediletos, Attar e Sana’i, para além de perscrutar os sentidos mais íntimos dos escritos
islâmicos de base, como o Corão. Aqui, também Jca patente o seu conhecimento histórico e
cientíJco à data, com base no desenvolvimento que alavancou a Idade de Ouro Islâmica.
Eram sermões dados a pedido de gente nobre da sociedade e que Rumi dava ao estilo dos
melhores oradores do seu tempo. Da sua correspondência, “Makatib” é a mais Jel
compilação, em que constam as cartas trocadas com os seus familiares, os seus discípulos e
algumas dessas Jguras nobres, com um discurso adaptado a cada um dos seus remetentes.
Rumi tornou-se, assim, uma Jgura proeminente do misticismo lírico oriental. Não obstante,
tornou-se, de igual modo, uma Jgura com um traçado universal, dado os temas tão humanos
e humanistas que sempre abordou. Procurou sempre fomentar o crescimento humano em
prol de uma ideia de divindade que, no caso do poeta, se coadunou com a religião islâmica.
Porém, e por se desvincular da sua teologia mais conservadora, alcançou outros horizontes.
Horizontes de paz e de meditação, de uma reNexão que se faz conjunta, embora de
necessidade individual. É uma convivência que apela à introspeção para chegar à tão
ambicionada harmonia. O misticismo é um dos caminhos para que tal se proporcione, onde
se enquadra o suJsmo, que faz dele tão especial e singular de se ler, reler, reter e absorver.
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