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ENTREVISTA

Entrevista com
Martin Nordholts,
desenvolvedor do Gimp

ENTREVISTA
Entrevista com
Vitor Balbio,
criador do Projeto Ruínas

http://revista.espiritolivre.org | #011 | Fevereiro 2010

COMPUTAÇÃO GRÁFICA E
SOFTWARE LIVRE

N A MP MULTIMÍDIA JURIS
Montando um WebServer Fazendo música com O destravamento de bens
com PHP, Apache e software livre tecnológicos é ilegal?
MySQL no NetBSD
COM LICENÇA

Revista Espírito Livre | Fevereiro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |02


EDITORIAL / EXPEDIENTE

Bits, bytes e folia... EXPEDIENTE


Diretor Geral
Carnaval. Um período que agrada a alguns e desagrada a outros. São João Fernando Costa Júnior
momentos de alegria, descontração e até bastante culturais, desde que vividos
com sabedoria e responsabilidade. Nessa edição do mês da folia, praticamente Editor
não traremos muita coisa referente a festividades, aliás, nada. Entretanto, para João Fernando Costa Júnior
alegria da galera, esta edição está recheada de muita informação em matérias
inéditas e exclusivas. Revisão
Eliane Domingos
A matéria de capa vem trazendo a computação gráfica como um aliado ao Sandra Maria Tomaz
software livre. Este gênero de software encontra na liberdade um terreno fértil,
com muitas ferramentas de qualidade e facilmente disponíveis. Como Tradução
entrevistados teremos Martin Nordholts, desenvolvedor do projeto Gimp, que Paulo de Souza Lima
esclarece diversos pontos sobre as novas versões do popular editor de imagens.
Vitor Balbio é outro entrevistado, que explica com clareza seus projetos, dentre Arte e Diagramação
eles o Ruínas. Além destes, Alexandre Oliva, que participa da Free Software João Fernando Costa Júnior
Foundation Latin América, nos concedeu uma entrevista esclarecendo seu ponto Eliane Domingos
de vista sobre um evento bastante popular que acontece no próximo mês: o
FLISOL, o Festival Latinoamericano de Instalação de Software Livre, que Capa
acontece em diversas cidades das Américas. Além do FLISOL, conversamos com Carlos Eduardo Mattos da Cruz
Fernanda G Weiden, da Free Software Foundation Europa, sobre o Document
Freedom Day, evento que acontece simultaneamente em todo o mundo. Contribuiram nesta edição
Alan MeC Lacerda
Ainda sobre o assunto de capa, Carlos Eduardo, o Cadunico, apresenta
Alexandre Oliva
uma matéria bem ampla apresentado diversas ferramentas sobre o tema Ana Paula Gomes
proposto. Karlisson Bezerra, responsável pela famosa tirinha "Nerson Não Vai A Antônio Augusto Mazzi
Escola" também assina uma matéria comentando sobre a produção de tiras Cárlisson Galdino
utilizando software livre. Jomar Silva e Leandro L. Parente atacam com duas Carlos Eduardo Mattos da Cruz
matérias bem interessantes sobre multimídia. Diversas ferramentas são Cezar Taurion
apresentadas e discutidas. Relsi Hur Maron continua com sua série de artigos Fernanda G Weiden
sobre Joomla. Patrick Amorim traz a primeira parte de um artigo sobre perícia Hailton David Lemos
forense utilizando GNU/Linux. Jorge Augusto continua seus com seus artigos João Fernando Costa Júnior
sobre empregabilidade enquanto Hailton Lemos apresenta uma perspectiva Jomar Silva
interessante mostrando como a biologia está inspirando a informática. Tem Jorge Augusto M. Carriça
matéria sobre reciclagem digital, moodle, jailbreaking e muito mais. Karlisson Bezerra
Leandro Leal Parente
Já estamos caminhando rumo ao nosso primeiro aninho... É, algo que
Martin Nordholts
podemos dizer bem complicado em se tratando das circunstâncias que permeiam
Otávio Gonçalves de Santana
a comunidade num geral. Pensando nisso, estamos preparando surpresas a partir Patrick Amorim
da edição nº 13. Aguardem! Paulo de Souza Lima
Vocês vão perceber que a agenda está apresentando pouquíssimos Rafael Marassi
eventos nos últimos meses. Pois então, conforme o ano vai tomando forma ao Relsi Hur Maron
longo dos meses, os eventos vão aparecendo. Sabe-se que o primeiro semestre é Ricardo Pontes
um período fraco em eventos, porém conforme formos sabendo, vamos Roberto Salomon
publicando-os. Vitor Balbio
Walter Capanema
Nossos sinceros agradecimentos a todos que contribuíram de forma Wallison Narciso
indescritível para que mais uma edição da Revista Espírito Livre. Sem estes essa Wesley Samp
edição não seria possível. Agradecimentos também aos nossos leitores que nos Yuri Almeida
injetam de ânimo todos os dias. Aqueles que nos seguem pelo Twitter, Identi.ca e
demais veículos, estejam atentos: não custa lembrar que as promoções e Contato
novidades são apresentadas primeiramente nestes veículos e no site oficial da re- revista@espiritolivre.org
vista [http://revista.espiritolivre.org].
O conteúdo assinado e as imagens que o
Agradecimentos a todos que não foram citados acima e integram, são de inteira responsabilidade
que formam esta família que compõe a Revista Espírito Livre. de seus respectivos autores, não
representando necessariamente a
opinião da Revista Espírito Livre e de
seus responsáveis. Todos os direitos
sobre as imagens são reservados a seus
respectivos proprietários.
João Fernando Costa Júnior
Editor

Revista Espírito Livre | Fevereiro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |03


EDIÇÃO 011

SUMÁRIO
CAPA
Entrevista com
35 Software Livre na
Computação Gráfica Martin Nordholts,
Estamos bem servidos...
desenvolvedor do
39 Quadrinhos e Software Livre
Olha o Nerdson aí!
Gimp

42 LiveBrush PÁG. 26
Software livre de desenho desenvolvido
em Adobe AIR
Entrevista com
Vitor Balbio,
COLUNAS criador do Projeto
Ruínas
13 Ah!, a falta que ela faz
Bye-bye...
PÁG. 30
17 Warning Zone
Episódio 5 - O Resgate

20 (des)Organização do modelo
OpenSource
Como isso funciona?

24 Carnavalesco
Pura folia...

MULTIMÍDIA
44 Fazendo música com
software livre
Puro som...

50 Jack Audio Connection Kit


Parte 1
96 AGENDA 06 NOTÍCIAS

ENTREVISTA
53 Alexandre Oliva
Alexandre abre o jogo!
DESENVOLVIMENTO
58 Joomla
Criando portais instantâneos Parte 3 GAMES
80 Linux é algo chato...
Será?!
EMPREGABILIDADE
62 A selva de dados chamada
Internet JURIS
Esteja atento!
83 Destravamento é ilegal?
Uma análise jurídica sobre jailbreaking

FORUM
65 Tempestade em copo d'água PROJETO
Faíscas entre EUA X China
Projeto Reciclagem Digital
87 Vamos reciclar!
SEGURANÇA
68 Perícia Forense com Linux
FTDK
EDUCAÇÃO
Olhando minusciosamente...
89 Moodle
Educação a Distância

SYSADMIN
72 NAMP EVENTOS
NetBSD+Apache+MySQL+PHP

91 Document Freedom Day 2010


Vamos participar?!
GESTÃO
93 Ekaaty Day+KDE Party +
Comunidades SL -
76 Gestão da Informação
Como a Biologia está influenciando a Salvador/BA
informática Relato do evento

95 QUADRINHOS
Os Levados da Breca
HelpDesk

96 ENTRE ASPAS
Citação de Andrew Stuart
Tanenbaum
10 LEITOR 12 PROMOÇÕES
NOTÍCIAS

NOTÍCIAS
Por João Fernando Costa Júnior

Apache completa 15 anos gins ou outros recursos para conversão. Mais in-
No dia 23 de fevereiro formações e download em
de 1994, autores indivi- http://www.broffice.org.
duais de patches ao re-
dor do mundo foram Opera abre código do Dragonfly
convidados a partici- Dragonfly é a resposta da Ope-
par da lista "new-httpd" para discutir melhorias e ra ao Firebug, e tem objetivo
futuros lançamentos do NCSA httpd. O nome similar: uma ferramenta que fa-
Apache foi escolhido para este novo esforço já cilita que o desenvolvedor
nos dias iniciais da discussão, juntamente com web depure JavaScript e ins-
regras básicas para colaboração via e-mail e a pecione CSS, DOM e headers
missão de substituir o então atual servidor com HTTP. O Dragonfly esteve sob
um novo sistema, baseado em padrões, open uma licença open source des-
source e extensível. Atualmente ele é usado pa- de o princípio de seu desenvolvimento, mas os
ra possibilitar acesso a cerca de 111 milhões de repositórios e o desenvolvimento eram internos.
sites em todo o mundo e está em sua versão es- Mas agora isso vai mudar, e o o Dragonfly pas-
tável 2.2.14 e alpha 2.3.5. A história do projeto sará a ser desenvolvido a partir de um repositó-
encontra-se em http://ur1.ca/nvoc. rio publicamente acessível, assumindo a
natureza de um projeto de código aberto. Deta-
Kernel Linux 2.6.33 é lançado lhes em http://www.opera.com/dragonfly.
Foi lançado na última quarta-
feira a versão 2.6.33 do kernel Lançado Ubuntu 10.04 Lucid Lynx Alfa 3
linux. O kernelnewbies já con- Lançado o terceiro alfa da
ta com os detalhes em versão que sairá no final
http://kernelnewbies.org/Linux- de abril, o Ubuntu 10.04
Changes. Outras informações Lucid Lynx. Por ser uma
interessantes podem ser en- versão alfa não se reco-
contradas em http://www.linux- menda o uso em máqui-
foundation.org/collaborate/lwf. Para baixar, visite nas de produção, já que
o site oficial http://kernel.org. ainda não está estágio de
testes. A agenda de próximas liberação das pró-
BrOffice.org 3.2 Disponível para download ximas versões consta: 18/03/2010 – Beta1,
Já está disponível 8/04/2010 – Beta2, 22/04/2010 – Versão candi-
para download a ver- data e 29/04/2010 – Ubuntu 10.04 LTS. A ver-
são 3.2 da suíte de são vem com o Ubuntu One Music Store,
escritório gratuita e livre. Vem com diversas me- GNOME 2.29.91, Kernel 2.6.32.8, KDE SC 4.4,
lhorias em relação a última versão, trazendo ain- likewise-open, MeMenu e muito mais. Anúncio
da algo bastante aguardado: o Broffice.org 3.2, oficial aqui: http://www.ubuntu.com/testing/lu-
suporta a partir de agora, todos os formatos do cid/alpha3.
Office 2007, sem a necessidade de baixar plu-

Revista Espírito Livre | Fevereiro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |06


NOTÍCIAS

Língua Portuguesa é a terceira mais usada Lançada terceira edição de revista digital so-
no Twitter bre Gimp
Um estudo realizado pela Se- Esta edição conta com a
miocast mostrou que o portu- participação de Guilher-
guês é o terceiro idioma me Razgriz e de Camila
mais utilizado no Twitter Magri, e tem ênfase no
com 9% ficando atrás ape- publico iniciante no
nas do Japonês com 14% e Gimp. São abordados os
do obvio inglês com 50%. É seguintes assuntos: pro-
um fato interessante tendo dução gráfica com software livre, os formatos de
em conta que o espanhol consegue apenas 4% imagens, os efeitos e camadas e seus grupos e
e outros idiomas como italiano, francês e ale- mais algumas dicas relativas ao Gimp. Informa-
mão ficam entre 1% – 2% das mensagens no ções no site: gimplab.wordpress.com.
Twitter. Detalhes e mais informações aqui:
http://ur1.ca/nvp8.

Modelos 3D feitos no Blender disponíveis gra- Ubuntu torna-se o sistema padrão dos tele-
tuitamente centros
Cícero Moraes, artista gráfi- A Serpro customiza uma versão mais leve do
co, decidiu disponibilizar à sistema operacional, capaz de funcionar em má-
comunidade o seu acervo quinas com configuração simples. Com o Ubun-
de modelos 3D (.blend), tu, os computadores dos telecentros passam a
confeccionados do zero e aceitar atualizações e oferecer opções de aces-
utilizados em trabalhos rea- sibilidade para deficientes visuais. A partir dessa
lizados por ele. Os mode- definição do Programa Serpro de Inclusão Digi-
los servem tanto para tal, todas as novas máquinas doadas pela em-
serem utilizados em cena, quando para serem presa utilizarão o Ubuntu. Os mais de trezentos
estudados por iniciantes no Blender. Conforme telecentros já existentes serão atualizados de
novos projetos forem aparecendo, Cícero prome- forma gradual, durante visitas técnicas. Antes
te disponibilizando novos arquivos. Para quem da opção pelo Ubuntu, as máquinas utilizavam o
quiser baixá-los, segue o link: http://www.cicero- Fedora 4. Detalhes aqui: http://ur1.ca/nvph.
moraes.com.br/viewDownloads.php?tipo=ct-
gid&busca=2. Kingston lança cartões SDHC de classe 10
A Kingston anunciou o lança-
Microsoft publica especificações dos arqui- mento dos seus cartões SD
vos .pst do Outlook de classe 10. Disponíveis em
Finalmente a Microsoft cumpriu com a promessa versões de 16 e 32GB, estes
de publicar as especificações dos arquivos .pst cartões garantem um taxa de
que o Outlook utiliza para guardar os e-mails local- transferência de dados míni-
mente. Trata-se de uma ótima notícia para as pes- ma de 10MBps podendo atin-
soas e empresas que tem seus e-mails gir os 18MBps em escrita e os
arquivados neste formato e desejam migrar para 22MBps em leitura. Quanto
outro cliente de e-mail, já que anteriormente as ao preço, a Kingston afirmou que o modelo de
conversões de arquivos .pst eram complicadas de 16GB irá custar $129 enquanto que a versão de
realizar. Detalhes aqui: http://ur1.ca/n6qk. 32GB terá o valor de $245.

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NOTÍCIAS

Facebook agora acessível via XMPP/Jabber Twitter lança página reunindo suas contribui-
A rede social Facebook incor- ções em código aberto
porou recentemente o supor- O Twitter lançou nos últimos dias uma nova pá-
te a Jabber/XMPP de forma gina que apresenta todos os projetos de código
que agora é possível conec- aberto que fazem parte do portfólio da empresa.
tar usando Pidgin, Adium, bitl- A “Twitter loves open source”, traz diversos pro-
bee ou qualquer outro cliente jetos escritos em linguagens como Java, C e
Jabber/XMPP. Por enquanto Ruby que foram utilizadas na criação do micro-
não interconecta com ne- blog e em outras iniciativas da comunidade
nhum servidor Jabber/XMPP open source. Visite: http://ur1.ca/mk5k.
da rede pública. Os detalhes
podem ser conferidos aqui: http://ur1.ca/m7wa. Microsoft vai oferecer escolha de navegado-
res na Europa a partir de março
Tradutor de textos com anotações Essa mudança, fruto de
E você, está cansa- acordo legal com a comis-
do de ficar copian- são européia, está em ges-
do e colando tação há tempo, e
palavras em um tra- aparentemente será coloca-
dutor para depois da em prática nas próximas
reunir tudo no seu OpenOffice.org? Pois bem, semanas – já está em teste
seus problemas acabaram! A ferramenta em em 3 países. Um vice-presi-
questão traduz textos de diversas linguas utilizan- dente da Microsoft, citado
do o Google. Basta selecionar o texto e modifi- pela BBC, informou que os usuários terão a es-
car o idioma de sua escolha na barra de status. colha de permanecer com seu navegador atual
Ficou curioso? Baixe a extensão e confira: ou trocá-lo por uma das opções oferecidas, que
http://extensions.services.openoffice.org/en/no- incluem Chrome, Firefox, Opera e Safari. Deta-
de/3661. lhes em http://ur1.ca/n1qs.

Nasce o MeeGo Projeto Cauã - Jon maddog Hall lança vídeos


Intel e Nokia anuncia- de divulgação
ram uma promissora John 'Maddog' Hall
parceria afim de unir lançou recentemente
Maemo e Moblin em uma série de vídeos
um novo produto cha- divulgando o Projeto
mado MeeGo, com o Cauã, no qual exerce
propósito de ser utiliza- a presidência. Este
do em qualquer tipo de dispositivo que se possa projeto visa, entre ou-
imaginar. O MeeGo será construído a partir do tras coisas, promo-
núcleo Moblin, com a Qt sendo o ambiente de de- ver a inclusão digital, criar empregos, tornar a
senvolvimento de aplicação. O projeto será hos- computação mais fácil, tudo isto de maneira sus-
pedado de forma aberta pela Linux Foundation. tentável e ambientalmente correta. Estes vídeos
A notícia completa pode ser conferida aqui: receberam legendas em português e podem ser
http://www.osnews.com/story/22875/Nokia_Intel_- vistos no seu respectivo canal no YouTube:
Merge_Moblin_Maemo_Into_MeeGo. http://www.youtube.com/ProjectCaua.

Revista Espírito Livre | Fevereiro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |08


NOTÍCIAS

Livro grátis - GNU/Linux Advanced Adminis- ção sistema. Mesmo não estando completo, o
tration PDF guia já aborda de maneira bem simples e práti-
A "Free Technology Aca- ca os principais módulos do sistema e ele costu-
demy (FTA)" acaba de lan- ma ser atualizado de acordo com as
çar o excelente "The necessidades da BrodTec e seus clientes. O ma-
GNU/Linux operating sys- terial está disponível em
tem" cujo conteúdo princi- http://www.brod.com.br/sugarcrm-guia-pr-tico.
pal trata da administração
do sistema. Você aprende- Disponibilizada abiCloud 1.0GA, sob licença
rá a instalar e configurar di- LGPL
versos serviços e como Acaba de ser liberada
otimizar e sincronizar os recursos usando a versão 1.0GA da
GNU/Linux. Mais informações aqui http://www.cy- abiCloud, uma plata-
berciti.biz/tips/gnulinux-advanced-administration- forma livre para geren-
pdf-book.html. ciamento de nuvens
privadas, que permite
Projeto "Brasil 250 Cidades" avança para se- controlar máquinas vir-
gunda etapa tuais, armazenamento
A comunidade brasileira e redes. Além disso, a partir desta versão a li-
do OpenStreetMap con- cença da abiCloud passa a ser LGPL. A Abi-
cluiu com sucesso a pri- Cloud funciona sob VirtualBox, Xen e KVM.
meira etapa do Projeto Quer saber mais então visite http://www.abi-
Brasil 250 Cidades, produ- cloud.org.
zindo informações livres
sobre conexões entre PC-BSD 8.0 lançado
mais de 80 cidades brasi- A equipe de desen-
leiras. Agora o projeto par- volvimento do PC-
te para seu maior objetivo, que é produzir um BSD anunciou o
mapa roteável livre entre as 250 maiores cida- lançamento da ver-
des brasileiras. Para isso, são necessário mapea- são 8.0 (codinome
dores que conheçam as regiões mapeadas, e Hubble), a qual instala FreeBSD 8.0-RELEASE-
que possam ajudar com um mapeamento de qua- P2 e KDE 4.3.5. O PC-BSD é um sistema opera-
lidade. Para saber como participar, acesse o wi- cional que visa fornecer a possibilidade de insta-
ki do projeto. http://wiki.openstreetmap.org/wiki/ lar um FreeBSD 8 totalmente funcional desde o
WikiProject_Brazil/Brasil_250_Cidades. primeiro momento e com o ambiente gráfico
KDE. Por outro lado, também oferece ferramen-
Guia Prático do SugarCRM em português tas próprias e exclusivas do PC-BSD que aju-
A BrodTec, de Cesar dam o usuário a ter uma melhor experiência ao
Brod e Joice Käfer, uti- utilizar um BSD. Mais detalhes no site oficial
liza internamente o http://www.pcbsd.org.
SugarCRM e tam-
bém implanta o siste-
ma para seus
clientes. Recentemente, a dupla disponibilizou Quer contribuir? Então entre em contato
no portal da empresa seu guia prático de utiliza- pelo email revista@espiritolivre.org

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COLUNA DO LEITOR

EMAILS,
SUGESTÕES E
COMENTÁRIOS Ayhan YILDIZ - sxc.hu

Ainda em clima de carnaval os comentários vão mais importantes meios de informação e


chegando... São leitores expondo suas experiên- divulgação do Linux e software livre em geral. É
cias, sugestões, situações ou simplesmente di- objetiva, tornando-se agradável para iniciados
zendo o que acham da revista. Diga-nos o que ou não em SL.
achou da última edição ou das últimas matérias! Marcus Paulo T. de Campos - São Paulo/SP
Não gostou de algo? Ficou satisfeito por ter
encontrado o que procurava? Então entre em Acho que a revista é um meio excelente para
contato, envie suas sugestões e críticas. Abaixo divulgação das ideias livres. Concentra num só
listamos alguns comentários que recebemos no lugar varios materiais do vasto universo livre!!!
último mês: E é impressindível esse tipo de divulgação para
manter e aumentar cada vez mais os niveis de
É uma revista mais que interessante, onde maturidade de todo movimento de tecnologias
abordam assuntos como tecnologia da livres.
informação e comunicação tendo sempre como José B. Neto - São Sebastião do Paraíso/MG
carro-chefe o software e a cultura livres de uma
forma dinâmica e atraente. Adoro. Excelente revista, material informativo e
Clécio J. Lima Ponciano - João Pessoa/PB importante, relevante para todos os amantes do
espírito livre.
Acabei de conhecer a Revista Espírito Livre e Alexssandro S. Souza - Campinas/SP
estou achando uma excelente revista. Sem
sombra de dúvidas é a melhor do seguimento. Iniciativa de coragem, ótima abordagem de
Edivaldo Pereira - Gama/DF temas, excelente visual...
Oswaldo A. Sá Ferreira - Nova Friburgo/RJ
A revista é de alta qualidade mesmo. Já foram
lançadas 10 edições com matérias exclusivas e Simplesmente a melhor fonte de informação
objetivas sobre o Software Livre em geral. As sobre o Linux e o Software Livre em geral.
edições que mais me chamaram atenção foi a Denis Rodrigues Ferreira - Uberlândia/MG
de nº8 (Comunidades e Movimentos Livres) e
nº9 (Redes Sociais) que conseguiram me ajudar A melhor ... Muito Boa, parabenizo a todos que
a levar as cultural Web 2.0 e a filosofia do possibilitam a leitura desta revista, que esta, na
Software Livre na empresa que trabalho. minha opinião, saindo melhor que algumas
Abraço pessoal e parabéns pelo trabalho! revistas pagas, conteúdo bom, de fácil
Rafael Leal da Silva - Santo André/SP entendimento, variados assuntos!! Revista
Show!
A Revista Espírito Livre é atualmente um dos Julio Gadioli Soares - Belo Horizonte/MG

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COLUNA DO LEITOR

Maravilhosa, estou usando Ubuntu depois da open source, principalmente pra mim que estou
Revista. Já imprimir as 9 edições para guardar descobrindo essa área agora.
para sempre. Erasmo Nepomuceno - Itaquaquecetuba/SP
Leonardo H. Falcão - Campina Grande/PB
Eu acho que a revista é muito bem
Muito legal, até o momento não me recordo de desenvolvida e tantas outras coisa que não
alguma matéria que não fosse fundamental caberiam nesse espaço.
para meus conhecimentos da área de TI. Cleber Antonio Euzebio - Mirassol/SP
Marco Aurélio Capela - Ananindeua/PA
Adoro a Revista Espírito Livre, vejo ela como
Essa revista tem se tornado minha referência uma revolução sendo para mim; uma revista tão
principal no que tange Software Livre e suas boa ou melhor do que muitas outras que se
aplicações nas diversas facetas do mundo pode comprar em bancas. Sempre que posso
tecnólogico em que vivemos. Qualquer decisão indico ela a alguem, e faço isso sem medo, pois
a se tomar, ou que prgrama similar utilizar para sei que o seu conteúdo é de primeira!
continuar com o Linux no trabalho tem-se sido Thiago Lima de Sousa - Florianópolis/SC
baseada nos excelentes artigos encontrados
aqui. Além do que ela também tem contribuído,
e muito, com o enriquecimento dos embates
filosóficos na Faculdade sobre a utilização tanto
do software como do modelo de trabalho
colaborativo pregado por este "Movimento Open
Source".
Raphael Silva Souza - Macarani/BA

Gostei bastante do conteudo; já ri bastante com


alguns artigos, principalmente a matéria sobre Comentários, sugestões e contribuições:
aterramento na 4ª edição. Gosto também
porque tem bastante conteudo sobre o universo revista@espiritolivre.org

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PROMOÇÕES · RELAÇÃO DE GANHADORES E NOVAS PROMOÇÕES

PROMOÇÕES
Na edição #010 da Revista Espírito Livre tivemos diversas promoções bem como promoções através
de nosso site e canais de relacionamento com os leitores, como o Twitter e o Identi.ca, onde
sorteamos diversos brindes, entre eles associações, kits, cds, inscrições a eventos e camisetas.
Abaixo, segue a lista de ganhadores de cada uma das promoções. Fique ligado!

Ganhadores da Promoção VirtualLink:

1. Clécio José de Lima Ponciano - João Pessoa/PB


2. Edivaldo Pereira - Gama/DF
3. Roger de Oliveira - Osório/RS
4. Yann da Silva Melo - Batalha/AL
5. Marcus Paulo Tavares de Campos - São Paulo/SP

Ganhadores da promoção Clube do Hacker:

1. Rafael Leal da Silva - Santo André/SP


2. Cleiton Domazak - Joinville/SC
3. João Eduardo Borges Benevenuto - Campo Grande/MS

A promoção continua! A VirtualLink em parceria


com a Revista Espírito Livre estará sorteando kits
de cds e dvds entre os leitores. Basta se inscrever
neste link e começar a torcer!

Não ganhou? Você ainda tem chance! O


Clube do Hacker em parceria com a Revista
Espírito Livre sorteará associações para o
clube. Inscreva-se no link e cruze os dedos!

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COLUNA · ALEXANDRE OLIVA

Ah!, a Falta que Ela Faz


Por Alexandre Oliva

Cierpki - sxc.hu

Uma porção de gente já ficou sabendo


que, em pleno Carnaval, decidi interromper um
longo relacionamento. Pra quem não viu, segue
cópia da carta aberta que escrevi para quem me
traiu minha confiança:

Caro Google,
Estamos juntos há vários anos, mas devo
dizer que ultimamente vinha pensando cada vez
mais em romper com você. Sua recente traição
pública me fez decidir que não quero mais estar
envolvido com você. Entendo que seja Dia de
São Valentim, que é dia dos namorados no seu
país de origem, e também Carnaval, mas... o
que você esperava que eu fizesse? Confiança é
algo que se constrói com dificuldade ao longo
de anos, mas se perde numa fração de segundo.

Revista Espírito Livre | Fevereiro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |13


COLUNA · ALEXANDRE OLIVA

Faz tempo que lhe dou acesso a algumas Também vou convidá-los a se manterem em
partes íntimas da minha vida. No começo, eram contato comigo através de outros meios.
só arquivos de listas públicas. Aí, você me aju- Para mensagens instantâneas, podem che-
dou a manter contato com amigos que de outra gar a mim em lxoliva@jabber.org e lxoliva@jab-
forma eu talvez nunca mais encontrasse. Aí vo- ber-br.org. Mesmo aqueles que escolham
cê começou a escutar minhas conversas, mas continuar com você podem registrar esse ende-
até isso era mais ou menos ok, pois eu tinha reço alternativo no GTalk, ainda que eu preferi-
aceitado, não tinha? Você sempre disse que eu ria que se registrassem em jabber.org usando
podia confiar em você, e eu confiei. Não pare- alguma implementação em Software Livre do
cia que você iria compartilhar a informação parti- protocolo de mensageria instantânea XMPP ado-
cular que eu compartilhei com você, então a tado pelo GTalk, como o Pidgin.
confiança foi aumentando ao longo dos anos.
Para redes sociais, vou continuar com a re-
Mas outro dia conheci um lado seu que de do PSL-Brasil, que roda Noosfero, e gNewBo-
não conhecia, dizendo na TV o quanto você valo- ok, construído sobre elgg. Não se preocupe,
rizava a privacidade: que se havia alguma coisa Google, não vou entrar no Facebook, seria pelo
que eu não quisesse que ninguém soubesse, eu menos tão burro quanto continuar no Orkut.
não deveria fazer essa coisa. Ainda assim,
achei que fosse um simples engano seu, e que Para microblogging, continuo no identi.ca,
eu ainda podia confiar em você, então eu continu- que roda StatusNet.
ei com você. Pidgin, Noosfero, elgg e StatusNet são to-
E aí o Buzz me atingiu. Foi demais pra dos Software Livre. Eles respeitam as liberda-
mim. des essenciais de seus usuários, inclusive
usuários através da rede. Eu sei que tenho direi-
Até onde sei, não dependo de minha priva- to de compartilhá-los com meus amigos, adaptá-
cidade neste momento para minha segurança fí- los para minhas necessidades, instalar minhas
sica, como Harriet Jacobs, ou para o próprias cópias e configurar minhas próprias re-
desempenho de meu trabalho, como jornalistas des interoperáveis se eu quiser, e muito mais.
que tiveram suas fontes expostas quando Buzz Ao contrário de outros serviços de microblog-
foi empurrado para cima deles. ging, redes sociais e mensagens instantâneas.
Mas, assim como confiança, privacidade é E, ainda por cima, estou amando desenvolvedo-
algo que custa dedicação ao longo de anos, e res deles.
um pequeno erro desfaz um monte de trabalho Quanto a e-mail, uso lxoliva@fsfla.org para
duro. Não quero esperar pelo dia em que eu per- assuntos de Software Livre e oliva@lsd.ic.uni-
ceba que preciso de minha privacidade de volta. camp.br para outras coisas... E-mail é pra ser
Google, perdi a confiança que tinha deposi- particular, então não recomendaria usar qual-
tado em você, mas não acho que seja tarde de- quer serviço de terceiros, mesmo que construí-
mais para eu evitar perder também minha do sobre Software Livre. Nao é difícil configurar
privacidade. Estou fechando nossas contas con- seu próprio serviço de e-mail via web; eu mes-
juntas, esvaziando as gavetas que você reser- mo administro os servidores dos dois endereços
vou para mim no seu closet, destruindo as pessoais que uso. Não têm um exército de em-
chaves depois de trancar as portas, e não vou pregados seus por trás deles, mas dada a entre-
lhe deixar mais acessar minhas partes íntimas. vista do funcionário do Facebook, um exército
Também estou dizendo a todos os nossos assim parece mais uma maldição que uma bên-
amigos que eu terminei com você, e por quê. ção.

Revista Espírito Livre | Fevereiro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |14


COLUNA · ALEXANDRE OLIVA

Google, se precisar, você sabe onde me en- com o GTalk. Como poderia sentir falta dessas
contrar e, se não soubesse, há outros serviços coisas?
de busca por aí que podem saber. O mesmo va- Mesmo assim, uma porção de gente achou
le para todos os meus amigos. Vejo vocês por o rompimento exagerado, questionando até se
aí. eu não estava usando dois pesos e duas medi-
Até blogo, das. Na verdade, minha política de evitar confiar
informação pessoal a terceiros vem se aguçan-
do há bastante tempo. Google era uma exce-
Já faz quase um par de semanas que to- ção, e deixou de ser, justamente porque já não
mei a decisão e, olha... Uma coisa preciso reco- mais me parece, digamos assim, boa compa-
nhecer: foi bem fácil deixar tudo para trás. nhia, em que se pode confiar.
Não me agrada entrar em relacionamentos Justamente pela espectativa excepcional
de dependência, então eu já mantinha cópia lo- senti minha confiança traída. Os problemas de
cal de todos os meus dados: mensagens, conta- privacidade no Facebook, que mencionei na car-
tos, calendários, etc. Google sempre fez ta, não me surpreenderam; estão mais para típi-
questão de me deixar manter essas coisas, aber- cos que absurdos. Os acidentes que
tamente, inclusive em formatos abertos livres, aconteceram no Google no passado, tipo quan-
pra que, se um dia eu quisesse ir embora, eu do gente começou a encontrar, através do servi-
não seria impedido. É uma atitude exemplar, dig- ço de busca, documentos particulares de
na de respeito e admiração, pois não se vê mui- terceiros armazenados no Google Docs, são par-
to por aí. te do risco de deixar a informação nas mãos do
Outra coisa que meio que me surpreendeu outro, por mais responsáveis que sejam. Não
foi que eu continuei usando alguns serviços que dá pra qualificar um acidente desses como trai-
não esbarravam em questões de privacidade. ção de confiança.
Busca e mapas foram os que eu percebi: podem Mas o caso do Buzz foi diferente. Certa-
ser usados anonimamente, uma vez removidos mente não foi um acidente na linha daquele do
os biscoitinhos que Google continua me mandan- Google Docs. “Fez falta, sim!”, talvez dissesse
do, mas já não aceito mais. Arnaldo Cézar Coelho, “falta clara, pra cartão
Dos outros serviços, não senti falta. Pelo vermelho, muito bem marcada!” De fato, só ve-
contrário: estou livre do ruído constante do Or- jo duas linhas de cenários possíveis que condu-
kut, não preciso mais fazer controle duplo de zem a essa falta.
Spam (e se alguém mandasse mensagem pro Numa delas, algum funcionário, preocupa-
endereço do GMail e caísse na caixa de Spam do e responsável, chamou atenção pra questão
da qual não tinha como receber cópia automáti- de privacidade da publicação automática de con-
ca?), estou tranquilo que a caixa do GMail não tatos particulares no Buzz: além de ser um uso
vai lotar de novo, não preciso mais ver como fa- público inesperado de informação particular, le-
zer pra separar a parte particular da pública no vanta riscos para relacionamentos pessoais (já
meu calendário no ORG-Mode do GNU Emacs, em risco, vá lá), para jornalistas e suas fontes
nem tentar achar um jeito de alimentar o calendá- anônimas, para ativistas de direitos humanos
rio do Google a partir dali. perseguidos por tiranos (não é irônico que, pou-
O melhor de tudo é que ninguém mais fica cos dias após denunciar a invasão chinesa, Goo-
pensando que eu passava o dia no Orkut, ou gle torna pública a informação que os invasores
que eu usava a página do GMail carregada de buscavam?), e sabe lá pra quem mais. Aí, um
Obfuscript, só porque o Pidgin se registrava gerente comercial mais preocupado em tentar

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COLUNA · ALEXANDRE OLIVA

ganhar espaço no imenso mercado de redes so- outro, como mudou com o Buzz. Apesar de vári-
ciais, em que Google está atrás, descarta a obje- os dos problemas do Buzz terem sido corrigidos
ção e vai em frente com o plano de construir a prontamente, a confiança de que essas ques-
rede do dia para a noite com contatos particula- tões seriam levadas a sério e tratadas adequa-
res. Péssimo, né? damente, de modo a evitar problemas, e sem
Noutro cenário, nenhuma das inteligentíssi- precisar de protestos generalizados, já se foi.
mas pessoas que trabalham para o Google e es- Pena.
tavam envolvidas no projeto considerou nada Quem já achava que era uma questão de
disso. Honestamente, não bom senso, que não ca-
sei qual das possibilidades bia confiar no Google pa-
é mais preocupante. ra questões tão sensíveis
Não que eu tenha como integridade física,
perdido alguma coisa. Eu Tem gente contatos com fontes anô-
nimas, redes de combate
era relativamente cuidado-
so com as informações
que não está nem aí a tirania, teria enfrentado
minha discordância an-
que disponibilizava pro Go- que seus contatos tes, pois eu via Google
ogle. Porém, tendo pon-
defendendo na justiça a
tos de contato públicos, eu sejam públicos, e por privacidade até de prová-
acabava induzindo outras
pessoas a compartilharem isso minimiza o veis pedófilos virtuais.
Hoje, concordo: não dá
informação com Google,
seja quando queriam en- problema do Buzz. Mas pra confiar a privacidade
trar em contato comigo a ao Google, e tenho certe-
respeito de assuntos pes- será que se importaria za de que Google já sabe
muito bem a falta que a
soais, seja quando sim-
plesmente seguiam o
se o conteúdo de suas confiança faz.
modelo que eu adotava, conversas ou correios
sem saber dos cuidados Copyright 2010 Alexandre Oliva
que eu tomava. Por isso, eletrônicos fosse
achei melhor dar um basta.
Além disso, talvez eu
exposto? Cópia literal, distribuição e
publicação da íntegra deste artigo
tenha mesmo tomado me- Alexandre Oliva são permitidas em qualquer meio,
nos cuidado do que deve- em todo o mundo, desde que
ria, dadas as novas sejam preservadas a nota de
circunstâncias. Aliás, isso levanta um ponto im- copyright, a URL oficial do documento e esta nota de permissão.
portante. Tem gente que não está nem aí que http://www.fsfla.org/svnwiki/blogs/lxo/pub/falta-que-ela-faz
seus contatos sejam públicos, e por isso minimi-
za o problema do Buzz. Mas será que se impor-
taria se o conteúdo de suas conversas ou ALEXANDRE OLIVA é conselheiro da
Fundação Software Livre América Latina,
correios eletrônicos fosse exposto? Desta vez, mantenedor do Linux-libre, evangelizador
a informação que Google publicou não lhes inco- do Movimento Software Livre e engenheiro
de compiladores na Red Hat Brasil.
modaria, mas e da próxima? Quem pode saber Graduado na Unicamp em Engenharia de
que novas circunstâncias surgirão? Computação e Mestrado em Ciências da
Computação.
A política pode mudar de um instante para

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COLUNA · CÁRLISSON GALDINO

Por Carlisson Galdino

Cidade de Stringtown, Bahia. Uma das empre-


sas mais conhecidas na área de inovação tecno-
lógica sofre um grave acidente envolvendo seu
projeto de desenvolvimento de um vírus biológi-
co. Como consequência de tão grave acidente,
seus funcionários e o chefe adquirem super-po-
Episódio 05 deres. Ao despertarem, Darrel e Pandora ouvem
seu chefe falar de dominação mundial e fogem,
O Resgate sem que os vejam. O casal volta à base para
descobrir com mais precisão o que estava acon-
tecendo, quando ouvem seu chefe falar em des-
truir os dois, caso não queiram se juntar ao
grupo. No capítulo anterior, Darrel e Pandora de-
batiam sobre a questão. Neste, eles vão tentar
resgatar Louise.

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COLUNA · CÁRLISSON GALDINO

No capítulo do mês que vem, eles enfrentam o arrumaram tanta placa de aço dando bobeira de
Homem-Serpentina; no seguinte eles vão ao uma hora pra outra?
shopping tomar sorvete de tapioca; no outro
eles... Nota do autor: não olhem pra mim... :-P

Darrel: Lá está a SysAtom... Darrel: Depois do que o vírus fez com a gente,
sinceramente não duvido mais de nada.
Tungstênio: Ô Bem... Saudades daquele tem-
po bom... Faz pouco tempo mas parece que faz
séculos! Dobrando uma esquina eles encontram Louise
dormindo. Um corpo que parece ser de gelatina.
Darrel: … Os dois se olham, espantados.

Pandora: Tá, e por onde a gente entra? Pandora: E agora? Como a gente acorda ela?
Se tocar, ela desmancha!
Darrel: Por uma passagem lateral. Por onde a
gente viu a reunião. Darrel se aproxima do ouvido de Louise.

Pandora: Hmmm... É! Darrel: Louise? Louise? Está nos ouvindo?

Seamonkey: Que é, p*#$@!?


Eles caminham até lá. Já é dia, mas não muito.
A passagem é apertada e por pouco Pandora
não se machuca. Tá, mas isso passa e logo Ela esfrega os olhos e se senta, encarando os
eles estão dentro. dois.

Pandora: Tou vendo ninguém, Bem! Tou com Seamonkey: Então vocês dois finalmente apa-
medo! receram... Impressão minha ou não aconteceu
nada com vocês?
Darrel: Não tenha medo, eu estou aqui.
Pandora: Aconteceu sim! Minha voz virou ou-
Pandora: Oxente! Que cabra macho meu ho- tra coisa, ó!
mem!
Seamonkey: Estou vendo...
Darrel: Tá, mas vê se faz silêncio senão nos
descobrem. Pandora: Que foi? Tá triste de ver a gente?

Pandora: Ainda não entendo essa construção Seamonkey: Não, só detesto que me acor-
deles... E ficaram algumas paredes, né Bem? dem. … Olha, o Oliver está uma arara com vo-
Ou pedaços de parede... Eles também fizeram cês.
paredes com placas de aço e arame.
Darrel: É, estamos sabendo e por isso viemos
Darrel: Verdade... Onde Louise estará... aqui falar com você.

Pandora: Fico pensando, ó! Onde foi que eles Pandora: Ele ficou louco, mulher! Você não

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COLUNA · CÁRLISSON GALDINO

viu? Perdeu os parafusos tudinho... Com esse Pandora abraça Darrel e os dois encaram aque-
negócio de dominar o mundo... la gangue assustadora.

Seamonkey: É verdade. Vocês deviam ver o Tungstênio: Acho que temos uns bugs... Va-
discurso dele... mos fazer uma reunião emergencial pra tratar
deles...
Darrel: A gente ouviu uma parte.

Seamonkey: E estavam onde? Escondidos?


Pensei que tinham ido pro Pastor João e me dei-
xado aqui com esse bando de malucos.

Pandora: Hahaha! Que nada! Mas a gente


veio aqui pra te salvar.

Seamonkey: Salvar de quê?

Pandora: o Oliver enlouqueceu, esqueceu?


CARLISSON GALDINO é Bacharel em
Ciência da Computação e pós-graduado
Tungstênio: Quem enlouqueceu? em Produção de Software com Ênfase
em Software Livre. Já manteve projetos
como IaraJS, Enciclopédia Omega e
Losango. Hoje mantém pequenos
Os três olham para trás e lá estão os brutamon- projetos em seu blog Cyaneus. Membro
tes, na única entrada do quarto, encarando com da Academia Arapiraquense de Letras e
Artes, é autor do Cordel do Software
mau humor. Livre e do Cordel do BrOffice.

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COLUNA · CEZAR TAURION

A (des)organização do modelo de
desenvolvimento Open Source
Por Cezar Taurion
w_dinkel - sxc.hu

Outro dia participei de um é interno à empresa e apenas


debate sobre Open Source, on- nos ciclos de teste alfa e beta
de um dos principais temas de- é que o produto é exposto ao
batidos foi o modelo de mercado, através de uma restri-
desenvolvimento de software. ta e controlada comunidade de
Acho que vale a pena comparti- usuários (individuais ou empre-
lharmos algumas idéias... Exis- sas clientes) que se prontifi-
tem dois métodos básicos de cam a cooperar nos testes e
desenvolvimento de software: depurações. Mas todo o códi-
os princípios catedral e bazar. go fonte é proprietário e fecha-
Estes nomes foram cunhados do ao mundo externo e restrito
a partir do célebre trabalho apenas aos olhos dos desen-
“The Cathedral and the Baza- volvedores da empresa que
ar” de Eric Raymond. O méto- produz o software. É o método
do batizado de catedral é tradicionalmente adotado pela
baseado no planejamento cen- indústria de software em seus
tralizado, com evolução top- produtos comerciais.
down e rígido relacionamento O princípio bazar, como o
entre a gerencia e os desenvol- nome indica, é baseado em
vedores, quanto a prazos, meto- uma forma mais livre e colabo-
dologias adotadas e tarefas, rativa de desenvolvimento,
dentro de uma hierarquia orga- sem centralização do seu pla-
nizacional. O desenvolvimento nejamento e execução. É o mo-

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COLUNA · CEZAR TAURION

delo típico Open Source. O de-


senvolvimento é efetuado em
rede, por uma comunidade de
desenvolvedores, muitas ve- O princípio bazar,
zes voluntários, sem vínculos
entre si, em uma organização como o nome indica, é baseado em
virtual e informal. A comunica-
ção é efetuada pela Web, sem uma forma mais livre e colaborativa
fronteiras geográficas e exis-
tem apenas alguns princípios de desenvolvimento, sem
que regulam o trabalho. A lide-
rança do projeto não é definida
centralização do seu planejamento
de maneira prévia e formal,
mas emerge naturalmente pe-
e execução.
los méritos de um determinado Cezar Taurion
membro da comunidade.
Os códigos são revisados
pelos próprios pares (peer revi- quando o produto pode ser libe-
rado. Os ciclos de teste e revi- mas positivas e outras extrema-
ew) e geralmente o melhor códi-
sões são constantes e o mente desafiadoras. Em um
go é selecionado
feedback é contínuo. Todos, a projeto fechado, típico de
(meritocracia). Como não exis-
qualquer momento, podem in- softwares fechados, uma equi-
te um departamento de marke-
terceder e comentar sobre o có- pe de desenvolvedores profissi-
ting nem acionistas
digo, uma vez que este é livre onais são alocados a tarefas
influenciando prazos, o ritmo
e disponível a todos. de acordo com suas especiali-
de desenvolvimento é direciona-
zações e gerenciados quanto
do pela disponibilidade de tem- Os princípios de desenvol-
ao cumprimento de prazos e or-
po e dedicação dos vimento em comunidade ainda
çamentos. No projeto Open
desenvolvedores. O método ba- não são totalmente conheci-
Source, a equipe é virtual, inte-
zar gera uma forte tendência dos. Apenas nos últimos anos
rage pela Internet (email, news-
de gerar código de alta qualida- é que os primeiros estudos
groups, wikis, etc) e não existe
de. O código é lido e analisado comportamentais de como a co-
subordinação direta. A partici-
por diversos, as vezes cente- munidade desenvolve softwa-
pação dos desenvolvedores no
nas, de desenvolvedores, o re, gerencia e cobra tarefas, e
projeto é voluntária e portanto
que acelera o processo de de- como os contextos organizacio-
não está submetida aos pa-
puração e correção de erros. A nais são desenvolvidos é que
drões de gerenciamento típi-
decisão de liberar o código é começaram a ser desenvolvi-
cos dos projetos fechados.
fruto de consenso do grupo e dos.
não uma imposição de marke- Este modelo gera algu-
Mas já sabemos de algu-
ting, como muitas vezes ocorre mas incertezas, advindas do
mas coisas. Uma é a importân-
em um projeto comercial. próprio modelo de contribuição
cia do mecanismo de controle
voluntária. Como não existe
Geralmente é necessário dos projetos. Ao contrário do
uma rígida subordinação ou
a figura de um líder ou mante- modelo hierárquico, com rígi-
contrato empregatício, os cola-
nedor, que se encarrega de co- das normas de controle e subor-
boradores podem variar em
ordenar as mudanças e decidir dinação, o modelo colaborativo
muito de intensidade em suas
(muitas vezes em colegiado) tem outras características, algu-

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COLUNA · CEZAR TAURION

Uma outra questão, ine-


rente ao modelo colaborativo é
o processo de seleção da codi-
Outro aspecto importante ficação a ser inserida no proje-
to. Os colaboradores
é que os projetos de Open Source contribuem com seus códigos,
e estes precisam passar por
devem ser modulares para permitir o mecanismos de filtragem para
serem aceitos e incorporados
trabalho de muitos colaboradores ao corpo do software. Não exis-
tem regras únicas. Os mecanis-
simultaneamente. mos podem variar de decisões
autocráticas a sistemas de vo-
tação, sendo estes também va-
Cezar Taurion
riando de abrangentes (todos
interessados podem votar) a
colaborações. Podem contri- um papel executivo, responsabi- votos restritos a um comitê se-
buir intensamente como po- lizando-se pelas decisões e ru- lecionado de colaboradores.
dem, sem prévio aviso, mos do projeto. Esta O modelo colaborativo
desaquecerem em suas colabo- organização é criada informal- exige também mecanismos efi-
rações. Não existem planeja- mente, impulsionada pela pró- cientes de controle de versões.
mentos de produção e pria necessidade de existir Como a contribuição de novos
medidas de produtividade tipo uma estrutura razoavelmente códigos é livre, é necessário
“colaboradores estarão desen- estável, que oriente e direcio- que o mantenedor gerencie cui-
volvendo quantas linhas de có- ne os esforços do restante da dadosamente que pedaços de
digo por determinada unidade comunidade. Entretanto, ao código deverão ou não ser in-
de tempo”. Também não exis- contrário de projetos tradicio- corporados ao software e deci-
tem divisões formais de traba- nais, este papel não é assumi- da quando o volume de
lho, com prévia alocação de do por escrito ou por posição modificações for suficiente pa-
desenvolvedores à determina- hierárquica em uma empresa, ra que seja liberada uma nova
das tarefas. mas por reputação ou conquis- versão.
Para contrabalançar es- ta de espaço.
Outro aspecto importante
tas incertezas, alguns mecanis- Na prática, acaba sendo é que os projetos de Open
mos de governança são criado um sistema hierárquico Source devem ser modulares
adotados nos projetos de informal, baseado na meritocra- para permitir o trabalho de mui-
Open Source. Embora não exis- cia, com os desenvolvedores tos colaboradores simultanea-
ta hierarquia rígida, acaba-se mais atuantes e experientes de- mente.
criando um modelo de hierar- senvolvendo as tarefas mais
O método colaborativo
quia informal, com o mantene- avançadas (codificação de no-
quebra o tradicional paradigma
dor e alguns membros vas funcionalidades e melhori-
criado por Fred Brooks em seu
assumindo posição de lideran- as de desempenho) e os
famoso livro “The Mytical Man-
ça e gestão do projeto. Cria-se colaboradores menos experien-
Month” onde ele observava
um mecanismo de gestão cen- tes assumindo tarefas mais sim-
que adicionar mais programa-
tralizada, onde um grupo peque- ples, como depuração de
dores a um projeto em atraso
no de colaboradores assume código.
simplesmente aumentaria este

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COLUNA · CEZAR TAURION

atraso. Um programador em desenvolvedores analisem e uma determinada empresa, que


12 meses não é igual a 12 pro- testem peças de código, depu- sustenta financeiramente a inici-
gramadores em um mês. A ra- rem os erros e submetam as ativa, pagando desenvolvedores
zão seria simples: um maior correções aos coordenadores e custeando muitos dos esfor-
número de desenvolvedores en- dos módulos do sistema. É um ços da comunidade de voluntári-
volvidos aumenta a complexida- processo similar ao sistema os. Mas, mesmo neste caso, as
de e os custos da acadêmico de revisão de tex- decisões são tomadas pela co-
comunicação entre os integran- tos científicos para publicação, munidade e não pela empresa.
tes do projeto. A complexidade conhecido como “peer review” Em outros projetos, a gestão es-
aumenta exponencialmente en- ou revisão pelos pares, quan- tá a cargo de uma fundação,
quanto que a quantidade de tra- do um ou mais revisores ates- sustentada pela doação de em-
balho adicionada seria tam a qualidade do texto e presas e indivíduos.
aumentada apenas linearmen- sugerem correções e modifica- O modelo de Open Source
te. O método colaborativo sim- ções. Este processo garante o tem seu processo de desenvolvi-
plesmente ignora este fato e nível de qualidade e integrida- mento efetuado por métodos
propõe que quanto mais desen- de dos textos científicos a se- que em muitas vezes contradi-
volvedores são incorporados rem publicados. zem os parâmetros básicos da
ao esforço de escrever código li- Entretanto, o modelo de engenharia de software, aprendi-
vre, mais eficiente é o produto desenvolvimento bazar muitas dos nas salas de aula. É uma
gerado. vezes negligencia alguns aspec- quebra de paradigmas...Mas
E quanto à correção de tos como a questão do prazo e tem dado certo, basta ver os inú-
bugs? Bugs não são novidade definição clara do escopo. Mui- meros projetos de sucesso. Por
no software. O próprio proces- tos softwares Open Source co- que não olhar com mais aten-
so de construção de software meçam com uma parte do ção este modelo?
é baseado na descoberta e cor- código sendo disponibilizada e
reção de bugs. O processo de algumas vagas intenções de es-
depuração de software é um copo. À medida que o software
Para mais informações:
processo cuja eficiência aumen- é desenvolvido comunitariamen-
ta quase linearmente na direta te, o próprio escopo muda sen- Site Open Source Initiative
proporção do número de depu- sivelmente. Prazo pode ser http://www.opensource.org
radores envolvidos na tarefa. É fundamental para alguns produ-
um processo que tem muito a tos de software. Como a contri- Artigo sobre Open Source na
ganhar com o paralelismo de buição é voluntária, o modelo Wikipédia
atividades, pois não demanda colaborativo não pode forçar http://pt.wikipedia.org/wiki/Open
muito esforço de coordenação prazos. Assim pode-se questio- source
e gerenciamento. Os depurado- nar a validade do método ba-
res não precisam de muita inte- zar para desenvolvimento de
ração entre si, apenas softwares que necessitem de
precisam ser coordenados por escopo e prazos bem defini-
um responsável pela decisão dos. CEZAR TAURION é
Gerente de Novas
de aprovar ou não as corre- Com o tempo, diversas vari- Tecnologias da IBM
ções. antes do princípio colaborativo
Brasil.
Seu blog está
O método colaborativo po- vem sendo adotados. Vemos ho- disponível em
www.ibm.com/develo
tencializa o processo, pois per- je projetos de Open Source on- perworks/blogs/page/
mite que milhares de de a gestão está a cargo de ctaurion

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COLUNA · ROBERTO SALOMON

Carnavalesco
Por Roberto Salomon

Roberto Tostes - sxc.hu

Muita gente adora fanta- momo para descansar a cabe-


sia. Nem que seja só nos dias ça e refletir. Não viajei. Fiquei
de Carnaval. Saem às ruas cen- em retiro em casa mesmo; pen-
tenas de eternos pierrots, co- sando, refletindo e volta e
lumbinas, piratas ao lado meia dando uma de motorista
daquelas figuras "frutíferas" para os "meninos". Como pare-
que volta e meia viram moda: ce que o ano só começa mes-
samambaias, melancias, me- mo depois do Carnaval, achei
lões. Todas com a mesma pou- o momento apropriado para
ca roupa que fazem os uma reflexão de "ano novo".
marmanjos babar. O politica- Quem trabalha em empre-
mente incorreto vira regra e o sa de software e milita pelo
sério sai para retiros espirituais. Software Livre de vez em quan-
Este ano nem desfile na do precisa parar para fazer
televisão eu vi. Com tanta coi- uma reflexão. Alinhar as espec-
sa acontecendo aqui em Brasí- tativas, as contas a pagar e os
lia, não tive como pensar em pruridos éticos (que coçam ca-
nada a não ser tirar os dias de da vez mais). De vez em quan-

Revista Espírito Livre | Fevereiro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |24


COLUNA · ROBERTO SALOMON

impossível). Sempre que há al-


gum evento (O FISL me vem à
mente) tem alguma reunião ou
compromisso de trabalho que
Quem trabalha não me deixa ir.

em empresa de software e milita Apesar disso tudo, o de-


safio de integrar software fe-
pelo Software Livre de vez em chado com Livre é muito
gratificante e compensa a tra-
quando precisa parar para fazer balheira toda. Fechar um proje-
to que resolve o problema do
uma reflexão. Alinhas as cliente usando software fecha-
do e Livre lado a lado é uma vi-
espectativas, as contas a pagar e tória. E cada a cada projeto
desses, aumenta a sensação.
os pruridos éticos (que coçam
Mesmo assim, uma para-
cada vez mais). da carnavalesca me faz refletir,
parar para pensar e reavaliar
Roberto Salomon rumos; olhar a fantasia no cabi-
de e considerar mudanças
mais ou menos radicais.
do é preciso parar, tomar uma de convencer os seus colegas Mas chega a quarta-feira
Providência (para quem não co- que Software Livre (ou Open de cinzas. A fantasia carnava-
nhece, uma cachaça especial- Source, como alguns prefe- lesca passa e as contas come-
mente boa feita em rem) é uma ótima plataforma çam a chegar.
Buenópolis, MG) e ver se o de integração na qual os seus
quanto o que fazemos nos afas- produtos podem conviver e
ta daquilo em que acredita- não apenas competir.
mos. Ou seja, passei o Para mais informações:
Não é fácil convencer a al-
carnaval pensando na fantasia guns exaltados que você não vi- Blog do Roberto Salomon:
que usei nos últimos anos. No rou a casaca; que não foi para http://rfsalomon.blogspot.com
que fiz pelo movimento e no o lado negro da força; que não
quanto valeu, ou não, a pena a se vendeu. Porque eu trabalho
trabalheira de conciliar o fluxo em uma determinada empresa
de caixa com o ideal do Softwa- não implica na minha desistên-
re Livre. cia do Software Livre. Muito an-
Seguem aqui alguns dos tes pelo contrário. Vejo, cada
resultados, pouco confortáveis, vez mais, uma convivência pos- ROBERTO
do carnaval. sível nos dois modelos. É ques- SALOMON é
arquiteto de software
O principal é que não é fá- tão de sentar na mesa e na IBM e voluntário
cil. Não é fácil trabalhar em em- colaborar. do projeto
BrOffice.org.
presa de software e defender o Não é fácil concilar o tem-
Software Livre. Mesmo depois po (na verdade é praticamente

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CAPA · ENTREVISTA COM MARTIN NORDHOLTS

Entrevista com
Martin Nordholts,
desenvolvedor
do GIMP
Por João Fernando Costa Júnior e
Carlos Eduardo Mattos da Cruz

Revista Espírito Livre: Olá Martin, antes


de tudo gostaria que você nos falasse como
entrou no projeto Gimp?
Martin Nordholts: Tudo começou com meu
pai me ensinando o básico de programação
num organizador Psion, quando eu era jovem.
Eu passei boa parte do meu tempo livre fazen-
do pequenos jogos, tanto a trabalho, quanto pa-
ra impressionar meu pai. Eventualmente, migrei
para o Pascal e depois para o Visual Basic.
Acho que brincar de desenvolver jogos quando
jovem desenvolveu a paixão pela programação
que tenho. Continuei a brincar com programa-
ção em C++ e C# e, eventualmente, decidi ten-
tar o Linux em 2005 mais ou menos. Eu me
apaixonei pela mentalidade do código aberto e
decidi que queria fazer parte daquilo. Uma vez
que eu estava interessado em gráficos, fotos e

Revista Espírito Livre | Fevereiro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |26


CAPA · ENTREVISTA COM MARTIN NORDHOLTS

MN: Há apenas planos de longo prazo mui-


to superficiais para o Gimp, neste momento, to-
do o foco está em fazer sair o Gimp 2.8. Ele terá
um modo opcional de janela única e grupos de
camadas. Gimp 2.10/3.0 terão grande profundi-
dade de bits e edição não destrutiva. É difícil es-
pecular a respeito do leque de características
nas versões 2.10/3.0, mas eu acho que ainda
haverá pelo menos uma versão antes que pos-
samos pensar sério em suporte a CMYK. Então,
naturalmente, haverão outras características
mas essas são as mais importantes.

Figura 1 - Wilber é o mascote oficial do projeto GIMP REL: A versão 2.7.0 não teve muitas mu-
danças visíveis ao usuário final, gostaria que
desenho gráfico, foi natural explorar a comunida- você nos falasse um pouco das mudanças
de do Gimp. Isso foi na época do Gimp 2.2. De- implantadas nesta versão.
pois, descobrindo que eu tinha potencial para
MN: Não, é correto dizer que o Gimp 2.7.0
ser um contribuidor e de ficar cansado esperan-
não traz muitas mudanças visíveis, mas o Gimp
do pelo Gimp 2.4, devagar eu comecei a forne-
2.7.1 trará, ambos com modo de tela única e
cer correções para bugs e solicitações de
grupos de camadas.
melhoria que estavam estancando o Gimp 2.4.
Descobri que eu gostava de hackear o código
do Gimp e fiquei cada vez mais envolvido, e REL: Fale-nos um pouco mais sobre mo-
aqui estamos nós hoje. do de janela única que você desenvolveu.
MN: O modo de tela única está sendo de-
REL: Como é o seu dia a dia no projeto? senvolvido em colaboração com Peter Sikking,
nosso eminente designer de interação que tem
MN: Todos os dias eu abro minha caixa de
uma grande participação nas melhorias na inter-
entrada de e-mails que contém relatórios de er-
face de usuário nas últimas versões. O propósi-
ros e as atividades nos que já são conhecidos,
to principal do modo de janela única é nos
além de mensagens dos desenvolvedores e das
deixar focar no trabalho com o Gimp, ao invés
lista dos usuários. Frequentemente, eu tenho al-
de trabalhar no gerenciamento de janelas do
gum código no qual tenho trabalhado, não é ra-
Gimp. Desenvolver um modo de janela única é
ro para mim gastar algumas horas todo dia
na verdade uma para mim há muito tempo, mas
escrevendo código. Isso normalmente ocorre
desde que ela tenha sido atingida com ceticismo
em rajadas. Às vezes passo semanas sem escre-
entre muitos dos mais iniciados membros da co-
ver uma única linha de código no Gimp. Outras
munidade, é somente nos últimos tempos que
vezes, escrevo desde a hora em que chego do
tem sido um projeto viável.
trabalho até a hora em que vou para a cama, e
trabalho como louco no fim de semana.
REL: Como anda a implantação da GE-
GL no Gimp? A 2.8 ela estará por completo?
REL: Hoje em dia como você vê o gráfi-
co de evolução do software? MN: Não, a versão 2.8 não trará nada de

Revista Espírito Livre | Fevereiro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |27


CAPA · ENTREVISTA COM MARTIN NORDHOLTS

grande valor para os usuários co-


muns em termos de GEGL. Essa é
uma decisão deliberada. Nós quere-
mos ter trabalhos não relacionados
ao GEGL no Gimp prontos, portan-
to, assim que o Gimp 2.8 esteja libe-
rado, todos poderão trabalhar em
um GEGL completamente integra-
do, finalmente. O Gimp 2.8 é a últi-
ma versão estável que utilizará um
núcleo de processamento de ima-
gens de 8 bits por canal legado.

REL: Segundo alguns sites Figura 2 - Tela da versão 2.6.7 do GIMP


aqui do Brasil, a versão 2.8 só
sairá em 2012, porque tanto tempo para sair REL: Que novos recursos estão sendo
uma versão instável? incluídos nesta tão esperada versão?
Há muita interpretação equivocada de uma MN: Isso ainda é uma questão em aberto.
mensagem que eu enviei à lista gimp-developer Eu declarei antes na lista gimp-developer que
recentemente, onde eu dizia que se decidísse- precisaríamos da ajuda de artistas para colecio-
mos implementar todas as características origi- nar recursos para o 2.8. Tem havido algum es-
nalmente planejadas para o Gimp 2.8, nós forço em ajudar mas, neste momento, está mais
provavelmente teríamos trabalho até 2012. Des- ou menos morto, no pior caso não haverão mui-
de então, temos colocado novas funcionalida- tos mais recursos adicionados, mas eu acho
des gradativamente, de acordo com as que seremos capazes de resolver isso antes
funcionalidades que colocamos na lista do 2.8, e que o 2.8 esteja liberado.
hoje estimamos que a data de liberação da ver-
são será no final de 2010.
REL: Sobre ferramentas de animação,
podemos esperar algumas novidades em ver-
REL: Você propõe que a comunidade ele- sões futuras?
ja alguns recursos e descarte outros como MN: A visão de produto do Gimp nao inclui
uma forma de abreviar os trabalhos de progra- animação e ninguém deve esperar que ele ve-
mação. Como você vê esta forma de desen- nha a ser um editos de animações no curto pra-
volvimento? Isto de certa forma não criaria zo. Embora exista o Gimp Animation Package.
uma camada de burocracia tornando o desen-
volvimento ainda mais lento?
MN: Você está certo quando diz que essas REL: Existem softwares de manipula-
coisas durariam para sempre se fossem feitas ção de imagem no mercado que hoje intera-
de maneira democrática, portanto eu simples- gem com formatos de arquivos 3D, você
mente as faço eu mesmo. As pessoas dão al- acha que o Gimp num futuro teria uma forma
gum retorno, meu trabalho é ajustado, e agora de interação com o Blender ou isto não seria
estamos tão bem quanto se tivéssemos feito de o objetivo do projeto?
outra forma. Portanto, tudo está muito bem. MN: O Gimp se esforça para ser um editor

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CAPA · ENTREVISTA COM MARTIN NORDHOLTS

lar por aqui?


MN: Não faço ideia :) Talvez em al-
gum Libre Graphics Meeting seja no
Brasil, quem sabe?

REL: Deixe uma mensagem aos


leitores da revista.
MN: Obrigado por se interessarem
pelo Gimp o suficiente para ler essa en-
trevista!

Figura 3 - Screenshot da versão 2.7 não-estável, via SVN

de imagens de alta qualidade. No meu mundo, is-


so inclui uma boa integração com modelagem
em 3D, seja lá o que isso signifique. Mas, nesse
momento, não há esforços direcionados para is- Para mais informações:
so, e eu acho que isso também ainda vai demo-
rar para chegar ao Gimp. Site oficial Gimp:
http://www.gimp.org

REL: Depois da versão 2.8 do Gimp, Comunidade brasileira OGimp:


qual será o futuro do projeto? http://www.ogimp.com.br
MN: Alta profundidade de bits e edição não
Forum Brasileiro sobre Gimp:
destrutiva com o GEGL são as metas principais
http://www.gimp.com.br
depois do Gimp 2.8.
Comunidade Gimp no SoftwareLivre.org
REL: Quando você pretende visitar o http://softwarelivre.org/gimp
nosso país e ver como o Gimp é bem popu-

RECIFE/PE www.encontrolivre.org

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CAPA · ENTREVISTA COM VITOR BALBIO

Entrevista com
Vitor Balbio,
criador do
Projeto Ruínas

Por Carlos Eduardo Mattos da Cruz

Vitor Balbio tem 19 anos cursa 4º período


do Curso de Licenciatura em Computação pelo
Lasalle RJ. Realiza trabalhos na área de Realti-
me com cenários e aplicações interativas, Ren-
der de imagens e coordena um projeto de
inclusão social por mídias artísticas digitais em
Duque de Caxias, RJ, na ONG Trama Ecológi-
ca. Já palestrou sobre computação gráfica nos
dois principais eventos de Blender no país, na
Blender Pro " Desenvolvimento de Materiais
Avançados com Blender Game Engine " e na
Blender Day foi " Ruínas 2.0 Making of " e nes-
ta edição ele nos conta como foi sua trajetória,
seu primeiro projeto o Ruinas e seus projetos fu-
turos.

Revista Espírito Livre: Antes de mais


nada como surgiu a idéia de fazer o projeto
Ruínas?
Vitor Balbio: A primeira versão do projeto
Ruínas surgiu como um estudo de iluminação e
texturização de cenários. Na mesma época eu

Revista Espírito Livre | Fevereiro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |30


CAPA · ENTREVISTA COM VITOR BALBIO

algumas vezes... Deu bastante trabalho, mas


por outro lado foi excelente, pois desenvolvi no-
vas técnicas e fluxos de trabalho. Outra área
que deu bastante trabalho foi a criação do siste-
ma de água em realtime com a BGE, até então
não existia nenhuma implementação do sistema
de Render To Texture ( na BGE é chamado Vi-
deoTexture ) aplicado em um ambiente real, so-
mente testes simples... E a documentação
sobre o módulo era muito escassa, somando is-
so ao fato de que eu não sou dos melhores pro-
gramadores... Bom, acabei por me dar por
Figura 1 - Ruínas satisfeito naquele momento com o resultado que
obtive.
vinha desenvolvendo alguns estudos de cenári-
os internos com bake de radiosidade para a
BGE e resolvi criar um cenário externo para trei- REL: Notei que no site para baixar o Ruí-
nar outras técnicas. nas existe duas versões a 1.0 e a 2.0, o por-
que de lançar 2 versões? E qual as
principais diferenças entre as 2 versões?
REL: O porque de sua decisão de usar
Blender para executá-lo? VB: Realmente, a primeira versão como fa-
lei, era um estudo de iluminação para cenários
VB: Bom, existem diversos motivos que
externos que possuía também um sistema de
me levaram a adotar o Blender nesse e em ou-
água em realtime, foi um estudo descompromis-
tros estudos/projetos. Primeiramente, o Blender
sado e fiz mais por diversão mesmo. A segunda
é OpenSource e Multiplataforma. Eu, assim co-
versão do Ruínas foi algo maior, mais bem pla-
mo muitos outros profissionais independentes
nejado, pois eu a criei especificamente para con-
de CG não temos condições de pagar a licença
correr ao Blender Game Contest 2009, concurso
de softwares comerciais e queremos nos manter
organizado pela comunidade Blender internacio-
na legalidade com nossos trabalhos. Segundo
nal. Existem muitas diferenças em quase todas
pelo Blender ser uma fantástica ferramenta, tan-
as áreas. Eu aproveitei o cenário do primeiro ruí-
to o Blender, como ferramenta 3D, quanto a Blen-
nas quase por completo, substituindo o sistema
der Game Engine, suprem todas as
de água realtime por um melhor (que desenvolvi
necessidades que eu possuo e possuía naquela
época.

REL: Quais obstáculos foram encontra-


dos durante o projeto, e fale das soluções
transpô-los.
VB: Para a primeira versão do Ruínas, hou-
veram muitos problemas relacionados a minha
própria técnica como artista 3D. Era um estudo,
o maior que eu já havia feito sobre cenários ex-
ternos, então muitas coisas eu não sabia de ante-
mão como criar, e tive que reinventar a roda Figura 2 - Ruínas

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CAPA · ENTREVISTA COM VITOR BALBIO

da fundação Blender?
VB: Talvez, mas acredito que o Ruínas já
teve seu momento, e fico extremamente grato a
ele por isso, afinal é devido a esse trabalho que
estou dando esta entrevista... Mas gostaria de
ver outros trabalhos futuros meus concorrendo
nos próximos festivais. O Ruínas foi fundamen-
tal para o meu desenvolvimento como artista e
profissional mas espero criar em breve outros
trabalhos que superem o Ruínas, eu ainda te-
nho muito o que aprender e não gostaria de pen-
sar que o Ruínas será o melhor trabalho da
Figura 3 - Ruínas minha vida. Espero que meu melhor trabalho se-
para a versão 2.0) e refazendo a iluminação des- ja sempre o próximo.
te. Criei também um novo cenário inteiro e com
o decorrer do desenvolvimento comecei a progra-
mar minimamente em GLSL, reaproveitei códi- REL: Para quem quiser conferir o proje-
gos de outros programadores e inclui no Ruínas to onde pode ser baixado?
efeitos como DOF, film Noise e Bloom. VB: Podem baixar no tópico oficial na Blen-
derArtist que contêm também todo o desenvolvi-
mento do projeto ( http://blenderartists.org/
REL: Porque você não considera o Ruí- forum/showthread.php?t=152668) Ou então pe-
nas um jogo? lo link direto: (http://sharex.xpg.com.br/files/
VB: Eu não considero o Ruínas um game 8163294659/Ruinas_2.0.rar)
pois não o criei com esse objetivo. O Ruínas nun-
ca foi pensado para entreter. Não possui objeti-
vos, nem história. Eu gosto de pensá-lo como REL: No último Blender Day você anun-
uma obra de arte ( sem pretensões de que ou- ciou a criação de um novo projeto o Memóri-
tros também o considerem assim ) interativa, al- as, fale um pouco dele para nós.
go mais próximo ao conceito de Demoscene, VB: O Memórias é um projeto que iniciei
porém interativo. assim que terminei o Ruínas 2.0, segue a mes-
ma linha de pensamento e filosofia... Porém
meu objetivo é criar não um cenário externo so-
REL: Quais prêmios o projeto já ganhou mente , mas com cenários internos também. Ou-
até hoje? tra diferença é que o Memórias tem uma
VB: Bom, eu fiquei em segundo lugar na vo- ambientação baseada em uma cidade real, no
tação aberta da comunidade no Blender Game caso Veneza, enquanto Ruínas é fruto de um
Contest 2009 e primeiro lugar no concurso de jo- mundo de fantasia baseado na Grécia antiga e
gos e aplicações interativas da Blender Pro ambientes góticos... Eu fiquei muito feliz com o
2009 nas categorias “Aplicação com Melhor Usa- início desse projeto, pois muitos novos desafios
bilidade/Interatividade“ e “Melhor Aplicação”. surgiram logo de cara e tive de voltar a estudar
e buscar soluções para problemas, coisas que
não havia feito desde o Ruínas... O que mais
REL: Pretende lançá-lo em concursos in- me deixou realizado com o inicio desse desen-
ternacionais, tais como o Suzzane Festival volvimento foi a reformulação total do sistema

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CAPA · ENTREVISTA COM VITOR BALBIO

Figura 4 - Prédio criado para o cenário de Memórias Figura 5 - Memórias

REL: Existe algum projeto em andamen-


de água para um outro muito mais complexo e re- to além do Memórias?
alista. Que publiquei como artigo na Blender Pro
VB: Sim, é o projeto em que estou me dedi-
e demonstrei na minha palestra sobre Desenvol-
cando no momento, Se chama “Lucy and The Ti-
vimento de Materiais avançados com a BGE.
me Machine”, saindo um pouco da área de
demoscenes, decidi criar um game dessa vez, e
REL: Quais inovações você pretende co- o foco não será em gráficos mas sim em game-
locar neste projeto? play e física. Estou criando esse game para con-
correr a um contest promovido pela comunidade
VB: Primeiramente uso do sistema de oclu- Blender internacional e principalmente a Bullet (
são recentemente implementado na BGE para uma das principais engines de física do mundo
melhor gerenciamento de polígonos entre os ce- que é também integrada a BGE ). O vencedor
nários externos e internos. Pretendo portá-lo pa- será exposto na GDC como demonstração da
ra o Blender 2.5 e fazer uso das novas Bullet. O Game consiste basicamente em um
ferramentas que forem adicionadas. Na área de plataforma 3D com gameplay 2D, assim como
gráficos irei usar o novo sistema de água que co- Trine e Little Big Plannet. Meu objetivo é criar
mentei e efeito de HDR. o projeto ainda é embrio- um game divertido envolvendo puzzes de física
nário então muitas coisas podem surgir com o e cenários bem planejados. Para este projeto es-
tempo.

REL: Tem algum prazo de conclusão do


memórias?
VB: Não. O memórias é um projeto sem
agenda. Atualmente ele está parado devido a ou-
tros projetos que estou criando que possuem pra-
zos e prioridades maiores. Porém pretendo
terminá-lo em 2010.

Figura 6 - Lucy and the Time Machine

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CAPA · ENTREVISTA COM VITOR BALBIO

o Antropus, Vitor Vilela e do pessoal da Seaguls-


Fly que foram minhas inspirações no início. Pos-
teriormente quando migrei para o Blender
conheci o trabalho do Andy, Mike Pan, Martinsh
e Pablo Vazquez que são hoje as minhas refe-
rências em Blender e BGE.

REL: Pra quem está começando agora


quais dicas você daria para eles?
VB: Estudar, estudar, estudar, e se divertir
Figura 7 - Lucy and the Time Machine
fazendo isso. Não há nada melhor do que poder
tou tendo ajuda de um grande artista e amigo trabalhar com o que se ama fazer. E CG é uma
meu Bernardo Hasselman que está criando al- área fascinante... Que pessoa que cresceu jo-
guns concepts, ajudando na criação do roteiro e gando não gostaria de criar seus próprios ga-
na elaboração dos puzzes. O game conta a histó- mes? Ou fazer filmes de animação? Por mais
ria de uma garotinha chamada Lucy que vive na que o início seja difícil e que os resultados pos-
frança do século XIX em uma realidade alternati- sam demorar a aparecer, se é isso que você
va em que a tecnologia se desenvolveu a partir gostaria de fazer da sua vida, então invista em
da mecânica. O jogo portanto possui diversas re- si mesmo, corra atrás, estude muito, veja muitos
ferências à cultura steampunk e alguns persona- trabalhos de outros, e tente melhorar sempre,
gens do game são baseados em personalidades pois sempre se pode melhorar... O trabalho com
históricas reais e algumas lendas a respeito des- CG é um trabalho de constante renovação de si
sas pessoas. O avô de Lucy é um famoso inven- mesmo. O que pode ser fantástico ontem pode
tor e têm a sua máquina do tempo roubada, não parecer tão bom hoje então se refaça todos
Lucy então parte em busca desse artefato. os dias, acho que esse é o caminho para dar
certo nessa área e é o caminho que tento trilhar
REL: Vitor, quando você começou sua para mim.
jornada no Blender quais foram seus referen-
ciais?
VB: Bom, eu conheço o Blender desde
2005, em uma época em que o Blender ainda
não era nada popular. Existiam poucas informa-
ção a respeito e a comunidade ainda estava se
desenvolvendo. Com o passar do tempo fui apos-
tando cada vez mais no Blender e a cerca de 2 Para mais informações:
anos migrei definitivamente para o Blender/BGE Site oficial Blender:
como meu software padrão para trabalhos em http://www.blender.org
3D e games. Eu tive muitas referencias com o
3D, acredito que minha paixão com o 3D come- Informações sobre o Ruínas:
çou vendo ”Star Wars epsódio 1 Ameça Fantas- http://ur1.ca/m2z4
ma”, eu fiquei fascinado com os droids e com as
lutas de sabre de luz.... Mas só alguns anos de- Download do Ruínas 2.0:
pois comecei a realmente a estudar computação http://ur1.ca/m2z2
gráfica. A e conheci o trabalho de artistas como

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CAPA · SOFTWARE LIVRE NA COMPUTAÇÃO GRÁFICA

Sign of the Juggernaught - Autor: Derek Watts - Blender Gallery


Software Livre na
Computação Gráfica
Por Carlos Eduardo Mattos da Cruz

Olá pessoal, como esta edição é toda programas voltados para esta área. E não podia
dedicada a computação gráfica, decidi dar um deixar de falar do primeiro evento de
apanhado dos principais softwares livres do computação gráfica com software livre do Brasil
mercado. Para isto dividi os software em 3 o GNUGRAF (http://www.gnugraf.org) que
categorias básicas: abrange justamente estes assuntos, trazendo
Gráfico – Softwares voltados para produção profissionais e empresas que utilizam software
gráfica tais como Revistas, Jornais, Sites, etc... livre em seu dia a dia.
Vídeo – Softwares para edição de vídeo e Mas chega de blábláblá e vamos ao que
composição; interessa a lista, comecemos pela categoria
Animação – Softwares para produção de gráfico.
cinema de animação.

Gráfico:
Mas antes de entrar na listagem dos
programas não podia deixar de falar dos sites Gimp (http://www.gimp.org) – É
que me baseei para escrever esta matéria. O considerado o nosso software mais famoso,
primeiro deles é o Estúdio Livre com ele a edição de imagens não tem limites,
(http://www.estudiolivre.org), realmente para leve, rápido, muitas vezes comparado a versões
quem quer se inteirar tanto de hardware quanto antigas do Photoshop, este software tem
de software na área de computação gráfica ferramentas únicas que permite aos usuários
livre, tem de visitar este site, lá você irá desenvolver seus trabalhos com muito mais
encontrar tutoriais, vídeo aulas, acervos livres e rapidez, o link da comunidade Brasileira é este
muito mais. Outro site que merece destaque é o http://www.ogimp.com.br lá encontrarão
Linux Movies (http://www.linuxmovies.org) este tutoriais, artigos, dicas, vídeo aulas, apostilas e
é mais focado na indústria do cinema, mas tudo mais relacionado a este excelente editor de
podemos encontrar uma série de tutoriais e imagens.

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CAPA · SOFTWARE LIVRE NA COMPUTAÇÃO GRÁFICA

Krita (http://www.krita.org) - Não tão muito grande. Sua comunidade Brasileira é


famoso, mas também com o seu valor, este muito vasta e o usuário não encontrará
programa de edição de imagem faz parte do problemas ao receber suporte, basta acessar
pacote Koffice, com uma interface muito este site http://wiki.softwarelivre.org/Inkscape
parecida com a do Photoshop sua migração é Brasil.
bem fácil, vale dar destaque ao seu filtro de
CMYK que ajuda muito na hora de fechar o
arquivo para a gráfica. Não possui comunidade Xara Xtreme (http://www.xaraxtreme.org/) -
brasileira mas tem sua referência no site do Não tão famoso quanto o Inkscape, mas nem
Estudio Livre http://estudiolivre.org/tiki- por isto menos poderoso, o Xara é um poderoso
index.php?page=Krita. software de desenho vetorial, o destaque está
nas ferramentas de mudança de cor que troca
todo o leque de cores de um objeto sem perder
os semitons, outra vantagem que ele tem, uma
série de ferramentas voltadas para fechamento
de arquivo para gráfica. Mas a desvantagem é a
mesma encontrada no Mypaint, não temos
quase referências dele em português, mas
como sua interface gráfica é muito parecida com
a do Corel Draw, a migração se torna intuitiva.

Figura 1 - Krita

Mypaint (http://mypaint.intilinux.com/) - Se
você tem habilidades para desenhos, é um
exímio manipulador de tablet, e gostaria de ter
recursos tais como pintura a óleo, carvão,
aquarela e muito mais, então este software é
pra você, com ele podemos simular qualquer
tipo de pincel, dando ao seu trabalho um
acabamento mais natural. Infelizmente para nós
todas as referências estão em inglês, mas isto Figura 2 - Xara Xtreme
não nos impede de conhece-lo, pois sua
interface é bem intuitiva. Scribus (http://www.scribus.net/) – É um
Publish Desktop muito parecido com o extinto
Page Macker, mas não se engane com ele
Inkscape (http://www.inkscape.org/) - quando se trata de diagramação, é uma
Considerado outro carro chefe do software livre ferramenta muito poderosa que não perde em
na computação gráfica, este programa nada para os primos proprietários. Possui uma
transcende o conceito de desenho vetorial, com excelente comunidade Brasileira
ferramentas muito práticas podemos chegar a http://wiki.softwarelivre.org/Scribus/WebHome.
resultados fotorrealistas, com uma facilidade

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CAPA · SOFTWARE LIVRE NA COMPUTAÇÃO GRÁFICA

vídeo no nível intermediário, possui vários


templates de resolução de tela e formato de
vídeo, um leque muito grande de transições,
todos os efeitos são vistos em tempo real,
possui um módulo de geração de dvd ou vcd.
Não foi encontrada nenhuma referência em
português, mas graças a sua interface muito
intuitiva a migração se torna muito simples.

Figura 3 - Scribus

Vídeo:
Cinelerra (http://cinelerra.org/) - Com uma
interface muito peculiar, este software é muito
poderoso na edição de vídeos, principalmente
na parte de animação de máscaras, a maioria
dos efeitos podem ser vistos em tempo real.
Aqui encontramos o manual em português
http://cinelerra.org/docs/split_manual_pt_BR/cine Figura 5 - Kdenlive
lerra_cv_manual_pt_BR_toc.html , e uma vídeo
aula completa sobre o programa também em Cinepaint (http://www.cinepaint.org/) -
português http://estudiolivre.org/tiki-view_blog_ Baseado no gimp, com ele nós podemos retocar
post.php?postId=876. filmes quadro a quadro, possui suporte a
formatos de imagens OpenEXR, DPX e Cineon
sem perda de qualidade, imagens HDR, maior
fidelidade de cores. Já foi usado nos filmes O
Último Samurai, Homem-Aranha, A Liga
Extraordinária, Harry Potter, Planeta dos
Macacos.

Animação:
Blender (http://blender.org) – Outro super
astro da computação gráfica com software livre,
em termos de software 3D ele vai muito além do
conceito tradicional, tendo dentro dele não
Figura 4 - Cinelerra somente os recursos que todos os softwares do
mercado possuem mas também um editor de
Kdenlive (http://www.kdenlive.org/) - Com vídeo e um motor de jogos. Possui uma
uma interface que lembra um pouco o Final Cut, comunidade forte e muito bem atuante aqui no
com este software podemos fazer edições de Brasil http://www.blender.com.br/, e também 2

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CAPA · SOFTWARE LIVRE NA COMPUTAÇÃO GRÁFICA

festivais dedicado ao programa, o Blender Day


e o Blender Pro http://www.blender.pro.br.

Wings3D (http://www.wings3d.com/) -
Muito leve, intuitivo, e com recursos bem
práticos, modelagem com este programa não é
problema nenhum, é compatível com Nendo
(NDO), 3D Studio (3DS), Wavefront (OBJ),
Lightwave/Modo, VRML (WRL), Renderware
(RWX), FBX (on Windows and Mac OS X),
Yafray, Povray, Kerkythea, Collada, Adobe
Illustrator 8 (AI) . Possui uma comunidade
Brasileira http://www.wings3d.com.br.
Figura 7 - Pencil

Synfig (http://synfig.org) – Para animação animação. Não possui comunidade Brasileira.


2D este é o nosso melhor software, com alguns
recursos também encontrados no toom boom
podemos produzir animações profissionais, MUAN (http://www.muan.org.br/) -
alguns artistas o está usando para fazer Idealizado pela equipe do festival Animamundi,
composição. Possuía uma comunidade este programa tem por objetivo ensinar as
Brasileira que agora está em reformulação. pessoas os conceitos básicos do cinema de
animação. Basicamente é um capturador de
imagens quadro a quadro. Por ser um software
100% Brasileiro, toda a documentação se
encontra em português no site.

Bem pessoal espero que tenha ajudado


com esta listagem, é claro que existem muito
mais programas livres nestas áreas e se fosse
listar todos daria quase uma revista inteira só
com este artigo;). Até a próxima edição gente!

Figura 6 - Synfig

CARLOS EDUARDO MATTOS DA CRUZ -


Pencil (http://www.pencil-animation.org/) - CADUNICO - atua a 18 anos como designer
Se você gosta de animar da maneira tradicional e a dois anos utilizo somente software livre
quadro a quadro, pode usar este programa sem em suas criações. É membro dos grupos
LINUERJ, Debian RJ e SLRJ. Idealizador do
medo, seu preview de timeline é perfeito, com GNUGRAF [http://gnugraf.org].
ele podemos sentir com precisão o time de

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CAPA · QUADRINHOS E SOFTWARE LIVRE

Quadrinhos e
Software Livre
Por Karlisson Bezerra

Dora Pete - sxc.hu

Não é mais surpresa que softwares gráfi-


cos como o Inkscape ou o GIMP sejam capa-
zes de produzir excelentes trabalhos. Eles
começaram simples, com poucos recursos, e
continuam crescendo e conquistando cada vez
mais usuários. Qualquer um que acompanhe o
desenvolvimento de algum deles pode observar
a evolução, tanto do software como da comuni-
dade em torno deles. Eu observo o desenvolvi-
mento do Inkscape desde a versão 0.44
(atualmente na versão 0.47) e posso assegurar
que o salto de qualidade foi enorme, apesar de
alguns pequenos bugs ainda persistirem e já te-
rem comemorado muitos aniversários.
Ainda sou questionado sobre os softwares
que utilizo para produzir o Nerdson e já não me
surpreendo mais com a reação à minha respos-
ta. Há muitos artistas produzindo quadrinhos e
ilustrações com esses softwares, o que prova
mais uma vez que não é a ferramenta que im-
porta, e sim o talento. Posso citar alguns que o
fazem de forma brilhante, como o Wallisson

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CAPA · QUADRINHOS E SOFTWARE LIVRE

Narciso do http://nanquimaoquadrado.com/, o Ca- destina. Funciona como um aparador de pon-


fetron do http://nebulosabar.com/ e o Rodrigo tas. Tudo que estiver fora da área seleciona-
Leão do http://noisnatira.com/. da ficará oculto. (Fig. 1)
Fazer quadrinhos não é nenhuma técnica
milenar secreta. Se levarmos em consideração
uma de suas muitas definições, como a de "arte
sequencial", podemos definir como quadrinho
uma sequência de imagens e/ou textos que pas-
sem uma mensagem para o leitor. Assim, o mo-
do de produzir, a forma de se expressar e o
estilo artístico, entre outras características, são
o que diferenciam os artistas.
O Inkscape não deixa a desejar como ferra-
menta de ilustração vetorial, e consequentemen-
te, produção de quadrinhos. A vantagem inicial
de trabalhar com o formato vetorial é o reaprovei-
tamento de ilustrações, o que permite a criação
de uma biblioteca de imagens, o que consequen- Figura 1 - Aparando as bordas
temente poupa tempo e trabalho. O Inkscape
0.47 resolveu um antigo problema: permite que * Clones - Imagine que você fez várias
objetos possam ser copiados entre diferentes ja- cópias de um objeto no quadrinho e precisa
nelas da aplicação, através de uma "clipboard" alterar um pequeno detalhe. Para evitar o tra-
comum a todas as janelas abertas. Nas versões balho de fazer a mesma alteração várias ve-
anteriores só era possível copiar objetos de arqui- zes ou apagar e copiar tudo novamente,
vos abertos pela janela atual. existe o recurso de clone. Ao clonar um obje-
Depois de muitos quadrinhos criados você to, os clones passam a refletir as mudanças
pode querer deixar tudo mais fácil para poupar feitas no objeto clonado, ou seja, você só faz
tempo e trabalho. Além da biblioteca de ima- a alteração uma vez.
gens, um modelo de quadrinho pré-definido po- * Desfoque e transparência - Útil para
de ajudar a manter um padrão. Essas aplicar um contraste entre o cenário e os per-
facilidades, obviamente, são inerentes ao modo sonagens. (Fig. 2)
digital de produção. Vejamos mais algumas de-
las:
* Linhas-guia e grid - Você quer quadri-
nhos alinhados corretamente? Crie linhas-
guia. Elas ajudam a posicionar os objetos de
acordo com um eixo específico. O grid tam-
bém serve para esse mesmo propósito. Am-
bos os recursos podem ser configurados
para atender melhor à necessidade do usuá-
rio.
* Clipping - O recurso de clip existe pa-
ra não nos preocuparmos se um desenho vai
ficar maior do que o quadro ao qual ele se Figura 2 - Fecha tudo, o chefe chegou!

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CAPA · QUADRINHOS E SOFTWARE LIVRE

* Balde de tinta - Se você desenha à gável, além do feedback instantâneo


mão, digitaliza e depois vetoriza as imagens, (WYSYWYG).
esta ferramenta pode ser particularmente útil A experiência que acumulei desenhando
para colorir automaticamente espaços fecha- quadrinhos, além de outros trabalhos realizados
dos. (Fig. 3) com Inkscape e GIMP não me deixam negar o
fato de que softwares livres gráficos fazem bem
o seu trabalho, ao contrário do que prega o sen-
so comum (que nem sempre está correto). Por-
tanto, convido você, artista, a experimentar as
alternativas livres, interagir com os desenvolve-
dores, fazer parte de uma comunidade, ir além.
Faz bem para a criatividade... e rende boas his-
tórias para quadrinhos.
Figura 3 - Da caneta ao pixel
Para mais informações:
Site Nerson não vai a escola
Além desses recursos (simples, podemos http://nerdson.com
dizer), temos no Inkscape uma gama de exten-
sões e efeitos que combinados, podem gerar be- Site Oficial Inkscape
los resultados visuais. E com um pouco de http://www.inkscape.org
conhecimento em programação (em Python, prin-
cipalmente) você também pode fazer sua pró- Site Nanquin ao Quadradro
pria extensão. http://nanquimaoquadrado.com/
O Inkscape gera por padrão uma imagem
PNG em 24 bits. Dependendo da complexidade Site Cafetron
e tamanho da imagem, o arquivo pode ficar relati- http://nebulosabar.com/
vamente grande, o que não é recomendado pa-
ra publicações na web. Nesse caso, deve-se Site Nóis na Tira
então procurar reduzir o tamanho do arquivo. Se http://noisnatira.com/
sua imagem possui muitos degradês e efeitos
mais rebuscados, não há muito o que fazer. Em KARLISSON BEZERRA é técnico em
desenvolvimento web pelo CEFET-RN,
certos casos converter para o formato JPG é graduando em Sistemas de Informação
uma solução, apesar da relativa perda de quali- na FARN. Ilustrador, quadrinista e
programador nas horas vagas, criador
dade. Se a imagem possui apenas cores sóli- do "Nerdson não vai à escola".
das, a melhor alternativa é reduzir o número de
cores (indexar). Há ferramentas de linha de co-
mando para isso, como o optipng ou pngcrush,
mas eu recomendo o "convert" da suíte Image-
Magick. A maioria dos quadrinhos que faço são
convertidos para 8 bits (256 cores) sem perder
qualidade. Há casos em que é possível reduzir
em até 300% o tamanho do arquivo, com perda
mínima de qualidade. Os utilitários de linha de co-
mando são úteis para o caso de conversões em www.volcon.org
massa, mas o GIMP é uma alternativa mais ami-

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CAPA · LIVEBRUSH

http://www.flickr.com/photos/livebrush/3739530117/
Por Rafael Marassi
O LiveBrush é um programa de desenho
vetorial desenvolvido em Adobe AIR, isto signifi-

Software Livre ca que é multiplataforma e pode ser usado em


Windows, Linux e Mac.
Através do programa é possível criar wall-

de desenho papers, desenhos, cartazes, abstrações, ilustra-


ções e deixar sua criatividade aflorar.
O editor é bem simples e quem tem prática
vetorial em programas gráficos pode desenvolver exce-
lentes resultados. Sua interface é bem parecida

desenvolvido com o Photoshop.


O LiveBrush possui um rico conjunto de fer-
ramentas, pincéis e efeitos. O programa ainda

em Adobe AIR suporta Canvas e conta com mais de 100 esti-


los e decorações.

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CAPA · LIVEBRUSH

Aba Layers
Nesta aba, você consegue visuali-
zar as camadas do seu trabalho, assim
como é feito no Photoshop. É possível
ainda configurar a aparência das cama-
das no menu “blend mode”. Podemos
também ajustar a opacidade e cores.
Na parte inferior da aba, você pode adi-
cionar, excluir e mudar as camadas de
posição.
Na parte direita do aplicativo você
Figura 1: Tela do programa ainda encontra uma barra de ferramen-
tas vertical com opções de pincéis, bal-
Ferramentas do LivreBrush de de tinta, contador de gotas, ajuste de cor e a
O programa tem um layout bem parecido ferramenta “mãozinha” para movimentar seu tra-
com o Photoshop e possui as ferramentas bási- balho de forma simples, sem alteração no layout.
cas para criação de layouts vetoriais. Depois finalizado o seu trabalho, você tem
a opção de exportá-lo em PNG. O programa
Aba Style também tem uma versão paga, que possibilita
exportar o arquivo em formato vetorial.
Nesta aba é possível visualizar os vários es-
tilos de pincéis que podem ser utilizados. São vá- O LiveBrush também possui uma comuni-
rios modelos que vão de um simples traço até dade para pessoas que utilizam as ferramentas
galhos e flores. Basta testar os estilos para come- do aplicativo para desenvolverem seus traba-
çar a compor seu trabalho de vetorização. lhos. No fórum, você pode encontrar dicas, tra-
balhos realizados por outros usuários e
Um detalhe bem interessante é que pode- compartilhar seus trabalhos.
mos aplicar vários efeitos de uma única vez. Pa-
ra fazer isso, é só clicar nos estilos que quer O LiveBrush merece uma atenção especi-
utilizar com o “ctrl” pressionado. al, principalmente para quem é fã de gráficos di-
gitais.
Ainda na aba de estilos é possível visuali-
zar quais foram selecionados, importar estilos, Para ter mais informações sobre o Live-
exportar e criar seus estilos personalizados. Brush acesse o site www.livebrush.com e tenha
acesso ao link de download do programa, um ví-
deo de demonstração do aplicativo e saiba co-
Aba Tool Settings mo fazer parte da comunidade de usuários do
LiveBrush.
Nesta aba é possível configurar todas as
ferramentas para que seu trabalho seja mais ori-
ginal. Através das opções disponíveis nessa
RODRIGO MARASSI CREMONIN é
aba é possível definir a velocidade do pincel, in- graduado em Sistemas de Informação e
tervalos, distância, entre outras diversas opções Pós-graduado em Gestão de Segurança
da Informação pela FEF - Fundação
para facilitar o seu trabalho. Educacional de Fernandópolis. Pós-
graduado em Gestão de Tecnologia da
Informação pela FGV.

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MULTIMÍDIA · FAZENDO MÚSICA COM SOFTWARE LIVRE

FAZENDO
MÚSICA COM
SOFTWARE LIVRE

sxc.hu
uyo14 -
Por Jomar Silva

Tenho me divertido muito nos últimos me- O primeiro da lista é o software que é con-
ses fazendo música em casa somente utilizando siderado o “canivete Suíço” do áudio digital: Au-
softwares livres e por isso resolvi apresentar dacityi. Além de ser um software extremamente
aqui para vocês alguns aplicativos que tenho utili- poderoso, fazendo do básico ao avançado na
zado. Existem diversos tutoriais para todos eles edição de áudio, o Audacity é ainda multi-plata-
na Internet e portanto a minha intenção aqui é a forma e por isso, você pode usa-lo em diversos
de lhes apresentar os softwares que utilizo e ex- sistemas operacionais. Em outras palavras,
plicar como colocar um trabalhando com o outro aprenda a usar este software direito e você sem-
(ou seja, um macro caminho das pedras). pre terá á sua disposição uma excelente ferra-
Antes que alguém se assuste com o tema, menta de manipulação de áudio livre em
eu sou músico desde antes de saber o que era qualquer plataforma.
um computador, e resolvi escrever este artigo O Audacity é um gravador e editor de áu-
pois existem inúmeros softwares livres para músi- dio, o que significa que com ele você pode gra-
ca e foi um parto (e levou alguns anos) para que var um arquivo com base em uma entrada de
eu encontrasse um conjunto de softwares que som (como um podcast ou uma entrevista), ou
atendam á todas as minhas necessidades atu- editar um arquivo já existente (com tirar ruídos
ais para gravação e produção musical. de entrevistas gravadas ou colocar trilha sonora
em um podcast). Ele suporta múltiplas trilhas de

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MULTIMÍDIA · FAZENDO MÚSICA COM SOFTWARE LIVRE

áudio, e com isso se pode colo- softwares é a


car e mixar quantas fontes de utilização de
áudio se deseja, para fazer coi- um kernel em
sas como podcasts ou trilhas tempo real,
sonoras completas para víde- pois este irá
os. Ele possui ainda uma lista responder
gigante de filtros muito úteis, pa- com o mínimo
ra fazer desde coisas simples de latência
como ajustar automaticamente possível às
os níveis de uma gravação até aplicações
coisas mais complicadas como que você vai
alterar o pitch de uma grava- utilizar (tocar
ção (a distorção básica que uma guitarra
sempre ouvimos na TV ou no e aguardar mi-
rádio quando entrevistam uma crossegun- Figura 1: Tela do Audacity
“testemunha anônima”... sim, a dos para
voz de pato), e exporta para di- ouvir o som dela é terrível e invi- da atrapalhe minha concentra-
versos formatos. Em resumo, o abiliza qualquer gravação mais ção.
Audacity é uma mão na roda séria). Como eu uso o Ubuntu, O software mais importan-
para as edições de áudio e gra- existe a opção de instalação te, ou a base para todos os ou-
vações do dia a dia (é excelen- de um kernel em tempo real ne- tros softwares que vou
te para gravar aquela ideia de le (chamado RT) e com isso eu apresentar aqui, é o Jackii.
música que você acabou de sempre tenho no meu menu Existe uma explicação técnica
ter e não sabe onde guarda-la). de inicialização a opção de inici- e bem bonita para o Jack, mas
Tão logo você se anime alizar com este kernel, que só prefiro deixar aqui uma bem
com o Audacity, vai acabar des- utilizo quando vou trabalhar simples de entender: O Jack é
cobrindo que com ele é possí- com áudio. um gigantesco painel de cone-
vel a gravação de várias trilhas A segunda dica que deixo xões virtuais de áudio, como
separadamente, o que signifi- aqui, é que quando você iniciali- se fosse um gigantesco “benja-
ca que agora você tem um gra- zar a máquina para uma ses- min” para conexões virtuais.
vador multi trilhas á sua são de gravação, deixe em Ele é também um servidor de
disposição e por isso você po- execução apenas as aplica- áudio em tempo real e com bai-
de gravar suas músicas sozi- ções que vai utilizar durante xa latência e por isso, é o pri-
nho, usando uma trilha para aquela seção. Cada byte que meiro software que você
cada instrumento. A ideia é sobra de memória RAM para a precisa instalar, configurar e
boa, mas o Audacity não é exa- utilização destes softwares aju- aprender a usar direito (e co-
tamente a melhor ferramenta da bastante e além disso, já vi mo já falei, não faltam tutoriais
para isso, e por isso mesmo eu sessões de gravação irem pa- para isso).
apresento softwares que utilizo ra o vinagre por um e-mail que Basicamente você vai
para gravações de músicas de chegou ou algum amigo cha- usar o Jack para conectar as
forma mais profissional, e sal- mando no software de mensa- entradas e saídas dos demais
vo duas exceções, só irei abor- gens instantâneas. Eu softwares, como se você esti-
tar softwares livres para Linux. costumo deixar até minha inter- vesse conectando cabos no
A primeira dica importan- face wifi desconectada quando mundo real entre equipamen-
te para a utilização destes estou gravando, para que na- tos (como da guitarra para a

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MULTIMÍDIA · FAZENDO MÚSICA COM SOFTWARE LIVRE

pedaleira, da pedaleira para a atividade e por isso, use e abu- kits de bateria acústica que per-
mesa de som, da mesa de se do software. mitem que você grave uma ba-
som para o gravador e para o Quem já gravou alguma teria no computador com
amplificador e etc...). Um vez em estúdio vai se acostu- tamanha qualidade que nin-
software que ajuda muito no mar muito rápido como Ardour, guém consegue depois dizer
processo é o Jack Controliii, e pois nele você vai adicionando se ela foi feita ao vivo ou não.
depois que você se acostuma novas trilhas de áudio, e conse- A interface do Hydrogen é bas-
com a tela de configuração de gue ir alterando e mesclando tante intuitiva, e existem mui-
conexões dele, sempre imagi- trechos destas trilhas, além de tos tutoriais dele na rede. De
nando que você está conectan- poder utilizar ferramentas de au- forma resumida, você escolhe
do cabos virtuais, fica tudo tomação bem interessantes (co- o set de bateria que quer utili-
muito fácil de entender. mo aumentar e abaixar o zar, abre a tela de edição de
Já que temos um servidor volume dos instrumentos ao lon- padrões e parte para a edição
de áudio em pé, passemos ago- go da música). O Ardour pode gráfica (point-and-click) colo-
ra para o nosso gravador de áu- ser ainda utilizado para fazer cando no tempo as peças da
dio multi trilhas digital, que é o música com base em loops de bateria que você quer que se-
Ardouriv. áudio pré existentes, ou para fa- jam tocadas... é um processo
zer arranjos para músicas já de aprendizado bem lúdico e
O Ardour é um dos softwa- interessante e depois de al-
res mais legais que conheço, existentes (importando a faixa
original e acrescentando a ela guns padrões montados, você
principalmente por que com consegue montar a música to-
ele eu posso fazer em casa al- os instrumentos que você qui-
ser). Como vantagem adicional da através da combinação de-
gumas coisas que eu só pode- les.
ria fazer em um estúdio ele também roda em Mac OS
caríssimo há alguns anos X. A saída de áudio do Hy-
atrás. As limitações do Ardour Já temos o servidor e o drogen pode ser conectada a
são na verdade as limitações gravador, agora nos faltam os uma entrada de áudio do Ar-
do seu computador e da sua cri- instrumentos... correto ? dour e com isso já temos a tri-
lha da bateria pronta para ser
Como ba- gravada. É importante ainda
terista, vou co- ajustar o tempo de todos os
meçar minha softwares para um valor co-
lista de instru- mum e conectar todos os tem-
mentos pela porizadores dos softwares ao
bateria. Exis- Jack, para que você possa con-
tem diversos trolar todos eles de um único
softwares pa- lugar (play, rec e etc...).
ra programa-
ção de Ás vezes fica legal colo-
bateria dispo- car algum tratamento de áudio
níveis, mas em um instrumento antes de
eu gosto mes- envia-lo ao gravador (Ardour)
mo e uso bas- e no mundo real utilizamos pe-
tante o daleiras e racks de efeito para
Hydrogen, isso. No mundo da música livre
pois ele pos- também temos pedaleiras e
Figura 2: Tela do Ardour
sui alguns racks de efeito e começo falan-

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MULTIMÍDIA · FAZENDO MÚSICA COM SOFTWARE LIVRE

ções), vamos Gosto muito do ZynAdd-


agora colocar SubFX, mas como não tenho
as bases da nenhuma super máquina ele
nossa música. acaba às vezes comendo mui-
Para to meu processamento durante
quem toca te- uma sessão de gravação.
clado e tem Além disso, eu toco piano e te-
uma controla- clado mas não sou nenhum
dora MIDI, eu profissional, e por isso, cometo
recomendo a alguns erros que me levam ás
utilização de vezes a ficar horas para conse-
três softwares guir gravar uma trilha inteira de
que julgo es- alguns minutos (e sei que isso
senciais. acontece nas melhores famíli-
Quem me as :) ).
Figura 3: Tela do Hydrogen apresentou a Uma alternativa interes-
estes caras sante e mais leve computacio-
do sobre um rack de efeitos foi meu grande amigo Eduardo nalmente é a utilização do bom
bem útil chamado Jack Rackv. Maçan, que é um mestre em e velho sequenciador MIDI,
Ele é basicamente um música com software livre. que te permite editar as notas
rack com diversos efeitos que O primeiro software é o Zy- após a gravação e com isso
podem ser combinados e casca- nAddSubFXvi, que apesar do corrigir erros ou escorregões
teados para que tenhamos na nome pra lá de nerd e esquisi- durante a gravação. Ele permi-
saída o som que temos em to é um excelente sintetizador te ainda que você utilize diver-
mente. Através da sua interfa- totalmente configurável. Ele já sos outros instrumentos que
ce gráfica é possível a instala- vem com um extenso banco podem variar dos mais simples
ção e configuração de cada de timbres e efeitos pré configu- (como um piano) aos mais inu-
um dos módulos, e através do rados, e te permite ainda cons- sitados (como ruído de carro)
Jack Control você conecta seu truir seus próprios timbres, que em suas músicas.
instrumento a ele e a saída de- significa que você vai perder di- Como o Ardour não pos-
le ao Ardour. Como eu estava as e dias brincando como Zy- sui ainda um sequenciador MI-
falando do Hydrogen, acho nAddSubFX até que consiga DI interno, o sequenciador
sempre interessante jogar um encontrar o “timbre perfeito”. MIDI que utilizo é o Rosega-
reverb na saída de áudio do Hy- denvii, que como diz o Maçan
drogen, para deixar o som da O controle das conexões
entre ele e o Ardour (ou qual- “Não é perfeito, mas é o me-
bateria mais envolvente e o lhor que temos !”
Jack Rack é o cara certo para quer outra coisa que você que-
esta tarefa, e você pode ter vári- ria colocar aí no meio) será O Rosegarden é o softwa-
os JackRack abertos simultane- feito através do Jack, lembran- re que vai armazenar todas as
amente. do que agora além das configu- faixas MIDI que você vai utili-
rações de conexão de áudio zar, e ele possui diversas ferra-
Bateria configurada (e se você ainda precisa fazer as co- mentas para te ajudar a
você quiser gravada também, nexões MIDI, e tudo isso é compor a sua música (de es-
para poder fechar o Hydrogen bem simples de fazer usando crever direto na partitura á en-
e o Jack Rack, liberando mais o Jack Control. trada manual de eventos
memória para as demais aplica-

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MIDI). Uma dica que deixo te de som (SoundFont 2). lão elétrico e com isso transfor-
aqui é sempre gravar e ter um Existem diversos arquivos de mo meu violão folk na guitarra
backup dos seus arquivos, fontes de som (extensão .SF2) do Jimmy Hendrix com apenas
pois já me aconteceu duas ou disponíveis na rede, e inúme- alguns cliques (e o resultado fi-
três vezes do Rosegarden tra- ras empresas que trabalham ca muito interessante... pena
var e eliminar junto o arquivo com o desenvolvimento de fon- que eu não toco nem 1% do
que eu estava utilizando (nu- tes específicas. Procurando que o Hendrix tocava...). Como
ma destas eu perdi quase 6 ho- com atenção você pode encon- eu não tenho nem guitarra
ras de trabalho). trar coisas interessantes que nem pedaleira, o Rakarrak tem
É importante entender vão de sintetizadores dos anos sido extremamente útil para mi-
que o sequenciador MIDI ape- 60, 70 e 80 a instrumentos me- nhas gravações. Ele possui
nas registra o que, como e dievais. O QSynth permite ain- uma série de efeitos pré pro-
quando tocar cada nota, mas da que você combine dois ou gramados, e me permite criar e
ele não produz som algum. Pa- mais instrumentos e isso aca- armazenar os meus próprios
ra que ele “toque”, é necessá- ba dando um resultado bem in- efeitos através da combinação
rio que esteja conectado a um teressante (eu gravei outro dia de 19 pedais de efeitos que
sintetizador MIDI, com os ban- uma trilha misturando uma flau- ele possui, como os clássicos
cos devidamente carregados e ta com um teclado chapado Over Drive, Distortion, Chorus,
configurados. dos anos 70 e o resultado fi- Phase, Flanger, Compressor e
cou muito interessante). Reverb, entre outros (sim, vo-
O sintetizador MIDI que cê vai perder aí mais alguns
utilizo é o QSynthviii, que na ver- Para finalizar a lista de
softwares, gostaria de lhes bons dias brincando com sua
dade é uma interface gráfica pa- pedaleira virtual, através de
ra o FluidSynthix. A função apresentar um software que
descobri há poucos dias e que uma interface muito intuitiva).
básica deste cara é de reprodu-
zir um evento MIDI que ele rece- tem me rendido horas de diver- Eu não tenho nenhum
be (neste caso do Rosegarden são na frente do computador. equipamento especial para co-
ou diretamente da sua controla- Ele é o Rakarrakx, e ele mistu- nectar instrumentos aos meus
dora MIDI), utilizando uma fon- ra dois softwares apresenta- computadores, algo como uma
dos aqui: pode ser usado placa de captura especial ou
como o Jack uma placa de captura USB, e
Rack e foi de- por isso uso a boa e velha en-
senvolvido trada de microfone dos meus
com parte do computadores para fazer mi-
código do Zy- nhas gravações. Sendo assim,
nAddSubFX e conecto meu violão elétrico na
portanto ele entrada de microfone do meu
pode ser en- notebook, conecto esta entra-
tendido como da no Rakarrak e a saída dele
o ZynAdd- no Ardour (e claro, você pode
SubFX para colocar o que quiser aí no
guitarras. meio, como o Jack Rack para
Eu utili- dar um segundo nível de efei-
zo ele para co- tos).

Figura 4: Tela do Rosegarden


locar efeitos Existem diversos outros
no meu vio- softwares que podem ser utili-

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MULTIMÍDIA · FAZENDO MÚSICA COM SOFTWARE LIVRE

Para mais informações:


i. Site Oficial do Audacity:
http://audacity.sourceforge.net/

ii. Site Oficial Jack


http://jackaudio.org/

iii. Site Oficial Qjackctl


http://qjackctl.sourceforge.net/

iv. Site Oficial Ardour


http://ardour.org/

v. Site Oficial Jack-Rack


Figura 5: Site do Movimento MPB - Música Para Baixar
http://jack-rack.sourceforge.net/
nas os “complementos” do
zados em conjunto com estes, Ubuntu Studio nela (foi assim vi. Site Oficial Zynaddsubfx
mas estes são os caras que uti- que comecei a brincadeira, http://zynaddsubfx.sourceforge.net/
lizo com mais frequência, e sei mas hoje prefiro instalar os
que eles se comportam bem softwares um a um... coisa de vii. Site Oficial RoseGarden
uns com os outros. Espero que nerd). http://www.rosegardenmusic.com/
com este artigo, vocês percam
menos tempo procurando Para finalizar, lembro a to-
viii. Site Oficial Qsynth
softwares e mais tempo se di- dos do movimento Música Pa-
http://qsynth.sourceforge.net/
vertindo com eles. ra Baixarxi, que está
batalhando para que possa-
Uma coisa que aprendi é mos ter um cenário sólido de ix. Site Oficial Fluidsynth
que a melhor forma de enten- produção cultural independen- http://fluidsynth.resonance.org/trac
der softwares para música é uti- te no Brasil. Para quem não co-
lizando-os na prática. Com o nhece, fica aqui a dica para x. Site Oficial Rakarrack
tempo você vai entendendo me- conhecer e para todos que vão http://rakarrack.sourceforge.net/
lhor como eles funcionam e co- produzir suas músicas usando
meça a ficar mais fácil para as tecnologias livres aqui apre- xi. Site Oficial do Movimento MPB
procurar outros softwares para sentadas, fica o apelo deste http://musicaparabaixar.org.br/
complementar seu arsenal so- que vos escreve: Disponibilize
noro, e até para entender as suas músicas na Internet atra- JOMAR SILVA é en-
discussões nas listas de discus- genheiro eletrônico e
vés de um licenciamento livre. Diretor Geral da
são dos softwares, fonte de ex- Vamos juntos mudar a cara da ODF Alliance Latin
celente informação sobre eles. America. É também
produção cultural brasileira ! coordenador do gru-
Para quem quiser baixar po de trabalho na
Bom divertimento ! ABNT responsável
uma distribuição com quase tu- pela adoção do ODF
do isso instalado e funcionan- como norma brasilei-
ra e membro do OA-
do direito, recomendo o SIS ODF TC, o
Ubuntu Studio. Se você já tem comitê internacional
uma instalação do Ubuntu dis- que desenvolve o pa-
drão ODF (Open Do-
ponível, é possível baixar ape- cument Format).

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MULTIMÍDIA · JACK AUDIO CONNECTION KIT - PARTE 1

Jack Audio Connection Kit


Parte 1
Por Leandro Leal Parente

Para todos que vêm acom- figurações que possibilitam o Como assim? Não exis-
panhando meus artigos, che- processamento de áudio em tiam softwares semelhantes
gou o grande momento. Para tempo real no Linux. ao Cubase, Logica, ou mes-
os que não os leram, sugiro A partir deste momento mo igual ao FruitLoop Stu-
que parem por aqui e não pros- passou a fazer sentido desen- dio?
sigam até terem feito isto. Tu- volver softwares de áudio para Não!!! Não existia uma
do o que escrevi anteriormente Linux já que agora o sistema software com funções “uni-
foi apenas uma preparação pa- operacional fornecia condições versais” que fizesse tudo e
ra este momento. Hoje será adequadas para a utilização mais pouco quando o assun-
apresentado a vocês a maior dos mesmos. Entretanto pou- to fosse áudio.
ferramenta para se trabalhar cas pessoas se interessavam
com áudio no Linux. pelo assunto. Então começa-
Há alguns anos atrás nin- ram a surgir pequenos softwa- A comunidade Linux tinha
guém, falava de áudio no Linux res especialistas em apenas duas alternativas:
por dois simples motivos: uma determinada atividade. - Desenvolver um software ro-
- O sistema operacional pos- Na época haviam softwa- busto com “1 milhão de fun-
suía muito latência; res para os seguimentos: ções”, semelhantes aos
- Não existia softwares adequa- softwares proprietários do Win-
- Multitrack (Editor/Sequencia- dows e do OsX;
dos para esta tarefa; dor);
Como vocês já devem sa- - Desenvolver uma plataforma
- Sintetizadores; de comunicação de áudio e MI-
ber o problema da latência foi - Sequenciadores MIDI;
solucionado com o surgimento DI padrão, capaz de conectar
- Drum Machines; todos estes softwares especia-
do patch PREEMPT_RT que - Plugins LADSPA;
modificou o Kernel nativo permi- listas e criar um ambiente mo-
tindo definir umas séries de con- dular;
Então vem a pergunta:

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MULTIMÍDIA · JACK AUDIO CONNECTION KIT - PARTE 1

Em pouco tempo surgiu a Com o auxilio de um Ker- isto economiza processamento.


solução para o problema! nel real-time, um hardware efici- Quando o servidor for ini-
ente e uma configuração ciado aparecerão os clientes in-
adequada o Jack transforma- ternos do Jack: canais de
Prazer este é o Jack! se em um servidor de baixa la-
O Jack Audio Connection entrada e saída, dependendo
tência e alto desempenho, utili- do modo que foi selecionado.
Kit é um servidor de áudio e MI- zando 32 bits para
DI de baixa latência e de tem- Quando vou tocar, utilizo o mo-
representação de dados e sen- do playback only, já que neces-
po real com suporte a vários do capaz de tratar qualquer ti-
sistemas operacionais: OsX, Li- sito apenas de saída para
po de dado streaming e não minha controladora MIDI com
nux, Windows, Solaris e Fre- apenas áudio.
eBSD. Ele foi desenvolvido por 4 canais de áudio.
Paul Davis, Richard Günther, Grande parte das aplica- Com o servidor funcionan-
David Olofson, Benno Senno- ções com suporte ao Jack es- do é possível conectar várias
ner, Kai Vehmanen e outros co- tão listadas neste link. Da aplicações multimídia e redire-
laboradores. ultima vez que contei existiam cionar os fluxos áudio e MIDI
151 softwares na lista. entre elas. Seguindo este prin-
Seu surgimento foi a mai-
or revolução que o mundo do cípio é possível rodar um
áudio em Linux sofreu. Rapida- Como o Jack funciona? player de música que ao invés
mente começaram a surgir vári- O Jack têm suporte a vári- de se ligar direto aos canais de
os software com suporte ao os drivers de áudio: saída da interface de som, redi-
Jack e os que já existiam se reciona seu fluxo de áudio pa-
- ALSA; ra o canal de entrada do
adaptaram rapidamente. - PortAudio; Jack-rack, software capaz de
Com este servidor de áu- - CoreAudio; aplicar efeitos LADSPA. Dessa
dio foi possível integrar softwa- - FreeBoB; forma o Jack-rack aplica um
res especialistas e criar uma - FFADO; determinado efeito, por exem-
ambiente robusto e modular ca- - OSS; plo um flanger, e redireciona
paz de substituir os softwares sua saída para os canais de
proprietários mais conhecidos Nós iremos utilizar o AL- saída padrão da interface de
e renomados do mercado. SA, que é nativo do Kernel, som. O resultado disto é um
Seus criadores abstraí- mas sinta-se a vontade para uti- ambiente capaz de aplicar vári-
ram a comunicação de qual- lizar qualquer outro. os efeitos a uma música sendo
quer host (software cliente) reproduzida em um player de
Ele também pode funcio-
com o driver da interface de áu- música comum.
nar em 3 modos:
dio, adicionando uma camada Veja que os softwares se
a mais neste processo. Portan- - Playback only: apenas saída
conectam entre si e nem se
to qualquer software de áudio de som;
quer tomam conhecimento dis-
deveria se comunicar somente - Capture only: apenas entra-
to. O player de música está fun-
com Jack, deixando todo resto da de som;
cionando normalmente e o
ser feito por ele. Internamente - Duplex: entrada e saída de
Jack-rack também. O redirecio-
o servidor de áudio controlava som;
namento aplicado por nós não
seus host utilizando uma políti- afetou o funcionamento de ne-
ca FIFO, memória compartilha- Para cada um dos modos nhum destes softwares, o servi-
da e threads. é possível escolher a quantida- dor de áudio abstraí tudo isto
de de canais. Em alguns casos para nós.

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MULTIMÍDIA · JACK AUDIO CONNECTION KIT - PARTE 1

Isto resulta em aplica- eu sempre compilo o Jack, por mesmo que estas estejam em
ções especialistas capazes de questão de desempenho. Ca- pastas diferentes. Toda vez
serem desenvolvidas indepen- so você utilize uma distribuição que você for instalar uma outra
dente de quaisquer outras apli- multimídia ela já virá com ele versão sobrescreva a anterior
cações, basta apenas ter instalado. indicando o prefix corretamen-
suporte ao Jack. Este é o úni- Para instala-lo via gerenci- te. Isso evita muita dor de ca-
co pré-requisito para que uma ador de pacotes procure pelos beça! Continuamos na próxima
aplicação possa ser utilizado pacotes jackd (lembre-se que edição. Não perca!
dentro do nosso ambiente mo- existem duas versões) e qjackc-
dular. tl(front-end) e instale-os. Caso
você vá compilar algum softwa-
Como instalar o Jack? re que dependa do Jack não
se esqueça de instalar o paco- Para mais informações:
Existem atualmente duas
tes dev que incluem os hea- Site Jack Audio
versões do Jack Audio Connec-
ders necessários para o http://jackaudio.org/
tion Kit:
processo de compilação.
- Jack 0.116.2: versão mais es- Artigo no Estúdio Livre
tável e mais antiga. Ela é reco- Se você optar por compi-
http://www.estudiolivre.org/Jack#_Ins-
mendada para processadores lar o Jack, o processo é diferen-
talando
de um único núcleo ou mono- te dependendo da versão. O
cores. primeiro passo é escolher a ver-
Artigo sobre Jack
- Jack 1.9.3: versão mais recen- são, baixar e descompactar o
http://lievenmoors.github.com/jack.
te e menos estável. Ela é uma código fonte adquirido no site
html
evolução do Jack-mp (multi-pro- oficial na página de download.
cessor) sendo mais recomenda- Depois entre na pasta descom-
Site StudioLinuxBr
da para processadores de pactada e digite os comandos
http://studiolinuxbr.blogspot.com/
vários núcleos. Entretanto po- abaixo:
de ser utilizada em processado- Artigo na Wikipédia sobre Jack
res mono-cores sem Para o Jack 0.116.2: http://en.wikipedia.org/wiki/JACK_Au-
problemas. No futuro se torna- dio_Connection_Kit
rá o Jack 2. # ./configure --prefix=/usr
–libdir=/usr/lib
# make
Estas versões podem ser
# make install (necessita de
instaladas de duas formas: permissão de root) LEANDRO LEAL
PARENTE é
- Com o auxílio do gerenciador graduando de
de pacotes; Ciências da
- Baixando o código fonte e Para o Jack 1.9.3: Computação pela
Universidade
compilando; Federal de Goiás
# ./waf configure -prefix=/usr (UFG), adepto da
# ./waf build filosofia Open
O gerenciador de pacotes Source e usuário
# ./waf install (necessita de Linux. Atualmente é
facilita muito a instalação, entre- permissão de root) estagiário no
tanto traz apenas os binários Laboratório de
Processamento de
do Jack, ou seja, o software já Imagens e
compilado. Apesar do trabalho, Nunca tente manter duas Geoprocessamento
versões do Jack no sistema, (LAPIG) na UFG.

Revista Espírito Livre | Fevereiro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |52


ENTREVISTA · ENTREVISTA COM ALEXANDRE OLIVA

Entrevista com Alexandre Oliva,


membro do conselho da FSFLA
Por João Fernando Costa Júnior

Está se aproximando o maior evento distri- Revista Espírito Livre: O que pretende o
buído de Software Livre do mundo: o Festival La- FLISOL?
tino-americano de Instalação de Software Livre. Alexandre Oliva: Vejo um consenso nas co-
Todos os anos, em centenas de cidades, reú- munidades que o promovem de que há dois
nem-se militantes do Software Livre e, digamos, grandes objetivos: a divulgação do Software Li-
pessoas normais que querem aprender sobre vre e sua filosofia, e a integração das comunida-
Software Livre e tê-lo instalado em seus compu- des de Software Livre da América Latina.
tadores. Em edições anteriores, algumas das se-
des já reuniram mais de 5 mil pessoas cada A integração se promove através da coor-
uma. Este ano, o festival está marcado para 24 denação necessária para a organização de um
de abril. Ainda dá tempo de organizar uma se- evento desse porte, e pela regra de que não de-
de em sua cidade! ve haver mais de uma sede do evento por cida-
de, de maneira que as comunidades locais
Para falar um pouco sobre esse grande somem esforços ao invés de se dividirem.
evento, convidamos o militante de Software Li-
vre, membro do conselho da Fundação Softwa- A divulgação se faz não só através da ins-
re Livre América Latina, Alexandre Oliva, que talação de Software Livre a quem leve seus
tem participado do FLISOL nos últimos 3 anos. computadores, como diz o nome do evento,
mas também através de palestras técnicas e filo-
sóficas, tanto para ensinar os novos usuários a

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ENTREVISTA · ENTREVISTA COM ALEXANDRE OLIVA

utilizar o software recém-instalado, como para


“instalar” na cabeça das pessoas a filosofia do
compartilhamento, da autonomia, do respeito ao
próximo, da busca do bem comum e do enfrenta-
mento às ameaças às liberdades de todos.
REL: Que software vocês instalam?
AO: Depende da sede. Uma das regras
mais marcantes do FLISOL é que não há re-
gras. Cada sede se organiza de forma pratica- Figura 1 - Logomarca oficial do FLISOL
mente independente, embora existam
coordenações nacionais e internacionais. cluem muito Software Livre, mas também bas-
Então, você vai encontrar sedes que insta- tante software grátis privativo, que priva
lam de fato Software Livre: sistemas operacio- usuários das liberdades fundamentais. Muitos
nais inteiramente Livres, como OpenBSD, usuários, e por vezes as próprias distribuições,
UTUTO XS, Venenux, Trisquel, gNewSense, não fazem distinção. São distribuições grátis,
BLAG, Dragora, Kongoni, Musix, Dyne:bolic, Veg- mas não Livres, e propagam essa confusão.
nux NeonatoX, RMS's Mostly Slax, Parabola, Mesmo as que fazem a distinção acabam trans-
além de aplicativos Livres para sistemas operaci- mitindo uma ideia de que o software privativo se-
onais diversos, como os expoentes OpenOffi- ja algo benéfico, ao invés de uma armadilha
ce.org (no Brasil, BrOffice.org) e Mozilla Firefox. para capturar, subjugar e controlar usuários.
Mas também vai encontrar sedes que insta-
lam, distribuem e promovem software grátis, ain- REL: Você se opõe à instalação dessas
da que não seja Livre, promovendo a confusão distribuições no FLISOL?
que existe ao redor desses termos.
AO: Não exatamente. Não tenho nada con-
Software Livre respeita as liberdades essen- tra as distribuições, tenho algo contra o software
ciais dos usuários de executar, estudar, adaptar, privativo que elas distribuem.
melhorar e distribuir o software, inclusive comer-
cialmente. Pode estar no domínio público ou ter Instalar um Debian GNU/Linux, para em se-
seus direitos autorais licenciados de maneiras guida substituir o Linux que ela distribui pelo Li-
que permitam aos usuários gozar dessas liberda- nux-libre correspondente, do projeto
des, exigindo ou não que essas permissões se- Freed-ebian, resulta um sistema Livre. Instalar
jam passadas adiante junto com o software.
Já software grátis, embora possa ser distri-
buído e executado sem ônus, normalmente não
permite ao usuário, com ou sem ajuda de tercei-
ros à sua escolha, estudar seu funcionamento
ou adaptá-lo para que funcione como deseja.
Serve como plataforma para o desenvolvedor im-
por suas escolhas sobre os usuários: justamen-
te a antítese da autonomia defendida pelo
movimento Software Livre.
Ocorre que muitas das distribuições mais Figura 2 - É possível instalar o Debian e em seguida torná-lo livre
populares de GNU/Linux, *BSD e OpenSolaris in- instalando um kernel específico

Revista Espírito Livre | Fevereiro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |54


ENTREVISTA · ENTREVISTA COM ALEXANDRE OLIVA

o Fedora, para em seguida instalar o Linux-libre REL: Mas e as incompatibilidades de


correspondente do projeto Freed-ora, e aí remo- hardware?
ver os pacotes *-firmware não-Livres, dá no mes- AO: Também há muito exagero nesse senti-
mo. Dá pra fazer algo parecido com Gentoo, do. Ao contrário dos formatos de vídeo, aqui há
que inclusive oferece em seus repositórios de pa- um fundo de verdade: há, de fato, dispositivos cu-
cotes um Linux-libre. Noutras distros que não se- jos projetistas fazem questão de controlar a vida
parem as coisas tão claramente, pode ficar mais de seus clientes, desrespeitando seus direitos hu-
difícil. manos e liberdades essenciais.
Muito mais simples e seguro é já instalar Para explicar isso a novos ou futuros usuári-
uma distro Livre, em que o usuário nem vai cor- os de Software Livre, começo com exemplos co-
rer o risco de ser induzido pelo sistema a insta- mo o iPad, quase todos os telefones celulares,
lar software privativo e cair na armadilha depois consoles de jogos, videocassetes digitais e por aí
do evento. E ainda se reforçam as comunida- vai. São computadores disfarçados, configurados
des de Software Livre da América Latina, berço para controlar, espionar, restringir e tornar usuári-
de mais de metade das distros Livres. os impotentes e dependentes do fornecedor. Car-
regam valores diametralmente opostos aos que o
REL: Então por que tem gente que insta- Movimento Software Livre propõe. Você deve po-
la as não-livres? der controlar sua própria vida e a tecnologia que
usa. Ninguém deveria tirar essa liberdade de você.
AO: Só posso especular, mas minha impres-
são é de que prevalece um senso competitivo de Ainda que os computadores convencionais
comunidade, uma coisa de carregar a bandeira da não sejam tão desrespeitosos assim, muitos de
sua distribuição favorita aonde for, de minimizar e seus componentes, também computadores dis-
relevar as falhas e discrepâncias do próprio “time”, farçados, são. Placas controladoras de rede
maximizando e reverberando os boatos a respeito com e sem fio, de vídeo, áudio e disco, entre ou-
de dificuldades e erros dos times dos outros. tras, têm seus próprios processadores e memó-
ria. São computadores por muitas vezes
Acredito que a maior parte dos que defen- configurados para controlar, espionar, restringir
dem ferrenhamente algumas distros quase-Livres e tornar usuários impotentes e dependentes de
nunca sequer experimentaram as variantes Livres seus fornecedores. Pior: às vezes você nem sa-
que existem delas, e guiam-se por boatos e suposi- be que seu computador tem componentes as-
ções incorretas sobre suas limitações. sim, que conseguem espionar tudo que
Por exemplo, há quem acredite que não dá
para assistir a vídeos nos formatos mais comuns
utilizando Software Livre. É uma confusão concei-
tual. Há Software Livre para executar praticamen-
te qualquer formato, mesmo aqueles cobertos por
patentes de software, porque as patentes são váli-
das em alguns poucos países. Há distribuições
não-Livres que evitam esses Softwares Livres,
não para serem menos privativas, mas para evitar
riscos de processos pelos titulares das patentes
nesses países. Mas já as distribuições Livres em
geral incluem esses programas, pois não cedem
as liberdades sem uma boa briga. Figura 3 - Ututo: Distribuição GNU/Linux com base no Gentoo

Revista Espírito Livre | Fevereiro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |55


ENTREVISTA · ENTREVISTA COM ALEXANDRE OLIVA

acontece no seu computador e estão conecta- Se você aceita o abuso, vão continuar abu-
dos diretamente à rede. Miuta gente prefere sando de você e de todos. Se rejeita, se não com-
nem pensar nisso, para deleite dos que querem pra o que tentam impor, e se mais gente age
que seja assim. assim, vão perceber que lhes custa e passar a res-
Os computadores que possuem componen- peitar a todos, não porque façam questão de nos
tes assim exigem que a gente abra mão de nos- respeitar, mas porque querem vender.
sas liberdades para que funcionem. Esses Por isso, não configuro componentes privati-
computadores, deveríamos rejeitar, por solidarie- vos do computador quando instalo Software Livre
dade a todos que poderiam se tornar vítimas de- para um amigo. Sugiro e ajudo a que providencie
les. É nosso dever de cidadão solidário um componente compatível com seu computador
combater esse abuso de poder e exigir o respei- e com sua liberdade, ainda que lhe custe e não
to à liberdade de todos. Todos podemos fazer es- lhe resulte tão conveniente.
sa exigência, levando esse fator em conta na hora Se instalasse o software privativo que o com-
de escolher quais equipamentos eletrônicos com- ponente exige, meu amigo ficaria confortável com
prar. o resultado e provavelmente se esqueceria do pro-
Mas de repente você já tem um computador blema. Quando chegasse a hora de comprar outro
assim faz tempo. Não pode levá-lo ao vendedor pa- computador, compraria outro que não o respeita,
ra exigir de volta o pagamento pelo computador dando mais poder aos projetistas que tentam nos
que, na verdade, nunca foi realmente seu. controlar a todos. Instalá-lo seria um favor não ao
Muitas vezes é possível substituir os compo- amigo, mas ao fornecedor, que ganharia ou mante-
nentes desse computador por outros que não se- ria um escravo.
jam inimigos de nossa liberdade. Outras vezes, Não o instalando, meu amigo se lembra do
não, por raras questões técnicas ou porque seus problema todas as vezes que o uso do substitu-
projetistas as configuraram para que não funcio- to lhe pareça menos conveniente. Quando che-
nem mais se você substituir os componentes por ga a hora de comprar o próximo computador,
outros que queira usar para se tornar Livre. Há re- vai tomar cuidado para que não lhe imponha es-
gistros de comportamento anti-ético assim de forne- sa inconveniência. Fará um favor a si mesmo e
cedores de computadores com placas de rede a todos.
sem fio, discos rídigos e outros componentes. Se alguém prefere evitar a inconveniência
Ainda assim, quase sempre é possível conse- agora, ao invés de instalar toda uma distribuição
guir um componente equivalente que funcione Livre no computador, instalo alguns programas
com USB ou outras portas de expansão de compu- Livres no sistema que já está lá. O usuário conti-
tadores: assim dá pra conectar um dispositivo de nua com as inconveniências com as quais já se
rede com ou sem fio, um disco rígido, ou até uma acostumou, mas sei que vai gostar dos progra-
controladora de vídeo, mesmo em computadores mas, e que numa próxima oportunidade, quem
configurados para servir não a você, mas ao seu sabe num futuro FLISOL, virá com outro compu-
projetista. tador, comprado com cuidado para que Softwa-
Talvez não seja tão conveniente quanto usar re Livre funcione 100% nele. Claro que me
o dispositivo que foi embutido na máquina para disponho a ajudar na escolha.
controlar você. Talvez lhe pareça mais convenien- Pra quem preferir, instalo ambos: os aplica-
te aceitar o abuso, ao invés de dizer aos projetis- tivos no sistema já em uso, e as distros Livres,
tas e vendedores quem você faz questão que de modo que o usuário possa escolher qual inici-
controle seu computador. ar a cada vez que ligar o computador. E quanto
alguma incompatibilidade dificultar o uso de al-

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ENTREVISTA · ENTREVISTA COM ALEXANDRE OLIVA

gum componente, o usuário lembrará que o pro-


jetista do componente lhe quer como escravo e
nos impede de ajudá-lo a ser Livre enquanto
use aquele computador.

REL: O que você sugere para quem quer


colaborar com o FLISOL?
AO: Visite http://flisol.net, veja se já há algu-
ma sede em cidade próxima, entre em contato e
ofereça seus esforços. Se não houver, procure
outras pessoas do Software Livre nas redonde-
zas e registrem uma sede! Aproveitem para bai-
Figura 4 - Musix: Sistema Operacional 100% livre para música
xar distros Livres para oferecer (ou vender
cópias) para os participantes. Não esqueça de ticipante como evitar cair nas armadilhas. A
baixar e oferecer também os fontes, algumas li- mensagem fica um pouco menos coerente, mas
cenças de Software Livre exigem pelo menos a por outro lado vai ter mais tempo pra explicar.
oferta deles. Prepare também sua palestra, para ajudar
Para os que carregam a bandeira de algu- os iniciantes a começar a usar os sistemas Li-
ma distro não inteiramente Livre, procure desco- vres, entrar em contato com as comunidades, e
brir o que há de não-Livre na sua distro favorita, aprender a filosofia que nos move. Lembre que
para evitar instalar esses componentes no FLI- a instalação do software a gente faz no computa-
SOL. Isso fica fácil instalando uma distro Livre dor, mas a liberdade é o usuário que precisa ins-
baseada nela: compare as funcionalidades e os talar na própria cabeça, na própria vida.
pacotes instalados e disponíveis. Experimente
usar a versão Livre por um tempo, para saber ori-
entar melhor os participantes em relação às dife- REL: E pros participantes?
renças, e até para quebrar mitos que existam a AO: Visitem http://flisol.net, localizem a se-
respeito. Se gostar, vá ficando. Aproveite para de mais próxima, e apareçam lá dia 24 de abril!
dar uma força pra comunidade da distro Livre! Isso se não quiserem ajudar a organizar. Não
Sua familiaridade vai permitir transmitir precisa de Software Livre para ajudar a organi-
uma mensagem mais coerente com a do FLI- zar um evento. Levem seus computadores e fa-
SOL, na hora de instalar e distribuir software, ça questão que instalem somente Software Livre
sem deixar de promover sua distribuição favori- neles, de preferência mais de uma distribuição,
ta. Se você gosta do Debian, instale e diga que pra poder conhecer e escolher melhor. Havendo
está instalando o gNewSense 3, uma versão Li- dificuldades, peçam dicas para comprar seus
vre do Debian. Se lhe agrada o Fedora, vá de próximos computadores.
BLAG. Se é fã do Ubuntu, escolha Trisquel, Ve- Mais importante, liberem suas mentes para
nenux ou gNewSense 2.3. Para os fãs de conhecer a filosofia de liberdade, solidariedade e
Slackware, Kongoni e RMS's Mostly Slax. Do Ar- respeito ao próximo do Movimento Software Li-
ch, Parábola. Do Gentoo, UTUTO XS é um des- vre. Assistam às palestras, façam perguntas e
cendente distante. Dentro da proposta do mantenham contato.
FLISOL, também cabe instalar a distro quase-Li-
Sejam bem-vindos à imensa comunidade
vre e remover ou substituir os componentes não-
de Software Livre da América Latina!
Livres por outros Livres, enquanto explica ao par-

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DESENVOLVIMENTO · JOOMLA

DIVULGAÇÃO

Criando Portais Instantâneos


Parte 3
Por Relsi Hur Maron

Bueno, essa terceira parte demorou um


pouco mais para sair. Mas antes tarde do que
nunca, espero que me perdoem.
Na primeira parte dessa série de artigos
aprendemos a fazer a instalação do Joomla com
o conteúdo de exemplo. Na segunda parte, co-
meçamos a trabalhar com uma instalação do ze-
ro e criamos o conteúdo baseado em seções e
Figura 1: Instalação Joomla sem conteúdo
categorias, essa é uma forma bem fácil de criar
um site com o Joomla, mas não é a mais adequa-
da, as limitações são bem óbvias, pois a cada pá- formações sobre a banda e outra que conterá
gina criada precisaríamos de uma categoria informações sobre o site, sendo assim entramos
diferente. no back end do Joomla, clicamos no ícone “Ad-
ministrar Seções” e criemos essas duas seções:
Nessa terceira parte da série, vamos apren-
der a gerir o conteúdo do Joomla através de arti-
gos, e é imprescindível que você tenha
acompanhado as duas primeiras partes, pois
vou partir do princípio que você já está familiari-
zado com a criação de Seções e Categorias,
bem como a de menus, de forma que não vou
me atentar a esses detalhes.
Go to work! Figura 2: As seções criadas: Sobre o Site e Sobre a Banda

Vamos começar com uma instalação pa- Agora atreladas a essas seções irei criar
drão do Joomla, sem conteúdo conforme Figura as categorias, então clicando no Ícone “Adminis-
1. trar Categorias” eu crio as categorias relaciona-
A primeira coisa que preciso definir é como das às suas Seções, conforme Figuras 3 e 4.
a estrutura do meu site será organizada, eu deci- Com as categorias criadas, chegou a hora
di por criar duas Seções, uma que conterá as in- de criar os artigos. Os artigos, no Joomla, são

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DESENVOLVIMENTO · JOOMLA

ria” isso faz com que o Joomla não vincule esse


artigo a qualquer seção, e automaticamente ele
define a opção Categorias como “sem catego-
ria”, da mesma forma, pois na versão atual do
Joomla toda a Categoria tem que estar vincula-
da a uma Seção. Feito isso, criamos o conteúdo
que queremos para esse nosso artigo no campo
Figura 3: Categorias relacionadas a seção Sobre o Site específico, igualmente como foi feito no último
tutorial em relação às categorias, eu simples-
mente irei adicionar uma imagem ao artigo, mas
pode-se inserir qualquer coisa:

Figura 4: Categorias relacionadas a seção Sobre a Banda

essenciais para a manutenção do conteúdo, é


através dos artigos que iremos agregar conteú-
do ao nosso site. Diferentemente das Categori-
as, os artigos não precisam estar agregados a
nenhuma seção específica, e isso é interessan-
te quando queremos criar conteúdo que não se-
ja exibido nas listagens das categorias, e isso é
o que iremos fazer agora, criaremos um artigo
que será exibido como página inicial de nosso si- Figura 6: Nosso primeiro artigo sendo exibido na página inicial do site
te e não está atrelado a nenhuma categoria espe-
cífica: O próximo passo será a criação dos outros
No painel do Joomla iremos clicar em “Ad- artigos, porém dessa vez iremos definir categori-
ministrar Artigos”, e na página de administração as distintas para cada, por exemplo um artigo
de artigos clicaremos em “Novo”: que trate sobre um disco, será colocado na Se-
ção Sobre a Banda e na categoria Discografia,
um artigo que fale sobre um dos componentes
da banda será colocado na categoria Compo-
nentes, e assim por diante.
Os passo para isso são exatamente iguais
ao anterior, apenas pelo fato que que agora ire-
mos escolher a Seção e a Categoria a que eles
Figura 5: Criação de um novo artigo
estarão atrelados, um exemplo seria escrever
Primeiramente defina o título de seu artigo. sobre o primeiro disco dos Ramones, acesso o
Os passos para a administração de conteúdos painel do Joomla e clico em “Administrar Arti-
no Joomla são semelhantes, de forma que é gos”, ou se desejarem ir direto para a criação,
bem simples de gerenciar esse CMS. Note que basta clicar no primeiro ícone “Adicionar Novo
na opção Seção eu escolhi o valor “sem catego- Artigo”:

Revista Espírito Livre | Fevereiro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |59


DESENVOLVIMENTO · JOOMLA

Figura 7: Criando um novo artigo vinculado a uma Seção e a uma


categoria conteúdo de exemplo

Note que agora eu setei a opção Seção co-


mo Sobre a Banda e Categoria como Discogra-
fia, como padrão o Joomla deixa a opção “Exibir
na Página Principal” setada como “Não”, e é as- Figura 9: Escolhendo os Itens de Menu
sim que queremos por enquanto.
Bom, irei repetir o mesmo processo com o Aponte cada item para uma categoria espe-
resto de conteúdo, sempre escolhendo a seção cífica e salve, o resultado do Main Menu na pági-
e a categoria. Feito isso, iremos agora criar uma na inicial será esse:
menu que permita ter acesso a esse conteúdo,
ou seja, devemos criar os links para as categori-
as.
Por padrão o Joomla já cria um menu cha-
mado de Main Menu, iremos utilizar esse menu
para as categorias relacionadas com o site e cria-
remos apenas o segundo, para as categorias re- Figura 10: O Menu Sobre o Site com seus dois itens
lacionadas a Banda. Esse procedimento já foi
feito no artigo anterior da série, mas vamos repe- Note que o nome do menu continua como
tí-lo a fim de reforçar o aprendizado. Voltamos Main Menu, iremos arrumar isso logo. Bueno,
ao Painel do Joomla e clicamos em administrar agora ao clicar nos links do menu, já temos
Menu, haverá um menu com o nome de Main Me- acesso ao conteúdo produzido:
nu, vamos editá-lo e mudar seu título para “So-
bre o Site”:

Figura 11: Ao clicarmos no item do menu, já temos acesso ao conteúdo


Figura 8: Editando o Main Menu
do artigo

Feito isso, vamos agora adicionar dois Bom agora, criaremos um menu que nos
itens ao Menu Sobre o Site, são eles: Sobre o Si- dará acesso às categorias relativas aos artigos
te e Sobre o Autor, clicando em “itens do menu”, sobre a banda, para isso entre no painel do Jo-
escolha a opção Layout de Blog de categoria, re- omla e clique em Administrar Menus, e clique
pita o processo para os dois itens: em novo. De o nome de Sobre a Banda a esse
menu, e adicione os seguintes Itens de Menu:

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DESENVOLVIMENTO · JOOMLA

Componentes, Discografia e Sobre a Banda, ao


contrário do que foi feito anteriormente dessa
vez você escolherá para os Itens de Menu a op-
ção “Layout Padrão de Categoria”, pois quere-
mos que o conteúdo seja listado, e não exibido:

Figura 14: Os dois menus configurados

Figura 12: Definindo outro tipo de Item de Menu

A criarmos um novo menu, o Joomla Auto-


maticamente cria um módulo desse menu, po-
rém não o habilita, temos que fazer isso Figura 15: Listagem dos artigos publicados na categoria Discografia

manualmente. No menu superior do Joomla, cli-


camos em Extensões e em seguida em Adminis- mo. Agora sempre que um artigo for inserido em
trar Módulos e podemos ver nosso menu recém qualquer uma das categorias do site, essa lista-
criado com uma bolinha vermelha e um xis no gem será atualizada, simples e fácil.
meio, basta clicar em cima dela para habilitar o Como eu havia dito nos artigos anteriores,
menu: é bem simples e fácil de se trabalhar com o Jo-
omla, desde que se faça um planejamento pré-
vio de como será a estrutura do site, sendo
Figura 13: Habilitando o Menu “Sobre a Banda”
assim você pode ter um super portal em apenas
algumas horas de trabalho.
Percebem que o Menu Main Menu está No próximo artigo iremos aprender como
aqui também, então já vamos aproveitar modifi- configurar a exibição do conteúdo para deixar
car seu título para “Sobre o Site”. Feito isso, tere- nosso site com uma aparência melhor, bem co-
mos agora dois menus na página inicial com mo instalar temas, módulos e componentes.
essa aparência, conforme Figura 14.
Ao acessar quaisquer um dos itens do me- RELSI HUR MARON é empresário,
nu Sobre a Banda, teremos acesso ao conteúdo participa do desenvolvimento do projeto
da categoria correspondente ao link clicado, co- B2Stoq (http://b2stok.sourceforge.net/) e
colabora com traduções e artigos para a
mo no exemplo da Figura 15. comunidade livre; curte Poesia, PHP e
interfaces gráficas, não necessariamente
Ao clicar no título do Artigo, seremos direci- nessa ordem.
onados para a página com o conteúdo do mes-

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EMPREGABILIDADE · A SELVA DE DADOS CHAMADA INTERNET

A selva de dados chamada Internet


Seu futuro profissional pode estar aí
Por Jorge Augusto Monteiro Carriça

Flavio Takemoto - sxc.hu

Pra quem já passou dos gia o mundo todo fala a mes-


40, é muito comum ver uma re- ma língua. Estar “antenado”
cusa enorme em se interar com a tecnologia requer um
com toda essa tecnologia que pouco de esforço no começo,
o mercado coloca à disposi- mas depois que se “pega o jei-
ção, porém ela está por toda a to”, a vida fica muito mais fácil
parte e por mais que você relu- e divertida. As redes de ami-
te, ela vai continuar por ai, to- gos multiplicam-se dia após
mando cada vez mais espaço, dia e cada vez mais pessoas
e levando a sociedade rumo a tem acesso ao mundo virtual.
interação total. Essas redes como Orkut, face-
I-pod, I-phone, I-doser, Wi- book, twitter, entre outras, são
reless, Wi-fii, Mp10, Touch conhecidas por aproximar pes-
Screen, entre outros termos soas e criar um círculo de ami-
em inglês são geralmente usa- zade virtual que pode
dos e mundialmente aceitos, já facilmente ser transportado pa-
que quando se fala em tecnolo- ra o real, então os usuários
desse mundo paralelo à nossa

Revista Espírito Livre | Fevereiro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |62


EMPREGABILIDADE · A SELVA DE DADOS CHAMADA INTERNET

realidade não usam somente


para procurar namorado ou pa-
ra publicar as fotos das férias,
mas a internet hoje é uma im-
portante ferramenta para divul- A melhor dica
gação profissional, e
aprimoramento, já que é cada para usar a grande rede obtendo
vez mais fácil encontrar arti-
gos, e-books, e matérias sobre ao máximo que ela oferece, é ser
os mais variados assuntos. To-
dos “navegam”, então aprenda o mais ético e profissional
a utilizar toda essa tecnologia
para a auto-promoção, para
possível, e sempre ter contato
mostrar ao seu círculo de ami-
gos ou colegas de trabalho o
com pessoas que atuam na
que você gosta de fazer, ler, co- mesma área que a sua...
mer, e todas as suas preferênci-
as de trabalho. Venda sua
imagem do jeitinho que você Jorge Augusto Monteiro Carriça

quer que os outros o vejam.


Muitas chances apare-
cem pela internet, as maiores serviço, poema, piada ou qual- quer que seja já que isso não
empresas do mundo a um bom quer outra coisa que se espa- é muito bem tolerado na inter-
tempo já eliminaram o papel e lha quase que net e acaba virando uma “fofo-
só aceitam currículos via inter- automaticamente pela grande ca virtual” que tem grande
net, com foto, dados pessoais, rede. repercussão, porém fica grava-
resumo das últimas experiênci- do na internet, então é fácil de
É claro que com a inter-
as de trabalho, e é claro as prin- rastrear e chegar a quem divul-
net devem-se tomar alguns cui-
cipais habilidades gou a informação indesejada.
dados para evitar
profissionais, que hoje muitas
aborrecimentos, lembre-se que A melhor dica para usar a
organizações julgam muito
nem todos que sentam atrás grande rede obtendo ao máxi-
mais necessário saber traba-
do monitor são pessoas de mo que ela oferece, é ser o
lhar em grupo do que ter uma
boa índole, e não é raro ver na mais ético e profissional possí-
faculdade.
mídia algum tipo de golpe apli- vel, e sempre ter contato com
O maior benefício que o cado pela “net”, mas com cuida- pessoas que atuam na mesma
mundo virtual nos proporciona dos simples você pode usufruir área que a sua, sempre indivi-
é a gratuidade, escrever, ler ou de todos os benefícios sem ter dualizando seus comentários e
publicar algo é geralmente gra- nenhum tipo de problema. Evi- mostrando o diferencial que vo-
tuito e tem repercussão mundi- tar colocar dados pessoais co- cê tem a oferecer para o gran-
al, isso sem falar nas listas de mo endereço e telefone, de mercado, se você gosta de
contatos que são intermináveis jamais publicar fotos ostentan- escrever comece com um blog
e mandam milhares de e-mails do jóias ou alto poder aquisiti- divulgando artigos ou comentá-
de uma só vez divulgando o vo, nunca fazer comentários rios sobre sua área de atua-
que você quiser em tempo re- sobre a vida pessoal de quem ção, isso facilita que pessoas
al, seja um produto, promoção,

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EMPREGABILIDADE · A SELVA DE DADOS CHAMADA INTERNET

Manter-se atualizado não


é só questão de necessidade
mas também é uma válvula de
escape para todo o stress do
Manter-se dia a dia, pois a facilidade em
conhecer pessoas que tenham
atualizado não é só questão de o mesmo perfil que você é mui-
to grande. Mas lembre-se sem-
necessidade mas também é uma pre de separar o profissional
válvula de escape para todo o do pessoal, pois misturar as du-
as coisas não é uma boa idéia,
stress do dia a dia. na internet todos tem acesso a
tudo, então a facilidade de en-
contrar dados sobre quem
Jorge Augusto Monteiro Carriça
quer que seja é muito grande.
A informação será o bem
mais caro do futuro, quem a de-
tiver e souber dominá-la certa-
mente terá mais chances de
do mesmo ramo identifiquem- capacidade interpretativa, boa
sobreviver na selva de dados
se com o seu, e possa corres- apresentação, já é uma boa for-
chamada internet.
ponder-se com você trocando ma de começar, a tendência é
o maior número de informa- que logo-logo o youtube seja
ções possível, lembre-se que utilizado desta forma, promo- JORGE AUGUSTO
MONTEIRO CARRI-
no futuro quem detiver o maior vendo vídeo-currículos e apre- ÇA é Administrador
número de informações será pri- sentando-os, certamente em de Empresas e Pe-
vilegiado. pouco tempo em vez do profissi- rito Judicial - CRA:
onal enviar um currículo para a 23.237, Pós Gradu-
Tenha sempre em mãos ado em Pericia Ju-
(ou no desktop) um currículo empresa ele enviará somente dicial e
atualizado e bem redigido, mui- um e-mail com um link que o re- Administração Judi-
dicionará a uma página pesso- cial, Pós Graduado
tas vezes uma apresentação em Recursos Hu-
profissional gravado em CD aju- al com vídeos, artigos, fotos, manos. 30 anos,
da muito, pois mostra que a pre- resumo profissional, etc, que Santo Antônio da
com certeza será muito melhor Platina - PR. conta-
ocupação com sua carreira é to: jamc.adm@hot-
uma constante. Não precisa apreciado por quem estiver ava- mail.com.
dar uma palestra, mas um ví- liando, pois assim além de mos-
deo pequeno demonstrando su- trar dados mostrará também a
as habilidades de dicção, capacidade criativa.

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FORUM · EUA defendem Google e China diz que Estados Unidos faz tempestade...

EUA defendem
Google e China
diz que Estados
Unidos faz
tempestade em
copo d'água
Por Yuri Almeida

greenj76 - sxc.hu

Na edição passada escre- No artigo, para espanto


vi um artigo intitulado "Verda- dos militantes pró-Google, de-
des inconvenientes sobre a fendi que o Google, neste epi-
relação Google x China?", on- sódio, pode ser comparado à
de comentei o entrave entre o Hollywood como ferramenta po-
Google e a China após uma in- lítica para a construção da ver-
vasão a determinadas contas dade norte-americana sobre
de e-mail de ativistas contrári- liberdade na Web e difusão do
os ao regime do governo chi- american way of life. Desse
nês. modo, simbolicamente, uma fa-
A minha tese é de que lha de segurança no sistema
uma falha e/ou invasão desen- da empresa de letrinhas colori-
cadeou uma polêmica diplomáti- das se transforma em uma luta
ca entre os dois países. entre o bem (Google e a liber-
Obviamente, que tudo perfeita- dade ianque) e o mal (A censu-
mente articulado, tal quais os ra do governo chinês), típico
inúmeros golpes que os Esta- das Guerras Mundiais.
dos Unidos patrocinou mundo Após um mês, novos ele-
afora em sua eterna missão de mentos vieram à tona, o que
"democratizar" cada ponto do justifica uma atualização do te-
planeta, com sua ideologia, é ma. Vamos aos fatos.
claro.

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FORUM · Verdades inconvenientes sobre a relação Google X China?

Reação dos Estados Uni- China, mas a todos os gover- tir cerca de US$ 15 milhões
dos ou como um departamen- nos que promoverem censura em um programa para promo-
to de Estado se transforma na Web. ver a liberdade na internet, prin-
em uma vertente de política Porém, isso não é tudo. cipalmente, entre as mulheres.
externa do Google Os Estados Unidos tentam tor- Nos corredores da Casa Bran-
O Google ameaçou dei- nar o problema de falha de se- ca comenta-se ainda que os
xar a China caso a “censura” gurança do Google em um EUA querem ampliar novas fer-
na Web fosse revista pelo go- problema a ser resolvido pela ramentas de mídia no Oriente
verno chinês. A secretária de comunidade internacional (a Médio e na África.
Estado dos EUA, Hillary Clin- Dito isso, volto ao arti-
ton, partiu em defesa da em- go e pergunto a você leitor:
presa de letrinhas coloridas. quem melhor encarna o es-
Hillary disse em entrevista pírito de “promotor da liber-
coletiva que os Estados Uni- Hillary dade” na Web do que o
dos não mediram esforços Google? Note como o Goo-
“diplomáticos, econômicos e Clinton disse em gle se transforma de uma
tecnológicos necessários pa- simples empresa para uma
ra expandir estas liberdades
coletiva a imprensa entidade que incorporou a
(na Web)”. que em um mundo emenda 1ª da Constituição
dos Estados Unidos, cujo ob-
Assim como o presiden-
te Bush, que em sua corrida internectado, um jetivo é promover a “liberda-
(fracassada) contra o terroris- de” e “defender os cidadãos
mo declarou guerra a alguns ataque à rede de dos tiranos cibernéticos”. Es-
países do Oriente Médio, sa metamorfose concede
classificando-os como Eixo
uma nação pode ser (com o aval do Governo dos
Estados Unidos) ao Google
do Mal, e responsável pelo
pânico mundial, a secretária
um ataque contra um poder simbólico extraor-
dinário ao ponto de questio-
de Estado dos EUA comen- todos... nar (ou melhor desafiar) um
tou que houve um crescimen-
to de ameaças ao livre fluxo
Yuri Almeida país.
de informação na Web, curio-
samente nos países não-ali- Para China, Estados
nhados ou não-dependentes Unidos “superestimam” o
da política norte-americana, acontecimento
como China, Tunísia, Egito, Vi-
etnã e Uzbequistão. mesma estratégia foi utilizada De acordo com dados do
por Bush na invasão do Afega- governo da China existem
“Aqueles que interrom- nistão e Iraque, por exemplo). mais de 380 milhões de usuári-
pem o livre fluxo de informa- “Em um mundo interconecta- os, 3,6 milhões de sites e 180
ção em nossa sociedade ou do, um ataque à rede de uma milhões de blogs no país. O co-
em qualquer outra represen- nação pode ser um ataque con- mércio eletrônico é permitido
tam uma ameaça para nossa tra todos”, disse Hillary em cole- no país, mas existe um forte
economia, nosso governo e tiva a imprensa. controle (até censores em sala
nossa sociedade civil", disse Hil- de bate-papo) que fiscalizam
lary, ressaltando que as críti- E ainda tem mais. Os Es-
conteúdos na seara de ques-
cas não dizem respeito à tados Unidos pretendem inves-

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FORUM · Verdades inconvenientes sobre a relação Google X China?

cionamento do centrífugas da sociedade. Pre-


governo dos EUA cisa dizer algo mais sobre a
são prejudiciais a China?
Herbert relação entre os
dois países e que
A verdade...até agora

Marcuse alertava na os Estados Uni- A comunidade internacio-


nal não foi sensibilizada com o
dos “superesti-
década de 70 que a mam” o ocorrido “barulho” que os Estados Uni-
dos fez em apoio ao Google.
com o Google.
cultura do medo e medo "A internet
Empresas estrangeiras com
atuação na China não manifes-
de um ataque externo a chinesa é aberta
e a China é o país
taram nenhum apoio ao Goo-
gle. O Google ameaçou mais
qualquer instante, não que testemunha o não deixou o país, o blefe não
mais ativo desen- deu certo. A China pede cal-
passa de estratégia para volvimento da inter- ma, nega o envolvimento e já
net", declarou o
a fiscalização e controle porta-voz do Minis-
avisou que não mudará sua po-
lítica de proteção as “condi-
tério de Relações
das forças centrífugas Exteriores. “Condi-
ções nacionais e tradições
culturais” para enriquecer o Go-
ções nacionais e
da sociedade. tradições cultu-
ogle.

Yuri Almeida rais” são as justifi-


cativas para o
Governo Chinês
“regular” (termo uti-
lizado pelo governo local) a YURI ALMEIDA é jor-
tões sociais, política e pornogra-
Web. nalista, especialista
fia. Para ficar mais fácil o enten- em Jornalismo Con-
dimento da vastidão do Hebert Marcuse, sociólo- temporâneo, pesqui-
sador do jornalismo
controle da Web, o YouTube e go e filósofo alemão, um dos colaborativo e edita
o Twitter são bloqueados no mais importante da Escola de o blog herdeirodoca-
Frankfurt, alertava na década os.com sobre ciber-
país. cultura, novas
de 70 que a cultura do medo e tecnologias e jornalis-
Em nota oficial, o Ministé- mo. Contato: hdoca-
o medo de um ataque externo
rio de Relações Exteriores da os@gmail.com /
a qualquer instante, não passa- twitter.com/herdeiro-
China, disse que as declara-
va de estratégia para a fiscaliza- docaos.
ções de Hillary Clinton e o posi-
ção e controle das forças

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SEGURANÇA · PERÍCIA FORENSE COM LINUX FTDK

Entendendo um pouco
de Forense Digital com a
utilização do Linux FTDK
Por Patrick Amorim

Cleferson Comarela Barbosa - sxc.hu

Forense Computacional
Sempre imaginamos nos seriados policiais
como é coletar evidencias no local de um crime,
como pegar relatos de testemunhas, coletar pro-
vas como digitais, pegadas próximas ao local do
crime, e ficamos a imaginar como seria uma pe-
rícia em um computador, por exemplo quando a
imprensa anuncia que foi preso mais um grupo
de pedófilos repassando imagens pela inter-
net,de que maneira é feito tudo isso. Quando o
crime passa de ser um crime físico para um virtu-
al em sistemas operacionais, é ai que entra a fo-
rense computacional que é justamente a
aplicação de técnicas investigativas com ferra-
mentas que possibilitam a investigação de um
sistema suspeito, é quando o investigador con-
segue acessar um sistema e aplica seu conheci-

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SEGURANÇA · PERÍCIA FORENSE COM LINUX FTDK

mento em conjunto com ferramentas existentes putadores, noção sobre psicologia dos
atualmente para isso. atacantes e de pessoas que ocultam informa-
A Forense Digital pode englobar vários pro- ções pessoais (VARGAS, 2007), seus perfis de
cedimentos e metodologias de diversas áreas comportamento, e suas motivações para um ata-
distintas como Mineração de dados, Linguística, que ou ocultação de informações.
Lógica, Probabilidade, Estatística, Processamen-
to Digital de Sinais e Imagens, Criptografia e Re- Encriptação
des de Computadores. Processo muito comum para dificultar a
A Forense computacional pode ser defini- análise em arquivos encontrados durante uma
da como um conjunto de técnicas, comprovadas perícia, pois mesmo que os arquivos sejam en-
cientificamente, que são utilizadas para coletar, contrados, o investigador inicialmente não pode-
reunir identificar, analisar, correlacionar, exami- rá indicar para que ou qual conteúdo contém
nar, analisar e documentar evidências digitais determinado arquivo, os arquivos são comprimi-
existentes em um alvo, tendo sido elas armaze- dos em um único, e a única forma que se tem
nadas ou transmitidas pelo computador ou por de descobrir o conteúdo é encontrando a cifra
computadores a ele conectados (FORENSICWI- para descriptografar. Ou obter de outras formas
KI, 2007). essa informação. A encriptação é utilizada nor-
O propósito do exame forense é a extra- malmente quando não se deseja que arquivos
ção de informações de qualquer vestígio relacio- capturados durante sua transmissão possam
nado com o caso investigado, que permita a ser utilizados por outras pessoas.
formulação de conclusões sobre algum tipo de in-
fração, seja ela direta (em arquivos que estejam
livres e sem algum tipo de camuflagem) como
imagens, textos, áudio, vídeo, imagens disponibi-
lizadas em meios públicos, ou qualquer referên-
cia que esteja visível e de fácil acesso, ou
informações fechadas (arquivos que tenham si-
do protegidos com técnicas anti-forenses, como
criptografia, manipulação, ocultação de arquivos
em extensões ou inserções de arquivos dentro
de outros e camuflados para fins de envio e re-
ceptação).

Figura 1: Exemplo simples de Criptografia Simétrica (imagem demonstra-


O Profissional tiva da aplicação do mesmo método com algoritmos simétricos)
Um profissional da área de forense, chama-
do normalmente de perito, deve ter qualidades Esteganografia
que visem a ética, principalmente em uma área É o uso de técnicas que servem para ocul-
onde os requisitos básicos de direito devem im- tar uma informação dentro de arquivos que não
perar, esse tipo de profissional deve ter um bom servem para tal fim. É uma camuflagem para in-
entendimento de direito, sigilo de privacidade, formação, são textos, áudio, dentro de arquivos
além de tudo conhecer os requisitos técnicos de imagem, vídeo, texto, na verdade se aplica a
que serão necessários para sua função, como formatos que possam transmitir algum tipo de in-
funcionamento de sistemas de arquivos, softwa- formação do transmissor ao receptor de forma
res, padrões de comunicação em redes de com- indireta.

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SEGURANÇA · PERÍCIA FORENSE COM LINUX FTDK

Data Hiding
É normalmente usado para esconder da-
dos em lugares incomuns do sistema operacio-
nal em uso, é também muito usado em soma
com os métodos já apresentados, e se bem utili-
zado podem omitir dados de análises, o uso
mais comum é em partições que indicam “espa-
ço não alocado” pois muitas vezes são ignora-
dos por ferramentas, e em sistemas de arquivos
utilizados por sistemas linux e similares indicam
que não possuem blocos ruins (bad blocks), po-
rém, é possível criar um bloco ruim e fazer uso
Figura 2: Exemplo de mensagem escondida em arquivo dwg do dele para omitir informações.
AUTOCAD (escondido no código hexadecimal do arquivo)

Manuseando As Evidências
Self Split Files + Encriptação
Assim como muitos processos, na forense
Funciona de forma a partir arquivos em inú-
aplicada a computação existe também a docu-
meras partes e encripta-las a ponto de facilitar o
mentação, neste caso ela é de extrema impor-
transporte e armazenamento de dados em servi-
tância, pois é necessário que itens coletados
dores web, mas o que caracteriza este método
possuam sua descrição, sendo unicamente iden-
é que a partilha do arquivo é feita de forma assi-
tificado e descrito em detalhes o seu estado ori-
métrica, essas partes são encriptadas separada-
ginal, a documentação também exige a
mente, e acabam tendo seus atributos de
localização do item, data e hora em que foi cole-
data/hora alterados para dificultar a correlação
tado e identificação da pessoa que foi responsá-
das partes. Outra característica que dificulta es-
vel por tal item
se tipo de pratica é que ela posiciona os arqui-
vos em setores considerados “ruins” pelo
sistema, mas que na verdade não são. FTDK
O FDTK é um sistema operacional que
vem de um projeto desenvolvido em software li-
Wipe
vre, gerado da distribuição Ubuntu-BR ela foi de-
Considerada também como uma ferramen-
senvolvida por dois alunos da Unisinos, está
ta forense, ela entra no contexto de usabilidade,
nova distribuição foi elaborada para ajudar na
será boa dependendo de que “lado” ela está sen-
coleta e análise de dados em perícias computa-
do usada, ela simplesmente usa uma técnica de
cionais.
sobre escrita, ela realiza essa função preenchen-
do um determinado arquivo com uma considerá- O principal intuito da criação desta ferra-
vel quantidade de conteúdo aleatório e depois menta foi à finalidade de fornecer um sistema
desativar suas entradas no sistema, existe a pos- poderoso para a coleta e á análise forense, tan-
sibilidade de recuperação de arquivos que pas- to para peritos, quanto a estudantes, esta ferra-
sam por esse processo, mas o processo possui menta é bastante ideal para universidades, já
um custo muito elevado e piora de acordo com que é totalmente livre com seu código fonte
o número de vezes que este processo foi execu- aberto, podendo até mesmo ser auditada.
tado.

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SEGURANÇA · PERÍCIA FORENSE COM LINUX FTDK

Figura 3: Tela inicial do Linux FTDK Figura 4: Tela do Adicionar e Remover Aplicações, a mesma do Ubuntu

ferramentas, que podem vir de acordo com a


Esta distribuição que já está na versão
distribuição ou podem ser as de uso em
2.01 possui mais de 100 ferramentas que
qualquer distribuição, aqui constam algumas
suprem todas as necessidades de uma
ferramentas que serão divididas pelas fases de
investigação computacional em todas as suas
uma análise forense, os exemplos apresentados
etapas. A grande facilidade de se trabalhar com
das ferramentas são baseadas em sistemas
este sistema operacional em Linux é que ele
Linux e seus similares.
tanto pode ser instalado em uma estação de
trabalho, quanto ser rodada em um live-cd, ou Na próxima edição continuamos com o
mesmo através de um simples “pen drive” sem assunto. Até lá.
necessidade de instalação.
Outra grande facilidade de se trabalhar
com esse sistema operacional em Linux é que
Para mais informações:
depois de antigos tabus de que Linux só poderia
trabalhar em modo texto, pelo contrário ela Site Oficial FDTK-UbuntuBr
possui uma interface muito amigável e http://www.fdtk.com.br
estruturada de acordo com cada etapa de uma
perícia, uma preocupação dos desenvolvedores
é manter sempre o padrão de idioma em
português, já foi feito uma página de internet
sobre o FDTK Ubuntu-BR e uma Wiki voltada
para a ajuda no desenvolvimento e sobre a
documentação das ferramentas. PATRICK AMORIM é técnico em eletro-
técnica pelo CEFET – AL, graduando em
Sistemas de Informações pela Faculdade
de Alagoas, Bolsista do Instituto de Tecno-
Ferramentas logia em informática e Informação do Es- t
Em sistemas Linux, Unix e similares ado de Alagoas na parte de redes de
existem diversas ferramentas a serem aplicadas computadores, entusiasta do Linux e parti-
cipante do grupo de usuários Linux de Ala-
para aplicações na forense computacional, goas desde 2007.
algumas vem em forma de pacote de

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SYSADMIN - NAMP - NetBSD+Apache+MySQL+PHP

NAMP -
NetBSD +
Apache +
MySQL +
PHP
Por Alan MeC Lacerda

Estamos de volta com mais informações Agora fazendo uso dos conhecimentos
práticas da administração do NetBSD. Esse adquiridos em nosso ultimo artigo, vamos
sistema é bastante estável, por isso podemos instalá-lo:
confiar em colocar servidores de produção sob
o mesmo sem preocupação alguma. Neste # make && make install
breve artigo vamos aprender a instalar e
configurar um servidor web com suporte a PHP
e MySQL. Apenas para recordar, vamos explicar o
Em particular estou usando a mais nova comando acima. Ao utilizarmos o “&&” estamos
versão do NetBSD (5.0.1), mas as instruções separando dois comandos (neste caso “make”
do artigo servem para outras versões do e “make install”), sendo que o segundo
sistema. comando só será executado (só e somente só)
se o primeiro comando for bem sucedido. O
INSTALANDO O MySQL primeiro comando criar os arquivos para
Vamos iniciar a instalação do MySQL por instalação (gera os binários) e o segundo
acessar o diretório exato na árvore dos ports. comando coloca os arquivos gerados em seus
Caso queira descobrir o caminho use o pkgfind respectivos lugares dentro da árvore de
(caso não esteja familiarizado com a gerência diretórios do sistema.
de pacotes no NetBSD leia o artigo anterior).
CURIOSIDADE:
# cd /usr/pkgsrc/databases/mysql5-server/

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SYSADMIN - NAMP - NetBSD+Apache+MySQL+PHP

Para saber se o comando anterior foi executado com sucesso # ls -ld /var/mysql/
o Shell lê o valor da variável ? (interrogação). Caso o valor da drwx------ 4 root wheel 512 Dec 3 10:12 /var/mysql/
variável seja igual a zero, o ultimo comando foi executado # chown -R mysql /var/mysql/
com sucesso, caso qualquer outro valor seja encontrado na # ls -ld /var/mysql/
mesma, o shell entenderá que houve um erro na execução do drwx------ 4 mysql wheel 512 Dec 3 10:12 /var/mysql/
ultimo comando. Exemplo: Após isso, tente iniciar o serviço com o comando
#ls “mysqld_safe &” novamente.
.c shrc .klogin .login .profile .shrc
#echo $?
Feito isso, agora podemos executar o
0
comando indicado inicialmente:

# /usr/pkg/bin/mysql_secure_installation
O processo de instalação do MySQL-
Server é relativamente demorado, por isso use
a paciência que você tem na reserva e aguarde Na execução do comando acima,
um pouco. Quando finalizado, execute o responda às perguntas feitas como por
seguinte comando: exemplo a senha do usuário root (neste caso o
super-usuário do MySQL, não o super-usuário
# mysql_install_db do sistema operacional).
INSTALANDO O APACHE + PHP
Nesta etapa matamos dois coelhos numa
Ao final da execução desse comando, leia cajadada só. Temos um pacote chamado ap-
as instruções que irão surgir na sua tela. Uma php, que é responsável por instalar
das instruções é que usemos o comando simultaneamente o Apache com suporte à
“/usr/pkg/bin/mysql_secure_installation” para linguagem PHP. Perfeito isso não é? Então
fazer uma configuração mais segura em nosso vamos lá:
servidor. Vamos seguir essa instrução, mas
para isso temos que iniciar o serviço do # cd /usr/pkgsrc/www/ap-php && make && make
MySQL, fazemos isso com o seguinte comando: install

# mysqd_safe &
Acredito que a linha de comando acima
tenha sido claramente entendida, após termos
No caso acima o “&” no final do comando feito variantes da mesma linha mais acima.
representa que queremos iniciar o serviço e ter Mas... Pelo preço não é?! Vamos explicar:
o shell de volta para digitar outros comandos. Estamos executando três comandos sendo que
Se você não fizer desta maneira, terá de abrir o segundo depende de o primeiro ter sido
um novo terminal, pois o atual fiará indisponível. executado com sucesso e o terceiro de o
segundo também ter sido executado com
sucesso. Na sequência nós nos deslocamos
IMPORTANTE para o diretório do pacote que pretendemos
Caso o MySQL não inicie com o comando acima instalar, no segundo comando, criamos os
verifique a permissão do diretório /var/mysql/ com o binários, e no terceiro comando, instalamos os
comando ls -ld. Caso o dono do diretório não seja o mesmos.
usuário mysql altere isso com o comando chown, por
exemplo:

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SYSADMIN - NAMP - NetBSD+Apache+MySQL+PHP

Mais uma vez, só nos resta aguardar a Vamos então criar um arquivo php para
conclusão da instalação. Quando ela finalizar, testar se o servidor está funcionando
leia a nota que irá aparecer na sua tela. Nela, corretamente. Acompanhe a sequência de
você verá as instruções de quais linhas deve comandos:
adicionar ao arquivo de configuração do
Apache (httpd.conf). Por exemplo, a mensagem # cd /usr/pkg/share/httpd/htdocs
informa que para o Apache 2 as seguintes # echo “<?php phpinfo(); ?>” > teste.php
linhas devem ser adicionadas:
Com os comandos acima, estamos
LoadModule php5_module lib/httpd/mod_php5.so acessando o diretório onde os arquivos do site
AddHandler application/x-httpd-php .php deve ficar, e logo depois criamos um arquivo
chamado “feste.php” com o seguinte conteúdo:
Mas como saber qual a versão do Apache <?php phpinfo(); ?>
foi instalada? Simples, no sumário final da Se você já conhece a linguagem de
instalação (no final da mensagem que aparece programação PHP, já deve ter entendido o
indicando as linhas que devem ser copiadas no objetivo desse arquivo. Mas vamos explicar
arquivo de configuração) você verá todos os mesmo assim: O arquivo apenas chama uma
pacotes instalados (o Apache, o PHP e suas função simples que exibe na página a
dependências). configuração do PHP.
Vamos ao arquivo de configuração do Para testar, apenas acesse o servidor web
Apache para inserir as linhas pertinentes: usando um browser a partir de qualquer
estação digitando o endereço IP do servidor,
# vi /usr/pkg/etc/httpd/httpd.conf por exemplo: http://192.168.0.102/teste.php
Caso a configuração esteja funcionando
Localize a primeira aparição do nome corretamente no servidor, deverá aparecer
“LoadModule” e insira as novas linhas logo para você uma página parecida com a seguinte:
abaixo dela. Afim de o servidor reconhecer o
arquivo index.php será necessário inserir mais
uma informação nesse arquivo de configuração.
Localize a linha que contém “DirectoryIndex” e
adicione ao final da linha: “index.php”, agora
salve as alterações.
Podemos iniciar o servidor web a partir de
agora. Para tal, use o comando:

# apachectl start

IMPORTANTE
Caso o serviço não inicie, verifique o log com o
comando “ tail /var/log/httpd/error_log”. Um erro
bastante comum é a falta do hostname (máquina sem
configuração de nome). Em nosso primeiro artigo foi
mostrado como configurar o nome do host.

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SYSADMIN - NAMP - NetBSD+Apache+MySQL+PHP

INSTALANDO PHP + MySQL Espero que tenham tirado proveito, e, mais uma
Simples como qualquer outra instalação, vez agradeço pela paciência que tiveram até
vamos ao pacote que dá suporte do php ao aqui.
MySQL. Para acessar o diretório do pacote e
instalá-lo digite o seguinte comando: Maiores informações:
Site Oficial NetBSD:
# cd /usr/pkgsrc/databases/php-mysql/ && make http://www.netbsd.org
&& make install
ALAN MeC LACERDA é formando em
Tecnologia de Redes de Computadores.
Ao final da instalação, leia a informação Amante de segurança de redes e
programação desde a infância. Co-fundador
exibida na tela. Lá você verá que é necessário da Célula de software livre da Universidade
configurar o PHP para ter acesso à extensão do Jorge Amado. Consultor de Redes e
sistemas operacionais há 7 anos.
MySQL. A mensagem nos informa onde
encontrar o arquivo de configuração do PHP
(arquivo php.ini). Vamos seguir as instruções:

# vi /usr/pkg/etc/php.ini

Nesse arquivo localize a sessão Dynamic


Extensions e insira nessa sessão a linha:
extension=mysql.so

IMPORTANTE
As informações exibidas ao final da instalação são de
excelente ajuda, por isso NUNCA ignore a leitura
dessas mensagens ao final de cada instalação.

Reinicie o serviço do Apache para que ele


possa reler a configuração do PHP e seu
servidor está pronto para receber páginas em
PHP que se conectem ao Banco de Dados
MySQL. Reiniciando o serviço do Apache:

# apachectl restart

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desta maneira finalizamos a configuração
do servidor Web simples. O meu objetivo NÃO
é dar uma receita de como configurar o
servidor, e sim explicar os fundamentos do que
se está fazendo, por isso de tanto comentário,
alertas e dicas.

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GESTÃO DA INFORMAÇÃO · Como a biologia está inspirando a informática

Sanja Gjenero - sxc.hu


Como a biologia está
inspirando a informática
Por Hailton David Lemos

Em uma competição, onde o homem com-


pete consigo mesmo em busca de novas tecno-
logias, ele será capaz de dar a uma máquina
sua própria inteligência? Será capaz de cons-
truir um Cérebro? Será capaz de construir uma
máquina que seja capaz de pensar e raciocinar?
Através da busca por novas tecnologias, o
homem, mesmo antes de construir a maquina
de Von Neumann (figura 1), nos primórdios da
informática, sonhava em construir um cérebro
artificial e assim responder a tais questionamen-
tos.
A temática de máquinas inteligentes era
aliás uma temática muito em voga nos anos qua-
renta e cinquenta e que deu origem à área de in-
vestigação da inteligência artificial. A
inteligência artificial simbólica tem demonstrado
muito sucesso em áreas onde é possível cons-
truir representações abstractas simplificadas, do
mundo real. Como a construção de representa-
ções à escala real é difícil, ou impossível, tem si-

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GESTÃO DA INFORMAÇÃO · Como a biologia está inspirando a informática

Figura 2: Cérebro

sistema nervoso e o mais desenvolvido. Nele


existem bilhões de neurônios. É ele que nos per-
Figura 1: Diagrama da arquitetura de Von Newmann
mite, por exemplo, aprender novas informações
ou memorizá-las, pois é o centro da inteligência
do usada uma abordagem de tipo bottom-up, is- e do aprendizado. Quando vivenciamos alguma
to é, construir modelos complexos a partir de sis- situação, alguns neurônios gravam informações,
temas simples. A abordagem mais comum é como se estivessem registrando em um cader-
usar o mundo animal como referência; em alter- no. Se utilizarmos pouco essas informações, lo-
nativa, são também usadas analogias provenien- go elas serão apagadas da memória; caso
tes da física e química. contrário, elas são guardadas por mais tempo.
Do mundo animal surgiu um conjunto impor- O cérebro coordena ações como a fala, o pensa-
tante de modelos, dando mesma origem a uma mento, o movimento, além de perceber e decodi-
nova subárea da inteligência artificial denomina- ficar as informações captadas pelos órgãos dos
da vida artificial. Que tem como objetivo genéri- sentidos. Outras sensações, como a de dor, tam-
co o estudo e reprodução de sistemas artificiais bém são coordenadas pelo cérebro. O cérebro
que se comportam da mesma forma que os siste- está dividido em duas partes chamadas hemisfé-
mas naturais. Os sistemas artificiais são “povoa- rios. O hemisfério cerebral direito controla algu-
dos” por criaturas individuais, e na maioria dos mas atividades específicas, como a criatividade,
casos autonomas, que em conjunto demons- as habilidades artísticas e o lado esquerdo do
tram um comportamento global, não programa- corpo. O hemisfério esquerdo controla ativida-
do. Englobam-se nos modelos de vida artificial des relacionadas ao cálculo, ao raciocínio e o la-
os algoritmos genéticos, redes neuroniais, coloni- do direito do corpo.
as de formigas, automatos celulares, algoritmos O neurônio (figura 3) é a célula do sistema
genéticos. nervoso responsável pela condução do impulso
Segundo o Wikcionário, cérebro (figura 2) nervoso. Há cerca de 86 bilhões de neurônios
é um órgão do corpo de vários animais, integran- no sistema nervoso humano. O neurônio é cons-
te do sistema nervoso; é responsável pelo contro- tituído pelas seguintes partes: corpo celular, on-
le de outros órgãos, via impulsos elétricos e de se encontra o núcleo celular, dendrites,
pelo raciocínio; é protegido pelo crânio e compos- axônio e telodendrites. O neurônio pode ser con-
to por neurônios. O cérebro é o maior órgão do siderado a unidade básica da estrutura do cére-

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GESTÃO DA INFORMAÇÃO · Como a biologia está inspirando a informática

de respostas sejam extremamente rápidos e os


algoritmos tão “inteligentes”, que muitas vezes
julgamos que o computador esta pesando, ou
pensa por si só, mas mesmo assim ainda não é
um cérebro artificial.
Apesar de estar distante de conseguir tal
façanha, construir um cérebro físico, o homem
através de software, especificamente através
dos algoritmos, conseguiu criar um modelo que
imitasse, mesmo que de maneira muito simplis-
Figura 3: Neurônio ta, a estrutura notável e complicada das funções
do cérebro. Essa conquista já representa um
bro e do sistema nervoso. A membrana exterior passo significativo para se vencer o desafio de
de um neurônio toma a forma de vários ramos ex- construir uma máquina com inteligência própria.
tensos chamados dendrites, que recebem sinais
elétricos de outros neurônios, e de uma estrutu- Estes algoritmos foram batizados, ou fica-
ra a que se chama um axônio que envia sinais ram conhecidos, como Redes Neurais Artificiais,
elétricos a outros neurônios. O espaço entre a RNA. Os algoritmos neurais são definidos como
dendrite de um neurônio e as telodendrites de ou- um grupo interconectado de unidades de proces-
tro é o que se chama uma sinapse: os sinais samento da informação cuja funcionalidade é ba-
são transportados através das sinapses por seada muito aproximadamente ao neurônio
uma variedade de substâncias químicas chama- vivo. Estas unidades “aprendem” ou processam
das neurotransmissoras. O córtex cerebral é um a informação adaptando-se a um jogo de testes
tecido fino composto essencialmente por uma re- e padrões de treinamento, refletida na força de
de de neurônios densamente interligados tal suas conexões.
que nenhum neurônio está a mais do que algu- A maneira que uma rede neural vai real-
mas sinapses de distância de qualquer outro mente aproximar-se do treinamento para execu-
neurônio. Os neurônios recebem continuamente tar uma tarefa é complexa; entretanto, é um
impulsos nas sinapses das suas dendrites vin- processo muito mais simples se comparado à bi-
dos de milhares de outras células. Os impulsos oquímica da aprendizagem em um cérebro vivo,
geram ondas de corrente elétrica, excitatória ou mesmo se comparado, por exemplo, a algo tão
inibitória; cada uma num sentido diferente, atra- rudimentar quanto a aprender um som da uma
vés do corpo da célula até a uma zona chamada sílaba.
à zona de disparo, no começo do axônio. É aí
As redes Neurais são úteis para solucionar
que as correntes atravessam a membrana celu-
os problemas onde não se pode encontrar uma
lar para o espaço extracelular e que a diferença
solução algorítmica única, mas sim lotes de
de voltagem que se forma na membrana determi-
exemplos do comportamento que esteja sendo
na se o neurônio dispara ou não.
procurando. Ou onde precise identificar a estru-
Depois desta introdução é possível traçar tura da solução dos dados existentes, ou mais
um paralelo: O ser humano tem memória, en- ainda, não precisam ser programado para resol-
quanto os computadores têm um “sistema de ar- ver um problema específico, mas se pode
mazenamento”, que só pode reproduzir o que “aprender” pelo exemplo.
nele for colocado.
As Redes Neurais Artificiais foram os pri-
Entretanto, com o avanço dos algoritmos e meiros algoritmos de computador que tentou mo-
também do hardware, é possível que os tempos delar não somente a organização do cérebro,

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GESTÃO DA INFORMAÇÃO · Como a biologia está inspirando a informática

mas igualmente sua habilidade de aprender, ba- de outras ciências, assim como as outras ciênci-
seado em mudanças fisiológicas na organização as estão se tornando dependentes da informáti-
dos caminhos neurais. ca, a cada momento. Pois bem, fica notório que
As aplicações de RNA são diversas e to- a Biologia esta realmente inspirando a Informáti-
dos os dias aparecem novas aplicações, dentre ca, e vice versa.
estas aplicações apresenta-se abaixo uma pe-
quena lista das mais usuais:
Para mais informações:
- Reconhecimento de padrões;
- Compressão de imagem; Forbes, Nancy. Imitation of life: how biology is
- Previsão da evolução de mercados; inspiring computing / Nancy Forbes
- Previsão de séries temporais e/ou espaciais; http://w3.ualg.pt/~lnunes/Pessoal/Disciplinas/Modelacao_
- Medicina, para reconhecimento de patologias; modelos.htm
- Sistema bancário;
- Robótica, condução de equipamentos; Artigo na Wikipedia sobre a Arquitetura de von
- Algoritmos Genéticos. Neumann
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arquitetura_de_von_Neumann
Mesmo sendo encarado por muitos como
um pensamento quixotesco, e talvez nós pode-
mos nunca alcançar, é notório como a complexi- HAILTON DAVID LEMOS (hailton@ter-
ra.com.br) Bacharel em Administração de
dade e os mistérios do cérebro quando Empresas, Tecnologo em Internet e Re-
decifrados e compreendidos, mesmo que de for- des, Especialista em: Tecnologia da Infor-
ma irrisória, inspiram provavelmente muitas idei- mação, Planejamento e Gestão
Estratégica, Matemática e Estatistica. Tra-
as e novas tecnologias. Igualmente são balha com desenvolvimento de Sistema
impressionantes estes algoritmos que já conse- há mais de 20 anos, atualmente desenvol-
ve sistemas especialistas voltados à pla-
guimos criar, ou transformar através destas des- nejamento estratégico, tomada de
cobertas e junção destas ciências. decisão e normas iso, utilizando platafor-
ma Java e tecnologia Perl, VBA, OWC, é
Como se vê, a informática é dependente membro do GOJAVA (www.gojava.org).

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GAMES · LINUX É ALGO CHATO... SERÁ?!

Linux é algo chato... Será?!


Por Ricardo Pontes

DIVULGAÇÃO

“Linux é algo chato, voltado só para ad-


ministradores de redes e programadores e
com uma interface nada amigável.”
Está errado quem ainda pensa dessa ma-
neira sobre o GNU/Linux, de que ele não é fácil
de se mexer, sem interface gráfica, etc. Muitos
usuários finais vem abandonando sistemas pro-
prietários e adotando o GNU/Linux como seu
principal S.O., tanto para lazer como para traba-
lho. Jornalistas, designers, músicos ou simples
usuários já migraram para o sistema do pinguim
devido a facilidade de se mexer e a quantidade
de software livre disponível para seus nichos de
mercado.
Jornalistas estão satisfeitos com a suíte
BrOffice.org/OpenOffice.org onde vão de escre-
ver artigos até diagramar e mandar para impres-
são. Designers tem uma infinidade de softwares
para trabalhar, como o GIMP ou Inkscape para
edição de fotos e vetores ou mesmo o poderoso
e leve Blender 3D para renderizações e afins.
Músicos tem desde o simples Tuxguitar para a
leitura e reprodução de partituras e tablaturas

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GAMES · LINUX É ALGO CHATO... SERÁ?!

até o Ardour (esse não tão livre assim), uma esta- instalar rodar diretamente no GNU/Linux.
ção digital de áudio similar ao Pro Tools.
Enfim, estamos rodeados de softwares ex- FlightGear
celentes para as diversas áreas de atuação, to-
dos eles sobre alguma licença gratuita e sempre Se você gosta de um simulador de vôo,
fáceis de se mexer. Poderia encher diversas pá- uma excelente opção é o FlightGear, com diver-
ginas falando de softwares para isso ou aquilo sos cenários pelo mundo e muitas aeronaves pa-
mas o ponto em que quero chegar é que além ra se pilotar. O gráfico é considerado bom, boas
desses nichos já estarem usando o GNU/Linux, definições de cores e detalhes. Perderá algu-
designers de games e os próprios games já co- mas horas jogando ele.
meçaram a olhar de outro modo para o pinguim.
Temos várias bibliotecas e ferramentas de
desenvolvimento gráfico disponíveis pela inter-
net à fora. Uma delas é PyGame, um conjunto
de módulos em Python que foi projetado para es-
crever jogos. Suas funcionalidades se baseiam
em cima da biblioteca SDL (Simple DirectMedia
Layer ) e tem API de baixo nível, em C.
PyGame é altamente portátil e roda em qua-
se qualquer plataforma e sistema operacional.
Existem outras bibliotecas de desenvolvi-
mento para jogos como o Open Scene Graph
(OSG) ou o Ioquake3 para os programadores
Figura 1: Cena do jogo
'brincarem'.
Quem nunca ouviu um gamer dizer “só Hedgewars
não migro pra Linux porque gosto de jogar”? Esse é pra quem curte o Worms. É um jo-
Pronto, seus problemas se acabaram, pode jo- go muito similar ao Worms e tem gente que o jul-
gar tranquilamente em seu sistema livre e custo- gue até melhor. É muito divertido :-)
mizável :-).
Se você tiver uma máquina boa com um
bom processamento gráfico, poderá rodar seus
jogos que realmente não estão disponíveis para
GNU/Linux sobre o Wine, um emulador para ro-
dar programas baseados em Windows. Ou
quem sabe, rodá-los em uma máquina virtual
dentro do seu Fedora, Ubuntu ou o que seja.
Pode também instalar um emulador de con-
soles como o Mednafen, que emula o Game-
Boy, GameBoy Advance e Color, NES, etc.
Mas também não precisa fazer isso sem-
pre que quiser se divertir. Com as ferramentas
que citei acima, foram criados diversos jogos,
desde clássicos até os mais 'moderninhos' para Figura 2: Cena do jogo

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GAMES · LINUX É ALGO CHATO... SERÁ?!

Tremulous Com uma breve apresentação dos jogos


É um game multiplayer com uma das temá- podemos perceber que o mundo dos games es-
ticas mais usadas até hoje, Aliens versus Huma- tá embarcando no Software Livre. São muitos jo-
nos. Visual que dá pra lembrar o Half-Life 1, gos que estão ai para serem baixados, jogados,
com ótimos gráficos. adaptados, modificados, etc. e com boa jogabili-
dade e gráficos que não deixam nada a desejar
para quem está vindo do mundo do software pro-
prietário.
Como o próprio Jon 'Maddog' Hall disse
uma vez em uma de suas palestras, ele se diver-
te mexendo e fazendo adaptações que lhe con-
vêm com o software livre. Mas também você
não precisa aprender a programar para poder
se divertir de qualquer maneira. Basta baixar
seu jogo e passar algumas horas do dia esfrian-
do a cabeça. Se algum erro for encontrado no jo-
go, você mesmo, se souber, pode arrumá-lo ou
então reportar para a comunidade que cuida dis-
so. Essa é a vantagem do código aberto. Divirta-
se.
Figura 3: Cena do jogo

Frets-on-Fire (FoF) Para saber mais:


Para amantes de guitarra, Guitar Hero e vi-
Site oficial FlightGear Flight Simulator
deogames, você pode se transformar em um
http://www.flightgear.org
Jimmy Page ou Slash com esse jogo que imita o
grandioso Guitar Hero. Você joga com o teclado
Site oficial Hedgewars
(pode posicioná-lo como uma guitarra mesmo)
http://www.hedgewars.org
ou com uma guitarra-console USB.
Site oficial Tremulous
http://www.tremulous.net

Site oficial Frets On Fire


http://fretsonfire.sourceforge.net

RICARDO PONTES é graduando em


Análise e Desenvolvimento de Sistemas
pelo IBTA Campinas, programador PHP,
ativista do Software Livre em geral e
usuário GNU/Linux há dois anos, já tendo
passado por algumas distribuições.

Figura 4: Cena do jogo

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JURIS · O destravamento é legal?

O destravamento é ilegal?

xc.hu
o-s
Alons
énez
io Jim
Anton
Uma análise jurídica da modificação
de bens tecnológicos (jailbreaking)

Por Walter Aranha Capanema

Jorge comprou um telefone celular de mar-


ca famosa e, ato contínuo, levou o seu precioso
aparelho para ser “destravado“ em uma loja de
produtos eletrônicos no Centro do Rio de Janei-
ro.
Por esse “destravamento”, nosso amigo te-
ria a possibilidade de acessar funcionalidades
que foram desligadas pela operadora de telefo-
nia que lhe vendeu o aparelho, tais como: aces-
so à um MP3 player interno, ativação de
comunicação por Bluetooth e à linguagem Java.
Todavia, tal procedimento é categorica-
mente vedado pelos termos do contrato de com-
pra do referido telefone. A operadora proíbe
qualquer alteração física (no hardware) ou lógi-
ca (no software), conduta que poderá ensejar,
como penalidade, a imposição de significativa
multa.

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JURIS · O destravamento é legal?

ca e jurídica do indivíduo nas


relações que envolvam direito
do consumidor1.

Deve-se afirmar que E, nessas relações con-


sumeristas, que são todas
não existe qualquer lei brasileira aquelas em que os indivíduos
adquirem produtos e serviços
que proíba o consumidor de para o seu consumo, não se
poderá ter contrato que prejudi-
realizar alterações em um bem de que ou onere demasiadamen-
te a parte mais frágil
sua propriedade. (consumidor), tendo como efei-
to a declaração de nulidade de
Walter Capanema tais cláusulas, que perderão o
seu valor.
Questiona-se se não é
Essa pequena estória ilustra uma situação uma prática abusiva vender um bem tecnológi-
que ocorre costumeiramente no mundo, e que co, geralmente complexo, limitando as suas fun-
vem crescendo cada vez mais no nosso País, a cionalidades, para impedir que o consumidor
medida em que os bens de consumo tecnológi- tenha pleno uso.
cos são tornados populares, seja pela concorrên-
cia comercial, seja pela diminuição na carga A resposta é afirmativa. Tal conduta visa
tributária. fornecer ao consumidor, posteriormente, e medi-
ante pagamento, formas “legítimas” de correção
A despeito dessa massificação do “destra- dessa “deficiência tecnológica”.
vamento”, essa conduta ainda não foi analisada
pelos doutrinadores do Direito brasileiro, razão Para ilustrar esse exemplo, cita-se um ca-
pela qual se arrisca a apreciar esse fato jurídico so retirado da jurisprudência do Tribunal de Jus-
e, assim, ajudar outros operadores do direito e tiça do Estado do Rio de Janeiro, em que um
também à população em geral. consumidor, ao comprar um telefone celular de
determinada marca, descobriu que a função Blu-
Deve-se afirmar que não existe qualquer etooth estava bloqueada. Para o TJRJ, se trata-
lei brasileira que proíba o consumidor de reali- va de vício do produto, a permitir a condenação
zar alterações em um bem de sua propriedade. em danos materiais e morais do fornecedor do
Nosso regime democrático adota o princípio da aparelho2.
legalidade, previsto expressamente no art. 5°, II,
CF, pelo qual “ninguém será obrigado a fazer ou Mas porque uma empresa limita as funcio-
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude nalidades de seu produto? Não seria um contra-
de lei”, ou seja, todo dever deve surgir de uma senso fazer publicidade de suas maravilhas e,
norma prevista em uma lei. ao mesmo tempo, retirar utilidades?

Um desdobramento da regra acima está A princípio, tal atitude parece paradoxal,


nos contratos, que permitem impor deveres, direi- mas está fundamentada em um motivo: o lucro.
tos e obrigações entre as partes, mas com limi- Ao bloquear a funcionalidade, o fornecedor po-
tes criteriosos, baseando-se na segurança derá oferecer, simultaneamente ou posterior à
jurídica, na boa-fé, nos bons costumes, e, princi- compra, o serviço, obviamente oneroso, de des-
palmente, respeitar a hipossuficiência econômi- travamento da funcionalidade.

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JURIS · O destravamento é legal?

Tal situação também ocor-


re com o iPhone, em que a Ap-
ple impede que o usuário
instale programas que não es-
tejam na iTunes App Store. En- O destravamento nada
quanto que um proprietário de
iPod pode abastecê-lo com mú- mais é do que o direito atribuído
sicas de qualquer lugar, aquele
pobre consumidor está restrito
ao proprietário/consumidor de
às opções do fabricante, que
escolhe e aprova todos o
retirar, por meio físico ou lógico as
software disponível na loja vir- restrições abusivas impostas pelo
tual, alegando, para isso, ra-
zões de segurança, para fornecedor, e que lhe impede a
controlar a qualidade dos pro-
dutos disponibilizados. plena utilização do bem.
Uma vez demonstrada a
Walter Capanema
arbitrariedade e a abusividade
da conduta de bloquear bens
tecnológicos, passa-se, assim,
a fundamentar a legalidade do da conduta aqui 2 e XBOX 360 são ilegais, pois o que se visa
analisada. aqui é a possibilidade de rodar jogos piratas.

O destravamento nada mais é do que o di- E quanto ao fundamento jurídico para tal
reito atribuído ao proprietário/consumidor de reti- argumento, em que se defende a legalidade do
rar, por meio físico ou lógico as restrições destravamento?
abusivas impostas pelo fornecedor, e que lhe im- A Constituição Federal, em seu art. 5°,
pede a plena utilização do bem. XXII, garante o direito de propriedade, e o Códi-
Mas não é qualquer destravamento que se- go Civil, em consonância com essa regra, deter-
ria permitido. Só aquele que visar a plena utiliza- mina que:
ção do aparelho e que não importe, assim, no
cometimento de crimes. “Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de
Assim, por exemplo, se desbloquear uma usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de rea-
vê-la do poder de quem quer que injustamente a
função oculta de seu telefone celular, que permi- possua ou detenha.
te a escuta clandestina de ligações telefônicas
de terceiros, haveria, assim, ilegalidade nesse § 1o O direito de propriedade deve ser exercido
desbloqueio. em consonância com as suas finalidades econô-
micas e sociais e de modo que sejam preserva-
Além disso, não se pode falar em desblo- dos, de conformidade com o estabelecido em lei
queio legítimo, nos termos do conceito apresen- especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o
tando, quando o objetivo não for de ativar uma equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e ar-
tístico, bem como evitada a poluição do ar e das
funcionalidade, mas de contornar a segurança
águas”
ou a proteção intelectual do produto.
Por essa razão, vê-se que os populares
Se o proprietário tem a faculdade (leia-se o
“desbloqueios” e destravamentos de Playstation
direito) de usar, gozar e dispor da coisa, tal direi-

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JURIS · O destravamento é legal?

Referências:

Se o proprietário tem 1 Segundo o Código de Defesa


do Consumidor (Lei 8.078/90),
a faculdade (leia-se o direito) de uma relação de consumo é
aquela em que estão presentes,
usar, gozar e dipor da coisa, tal simultaneamente, duas figuras: o
consumidor e o fornecedor,
direito não pode ser limitado de conceituados em seus artigos 2°
forma arbitrária e potestativa por e 3°:
“Art. 2° Consumidor é toda
terceiro. pessoa física ou jurídica que
adquire ou utiliza produto ou
Walter Capanema
serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a
consumidor a coletividade de
to não pode ser limitado de forma arbitrária e po- pessoas, ainda que indetermináveis, que haja
testativa por terceiro. Salvo o Poder Judiciário e intervindo nas relações de consumo.
a Administração Pública, em hipóteses de uso
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou
abusivo, só o proprietário é quem pode estabele-
jurídica, pública ou privada, nacional ou
cer limitações, se quiser, ao seu bem.
estrangeira, bem como os entes
E, diante do manifesto abuso da restrição despersonalizados, que desenvolvem atividade
imposta pelo fornecedor, o Código de Defesa do de produção, montagem, criação, construção,
Consumidor apresenta sólidos fundamentos a fa- transformação, importação, exportação,
vor do destravamento. distribuição ou comercialização de produtos ou
O seu art. 6°, IV estabelece o direito de pro- prestação de serviços”.
teção do consumidor contra “métodos comerci-
ais coercitivos ou desleais, bem como contra
2 TJRJ. Processo n° 2009.001.08736. DES.
práticas e cláusulas abusivas ou impostas no for-
CAETANO FONSECA COSTA - Julgamento:
necimento de produtos e serviços”.
08/04/2009 - SETIMA CAMARA CIVEL
Já o art. 51, IV da mesma lei declara que
são nulas as cláusulas contratuais que “estabele-
çam obrigações consideradas iníquas, abusivas,
que coloquem o consumidor em desvantagem
exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-
fé ou a eqüidade”.
Portanto, o destravamento, quando visar a
WALTER CAPANEMA é professor da
plena utilização de um bem tecnológico em que Escola da Magistratura do Estado do Rio de
suas funcionalidades foram abusivamente limita- Janeiro – EMERJ (Brasil). Formado pela
das pelo fornecedor e, principalmente, não confi- Universidade Santa Úrsula - USU. Advogado
no Estado do Rio de Janeiro. Email:
gure ilícito penal, é uma conduta lícita e constitui waltercapanema@globo.com
uma defesa do consumidor em sua condição de
hipossuficiência.

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PROJETO · RECICLAGEM DIGITAL

Transformando o lixo
eletrônico em inclusão
digital
Por Ana Paula Gomes

Nas últimas décadas a tecnologia tem evo-


luído bastante. A cada dia são apresentadas no-
vas tendências, aparelhos e serviços para
simplificar o trabalho humano com o uso do
computador. Segundo o Greenpeace, são gera-
dos entre 20 e 50 milhões de toneladas de lixo
eletrônico no mundo. Por ser raro o recolhimen-
to destas peças pelos fabricantes e por iniciati-
vas governamentais, os usuários acabam
jogando o lixo eletrônico junto com o lixo resi-
dencial, ação que prejudica o meio ambiente e
também a população que vive próxima a ater-
ros sanitários.
O Projeto Reciclagem Digital é uma iniciati-
va voluntária que quer ajudar no reaproveita-
mento do lixo gerado pela tecnologia e na

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PROJETO · RECICLAGEM DIGITAL

área de tecnologia. Os requisitos para ser um


voluntário é compromisso e responsabilidade,
aliados a vontade de aprender e de ensinar e
disponibilidade de quatro horas semanais. Você
pode conhecer os voluntários do Reciclagem Di-
gital no site www.reciclagemdigital.org.

Doações
No Reciclagem Digital empresas e pesso-
as físicas podem realizar doações. Após rece-
ber o material é realizada uma triagem para
separar o que está funcionando do que não es-
tá. O processo de triagem por muitas vezes é
Figura 1 - Projeto Reciclagem Digital demorado, pois as doações na maioria das ve-
zes é de computadores antigos e que necessi-
conscientização sobre o lixo eletrônico. A partir
tam de periféricos compatíveis. A doação não
do material que recebemos e reaproveitamos é
precisa ser necessariamente de lixo eletrônico;
verificado as instituições voluntárias que estão
pode ser também a prestação de um serviço. To-
precisando de máquinas e/ou ajuda com a manu-
dos os colaboradores e parceiros estão disponí-
tenção de seus computadores. O que não conse-
veis no nosso site.
guimos reaproveitar direcionamos para o
artesanato.
Objetivos
Origem Atualmente o projeto Reciclagem Digital es-
tá em processo de fundação de uma associa-
A ideia do Reciclagem Digital nasceu de
ção, auxiliados pelo consultor Anacleon
um projeto de conclusão do curso técnico em In-
Barbosa. Após conclusão desta etapa, nosso ob-
formática, apresentado por Ana Paula Gomes,
jetivo é conseguir um espaço maior para recebi-
na Feira de Santana na Bahia. Após apresenta-
mento das doações, ministração de cursos
ção, muitos alunos do curso demonstraram inte-
gratuitos e reciclagem das peças que não foram
resse em fazer o projeto acontecer. No dia 4 de
reaproveitadas, além do museu do computador
outubro de 2008 foi fundado o projeto Recicla-
Reciclagem Digital.
gem Digital. Atualmente nossa sede funciona
em uma oficina improvisada na casa da voluntá- Mais informações sobre o Reciclagem Digi-
ria Jamilly Correia, que cedeu gentilmente o es- tal podem ser encontradas no nosso site
paço para colocarmos as máquinas doadas e www.reciclagemdigital.org ou através do email
trabalharmos no reaproveitamento. contato@reciclagemdigital.org.

Voluntariado ANA PAULA GOMES é atualmente é


coordenadora do projeto Reciclagem
Todo o trabalho no projeto Reciclagem Digi- Digital, gerente de Qualidade na Total
Informática e bacharelanda em Análise de
tal é totalmente voluntário. Sem a presença e o Sistemas, pela Universidade do Estado da
empenho dos voluntários o Reciclagem Digital Bahia.
com certeza não existiria. Qualquer pessoa po-
de ser um voluntário, independente de ser da

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EDUCAÇÃO · EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E SOFTWARE LIVRE

DIVULGAÇÃO
Educação a Distância e
Software Livre
Por Antônio Augusto Mazzi

Sem dúvida alguma a educação a distân-


cia, mais conhecida como EAD, é uma realidade
em diversas instituições de ensino, públicas e
privadas.
Entre as várias modalidades de EAD, des-
taco uma não muito nova, mas que muda a for-
ma aprendizado do aluno.
A graduação tradicional, na qual os alunos
tem todo o conteúdo ministrado presencialmen-
te não é mais adota em algumas faculdades. Ho-
je é adicionado ao ensino tradicional o ensina a
distância em parte da carga horária do curso.
Funciona assim, de segunda a quinta-feira
os alunos tem aulas tradicionais, com o profes-
sor presente e ministrando o conteúdo normal-
mente, na sexta-feira é adota o ensino a
distância utilizando principalmente a internet e
softwares apropriados para promover o aprendi-
zado.

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EDUCAÇÃO · EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E SOFTWARE LIVRE

Afinal, quem nunca fez um curso a distân-


cia, seja ele semi-presencial ou totalmente pela
Internet?!

Para mais informações:


Site Oficial do Moodle:
http://www.moodle.org

Artigo na Wikipédia sobre Educação a Distância


http://pt.wikipedia.org/wiki/Ead

Figura 1: Ambiente Moodle do Centro Paulo Souza

O ensino a distância não é realidade ape-


nas para os alunos, os professores e funcionári- Mas o que é esse tal de Moodle?
os podem se reciclar através de ambientes
colaborativos e dinâmicos. O professor não preci- O "Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment

sa mais se locomover para realizar algum curso (Moodle)" é um software livre, de apoio à aprendizagem,

ou fazer alguma capacitação, basta ter um com- executado num ambiente virtual. Foi criado em 2001 pelo

putador com conexão a internet. educador e cientista computacional Martin Dougiamas. Constitui-
se em um sistema de administração de atividades educacionais
A capacitação de professores e funcionári- destinado à criação de comunidades on-line, em ambientes
os através do EAD, já é realizada no Centro Pau- virtuais voltados para a aprendizagem colaborativa. Permite, de
la Souza, instituição responsável em administrar maneira simplificada, a um estudante ou a um professor integrar-
179 Escolas Técnicas (Etecs) e 49 Faculdades se, estudando ou lecionando, num curso on-line à sua escolha. O
de Tecnologia (Fatecs) do estado de São Paulo. programa é gratuito, disponível sob a licença GNU-GPL e pode ser
Para isso foi criado um ambiente colaborati- instalado em diversos ambientes (Unix, Linux, Windows, Mac OS)
vo utilizando o software livre chamado moodle. desde que os mesmos consigam executar a linguagem PHP.
O objetivo desse ambiente é proporcionar a inte- Como base de dados podem ser utilizados MySQL, PostgreSQL,
gração do corpo docente, possibilitando a troca Oracle, Access, Interbase ou qualquer outra acessível via ODBC.
de experiência. É desenvolvido colaborativamente por uma comunidade virtual,
que reune programadores e desenvolvedores de software livre,
O moodle pode ser instalado em diversos
administradores de sistemas, professores, designers e usuários de
ambientes (Windows, Linux, Mac, etc) e é desen-
todo o mundo. Encontra-se disponível em diversos idiomas,
volvido em PHP de forma colaborativa por uma
inclusive em português.
comunidade que reúne programados e desenvol-
vedores de softwares livre.
Com certeza essa forma de aprender é váli-
da; A forma tradicional não é mais suficiente pa-
ANTÔNIO AUGUSTO MAZZI
ra preparar os alunos para o mercado de (gutomazzi@gmail.com) é graduado em
trabalho, principalmente na área de tecnologia. Tecnólogo em Informática, pós-graduado
em Administração em Sistemas de
O aluno precisa conhecer outras formas e meios Informação pela UFLA. Atualmente é
de aprendizados e a educação a distância é a for- professor de nível técnico do Centro Paula
Souza do curso de informática e membro
ma mais comum de se manter atualizado. da equipe responsável pelos laboratórios e
servidores da Etec.

Revista Espírito Livre | Fevereiro 2010 | http://revista.espiritolivre.org |90


EVENTO · DFD - Document Freedom Day - Dia da Liberdade dos Documentos

31 de Março de 2010

Usando padrões abertos,


quem guarda, tem!
Por Fernanda G Weiden

Quando você clica em "Salvar" um docu-


mento em seu computador, você se pergunta se
vai conseguir acessar este mesmo documento
daqui há 5 anos? E daqui há 10 anos? A maioria
das pessoas não pensa nisso, mas nós quere-
mos que a resposta seja "sim, eu posso ler
meus documentos salvos há 10 anos".
A única maneira de termos certeza que is-
so vai acontecer é nos assegurarmos de sempre
salvarmos nossos documentos usando padrões
abertos. Com isso, independente de se a empre-
sa que fornece seu processador de texto falir,
ou mudar de campo, ou descontinuar o softwa-
re, você ainda pode implementar, ou comprar ou-
tro processador de texto que implemente o
mesmo padrão.
Parece simples, porém alguns dos proces-
sadores de textos mais utilizados no mundo to-
do não respeita esse direito: o seu direito de
acessar informação que lhe pertence, sem
que seja necessário manter uma relação comer-
cial com a empresa que lhe vendeu o software
inicialmente.

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EVENTO · DFD - Document Freedom Day - Dia da Liberdade dos Documentos

Este problema vai além dos processadores Interessado em participar? Quer saber
de texto, e também inclui vídeos, arquivos de áu- mais sobre o assunto? Então visite
dio, planilhas eletrônicas, fotos. Qualquer forma http://www.documentfreedom.org.
de armazenamento de informações. Imagine
não poder mostrar aquele álbum de fotografias
para seus netos, porque o formato que as ima-
gens foram salvas era proprietário e foi desconti-
nuado? Nós queremos evitar que isso aconteça. Para mais informações:
Por este motivo, pelo terceiro ano consecuti- Site oficial Document Freedom Day
vo estamos comemorando o Dia da Liberdade http://www.documentfreedom.org
dos Documentos, marcado para o dia 31 de mar-
ço. Este é um evento mundial com foco em pa- Grupo do DFD no LinkedIn
drões abertos, com a finalidade de popularizar o http://ur1.ca/nehm
assunto, e manter as discussões sobre padrões
abertos ativa em nossa comunidade. Grupo do DFD no Identi.ca
Defendemos o seu direito de acesso as in- http://identi.ca/group/dfd
formações que lhe pertencem, independente de
quanto tempo faz que a informação foi salva.
Durante todo o mês de março haverão ativi-
dades, lançamento de artigos e pequenas com-
petições com distribuição de prêmios para os
envolvidos na campanha.
Existem várias maneiras de contribuir com
a campanha:
* Inscreva seu grupo como organizador de uma
atividade no dia 31 de março.
* Coloque um banner da campanha no seu sítio
ou blog.
* Entre no nosso sítio e dê uma pequena contri-
buição financeira para a campanha.
* Re-distribua nossos posts em suas ferramen-
FERNANDA G WEIDEN é vice-presidente
tas de microblogging. da Free Software Foundation Europa, e
* Escreva em seu blog sobre padrões abertos e responsável pela campanha Dia da
o Dia da Liberdade dos Documentos, inclua Liberdade dos Documentos 2010. É
membro do Comitê de Programa do Fórum
links para o site da campanha e distribua seus ar- Internacional Software Livre (fisl). Ela
tigos as tags #dfd2010 e !dfd. trabalha como Site Reliability Engineer para
o Google em Zurique, na Suíça.

Simultaneamente diversas
cidades em todo o mundo!

www.documentfreedom.org

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EVENTO · Relato do Ekaaty DAY + KDE Party + Comunidades SL - SALVADOR/BA

Ekaaty day + KDE party +


Comunidades Software Livre
Por Otávio Gonçalves de Santana

Notícias recentes do mundo da tecnologia,


de formas distintas, falam sobre o Linux e sobre
o software livre trazendo à tona uma série de
possibilidades para um futuro que, em se tratan-
do de informática, é agora. A ideia de uma socie-
dade baseada em colaboração, códigos abertos
e melhoria em comunidade está cada vez mais
forte e presente em nossas vidas. Por esses mo-
tivos as comunidades de software livre presen-
tes na Bahia organizaram o KDE 4.4 Release
Party. As KDE Release Parties são um tradicio-
nal evento realizado no momento do lançamento
das versões do KDE, geralmente a cada 6 me-
ses. Na ocasião, apresenta-se as novidades
mais recentes, o que podemos esperar das pró-
ximas versões e, é claro, muita diversão para co-
memorar. Neste primeiro semestre de 2010,
além do KDE 4.4 Release Party houve a de-
monstração das principais linguagens de progra-
mação e tendências no desenvolvimento de
programas - Java, PHP, Ruby on Rails, Manifes-
to Ágil, entre outros - exibição da ferramenta Net-
Beans, interface para desenvolvimento para
diversas linguagens de programação, além do
lançamento do Ekaaty 4 Linux, uma distribuição
brasileira.

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EVENTO · Relato do Ekaaty DAY + KDE Party + Comunidades SL - SALVADOR/BA

Figura 1: Fila durante a inscrição Figura 2: Participantes durante palestra

O evento foi subdivido em dois grupos: pe- diferencial em relação a outras distribuições é
la manhã as linguagens livres (Java, PHP, Ruby que foi planejado para ser um sistema que aten-
on Rails, Agile) palestraram e à tarde houve a da às necessidades específicas de usuários bra-
apresentação do KDE Party e o lançamento do sileiros. No Ekaaty, o usuário poderá entrar em
Ekaaty Day. Com cerca de 80 participantes, to- contato com os desenvolvedores, seja para re-
dos elogiaram muito o evento, que distribuiu mídi- portar bugs ou solicitar recursos em sua língua
as do Ekaaty 4 e do NetBeans. nativa de maneira direta, pois o projeto tem seu
O KDE é uma equipe internacional de de- foco na interação com a comunidade. A distribui-
senvolvimento de software livre para computado- ção é otimizada para o uso em desktops e pre-
res pessoais e dispositivos portáteis. Entre seus parada para uso em laptops, tanto em casa
principais produtos destacam-se: ambiente desk- quanto no trabalho - um ambiente de trabalho
top e uma plataforma de desenvolvimento de apli- moderno e fácil de usar, editores de textos, pla-
cativos modernos presentes na maioria dos nilhas, navegador Web, suíte Groupware, men-
sistemas operacionais existentes - tais como o Li- sageiro eletrônico e muito mais. Por tudo isso, é
nux (em cerca de 46 distribuições), BSD, Sola- indicado para estudantes, pequenas empresas
ris, Windows e Mac OS X -, suítes de escritório e entusiastas de Linux.
e comunicação pessoal completas e centenas Para mais informações:
de aplicativos em muitas categorias, incluindo re-
des e Internet, manipulação gráfica, multimídia, Site oficial Ekaaty
acessibilidade, jogos, educação e ferramentas http://www.ekaaty.org
de desenvolvimento. Com 13 anos de história, o
KDE é atualmente traduzido para mais de 50 idio- Site oficial KDE
mas e conta com cerca de 2 mil contribuidores http://www.kde.org
ao redor do mundo, realizando mais de onze mil
commits por mês, em um repositório que conta OTÁVIO GONÇALVES DE SANTANA é
hoje com cerca de quatro milhões de linhas de Graduando em Engenharia de Computação
e Líder da célula de Desenvolvimento da Fa-
código. culdade Area1, Desenvolvedor em Solução
Open Source, membro da equipe Ekaaty Li-
O projeto Ekaaty é uma distribuição GNU/Li- nux. Profile no OSUM:
nux, livre, robusta, segura e amigável, desenvol- http://osum.sun.com/profile/OtavioGoncal-
vesdeSantana
vida em conjunto com a comunidade. Seu

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QUADRINHOS

QUADRINHOS
Por Wesley Samp e Wallisson Narciso

OS LEVADOS DA BRECA

http://www.OSLEVADOSDABRECA.com

NANQUIM2

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AGENDA · O QUE TÁ ROLANDO NO MUNDO DE TI

AGENDA
MARÇO Evento: Web Expo Fórum 2010 Evento: DFD - Document Free-
Data: 17 a 19/03/2010 dom Day 2010
Evento: II Seminário de Cloud Local: São Paulo/SP Data: 31/03/2010
Computing Local: Simultaneamente em diver-
Data: 02/03/2010 Evento: CNASI – Congresso sas cidades do mundo
Local: São Paulo/SP Latino-Americano de Auditoria
de TI, Segurança da Informação
Evento: II Encontro Livre e Governança
Data: 10 a 12/03/2010 Data: 23/03/2010
Local: Recife/PE Local: Rio de Janeiro/RJ
Quer seu evento de
tecnologia divulgado
Evento: Conferência Internacio- Evento: Seminário de Gestão
aqui?!
nal sobre Redes Sociais de Serviços de Terceirização
Então entre em contato
Data: 11 a 13/03/2010 em TI
conosco através do
Local: Recife/PE Data: 25/03/2010
contato@espiritolivre.org.
Local: São Paulo/SP

ENTRE ASPAS · CITAÇÕES E OUTRAS FRASES CÉLEBRES SOBRE TECNOLOGIA

Combata funcionalidades... a única forma


de fazer software seguro, confiável e rápido é faze-
lo pequeno.
Andrew Stuart "Andy" Tanenbaum, é o chefe do Departamento de sistemas de
computação, na Universidade Vrije, Amsterdã. É o criador do Minix.

Fonte: Wikiquote - Andrew Stuart Tanenbaum

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