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Lição 10

O VALOR DA HONESTIDADE

Texto bíblico: Êxodo 20.15 e Deuteronômio 5.19

O valor da honestidade é exigido em muitas esferas da vida cotidiana. Existe


a forma diretamente condenada como roubo que pode ser identificado quando a
pessoa se apossa de bens que não foram conquistados pelo seu esforço e/ou pelo
seu trabalho. Mas também pode ser verificada na forma indireta em atos e gestos de
corrupção, que podem ser identificados quando a pessoa cede à corrupção, se
beneficiando de posição ou influência, ou quando se aproveita da inocência de
outros para um lucro excessivo (por exemplo, no comércio). O oitavo mandamento
exorta a uma prática de vida baseada na honestidade.

1. O valor da honestidade

O oitavo mandamento apresenta uma proibição: “Não furtarás” ou “Não


roubarás”. No entanto, o termo utilizado (ganav) apresenta algumas dimensões que
nos ajudam a refletir sobre o que o Deus Javé desejava e deseja para a vida do seu
povo. A primeira dimensão é a que aponta para o ato de furtar, roubar, ou seja, se
apropriar de forma ilegítima sorrateira ou violentamente de um bem ou patrimônio de
outrem. A segunda dimensão apresentada é a que aponta para a prática do rapto,
do seqüestro. Nesta a proibição se aplica ao roubo de uma pessoa ou de um ser
vivo que foi retirado de seu estado de liberdade e/ou do convívio dos seus parentes
ou donos. A terceira dimensão é que identifica uma forma mais velada de praticar o
delito, apresentando o roubo ou o furto por meio do engano, da ilusão. Nesta última
dimensão, o roubo ou o furto acontecem quando é retirado do próximo o seu direito.
Isto pode acontecer quando a pessoa é extorquida, enganada ou iludida por uma
estrutura corrupta.
O primeiro sentido é completamente reprovado na sociedade. As pessoas têm
a consciência de que o furto (apropriação sorrateira de bens alheios) ou o roubo
(apropriação de bens alheios com graus de violência empregados) constituem-se em
crimes condenados pelo Deus Javé e também pelas sociedades (Êx 22.1-15). As
pessoas que exercem essas práticas são vistas como delinqüentes, com as quais
não se deseja relação. São rapidamente reconhecidas como desonestas e procura-
se o afastamento delas. Os textos que exortam sobre a proibição de furtar, roubar
também reprovam a receptação do roubo e o benefício com essa natureza de
negócio. O oitavo mandamento exorta as pessoas a que não pratiquem nenhuma
modalidade de roubo e, tampouco, colaborem com esta prática na sociedade. O
Deus Javé desejava e deseja que o povo de sua aliança construa uma prática
honesta e, por isso, não deve desejar e nem se apropriar de bens que não tenham
sido conquistados de forma digna, legal e honesta.
O segundo sentido também é facilmente identificado e rapidamente
reprovado. O seqüestro e o rapto de bens ou pessoas são considerados como faltas
graves (Êx 21.16). Esta conduta também é considerada como um erro, como uma
prática reprovada pelo Deus Javé. O oitavo mandamento exorta a que esta postura
não faça parte da vida de uma pessoa que constituiu uma aliança com Deus.
O terceiro sentido deste mandamento é mais interpretativo e nos remete a
uma maior dificuldade na emissão do juízo. Este sentido é mais subjetivo. É difícil de
ser mensurado e até constatado. Por isto, nem sempre temos a consciência de
desonestidade diante de algumas ações cotidianas. Retirar o direito do próximo por
meio do engano, da ilusão também pode ser considerado roubo.

2. O engano também pode ser considerado furto, roubo

Um breve olhar nos textos legais do Antigo Testamento que tratam do furto,
do roubo (Êx 20.15; 21.16; 22.1-11; Dt 5.19; 24.7; 25.13-16; Lv 19.11,13; 35-37)
falam sobre o risco de admitir um padrão de desonestidade para a vida. É comum
encontrar recomendações que alertam para as condutas que visavam tirar vantagem
por intermédio de uma estrutura de engano ou de corrupção.
Nas leis registradas no livro de Êxodo podemos encontrar as seguintes
exortações contra a prática do roubo, do furto: Em Êxodo 22.5 há o destaque para o
furto do direito alheio pela permissão do consumo (intencional ou não) da plantação
do vizinho. Em Êxodo 22.7-12 há uma exortação e penalidades para as pessoas que
participavam do roubo pela receptação dos bens roubados. Desta forma, as pessoas
participavam da estrutura do roubo na sociedade e, assim apoiavam a prática do
furto, do roubo.
Nas leis registradas no livro de Levítico também encontramos orientações
contra o furto (ganav), vinculando-o à prática da falsidade e da mentira para tirar
vantagem na relação com o próximo (Lv 19.11). Em Levítico 19.13 o roubo está
relacionado à opressão social empreendida pela injustiça salarial, que enfraquecia a
condição de vida digna de um trabalhador comum. Em Levítico 19.35-37 e em
Deuteronômio 25.13-16 há uma exortação à prática da justiça no comércio, não
permitindo o furto nas medidas. Assim, o oitavo mandamento dimensiona o furto, o
roubo a outras práticas da vida cotidiana. O furto pode estar presente nas mais
variadas formas de corrupção. Pode estar presente na receptação ou compra de
produtos roubados, no ato de diminuir a quantidade de um produto comercializado,
na promessa de pagar o salário e não cumprir, no pagamento inferior ao trabalho
executado, entre várias outras dimensões da vida.

3. O roubo: consequência da corrupção e da injustiça social

O livro de Provérbios dimensiona uma visão dupla acerca do roubo: uma é o


destaque da aparente felicidade que a pessoa que rouba ou que se beneficia de um
roubo sente pelo lucro atingido, e a outra é a triste realidade que a corrupção e as
injustiças sociais podem fazer nascer uma cultura do furto e do roubo.
A primeira exortação da sabedoria apresenta o risco de se sentir feliz com o
lucro do roubo (Pv 9.17,18). Estas pessoas podem se sentir felizes por adquirirem
sem o trabalho de produzir. O texto inclusive reserva um espaço para falar sobre a
excitação que quem pratica um delito pode sentir, mas afirma que esses valores
alcançados com o furto não fornecem a dignidade que só a honestidade pode
construir para a vida humana, e também afirma: este caminho é o da morte. Há
ainda uma outra realidade destacada: as pessoas que se associam ao roubo por
julgarem um grande ganho, aprisionam suas vidas virando reféns de sua associação
com a desonestidade (Pv 29.24). Portanto, não podem desfrutar de uma vida
honesta e nem de uma vida livre, pois estão amarradas às cordas da corrupção e do
pecado.
A sociedade, em grande parte, está enredada nestas teias de corrupção, de
furto, de roubo e de enganos. Esta estrutura envolvida na desonestidade tem
contribuído para construir uma sociedade repleta de necessidades básicas,
especialmente para os cidadãos e para as cidadãs mais pobres. Esta estrutura
corrompida que desumaniza as pessoas é capaz de gerar condutas baseadas no
furto e no roubo. Por isto, Agur fez alguns pedidos a Deus: pede para ter afastada de
si a falsidade, a mentira e pede justiça social para não ver o empobrecido furtar em
sua fome e venha, com isto, ser réu do juízo divino (Pv 3.7-9). Agur tinha a
consciência de que um país corrompido e dominado por corruptos pode gerar uma
sociedade insensível aos valores de honestidade desejados pelo Deus Javé.

Para pensar e agir

O valor da honestidade é o desejo de Deus para a vida de cada pessoa, bem


como o desejo de Deus para as sociedades. Para isto, é importante recusar todo e
qualquer desejo de vantagem sobre o próximo. A honestidade dimensiona práticas
corretas e adequadas mediante o patrimônio e o direito das pessoas.

1) Como pode ser compreendido o roubo, o furto?


2) Como podemos nos envolver com o roubo, o furto?
3) É possível conceituar a corrupção na categoria do roubo e do furto? Por quê?
4) Você pode viver sem se envolver com a corrupção?
5) O que podemos fazer para o contínuo desenvolvimento da honestidade?

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