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Excelentíssimo Juízo de Direito da __ª Vara Cível da Comarca de [nome da cidade], Estado

de Sã o Paulo.
Processo nº 0000000-00.2019.8.26.0000
[Nome do apelante], parte já qualificada nos autos do feito supra-epigrafado, em trâ mite
por essa E. Vara e respectivo Ofício, que lhe move [Nome do apelado], autor também
qualificado nos autos, por meio de seu advogado infra-assinado, vem, respeitosamente à
presença de Vossa Excelência, para, com fulcro nos artigos 1.009 e seguintes do Có digo de
Processo Civil e pelo fato de nã o se conformar com o teor e fundamentaçã o da r. Sentença
definitiva de mérito prolatada por Vossa Excelência, propor RECURSO DE APELAÇÃO¸ o
que faz consoante as razõ es recursais ora anexadas.
Ante ao exposto, requer-se o processamento, recebimento e envio dos autos à Superior
Instâ ncia, para novo julgamento, nos termos da Lei.
Na oportunidade apresenta-se o comprovante do recolhimento do preparo recursal e do
Porte de remessa e retorno, face à existência de mídias que devem ser remetidas ao E.
Tribunal de Justiça de Sã o Paulo, nos termos do § 7º, do artigo 99 do Có digo de processo
civil.
Nestes termos,
P. deferimento.
Sã o Paulo, maio de 2.020.
ÉRICO T. B. OLIVIERI
OAB/SP 184.337
ADVOGADO
RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO
Apelante:
Apelado:
Processo de origem:
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO!
COLENDA CÂMARA JULGADORA!
ÍNCLITOS JULGADORES!
O presente recurso de apelaçã o visa que a r. Sentença definitiva de mérito prolatada em
primeiro grau de jurisdiçã o seja reformada in totum, em vista que, s.m.j., ofende os direitos
do apelante por, com todo o respeito, nã o aplicar o melhor direito, razã o pela qual requer-
se o processamento, recebimento e conhecimento do presente recurso, por nã o só atender
aos requisitos legais, mas porque é justo em relaçã o à lei que requer seja obedecida e
aplicada.
Por tais razõ es, ao final, o presente recurso deve ser julgado totalmente procedente,
conforme resta demonstrado nas razõ es recursais abaixo expendidas e conforme requerido
no pedido.
1. Dos fatos do processo
Em breve suma, o apelante demonstrará os fatos do processo que interessam ao
julgamento deste recurso, de forma a se fazer entender e indicar os motivos do direito
invocado.
O apelado promoveu açã o de indenizaçã o por danos morais em desfavor do apelante em
virtude de ter se sentido ofendido com a atitude daquele, de ter lhe enfrentado em
fiscalizaçã o de trâ nsito.
Tudo ocorreu em razã o do apelado ter abordado uma suposta situaçã o onde havia uma
obstruçã o da via de trâ nsito de veículos e, ao conversar com o apelante, foi agredido
verbalmente com palavras de baixo calã o, que estã o descritas na petiçã o inicial e que foi
agarrado pelas roupas e puxado.
Informou ainda a petiçã o inicial, que o apelante começou a tirar fotos e informar que iria
representar contra ele (apelado) junto à autoridade de trâ nsito.
O pedido da petiçã o inicial foi da condenaçã o do apelante em 25 (vinte e cinco) salá rios
mínimos.
Em contestaçã o, o apelante sustentou a improcedência da açã o com base na perda do prazo
(preclusã o), pelo apelado, para o depó sito do vídeo dos fatos discutidos em Juízo conforme
a legislaçã o vigente sobre o tema; que nã o houve qualquer ofensa verbal e ainda
apresentou a atitude abusiva e com extrema falta de urbanidade por parte do apelado na
situaçã o, o que acabou por gerar a situaçã o discutida nos autos e que seria determinante
para a improcedência da açã o.
A resposta à açã o ainda trouxe argumentos acerca da defesa da impossibilidade de se
considerar o vídeo como prova da veiculaçã o dos fatos discutidos na presente açã o perante
rede social e finalmente atacou o exagero do pedido de indenizaçã o.
Em audiência de instruçã o o apelante promoveu a oitiva de 3 (três) testemunhas, que em
resumo, deixaram claro que o apelante: (i) nã o proferiu qualquer xingamento em desfavor
do apelado; (ii) nã o houve qualquer agressã o física; (iii) que o apelado obstruiu a saída da
empresa com veículo oficial; (iv) que o apelado estava alterado e chegou ameaçando
guinchar o caminhã o envolvido na situaçã o; (v) que no momento e que o apelado chegou
no local dos fatos nã o havia obstruçã o do trâ nsito.
Em Sentença definitiva de mérito, o Juízo a quo julgou a açã o procedente, condenando o
apelante no pagamento de uma indenizaçã o por danos morais no importe de R$ 24.950,00
(vinte a quatro mil novecentos e cinquenta reais) com juros da citaçã o e correçã o
monetá ria contada da data da prolaçã o da r. Sentença guerreada, tendo em vista que
considerou a situaçã o vexató ria para o autor.
Assim, por entender que a r. Sentença é injusta, desproporcional e ofensiva a vá rios
dispositivos legais, conforme veremos nas razõ es abaixo invocadas, apresentam-se a
seguir, as razõ es para que a r. Sentença seja totalmente reformada.
2. Das razões do pedido de reforma
2.1. Da inocorrência de dano moral
Apó s regular instruçã o processual, ficou claro que nã o houve qualquer xingamento ou que
foi proferida palavra de baixo calã o em desfavor do apelado, bem como ficou claro que o
apelado agiu de forma descortês e com falta de urbanidade exigida de um agente pú blico.
Para que nã o reste dú vidas, a testemunha [nome], que era o motorista do veículo envolvido
na situaçã o, narrou que o apelado chegou “bravo” e ameaçava guinchar a carreta, além de
dizer que já havia aplicado a multa de trâ nsito.
Isso demonstra que o apelado agiu desproporcionalmente com a situaçã o, pois ameaçava
guinchar um veículo, sem um motivo legalmente justo, já que nã o estava travando o
trâ nsito, em vista da entrada da empresa onde se dirigia que possui um recuo em relaçã o à
rua.
Se houve um travamento do trâ nsito foi inicialmente no momento em que a carreta
manobrava para adentrar ao acesso (recuo) para a empresa onde se dirigia, o que ocorreu
por alguns momentos apenas e era inevitá vel, pois se tratava de um veículo de grande
porte (caminhã o cegonha) e que tem que teve que fazer uma manobra lenta em razã o de
seu tamanho.
Também ficou claro no depoimento das testemunhas, que a saída da empresa estava
interditada pela viatura que o apelado conduzia, o que prejudicava seu normal
funcionamento, razã o da intervençã o do apelante na situaçã o.
Ao abordar o apelante e agido com falta de urbanidade, com tom de voz alterado, o apelado
deu azo a uma reaçã o proporcional do apelante, inclusive no tom de voz e pediu que a saída
da empresa fosse desobstruída pela viatura e que nã o havia motivos para guinchar um
caminhã o carregado de veículos e que nã o estava obstruindo o trâ nsito quando chegou,
pois o motorista do caminhã o relatou que o veículo ficou no recuo e apenas sobre a faixa de
pedestres por alguns instantes.
Para que nã o seja deturpado o teor dos testemunhos em relaçã o à realidade, se ilustra
como é a entrada da empresa para que Vossas Excelências vejam como é o local onde
estava o caminhã o que originou toda a discussã o. Vejamos:
[Fotos da entrada da empresa]
As fotos acima e ora juntadas demonstram em imagens o que foi dito pela Testemunha
[Nome], que havia um recuo suficiente para que o trâ nsito da rua nã o fosse obstruído,
demonstrando, por consequência, que o apelado agiu com abuso de autoridade quando
disse que guincharia o veículo.
As fotos também ilustram como o apelado obstruiu a entrada da empresa, pois como o
caminhã o estava parado do lado direito de quem entra na empresa, a viatura ficou parado
à esquerda, no caminho da saída e dentro da empresa.
O maior ato de revolta do apelado foi devido ao fato que a viatura conduzida pelo apelado
ficou estacionada dentro da empresa e por vá rias vezes o apelado adentrou em
propriedade privada da empresa [Nome], que era a destinatá ria dos veículos transportados
pelo caminhã o, sabendo o apelante que essa conduta era totalmente impró pria.
Do conjunto probató rio pode se extrair que nã o foi sem motivos que o apelante questionou
o apelado, pois como Gerente da empresa, o apelante tinha o dever de garantir que os
funcioná rios saíssem e que o pró prio caminhã o adentrasse à empresa para descarregar os
veículos.
Com o tom de voz grosseiro e com a ameaça de apreender o caminhã o que estava prestes a
ingressar no pá tio da empresa, motivou que o apelante registrasse a identificaçã o da
viatura com uma fotografia, o que fez com que o apelado registrasse com seu telefone
particular, uma foto do rosto do apelante, que nã o concordou com o registro, já que nã o é o
procedimento legal e que nã o queria sua imagem registrada pelo apelado.
Nesta altura dos acontecimentos, já se sentido abusado, o apelante nã o tinha como se
defender da atitude abusiva do apelado e com uma foto sua registrada sem permissã o, se
sentiu mais abusado e de certa forma ameaçado, pois nã o sabia o motivo pelo qual o
registro tinha sido feito.
Mesmo tendo sido feito com veemência, o apelo do apelante para que a foto fosse apagada
se tratou de um protesto pela atitude do apelado que nã o agiu como deveria, e por isso
pegou em seu colarinho pugnando pela eliminaçã o da foto de seu smarthphone.
O vídeo que fundou a prova do apelado é claro quando demonstra que, ao nã o ser atendido
o requerimento do apelante, este entendeu o que o protesto nã o seria suficiente e por isso
parou de se manifestar sem fazer agressão verbal ou física, nã o sendo nem mesmo
possível alegar que os fatos poderiam ser classificados como vias de fato.
Outro detalhe que é importante ser observado é que a foto do momento dos fatos, bem
como vídeo nã o demonstram qualquer obstruçã o do trâ nsito da via em frente à empresa
onde o caminhã o “cegonha” estava adentrando e esse é mais um detalhe que inclina a
interpretaçã o do conjunto probató rio para uma atitude abusiva do apelado que gerou a
reaçã o do apelante, que, repita-se, nã o foi nem uma agressã o verbal e também nã o foi uma
agressã o física, sendo no má ximo um empurrã o.
Nã o se pode dizer que o caso nã o passou de um mero dissabor do cotidiano, pois o apelado,
na condiçã o de agente pú blico, sempre está sujeito a contestaçõ es quando aplica a lei de
forma defeituosa e se atrapalha em seu atuar e, no caso, foi exatamente isso que aconteceu.
Por isso, no tocante à valoraçã o da gravidade da situaçã o e da prova, a r. Sentença foi
exagerada e desproporcional, haja vista que eleva uma situaçã o onde nã o houve qualquer
agressã o física ou verbal, para o patamar de um situaçã o muito mais grave, o que nã o
corresponde com a realidade.
De mais a mais, embora o apelado nã o possua poder de autotutela como assevera a r.
Sentença de primeiro grau de jurisdiçã o, possui direito de autodefesa e da legítima defesa
de direitos de forma verbal e negar esse direito de defesa ao apelante, definitivamente, nã o
corresponde com o estado democrá tico de direito, que permite a livre manifestaçã o do
pensamento.
O pedido do apelante para que o apelado apagasse a foto de seu rosto de seu smartphone
pessoal encontrava respaldo na Constituiçã o Federal, pois o Artigo 5º, inciso X da
Constituiçã o Federal protege a intimidade e a vida privada, bem como a imagem das
pessoas e o apelante sentiu-se abusado pelo comportamento do apelado e invadido, pois
nã o sabia o que seria feito com a foto, o que o fez se sentir extremamente desconfortá vel,
temendo inclusive por sua segurança.
O inciso X do artigo 5º da Constituiçã o Federal é objetivo quanto ao assunto, vejamos:
“Artigo 5º. [...] X - sã o inviolá veis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenizaçã o pelo dano material ou moral decorrente de sua
violaçã o;”
O apelante também possui direito à livre manifestaçã o do pensamento e, no que disse ao
apelado, nã o se excedeu de forma alguma, pois só estava questionando o motivo pelo qual o
veículo seria guinchado e que a saída da empresa estava obstruída bem no horá rio da saída
dos funcioná rios, o que se pode verificar pelo horá rio declarado pelo pró prio apelado no
boletim de ocorrência que registrou (17h07min) e que acompanha a petiçã o inicial, além
do fato do apelante adentrar sem autorizaçã o por diversas vezes em terreno particular..
Se o apelado tivesse agido conforme os protocolos legais, jamais teria causado uma conduta
de revolta do apelante, o que deve ser considerado para que se verifique que o ocorrido
nã o passou de um dissabor do cotidiano das partes que nã o adentra na esfera de dano
indenizá vel, motivo pelo qual a r. Sentença deve ser totalmente revista para que se decrete
a improcedência da açã o.
Agora podemos ver que o que resta provado nos autos é que nã o houve uma situaçã o que,
na espécie, possa ser considerada tã o anormal a ponto de ensejar o pagamento de uma
indenizaçã o, nã o só por conta dos direitos que assistiam o apelante na situaçã o de fato, mas
também pela conduta reprová vel que o apelado teve na situaçã o, sendo o real causador do
stress que houve entre as partes.
Além disso, o apelado nã o logrou êxito na prova da existência de um ato ilícito por parte do
apelante, pois nã o houve xingamento, agressã o física ou uma situaçã o que pudesse ser
considerada como injú ria, difamaçã o ou mesmo que o apelado pudesse ser identificado no
vídeo, razã o pela qual nã o é possível considerar que houve responsabilidade civil
indenizá vel do apelante.
Neste sentido o julgado abaixo corrobora a tese que sem a prova do ato ilícito é impossível
considerar o direito a ser indenizado do apelado, vejamos:
“APELAÇÃ O CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃ O DE INDENIZAÇÃ O. OFENSAS
VERBAIS. DESENTENDIMENTO EM RAZÃ O DE ACIDENTE DE TRÂ NSITO. CONJUNTO
PROBATÓ RIO IMPRECISO. DANOS MORAIS INEXISTENTES Trata-se de açã o de indenizaçã o
por danos morais decorrentes de supostas ofensas verbais perpetradas pelo demandado
em desfavor do autor, julgada procedente e reconvençã o de reparaçã o de danos materiais
julgada improcedente na origem. A prova revela como fato incontroverso que houve
abalroamento por trá s, do veículo conduzido pelo autor no veículo do réu, que teve o
parachoque traseiro amassado, conforme boletim de ocorrência acostado a fl. 34. Diante da
colisã o de trâ nsito e em face dos â nimos acirrados teria havido xingamento e rispidez por
parte do réu-reconvinte, situaçã o testemunhada. Contudo, nã o há apontamento de nenhum
adjetivo ofensivo, ilegal e/ou ameaçador por parte do réu que pudessem caracterizar
efetivamente danos morais e imateriais no autor, afora a discussã o acalorada natural do
ambiente de controvéria e colisã o, tampouco que sua imagem tenha sido atingida, ô nus que
lhe incumbia nos termos do artigo 373, inciso I, CPC/2015. Sublinhe-se que nenhuma das
duas testemunhas arroladas presenciou as supostas ameaças, tendo a testemunha arrolada
pelo pró prio autor afirmado apenas... ter presenciado que o réu estava visivelmente
alterado, se referindo ao veículo do autor em tom ríspido e em voz alta. Nesse diapasão, a
pretensão da parte autora esbarra na falta de comprovação da existência do
primeiro pressuposto da responsabilidade civil, qual seja, o ato ilícito, pois sem
conduta antijurídica não há falar em dever de indenizar. Nesse contexto, não restou
demonstrado nos autos qualquer prejuízo de ordem moral sofrido pelo
autor/reconvindo, sendo imprescindível a comprovação da ocorrência de danos que
ultrapassem o mero dissabor, o que, ao meu sentir, nã o restou firmemente demonstrado.
No tocante à reconvençã o é de ser mantida a improcedência do pedido de indenizaçã o por
dano material em razã o da ausência de comprovaçã o do nexo causal entre as despesas
alegadas pelo réu/reconvinte (orçamento fl. 35) e o acidente ocorrido e narrado no Boletim
de Ocorrência (fl.34). DUPLA APELAÇÃ O. APELAÇÃ O DO RÉ U/RECONVINTE
PARCIALMENTE PROVIDA COM O QUE RESTA PREJUDICADA A APELAÇÃ O DO
AUTOR/RECONVINDO (Apelaçã o Cível Nº 70075668475, Sexta Câ mara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Niwton Carpes da Silva, Julgado em 23/11/2017). (TJ-RS - AC:
70075668475 RS, Relator: Niwton Carpes da Silva, Data de Julgamento: 23/11/2017, Sexta
Câ mara Cível, Data de Publicaçã o: Diá rio da Justiça do dia 07/12/2017)” (grifo nosso)
Desta forma, vemos que a r. Sentença é desproporcional e exagerada, levando uma simples
discussã o sem xingamentos e sem agressõ es, a ponto de ser indenizá vel por parte do
apelante, que na ocasiã o enfrentava uma situaçã o abusiva por parte do apelado, razã o pela
qual fica totalmente impugnada, razã o pela qual o presente recurso deve ser julgado
totalmente procedente para que seja afastada totalmente a indenizaçã o por danos morais a
que foi condenado o apelante em primeiro grau de jurisdiçã o.
2.1.1. Da responsabilidade de terceiro sobre a propagação do vídeo
De início, verifica-se que nã o se prova nos autos qual foi a rede social em que o vídeo foi
exibido, tampouco a dimensã o de sua propagaçã o, prova que era do encardo do apelado e
nã o foi produzida.
Tal situaçã o impede que se meça a extensão do dano, que é um dos critérios de julgamento
do dano moral.
O artigo 944 Có digo civil é claro ao impor a aná lise da extensã o dos atos danosos, no
sentido da exposiçã o do apelado no vídeo, vejamos:
“Art. 944. A indenizaçã o mede-se pela extensã o do dano.
A questã o da exposiçã o pela divulgaçã o do vídeo fica totalmente prejudicada face à
ausência de prova se realmente foi veiculado em rede social e qual foi, nã o podendo se
extrair tais informaçõ es, dos testemunhos prestados.
Desta forma a r. Sentença contraria a ausência da prova de qual rede social foi publicado o
vídeo e de qual o alcance que teve em nú mero de visualizaçõ es, o que deve ser readequado
por este E. Tribunal, para que desconsidere a questã o da suposta veiculaçã o do vídeo em
rede social, como escrito na petiçã o inicial.
A veiculaçã o do vídeo para terceiros, cuja forma nã o restou demonstrada, em primeiro não
foi por ato do apelante, nem a filmagem, tampouco sua veiculaçã o, mas terceira pessoa e
nã o foi suficiente para atingir a honra do apelado.
Diante disso vemos que nã o foi nenhuma açã o ou omissã o que foi o apelante quem fez o
vídeo e/ou supostamente o veiculou em rede social e, portanto, falta um dos requisitos
para a formaçã o da pró pria responsabilidade civil, que é a culpa, vejamos:
“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
(grifo nosso)
Considerar o apelante culpado pela propagaçã o de um vídeo que nem sabia que estava
sendo feito é muito distante da responsabilidade de quem realmente fez o vídeo, o guardou
e o propagou a terceiros.
Por outro lado, nã o houve no caso qualquer violaçã o de direito do apelante na filmagem
depositada em juízo e isso pode se dizer com segurança, pois o apelado não foi xingado
por palavra de baixo calão, não foi agredido e o que o apelante exigia era um pleito
legítimo.
O fato do apelante ter interrompido sua investida para cobrar que o apelado apagasse a
foto demonstra que nã o havia intençã o de qualquer natureza para diminuir ou desrespeitar
o apelado quer como agente pú blico, quer como pessoa.
Isso consta do vídeo veiculado e nã o se pode notar que houve qualquer humilhaçã o do
apelado, sendo sua veiculaçã o, portanto, incapaz de gerar a imagem negativa.
A jurisprudência desse E. Tribunal já se debruço sobre o tema, corroborando a presente
tese recursal, vejamos:
“RESPONSABILIDADE CIVIL. Veiculaçã o de vídeo na plataforma Facebook, por meio do qual
corréu filma autuaçã o de agentes de trâ nsito, demosntrando sua insatisfaçã o por suposta
ausência de sinalizaçã o no local. Pretensã o de exclusã o do referido vídeo da plataforma,
bem como condenaçã o do autor do vídeo e do site, ao pagamento de indenizaçã o por danos
morais. Improcedência. Vídeo que não possui qualquer conteúdo ofensivo ou
ultrajante, já que apenas externa a opinião do corréu. Ausente intenção de difamar
ou abalar a honra objetiva da autora. Cará ter meramente informativo. Liberdade de
expressã o que, além de ser reconhecida em nossa Carta Magna, deve ser prestigiada,
sobretudo porque, no caso em apreço, as opiniõ es emitidas nã o desbordaram os limites do
razoá vel. Provedor de hospedagem que nã o pode ser compelido a retirar referido vídeo da
plataforma em questã o, dada sua licitude, nã o podendo ser igualmente incumbido do dever
de realizar prévio controle do conteú do dos vídeos postados na aludida plataforma, sob
pena de restar configurada verdadeira censura prévia. Ausente qualquer omissã o culposa
por parte dos réus. Dever de indenizar nã o configurado. Sentença mantida. Recurso nã o
provido. (TJ-SP - APL: 10074087920158260008 SP 1007408-79.2015.8.26.0008, Relator:
Nilton Santos Oliveira, Data de Julgamento: 14/08/2014, 3ª Câ mara de Direito Privado,
Data de Publicaçã o: 19/02/2019) (grifo nosso)
No caso acima ainda se verifica que a veiculaçã o foi feita pelo réu da açã o e no presente
caso não há participação do apelante, razã o pela qual nã o pode responder pelo que nã o
fez.
Também nã o pode ser desprezado o fato que nã o havia a identificaçã o por dizeres do nome
do apelado no vídeo e também sua face nã o é muito visível, o que diminui a intensidade do
argumento do apelado e da r. Sentença, que despreza tais situaçõ es que sã o dos autos.
O que também é de se observar é que as partes nã o sã o pessoas famosas, presumindo que o
vídeo, se publicado em rede social, nã o teve uma grande propagaçã o e nã o teve sua
repercussã o provada, o que era possível se requisitado à empresa responsá vel pela Rede
Social indicada na inicial, mas que era de responsabilidade do apelado, na prova do fato
constitutivo de seu direito, que nesse particular, falhou.
O vídeo também é pequeno em tempo de duraçã o e de qualidade ruim, o que praticamente
impede o reconhecimento do rosto do apelado.
Esses argumentos demonstram que além de nã o ter existido ato ilícito do apelante na
situaçã o, também nã o houve qualquer participaçã o sua na veiculaçã o do vídeo, que, s.m.j.,
nã o foi capaz de diminuir a honra do apelado, sendo mais um motivo que deve determinar
a procedência do recurso para determinar a improcedência do pedido indenizató rio,
reformando-se a r. Sentença.
A diminuiçã o da força probató ria dos depoimentos das testemunhas levadas em juízo pelo
apelante, também é outro fator extremamente injusto da r. Sentença, que segue discutido
no tó pico a seguir.
2.2. Da injusta desvalorização jurídica das provas produzidas pelo apelante: a
parcialidade da r. Sentença
Quando se termina a leitura da r. Sentença podemos nitidamente perceber duas coisas: que
as provas do apelado foi supervalorizada e que foi retirado todo o valor probante das
provas produzidas pelo apelante.
A r. Sentença atacada foi expressa no sentido de julgar todos os testemunhos como parciais,
o que podemos ver pela reproduçã o da parte onde o julgado ora atacado aborda o assunto:
“[...] Os depoimentos das testemunhas sã o claramente parciais, todas trabalham com o
requerido, o qual é gerente da pró pria empresa. A narrativa que apresentam evidencia que
tomam partido do requerido, ainda que nã o intentem falsear a verdade, buscam dar
contornos de legitimidade à conduta do requerido, ocorre que consta dos autos filmagens
que inclusive circulou em redes sociais e estas filmagens dã o clareza aos fatos e nã o
permitem interpretaçã o parciais, sã o a evidência direta do que efetivamente aconteceu no
caso concreto.[...]”
O ú nico argumento trazido pela r. Sentença para fundamentar tal posicionamento é que as
testemunhas trabalham com o apelante, o que nã o pode prevalecer, uma vez que tal motivo
nã o se mostra suficiente para tanto.
Os depoimentos sã o harmô nicos entre si e, inclusive confirmam a versã o do vídeo
apresentado pelo apelado, o que é prova da idoneidade dos depoimentos.
A razã o da presença das testemunhas foi demonstrar o que havia ocorrido desde o início
dos fatos ora discutidos, pois o próprio vídeo apresentado nos autos demonstra que
os fatos registrados tinham começado bem antes, o que resta cabalmente provado pelos
pró prios dizeres do apelante no vídeo, e referindo-se ao fato passado em que o apelado
registrou uma fotografia do apelante, que requeria que fosse apagada do smartphone.
Isso é do vídeo e as testemunhas demonstraram que o apelado chegou “bravo”, o que
demonstra que chegou alterado na situaçã o dos fatos e que ainda ameaçou guinchar o
veículo, o que demonstra o abuso, diante de uma situaçã o em que nã o era passível de
remoçã o do veículo, tanto que ao final nã o foi mesmo.
A foto de fls. xx dos autos, juntada pelo pró prio apelado, demonstram que o caminhã o
“cegonha” nã o seria capaz de intervir na via, de modo a obstruí-la, sendo que, no má ximo,
ficaria um pouco na faixa de pedestres, como a pró pria testemunha do apelante (xxxxxx –
motorista do caminhã o), disse. (Depoimento de xxxxxx – fls. xxx: “a carreta ficou um pouco
em cima da faixa de pedestres, mas é a faixa dentro da empresa”).
Vejamos a referida foto:
[Foto do local onde o caminhã o estava]
Também nã o se pode olvidar, que as testemunhas sã o oculares e sua presença no local do
fato era inquestioná vel, pois estavam em seu local de trabalho.
Vemos que nã o há o que sustente uma visã o de suspeita contra as testemunhas arroladas,
pois além de nã o presentarem os depoimentos, qualquer patologia, vá rios indícios, como já
apresentado, lhes emprestam idoneidade.
O apelado nã o questionou o depoimento das testemunhas e isso é mais uma demonstraçã o
que nã o há o que se suspeitar, além do que o apelante nã o levou ninguém a Juízo para
mentir.
A testemunha [nome], por sua vez, afirmou que o caminhã o estava atrapalhando a entrada
da empresa e a viatura conduzida pelo apelado, a saída, o que é perfeitamente crível e pode
ser constatado na foto acima apresentada, que dá os contornos espaciais que permitem a
interpretaçã o nesse sentido, ou seja, o depoimento é mais pró ximo da realidade que o
inverso.
A testemunha [nome] apresentou a maioria das respostas negativas, ou seja, que nã o
presenciou a discussã o, que nã o presenciou a filmagem e disse que a viatura estava na faixa
na saída da empresa.
Diante das alegaçõ es ora apresentadas, depreende-se que a r. Sentença nã o fundamenta o
motivo da parcialidade das testemunhas e de qual forma “tentam dar contorno de
legitimidade à conduta do requerido”, pois tais afirmaçõ es restam isoladas de um contexto
ló gico, pois se é possível verificar que as testemunhas foram parciais, tal verificaçã o faz
possível uma explicaçã o ló gica.
Sem elementos ló gicos que sustentem a parcialidade das testemunhas, vemos que a r.
Sentença transgride o artigo 93, inciso IX da Constituiçã o Federal, a seguir transcrito:
“Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o
Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:
[...]
IX todos os julgamentos dos ó rgã os do Poder Judiciá rio serã o pú blicos, e fundamentadas
todas as decisõ es, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados
atos, à s pró prias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a
preservaçã o do direito à intimidade do interessado no sigilo nã o prejudique o interesse
pú blico à informaçã o;”
Desta forma, nã o indicando exatamente o motivo da parcialidade ou explicando o modus
operandi das testemunhas de como tentaram dar contorno de legitimidade à conduta do
apelante, a r. Sentença é nula de pleno direito, até porque as conclusõ es da r. Sentença
quanto à idoneidade das testemunhas determinou o resultado da açã o.
Vemos agora, que além da falta de elementos da r. Sentença para considerar as
testemunhas parciais, nã o há sequer um detalhe nos depoimentos que possam torna-los
suspeitos.
A r. Sentença chega a se contradizer, destacando ainda mais sua nulidade, pois afirma em
relaçã o à s testemunhas, que “[...] ainda que não intentem falsear a verdade, [...]”(grifo
ausente no original), sendo essa frase, um atestado de idoneidade das testemunhas
proferido pelo próprio juízo. (grifo ausente no original)
No caso nã o se admite que, verificado que as testemunhas nã o estavam mentindo, a prova
seja desvalorizada da forma que foi, o que se materializa em severa contradiçã o, o que
torna nula a r. Sentença.
Também é de se observar que os testemunhos prestados em juízo nã o tentam tergiversar
ou apresentar falsas versõ es, restando isolada e sem fundamentos, a interpretaçã o que os
testemunhos tentam beneficiar o apelante.
Fato é que nã o se pode concordar com a verdade dos testemunhos e trair a pró pria
convicçã o, retirando seu valor probante, valorando-os confusamente e sem critérios
aceitá veis.
As testemunhas ouvidas, por sua vez, nã o se enquadram em pessoas que sã o inimigos do
apelado ou amigos íntimos do apelante, bem como nã o restou configurado em nenhum
elemento das provas testemunhais produzidas, que havia interesse no litígio por parte
delas.
Igualmente, nã o houve qualquer fundamentaçã o a respeito do enquadramento das
testemunhas perante os incisos I e II do Artigo 447 do Có digo de processo civil, o que
encorpa a nulidade da r. Sentença no tocante à valoraçã o defeituosa das provas. Vejamos o
teor da norma:
“Art. 447. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as incapazes,
impedidas ou suspeitas.
[...]
§ 3º Sã o suspeitos:
I - o inimigo da parte ou o seu amigo íntimo;
II - o que tiver interesse no litígio. [..]”
O MM. Juízo a quo ainda foi mais confuso quando, na audiência de instruçã o, ouviu duas
pessoas como testemunhas e uma como informante, ou seja, nã o houve um critério claro e
objetivo quanto à retirada do valor de um dos depoimentos durante a instruçã o e de todos
na prolaçã o da r. Sentença.
Essas alegaçõ es denotam que parcial é a r. Sentença ora atacada, que padece de vá rios
vícios como já apresentado e que parece beneficiar o apelado pelo simples fato de ser
funcioná rio pú blico.
No caso, a presunçã o de veracidade dos depoimentos é chancelada pelo compromisso que
prestam as testemunhas, de dizer a verdade sob pena da incidência em crime de falso
testemunho.
O peso legal da obrigaçã o de falar a verdade deve prevalecer in casu, pois é juridicamente
mais forte que o simples fato das testemunhas trabalharem na mesma empresa que o
apelante.
A jurisprudência já apreciou o tema por diversas vezes e para que seja considerada a
suspeiçã o das testemunhas, o que ocorreu apenas na Sentença ora guerreada, deve haver
prova da suspeita o que no caso nã o há !
Vejamos os exemplos abaixo colacionados:
“APELAÇÃ O RÉ – AÇÃ O DECLARATÓ RIA DE RESCISÃ O CONTRATUAL C.C. RESTITUIÇÃ O
DE VALORES E DANOS MORAIS E MATERIAS – OBRA LITERÁ RIA – AUSÊ NCIA DE PRAZO
PARA ENTREGA DO TRABALHO – RESCISÃ O CONTRATUAL POR CULPA RECÍPROCA –
CONTRADITA DE TESTEMUNHA – AUSÊNCIA DE PROVA DE SUA SUSPEIÇÃO –
VALIDADE DA PROVA. Não há prova nos autos de que a testemunha tenha interesse
no objeto do processo, sendo de rigor o afastamento do pedido de que o depoimento
da testemunha seja considerado apenas como informante. – RESCISÃ O CONTRATUAL
POR CULPA RECÍPROCA. – DEPÓ SITO JUDICIAL DO VALOR PAGO PELA AUTORA PARA A
PRESTAÇÃ O DOS SERVIÇOS PELA RÉ – JUROS DE MORA E CORREÇÃ O MONETÁ RIA –
INCIDÊ NCIA ATÉ A DATA DO DEPÓ SITO JUDICIAL. – JUROS DE MORA – INCIDÊ NCIA -
ARTIGO 407, DO CÓ DIGO CIVIL. O reconhecimento de culpa recíproca na rescisã o do
contrato entabulado entre as partes, nã o afasta a incidência dos juros de mora, nos termos
do disposto no artigo 407, do Có digo Civil, devendo os mesmos incidir desde a citaçã o, até a
data do depó sito judicial (17/08/2016 – fl. 201). – HONORÁ RIOS ADVOCATÍCIOS –
AUTORA QUE SUCUMBIU NA MAIOR PARTE DE SEUS PEDIDOS – REDISTRIBUIÇÃ O DOS
Ô NUS DA SUCUMBÊ NCIA. Com efeito, a Autora sucumbiu na maior parte de seus pedidos,
devendo a mesma ser condenada no pagamento de 80% das custas e despesas processuais.
No que toca aos honorá rios advocatícios devidos à Ré, fixo em 15% sobre o valor da
condenaçã o, já incluídos os honorá rios recursais. – RECURSO DA RÉ PARCIALMENTE
PROVIDO. APELAÇÃ O AUTORA E RÉ – AÇÃ O DECLARATÓ RIA DE RESCISÃ O CONTRATUAL
C.C. RESTITUIÇÃ O DE VALORES E DANOS MORAIS E MATERIAS – OBRA LITERÁ RIA –
AUSÊ NCIA DE PRAZO PARA ENTREGA DO TRABALHO – RESCISÃ O CONTRATUAL POR
CULPA RECÍPROCA – DANOS MATERIAIS CONSISTENTES NA DEFASAGEM DO VALOR DA
IMPRESSÃ O – AUSÊ NCIA DE PROVA. Trata-se de açã o de rescisã o contratual c.c. restituiçã o
de quantias pagas e indenizaçã o por danos materiais e morais, cujo valor foi recebido pela
autora através do incentivo cultural da Lei Rouanet. Ficou comprovado que as partes
celebraram contrato de prestaçã o de serviços consistente na impressã o do livro a ser
escrito pela autora. Apó s dois anos da assinatura da proposta, a ré iniciou tratativas com a
autora para entrega do livro, com alternativas de acordo com as quais nã o concordou. O
fato é que ambas as partes pretendem a rescisã o do contrato, cada uma atribuindo à outra a
culpa pela rescisã o. Ocorre, porém, que pelas provas documentais e orais produzidas nos
autos, verifica-se que ambas as partes tiveram culpa na rescisã o contratual. A ré, por nã o
ter estipulado prazo para a entrega da obra pela autora, recebeu o pagamento
antecipadamente, que, contudo, ficou defasado ante aos anos que ficou no aguardo da
entrega da obra pela autora. A autora, por sua vez, demorou muito tempo para finalizaçã o
do livro, fato que ele nã o estava pronto até a data do ajuizamento da açã o, - quase dois
anos. Há que salientar que as testemunhas de ambas as partes informaram que quando se
firma o contrato de impressã o de livros, com aceitaçã o da proposta, a demora entre o
fechamento e a impressã o do produto varia de 30 a 60 dias. A autora nã o fez prova cabal
para justificar que a demora na entrega da obra ocorreu porque a maior parte das
pendências para conclusã o da obra dependiam de terceiros, ou de situaçõ es alheias à sua
vontade. Conclui-se, assim, que a rescisã o do contrato deve ocorrer, sendo recíproca a
culpa pela rescisã o do contrato firmado entre as partes. Isso porque, a autora nã o poderia
ficar por tanto tempo sem entregar a obra, sem data limite; e a ré nã o poderia ter firmado o
contrato sem data para a entrega. Diante disso, necessá rio que o valor de R$ 125.000,00
captado com o incentivo da Lei Rouanet (Lei n. 8.313/91) entregue à ré deverá ser
devolvido à autora. – MULTA – AUSÊ NCIA DE INCIDÊ NCIA ANTE A CULPA RECÍPROCA NA
RESCISÃ O. Descabe o pedido referente à multa contratual pretendido pela autora, uma vez
que houve culpa recíproca na rescisã o contratual. - HONORÁ RIOS CONTRATUAIS –
OBRIGAÇÃ O DA PARTE. Quanto aos danos materiais consistentes nos honorá rios
advocatícios pagos pela autora, verifico que nã o sã o devidos. A alegaçã o da autora de ter
contratado advogado nã o configura os danos materiais, uma vez que esta relaçã o é
estabelecida entre o advogado e seu cliente. – DANOS MORAIS NÃ O CONFIGURADOS. No
que tange aos danos morais eles nã o estã o caracterizados. A autora alega que sofreu danos
morais porque, por culpa da ré, atrasou seis meses no projeto do livro, tendo que deixar de
fazer uma viagem a Portugal para poder solucionar questõ es de um negó cio jurídico que
até entã o estava certo de ocorrer sem maiores problemas. Ora, a prova dos autos
evidenciou que a demora no projeto foi por culpa da autora e nã o da ré, e o fato de ter que
resolver as questõ es do contrato firmado entre as partes por si só nã o a impediria de
realizar a viagem a Portugal, pois a tecnologia dos dias atuais propicia a resoluçã o de
problemas da vida cotidiana em qualquer lugar do planeta. - ART. 252, DO REGIMENTO
INTERNO DO E. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃ O PAULO. Em consonâ ncia com o princípio
constitucional da razoá vel duraçã o do processo, previsto no art. 5º, inc. LXXVIII, da Carta da
Republica, é de rigor a ratificaçã o dos fundamentos da sentença recorrida. Precedentes
deste Tribunal de Justiça e do Superior Tribunal de Justiça. – RECURSO DA AUTORA
IMPROVIDO. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA - RECURSO DA RÉ PARCIALMENTE
PROVIDO – RECURSO DA AUTORA IMPROVIDO. (TJ-SP 10045111720168260405 SP
1004511-17.2016.8.26.0405, Relator: Eduardo Siqueira, Data de Julgamento: 16/05/2018,
38ª Câ mara de Direito Privado, Data de Publicaçã o: 17/05/2018)”
“TESTEMUNHA QUE DETÉ M CARGO DE CONFIANÇA OU AMIZADE COM O PROPRIETÁ RIO
DA RECLAMADA. SUSPEIÇÃ O. NÃ O CONFIGURAÇÃ O. Nã o configura suspeiçã o o fato de a
testemunha exercer cargo de gerência na Reclamada mormente porque a relação patrão x
empregado não implica em amizade íntima e sim em confiabilidade recíproca. Da
mesma forma, nã o importa em interesse no litígio. A amizade que denota suspeiçã o é
aquela que transcende o relacionamento no â mbito da empresa. Recurso que se conhece e
nega provimento. (TRT 23ª Regiã o, RO RO-00424.2001.000.23.00-8, TRT 23ª Regiã o –
Cuiabá / MT, Relator Juiz Guilherme Bastos, DJMT nº 6.358, 13.02.2002, pá gina 43).”
“Câ mara Extraordiná ria. Resoluçã o nº 737/2016. Processos entrados no Tribunal até
dezembro de 2015 e distribuídos a outros relatores. Redistribuiçã o excepcional de 600
apelaçõ es feita em 12.09.2016 para cumprimento da Meta 2 do CNJ. Danos morais. Ofensa a
auxiliar de enfermagem diante do atraso e má prestaçã o no atendimento em hospital
pú blico. Prova oral que constata as ofensas. Ausência de prova de suspeição das
testemunhas da autora. Procedência da açã o e improcedência da reconvençã o acertadas.
Recurso improvido. (TJ-SP 00502563820108260602 SP 0050256-38.2010.8.26.0602,
Relator: Maia da Cunha, Data de Julgamento: 26/07/2017, 28ª Câ mara Extraordiná ria de
Direito Privado, Data de Publicaçã o: 01/08/2017)”
Na hipó tese vemos que os depoimentos de duas das testemunhas foram compromissados
na forma da lei e nã o poderia ter seu valor diminuído nas condiçõ es ora noticiadas, ou seja,
sem qualquer prova ou elemento que justificasse a suspeita dos depoimentos.
Entre a conjectura traçada na r. Sentença sobre a parcialidade das testemunhas e a força
legal da obrigaçã o de dizer a verdade, logicamente deve imperar esta ú ltima, face à
ausência de provas que possam inverter a situaçã o do valor natural da prova testemunhal
nã o colocada sob suspeita, ou seja, deve imperar a presunçã o de inocência/veracidade.
Diante do exposto, entã o, nã o há alternativa ao apelante senã o requerer a total nulidade da
r. Sentença por considerar, sem qualquer prova, parciais os depoimentos de todas as
testemunhas, o que nã o pode prevalecer, sob pena de se subverter-se o sistema de
valoraçã o da prova testemunhal vigente no direito processual civil brasileiro.
2.3. Da ofensa aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade pela r. Sentença e
o valor exagerado da condenação
A r. Sentença nã o guarda a razã o e a proporçã o que se esperaria de uma decisã o judicial
frente ao modelo da situaçã o discutida nos autos.
Isso porque sob inú meros aspectos, a r. Sentença extrapola o razoá vel, primeiro
desprezando toda a prova produzida pelo apelante, ignorando que existiram fatos
anteriores ao vídeo e que foram determinantes para o desfecho da situaçã o da forma que
ocorreu, tendo o apelado dado causa e provocado a situaçã o.
Com isso, a r. Sentença acaba por ignorar por completo a abordagem do apelante na
situação que gerou o embate entre as partes recorrentes, que foi abusiva e restou
provada por testemunhas compromissadas.
Falta razã o também à r. Sentença, quando despreza provas produzidas sob a égide da
legalidade e que não são contrariadas por provas de sua inidoneidade, que aliá s, nã o
existem.
A falta de razã o se completa quando se eleva um protesto veemente à condição de
agressão, pois a gravidade atribuída à atitude do apelante é desproporcional ao que consta
do pró prio vídeo apresentado como prova, que mostra um empurrã o e o fato do apelante
pegar na gola da camisa do apelado por um instante apenas, desistindo de agir quando viu
que dali em diante poderia se exceder e responder legalmente.
Na ocasiã o o apelante que estava comprovadamente diante de um abuso por parte do
apelado, que ameaçava guinchar um caminhã o carregado de veículos sem qualquer base
legal, tanto que nã o guinchou, a desproporçã o contida na r. Sentença se inicia com a pró pria
procedência, que nã o se coaduna com as provas produzidas, pois despreza o fato da
situaçã o ter sido provocada pelo pró prio apelado, que agiu fora do protocolo legal.
A questã o da veiculaçã o do vídeo para terceiros nã o identificava o apelado, nã o permitia
sua identificaçã o visual face à qualidade das imagens e ao tamanho diminuto do vídeo, bem
como nã o houve prova no processo da propagaçã o do vídeo em nú mero de pessoas que o
visualizaram e, por isso, nã o pode compor o fato do entrevero tido entre as partes.
Além disso o vídeo nã o mostra agressã o, xingamento ou diminuiçã o do apelado em sua
funçã o, mas a luta pelo direito por parte do Apelante, que nã o queria sua imagem no
telefone pessoal do apelado, uma vez que nã o autorizou a foto e esses motivos determinam
que nã o houve prova que o vídeo influiu de forma negativa em relaçã o ao apelado.
A desproporçã o se irradia mais quando o valor da condenaçã o atinge o valor de R$ R$
24.950,00 (vinte a quatro mil novecentos e cinquenta reais), ou seja, um valor exagerado
para a situaçã o demonstrada no vídeo.
Nesse particular, vemos que a r. Sentença extrapola na valoraçã o da situaçã o,
demonstrando ser parcial haja vista que despreza provas vá lidas e valora em valor
excessivo, tanto na indenizaçã o, quanto nos honorá rios advocatícios, que atribui o patamar
má ximo.
A r. Sentença só nã o foi mais desfavorá vel ao apelante, pois nã o havia como, pois se fosse
possível, certamente seria, face a todas as lesõ es ao seu direito processual de provar suas
alegaçõ es e de responder com a razã o e a proporçã o que se espera em uma situaçã o tã o
pequena quanto a discutida nos autos.
Todo o problema reside no fato da atribuiçã o de valores exagerados a favor dos fatos
alegados pelo apelado e de desvalorizaçã o de tudo que se alegou ou se produziu de prova
pelo apelante, o que demonstra a parcialidade, o tratamento desigual e a ilegalidade
contida na r. Sentença.
Exemplos reais na Jurisprudência destacam sobremaneira o exagero do valor da
condenaçã o, que em casos muito mais graves, atribuíram valor muito menor, a saber:
1. Caso de agressão física:
“RECURSO INOMINADO. AÇÃ O VISANDO A COMPENSAÇÃ O POR DANOS MORAIS, EM
DECORRÊ NCIA DE AGRESSÕES FÍSICAS E VERBAIS. SENTENÇA DE PROCEDÊ NCIA.
CONDENAÇÃ O SOLIDÁ RIA DOS RÉ US AO PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃ O, NO MONTANTE
DE R$1.500,00 (UM MIL E QUINHENTOS REAIS). RECURSO DE TODAS AS PARTES. RÉ US
QUE ALEGARAM A AUSÊ NCIA DE ATO ILÍCITO, SOB OS FUNDAMENTOS DE EXERCÍCIO
REGULAR DE DIREITO E DA OCORRÊ NCIA DE AGRESSÕ ES RECÍPROCAS. AUTORA QUE
PLEITEOU A MAJORAÇÃ O DO MONTANTE ARBITRADO A TÍTULO DE DANOS MORAIS.
TESES DEVIDAMENTE ANALISADAS NA SENTENÇA RECORRIDA. RESPONSABILIDADE
CIVIL EVIDENCIADA. PRINCÍPIO DA CONFIANÇA NO JUIZ DA CAUSA QUE MAIS PERTO DAS
PARTES E DOS FATOS PODE MELHOR DIMENSIONAR A SITUAÇÃ O. PRECEDENTES.
INSURGÊ NCIA EM RELAÇÃ O AO QUANTUM INDENIZATÓ RIO. MAJORAÇÃ O INDEVIDA.
MONTANTE QUE OBSERVOU CRITÉ RIOS DE RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE.
CIRCUNSTÂ NCIAS DO CASO CONCRETO QUE JUSTIFICAM A LIMITAÇÃ O DA INDENIZAÇÃ O.
PROVA TESTEMUNHAL QUE EVIDENCIOU ALTERAÇÃ O DE Â NIMO DA AUTORA POR
OCASIÃ O DO EVENTO DANOSO. MONTANTE PROPORCIONAL AO EXCESSO NA CONDUTA
DO VIGILANTE. RECURSOS CONHECIDOS E DESPROVIDOS. NO MÉ RITO, SENTENÇA
MANTIDA POR SEUS PRÓ PRIOS FUNDAMENTOS. (TJ-SC - RI: 08053345020128240023
Capital - Eduardo Luz 0805334-50.2012.8.24.0023, Relator: Laudenir Fernando Petroncini,
Data de Julgamento: 14/12/2017, Primeira Turma de Recursos - Capital)”
1. Lesão corporal com dano estético:
“TJSP - APELAÇÃ O Nº 1053645-24.2017.8.26.0002 - Classe/Assunto: Apelaçã o Cível /
Indenizaçã o por Dano Moral Relator (a): Silvério da Silva - Comarca: Sã o Paulo - Ó rgã o
julgador: 8ª Câ mara de Direito Privado Data do julgamento: 19/02/2020 - Data de
publicaçã o: 27/02/2020 - Ementa: APELAÇÃ O CÍVEL - RESPONSABILIDADE CIVIL POR
DANO MATERIAL E MORAL – DISCUSSÃ O VERBAL ENTRE CONDÔ MINOS SEGUIDA DE
LESÕ ES CORPORAIS - SENTENÇA DE PROCEDÊ NCIA RECONHECENDO O RÉ U COMO
AGRESSOR DO AUTOR - CONDENAÇÃ O EM INDENIZAÇÃ O POR DANO MATERIAL
(DESPESAS MÉ DICAS), LUCROS CESSANTES E INDENIZAÇÃ O POR DANO MORAL, FIXADA
EM R$ 5.000,00 E DANO ESTÉ TICO, DE R$ 10.000,00 - APELO DO RÉ U – APELANTE QUE
NÃ O CONTRADITOU A TESTEMUNHA DO AUTOR EM AUDIÊ NCIA – PRECLUSÃ O –
AFIRMAÇÃ O DE QUE O AUTOR TERIA DESFERIDO SOCOS NO RÉ U LANÇADA SOMENTE EM
SEDE DE RECURSO – RÉ U QUE CONFIRMA AGRESSÃ O, APÓ S TER SIDO EMPURRADO -
ALEGAÇÃ O DE LEGÍTIMA DEFESA AFASTADA – RESPOSTA DESPROPORCIONAL – LUCROS
CESSANTES – COMPROVAÇÃ O POR MEIO DE DOCUMENTOS – DANO MORAL E ESTÉ TICO –
CONDENAÇÃ O MANTIDA - RECURSO DESPROVIDO.”
1. Agressões verbais e físicas:
“TJSP - APELAÇÃ O Nº 1004730-61.2017.8.26.0642 APELANTE: RICARDO PETRI APELADO:
CLEITON MACEDO DOS SANTOS JUIZ: EDUARDO PASSOS BHERING CARDOSO VOTO Nº
19.660 APELAÇÃ O - Açã o de Indenizaçã o por Danos Morais Sentença de procedência
Inconformismo do réu, sob alegaçã o de que nã o houve qualquer dano moral a ser reparado
e de que o valor da indenizaçã o é exorbitante Cabimento em parte Prova testemunhal no
sentido de que o autor foi vítima de agressões verbais e físicas em sua residência Valor
da indenizaçã o, no entanto, que deve ser reduzida para R$ 3.000,00, em apreço aos
princípios da razoabilidade e proporcionalidade Recurso provido em parte. (TJSP
28/02/2020)”
No caso dos autos, eventual entendimento que os fatos ensejaram lesã o moral, o que se
admite apenas para permitir a defesa, o valor jamais poderia ser no importe
estabelecido na r. Sentença, pois atribui exageradamente a puniçã o e permite que o apelado
tenha acréscimo em seu patrimô nio, gerando riqueza, o que nã o é, definitivamente, a
funçã o do instituto do dano moral.
Para que fique melhor ilustrado como é que o valor estipulado na r. Sentença é exagerado e
permite acréscimo de patrimô nio ao apelado, traça-se, a seguir, alguns comparativos que
permitem vislumbrar melhor a alegaçã o:
- R$ R$ 24.950,00 (vinte a quatro mil novecentos e cinquenta reais) corresponde a:
- 25 salá rios mínimos do ano de 2.019 (R$ 998,00);
- Seria suficiente para comprar qualquer dos 24 modelos de motocicletas, dos 32 modelos
da marca Honda constantes da Tabela FIPE (Doc.j.);
- Seria suficiente para comprar um veículo usado (Doc.j.);
- Mais de 12 vezes o valor de um salá rio mensal de um Controlador de trá fego de veículos
do município de Sã o Bernardo do Campo-SP, que provavelmente é a funçã o do apelado,
pois nã o informou nos autos qual era sua funçã o de forma específica, no importe de R$
2.012,13, conforme a tabela que ora se anexa, obtida no site da Prefeitura Municipal de Sã o
Bernardo do Campo-SP.
Casos emblemá ticos como o promovido pela Deputada Federal Maria do Rosá rio (PT)
contra o atual Sr. Presidente da Repú blica, teve condenaçã o no importe de R$ 10.000,00
(dez mil reais) e o de Edir Macedo (Igreja Universal) contra o jornalista Fá bio Pannunzio
(Ex – Band TV), o importe de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). (docs.j.)
Nesses dois casos de muito maior exposiçã o, envolvendo pessoas notá veis e que foi objeto
de exposiçã o nacional pelas redes de TV e na internet, nã o chegaram ao valor que a r.
Sentença ora guerreada chegou, demonstrando o exagero, pois o caso em tela ao que
parece foi veiculado para vá rias pessoas.
É possível verificar depois da explanaçã o acima, que o valor atribuído para a condenaçã o
do apelante é desproporcional, nã o razoá vel, destoa da realidade em casos aná logos e
desvirtua o instituto do dano moral, pois permite o enriquecimento do apelado.
Por tais razõ es, caso superado o entendimento a respeito da inexistência de dano moral,
que seja o valor da indenizaçã o revisto, para nã o mais que (1) salá rio mínimo o que já é
demais para uma situaçã o onde nã o houve agressã o física ou qualquer xingamento.
3. Dos erros materiais da r. Sentença
É importante que fique claro que a r. Sentença contém erros materiais em relaçã o aos
depoimentos que devem ser destacados para que nã o surtam efeito anô malo e em desfavor
do apelante.
O primeiro está na frase abaixo:
“A testemunha [NOME] narrou que desceu da carreta e informou que estava travando a
trâ nsito no local; a carreta ficou um pouco em cima da faixa de pedestres”
Em depoimento que pode ser aferido, testemunha disse que o caminhã o ficou um pouco em
cima da faixa de pedestres, mas nã o que o trâ nsito da rua estava travado.
Pelo depoimento da testemunha [nome] se pode interpretar que o mesmo conduziu o
caminhã o até a portaria da empresa a que se dirigia, que fica em um recuo já demonstrado
por fotografias e que nã o tinha tamanho suficiente para ficar além da faixa de pedestres,
tanto que disse que ficou um pouco acima da faixa.
Outro erro está na seguinte frase da r. Sentença:
“o requerido chegou bravo dizendo que estava travando o trâ nsito e ele disse que já fez a
multa;”
Na pergunta respondida em audiência pela mesma testemunha, o que também pode ser
aferido, a pergunta se referia ao requerente da açã o, ora apelado e nã o ao requerido.
Da forma que está , a interpretaçã o literal pode induzir a pensar que o apelante é quem
chegou bravo, mas na verdade foi o apelado que era o requerente.
Assim, onde está escrito “o requerido” na frase acima reproduzida, deve ser considerado
como se estivesse escrito “O requerente”.
Diante do exposto requer-se a especial atençã o quanto ao que foi relatado neste tó pico.
4. Considerações finais
No caso dos autos é inquestioná vel que a r. Sentença de primeiro grau de jurisdiçã o é
desproporcional com a situaçã o apresentada e, por isso se torna parcial.
Em primeiro eleva uma mera discussã o sem ofensas verbais ou físicas para a esfera de ato
ilícito, o que nã o se vislumbra na hipó tese, pois nã o foi provado nenhum ato ilícito pelo
apelado.
Em segundo, a r. Sentença se mostra parcial, por desprezar totalmente a prova oral
produzida de forma vá lida e legalmente pelo apelante, sem provas que os depoimentos
seriam inidô neos;
Em terceiro, a parcialidade se confirma com o acolhimento do pedido integral do apelado,
supervalorizando seus direitos, inclusive no que concerne à condenaçã o má xima em
honorá rios advocatícios em primeira instâ ncia de jurisdiçã o, o que nã o é costumeiro.
Em quarto, a desproporcionalidade se destaca, quando, além da valoraçã o e desvalorizaçã o
da prova ocorridos de forma impró pria e sem fundamentos, foi arbitrado valor de
indenizaçã o maior do que foi para pessoas que foram agredidas fisicamente, que foram
xingadas e que até sofreram dano estético, o que nã o pode ser aceito, tampouco tolerado,
até porque o valor é capaz de enriquecer o apelado, pois traz a possibilidade de acrescer
seu patrimô nio.
Desta forma, como ao final se requer, o presente recurso deve ser julgado totalmente
procedente para reformar totalmente a r. Sentença de primeiro grau, para que a açã o seja
julgada improcedente ou, alternativamente, que o valor da indenizaçã o seja trazido à
realidade legal e jurisprudencial, para considerar que o caso nã o comporta indenizaçã o
maior que 1 (um) salá rio mínimo, o que se admite para permitir o debate.
5. Do pedido de nova decisão
Ante ao exposto, requer o apelante:
(i) Que o presente recurso seja processado, recebido e conhecido na forma da lei;
(ii) Que o presente recurso seja julgado totalmente procedente para reformar totalmente a
r. Sentença e decretar a total improcedência da açã o promovida pelo apelado, tendo em
vista que os fatos narrados nã o passaram de mero dissabor ou nã o foram suficientes para
configurar uma lesã o de ordem moral ou, alternativamente, que o valor da indenizaçã o seja
reduzido para o importe nã o maior que 1 (um) salá rio mínimo vigente;
(iii) que em caso da procedência do presente recurso, que seja o apelado condenado no
pagamento das custas processuais e honorá rios advocatícios, na forma da lei.
Nestes termos,
P. deferimento.
Sã o Paulo, maio de 2.020.
ÉRICO T. B. OLIVIERI
OAB/SP 184.337
ADVOGADO

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