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31/08/2021 AVA UNINOVE

A Luta de Classes 

Neste tópico vamos descrever um conceito fundamental na teoria social


desenvolvida por Karl Marx, a teoria das classes sociais. Nela Marx coloca a classe
operária como protagonista do processo transformador da sociedade capitalista.

NESTE TÓPICO
 A TEORIA DAS
CLASSES SOCIAIS
 Referências

Tópico

marcado




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A TEORIA DAS CLASSES SOCIAIS


A teoria das classes sociais é central no
pensamento de Marx. Nesse sentido cabe a
seguinte pergunta: todas as sociedades históricas
que conhecemos foram sociedade de classes ou
sociedades classistas? Segundo Norberto Bobbio
(1992), o conceito de classe deve ser atribuída
apenas às sociedades em que as desigualdades
sociais são sancionadas pela lei. Ou seja, podemos
conceitualizar as classes sociais com
agrupamentos que emergem da estrutura das 
desigualdades sociais, numa sociedade que
reconhece que todos os homens, ou melhor, todos
os cidadãos são formalmente iguais perante a lei.
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Quando se diz que todos os cidadãos são iguais


em face da lei, não significa que as desigualdades
sociais desapareceram, mas que o sistema jurídico
de uma determinada sociedade não as reconhece.
Ou seja, não se pode pertencer a uma classe por
direito, mas somente de fato, e que o nascimento
não é critério suficiente para se pertencer a uma
classe social.

Numa sociedade de classes, nada impede



formalmente a passagem de uma classe a outra e
vice-versa, por que as classes são agrupamentos
de fato, cuja existência não só não é reconhecida,
como é, explicitamente negada pela sociedade e
pelo seu ordenamento jurídico.

Portanto, respondendo a questão inicial, só se


pode falar em classes sociais depois das
revoluções democrático- burguesas do século XIX
e do advento da sociedade capitalista. Daqui se
conclui que, no sentido estrito, a primeira classe
que surgiu no horizonte da história foi a classe
burguesa e em seu bojo o proletariado,
consequência direta da consolidação da revolução
industrial.

A descoberta de Marx do proletariado como


portador do ideal social do mundo da realidade
era um elemento decisivo no desenvolvimento do
pensamento marxiano. De fato, o primeiro
tratado sobre a teoria de classes desenvolvida por
Karl Marx referem-se sobretudo à formação e ao
desenvolvimento do proletariado na sociedade
capitalista. Para Marx (1998), as classes sociais
são a expressão do modo de produzir de uma
sociedade. E, o modo de produção se define pelas
relações sociais que as intermediam, ou seja,
dependem das relações das classes como

instrumentos de produção. Numa sociedade em
que o modo de produção capitalista domine, as
classes sociais fundamentais se reduzirão a duas :
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a burguesia, compostas pelos proprietários dos


meios de produção, e o proletariado composto
pelos que dispõem unicamente da força de
trabalho. Em sua obra “ Miséria da Filosofia” Marx
( 1982), “ coloca que, as condições econômicas em
primeiro lugar transformaram a massa do povo
em trabalhadores. A dominação do capital criou a
situação comum e os interesses comuns dessa
classe. Assim, essa massa , já é uma classe em
relação ao capital.” O proletariado é uma classe 
social moderna, criada pelo crescimento da
indústria em grande escala. É uma classe capaz de
revelar consciência de classe e desenvolver
organizações políticas independentes, devido a
sua concentração em fábricas e cidades.

No âmbito do modo de produção, a análise


marxista das classes na sociedade capitalista
tenderá a um modelo dicotômico: burguesia e
proletariado. No âmbito da formação social, ou
seja, na existência real de vários modos de
produção em uma mesma sociedade, uma
combinação de elementos remanescentes dos
modos de produção anteriores, com o modo de
produção preponderante e de elementos que
antecipam as transformações dos modos de
produzir não operados, tenderá a um modelo
pluralista: uma burguesia financeira, comercial e
industrial, um proletariado, um subproletariado,
camponeses independentes, profissionais liberais
conformando uma classe média. Essa
conformação possibilitará um antagonismo
dominante que se articulará em vários
antagonismos particulares, abrindo campo para a
formação de alianças entre diversas classes,
dependendo das diversas posições que elas
ocupam no processo produtivo. Mas, segundo
Marx ( o capital), “essa divisão fundamental que 
existe em todas as formas de sociedade que
sucederam as antigas comunidades tribais, em

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termos gerais é sempre a relação direta entre os


proprietários dos meios de produção e os
produtores diretos. Essa relação revela o segredo
mais íntimo, o fundamento oculto, de todo o
edifício social.”

Para Marilena Chaui (1989),as classes sociais não


são coisas nem ideias, mas são relações sociais
determinadas pelo modo como os homens, na
produção de suas condições materiais de

existência, se dividem no trabalho, instauram
formas determinadas de propriedade.

No modo de produção capitalista, o lucro é uma


parte do produto subtraída dos produtores
diretos. E, é esta base econômica do antagonismo
dos interesses de classe. Esse antagonismo
assume um significado político, quando
ultrapassa os portões da fábrica, convertendo-se
em conflito generalizado, que tende a contrapor
todos os capitalistas a todos os trabalhadores.
Esse é o momento constitutivo da classe. Na
“Ideologia Alemã”, segundo Marx e Engels (1976),
“ os indivíduos formam a classe só quando estão
comprometidos na luta comum contra a outra
classe.” A dominação do capital sobre os
trabalhadores criou a situação comum e os
interesses comuns dessa classe. Assim, essa massa
já é uma classe em relação ao capital, mas não
ainda uma classe para si mesma. E, o
comprometimento da classe operária abolirá
todas as classes. Os interesses que ela defende
torna-se interesse de classe.

Essa concepção se converteu em símbolo de toda


a sua doutrina. Porém como se sabe, a teoria das
classes modernas não foi exposta
sistematicamente pro Marx. Mas, se ele pudesse

ter completado sua teoria das classes, teria
combinado um estudo teórico com uma
investigação empírica do desenvolvimento
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concreto das classes sociais. A sua investigação


teria três conjuntos de problemas: a) o
crescimento da classe média e a tendência à
polarização das classes; b) o desenvolvimento da
consciência de classe; c) a transição para uma
sociedade socialista.

A classe média, segundo Marx (1978), é a pequena


burguesia ou camada social que está entre a
burguesia e o proletariado. O seu crescimento e a

diminuição em números da classe trabalhadora
torna problemática a transição para a sociedade
socialista. Porém, não há em Marx uma distinção
sistemática entre os diferentes setores da classe
média formada pelos trabalhadores em escritório,
supervisores, técnicos, professores, funcionários
do governo, etc.

Segundo Harry Braverman (1977), a classe média


no século XX está sendo proletarizada em
consequência da mecanização do trabalho de
escritório e sua consequente desqualificação, ou
os técnicos , engenheiros, profissionais liberais
empregados nos serviços públicos e na indústria
constituem parte de uma nova classe operária.

Nesse sentido, a nova classe média do século XX e


início do século XXI, ajustam-se perfeitamente ao
esquema geral de Marx de oposição entre os
donos do sistema de produção e os produtores
diretos.

Outra questão está relacionada a crescente


diferenciação social, relacionada com a divisão
mais complexa do trabalho, com a diversidade
cultural e o individualismo crescente. Essa
diferenciação social tende a romper a
uniformidade da consciência da classe
trabalhadora, entravando uma possível

consciência revolucionária.

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Por último, a transição para uma sociedade sem


classes, só poderia ocorrer, se a ciência criasse
condições materiais e intelectuais para a
superação da sociedade dividia em classes.

Infelizmente, Karl Marx, não desenvolveu uma


teoria das classes, sendo possível examinara essa
questão apenas de forma incompleta e
fragmentária.

Quiz
Exercício

A Luta de Classes

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Referências
BOBBIO, NORBERTO & MATTEUCCI, NICOLA. DICIONÁRIO DE POLÍTICA,
Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1992.

BRAVERMAN, HARRY. TABALHO E CAPITAL MONOPOLISTA: A
DEGRADAÇÃO DO TRABALHO NO SÉCULO XX, Rio de Janeiro: Zahar,1977.

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CHAUI, MARILENA.O QUE É IDEOLOGIA. São Paulo: editora brasiliense,


1989.

MARX, KARL & ENGELS, FRIECRICH.MANIFESTO COMUNISTA, São Paulo:


Boitempo Editorial, 1998.

MARX, KARL & ENGELS, FRIEDRICH. A IDEOLOGIA ALEMÃ, Lisboa:


Presença/Martins Fontes, 1976.

MARX, KARL. O 18 BRUMÁRIO DE LUÍS BONAPARTE, Rio de Janeiro: Paz e



Terra, 1978.


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