Você está na página 1de 2

PALESTRA

Classificação dos agrotóxicos 91

CLASSIFICAÇÃO DOS AGROTÓXICOS

Vera Lúcia Tedeschi Savoy

Instituto Biológico, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Proteção Ambiental, Av. Cons. Rodrigues
Alves, 1252, CEP 04014-002, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: savoy@biologico.sp.gov.br

Os agrotóxicos são classificados de diversas ma- sos países. Alguns dos principais e mais conhecidos
neiras: quanto ao seu modo de ação no organismo compostos organoclorados com atividade inseticida
alvo, em relação à sua estrutura química, quanto aos são: BHC, lindano, aldrin, dieldrin, heptacloro, en-
efeitos que causa à saúde humana, pela avaliação da dossulfan, DDT, dodecacloro, toxafeno etc.
neurotoxicidade etc.
A classificação dos agrotóxicos segundo o seu Inseticidas carbamatos
grau de toxicidade para o ser humano é fundamental, São compostos que apresentam em comum
pois fornece a toxicidade desses produtos relaciona- a estrutura fundamental do ácido N-metilcar-
dos com a Dose Letal 50 (DL50). A Lei nº 7802, de bâmico. Exemplo: carbaril (sevin), carbofuran e
11 de julho de 1989, regulamentada pelo Decreto nº propoxur.
4074, de 04 de janeiro de 2002, publicado no DOU de Propoxur: inseticida altamente tóxico, classe toxi-
08 de janeiro de 2002, dispõe que os rótulos deverão cológica II; fórmula bruta C11H15NO3; quimicamente
conter uma faixa colorida indicativa de sua classifi- denominado metilcarbamato de 2-isopropoxifenila,
cação toxicológica. empregado no controle de moscas, mosquitos, bara-
Quanto ao modo de ação do ingrediente ativo no tas, formigas, percevejos e escorpiões.
organismo alvo ou à natureza da praga combatida,
os agrotóxicos são classificados como inseticidas, Inseticidas organofosforados
fungicidas, herbicidas, rodenticidas e/ou raticidas, São compostos orgânicos derivados do ácido
acaricidas, nematicidas, fumigantes, moluscicidas fosfórico, tiofosfórico ou ditiofosfórico. Existem com-
etc. (Andrei, 2005; Larini, 1999). postos organofosforados sintéticos utilizados como
Inseticidas: de acordo com a sua estrutura quí- inseticidas, acaricidas, nematicidas e fungicidas,
mica esses compostos são classificados nos seguintes sendo que os relacionados a seguir são os inseticidas
grupos: mais utilizados no combate a pragas.
Inseticidas de origem vegetal; Diclorvós (DDVP): inseticida altamente tóxico,
Inseticidas inorgânicos; classe toxicológica II; fórmula bruta C4H7Cl2O4P;
Inseticidas organossintéticos. quimicamente denominado fosfato de 2,2-dicloro-
Os inseticidas organossintéticos pertencem, na vinila dimetila, empregado no controle de moscas,
sua maioria, aos seguintes grupos químicos: mosquitos e baratas.
Organoclorados; Temefós: inseticida medianamente tóxico, classe
Organofosforados; toxicológica III, fórmula bruta C16H20O6P2S3, quimi-
Carbamatos; camente denominado difosforotioato de O,O,O′,O′-
Piretroides. tetrametila O,O′-tiodi-p-fenileno, eficaz no controle
de larvas de mosquitos.
Inseticidas organoclorados Clorpirifós: inseticida altamente tóxico, clas-
São compostos com propriedades físico-químicas se toxicológica II, fórmula bruta C9H11Cl3NO3PS,
semelhantes, lipofílicos, à base de carbono com radi- quimicamente denominado de O,O-dietil-0-3,5,6-
cais de cloro e altamente resistentes aos mecanismos tricloro-2-piridilfosforotioato, utilizado no controle
de decomposição dos sistemas biológicos. Seu uso de formigas, como preservante de madeira e iscas
está proibido ou severamente restringido em diver- para o combate de baratas.

Classificação toxicológica dos agrotóxicos


Classes Grupos DL50 (mg/kg) Cor da faixa
I Extremamente tóxicos ≤5 Vermelha
II Altamente tóxicos 5 - 50 Amarela
III Medianamente tóxicos 50 - 500 Azul
IV Pouco tóxicos 50 - 5000 Verde
Fonte: adaptado; Brasil (2005, 1998), Macêdo (2002) e Peres; Moreira (2003).

Biológico, São Paulo, v.73, n.1, p.91-92, jan./jun., 2011


92 V.L.T. Savoy

Inseticidas benzoilureicos Cumarínicos: cumatetralil (racumin), difenacum,


São inseticidas que apresentam como fórmula brodifacum, varfarina e bromadiolona;
geral a estrutura dos 3-(2,6-difluorbenzoil) ureia. A Indênicos: fenil-metil-pirazolona, indona e valone;
ação inseticida desses compostos está consolidada na Compostos de flúor: fluoracetato de sódio e flu-
inibição da síntese de um polissacarídeo, a quetina, oracetamida (composto 1081);
constituinte principal do exoesqueleto de insetos e Ureicos: alfa-naftil-tioureia e piriminil;
acarinos. São também utilizados como acaricidas, Compostos inorgânicos: carbonato de bário e
principalmente, no combate aos carrapatos. Os prin- sulfato de tálio.
cipais inseticidas desse grupo são: diflubenzuron, lu-
fenuron, clorfluazuron, teflubenzuron e triflumuron. Rodenticidas/raticidas cumarínicos
Triflumuron: inseticida pouco tóxico, classe São compostos químicos sintéticos que apresen-
toxicológica IV; fórmula bruta C15H10ClF 3N2O3 tam em comum a estrutura química fundamental da
quimicamente denominado 1-(2-clorobenzoil)-3-(4- 4-hidroxicumarina. Os raticidas cumarínicos mais
trifluorometoxifenil)ureia, empregado no controle utilizados no combate a ratos são: cumatetralila
de baratas. (racumin), brodifacum, bromadiolona e cumafeno
(varfarina).
Inseticidas piretroides sintéticos Cumatetralila: raticida extremamente tóxico,
São compostos que apresentam estruturas se- classe I, fórmula bruta C19H16O3, quimicamente de-
melhantes às piretrinas I e II, naturais nas flores de nominado 4–hidroxi–3–(1,2,3,4–tetraidro–1–nafitil)
Chrysanthemum cinerariefolium, comumente emprega- cumarina
dos em campanhas de saúde pública na erradicação Brodifacum: raticida pouco tóxico, classe III, fór-
de mosquitos, no armazenamento de grãos e em uso mula bruta C31H23BrO3, quimicamente denominado
doméstico para a eliminação de insetos em geral. Os 3-[3-(4′-bromobifenil-4-il)-1,2,3,4-tetraidro-1-naftil]-
principais inseticidas piretroides são: cipermetrina, 4-hidroxicumarina.
deltametrina, aletrina, cialotrina, bifentrina, perme- Bromadiolona: raticida altamente tóxico, classe
trina etc. II, fórmula bruta C 30H23BrO4, quimicamente de-
Cipermetrina: inseticida altamente tóxico, classe nominado 3-[3-(4′-bromobifenil-4-il)-3-hidroxi-1-
toxicológica II; fórmula bruta C22H19Cl2NO3; quimica- fenilpropil]-4-hidroxicumarina.
mente denominado (1RS)-cis-trans-3-(2,2-diclorovinil)-
2,2-dimetilciclopropanocarboxilato de (RS)-α-ciano- Cumafeno (varfarina): raticida altamente tóxico,
3-fenoxibenzila, empregado no controle de baratas, classe II, fórmula bruta C19H16O4, quimicamente de-
moscas, mosquitos, baratas, formigas e aranhas. nominado 3-(α-acetonilbenzil)-4-hidroxicumarina.
Betaciflutrina: inseticida altamente tóxico, clas-
se toxicológica II; fórmula bruta C 22H18Cl2FNO3;
quimicamente denominado (1RS)-cis-trans-3-(2,2- REFERÊNCIAS
diclorovinil)-2,2-dimetilciclopropanocarboxilato de
(RS)-α-ciano-4-fluoro-3-fenoxibenzila, empregado ANDREI, E. (Coord.). Compêndio de defensivos agrícolas. 7.ed.
no controle de baratas, moscas, mosquitos, formigas, São Paulo: Andrei, 2005.
pulgas, traças, percevejos e escorpiões.
Deltametrina: inseticida medianamente tóxico, BRASIL. Legislação federal de agrotóxicos e afins. Brasília:
classe toxicológica III, fórmula bruta C22H19Br2NO3, Ministério da Agricultura, Departamento de Defesa e
quimicamente denominado (1R,3R)–3–(2,2–dibro- Inspeção Vegetal, 1998. 184p.
movinil–2,2–dimetilciclopropanocarboxilato de (S)
α-2-ciano-3-fenoxibenzila, eficaz no controle de BRASIL. Monografias de agrotóxicos. Brasília: Ministério
baratas, moscas e mosquitos. da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Dis-
Lambda-cialotrina: inseticida medianamen- ponível em: <http://www.anisa.org.br>. Acesso em: 15
te tóxico, classe toxicológica III, fórmula bruta mai. 2005.
C23H19ClF 3 NO 3 , quimicamente denominado
(S)-a-ciano-3-fenoxibenzil(Z)-(1R,3R)-3-(2-cloro- LARINI, L. (Ed.). Toxicologia dos praguicidas. São Paulo:
3,3,3-trifluoroprop-1-enil)-2,2-dimetilciclopropano- Editora Manole, 1999. 230p.
carboxilato e (R)-a-ciano-3-fenoxibenzil(Z)-(1S,3S)-
3-(2-cloro-3,3,3-trifluoroprop-1-enil)-2,2-dimetilci- MACÊDO, J.A.B. (Ed.). Introdução à química ambiental. Juiz
clopropanocarboxilato, eficaz no controle de baratas. de Fora: Jorge Macêdo, 2002. 487p.

Rodenticidas/raticidas: PERES, F.; MOREIRA, J.C. (Ed.). É veneno ou é remédio?


Classificação dos rodenticidas/raticidas de acor- Agrotóxicos, saúde e ambiente. Rio de Janeiro: FIOCRUZ,
do com a sua estrutura química: 2003. 384p.

Biológico, São Paulo, v.73, n.1, p.91-92, jan./jun., 2011

Você também pode gostar