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REINALDO AZEVEDO
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Brasil
Tio Rei vai evitar, tanto quanto possível, o gramatiquês — sempre lembrando que ele é útil — para atender ao pedido de alguns leitores. Muitos não
entendem as diferenças entre os quatro porquês (1) existentes na língua portuguesa vigente no Brasil. Posso entender por quê (2). Há porquês (1):
– juntos e com acento;
– juntos e sem acento;
– separados e com acento;
– separados e sem acento.
As razões por que (3) se empregam um ou outro nem sempre estão claras aos usuários da língua, o que leva muita gente a se perguntar: “Por quê? (4)”.
Ora, porque (5) eles respondem a questões gramaticais distintas. E é conveniente entender por quê (2). Será que até os petralhas devem prestar atenção
ao que digo? Ou os petralhas devem descon ar de mim porque (6) não gosto deles? A razão por que (3) eu explico isso tudo é evidenciar que nem todo
“porque” em construção aparentemente interrogativa é separado e nem todo “por que” em frase a rmativa é grudadinho… Os caminhos por que (7)
passamos na gramática parecem difíceis, mas não são intransitáveis.
https://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/atendendo-a-pedidos-por-que-por-que-porque-porque/ 1/6
22/04/2021 Atendendo a pedidos: por que, por quê, porque, porquê | VEJA
(2) e (3) – Quando “por que” pode ser substituído pela expressão “pela (o)
qual” e “pelas (os) quais”, sempre se escreve separadamente. No caso 2 do
texto em azul, a gente diz que o “quê” é uma silaba tônica. Por isso, é
acentuado. Notem:
a) “A razão por que z isso não interessa a ninguém”.
Nesse caso, esse “que” é átono e vai sem acento. Mas observem:
b) “Diga-me a razão por quê.”
Esse “quê”, seguido de ponto (qualquer um deles), torna-se tônico e é
acentuado. Observem:
c) Não explicarei na reunião as razões por que (pelas quais) z isso.
d) As razões de minha decisão? Não explicarei por quê. (as razões pelas
quais).
(4) – Sabem aquele “por que” das perguntas? Sim, a gente o escreve
separadamente, com a preposição “por” mais o pronome interrogativo “que”.
Assim:
a) Por que você fez isso?
Se “por que” vier no m da frase ou constituir, sozinho, uma frase, então a
gente acentua. Assim:
b) Fez isso por quê?
Ou
c) — Você fez isso?
….— Fiz.
….— Por quê?
(5) O famoso “porque” das respostas se escreve junto. Mas ele pode ter
naturezas distintas, não é? Vejam:
a) Posso usar “porque” para ligar duas orações independentes, de modo que
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22/04/2021 Atendendo a pedidos: por que, por quê, porque, porquê | VEJA
b) Posso usar “porque” para fazer com que uma oração complemente o
sentido de outra:
“O piloto não completou a prova porque cou sem gasolina”.
Em gramatiquês, esse “porque” se chama “conjunção subordinativa causal”:
a segunda oração (“ cou sem gasolina”) complementa o sentido da primeira,
indicando a sua “causa”.
(6) Vejam lá o número “6” no texto em azul. Nem sempre, numa construção
aparentemente interrogativa, o “porque” é separado, certo? Peguem o
exemplo que dei:
“Ou os petralhas devem descon ar de mim porque não gosto deles?”
Vejam: esse “porque” continua a ser explicativo, como no exemplo “5a”. É
uma conjunção coordenativa explicativa. Observem que é possível inverter
as orações:
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22/04/2021 Atendendo a pedidos: por que, por quê, porque, porquê | VEJA
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