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Entendendo e Interpretando Indicadores

Econômicos e Financeiros
Tema 1: Produto Interno Bruto (PIB) – O valor
de uma economia
Bloco 1 - O sistema econômico, sua
composição e seu fluxo
Prof.ª Tânia Gofredo
Entendendo e interpretando os indicadores econômicos e
financeiros

Papel dos indicadores

• Indicadores, em geral, são imprescindíveis em um cotidiano que envolve


decisões.
• Podem se apresentar de forma concreta (ex.: o que uma placa de trânsito
sinaliza) ou de forma abstrata (ex.: traduz informações sobre um
determinado evento ou situação).
• Na forma abstrata, deve ser avaliado com rigor, pois visa fazer o
entendimento do presente e suportar decisões com impactos para o futuro.
Produto Interno Bruto (PIB) O valor de uma economia

Objetivos do Tema:

• compreender o que é um sistema econômico;


• mostrar a composição do sistema econômico e seus fluxos;
• conceituar e compreender o cálculo do PIB e, portanto, a quantidade
produzida de bens e serviços, bem como a determinação da renda e
despesa nacional de uma nação;
• conhecer os componentes do cálculo do PIB e a diferença entre PIB
nominal e PIB real.
Produto Interno Bruto (PIB) O valor de uma economia

Introdução
• Parte dos indicadores econômicos e financeiros são macroeconômicos.
• A macroeconomia difere da microeconomia na medida em que fundamenta-
se na ideia de que é possível explicar a operação da economia sem entender
o comportamento individual de cada pessoa. Portanto, há uma forte
presença do Estado para buscar o equilíbrio econômico. Exemplo de
indicadores macroeconômicos: renda nacional, inflação e PIB é um deles.
• Portanto, o PIB se constitui como um dos principais indicadores
macroeconômicos, pois tem como principal função medir, em valores
monetários, a quantidade produzida de bens e serviços e,
consequentemente, a renda e a despesa nacional.
Produto Interno Bruto (PIB)
O valor de uma economia

Sistema econômico
• Principal problema tratado em economia é a ESCASSEZ, que se pauta na
ideia de que as necessidades humanas são infinitas e os recursos para
satisfazê-las são finitos.
• Portanto, o sistema econômico pode ser definido como a reunião dos
diversos elementos participantes da produção e do consumo de bens e
serviços que satisfazem às necessidades de uma sociedade.
• Nesse Sistema, participam as pessoas e os fatores de produção dentro
das chamadas “unidades produtoras”, que são: empresas, bancos ou
todo o local que organize esses fatores com a finalidade de se produzir
bens e serviços.
Produto Interno Bruto (PIB) O valor de uma economia

Composição do sistema econômico

Nas “unidades produtoras” onde ocorre a organização dos fatores de


produção, os bens e serviços são classificados em:
• produção econômica: bens e serviços de consumo; bens
intermediários e bens de capital;
• setores: primário, secundário e terciário.
Produto Interno Bruto (PIB) O valor de uma economia

Composição do sistema econômico

Outros 2 conceitos importantes são:


• fatores de produção: trabalho, capital e recursos naturais e sua
remuneração em forma de: salários, aluguéis, juros e lucros;
• agentes econômicos: famílias, empresas, governo e resto do mundo.
Produto Interno Bruto (PIB) O valor de uma economia

Fluxo circular do sistema econômico

O sistema econômico é estruturado em forma de fluxos:


• fluxo de produto ou real: formado pelos bens e serviços produzidos
pelas empresas nesse sistema econômico.
• fluxo de renda ou monetário: formado pelo pagamento dos fatores de
produção empregados pelas famílias e transformados em remuneração
durante o processo produtivo.
Produto Interno Bruto (PIB) O valor de uma economia

Fluxo circular do sistema econômico

Fonte: preparado pela autora com base em Mankiw (2014, p. 467)


Entendendo e Interpretando Indicadores
Econômicos e Financeiros
Tema 1: Produto Interno Bruto (PIB) – O valor
de uma economia
Bloco 2 - O PIB (mensuração e componentes)
e o PIB nominal e o PIB real
Prof.ª Tânia Gofredo
Produto Interno Bruto (PIB) O valor de uma economia

No sistema econômico, os bens e serviços são consumidos continuamente e,


portanto, devem ser produzidos de forma contínua. Dessa forma, seu cálculo
também deve ser contínuo. Portanto:

PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) É O VALOR DE MERCADO DE TODOS OS


BENS E SERVIÇOS FINAIS PRODUZIDOS EM UM PAÍS EM DADO PERÍODO
Produto Interno Bruto (PIB)
O valor de uma economia

Forma de mensuração do PIB (alguns conceitos)

• O principal objetivo é medir a quantidade de bens e serviços


produzidos pela economia.
• É calculado em valores monetários (preço de mercado) para ser
possível sua mensuração em função de se tratar de vários bens e
serviços com medidas diferentes (Ton, litro, hora, etc.).
• O valor de mercado utilizado refere-se ao valor que os consumidores
estão dispostos a pagar pelos produtos finais. No cálculo, não é
considerado o preço dos bens intermediários.
Produto Interno Bruto (PIB) O valor de uma economia

Componentes do cálculo do PIB

• Os componentes do PIB referem-se às identidades que fazem parte do cálculo.


Portanto, o IBGE utiliza-se da equação abaixo:

Y(PIB) = C + I + G + EL

Em que:
Y(PIB) = cálculo total do PIB
C = consumo das famílias
I = investimento (empresas)
G = compras ou gastos do governo
EL = exportações líquidas (exportações menos importações
Produto Interno Bruto (PIB) O valor de uma economia

Componentes do PIB e o que representam dentro do cálculo


Componente O que representa dentro do cálculo
É a despesa das famílias em bens e serviços, com exceção de compra
C = consumo de novas moradias. Ex.: compra de alimentos, vestuário, carro,
consultas.
É a compra de bens de capital que serão usados para produzir bens de
consumo e serviços. Por exemplo, compra de máquinas e
I = investimento equipamentos, estoques e produtos de infraestrutura. Observação: uma
moradia nova é a única forma de categoria de despesa das famílias
classificada como investimento e não consumo.
Incluem os gastos em bens e serviços do governo em todas as esferas
G = gastos ou compras
(federal, estadual e municipal). Ex.: salários dos funcionários, despesas
do governo
em obras públicas e outros.
São todas as exportações menos as importações feitas por um país.
EL = exportação líquidas
Ex.: quando o Brasil exporta soja e importa produto químico. O valor da
(exportações menos
exportação líquida (EL) subirá na medida em que se obter mais valor
importações)
de exportação do que importação.

Fonte: preparada pela autora com informações retiradas de Mankiw (2014, p. 470-472)
Produto Interno Bruto (PIB) O valor de uma economia

PIB nominal e PIB real

• Como o PIB é calculado em valores monetários, o seu cálculo está


sujeito ao registro de um determinado valor num determinado
período, impossibilitando sua comparação com períodos diferentes
em função de variações de preços de um período a outro.
Produto Interno Bruto (PIB) O valor de uma economia

Exemplo

• O PIB de um determinado país no ano X01 registrou um valor de $ 1


trilhão e no ano X02 esse valor subiu para $ 1,5 trilhão.
• Esse resultado sugere duas afirmações:
• a economia desse país está produzindo uma quantidade maior de bens e serviços;
• os bens e serviços estão sendo vendidos a preços mais elevados e a quantidade de
bens e serviços não necessariamente se elevou.
• Para que não se cometam erros de avaliação, entender a variação de
preços de um período para outro é para os economistas a variável mais
importante ao analisar o seu resultado.
Produto Interno Bruto (PIB) O valor de uma economia

Portanto, 3 conceitos são importantes:


• PIB nominal: montante de bens e serviços produzidos pela economia a preços correntes. É
o cálculo que considera a quantidade de bens e serviços produzidos, multiplicada pelos
preços que estão ocorrendo num determinado período e, portanto, reflete o valor total
daquele momento.

• PIB real: é o montante de bens e serviços produzidos pela economia a preços constantes. É
o cálculo que considera a quantidade de bens e serviços produzidos multiplicada pelos
preços em um determinado ano constante como base de cálculo, a fim de ficar comparável
com os demais anos sem o risco da contaminação da variação de preço de um período para
outro e, com isso, chegar à variação efetiva da quantidade produzida de bens e serviços.

• Deflator do PIB: é um instrumento/índice utilizado pelos economistas para retirar do


cálculo do PIB nominal os efeitos das variações de preços ocorridas ao longo do tempo, de
maneira a chegar ao resultado do PIB real.
Referências

MANKIW. Introdução à economia. 6. ed. São Paulo: Cengage, 2014.

SILVA, C. R. L. da; LUIZ, S. Economia e mercados: introdução à


economia. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
Entendendo e Interpretando Indicadores
Econômicos e Financeiros
Tema 1: Balança comercial – O saldo internacional
Bloco 1 - Balança comercial – Conceitos e Teoria
da Vantagem Comparativa
Prof.ª Tânia Gofredo
Balança comercial – O saldo internacional

Objetivos do Tema:

• compreender o que é balança comercial e seus resultados;


• discorrer sobre comércio internacional;
• apresentar o conceito sobre a Teoria da Vantagem Comparativa;
• saber interpretar o resultado das principais contas do balanço de
pagamentos e a importância do saldo da balança comercial nesse
contexto.
Balança comercial – O saldo internacional

Introdução

• O resultado da balança comercial dos países é o indicador que mostra o


volume de negociações (exportações e importações) feitas por eles com
o resto do mundo.
• Duas óticas são importantes em seu contexto: a) a ótica do comércio
internacional; e b) a ótica de sua importância para o resultado do
balanço de pagamentos (BP);
• É por meio do resultado do BP que o mercado toma conhecimento da
capacidade de uma nação de honrar com os seus compromissos a partir
da geração de moeda estrangeira.
Balança comercial

Balança comercial
• É a relação entre as exportações (vendas) e as importações
(compras) para além das fronteiras de um país, podendo gerar
superávit ou déficit comercial. Consideram-se, em suas transações,
bens e serviços.
• Superávit comercial: quando as exportações registram volumes
maiores que os volumes das importações (saldo positivo em
moeda estrangeira).
• Déficit comercial: quando as exportações apresentam volumes
menores que os volumes das importações (saldo negativo em
moeda estrangeira).
Balança comercial

Balança comercial

• Vale destacar que o resultado da balança comercial se constitui em


importante indicador para o mercado, pois é nele que se traduz de que
forma e em que dimensão um país está se comportando frente ao
comércio mundial.
• Contudo, países menos desenvolvidos, diferentemente de países
desenvolvidos, tendem a contabilizar déficit comercial em função de sua
necessidade de importar bens de capital e intermediários para alavancar
sua produção interna, bem como produtos finais de maior valor
agregado para o seu consumo no mercado interno.
Comércio internacional

• O crescimento da atividade de negócios internacionais está diretamente relacionado à


globalização de mercados, que se refere à integração econômica e à crescente
interdependência de países em escala mundial.

• Negócios internacionais abrangem tanto o comércio internacional como os investimentos.

• A globalização de mercado de bens e serviços não é um fenômeno novo. Atribui-se à


tecnologia da informação a responsabilidade pela aceleração do ritmo da globalização
nesse mercado.

• No entanto, as antigas civilizações do Mediterrâneo, Oriente Médio, Ásia, África e Europa


contribuíram muito para o crescimento do comércio entre fronteiras, que se iniciou no
período de 1830 a 1880 por meio da introdução das ferrovias e o transporte marítimo, e
avançou até a década de 1980 até o presente momento, impulsionada pelo avanço da
tecnologia da informação, principalmente.
Teoria da Vantagem Comparativa

• Quando se pensa em comércio internacional, vêm à cabeça duas perguntas importantes:


1. Por que os países comercializam bens e serviços entre si?

2. Como são escolhidos os bens e serviços que farão parte do fluxo de mercadorias do comércio
internacional?

• Os países comercializam bens e serviços entre si porque não são autossuficientes em tudo
de que precisam. Exportam produtos dos quais eles têm maior vantagem competitiva, e que
muitas vezes estão sobrando em seu mercado doméstico, e importam bens e serviços que
faltam para atender às suas necessidades de produção e consumo.

• Essa dependência recíproca advém das necessidades parecidas dos países. Exemplo:
alimentação, transporte, segurança, vestuário; versus diferenças entre os seus fatores de
produção, tais como: recursos naturais, humanos com impacto sobre as suas capacidades,
tanto produtiva como tecnológica.
Teoria da Vantagem Comparativa

• Inicialmente criada por Adam Smith e posteriormente aperfeiçoada por


David Ricardo entre os séculos XVIII e XIX, respectivamente.
• Foi elaborada partindo do princípio de que para que os países
aumentassem o seu grau de
bem-estar social era necessário aumentar a quantidade de mercadorias
à disposição das pessoas e, portanto, o comércio entre países, segundo
eles, se constituía uma alternativa.
Teoria da Vantagem Comparativa

• Exemplo: imagine dois países, Brasil e Suíça, e que cada um deles


produza apenas dois bens, café e relógios, e que não há transação
comercial entre ambos. Veja tabelas abaixo.

Tabela 1 – Decisão dos países (Brasil e Suíça) em produzir apenas um dos produtos
para o seu próprio consumo (café ou relógios) – Produção mensal
Produção
País
CAFÉ RELÓGIOS
Brasil 36 mil sacas ou 72 mil unidades
Suíça 24 mil sacas ou 96 mil unidades
Fonte: exemplo retirado de Silva e Luiz (2010, p. 132)

Tabela 2 – Decisão dos países (Brasil e Suíça) em produzir os dois produtos para o
seu próprio consumo (café e relógios) – Produção mensal
Produção
País
CAFÉ RELÓGIOS
Brasil 18 mil sacas ou 36 mil unidades
Suíça 12 mil sacas ou 48 mil unidades
TOTAL 30 mil sacas 84 mil unidades
Fonte: exemplo retirado de Silva e Luiz (2010, p. 132)
Teoria da Vantagem Comparativa

• Análise comparativa: ao se comparar as duas situações (Tabela 1 e 2),


fica nítido que é melhor o Brasil se especializar na produção de café, pois
sozinho produz 36 mil sacas. Ao passo que a Suíça se especialize na
produção de relógios, pois sozinho produz 96 mil unidades e, nesse
contexto, o bem-estar das pessoas pertencentes a esses países
aumentaria somente quando ambos passassem a comercializar entre si
esses dois produtos, ou seja, o Brasil trocasse seu café pelos relógios da
Suíça, de forma que importasse relógios da Suíça e a Suíça trocasse seus
relógios pelo café do Brasil, de forma que importasse café do Brasil.
Entendendo e Interpretando Indicadores
Econômicos e Financeiros
Tema 1: Balança comercial – O saldo internacional
Bloco 2 – Balanço de pagamentos e a importância
da balança comercial para o seu resultado
Prof.ª Tânia Gofredo
Balanço de pagamentos

É uma ferramenta de registro contábil que tem como principal objetivo


medir as transações internacionais de uma nação com o resto do mundo,
considerando tanto as transações comerciais (exportação e importação de
bens e serviços) como as transações financeiras (rendas, conta capital que
inclui os investimentos diretos estrangeiros e conta financeira) de
residentes e não residentes de um país num determinado tempo (seus
cálculos são feitos e divulgados com periodicidade mensal e anual).
Balanço de pagamentos

Os países apresentam seus balanços de pagamentos dentro de uma


estrutura recomendada pelo FMI e o Banco Central dos países
cumprem essa recomendação, de forma que os balanços obedecem a
um padrão mundial.
É importante analisar a importância da balança comercial dentro do
balanço de pagamentos.
Balanço de pagamentos
Quadro 1 – Balanço de pagamentos – 2011 – Em US$ milhões
(estrutura padrão do FMI e utilizada pelo Banco Central do Brasil)
Discriminação 2011 A que se refere cada conta
Balança comercial (FOB) (A) 29.807 É o resultado das exportações menos as
Exportações 256.040 importações. Tudo que é transacionado com
Importações 226.233 outros países no comércio mundial.
Serviços (B) -37.952 Contabiliza todas as receitas e despesas relativas
Receitas 38.209 à: transportes, viagens internacionais, seguros,
Despesas 76.161 despesas bancárias, royalties e licenças, aluguel
de equipamentos, etc.
Rendas (C) -47.319 São as rendas geradas a partir de lucros
Receitas 10.753 recebidos ou enviados ao exterior pelas
Despesas 58.072 empresas multinacionais, como: rendimentos com
investimentos diretos, em carteira, bem como
despesas com salários e ordenados.
Transferências unilaterais 2.984 São donativos, remessa para manutenção de
correntes (D) migrantes, reparações de guerra e auxílio a
instituições beneficentes ou religiosas.
Transações correntes -52.480 Também conhecida como conta corrente. É a
(A+B+C+D) (1) soma dos saldos contabilizados na balança
comercial, nos serviços, nas rendas e nas
transferências unilaterais.
Conta capital e financeira 112.389 É a soma da conta capital, conta financeira,
(E+F+I+J) (2) derivativos e outros investimentos.
Erros e omissões (3) -1.272 Ajustes feitos pelo Banco Central.
Resultado do balanço (1 + 2 + 3) 58.637 A soma das transações correntes mais a
conta capital e financeira mais os erros e
omissões. são consideradas como reservas.

Transações correntes / PIB (%) -2,12% É a análise que se faz do resultado das
transações correntes em relação ao PIB.
Fonte: elaborado pela autora com informações retiradas de Maia (2013, p. 81-98)
Balanço de pagamentos

Análise das contas conjuntas: transações correntes, conta capital financeira e


reservas cambiais
• Transações correntes: por meio dessa conta que se geram divisas que suportam
os compromissos em moeda estrangeira de um país em relação aos seus
parceiros, considerando que, em uma realidade de globalização, esses recursos
têm papel significativo na dinâmica do desenvolvimento das nações. A balança
comercial é o principal integrante dessa conta.
• Conta capital e financeira: proveniente de capital de investidores. Vulnerável a
risco econômico, financeiro, político.
• Resultado do balanço (reservas cambiais): ideal que sejam sustentadas pela
conta de transações correntes.
Referências

SILVA, C. R. L. da; LUIZ, S. Economia e mercados: introdução à


economia. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

CAVUSGIL, S.T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. R. Negócios


internacionais: estratégia, gestão e novas realidades. Tradução técnica
Sonia Midori Yamamoto e Leonardo Piamonte. 1. ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2010.

MARIZ MAIA, J. Economia internacional e comércio exterior. 15. ed.


São Paulo: Atlas, 2013.
Entendendo e Interpretando Indicadores
Econômicos e Financeiros
Tema 3: Taxa de câmbio – O valor entre moedas
Bloco 1 – Câmbio e taxa de câmbio: conceitos,
regimes e intervenção governamental
Prof.ª Tânia Gofredo
Taxa de câmbio – Definições

Taxa: é o preço que se paga por algo.


Câmbio: é a operação de troca da moeda de um país pela moeda de
outros país.
Portanto:
taxa de câmbio: é o preço que se paga por uma moeda estrangeira
negociada e pode ser preço de compra ou preço de venda.
Taxa de câmbio – Definições

Principal intermediador da moeda: os bancos autorizados pelo Banco


Central.
Os preços de compra e de venda da moeda têm os bancos
intermediadores como referência, ou seja:
taxa de câmbio (compra): é o preço que o banco está disposto a pagar
por determinada moeda.
taxa de câmbio (venda): é o preço que o banco está disposto a receber
por determinada moeda.
Portanto:
a taxa de compra é sempre menor do que a taxa de venda, logo o banco
tem um ganho de intermediação.
Taxa de câmbio – Regimes

Quanto aos regimes, os países adotam os que julgam mais factíveis dentro
de sua realidade. São eles: taxa de câmbio fixa, taxa de câmbio flutuante
livre, taxa de câmbio flutuante gerenciada e taxa de câmbio referenciada.
Taxa de câmbio fixa: nesse regime, o governo de um país, por meio das
autoridades monetárias nacionais, intervém e decide manter o valor de
uma moeda estipulado em relação ao de outra (ou a um valor de uma
cesta de moedas) como uma espécie de taxa pré-fixada.
Taxa de câmbio – Regimes

Taxa de câmbio flutuante livre: nesse regime, não há a intervenção


sistemática do governo e, ao contrário da taxa de câmbio fixa, a
flutuante permite completa flexibilidade, e os valores se ajustam
baseados numa resposta continua às condições de oferta e
demanda dessa moeda no mercado.
Taxa de câmbio – Regimes

Taxa de câmbio flutuante gerenciada: esse regime fica entre o regime fixo e
o regime flutuante livre. Pode ser chamada também de livre flutuação, pois
diariamente se movimenta sem limites oficiais, no entanto, em algum
momento, pode ocorrer intervenção governamental para evitar que as
taxas das moedas oscilem (para mais ou menos) e causem impactos
negativos para a economia como um todo.
Taxa de câmbio – Regimes

Taxa de câmbio referenciada ou currency board: trata-se de algo


semelhante à dolarização. Quando se adota esse regime, o país
assume um compromisso formal de converter sua moeda nacional
em outro ativo que seja aceito no âmbito internacional.
Taxa de câmbio e a intervenção governamental

Quando o governo quer intervir no mercado cambial, utiliza-se do


Banco Central.
Razões e a maneira pelas quais o Banco Central gerencia essas
moedas.
• Estabilizar as oscilações das taxas;
• dar limites às taxas;
• dar resposta ao mercado de volatilidade temporária.
Taxa de câmbio e a intervenção governamental

Vale destacar que as intervenções governamentais têm como característica


amenizar possíveis distorções ou choques cambiais, mas não
necessariamente solucione permanentemente as oscilações/volatilidade
da taxa cambial.
O que é volatilidade: relacionada a volátil, ou seja, que sofre constantes
mudanças e o que não é firme. Está relacionada a riscos, ou seja, quanto
mais volátil, maior é o risco e vice-versa.
Taxa de câmbio e a intervenção governamental

Maneiras de intervenção junto ao mercado cambial


Forma direta: o Banco Central atua diretamente no mercado de câmbio
por meio de suas reservas cambiais.
Forma indireta: independente da qualidade e capacidade de um país em
produzir bens e serviços competitivos no mercado internacional, a taxa de
câmbio é um dos instrumentos utilizados pelo governo para estimular e
manter a competitividade desses bens e serviços e, assim, ter condições
de gerar divisas para o país.
Taxa de câmbio e a intervenção governamental

Quadro 1 - Comportamento da taxa de câmbio versus oferta e demanda

O = Oferta Taxa Taxa Taxa


D = Demanda Estável Ascendente Descendente
O igual a D X
O cresce e D cresce igualmente X
O diminui e D diminui igualmente X
D maior que O X
D estável e O diminui X
O cresce e D cresce mais que O X
O diminui e D diminui menos que O X
O cresce e D fica estável X
O cresce e D diminui X
D cresce e O cresce mais que D X
D diminui e O fica estável X
O diminui e D diminui mais que O X
Fonte: preparado pela autora e extraída de Maia (2013, p. 186)
Entendendo e Interpretando Indicadores
Econômicos e Financeiros
Tema 3: Taxa de câmbio – O valor entre moedas
Bloco 2 – Determinação da taxa de câmbio
Prof.ª Tânia Gofredo
Determinação da taxa de câmbio

Um dos principais impactos das condições macroeconômicas para a


taxa cambial é a valorização ou desvalorização da moeda.
Valorização: quando a moeda nacional está mais forte do que a moeda
estrangeira.
Desvalorização: quando a moeda nacional está mais fraca do que a
moeda estrangeira.
Determinação da taxa de câmbio
Quadro 1 – Análise da valorização e desvalorização do R$ versus US$ e seus impactos
R$ / Variação Interpretação do resultado
Data Impacto para balança comercial
US$ * % ** positivo ou negativo
Mês
3,1000 - - -
1
Resultado positivo: significa Exportações: com a
que o dólar (US$) se valorizou desvalorização do real, os produtos
em relação ao real (R$), ou brasileiros ficam mais baratos para
seja, o real se desvalorizou em os norte-americanos e parceiros
Mês
3,1500 +1,61% relação ao dólar, pois são comerciais, e estimula exportações.
2
necessárias no mês 2 mais Importações: os produtos
moedas em reais importados ficam mais caros para o
comparativamente ao mês 1 mercado brasileiro. Desestímulo às
para adquirir US$ 1. importações.
Resultado negativo: significa Exportações: com a valorização do
que o dólar (US$) se real os produtos brasileiros ficam
desvalorizou em relação ao mais caros para os norte-
real (R$), ou seja, o real se americanos e parceiros comerciais e
Mês
3,0500 - 3,17% valorizou em relação ao dólar, desestimula exportações.
3
pois são necessárias no mês 3 Importações: os produtos
menos moedas em reais importados ficam mais baratos para
comparativamente ao mês 2 o mercado brasileiro. Estímulo às
para adquirir US$ 1. importações.
Fonte: preparada pela autora.
(*) Significa quanto de moeda em reais (R$) é necessário para adquirir US$ 1.
(**) Fórmula: ((mês 2 menos mês 1) dividido pelo mês 1) multiplicado por 100.
Determinação da taxa de câmbio

Equilíbrio de mercado: num regime de flutuação livre, o preço da moeda,


ou seja, a taxa cambial, é definido pela oferta e demanda da moeda.
Determinação da taxa de câmbio

Fatores influenciadores nas taxas de câmbio e seus impactos

• Diferencial entre inflação brasileira e de outro país.


• Exportações e importações entre os países.

• Diferencial entre taxa de juros brasileira e taxa de juros de outro país.


• Investimento em títulos estrangeiros.
Determinação da taxa de câmbio

Fatores influenciadores nas taxas de câmbio e seus impactos

• Diferencial do nível de renda brasileira e renda de outro país.


• Montante de demanda por importações.

• Controles do governo.
• Impor barreiras à moeda e a produtos estrangeiros, comprar e vender moedas no
mercado de câmbio e interferir por meio de política macroeconômica.
Determinação da taxa de câmbio

Fatores influenciadores nas taxas de câmbio e seus impactos

• Expectativas de taxas cambiais futuras.


• Notícias que sejam positivas ou negativas para o país.
Referências

MADURA, J. Finanças corporativas internacionais. 8. ed. São Paulo:


Cengage Learning, 2008.

MARIZ MAIA, J. Economia internacional e comércio exterior. 15. ed.


São Paulo: Atlas, 2013.

SILVA, C. R. L. da; LUIZ, S. Economia e mercados: introdução à


economia. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
Entendendo e Interpretando Indicadores
Econômicos e Financeiros
Tema 4: Risco-país – O perigo intrínseco
Bloco 1 – Conceito, tipos de avaliação e riscos
associados
Prof.ª Tânia Gofredo
Risco

Risco: pode ser entendido como uma condição própria de um


investidor diante das possibilidades de perder ou ganhar dinheiro por
um determinado investimento escolhido, cuja recompensa são os
juros ou o lucro recebido a partir de um risco assumido.
Risco-país: entende-se que seja o ato de incorporar, além do risco
que já é intrínseco a todo e qualquer investimento econômico-
financeiro que se faça, a possibilidade de que mudanças no ambiente
de negócios de um determinado país se converta em perdas no valor
dos ativos investidos pelos indivíduos ou pelas empresas estrangeiras
naquele país.
Um pouco de história

1980: crise de liquidez no mercado internacional e na economia do México,


colocando os países da América Latina sob suspeita de condições de honrar
com os seus compromissos financeiros.
Brasil: falta de reservas cambiais levou o país a captar recursos financeiros
no mercado internacional.
Início dos anos 1990: EUA adotam iniciativas de reestruturar as dívidas dos
países emergentes.
1994: Brasil aceita reestruturação da dívida e troca títulos antigos em troca
da emissão de novos títulos da dívida pública (governo federal), conhecidos
como Bradies.
Conceito

Sempre que há um investimento, há uma expectativa de retorno sobre o


capital investido.
Exemplo: investir na compra de um título de dívida de uma empresa, na
compra de ações dessa empresa para compor o seu capital próprio e/ou
aplicação do caixa da empresa em títulos do governo, etc.
Importante se aprofundar como se constitui o risco inerente ao negócio e
ao risco-país que é incorporado ao risco inicial. Nesse caso, quais variáveis
estão envolvidas no estabelecimento desse risco.
Conceito

Risco-país é um indicador econômico-financeiro que mede o grau de confiança


dos investidores em relação à capacidade dos países considerados emergentes
de honrar com os seus compromissos.
Interferência de fatores políticos, geográficos, mercadológicos e a adoção da
política macroeconômica.
Governo federal emite títulos públicos de curto, médio e longo prazos em troca
de recursos financeiros para financiar suas dívidas, sendo, portanto, os
compradores desses títulos os seus investidores (credores).
Dessa forma, pode-se entender o risco-país como sendo um indicador que
refletirá, em pontos e depois transformados em percentuais, a rentabilidade
exigida pelos investidores (credores) para manter os títulos da dívida pública
federal dos países emergentes em suas carteiras de investimentos.
Tipos de avaliação

O risco-país pode ser avaliado com um enfoque de macroavaliação e


microavaliação.
Dentro da macroavaliação, são considerados riscos que estão associados
aos fatores políticos e aos fatores econômico-financeiros, que, juntos,
fortalecem ou fragilizam a política macroeconômica adotada pelo país.
Riscos associados

Fatores políticos e econômico-financeiros com impacto no risco-país


Fatores Riscos Associados
• Controle absoluto do governo nas decisões do mercado, com impacto sobre
as decisões das empresas.
• Definição de impostos ou políticas de controles de entradas de bens e
serviços.
• Aprovações de leis pelo Congresso.
Políticos
• Ambiente de incertezas políticas, especialmente em ano eleitoral.
• Interferência do governo no fluxo de capital estrangeiro.
• Situações de guerras internas ou com outros países.
• Terrorismo.
• Corrupção.
• Controle inflacionário.
• Geração de riqueza (evolução do Produto Interno Bruto).
Econômico- • Déficit Fiscal.
• Regime Cambial.
Financeiros
• Política Monetária (Juros).
• Credibilidade do sistema financeiro nacional
• Nível de investimentos futuros para o país.

Fonte: a autora (2018)


Formas de medição

Agências de classificação de risco: atribuem notas aos países de acordo


com a sua capacidade de honrar seus compromissos financeiros, com a
situação política e econômico-financeira do país.
EMBI+ (Emerging Markets Bond Index): é calculado e divulgado pelo JP
Morgan e utilizado como referência na definição de rentabilidade dos
títulos públicos federais que estão sendo negociados pelos investidores.
Entendendo e Interpretando Indicadores
Econômicos e Financeiros
Tema 4: Risco-país – O perigo intrínseco
Bloco 2 – Medição e impacto para as empresas
Prof.ª Tânia Gofredo
Como é medido o EMBI+

O Banco JP Morgan criou um índice de referência a fim de acompanhar o


desempenho diário dos títulos dessas dívidas. A esse índice foi dado o
nome de EMBI, sigla para Emerging Markets Bond Index (Índice de Títulos
da Dívida de Mercados Emergentes).
EMBI surgiu para auxiliar os investidores em suas decisões e mostra a
diferença do retorno médio diário dos preços desses papéis em
comparação ao retorno de títulos semelhantes do Tesouro dos Estados
Unidos (referência para o mercado de papéis de baixíssimo risco).
Quanto maior essa diferença, mais aguda é a percepção de risco dos
investidores em relação a determinado tipo de papel. A fórmula criada
pelo JP Morgan limita-se a calcular a diferença e sua variação de um dia
para o outro.
Como é medido o EMBI+

EMBI (Emerging Markets Bond Index) – Risco-Brasil

Fonte: Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas (IPEA)


Como é medido o EMBI+

Como pode ser interpretado o risco-país?


Quanto maior for o patamar do ponto-base, maior é o
risco-país, ou seja, significa que o mercado de títulos está pedindo cada vez
mais rentabilidade para os investidores manterem os títulos em sua carteira
de investimentos.
Qual a diferença do risco-país calculado e divulgado pelo EMBI+ e pelas
agências de classificação de risco?
- EMBI+: reflete com 100% de objetividade a percepção dos investidores por
meio da oscilação dos preços dos títulos praticados de um dia para o outro.
- Agências de risco: por meio de notas atribuídas baseadas na opinião dos
analistas sob vários aspectos políticos e macroeconômicos.
Impacto do risco-país para as empresas

Investidor

Não monitora apenas o retorno dos investimentos, mas sim a capacidade


de o emissor do título investido honrar com a sua dívida no ato do
vencimento do título.
Impacto do risco-país para as empresas

Empresas

Elevação do risco-país impacta uma elevação do custo de financiamentos


disponíveis para as empresas que se encontram vinculadas a esse país.
Esse movimento reflete também nas decisões de investimentos, pois quanto
mais alto o custo do financiamento, menor é a disposição em se investir.
Aumento do risco-país do ponto de vista geográfico e mercadológico afasta
também o interesse em ampliar os negócios além das fronteiras de uma
empresa, pois um conflito entre países pode interromper a abertura de uma
subsidiária em outro país.
Referências

ASSAF NETO, A.; LIMA, F. G. Curso de administração financeira. 3. ed. São


Paulo: Atlas, 2014.

MADURA, J. Finanças corporativas internacionais. Tradução Luciana


Penteado Miquelino. 8. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2008.

INSTITUTO BRASILEIRO DE PESQUISAS APLICADAS (IPEA). Disponível em:


<www.ipea.gov.br>. Acesso em: 9 ago. 2018.
Entendendo e Interpretando Indicadores
Econômicos e Financeiros
Tema 5: Inflação – O valor da moeda no tempo
Bloco 1 – Conceito, causas e impactos

Prof.ª Tânia Gofredo


Inflação

Conceito

É o aumento contínuo e generalizado no nível de preços.

Os movimentos inflacionários representam elevações em todos os bens


produzidos pela economia e não meramente o aumento de um
determinado preço.
Inflação

A inflação pode ser causada pela má administração de determinados


fundamentos econômicos.

- Setor público: contas do governo que podem incorrer em emissão de moedas.

- Salários e preços: disputa entre trabalhadores e empresários.

- Economia nacional versus internacional: crises externas e desequilíbrio da


taxa cambial.
Causas da inflação

Inflação de demanda:

Segundo Vasconcellos, Pinho e Toneto Jr. (2013, p. 388):


- considerada o tipo mais “clássico” de inflação e diz respeito ao excesso
de demanda agregada em relação à produção disponível de bens e
serviços;
- intuitivamente, ela pode ser entendida como dinheiro demais em
busca de poucos bens.
Causas da inflação

As principais causas da inflação de demanda são:


a) aumento da renda disponível;
b) expansão dos gastos públicos;
c) expansão do crédito;
d) expectativas dos agentes econômicos.

O comportamento da inflação de demanda é passível de forte


interferência do governo por meio de ações de política econômica,
especialmente as relacionadas à política monetária e fiscal.
Causas da inflação

Inflação de custos

É o processo inflacionário gerado pela elevação geral dos custos de


produção atribuída principalmente aos aumentos salariais. Nesse tipo
de inflação, o nível de demanda e de oferta podem permanecer o
mesmo, mas os custos de produção aumentam.
Impactos da inflação

O controle e a previsibilidade da inflação é imprescindível na definição de


política econômica, cujo interesse do governo é manter o máximo controle
sobre esse indicador.
Seus principais impactos da inflação são:
• perda de poder aquisitivo;
• impacto sobre a distribuição da renda;
• queda nas exportações;
• inibição dos investimentos.
Impactos da inflação

Perda do poder aquisitivo

Quando há inflação estabelecida em uma economia, as pessoas perdem


seu poder de compra e, nesse caso, elas precisam decidir o que querem
priorizar, ou seja, manter o consumo da mesma cesta de bens e serviços
consumidos ou reduzir os itens da cesta de produtos que consome,
visando manter seu nível de poupança.
Impactos da inflação

A Tabela 1 traz um exemplo hipotético de uma família que tem uma renda
mensal de R$ 1.200,00, com gastos mensais para a sua sobrevivência na
ordem de R$ 700,00 e poupança mensal de R$ 500,00. No entanto, do mês
X0 para o mês X1, o país apresentou uma inflação de 3%.
Nesse caso, como fica a situação dessa família frente a este índice
inflacionário?‘
Tabela 1 – Simulação de perda do poder aquisitivo
Renda mensal Gastos mensais Poupança
em reais (R$) em reais (R$) (em reais (R$)
(a) (b) (c) = (a - b)
Mês XX 1.200,00 700,00 500,00
Mês X1 1.200,00 700,00 X 1,03 = 721,00 479,00
Variação em (R$) do
mês X0 para o 0 + 21,00 - 21,00
mês X1
Fonte: a autora (2018)
Entendendo e Interpretando Indicadores
Econômicos e Financeiros
Tema 5: Inflação – O valor da moeda no tempo
Bloco 2 – Índices de inflação – Cálculo e interpretação

Prof.ª Tânia Gofredo


Índices de inflação

O conceito de índices de inflação tem como principal finalidade mensurar


a inflação.
- No Brasil, assim como em economias de mercado, não há um índice
oficial de inflação do país.
- Para fins de parâmetro para tomada de decisão de política monetária,
especificamente sobre a taxa de juros, o governo utiliza o Índice de Preços
ao Consumidor Amplo (IPCA) para referenciar o comportamento da
inflação da economia brasileira e assim tomar suas decisões de política
econômica, especialmente visando manter sob controle a inflação de
demanda.
Índices de inflação

Para efeito de cálculo, são considerados os índices de preços ao


consumidor (IPC) e os índices gerais de preços da indústria (IGP).
• O IPC se refere ao preço pago pelo consumidor final no varejo.
• O IGP se refere ao preço pago pela indústria na compra de
matérias-primas para a produção de seus bens ou serviços.
Índices de inflação

Etapas para o cálculo dos índices de inflação:

a) determinar a cesta de produtos;


b) definir os pesos dos produtos respeitando a estrutura do cálculo;
c) pesquisar os preços;
d) calcular o custo da cesta;
e) escolher um ano-base e calcular o índice. O ano-base será o ponto de
partida na qual a inflação será considerada;
f) calcular a taxa de inflação.
O que é o número-índice

Trata-se de uma medida que comporta o custo geral de todos os bens e


serviços comprados por um consumidor típico.
Exemplo retirado de Mankiw (2014, p. 487):
imagine um exemplo hipotético em que a cesta de produtos de um
determinado país seja composta de apenas dois produtos (cachorro-quente
e hambúrguer), ou seja, esses são os produtos consumidor e, portanto,
comprados pelo consumidor final. Qual será a taxa de inflação do período
X0 para o período X2?
Como é calculado o índice de inflação

Etapa 1: pesquisar os consumidores para determinar uma cesta fixa de bens.


Cesta = 4 cachorros-quentes (CQ) e
2 hambúrgueres (H)

Etapa 2: coletar o preço de cada bem em cada ano, conforme informações


abaixo:

Ano Preço dos cachorros-quentes Preço dos hambúrgueres


X0 $ 1,00 $ 2,00
X1 $ 2,00 $ 3,00
X2 $ 3,00 $ 4,00

Fonte: a autora (2018)


Como é calculado o índice de inflação

Etapa 3: calcular o custo da cesta de bens a cada ano, onde CQ são cachorros-quentes e H são hambúrgueres.
Ano X0 ($ 1,00CQ X 4CQ) + ($ 2,00H X 2H) = $ 8,00 por cesta
Ano X1 ($ 2,00CQ X 4CQ) + ($ 3,00H X 2H) = $ 14,00 por cesta
Ano X2 ($ 3,00CQ X 4CQ) + ($ 4,00H X 2H) + $ 20,00 por cesta

Etapa 4: escolher um ano como ano-base (X0) e calcular o índice de preços ao consumidor em cada ano.
Ano X0 = ($ 8,00 / $ 8,00) X 100 = 100
Ano X1 = ($ 14,00 / $ 8,00) X 100 = 175
Ano X2 = ($ 20,00 / $ 8,00) X 100 = 250

Etapa 5: usar o índice de preços ao consumidor para calcular a taxa de inflação do ano anterior
Ano X0 = sno-base do índice
Ano X1 = (175-100) / 100 X 100 = 75%
Ano X2 = (250-175) / 175 X 100 = 43%
Como o índice é interpretado

Correção de variáveis econômicas dos efeitos da inflação


Exemplo:
imagine uma pessoa que tinha um salário de R$ 2.000,00 no ano X1 e essa mesma pessoa chega no ano X4
ganhando R$ 3.000,00. Ela quer avaliar se seu salário atual está compatível, menor ou maior ao que ela
recebia no ano X1.
Para essa análise, o ponto de referência é a taxa de inflação desse período e, dessa forma, essa pessoa
inicia considerando essa taxa de inflação, para em um segundo momento, fazer a comparação desejada.
Para esse cálculo, serão utilizados os números-índices: 108 (ano X1) e 111 (ano X4) que serão aplicados de
acordo com a fórmula abaixo:
(Nível de preços no ano X4-nº índice / nível de preços no ano X1-nº índice)
R$ 2.000,00 X (111 / 108) =
R$ 2.000,00 X 1,0277 = R$ 2.055,56
O que esse número significa ?
Como o índice é interpretado

O salário de R$ 2.000,00 recebido no ano X1 é equivalente a um


salário atual de
R$ 2.055,56, ou seja:

ao comparar com o seu salário atual de


R$ 3.000,00, entende-se que essa pessoa teve um ganho real de
R$ 944,44, ficando, portanto, acima da inflação.
Índices de preços do Brasil

Índice utilizado como meta inflacionária: Índice Nacional de Preços ao


Consumidor Amplo (IPCA)
Tabela 5 – Principais Índices de Preços no Brasil
Faixa de
Instituto que Índices Área de
Índice Renda da
calcula Componentes Abrangência
Pesquisa
IPCA-15
IPCA
IBGE 1 a 40 salários
(meta de inflação 11 maiores
(Instituto mínimos
para política regiões
Brasileiro de Não há
monetária) metropolitanas
Geografia e
do Brasil
Estatística) 1 a 8 salários
INPC
mínimos
IPA (60%)*
IGP-10 IPC (30%)*
INCC (10%)*
IGP-M (se difere do IPA (60%)* 1 a 33 salários
IGP-10 apenas pela IPC (30%)* mínimos. 12 maiores
FGV
data de coleta e de Estes índices regiões
(Fundação INCC (10%)*
divulgação sofrem forte metropolitanas
Getúlio Vargas)
IGP-DI (se difere do IPA (60%)* influência da do Brasil
IGP-10 e IGP-M IPC (30%)* taxa cambial
apenas pela data de
coleta e de INCC (10%)*
divulgação)
Fonte: a autora (2018).
Referências

VASCONCELLOS, M. A. S.; PINHO, D. B. (Orgs.) Manual da economia. 6. ed.


São Paulo: Saraiva, 2013.

MANKIW. Introdução à economia. 6. ed. São Paulo: Cengage, 2014.

ASSAF NETO, A.; LIMA, F. G. Curso de administração financeira. 3. ed. São


Paulo: Atlas, 2014.
Entendendo e Interpretando Indicadores
Econômicos e Financeiros
Tema 6: Inflação – Política monetária e os juros
Bloco 1 – Moeda – Demanda e oferta

Prof.ª Tânia Gofredo


Política monetária e moeda

Conceito
É o conjunto de medidas adotadas pelo governo visando adequar os meios
de pagamentos disponíveis às necessidades da economia do país, com
controle sobre a oferta de moeda e de crédito.
É um dos pilares da política macroeconômica que tem por principal
objetivo definir as condições de liquidez da economia. Por meio do Banco
Central, o governo gerencia a quantidade ofertada de moeda, o nível da
taxa de juros e outros.
Liquidez: é uma medida da facilidade do uso do dinheiro. Quanto maior a
liquidez, mais fácil é usar o valor que se tem em prol do desejo de se obter
algo de forma imediata.
Política monetária e moeda

Conceito de moeda
Moeda é definida como um ativo utilizado, em geral, nas transações de
compra e venda de bens e serviços em uma sociedade.
Funções
• Meio de troca: aquilo que os compradores dão aos vendedores quando
desejam adquirir bens e serviços.
• Unidade de conta: instrumento que as pessoas usam para anunciar preços e
registrar débitos, ou seja, pelo qual as mercadorias são cotadas.
• Reserva de valor: representa o poder de compra que é mantido ao longo do
tempo, ou seja, por meio dela é possível medir a riqueza de um indivíduo ou
de um país.
Política monetária e moeda

Demanda por moeda


Por que as pessoas demandam moedas?
São três os motivos pelos quais as pessoas demandam moedas, ou seja:
• motivo transacional: vinculado à função da moeda como meio de troca.
Preços dos bens seriam determinados pela quantidade de moeda;
• motivo de precaução: vinculado à função da moeda como reserva de
valor. As pessoas querem se precaver em função das incertezas do
futuro;
• motivo de especulação: as pessoas guardam moeda visando esperar o
melhor momento para comprar títulos de forma que tenham uma boa
rentabilidade.
Política monetária e moeda

Demanda por moeda


O que reduz a demanda por moeda ?
Resp.: a elevação da taxa de juros, pois com juros mais altos, o preço dos
títulos tendem a cair, estimulando as pessoas a investirem nesses ativos,
retirando do mercado moeda destinada ao consumo. Esse é um cenário
de menor pressão inflacionária. O contrário também é verdadeiro.
Política monetária e moeda

Oferta de moeda
• No Brasil, o governo controla a quantidade de moeda que é ofertada
na economia.
• Este é um sistema sem lastro, de forma que sua aceitação se dá por
imposição legal e pela credibilidade conferida pelo governo a ela.
• Responsável pelo controle dessa oferta no Brasil é o Banco Central,
sendo também o seu emissor.
Política monetária e moeda

Oferta de moeda
Meios de pagamento
• É a soma da moedas (metálica, papel-moeda e moeda escritural).
• Diz respeito a tudo que está em forma de dinheiro (liquidez) e disponível
no mercado.
• Possui duas características importantes:
• tem liquidez imediata;
• não rendem juros.
Política monetária e moeda

Oferta de moeda
Portanto:
quem é o responsável pela oferta de moeda?
• Banco Central: detentor do papel-moeda e capaz de emitir novas moedas.
• Bancos comerciais: atuam na multiplicação dos depósitos à vista em
forma de crédito para a economia, pois há uma tendência global em
manter saldos monetários ociosos.
Política monetária e moeda

Oferta de moeda
Incorporação de outros ativos que possuem elevada liquidez. Esses novos
ativos também são chamados de quase-moedas (M2, M3 e M4). Vide Tabela 1:
Tabela 1 – Meios de pagamento – Agregados monetários
MEIO DE
COMPOSIÇÃO
PAGAMENTO
Papel-moeda em poder do público + os depósitos à vista no banco comerciais
M1 públicos e privados – LIQUIDEZ TOTAL, LIVRE ACEITAÇÃO E NÃO RENDEM
JUROS.
É o M1 + os depósitos especiais remunerados, mais os depósitos de poupança,
M2 mais os títulos emitidos no mercado primário pelas instituições financeiras.
RENDEM JUROS.
É o M2 + as cotas de fundos de renda fixa e mais as operações
M3 compromissadas com títulos federais que funcionam como moeda. RENDEM
JUROS.
É o M3 + os títulos emitidos pelo sistema emissor público, como as Letras do
M4
Tesouro Nacional (LTN), emitidas pelo Governo Federal. RENDEM JUROS.

Fonte: preparado pela autora com informações retiradas de Dana (2015, p. 33)
Entendendo e Interpretando Indicadores
Econômicos e Financeiros
Tema 6: Inflação – Política monetária e os juros
Bloco 2 – Banco Central, instrumentos de
controle monetário e taxa de juros

Prof.ª Tânia Gofredo


BC e instrumentos de controle monetário

• Banco Central é considerado pelo mercado como o banco dos bancos.


• Em muitos países, é o responsável pela regulamentação e fiscalização
dos sistemas financeiros
• No Brasil, ele tem outras funções além dessas, que é também
administrar as reservas internacionais do país e atuar junto à política
cambial.
BC e instrumentos de controle monetário

• Banco Central tem como função tomar ações por meio de instrumentos
monetários (ex.: taxa de juros), visando manter a liquidez da moeda.
• Controle pode vir pela adoção de uma política monetária restritiva ou
expansionista, cujos impactos podem ser observados na Tabela 2:

Tabela 2 – Impacto da política monetária sobre a liquidez, crédito e inflação


Efeito sobre a
Política Ação do Efeito sobre o Efeito sobre a
QUANTIDADE DA
monetária governo CRÉDITO INFLAÇÃO
MOEDA (LIQUIDEZ)
ELEVAÇÃO Queda na quantidade de Elevação dos
Evita o aumento
Restritiva DA TAXA DE moeda em circulação custos dos
dos preços
JUROS (reduz liquidez) empréstimos
REDUÇÃO DA Elevação na quantidade Redução dos Ameaça de
Expansionista TAXA DE de moeda em circulação custos dos elevação dos
JUROS (aumenta liquidez) empréstimos preços
Fonte: Preparado pela Autora com informações retiradas de Dana (2015, p. 57 e 58).
BC e instrumentos de controle monetário

• Outro instrumento que o Banco Central utiliza para controlar a


liquidez do mercado de moedas é o depósito compulsório.
• Os bancos comerciais, ao receber os depósitos à vista, por ordem
do Banco Central, enviam diariamente uma parcela desses
depósitos que se transformam em reservas bancárias
(compulsórias). O objetivo é proteger o sistema financeiro de
possíveis riscos de default.
BC e instrumentos de controle monetário

Além do depósito compulsório, outros instrumentos podem ser observados


na Tabela 3, abaixo:

Tabela 3 – Instrumentos da política monetária do Banco Central do Brasil


DEPÓSITO OU REDESCONTO OU MERCADO CONTROLE E
RECOLHIMENTO EMPRÉSTIMO DE ABERTO OU OPEN SELEÇÃO DE
COMPULSÓRIO LIQUIDEZ MARKET CRÉDITO
Quando os bancos
É por meio desta
Obriga os bancos comerciais têm
operação que o Estabelece
comerciais e necessidades de caixa e não
Banco Central controle direto
Instituições financeiras conseguem buscar em
compra e vende sobre preço e
a depositar no Banco outros bancos, a operação
títulos diretamente volume do
Central parte de seus de redesconto é feita com o
das instituições crédito.
depósitos à vista. Banco Central com o objetivo
financeiras.
de socorrê-los.

Fonte: preparado pela autora com informações retiradas de Dana (2015, p. 30)
BC e instrumentos de controle monetário

Forma de atuação do Banco Central


• Toma decisões de política monetária com embasamento técnico, ou
seja, não tem influência política em suas decisões.
• Segue um cronograma de reuniões de política monetária conhecida
no mercado como COPOM.
• São nessas reuniões que a decisão sobre a taxa básica de juros é
tomada, cuja periodicidade entre uma reunião e outra é de
aproximadamente 40 dias.
Taxa de juros

Conceito de juro e taxa de juros


Juro: é a remuneração que o tomador de um empréstimo deve pagar ao
dono do capital, ou seja, é o preço ou o valor do dinheiro.
Taxa de juro: matematicamente, é a relação entre o valor dos juros pagos
(ou recebidos) no final de um determinado período de tempo e o valor do
capital inicialmente emprestado (ou aplicado).
Taxa de juros

Fórmula de cálculo:
i = (J / P) X 100, em que:
i = taxa de juro
J = valor dos juros
P = capital inicial, valor principal, presente ou atual

A taxa de juros também pode ser definida como:


a) determinado valor que se pode atribuir ao tempo;
b) cobertura de riscos assumidos pelo emprestador;
c) valor que compensa a perda de oportunidades de utilização do dinheiro;
d) retorno obtido pelo investimento produtivo do capital.
Taxa de juros

Taxa de juro nominal


É aquela que é meramente indicativa sobre o ganho monetário sobre uma
determinada aplicação financeira, não considerando o comportamento da
inflação.
Exemplo: uma pessoa faz uma aplicação na data de hoje de R$ 200,00 e
daqui a um mês ela resgata R$ 220,00. Nesse caso, qual será a taxa nominal
dessa aplicação?
i = (J / P) x 100
i = (20,00 / 200,00) x 100 = 0,1 x 100 = 10%
Em que: R$ 20,00 é o valor do juro, ou seja, R$ 220,00 – R$ 200,00
Taxa de juros

Taxa de juro real


É a taxa obtida após descontado o efeito da inflação, ou seja, refere-se ao
ganho que se obtém em termos de poder de compra por determinada
aplicação.
Seu cálculo é feito considerando a taxa de juros nominal e a inflação do
período que se quer calcular, que vai apontar o ganho real de determinada
aplicação, pois, além do juro nominal, desconta-se a inflação do período que,
economicamente falando, é a perda de valor da moeda.
Seu cálculo é feito da seguinte forma:
ir = (((1+(iNominal/100))/(1+(iInflação/100)))-1)*100
Taxa de juros

Taxa de juro real


Exemplo: utilizando taxa de juro nominal de uma aplicação de 10%, qual foi
o juro real dessa aplicação, considerando para esse mesmo período uma
inflação de 3%?
ir = (((1+(10/100))/(1+(3/100)))-1) x 100
ir = ((1+0,10) / (1+0,03))-1) x 100
ir = ((1,10) / (1,03))-1) x 100
ir = ((1,06796)-1) x 100
ir = 0,06796 x 100 = 6,796% arredond. para 6,80%
Portanto, a taxa de rentabilidade real é de 6,80%, pois nesse período foi
tirado o efeito da inflação.
Taxa de juros

Taxa de juros utilizada no Brasil


Taxa Selic: essa taxa é apurada no Sistema Especial de Liquidação e Custódia
(Selic), por isso é chamada de taxa Selic. Ela é obtida ao se calcular a taxa
média ponderada e ajustada das operações de financiamento por um dia e
essa taxa remunera títulos públicos federais.
Taxa CDI: o termo CDI significa Certificado de Depósitos Interbancários. Essa
taxa é utilizada para operações de curtíssimo prazo entre bancos.
TR (taxa referencial de juros): é calculada pela média das taxas de juros
CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) dos 30 maiores bancos.
TJLP (taxa de juros de longo prazo): é a taxa utilizada principalmente pelo
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Seu
objetivo é possibilitar o alongamento de prazos no mercado financeiro.
Referências

VASCONCELLOS, M. A. S.; PINHO, D. B. (Orgs.) Manual da economia. 6. ed.


São Paulo: Saraiva, 2013.

DANA, S. Introdução a finanças empresariais. 1. ed. São Paulo: Érica, 2015.

GREMAUD, A.P.; VASCONCELLOS, M.A.S.; TONETO JR., R. Economia


brasileira contemporânea. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
Entendendo e Interpretando Indicadores
Econômicos e Financeiros
Tema 7: Taxa Selic e DI Cetip: os juros no Brasil
Bloco 1 – Sistema econômico versus sistema
financeiro

Prof.ª Tânia Gofredo


Sistema econômico versus sistema financeiro

Para se entender o conceito de sistema econômico versus sistema


financeiro, é importante primeiramente trazer à luz da discussão o
principal problema tratado em economia que é a escassez.
A escassez surge do pressuposto de que as necessidades humanas são
infinitas, e os bens ou os meios de satisfazê-las são sempre finitos.
No contexto das decisões econômicas, tem-se a decisão do consumo, da
poupança e do investimento, portanto, a ciência econômica estuda esses
comportamentos.
Sistema econômico versus sistema financeiro

Agentes do sistema (famílias, empresas e governo):


superavitários: são os agentes que decidem poupar mais os recursos
financeiros obtidos do que consumir e, portanto, são os que ofertam
dinheiro ao mercado;
deficitários: são os agentes que decidem consumir mais do que poupar os
seus recursos financeiros e, portanto, são os que necessitam (demandam)
de dinheiro do mercado;
intermediadores: são os facilitadores que viabilizam o encontro dos agentes
superavitários com os deficitários (sistema financeiro).
Sistema econômico versus sistema financeiro

Sistema financeiro
É o conjunto de instituições e instrumentos que viabilizam o fluxo financeiro
entre os poupadores e os tomadores de recursos na economia.
É o sistema que organiza, controla e desenvolve as ações entre poupadores
e tomadores.
Função: alocação correta dos recursos na economia.
Sistema econômico versus sistema financeiro

Sistema financeiro nacional


Busca atender a todas as demandas e/ou necessidades do mercado,
tendo esse sistema um papel normativo, supervisor e operador dos
recursos financeiros.
Mercado financeiro: é parte integrante do sistema financeiro nacional.
Classificação: mercado de crédito, cambial, de capitais e monetário.
Sistema econômico versus sistema financeiro

Mercado de crédito: é nesse mercado que as instituições financeiras captam recursos


dos agentes superavitários e os emprestam aos agentes deficitários. A remuneração
é feita pela diferença entre seu custo de captação e o que cobram dos tomadores,
cujo nome é o spread. O banco garante a operação, ou seja, assume o risco.
Mercado de câmbio: é nesse mercado que são negociadas trocas de moedas
estrangeiras por moeda nacional e/ou outras operações que envolvam transações
que são realizadas no comércio exterior, como, por exemplo: envio ou recebimento
de moedas.
Mercado de capitais: é nesse mercado que os agentes superavitários (ofertantes de
recursos) emprestam seus recursos diretamente aos agentes deficitários
(demandantes de recursos). Essa é outra característica importante que diferencia o
mercado de crédito do mercado de capitais. O banco tem o papel de uma prestadora
de serviços, ou seja, não assume os riscos da operação.
Sistema econômico versus sistema financeiro

Mercado monetário: será abordado juntamente com o conceito de DI –


depósito interfinanceiro.
Renda fixa: nos investimentos em renda fixa, a remuneração, ou sua forma
de cálculo, é previamente definida no momento da aplicação. Um papel
(investimento) de renda fixa tem definidas: a) a data de emissão; b) a data
de resgate (ou a definição de recompra); c) o prazo de duração; e d) a taxa
de rentabilidade (ou também um índice de correção).
Renda variável: nos investimentos em títulos de renda variável, o investidor
não tem como saber, previamente, qual será a rentabilidade da aplicação.
Sistema econômico versus sistema financeiro

Sistemas e câmaras de liquidação e custódia


Selic – Sistema Especial de Liquidação e Custódia: é um sistema eletrônico
onde são lançadas pelos participantes/instituições financeiras as compras,
vendas e a liquidação financeira das operações realizadas diariamente com
títulos públicos federais.
Cetip – Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos Privados: é
uma empresa de capital privado e funciona como um sistema eletrônico
que processa as compras e vendas diárias de títulos privados, tais como:
CDI, debêntures, letras hipotecárias, letras de câmbio, commercial papers.
Entendendo e Interpretando Indicadores
Econômicos e Financeiros
Tema 7: Taxa Selic e DI Cetip: os juros no Brasil
Bloco 2 – Taxa Selic e Índice DI Cetip: conceitos

Prof.ª Tânia Gofredo


Taxa Selic e índice DI Cetip

Taxa Selic, que é divulgada a cada reunião do Conselho de Política


Monetária do Banco Central do Brasil (COPOM), considerada como a taxa
básica de juros do país.
Taxa Selic que é definida pelo próprio Banco Central com a seguinte
definição:
“Taxa Selic é a taxa média ajustada dos financiamentos diários apurados no
sistema Selic para os títulos federais”.
Taxa Selic e índice DI Cetip

Índice DI Cetip e o mercado monetário


“As transferências de recursos a curtíssimo prazo, em geral com prazo de
um dia, como aquelas realizadas entre as próprias instituições financeiras
ou entre elas e o Banco Central, são realizadas no chamado mercado
monetário. Trata-se de um mercado utilizado basicamente para controle da
liquidez da economia, no qual o Banco Central intervém para condução da
Política Monetária.” (CVM, 2014, p. 31)
Taxa Selic e índice DI Cetip

Índice DI Cetip
O que é depósito interfinanceiro (DI): é um “instrumento financeiro
destinado à transferência de recursos entre instituições financeiras.
Negociado exclusivamente entre essas instituições, o depósito
interfinanceiro (DI) é um título privado de renda fixa que auxilia no
fechamento de caixa dos bancos.
As negociações entre os bancos geram a taxa DI Cetip, e é referência
para a maior parte dos títulos de renda fixa ofertados ao investidor. É
hoje o principal benchmark do mercado.
Taxa Selic e índice DI Cetip

Cálculo da taxa Selic


O cálculo da taxa Selic, tem a taxa expressa sob forma anual e a
fórmula pode ser conhecida por meio do Artigo 2º da circular
nº 3.671, de 18 de outubro de 2013.
O site do banco disponibiliza os fatores diários, bem como a taxa
mensal e acumulada no ano.
Taxa Selic e índice DI Cetip

Cálculo do índice DI Cetip


Considerado como benchmark para a rentabilidade de demais títulos de
renda fixa, como, por exemplo: debêntures, CDI, letras de câmbio ou outros.
Características do índice informadas pela Cetip
Data de início: 2/1/2008
Valor inicial ou base do índice: 10.000,00 pontos
Precisão: duas casas decimais, com arredondamento
Forma de valorização: o índice é valorizado diariamente pelo fator de 100%
do DI Cetip do dia útil imediatamente anterior.
Taxa Selic e índice DI Cetip

Cálculo do índice DI Cetip


Fórmula de cálculo da valorização do índice DI Cetip:

Em que:
índice DI Cetipdn: número índice do dia “n”, valorizado pelo fator diário do
DI Cetip do dia “n-1”, apurado com 2 (duas) casas decimais com
arredondamento;
fator Didn: fator da taxa DI Over do dia “n-1” expressa ao dia, calculado com
8 (oito) casas decimais, com arredondamento, apurado conforme fórmula:
Taxa Selic e índice DI Cetip

Cálculo do índice DI Cetip

Em que:
DIdn-1: taxa DI Over do dia “n-1”, apurada e divulgada pela Cetip com base
nos depósitos interfinanceiros prefixados, pactuados por um dia entre
instituições de grupos econômicos distintos (extragrupo), expressa ao ano
de 252 dias úteis, utilizada com 2 (duas) casas decimais.
Referências

VASCONCELLOS, M. A. S.; PINHO, D. B. (Orgs.) Manual da economia. 6. ed.


São Paulo: Saraiva, 2013.
DANA, S. Introdução a finanças empresariais. 1. ed. São Paulo: Érica, 2015.
GREMAUD, A.P.; VASCONCELLOS, M.A.S.; TONETO JR., R. Economia
brasileira contemporânea. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Mercado de valores mobiliários
brasileiro. 3. ed. Rio de Janeiro: Comissão de Valores Mobiliários, 2014.
CETIP – CENTRAL DE CUSTÓDIA E LIQUIDAÇÃO FINANCEIRA DE TÍTULOS
PRIVADOS. Disponível em: <https://www.cetip.com.br/captacao-
bancaria/di>. Acesso em: 1 ago. 2018.
Entendendo e Interpretando Indicadores
Econômicos e Financeiros
Tema 8: Ibovespa – A valorização do mercado de capitais
Bloco 1 – Mercado de capitais e os
valores mobiliários

Prof.ª Tânia Gofredo


Mercado de capitais e os valores mobiliários

• A partir da década de 1990, com a abertura da economia brasileira,


aumento no volume de investimentos no mercado de capitais.
• Forte participação de investidores estrangeiros.
• Empresas brasileiras passaram a acessar o mercado externo por meio do
lançamento de suas ações em bolsas de valores estrangeiras,
especialmente a New York Stock Exchange (NYSE), sob a forma de
emissão de ADR (American Depositary Receipts).
• Empresas brasileiras passaram a seguir regras impostas pelo órgão
regulador do mercado de capitais dos EUA, conhecido como SEC
(Securities and Exchange Comission).
Mercado de capitais e os valores mobiliários

• Empresas brasileiras passam a cuidar melhor dessas regras, elevando o


nível de confiança dos investidores no mercado brasileiro.
• Passou a perder espaço para outros mercados em função de falta de
proteção ao acionista minoritário e a incertezas relacionadas às
aplicações financeiras.
• Aumento do risco e custo de capital.
• Melhoria das práticas de governança corporativa e criação do novo
mercado e dos níveis 1 e 2 de governança corporativa pela
BM&FBovespa.
Mercado de capitais e os valores mobiliários

• A dificuldade maior está em separar a função do mercado de crédito


do mercado de capitais.
• A função de ambos é atender às necessidades financeiras do mercado,
mas a forma como se apresenta como intermediário nessas operações
é que diferencia esses mercados.
• O mais importante é a característica da intermediação financeira e a
maneira usada para a captação de recursos que define se é mercado
monetário ou de capitais.
Mercado de capitais e os valores mobiliários

• A mais importante característica que diferencia uma operação feita no


mercado de crédito do mercado de capitais é a forma como se assume o
risco da operação.
• No mercado de crédito, quando se buscam recursos, obtêm-se
diretamente do intermediador (normalmente bancos comerciais) e,
nesse caso, o banco assume o risco dessa operação.
• No mercado de capitais, o banco participa, mas como um prestador de
serviços, e o banco é pago apenas pelo serviço prestado e não assume o
risco da operação.
Mercado de capitais e os valores mobiliários

Figura 1: Operação feita no Mercado de Crédito

Figura 2: Operação feita no Mercado de Capitais

Fonte: COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS, 2014, p. 35


Mercado de capitais e os valores mobiliários

Valores Mobiliários
• São valores mobiliários quando ofertados publicamente quaisquer
títulos ou contratos de investimento coletivo que gerem direito de
participação, de parceria ou remuneração, inclusive resultante da
prestação de serviços, cujos rendimentos advêm do esforço do
empreendedor ou de terceiros.
• Importante destacar que as transações de mercado de capitais são de
médio e longo prazos, bem como de prazo indeterminado, as quais
envolvem títulos representativos do capital das empresas e/ou de
operações de crédito cuja principal característica é que isso é feito sem
intermediação financeira.
Mercado de capitais e os valores mobiliários

Valores mobiliários
• Ações: representam a menor “fração” do capital social de uma empresa, ou seja, a
unidade do capital nas sociedades anônimas. Podem ser ordinárias ou
preferenciais.
• Debêntures: são valores mobiliários emitidos por sociedades anônimas não
financeiras. Esses valores mobiliários representam crédito de médio e longo
prazos.
• Nota promissória: título de crédito emitido pelas empresas do setor privado cuja
colocação pode ser pública ou privada, oferecendo ao investidor o direito de
crédito contra a empresa emitente.
• Letra financeira: título de crédito de emissão exclusiva de instituições financeiras
que consiste em “promessa de pagamento em dinheiro, nominativo, transferível e
de livre negociação”.
Entendendo e Interpretando Indicadores
Econômicos e Financeiros
Tema 8: Ibovespa – A valorização do mercado de capitais
Bloco 2 – Bolsa de valores e o Índice Bovespa (Ibovespa)

Prof.ª Tânia Gofredo


Bolsa de valores e o Índice Bovespa

• O desenvolvimento do mercado primário de valores mobiliários depende da


solidez do mercado secundário existente.
• Investidores podem precisar se desfazer de seus investimentos antes do prazo
de vencimento (exemplo: ações).
• Poucos investidores se interessariam em adquirir ações em uma oferta pública
se não existisse um mercado organizado em que pudessem se desfazer de seus
investimentos a qualquer tempo.
• Cada investidor poderia negociar diretamente com outro, mas esse sistema
seria ineficiente no que diz respeito ao encontro de propostas, à definição de
preços, transparência e divulgação das informações, segurança na liquidação,
entre outros.
• Os mercados de bolsa e balcão buscam justamente eliminar essa ineficiência.
Bolsa de valores e o Índice Bovespa

Bolsas de valores
• Principais funções dos mercados de bolsa e de balcão são organizar e
garantir que se tenha um ambiente saudável para que as negociações
ocorram com segurança na compra, venda e liquidação dos negócios.
• No Brasil, a BM&FBovespa, atual B3, é uma entidade de capital privado e
aberto considerada a principal na administração de mercado de bolsa
para negociações de ações. É única no país, embora não haja nenhum
impedimento de que se tenha outras no mercado.
Bolsa de valores e o Índice Bovespa

Índices
• Têm três funções importantes:
a) são indicadores de variação de preços do mercado;
b) utilizados como parâmetros para avaliação do desempenho de um
determinado portfólio;
c) instrumentos para negociação no mercado futuro.
É importante destacar que em cada mercado de ações existem índices
diferentes e específicos de acordo com objetivos que se queiram analisar.
Bolsa de valores e o Índice Bovespa

Índice Bovespa (Ibovespa)


• É considerado o principal índice do mercado de ações brasileiro. Mantido
pela BM&FBovespa, atualmente B3, tem como objetivo ser um indicador do
desempenho médio das cotações dos ativos de maior negociabilidade e
representatividade do mercado de ações brasileiro.
• É um índice de retorno total.
• Busca refletir não apenas as variações no tempo nos preços dos ativos
integrantes do índice, mas também o impacto que a distribuição de
proventos por parte das companhias emissoras desses ativos teria no
retorno do índice.
Bolsa de valores e o Índice Bovespa

Alguns critérios do cálculo do Índice Bovespa (Ibovespa)


Objetivo: é ser o indicador do desempenho médio das cotações dos ativos de
maior negociabilidade e representatividade do mercado de ações brasileiro.
Tipo de índice: é um índice de retorno total.
Ativos elegíveis ao índice:
• É composto das ações e units exclusivamente de ações de companhias listadas na
BM&Fbovespa.
• Ativos que não estejam em recuperação judicial ou extrajudicial, em regime especial
de administração temporária, com intervenção ou que sejam negociados em
qualquer outra situação especial de listagem, que podem ser considerados como
Penny-Stock.
Bolsa de valores e o Índice Bovespa

continuação...

Ativos elegíveis ao índice


• Ter presença em pregão de 95% (noventa e cinco por cento) no período de vigência
das 3 (três) carteiras anteriores.
• Ter participação em termos de volume financeiro maior ou igual a 0,1% no mercado
à vista (lote-padrão), no período de vigência das 3 (três) carteiras anteriores.
Critérios de ponderação
• Os ativos são ponderados pelo valor de mercado do free float, (são os ativos que se
encontram em circulação) da espécie pertencente à carteira, com limite de
participação baseado na liquidez.
Referências

ASSAF NETO, A. Mercado financeiro. 13. ed. Atlas, 2015.

GREMAUD, A.P.; VASCONCELLOS, M.A.S.; TONETO JR., R. Economia brasileira


contemporânea. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.

COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Mercado de valores mobiliários


brasileiro. 3. ed. Rio de Janeiro: Comissão de Valores Mobiliários, 2014.

B3. Disponível em: http://www.b3.com.br/pt_br/market-data-e-


indices/indices/indices-amplos/. Acesso em: 6 ago. 2018.

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