Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
MATEMÁTICA APLICADA
À GESTÃO I
TEXTO DE APOIO
2
NOTAS PRÉVIAS
Cálculo, Vol. I
James Stewart, Pioneira, Thomson Learning
2.4. Cálculo de volumes por cascas cilíndricas (cap. 6 - 6.3, pag. 451)
2.8. Mais aplicações de integração (cap. 8, pag. 540 até ao fim do capítulo)
3
4. Como o manual está escrito em português do Brasil, convém ter em atenção que há
termos e expressões que em português se dizem de outra forma.
Por exemplo, "sequência" corresponde em português a "sucessão"; "integral", em
português, é uma palavra masculina, etc.
7. O assunto das séries, abordado na pag. 7 do manual, está mais desenvolvido no Vol.
II do livro com os mesmos título e autor do manual indicado. Como não se considera
ser de avaliação um estudo exaustivo das séries, mas apenas o que é indicado no
programa, seguem em anexo uns apontamentos sobre o referido assunto.
Pré-requisitos básicos:
1. Ter bom domínio de cálculo mental (lembra-se que não é permitida a utilização da
máquina de calcular nos exames, nem tabelas ou formulários);
4
6. Conhecer as representações gráficas de algumas funções básicas, tais como,
polinomiais (pelo menos até ao 3º grau), exponencial, logarítmica e trigonométricas.
5
Alguns conceitos sobre SÉRIES
Com os termos de uma sucessão an, podemos construir outra sucessão, procedendo da
seguinte forma:
s1 =a1
s2=a1+a2
s3=a1+a2+a3
.
.
.
n
sn=a1+a2+ …
+an= ∑ a i
i =1
.
.
A esta sucessão, de termo geral sn, daremos o nome de sucessão das somas parciais.
Se a sucessão tiver infinitos termos, é chamada de série infinita ou simplesmente série,
+∞
podendo ser representada por ∑a
n =1
n ou por ∑a n .
Diz-se que o termo geral da série ∑a n é an. Os limites inferior e superior do símbolo
somatório (Σ) são, respectivamente, n=1 e +∞. Sem perda de generalidade, também se
pode considerar que a série pode não começar em n=1, mas num outro valor inteiro, tal
como 0.
6
Como a sucessão das somas parcias, sn, pode ter ou não limite, diremos,
respectivamente, que a série é convergente ou divergente. Se a série for convergente,
isto é, se existir lim s n , diremos que lim s n = s é a soma da série.
n → +∞ n → +∞
Exemplos:
+∞
1) Seja a série ∑ n =1+2+3+ … +n+ ….
n =1
Esta série é divergente, porque é impossível encontrar um limite finito para sn. Note-
se que os termos da sucessão que é termo geral da série, an=n, estão em progressão
aritmética de razão 1.
∞
1
2) Seja a série ∑ n(n + 1) . Vamos mostrar que esta série é convergente.
n =1
7
∞ ∞
1 1 1
Então tem-se ∑
n =1 n ( n + 1)
= ∑ −
n =1 n
n + 1
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Donde, s n = 1 − + − + − + L + − + − =1 −
2 2 3 3 4 n −1 n n n + 1 n +1
1
Logo, s= lim s n = lim 1 − =1
n + 1
∞
1
Portanto a série dada é convergente e ∑ n(n + 1) =1
n =1
∞
Todas as séries ∑an =1
n ,cujo termo geral ,an, se possa decompor na diferença de dois
termos gerais, tais que an=un-un+p, p∈Ν, são chamadas séries telescópicas,
redutíveis ou de Mengoli.
∞ ∞
Tem-se então ∑ an = ∑ (u n − u n+ p ) .
n =1 n =1
+∞
1 1 1 1 1 1 1 1
3) Seja a série ∑2
n =1
n
= + + + + +
2 4 8 16 32 64
+L+ n +L+ L
2
Vamos mostrar que esta série é convergente e calcular a sua soma.
Comecemos por notar que o termo geral da série é uma progressão geométrica de
razão 1/2.
8
Se aplicarmos esta fórmula para calcular o termo geral da sucessão das somas
parciais da série dada, tem-se:
n
1
1− n
1 2 1
sn = ⋅ = 1 −
2 1 2
1−
2
0 se r < 1
1 se r = 1
Atendendo a que lim r =
n
, tem-se
n→ ∞
± 1 se r = −1
∞ se r > 1
1 n
s= lim s n = lim 1 − = 1 − 0 = 1 .
2
Fica desta forma provado que a série dada é convergente e pode escrever-se
+∞ n
1 +∞ 1
∑
n =1 2
n
= ∑ =1.
n =1 2
∞
De um modo geral, uma série da forma ∑r
n= p
n
, ( p ∈ N 0 , r ∈ℜ ) é chamada série
geométrica.
1
Uma série geométrica é convergente se |r|<1 e a sua soma é s = r ⋅
p
.
1− r
Se |r|≥1, a série é divergente.
∞
1 1 1 1
4) Seja a série ∑ n =1 + 2 + 3 + 4 + L . Vamos mostrar que esta série, conhecida como
n =1
9
Vamos escrever alguns termos da sucessão das somas parciais:
s1 = 1
1
s2 = 1 +
2
1 1 1 1 1 1 2
s4 = 1 + + + > 1+ + + = 1+
2 3 4 2 4 4 2
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
s8 = 1 + + + + + + + > 1+ + + + + + + =
2 3 4 5 6 7 8 2 4 4 8 8 8 8
1 1 1 3
= 1+ + + = 1+
2 2 2 2
1 1 1 1 1 1 1
s16 = 1 + + + + +L+ + +L+ >
2 3 4 5 8 9 16
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 4
> 1+ + + + + L + + + L + =1 + + + + = 1 +
2 4 4 8 8 16 16 2 2 2 2 2
5 6
De modo análogo, pode mostrar-se que s32 > 1 + , s 64 > 1 + e em geral
2 2
n
s 2n > 1 + . Logo, lim s 2n = +∞ .
2 n→ ∞
Como s 2n é o termo geral de uma subsucessão de sn, então sn não tem limite e a série
harmónica é divergente.
+∞
1
As séries da forma ∑ nα
n =1
, α ∈ ℜ são chamadas séries de Dirichlet. A série
10
Vamos agora enunciar três teoremas importantes.
1
A recíproca deste teorema não é verdadeira. Por exemplo, lim = 0 e a série
n
harmónica é divergente.
Podemos utilizar este teorema para fazer o teste de divergência para várias séries.
∞
n2 n2 1
Por exemplo, a série ∑ 2 é divergente, porque lim 2 = ≠ 0.
n = 2 5n + 4 5n + 4 5
Demos já alguns exemplos de séries, cujo primeiro termo não correspondia a n=1.
Consideremos ainda o exemplo seguinte:
+∞
1
Pretende-se saber qual a natureza da série ∑n
n =4
3
.
+∞ +∞
1 1 1 1 1
Comecemos por considerar a série de Dirichlet ∑
n =1 n
3
=1 + + +
8 27 64
+ ∑n
n =4
3
.
+∞
1
Esta série é convergente (3>1). Assim, ∑n
n =4
3
é convergente, pois as quatro primeiras
Teorema 3 - Se ∑a n e ∑b
n forem séries convergentes, então também são
convergentes
∑ (a n + bn )
∑ (a n − bn )
11
e tem-se
∑ ca n =c ∑ a n
∑ (a n + bn ) = ∑ a n + ∑ bn
∑ (a n − bn ) = ∑ a n - ∑ bn
Também se pode mostrar, por exemplo, que a soma de duas séries divergentes é uma
série divergente, que a soma de uma série convergente com uma divergenteé uma série
divergente.
∞
3 1
Exemplo: Calcular a soma da série ∑ n(n + 1) + 2 .
n
n =1
∞
3 1
Assim, a soma de ∑ n(n + 1) + 2 é s=3×1+1=4.
n
n =1
12
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
+∞
1.1. ∑2
n =0
2 n 1− n
3
Resolução:
+∞
Vamos mostrar que a série ∑2
n =0
2 n 1− n
3 é uma série geométrica.
+∞ +∞ +∞ n
4n 4
∑ 2 2n 31−n = ∑
n =0 n =0 3
n −1
= 3∑ . À parte a constante 3, que não afecta a natureza da
n =0 3
série, trata-se de uma série geométrica de razão 4/3>1. Logo, a série é divergente.
Resolução:
Este número é uma dízima infinita periódica
23 17 17
2,3(17)=2,3171717 …= 2,3 + 0,017 + 0,00017 + L = + + +L=
10 10 3 10 5
2n
23 17 1 1 1 23 17 ∞ 1
= + 0 + 2 + L + 2 n + L = +
10 1000 10 10 10
∑ =
10 1000 n =0 10
n
23 17 ∞ 1
= + ∑
10 1000 n =0 100
∞ n
1
Vamos calcular a soma da série ∑ . Como 1/100 <1, a série é convergente e
n = 0 100
0
1 1 100
tem-se s = ⋅ =
100 1 − 1 99
100
23 17 100 1147
Donde, 2,3(17)= + ⋅ =
10 1000 99 495
∞
2
1.3. Calcular, se possível, a soma da série ∑n
n =1
2
+ 4n + 3
.
13
Resolução:
∞ ∞ ∞ ∞
2 1 1 1
∑
n =1 n + 4 n + 3
2
=2 ∑
n =1 n + 4 n + 4 − 1
2
= 2 ∑
n =1 (n + 2 ) − 1
2
= 2 ∑
n =1 (n + 2 − 1)(n + 2 + 1)
=
∞
1
= 2∑ .
n =1 (n + 1)(n + 3)
∞
1
Vamos mostrar que ∑ (n + 1)(n + 3)
n =1
é uma série de Mengoli.
1 a b
= −
(n + 1)(n + 3) n +1 n + 3
1=a(n+3)-b(n+1)
1=(a-b)n+3a-b
a-b=0 e 3a-b=1
Donde, a=b=1/2.
∞ ∞
1 1/ 2 1/ 2 1 ∞ 1 1
Assim, ∑
n =1 (n + 1)(n + 3)
= ∑
n =1 n + 1
− = ∑ −
n + 3 2 n =1 n + 1 n + 3
1 1
Fazendo u n = , vem u n + 2 = .
n +1 n+3
1 ∞ 1 1 11 1 1
A soma de ∑ − é s = − 2 lim
2 n =1 n + 1 n + 3 22
=
n + 1 4
A soma da série dada é
∞ ∞
2 1 1 ∞ 1 1 1 1
∑n
n =1
2
+ 4n + 3
= 2∑
n =1 (n + 1)(n + 3)
=2. ∑ − =2⋅ =
2 n =1 n + 1 n + 3 4 2
14
∞
n
1.4. Estudar a natureza da série ∑ ln 2n + 5 .
n =1
Resolução:
Vamos começar por calcular o limite do termo geral.
n n 1
lim ln = ln lim = ln ≠ 0
2n + 5 2n + 5 2
Como o limite do termo geral é diferente de 0, então a série é divergente.
∞ ∞
( x + 3) n
2.1. ∑ (x − 4) ∑
n
2.3.
n =0 n =1 2n
∞ ∞
1
2.2. ∑ tg n x
n =0
2.4. ∑x
n =0
n
Resolução:
Todas as séries dadas são geométricas. Vamos escrevê-las na forma ∑r n
e
15
∞
2.1. ∑ (x − 4)
n
n =0
A razão desta série é x-4. Donde para a série ser convergente tem que
sucessivamente verificar-se
x − 4 <1
−1 < x − 4 < 1
3< x<5
Para os valores de x no intervalo ]3,5[, a soma da série é
1 1
s = (x − 4)
0
=
1− x + 4 5 − x
∞ ∞
2.2. ∑ tg x = ∑ (tgx )
n n
n =0 n =0
A razão desta série é tgx. Para a série ser convergente tem que ter-se tgx<1
ou -1<tgx<1. Tendo em atenção a função tgx, as condições verificam-se para
π π
− + kπ < x < + kπ , k∈Ζ.
4 4
Para estes valores de x, a soma da série é
1 1
s = (tgx )
0
=
1 − tgx 1 − tgx
∞
( x + 3) n = ∞
x + 3
n
2.3. ∑
n =1 2n
∑
n =1 2
x+3
A razão desta série é . Para que a série seja convergente tem que ter-se
2
x+3 < 2
x+3
< 1 . Sucessivamente vem − 2 < x + 3 < 2
2
− 5 < x < −1
Para os valores de x de ]-5,-1[, a soma da série é
x+3 1 x+3
s= ⋅ =−
2 x+3 x +1
1−
2
16
∞ ∞ n
1 1
2.4. ∑ n = ∑
n =0 x n =0 x
1
A razão desta série é 1/x. Para a série ser convergente tem que ter-se < 1 ou
x
3.1. Supondo que o nível de consumo se mantém constante, quantos anos durará a
reserva?
3.2. Quantos anos durará a reserva, se o consumo aumentar 5% em cada ano?
3.3. Quantos anos durará a reserva, se o consumo diminuir 1% em cada ano?
Resolução:
1º ano 9
2º ano 9 + 0,05 × 9 = 9 × 1,05
3º ano 9 × 1,05 + 0,05 × (9 × 1,05) = 9 × 1,05 2
4º ano ( )
9 × 1,05 2 + 0,05 × 9 × 1,05 2 = 9 × 1,05 3
n-ésimo 9 × 1,05 n −1
ano
17
A reserva esgotar-se-á quando o consumo total for igual a 1000 milhões de
toneladas, isto é, ao fim de n anos em que 9 × 1,05 n −1 =1000. Por tentativas, chega-
se a n=38 (aproximadamente).
3.3. Vamos fazer um quadro idêntico ao anterior, mas tendo em conta a diminuição
do consum em 1% em cada ano.
1º ano 9
2º ano 9 − 0,01 × 9 = 9 × 0,99
3º ano 9 × 0,99 − 0,01 × 9 × 0,99 = 9 × 0,99 2
4º ano 9 × 0,99 3
n-ésimo 9 × 0,99 n −1
ano
Para que a reserva se esgotasse teria que acontecer 9 × 0,99 n −1 =1000. Ou seja,
n
99
= 110 , o que é impossível. Assim, a reserva nunca se esgota.
100
Resolução:
À semelhança do problema anterior vamos construir um quadro em que indicamos o
número de anos de construção e o número de casas construídas em cada um desses
anos.
18
1º ano 200
2º ano 1 1
200 + 200 = 2001 +
4 4
3º ano 1 1 1 2
1
200 + 2001 + = 2001 + +
4 4 4 4
n-ésimo ano 1 1 2 n −1 i −1
1 n
1
2001 + + + L + = 200∑
4 4 4 i =1 4
Como se pretende calcular a tendência do mercado a longo prazo, vamos supor que n
∞ n −1
1
tende para infinito. Ou seja, vamos estudar a série 200∑ .
n =1 4
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
2n
1. Seja a n = .
3n + 1
Verifique:
1.1. se an é convergente;
∞
1.2. se ∑a
n =1
n é convergente.
19
2. Estude a convergência das seguintes séries e, se possível, calcule as suas somas:
∞
2
n −1
2.2. ∑
∞
(− 3)n−1
2.1. ∑ 5
n =1 3 n =1 4n
∞ ∞
n
2.3. ∑3
n =1
−n
8 n −1 2.4. ∑n+5
n =1
∞ ∞
1 n
2.5. ∑
n =1 n( n + 2)
2.7. ∑ ln n + 1
n =1
∑ (2(0,1) + (0,2) )
∞ ∞
3n + 2 n
2.6. ∑
n n
2.8.
n =1 n =1 6n
∞
xn
3.1. ∑
n =1 3
n
∞
3.2. ∑4
n =1
n
xn
∞
1
3.3. ∑x
n =1
n
20
RESPOSTAS:
Abreviaturas D=divergente; C=convergente; s=soma
1.
1.1. C
1.2. D
2.
2.1. C; s=15
2.2. C; s=1/7
2.3. D
2.4. D
2.5. C; s=3/4
2.6. C; s=17/36
2.7. D
2.8. C; s=3/2
3.
3.1. -3<x<3; s=x/(3-x)
3.2. -1/4<x<1/4; s=1/(1-4x)
3.3. |x|>1; s=x/(x-1)
21