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TRABALHO
2° ANO DO NOTURNO
Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como
ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores. Por seus frutos os
conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos
abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má
produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má
dar frutos bons. Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no
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fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.
1
HOEKEMA, Anthony. Criados à imagem de Deus. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1999, p. 250
2
WRIGHT, R. K. Mc Gregor. A soberania banida: redenção para a cultura pós-moderna. São Paulo: Editora
Cultura Cristã, 1998, p. 55.
3
Lucas 6. 45
4
Mateus 7. 15-20
5
Mateus 15. 19
3
Percebamos que na citação de Wright ele nos diz que “o ato da vontade é
sempre o ato de uma pessoa”. Com relação ao ser humano Hoekema o define
como uma pessoa criada, e acrescenta:
Ser uma criatura... Significa dependência absoluta de Deus; ser uma pessoa
significa independência relativa. Ser uma criatura significa que não posso mover
um dedo ou pronunciar uma palavra à parte de Deus; ser uma pessoa significa
que, quando meus dedos são movidos, eu os movo e que, quando as palavras são
pronunciadas por meus lábios, eu as pronuncio. Sermos criaturas significa que
Deus é oleiro e nós, o barro (Rm 9. 21); sermos pessoas significa que nós mesmos
6
é que moldamos nossa vida pelas nossas próprias decisões (Gl 6. 7-8).
Como um ser pessoal o homem é “livre” para fazer o que quer (de acordo
com sua natureza), mas não é livre para fazer algo que é contrário a sua
natureza. Com relação a vontade ser livre Wright declara: “Ela pode agir de
modo totalmente livre ao dar expressão ao caráter interior. Isto é, a vontade
pode ser livre na medida em que ela expressa livremente nossa natureza sem
7
ser autônoma ou agindo sem uma causa prévia”.
Podemos, portanto, entendermos que a liberdade é condicionada pela
capacidade e esta pode variar de acordo com estado (natureza) do homem.
Com relação a isto Hodge expõe o ensino de Agostinho e de muitos dos
agostinianos.
(1) A liberdade do homem antes da queda, era a capacidade de pecar ou não
pecar. (2) O estado do homem depois da queda, quando tem a liberdade de
pecar, porém não de praticar o bem. (3) o estado do homem no céu quando terá
liberdade para o bem, porém não para o mal. Esta última é a mais elevada forma
8
de liberdade.
Na declaração acima é omitida por Hodge o estado do homem depois da
regeneração, quanto a este estado podemos defini-lo da seguinte maneira
O estado do homem regenerado é aquele em que se pode agradar a Deus e
buscar as coisas espirituais. Agostinho diz que nessa condição o homem pode
não pecar (posse non peccare). Isso não significa, todavia, que o homem não
6
HOEKEMA, Anthony. Op. Cit. p. 17, nota 1.
7
WRIGHT, R. K. Mc Gregor.Op. cit. p. 55, nota 2.
8
HODGE, Charles. Teologia Sistemática. São Paulo: Editora Hagnos, 2001, p. 701.
4
peque mais, mas que ele foi liberto da escravidão do pecado que o influenciava
9
para o mal.
Verifiquemos que no primeiro estado a natureza do homem é pura. No
terceiro estado esta natureza redimida plenamente é aperfeiçoada de modo a
alcançar o ápice da verdadeira liberdade, que é a impossibilidade de praticar o
mau. Esta última é “a liberdade que pertence a Deus”.10 Porém, entre o inicio e
o fim, ou seja, no meio, o homem não regenerado peca livremente segundo
sua natureza e esta inabilitado de agir de modo contrário a essa natureza
pecaminosa.
Esta natureza pecaminosa teve sua origem após a queda, que se deu
depois que Adão tomou para si o fruto proibido. As conseqüências depois da
queda de Adão foram drásticas para toda a humanidade sem exceção.
Aconteceu o que Deus havia dito “... da árvore do conhecimento do bem e do
mal não comerás; porque no dia em que comeres, certamente morrerás”.11 De
acordo com Anglada:
As Escrituras também ensinam que Adão foi o cabeça representativo de todos
os seus descedentes. Todos nós estávamos representados nele. Assim, o seu
pecado é considerado nosso. Nele, todos somos culpados e condenados à
12
morte espiritual. Desde modo, o homem já nasce espiritualmente morto.
Quando utilizamos o termo queda, o que queremos dizer não é
simplesmente uma queda que poderia deixar o homem espiritual apenas
aleijado ou seriamente doente, mas sim que esta queda causou morte
espiritual, e que esta morte não se limitou a Adão, mas passou a todos os
homens, de modo que o Apóstolo Paulo nos diz “Portanto, assim como por um
só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a
morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram”. 13 O termo “total”
não significa que o homem é tão mal quanto poderia ser, ou que é impossível
para o homem qualquer ato benevolente, antes queremos dizer que o homem
9
CAVALCANTI, Carlos. A Soberania de Deus e o Livre-arbitrio. Disponivel em:
http://ubeblog.ning.com/group/grupodoscalvinistas
10
Ibid. p. 702.
11
Gênesis 2. 17
12
ANGLADA, Paulo. Calvinismo: as antigas doutrinas da graça. São Paulo: Editora Puritanos, 2000, p. 21.
13
Romanos 5. 12
5
foi maculado em todo o seu ser e não há uma faculdade humana em que não
habite o pecado. De acordo com Calvino:
Não teremos uma idéia adequada do domínio do pecado, a menos que nos
convençamos dele como algo que se estende a cada parte da alma, e
reconheçamos que tanto a mente quanto o coração humano se têm tornado
14
completamente corrompidos”.
Todas as faculdades humanas – sua mente, sua vontade... Estão
manchada pelo pecado. A Confissão de Westminster expõe o ensino bíblico da
seguinte maneira “e assim se tornaram mortos em pecado e inteiramente
corrompidos em todas as faculdades e partes do corpo e da alma”. 15
O ensino bíblico é de que o homem está morto para Deus, mas ativo para o
pecado (Ef. 2. 1-3), além disso ele é incapaz de deixar esta situação, pelo fato
dele esta morto. O homem é por natureza pecador, ele é pecador não porque
os seus atos o fazem pecador, mas porque nele habita o pecado desde sua
concepção, o passo seguinte de todo o homem é exteriorizar com frutos
pecaminoso a raiz pecaminosa que habita em seu coração (Mt 15. 19). A
natureza pecaminosa do homem impede que este se achegue a Cristo. Assim
como é impossível fazer com que um lobo se alimente de grama como uma
ovelha, por ele ter uma natureza carnívora, é impossível para o homem deixar
de alimentar seu apetite pecaminoso e se voltar a Deus (Jr 13. 23). Além do
mais, o homem sem Deus é escravo de sua própria vontade. Em sua
exposição do estado pecaminoso do homem o Apóstolo Paulo nos mostra o
terceiro fator que impõe uma força pecaminosa dominadora nos homens
alheios de Deus ele nos diz que vivíamos “segundo, as inclinações de nossa
carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos”. 16 No que tange a
escolhas no âmbito espiritual o homem é incapaz de agir contrário a sua
natureza pecaminosa. De modo que o homem vive ativamente contrário à lei
de Deus e, inabilitado de fazer algo de acordo com esta mesma lei.
O conceito de liberdade reformado admite a livre-agência que é a liberdade
que o homem tem para decidir questões triviais e questões fora do âmbito
14
CALVINO, João. O livro dos salmos V. 2. São Paulo: Edições Paracletos, 1999, p. 431.
15
Confissão de Fé de Westminster, VI, 2.
16
Efésios 2. 3
6
A critica arminiana
Para que possamos compreender a posição arminiana devemos considerar
seus princípios teológicos expostos no manifesto arminiano (The Remonstrance –
A objeção) que se opunha ao ensino reformado, que posteriormente irá causar o
nascedouro dos cinco pontos do calvinismo em resposta aos cinco pontos do
arminianismo exposto no manifesto. Segundo J. I. Packer, a teologia arminiana
originou-se de dois princípios filosóficos:
Primeiro, a soberania divina é incompatível com a liberdade humana e, portanto,
com a responsabilidade humana; segundo, a capacidade humana limita a
17
LUTERO, Martinho. Nascido Escravo. São Paulo: Editora Fiel, 2007, p. 32.
18
WELLS, Tom. Fé dom de Deus. São Paulo: PES, 1985, p. 39-40.
7
isso Olson enuncia, “Também acreditamos com Jacob Arminius e John Wesley
que a graça preveniente é a única base para a livre aceitação da graça salvadora
de Deus”.22 Quanto a graça preveniente, de início ela muito se assemelha ao
conceito reformado de graça comum, como veremos na primeira citação de
Wesley, porém percebemos um distanciamento do conceito reformado nas
citações posteriores. Esta graça vem antes da salvação e todos os homens a
recebem, segundo Wesley:
Todas as bênçãos que Deus tem concedido ao homem são de Sua simples
graça, doação ou favor; Seu favor gratuito imerecido; favor completamente
imerecido; não tendo o homem direito à menor de Suas misericórdias. Esta é a
graça gratuita que “formou o homem do pó da terra, e soprou nele uma alma
vivente e imprimiu em sua alma a imagem de Deus, e pôs todas as coisas sob
seus pés”.Esta mesma graça gratuita continua para nós nestes dias, vida,
respiração e todas as coisas. Não existe nada que somos, tenhamos ou façamos
que justifique a mínima coisa das mãos de Deus. “Todo nosso trabalho, Tu, ó
Deus, tens feito em nós”.Estas, portanto, são tantos mais exemplos de gratuita
misericórdia: qualquer integridade que possa ser achada no homem, isto
23
também é dom de Deus.
Segundo Cox:
Embora os Wesleyanos possam consentir que tudo o que é afirmado para a
graça comum pode também ser afirmado para a graça preveniente, todavia eles
defendem que o propósito primário da graça preveniente não é restringir o
pecado e dar bons desejos e bênçãos ao homem; esta graça é dada a fim de
24
levar os homens ao arrependimento e à salvação.
Wesley escreveu:
Por admitir que todas as almas dos homens estão mortas no pecado por
natureza, isto não justifica ninguém, visto que não existe nenhum homem no
estado de mera natureza; não existe nenhum homem, a não ser que tenha
extinguido o Espírito, que esteja absolutamente vazio da graça de Deus.
Nenhum homem vivo é inteiramente destituído do que é vulgarmente chamado
22 OLSON, Roger E. Não me odeie porque sou arminiano. Christianity Today, 6 de setembro de 1999. Disponível em
http://www.arminianismo.com/index.php?option=com_content&view=article&id=917:roger-e-olson-nao-me-odeie-porque-sou-
arminiano&catid=200:vol-43-nr-10&Itemid=100008
23
WESLEY, 1872. Apud COX, Leo G.
http://www.arminianismo.com/index.php?Itemid=100009&catid=173:vol-12-nr-3-verao-de-
1969&id=776:leo-g-cox-graca-preveniente-uma-visao-wesleyana&option=com_content&view=article#_ftn1
24
Ibid.
9
25
Ibid.
26
GEISLER, Norman. Eleitos mais livres. São Paulo: Editora Vida, 2005, p. 39.
27
Ibid.
10
dons, ele até mesmo escolhe crer deliberadamente antes de ser regenerado,
quanto a Deus ele abre mão de sua soberania para validar a livre escolha de suas
criaturas.
31
Wright
32
Anglada, p. 28.
33
GRUDEM. Wayne. Teologia Sistemática: atual e exaustiva. São Paulo: Editora Vida Nova, 1999, p. 408.
12
Bibliografia
CALVINO, João. O livro dos salmos V. 2. São Paulo: Edições Paracletos, 1999,
679 p.
GEISLER, Norman. Eleitos mais livres. São Paulo: Editora Vida, 2005, p. 318 p.
LUTERO, Martinho. Nascido Escravo. São Paulo: Editora Fiel, 2007, 101 p.
PACKER, J. I. Entre os gigantes de Deus. São Paulo: Editora Fiel, 1996, 389 p.