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Teresina – PI
Bárbara Ribeiro de Sousa, Bartolomeu Ferreira dos Santos Júnior, Camila Sousa Oliveira, Diêgo Nunes Araújo,
Jordan Joeslley Alves Marques, Marcos Antônio Tavares Lira, Raimundo da Silva Nunes Neto,
Tamires Silva Santos.
Universidade Federal do Piauí
Grupo de Sistemas de Energia Elétrica- GSEE
tamiressilvaberthelot@gmail.com
RESUMO: O grande desafio encontrado pelo sistema de geração de energia elétrica no Brasil e em outros países, é a
busca pela geração sustentável de energia. Com base nisso, este trabalho aborda o tema Geração Distribuída(GD), que
vem sendo difundida como um meio alternativo de obtenção de energia. Será abordada a evolução das regulamentações
referente à GD, bem como a sua atual situação com relação às normas que regem esse tipo de geração no Brasil. Além
do âmbito nacional, são mostrados os aspectos regulatórios definidos pela empresa distribuidora de energia elétrica do
estado do Piauí.
ABSTRACT: The major challenge faced by the power generation system in Brazil and other countries, is the search for
sustainable energy generation. Based on this, this paper addresses the topic Distributed Generation (DG), which has
been widespread as an alternative means of obtaining energy. It will look at the evolution of regulations related to GD,
and their current situation with regard to the rules governing this type of generation in Brazil. In addition to the national
level, the regulatory aspects defined by the distributor of electricity in the state of Piauí are shown.
INTRODUÇÃO
As fontes de produção de energia, fazendo parte de quase todas as atividades do nosso cotidiano, tornou o
homem dependente. Diante da enorme importância do setor energético, foram necessários avanços e mudanças ao longo
dos anos, que foram implementadas a fim de melhorar o serviço oferecido à população. O sistema energético passou por
vários modelos de estruturação até chegar ao modelo atual. O histórico mundial é constituído basicamente de três
momentos que constituem o progresso desse setor tendo em vista a crescente demanda por energia.
A primeira fase, teve início com a construção da indústria elétrica em 1879 até os anos 1930. Esse modelo era
constituído por um monopólio formado por empresas de geração local interconectada e de capital privado, que
contavam com um sistema de distribuição ineficiente por não haver regulamentação, tornando assim o serviço de má
qualidade. Todos os processos de produção de energia, geração, transmissão, distribuição, operação do sistema e
comercialização, eram executados por uma mesma empresa que caracterizava um sistema “verticalizado”, constituindo
um monopólio. O mundo passou por transformações políticas, econômicas e sociais, e com o declínio do liberalismo, o
estado se tornou o principal agente no desenvolvimento econômico, inclusive no setor energético. Com isso, surge por
volta de 1930 um novo sistema estrutural energético, que dura até a década de 90. Esse novo modelo era constituído de
monopólios verticalizados integralmente estatais e interconectados. O financiamento nos setores de energia era feito
com recursos públicos e, portanto, não havia competição e nem incentivo para o melhoramento e inovação dos sistemas
de geração empregados. Frente a isso, o estado sentiu a necessidade de dinamizar a situação do sistema elétrico do pais.
Surge então a terceira fase, a partir de 1993, que houve uma transferência do setor energético brasileiro do estado, para
as mãos de empresas privadas. Esse processo de reestruturação tinha como objetivo acabar com o sistema de
verticalização estatal. Medidas como comercialização de energia, financiamentos de origem pública e privada, etapas de
geração divididas entre as concessionárias, tiveram como objetivo aumentar a eficiência do sistema energético através
da competição, que levaram a implantação de avanços no setor. (Malaguti, 2009)
Órgãos regulamentadores
Implantada em 2004, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) é responsável pela
viabilização e gerenciamento da comercialização da energia elétrica no Brasil. É uma entidade sem fins lucrativos, e
financiada por empresas que compram e vendem energia no país. Ela, junto com outras instituições, atua em função do
setor elétrico brasileiro. A estrutura desse setor é formada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), que é
responsável por regular e fiscalizar os processos de produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia
elétrica; pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) que tem como função garantir a continuidade e
segurança de energia elétrica em todo território nacional; pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) que é
um órgão responsável por formular medidas que garantam o suprimento de insumos energéticos a todas as regiões do
país, incluindo as mais distantes; pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) responsável pelo estudo e pesquisa com
finalidade de melhorar o setor energético; pelo Ministério de Minas e Energia (MME) responsável pela condução das
políticas energéticas do país e pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) que tem a finalidade de administrar a
rede básica de transmissão de energia elétrica no Brasil.
Como foi dito, o conceito de Geração Distribuída (GD) no Brasil foi definido oficialmente a partir do Decreto
nº 5.163 no ano de 2004, e com o passar do tempo este conceito se tornou mais amplo, de forma que ele não se prende
apenas à definição inicial dada no decreto. Além dela, a GD pode ser considerada como a produção de energia elétrica
de qualquer fonte geradora, que alimente cargas próximas a sua geração, não sendo obrigatório o uso da rede de
transmissão da distribuidora. Da mesma forma que ocorreram alterações na definição de geração distribuída, as
principais medidas relacionadas ao processo desde a instalação até a finalização deste procedimento, também sofreram
mudanças.
Foi definido pela Resolução Normativa ANEEL n° 482/12, que Geração Distribuída é o sistema de produção
de energia elétrica conectado diretamente à rede de distribuição e instalado na própria unidade consumidora ou em sua
proximidade, que utilize fontes renováveis para a geração de energia elétrica. As modalidades de geração previstas são
as de fonte solar fotovoltaica, eólica, biomassa, cogeração qualificada e pequena central hidrelétrica. Essas modalidades
de geração incluem micro e minigeradores definidos pela potência instalada. Para microgeração o sistema deverá ter
uma potência máxima de 75kW, e para a minigeração o sistema deverá ter potência mínima de 75kW e máxima de
3MW para pequenas centrais hidrelétricas e 5MW para as demais fontes de geração. (Villalva, 2012)
Sistema de compensação
O sistema de compensação foi apresentado pela Resolução Normativa nº 482/2012, e funciona basicamente
como uma troca entre a distribuidora e a unidade consumidora com micro ou minigeração. Caso a energia produzida na
unidade consumidora seja maior que o consumo local, o excedente de energia elétrica é lançado na rede da
distribuidora, gerando um crédito de energia que poderá ser usado posteriormente quando a unidade necessitar de
energia da rede. Se a energia consumida for maior que a produzida, este pagará a diferença entre esses dois valores.
A mesma resolução que apresentou o Sistema de Compensação, afirma que essa energia excedente que é
injetada na rede de distribuição pela unidade consumidora, pode ser utilizada por um prazo de até 36 meses pelo
consumidor. Contudo, com a alteração através da Resolução Normativa nº 687/2015, esse prazo foi prolongado para até
60 meses após a injeção de energia excedente no sistema.
Cada ciclo de faturamento, de acordo com a Resolução Normativa nº414/2010, na fatura dos locais que
possuem micro ou minigeração distribuída devem conter dados como, o saldo anterior de créditos em kWh, a energia
elétrica ativa consumida e injetada, o total de créditos utilizados no ciclo de faturamento, o total de créditos expirados e
o saldo atualizado de créditos, dentre outros. Essas informações ajudam o consumidor a acompanhar de forma detalhada
os valores que envolvem a produção de energia elétrica em sua residência, podendo otimizar o consumo, de forma que a
economia de energia na unidade consumidora seja cada vez maior.
RESULTADOS
Desde que entrou em vigor a Resolução Normativa ANEEL nº 482/12, foram observadas mudanças
quantitativas com relação ao número de unidades geradoras no Brasil. A realidade brasileira começou a ser alterada
com os resultados obtidos a partir do ano de 2013, que ouve um elevado número de adesões ao sistema de GD. Já no
ano seguinte, o crescimento continuou acentuado, e no ano de 2015 houve um crescimento de 75% em relação ao ano
anterior. Essa crescente onda de implantação de centrais geradoras ocorreu logo após a adoção do sistema de
compensação. No gráfico abaixo, está expresso o progresso brasileiro nesse setor.
No Estado do Piauí, o número de centrais geradoras ainda é pouco notável quando comparado com outros
estados brasileiros. Minas Gerais é o estado que possui mais unidades produtoras, e no final de 2015, era o maior estado
produtor contendo 213 unidades conectadas à rede, correspondendo a 12% do total de unidades no país. Enquanto isso,
o Estado do Piauí representava menos de 1%.
Apesar de ainda ter poucos adeptos à geração distribuída no Estado do Piauí, o número de instalações continua
crescendo nesse setor, demonstrando reflexo do sistema de regulamentação nos números de instalações estaduais, como
também a nível nacional. Esse crescimento está expresso no gráfico abaixo, que demostra números do ano 2014 até
março de 2016. (Registro ANEEL, 2016)
Outro ponto dado como negativo foi o tempo para a conclusão de todas as etapas de instalação e conexão. Foi
obtido como tempo médio no Brasil a duração de seis meses e duas semanas, para a finalização de todas as etapas de
solicitações, inspeção e instalação. Quando comparado com outros países, o Brasil se enquadra em nível intermediário
com relação ao tempo de finalizar a conexão. Na Alemanha e Holanda, a duração é em média de três a sete semanas.
Além da rapidez desses países, os sistemas implantados possuem potência superior aos de países que levam mais tempo
para o fim dos processos.
PERSPECTIVA
O Brasil possui um longo caminho a percorrer e muitos desafios para superar quando se trata de geração
distribuída. Este é um país com enorme potencial para a implantação de geração por fontes renováveis, principalmente a
solar fotovoltaica. Segundo dados do MME, espera-se que até 2024 seja alcançada a marca de 1,23 milhões de unidades
geradoras, tendo em vista os reflexos das mudanças ocorridas nas regulamentações. Com o intuito de atrair mais
adeptos, o MME lançou o Programa de Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia Elétrica (ProGD), que visa
ampliar o interesse dos consumidores em aderir a produção de energia por meio de fontes renováveis, em especial a
solar fotovoltaica. Será investido mais de R$100 bilhões até 2030 nesse setor de geração, e neste mesmo ano é esperado
que se alcance o número de 2,7 milhões de unidades consumidoras produzindo sua própria
energia elétrica. Investimentos como esse, aumentam as expectativas de que no futuro a energia utilizada em
residências, comércios e indústrias seja quase que totalmente renovável.
CONCLUSÃO
Os dados expostos mostram que o mercado de Geração Distribuída no Brasil se encontra atrasado em relação a
outros países. Essa tecnologia chegou há pouco tempo e o acesso aos brasileiros ainda foi pouco disseminado, devido a
dificuldades legislativas e escassez em investimentos. Todavia, com a expansão dessa tecnologia junto à rede de
distribuição, o país impôs mudanças regulatórias que serviu de incentivo para a adoção desse sistema. Esse tipo de
geração veio como principal ferramenta para dinamizar o sistema de energia elétrica, que procura deixar um pouco de
lado a dependência por fontes convencionais, dando lugar a fontes alternativas e renováveis de geração.
Por ser um mercado novo, muito ainda tem que ser aperfeiçoado, tanto nas regulamentações, quanto na geração
de incentivo, de forma a tornar maior o interesse da população em adotar esse tipo de sistema. Além de melhorias
já aplicadas através do sistema de compensação, isenção de impostos na energia injetada pelo produtor, dentre outros,
ainda se pode fazer muito para melhorar a adesão dos consumidores. É possível citar como exemplos, incentivos fiscais
sobre todos os equipamentos utilizados na geração (principalmente nos de fonte solar que são os mais implantados
atualmente), a disponibilização de linhas de financiamento, diminuição do tempo que leva para o cumprimento de todas
as etapas de instalação do projeto, e também a divulgação dos benefícios de se produzir a própria energia, mostrando ao
consumidor o quanto de energia que ele iria economizar em longo prazo.
REFERÊNCIAS
DECLARAÇÃO DE RESPONSABILIDADE
Os autores Bárbara Ribeiro de Sousa, Bartolomeu Ferreira dos Santos Júnior, Camila Sousa Oliveira, Diêgo
Nunes Araújo, Jordan Joeslley Alves Marques, Marcos Antônio Tavares Lira, Raimundo da Silva Nunes Neto e
Tamires Silva Santos são os únicos responsáveis pelo material impresso nesse artigo.