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ENG 01156 – Mecânica - Aula 09 78

Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM

9. TRELIÇAS PLANAS

O material a seguir apresentado deve ser complementado com a leitura do HIBBELER


(capítulo 6) e BEER & JOHNSTON (capítulo 6).

9.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS

• Elementos esbeltos ligados uns aos outros através de rótulas em suas extremidades;
• Os elementos são normalmente de madeira ou de barras metálicas;
• As ligações entre os elementos são geralmente formadas pelo aparafusamento ou
soldagem, Fig. (9.1a) de suas extremidades em uma placa de reforço, ou ainda
simplesmente atravessando cada um dos elementos com um parafuso (9.1b). Estas
ligações são usualmente chamadas de nós;
• Todas as cargas atuam apenas nos nós. Quando for necessário considerar o peso das
barras, este pode ser substituído, de modo aproximado, por duas forças aplicadas nos nós,
valendo cada uma delas a metade do peso;
• Os elementos são unidos nos nós através de pinos lisos (o giro é livre). Esta hipótese é
satisfatória desde que os eixos geométricos dos elementos sejam concorrentes;
• As forças nas extremidades dos elementos devem ser orientadas segundo o eixo
geométrico do elemento;
• As treliças planas são montadas a partir da combinação de geometrias triangulares, ou seja
a forma mais simples de uma treliça é um triângulo.

a)

b)

Figura 9.1 – Tipos de ligações usadas em treliças.


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Exercício 1. Calcular as reações e as forças nas barras da treliça ilustrada na Fig. (9.2).
b/2

P
C

HA A B

VA VB

Figura 9.2 – Ilustração de uma treliça simples.

Solução: Para calcular as reações escreve-se as equações de equilíbrio externo.

∑ FX = 0 → HA = 0 ∑ FY = 0 → V A + VB = P

∑M A = 0
b P P
→ b ⋅ VB − P = 0 → VB = → VA =
2 2 2

Para calcular as forças que atuam nas barras pode-se romper as rótulas ou aplicar a condição de
momento nulo nas rótulas. Em ambos os casos considera-se que as forças nas barras têm as mesmas direções
geométricas destas conforme ilustrado na Fig. (9.3).

P FAC
C FBC
FBC

P/2 b P/2
h

FAB
P/2

Figura 9.3 – Diagrama de corpo livre dos elementos.

Apenas um dos elementos inclinados foi representado porque a treliça é simétrica. Considerando-se os diagramas
de corpo livre da Fig. (9.3) pode-se escrever

∑M A
AB b P P
= 0 → − b ⋅ FBC ⋅ sen α + P=0 → FBC = e por simetria FAC =
2 2 sen α 2 sen α

∑MC
AC b P Pb
= 0 → h ⋅ FAB − ⋅ = 0 → FAB =
2 2 4h
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9.2 MÉTODO DOS NÓS

O procedimento empregado no problema anterior se aplica bem a problema pequenos.


Uma alternativa a este procedimento é o método dos nós, o qual consiste basicamente em
representar o diagrama de corpo livre dos nós (rótulas) da treliça. Como a estrutura (treliça)
está em equilíbrio como um todo, então, cada uma das partes que a formam também deve
estar em equilíbrio isoladamente.
Aplicando-se o método dos nós ao exercício anterior fica

FAC ∑ FX = 0 → FA B − F AC cos α = 0 → FA B = F AC cos α (1)

A α
∑ FY = 0
P P
→ − F AC sen α = 0 → FAC = (2)
FAB 2 2 sen α
P/2

P P Pb
Substituindo-se (2) em (1) obtém-se F AB = cos α = =
FBC 2 sen α 2 tan α 4h
α
∑ FX = 0
P
B → F A B − FBC cos α = 0 → cos α = FBC cos α
FAB 2 sen α
P/2
P
FBC = cos α
2 sen α

Nota-se que cada nó produz duas equações de equilíbrio, que representam a condição
de equilíbrio de uma partícula.

Como identificar se um elemento (barra) está tracionado ou comprimido? A Fig (9.4a)


ilustra o caso de uma barra tracionada. Nota-se que as forças estão saindo do nó. Já no caso da
barra comprimida, Fig. (9.4b), as forças estão entrando no nó. Como a princípio não se sabe
se a força num elemento será de tração ou compressão, costuma-se considerar que todas as
forças são de tração. Com isto, as forças que forem de compressão terão como resultado um
valor negativo.

a)

b)

Figura 9.4 – Regra para identificação de elemento tracionado ou comprimido.

O método dos nós permite verificar por inspeção os casos mais comuns de elementos
com força nula. A Fig. (9.5) apresenta alguns casos usuais. Estes elementos com força nula
são normalmente empregados para tornar a treliça mais estável.
Uma regra útil para montar a seqüência de nós escolhida para o cálculo é escolher os
primeiros nós com no máximo duas incógnitas.
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Figura 9.5 – Exemplos de elementos com força nula.

9.3 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1) Calcular as reações nos vínculos e as forças que atuam em cada uma das barras da treliça
ilustrada na Fig. (9.6).

800 N

300 N 12 13

1m
300 N

F 8 G

5 7 9

1m
11
6 10
A 1 2 3 4
B
C D E

1m 1m 1m 1m

Figura 9.6 – Ilustração de uma treliça.

Solução: Como não há forças ativas na direção x, sabe-se que HA = 0. Como a treliça e o carregamento são
simétricos tem-se que VA = VB = 700 N. Para se calcular as forças que atuam nos elementos deve-se escolher um
conjunto de nós que facilite o cálculo. É importante levar em consideração que tanto a treliça como o
carregamento são simétricos. Logo, as forças nas barras simétricas também serão iguais.

F5
∑ FX = 0 → F1 + F5 cos 45° = 0 → F1 = − F5 cos 45°
A 45°
F1 ∑ FY = 0 → 700 + F5 sen 45° = 0 → F5 = −989,9 N → F1 = 700 N

700 N Por simetria F11 = F5 e F4 = F1.

∑ FX = 0 → F2 = 700 N
F6 F
700 N
∑ FY = 0
2
→ F6 = 0 conforme Fig. (9.5).

Por simetria F10 = F6 e F2 = F3.


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300 N ∑ FX = 0 → 989,9 cos 45° + F12 cos 45° + F7 cos 45° = 0


F12
F12 = − F7 − 989,9 (1)

∑ FY = 0
989,9 N F7
→ − 300 + 989,9 sen 45° + F12 sen 45° − F7 sen 45° = 0
0
399,96 + 0,707(− F7 − 989,9 ) − 0,707 F7 = 0 → F7 = −212,2 N

F12 = -777,8 N e por simetria F13 = F12 e F7 = F9.

800 N

H ∑ FY = 0 → − 800 − F8 + 2 ⋅ 777,8 ⋅ cos 45° = 0


777,8 N 777,8 N
F8 = 300 N
F8

A figura (9.7) ilustra em destaque os elementos da treliça que estão submetidos a compressão. Nas disciplinas
seguintes se verá que estes elementos têm um critério de dimensionamento distinto dos elementos submetidos a
força de tração.

800 N
0
H

300 N 12 13

1m
300 N

F 8 G

5 7 9
1m

11
6 10
1 2 3 4
B
C D E

1m 1m 1m 1m

Figura 9.7 – Representação dos elementos submetidos às forças de compressão.

2) Aplicando o método dos nós, determine as forças que atuam nas barras A, B e C.

D
Solução: Como deve ser aplicado o método dos 3
nós é interessante nomear os nós que serão
1,5 m

adotados na solução. 6 kN 6 kN 6 kN C
Fazendo-se o diagrama de corpo livre para o nó
1 tem-se que FB = 0. 2
1,5 m

A
B
1 G
FB
F2 1 F3
2m 2m 2m

Fazendo-se o diagrama de corpo livre para o nó


2 tem-se
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1,5
6 kN tan α = → α = 36,87
2
2
α
∑ Fy = 0 → − 6 + FA A sen 36,87 = 0 → FA = 10 kN

FA
E para o nó 3 tem-se
2
VD tan β = → β = 53,13
1,5
HD

H
FC 3 Fx = 0 → − FC sen 53,13 + H D = 0 → FC = D
0,8
β F4
A reação horizontal HD é calculada fazendo-se

M z = 0 → + 6 ⋅ 6 + 6 ⋅ 4 + 6 ⋅ 2 − H D = 0 → H D = 24 kN e FC = 30 kN
G

9.4 EXERCÍCIO PROPOSTO

1) Determine a maior massa m do bloco suspenso de modo que a força em qualquer elemento
não ultrapasse 30 kN (tração) ou 25 kN (compressão). (HIBBELER – 6.15)

0,1 m
D

E
3,5 m

F
C

B
2,5 m

A
6m

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