Às 23:30 da noite, de uma quarta-feira solitária, dirigindo pelas ruas, havia um
homem chamado Stephen Johannes. Ele dirigia um Chevrolet Sonic há algumas ruas da sua casa. Trabalhava como um operário numa fábrica próxima, e havia sido dispensado para sua casa. Estava cansado e suado, porém não podia ligar o ar-condicionado, o carro tinha pouco combustível. O rádio estava ligado numa rádio de músicas antigas. Adorava ouvir coisas velhas, lembrava da época que era realizado na vida. No momento, tocava B-A-B-Y, de Carla Thomas. Baby, ooh baby I love to call you baby Baby, oh oh baby I love for you to call me baby Então, um pouco mais atrás de seu veículo, se viam feixes de luz azuis e vermelho em cima de um carro preto. Seu sangue gelou. Não queria ser parado pela polícia de novo. Já teve inúmeros problemas com eles. Ele só queria ser deixado em paz agora. Bom, como a polícia estava atrás dele, ele foi obrigado a encostar o carro. O policial saia do carro, e se dirigiu ao banco do passageiro de Stephen. – Senhor, poderia ver sua habilitação? – perguntou com uma voz grave Stephen virou a cabeça. O agente da lei era um homem grande, gordo e negro. Tinha um cavanhaque escuro e sujo. Seu uniforme azul escuro projetava seriedade e opressão. Carregava no coldre uma pistola, e tinha olhos azuis como o mar grego. Stephen sentia sua boca com gosto de ódio. – Certo... – Começou a suar frio. Abriu o porta luvas e pegou sua carteira de motorista. Porém, um objeto suspeito apareceu ao campo de visão do policial assim que o porta luvas se fechava. Lá havia uma máscara branca, com detalhes verdes embaixo do buraco dos olhos. Sua cabeça agora entrou em alerta. Ele pegou a habilitação de Stephen, e checou. Não havia nada de anormal, tudo dentro de prazos e regulamentos. – Senhor, eu preciso checar algumas informações no nosso banco de dados – Disse o guarda firmemente – Entendido, senhor... – Disse Stephen, com um sorriso amarelo. O policial andou para o seu carro, abriu sua porta e se sentou no banco. Olhou pelo para-brisa, e viu um adesivo na porta do porta-malas de Stephen. Era um adesivo de uma lona de circo. Resolveu que era o momento de chamar por reforços. Pegou o rádio e ajustou a frequência. – Atenção, central, algum oficial disponível? – O oficial Harding está. Qual a situação, oficial? – Achei um indivíduo suspeito. Ele tem um adesivo d’O Circo no porta malas, e aparentemente ele tem uma máscara de palhaço no porta-luvas. – Você tem certeza, oficial? – Sim – Na verdade não tinha, mas é melhor prevenir, nunca se sabe – Poderia enviar o oficial Harding? – Estamos providenciando. Qual é a placa do carro do suspeito? – BIH23... E de repente, um estrondo semelhante a uma turbina de avião começou a alvejar o vidro do para-brisa. O vidro começou a se despedaçar, e cacos caíram sobre o banco e o oficial. Stephen estava do lado de fora, usando uma máscara de palhaço, com sombras verdes embaixo dos olhos, e com detalhes vermelhos de batom nos lábios. Ele segurava uma submetralhadora, que alvejava o carro com ódio e raiva. Stephen então mirou mais precisamente no oficial, acertando uma rajada em seu peito, o fazendo se contorcer e urrar de dor. E as últimas palavras ouvidas pelo oficial foram: – Morre, macaco filho da puta!!! Stephen chegou próximo do carro, pegou sua habilitação da mão do oficial, e saiu dirigindo em direção a sua casa. Sem medo, sem remorso, sem nenhum sentimento. Somente frieza e orgulho. Até desligou o rádio, para apreciar melhor esse deleite. Sabia (ou melhor, achava que sabia) que estava livrando o mundo de uma pessoa incompetente e inferior. Após alguns minutos, ele chegou a sua casa, nos subúrbios de Gotham City. Era um lugar que Stevie achava que Deus havia esquecido, e achava que talvez só ele pudesse trazer paz e sanidade a essa horrível sarjeta. Estacionou em frente a sua garagem, entrou em sua casa, que mais parecia um bunker nuclear, e sentou-se no sofá, cansado. Pensou em já ir para a cama, mas tinha gente que precisava falar antes disso. Ele pegou seu celular, já meio cansado, porém funcional, e abre seu WhatsApp. Era um dos poucos lugares que parecia que ele tinha voz. Ele estava em um grupo que se originou de um fórum que fazia parte. Era um fórum de pessoas que pensavam como ele, e esse grupo era exclusivo para pessoas de Gotham. Entrou no grupo e viu que estavam conversando sobre as recentes ondas de imigração para a cidade. ~Joseph~: Esses macacos fodidos tão ficando mais frequentes ~Joseph~: Tem um mercado aqui na minha vizinhança cheio deles ~Joseph~: Vieram tudo de Central esses filhos do diabo ~Stephen C~: Gente, preciso anunciar ~Stephen C~: Abati um hoje Os integrantes se exaltaram. A felicidade deles pela morte de um ser humano era tal qual uma criança recebendo um brinquedo novo. Stephen foi parabenizado por isso pelo resto da noite. E, não demorou muito para ser inclusive notado pelo Administrador do grupo, lhe enviando a seguinte mensagem no particular. ~Johannes~: Meus parabéns, integrante Stephen. Você está fazendo um grande progresso pela nossa causa. Stephen, completamente sem graça, replicou: ~Stephen C~: Obrigado Grão-mestre ~Johannes~: O agradecimento é meu ~Johannes~: Lá no grupo, vou organizar um ataque em massa para daqui uma semana. ~Johannes~: Gostaria que você liderasse o ataque, junto com mais um dos nossos integrantes ~Johannes~: Você aceitaria? Stephen foi pego de surpresa. Ele vai participar como líder em um ataque organizado contra os diabólicos. Ele se encontra besta, rindo em deleite e delírio. ~Stephen C~: CLARO! ~Johannes~: Fico feliz em ouvir isso, Stephen ~Johannes~: Amanhã decidimos os detalhes direito ~Stephen C~: Certo, Grão-mestre Stephen então se levantou e foi em direção à cama. Conseguia ouvir seus vizinhos do andar de cima fazendo amor de lá. Odiava isso. A pior parte era que a vizinha era bonita, pena que o namorado a fazia fazer todos esses barulhos estranhos, o que deixava Stephen instável. Ele nunca teve uma boa relação com o sexo como um todo. Nunca teve uma namorada ou parceira, nunca foi alguém que ficou muito no radar. As únicas vezes que fez foram com prostitutas, o que na cabeça dele (e da sociedade) acabava meio que o desqualificando. Stephen sentia ódio disso tudo, não entendia por que ninguém o queria. Isso, claro, até entrar para O Circo. Capítulo 2: Fogo na noite Em uma pequena e quieta casa, em uma vizinhança tranquila em Gotham City, Bella estava lavando sua louça, ao som de músicas dos anos 60. A janta havia sido boa, tinha feito Macarrão com Queijo, a comida favorita de seu marido e filho. Bella era casada com Jonathan, um jovem professor de física que dava aula em uma escola de ensino médio. Se conheciam faziam 15 anos, sendo 7 de casado e 10 morando junto. Dentro desses 15 anos, os últimos 5 foram relativamente mais intensos, por agora ter a presença de seu pequeno filho. Seu nome era Daniel, e ele era a pessoa mais feliz que Bella havia conhecido. Quase sempre ele estava sorrindo, pulando, brincando, rindo. Agora estava em idade pré-escolar, o que a preocupava, mas que não estavam sendo problemas para ele. Sempre voltava feliz, e tinha vários amigos. Bella havia decidido focar no filho desde seu nascimento, abandonando seu trabalho numa agência de publicidade e vivendo agora de trabalhos freelancer que fazia quando Dan estava na escola. Não era particularmente lucrativo ou desafiador, mas era uma boa renda extra, já que professor de física não era o trabalho mais bem pago do mercado. Isso deprimia um pouco Jonathan, que amava sua profissão, mas sentia que não conseguia trazer conforto o bastante para sua família. Mas, para todos esses pensamentos ruins, Bella estava lá para dar umas chacoalhadas nele e fazê-lo perceber que tê-lo por perto era o maior conforto que ela podia querer, e isso sempre deixava um sorriso em sua face. Eles não precisavam ser ricos para serem felizes, eles podiam viver felizes sendo eles mesmos. Apesar de, recentemente, ser eles mesmos andava sendo perigoso também, pois os três familiares eram negros. Esses ataques racistas dos últimos meses davam calafrios neles, especialmente em Jonathan. Ele sabia da dureza que era o mundo real, e se sentia mal em ver que seu filho iria viver em um mundo tão ruim, ou até pior, do que o que ele viveu quando jovem. Claro, Bella conseguia confortá-lo, mas o medo também a sufocava. Morria de medo de qualquer um deles sair de casa e nunca mais voltar, fazendo toda rotina diária ser um salto de fé. Era bem conhecido pela mídia quem fazia isso. Os noticiários falavam todos a mesma coisa, era uma espécie de culto chamado de “O Circo”. De onde esse grupo surgiu, e como entrar nele eram um mistério que os policiais não conseguiram desvendar. Porém, todo ataque deles eram sempre sangrento e espalhafatoso, e 100% das vezes com homens e mulheres negras. Às vezes, havia ataques mais organizados, para atacar um grupo específico de pessoas, normalmente negros universitários de bairros de classe média, que sempre terminavam com um cartaz com os dizeres “Deus enviou o Circo para a libertação” sobre uma pilha de cadáveres moles e desfigurados. A polícia de Gotham até hoje não havia capturado nenhum deles vivo, eles conseguiam sempre escapar, mas caso fossem pegos, tinham cianeto de potássio escondido na boca, permitindo suicídio instantâneo, e por consequência nenhuma informação vazaria. Até aonde fora divulgado, não havia envolvimento do Batman na investigação. Bella sabia de todas essas informações praticamente de trás para frente. Não fazia bem para ela, porém ela sabia que se manter informada era o melhor jeito de se prevenir de futuros ataques, e de talvez evitar algum. Ela muitas vezes se encontrava pensando nisso tudo, mas sabia que o melhor era focar no agora e de como as coisas estavam felizes. Ao acabar de lavar a louça, Bella foi até a sala para ler um pouco. Olhou no relógio, já eram 21:40. Em breve teria que ir dormir, não podia acordar tarde durante a semana, o filho dependia dela para acordar, e ele tinha um sono bem pesado. Sentou-se na poltrona roxa florida, que era o seu local favorito da casa, e retornou a ler seu exemplar de Escuridão Total sem Estrelas. Bella amava ler. Ela se apaixonou por isso desde que era criança, após ler Alice no País das Maravilhas, e nunca mais parou. Atualmente seus autores favoritos eram Stephen King e Neil Gaiman, por toda a emoção sentida em seus momentos como leitora. Adoraria criar o hábito de ler em Daniel, mas nunca sabia direito como abordá- lo sem impor, então resolveu esperar ele fazer uns sete anos para voltar a focar nisso. Ela era meio carrancuda, mas sempre tentava ser a pessoa mais pacífica possível quando se tratava de maternidade, não queria traumatizá-lo como sua mãe fez com ela. Em meio a essa enxurrada de palavras e sentimentos que todo livro proporciona, um barulho ao fundo a desconcentrou. Achava que poderia ser o vento de início, porém era um som metálico, rígido, de algo raspando ou cortando alguma coisa. Não era possível fazer esse som sem uma pessoa. A onda sonora vinha de sua porta, as essas horas trancada, e parecia que ficava mais agressivo a cada passo que ela dava em direção a entrada de sua casa. Quando, subitamente, o barulho estranho se encerrou com um baque mais grave e ressoante, fazendo a porta se abrir para dentro, assustando Bella, e revelando uma silhueta preta, com uma máscara branca de palhaço, com uma serra de arco em sua mão. E Bella percebeu ali, que todas as suas paranoias haviam se realizado. E isso ocasionou nela berrar de medo, com o homem palhaço a 5 metros a sua frente. Seu marido e filho, que não ouviram a maior parte dos barulhos da porta, não conseguiram ignorar o grito desesperado de sua familiar. Daniel, que estava brincando inocentemente com seus brinquedos no andar de cima, levantou e foi sutilmente a porta, para ver se havia algo que era visível perto das escadas, mas a única coisa que viu foi seu pai, as pressas e ao pavor, saindo de seu quarto e correndo até a escada enquanto gritava do fundo dos pulmões “Bella!”. O homem palhaço, no andar de baixo, encarava sua vítima. Estava também um pouco espantado, mas já sabia o que fazer nessas horas. Havia um revólver .38 no seu coldre, e não hesitou em puxá-lo e apontar no rosto de sua (agora) refém. Ele então correu, enquanto Bella seguia andando para trás, suando frio e chorando. Ela adoraria gritar de novo e alertar sua família, mas o desespero trancou suas cordas vocais, e agora ela estava muda. O homem palhaço a prendeu na parede, a agarrando pelo colarinho da camiseta, apontando o .38 na sua bochecha, e berrou: – Calada, sua puta negra! As lágrimas escorriam com mais força, e ela começou a soluçar. O homem palhaço a pressionou com mais força, e puxou o tambor da arma para demonstrar dominância. Enquanto isso, Jonathan descia as escadas e via o homem vestido de preto apertando sua mulher contra a parede, e seu pânico piorou. Achava que se fossem vítimas de um ataque d’O Circo seria na rua, não em sua própria casa. Ele agilizou e chegou ao chão, e lentamente tentou se aproximar de sua esposa. – Por favor, não a machuque! – Disse Jonathan, apavorado e com sangue quente. O homem palhaço, ainda a segurando pelo colarinho, a jogou no chão em direção a Jonathan. E então, puxou o gatilho, acertando Bella no joelho. E Daniel viu isso da escada, e não teve coragem de gritar. Nunca havia visto algo que houvesse machucado sua mãe, e isso o acertou como um golpe de espada. Sua mãe sempre lhe havia sido a pessoa mais forte do mundo, sempre aguentando e auxiliando ele em todos os sentidos possíveis. Seja com lições de casa, com arranhões nas pernas ou com dores de barriga. E agora, lá estava ela, caída e alvejada, chorando em dor. Daniel não conseguiu fazer outra coisa senão congelar. Ele não conseguia subir ou descer as escadas, ou pegar o telefone e chamar por ajuda, ou simplesmente fugir e se esconder. O desespero travou seus músculos, e Daniel não sabia se eles poderiam ser destravados novamente. – Para o sofá! – diz o homem palhaço, apontando para o móvel. Bella se levantou mancando, e junto com seu cônjuge, foi ao sofá. O andar de baixo da casa era bem usual. A fachada dela tinha a porta, a qual se entrava, ao lado de uma janela cortinada. Ao se entrar pela porta, havia um móvel, e a direita, o sofá. Se você seguisse, encontraria uma poltrona ao lado do sofá, e um hall enorme vazio, que levava para uma escada, ou para um corredor que guiava para a cozinha e um lavabo. O homem palhaço havia se sentado na poltrona, que não permitia que se visse a escada, ela te deixava de costas para ela. E, de lá, Dan estava invisível, não que ele conseguisse pensar nisso agora. Jonathan, extremamente apavorado com a situação toda, viu seu filho no meio da escada, e isso se tornou um agravante para seus pavores. E isso gerou uma das piores decisões que pode tomar. – Você vai nos matar, não é? – Perguntou Jonathan – Eu vou fazer o que? – Replicou o homem palhaço, rindo sarcasticamente em seguida Bella estava inconsolável. Ela sabia que ia morrer. Não conseguiu ver o filho como o seu marido, a escada estava escura e sua visão era como um borrão por causa das lágrimas de pânico. E a dor que sentia em sua perna era praticamente indescritível. Era como se tivesse uma faca quente esfriando suavemente sobre seus ossos. Ela sequer quer tentar falar, sabe que vai piorar. Bella só aceitou o inevitável. Dan, inconscientemente, começou a se levantar. Lentamente, e evitando fazer barulho. O pânico ainda estava instaurado em seu corpo. Mas, ele desceu a escada. Ele não sabe direito o que lhe motiva, mas o que é o inconsciente se não algo que nos perturba pelas coisas que ele nos faz sentir. Ele, talvez, só queria ver sua mãe de perto pela última vez, e poder chorar a seu lado, então aguentou suas lágrimas de pânico e caminhou até os últimos degraus da escada. – Você vai matar a gente, é-é isso? – Gaguejou Jonathan Jonathan viu a movimentação do filho pela escada, então começou a conversar com o assassino. Ele queria tentar atrair toda a atenção para si, e que o filho se escondesse para ser poupado. Claro, não era algo que sua mulher e filho sabiam ou tinham como saber, mas ele fez aqui o que sempre fez em sua vida, o que o prejudicava para ajudar os outros. Ele fez tanto isso que já era segunda natureza, por isso faz até em momentos de pavor extremo. – Matar vocês? – Disse o homem palhaço e riu – Eu não estou aqui para matar vocês. – Então o que você... Nesse exato instante, o homem palhaço puxou sua .38 e atirou, de forma fria e seca, na barriga de Bella, cortando a fala de Jonathan e fazendo Bella urrar de dor. – Desculpe, eu quebrei sua concentração? – disse o homem palhaço Jonathan gaguejava e balbuciava. Sua mulher havia sido baleada duas vezes em menos de 5 minutos, e não havia nada que ele pudesse fazer para impedir. Essa imponência o corroía por dentro, e saber que seu filho estava vendo isso tudo o deixava ainda pior. Tinha medo de dizer alguma coisa para alertar o filho e acabar fazendo mais uma vítima. Do seu lado, sua mulher só sentia dor e soluçava. Ela segurava sua barriga com as mãos, tentando estancar o sangramento. Não adiantava de muita coisa, mas em meio ao desespero, valia tentar qualquer coisa. A dor era insuportável, e sua visão não conseguia mais distinguir um objeto de outro. Ela confirmava sua suspeita, ela ia morrer ali, na mão da maior escória do mundo. – Você não quer continuar a falar? – Perguntou o homem palhaço, enquanto recarregava a arma – Você estava perguntando sobre o que eu faria, não estava? O homem assentiu com a cabeça, enquanto uma lágrima escorria de seu olho. – Bom, eu não estou aqui para matar vocês. Eu estou aqui para fazer vocês sofrerem, para fazer vocês sentirem dor. Eu irei machucar vocês, depois arrancar suas cabeças e então pendurar do lado de fora da casa. Pois você precisam pagar pelo pecado da inferioridade, e saber que nós, os puros de coração e seguidores de Deus, não admitimos fraqueza ao nosso redor. Entendeu, macaquinho? Jonathan ficava mais vermelho e as lágrimas caiam de uma a uma. Dan, ao fundo, vendo todo esse discurso, entendeu tudo. Era o fim, não havia escapatória. O que ele podia fazer, era apenas esperar o palhaço virar para trás e então morrer dolorosamente. Acabou. O homem palhaço, lentamente, se levantou, dirigiu-se a mulher negra sentada a sua frente, ergueu a mão e a esmurrou. A socou com o ódio de mil homens. Seu rosto lentamente se desfigurou, e Bella se debatia em agonia. No meio disso tudo, com medo de Jonathan ousar reagir, o homem palhaço pegou sua arma e atirou em seu joelho. Ele disse que “isso é um aviso”, e continuou a espancar a negra. Bella, conforme recebia todo esse tratamento sanguinolento, berrava e chorava. Não conseguia levantar a mão, pois sentia muita dor pela barriga, e forçou tanto a mão ali para aliviá-la que elas simplesmente não respondiam. Ela, conforme as pesadas mãos do psicopata a atingiam, parou de sentir dor, e passou a não sentir nada. A certeza da morte havia lhe deixado imponente, e foi nessa imponência que ela faleceu, brutalmente, lentamente, com dor e agonia. Jonathan não sabia nem como se sentir. Saber que toda a ajuda de Bella ao longo da sua vida, todos os carinhos e bons momentos, simplesmente estavam prestes a acabar, e que ele não podia fazer nada, era agoniante. Ele preferia ter morrido no lugar dela, mas ele sabia que a vida não era justa. Chorava desenfreadamente, e chorou ainda mais quando olhou ao seu filho na escadaria, em posição fetal, mudo, e com rosto ruborizado de culpa e choro. Enfim, após de 5 minutos de espancamento contínuo, o homem palhaço parou. – Já dei o que tinha que dar – Disse, rindo calorosamente. O cadáver de Bella caiu no sofá, o manchando de sangue. Sua face havia virado um purê de tripas e ossos, tendo sido tudo desfigurado. – Uma vez me disseram – continuou o homem palhaço – que os negros eram difíceis de se bater porque eles tinham carne dura. Eu discordo, sempre achei suas carnes macias como um saboroso filé mignon. O palhaço puxou sua arma, e atirou bem na testa de Jonathan. Estava cansado de tanto martelar a preta, então simplesmente quis por um fim naquilo. Eles já haviam sofrido o suficiente. E então, ao pressionar o gatilho, reparou em um pequeno vulto da escada. Ao som do cadáver caindo em direção ao chão, o homem olhou em direção a escada e viu um pequeno chorão calado, e suavemente riu. – Olá, meu pequeno amaldiçoado. Vou te levar para um lugar longe e acolhedor – Levantou a arma e mirou em Dan – Vai doer, mas é para o bem de todos.