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ANÁLISE BREVE SOBRE A FOTOGRAFIA DE CLAUDIA ANDUJAR,

“PERTO DO RIO CATRIMANI”.

Gustavo Meca

(Perto do rio Catrimani - Foto © Claudia Andujar)

A imagem de Claudia Andujar traz diversos elementos formais, conceituais e estéticos que
engrandecem e compõem o que a fotografia tem a contemplar, em todas as suas análises.
Dessa forma, partindo-se dos elementos mais formais e técnicos, é possível notar
características pontuais nessa imagem, os realces e os brancos são mais evidenciados,
enquanto as sombras e os pretos não, além disso, os leves "borrões" observados na luz
apresentam uma foto com longa exposição, para captura deste efeito. Ainda sobre a
iluminação, vê-se a utilização de uma luz natural, proveniente de fora da oca, que atinge tanto
a parte traseira do objeto da cena, formando assim uma contraluz, quanto a parte acima dele,
formando uma luz zenital, essa luz, também, causa um direcionamento no olhar ao ser focada
tanto no menino quanto em partes de maior abertura da oca. Sobre isso, a foto segue a regra
dos terços, posicionando o menino no terço da direita, além de ser enquadrada em um plano
geral, com espaços acima da cabeça dele, e abaixo dos pés, mostrando grande parte do
"cenário" em que ele se situa. Por fim, a fotografia é uma imagem desbalanceada, no sentido
da composição.

Além disso, a fotografia, na linguagem literal, apresenta um menino indígena, em uma oca,
muito maior que ele, com bastante atenção às luzes direcionadas, assim, conotativamente, a
importância do menino se vê muito presente. Claudia Andujar, autora das fotos, é uma
fotógrafa muito ligada a cultura indígena e a sua defesa, portanto é coerente analisar o fato da
oca ser uma estrutura grande e imponente nessa imagem, porém, apesar disso, o menino, ao
ter a sua atenção principal, por causa das técnicas de composição, luz e enquadramento, não e
apresenta "intimidado", mostrando a sua própria grandiosidade e a da sua cultura. Não é visto
nada de fora, apenas luzes fortes e realçadas, que adentram a estrutura, esta, muito escura e
grandiosa, já o mundo, para o menino, pode talvez ser um misterioso, algo embaçado e
incerto, mas que sempre está regindo-o, iluminando-e, a ponto de justificar a sua real
importância, para a sua comunidade e para as outras. Toda a formalidade, o conceito e a
essencial dessa fotografia é contemplada no seu sentido, formando, assim, uma narrativa.
Mesmo que não muito claro, há sempre um contexto e uma história naquilo que uma imagem
quer significar, essa foto tem várias, porém, o retrato indígena, na sua essência, é muito
evidenciado.

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