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da pré-história à modernidade
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A sociedade ocidental contemporânea é o resultado de um longo processo histórico.
As transformações sociais ocorrem por meio de mudanças nos sistemas econômicos,
pelas alterações nas relações políticas, pela emergência de novas crenças e valores,
mas, sobretudo, pelas modificações nos paradigmas das ciências.
O termo paradigma tem sua origem da palavra grega parádeima que significa modelo
ou padrão. Os paradigmas funcionam como uma lente através da qual os seres
humanos compreendem a realidade. Por meio dessa lente pode-se distinguir entre
o certo e o errado, o verdadeiro e o falso, o que é aceito ou não pela comunidade
científica e a população em geral. Apesar da maioria das pessoas não ter o costume
de refletir sobre os paradigmas da ciência, a ciência embasa nosso modo de viver na
atualidade (VASCONCELOS, 2002; BEHRENS; OLIARI, 2007).
No âmbito dos estudos da história das ciências, o físico Thomas Kuhn (1922-1996) foi
um dos primeiros autores a reconhecer o papel desempenhado pelos paradigmas na
pesquisa científica. Para Kuhn (2001, p. 13), paradigmas são “as realizações científicas
universalmente reconhecidas que, durante algum tempo, fornecem problemas e
soluções modelares para uma comunidade de praticantes de ciência.” O autor
destaca, ainda, que os paradigmas são o conjunto de crenças e valores subjacentes
à prática científica. Quando os fenômenos não se encaixam dentro de determinado
paradigma científico, ocorrem as anomalias, responsáveis pela crise na ciência. Trata-
se do surgimento de uma autêntica revolução científica que gera novas descobertas e
novos modelos paradigmáticos (KUHN, 2001; BEHRENS; OLIARI, 2007).
Nesse período, surgem filósofos como Sócrates (469-399 a.C.), Platão (427-347 a. C.)
e Aristóteles (384-322 a. C.). O primeiro acreditava na supremacia da argumentação
e do diálogo. Foi responsável pela criação do método maiêutico, uma técnica que
pressupõe que a verdade está latente em todo o ser humano, podendo vir à tona na
medida em que se responde a uma série de perguntas simples, porém, perspicazes.
Sócrates é, ainda hoje, um grande influenciador nos campos da epistemologia e da
lógica. A autorreflexão “conhece-te a ti mesmo” é atribuída ao filósofo grego que,
originalmente, não deixou obras escritas, sendo a sua filosofia conhecida através das
obras de Platão, Aristófanes e Xenofonte (PLATÃO, 1972; RUSSELL, 2004). Platão,
discípulo de Sócrates, propôs o Idealismo, método no qual os mundos das ideias, do
intelecto e da razão constituíam a verdadeira realidade. Foi o fundador da Academia,
uma instituição de ensino voltada às investigações científicas e, ao mesmo tempo,
um centro de preparação para a política como busca da verdade e da justiça. Por sua
vez, Aristóteles desenvolveu a lógica, defendendo o intelecto e a reflexão como as
fontes principais de conhecimento (RUSSELL, 2004). De fato, segundo Appolinário
(2012), Aristóteles destacou a supremacia da razão sobre os sentidos ao criar a base
da ciência do discurso dividida em quatro eixos: a poética, a retórica, a dialética e a
analítica que, hoje, denominamos lógica.
De acordo com Japiassú (1995), Francis Bacon (1561-1626) mesmo não sendo um
cientista, foi um importante pensador ao traçar as linhas fundamentais da ciência
moderna. Suas contribuições foram fundamentais para a emergência do novo
paradigma. Para Bacon, a ciência deveria contribuir para a melhoria das condições de
vida do ser humano. Contudo, o filósofo inglês considerava que o conhecimento em si
não possuía nenhum valor, mas apenas os resultados práticos que dele emanavam.
Em uma de suas obras - Novum Organum - Bacon defendeu a tese de que o princípio
de todo o conhecimento era a observação da natureza. Entretanto, a observação
deveria ser livre de certos preconceitos, os quais ele denominou ídolos. Trata-se de
uma importante contribuição científica, pois Bacon inseriu pela primeira vez uma teoria
do erro, ou seja, a ideia de que o método deveria ser desenvolvido a partir de uma
preocupação permanente com sua integridade. A primeira conclusão
A criação do método indutivo foi outra grande contribuição de Francis Bacon. A partir
de uma observação rigorosa dos fatos individuais, o cientista elabora a classificação
dos fenômenos para em seguida determinar suas causas, por meio de experimentos.
Trata-se, portanto, da definição de uma conclusão geral, a partir da observação de
uma série de fatos particulares.
TEMA
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A história do pensamento científico, os modelos paradigmáticos vigentes, as crises e
revoluções na ciência integram uma jornada impressionante e maravilhosa da nossa
civilização. Olhar para o passado e traçar as características fundamentais dos
paradigmas da ciência e das diferentes teorias do conhecimento não são tarefas
simples. De fato, a história da ciência é muito mais rica e complexa do que esse
capítulo consegue revelar.
REFERÊNCIAS
KUHN, Thomas. A estrutura das revoluções científicas. 16. ed. São Paulo:
Perspectiva, 2001.
JAPIASSÚ, Hilton. Francis Bacon: o profeta da ciência moderna. São Paulo: Letras
e Letras, 1995.