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A história da vida de São

Luís Maria Grignion de


Montfort
S. LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT

A história de sua vida no-lo mostra


continuadamente apaixonado pelos encantos da
Virgem Santíssima, vivendo sob a sua dependência,
entregando-se a Ela de corpo e alma, e buscando
receber tudo da sua mão maternal, para, por meio
dela, elevar-se à mais alta santidade. O ideal de
Montfort é conduzir as almas a Jesus Cristo por
Maria.

São Luís Maria Grignion de Montfort

I. A infância de São Luís

Em vez de procurar os brinquedos próprios de sua idade,


retirava-se num lugar solitário para meditar, ou recitar o
terço diante de uma pequena imagem da querida Mãe do céu
O pensamento de Maria encantou os primeiros anos de Luís
Grignion de Montfort. “O amor desta boa Mãe parece ter nascido
junto com Ele”, – diz seu historiador Blain. “Desde a mais
tenra infância, Luís não teve outro prazer que pensar em Maria
e em seu amor”.
“Em vez de procurar os brinquedos próprios de sua idade,
retirava-se num lugar solitário para meditar, ou recitar o
terço diante de uma pequena imagem da querida Mãe do céu”.
“Nestes momentos – escreve M. Blain, que foi o seu companheiro
de infância – o jovem Grignion parecia não conhecer mais
ninguém e estar numa espécie de alucinação dos sentidos, pois
rezava numa imobilidade completa, horas a fio”.
A devoção precoce de Grignion tinha já desde o início uma
característica, que se desenvolveu através dos anos: o
abandono completo à Virgem Santa, a confiança ilimitada em sua
bondade maternal. Maria Santíssima era, antes de tudo, sua
“Mãezinha querida”, ou sua “boa Mãezinha”, a quem Ele ia pedir
tudo
o que desejava.
Outra característica da sua devoção, desde a infância, é que
ela era sobremaneira comunicativa. O menino experimentava
grande alegria em ouvir falar, e em falar Ele mesmo da sua
“Mãezinha celeste”.
Enviado para Rennes, onde devia concluir o curso ginasial no
Colégio dos Jesuítas, o seu amor à Santíssima Virgem foi
crescendo dia por dia. Aí entrou na Congregação Mariana,
estabelecida no Colégio, tornando-se logo um congregado
exemplar e zeloso.
Correra-lhe a infância numa admirável inocência e
afastamento do mal; ao ponto que desconhecia tudo quanto
pudesse lesar a pureza de um jovem
O seu condiscípulo Grandet nos fala da inesgotável caridade do
jovem congregado. “Ajudava a todos os seus colegas – diz ele –
e os assistia em tudo o que lhe estivesse ao alcance; e quando
não tinha mais nada para lhes dar, esmolava para eles nas
casas dos ricos”.
Este tempo da mocidade, tão repleto de perigos passou-o
Montfort sem uma alteração sequer em sua amável e sorridente
pureza. Senhor de seu coração, ele o guardava para a Mãe
celeste.
– “Não sei – diz o seu condiscípulo Blain – se lhe custou
guardar o voto de castidade e se teve grandes combates a
sustentar contra o mundo, a carne e o demônio; o que sei é
que, antes de sua entrada em São Sulpício, ele ignorava por
completo toda a maldade. Correra-lhe a infância numa admirável
inocência e afastamento do mal; ao ponto que desconhecia tudo
quanto pudesse lesar a pureza de um jovem. Falando-lhe eu um
dia de tentações contra a bela virtude, ele nada compreendeu,
e disse-me não saber o que era aquilo…”.
II. Origem da Santa Escravidão
Montfort foi o último discípulo desta escola de amor
ardente à Mãe de Jesus. Recolheu esta sagrada herança, para
passar à posteridade através do nevoeiro do jansenismo, que
ameaçava tudo invadir
Era na cidade de Paris que a devoção de Grignion devia tomar
pleno desenvolvimento e receber forma definitiva: a Santa
Escravidão ou dependência total da Mãe de Jesus.
Este título não era uma novidade. Antes de Montfort, muitos
santos o conheciam, praticavam, e ensinavam.
Montfort é herdeiro do Cardeal de Bérulle, de Condren, Olier,
Eudes, Poiré, Boudon, pois estes todos ensinavam a prática da
Santa Escravidão.
Todos estes homens, santos e sábios, haviam adotado a palavra
do Evangelho: “Formam servi accipiens…” – cf. Mt 20, 28; e as
de São Bernardo: “Eu sou um vil escravo, para quem é suma
honra ser o servo do Filho e da Mãe”; e estas de Santo
Ildelfonso: “Para ser o devoto escravo do Filho, quero ser o
escravo fiel da Mãe”.
Montfort foi o último discípulo desta escola de amor ardente à
Mãe de Jesus. Recolheu esta sagrada herança, para passar à
posteridade através do nevoeiro do jansenismo, que ameaçava
tudo invadir.
Como Ele próprio o disse, leu as obras daqueles grandes
homens; e pode-se afirmar mesmo, que todos os livros
referentes a devoção a Maria Santíssima.
Conversou familiarmente com todos os grandes santos e sábios
da época.
Este estudo e estas relações demonstraram-lhe que não havia
outra devoção à Maria comparável à Santa Escravidão; que não
havia: “nenhuma devoção que exigisse maiores sacrifícios para
Deus, mais renúncia de si mesmo, e unisse as almas mais
intimamente a Nosso Senhor; nenhuma, enfim, que fosse mais
gloriosa para Deus, mais santificante para a alma, e mais útil
ao próximo” (Tratado da Verdadeira Devoção).
Entretanto, a doutrina daqueles autores precisava ser
simplificada, e ser apresentada em fórmulas claras e certas,
para ficar ao alcance de todos.
Dos diversos elementos colhidos, Montfort eliminou o que era
demais abstrato ou indeciso. Escolheu o que lhe servia, e, num
estilo alerta, nervoso e colorido, formou o conjunto completo
e homogêneo da devoção, o que constitui o seu “Tratado”.
Deste modo, a Santa Escravidão deixou de ser uma simples
Consagração, mais ou menos exterior, para tornar-se uma
devoção perfeita, sob uma forma admirável, que aperfeiçoa e
transforma as almas. Tornou-se verdadeira escola espiritual de
santidade.

III. Sua doutrina fundamental


Em toda parte por onde passa, aos pobres e aos ricos, aos
pequenos e aos grandes, aos pecadores e aos justos, Ele prega
Maria, sua boa Mãe… Ensina a Santa Escravidão. Ensina a
devoção ao Rosário
A síntese do ensino de Grignion é a seguinte:
O fim é Deus só, palavras que se encontram a cada página de
seus escritos, e que ele comenta por esta outra fórmula: “O
puro amor de Deus reine em nossos corações!”.
O meio de conseguir este fim é revificar o espírito cristão
pela renovação dos votos do Batismo, relembrando aos homens, à
luz da fé, que Eles são o bem, a propriedade, os escravos de
Jesus Cristo.
Relembra também a todos esta mesma dependência para com Maria
Santíssima, pois a Ela compete, por graça, tudo quanto compete
a seu divino Filho por natureza.
De direito, o cristão é o escravo de Maria. É preciso, pois,
que o seja de fato. E isto se faz consagrando-se a alma, sem
reserva, ao serviço de Maria, e vivendo numa completa
submissão.
Este estado será para a alma uma fonte de graças especiais.
Para alcançá-las, entretanto, é preciso que o escravo não se
contente só com a Consagração, embora muitas vezes renovada.
É preciso que ele viva em Maria, como na atmosfera da graça;
que viva por Maria, nada fazendo sem consultá-la; com Maria,
em tudo procurando imitá-la; para Maria, tudo fazendo como se
Ela fosse o fim próximo.
Com esta prática, a alma fiel chegará, em pouco tempo, a uma
união íntima com Deus, pois Maria é o caminho suave, curto,
seguro e fácil, para levar a Jesus Cristo.
O que o santo concebeu é, pois, o reino de Jesus Cristo por
Maria. É fazer conhecida e amada Maria, para fazer conhecido e
amado Jesus Cristo.
É conduzir as almas acorrentadas pelo amor aos pés de Maria,
para que esta boa Mãe as conduza a seu divino Filho. É o belo
programa que Montfort idealizou e ao qual ia consagrar a sua
existência.
Antes, porém, de o escrever e publicar, quis submetê-lo à mais
alta autoridade deste mundo. Foi para Roma solicitar a
aprovação do Papa Clemente XI. Este, inspirado por Deus,
propôs o santo missionário e a sua doutrina como antídoto aos
erros hipócritas do jansenismo.
A bênção do Santo Padre estimulou mais o zelo de Montfort. E
até à morte, com ardor incrível, cumpriu a sua sublime missão
de levar as almas a Jesus Cristo por Maria.
Ele fala, não como um simples padre, mas “tanquam potestatem
habens”, como tendo uma missão a cumprir: a missão de anunciar
o grande reino de Jesus por Maria, mediante sua devoção da
Santa Escravidão.
E em toda parte por onde passa, aos pobres e aos ricos, aos
pequenos e aos grandes, aos pecadores e aos justos, Ele prega
Maria, sua boa Mãe… Ensina a Santa Escravidão. Ensina a
devoção ao Rosário.
Grandet nos refere o apostolado de Montfort: “Estabelecia, em
todas as paróquias onde pregava, a devoção da Santa Escravidão
de Jesus vivendo em Maria… Esta pregação lhe suscitou não
poucas dificuldades, mas atraiu também muitas graças sobre os
seus ouvintes”.
Grandet ajunta um pormenor sobre os efeitos maravilhosos que
esta devoção produziu nas almas mais aviltadas: “Conheci um
grande número de pecadores escandalosos, aos quais ele ensinou
esta devoção, bem como à prática de rezar diariamente o
Rosário. Pois todos se converteram completamente, e
tornou-se exemplar a sua vida. É incontável o número de
pessoas dum e doutro sexo que ele fez mudar de vida por este
meio”.

IV. A pregação de Montfort


Doutros temas, falava geralmente numa linguagem natural e simples, para melhor se
pôr ao alcance do povo. Falando, porém, de Maria Santíssima, a sua linguagem se
tornava sublime, quase sobrenatural
“O Padre de Montfort – diz Blain – nos aparece como o
panegirista zeloso da Santíssima Virgem, o orador perpétuo de
seus privilégios e de suas grandezas, o pregador incansável da
sua devoção”.
Ele é, verdadeiramente, o Padre de Maria. Sua pessoa, sua
ciência, sua virtude, sua eloqüência, tudo está ao serviço da
excelsa Rainha dos corações.
A característica desta pregação é o entusiasmo. Montfort ama
apaixonadamente o seu assunto. Ele quer transmitir ao
auditório seus sentimentos para com a Mãe de Jesus, e quer
abrasar as almas, que o escutam, com o mesmo fogo que o
devora.
Daí uma eloqüência forte, viril, terna, convincente, que ora
raciocina, ora suplica, às vezes chora, às vezes se indigna.
“Apenas havia ele começado a obra das missões – diz o Pe.
Bernardo – logo se anuncia como um dos mais ardentes
defensores da glória de Maria Santíssima”.
Quantos assistiram a seus sermões sobre Nossa Senhora
asseveram que ele se ultrapassava a si mesmo neste assunto:
tudo era grande e sublime nele.
Grandet, um de seus contemporâneos, escreveu também:”Quando
Montfort falava de Maria, fosse em particular, fosse em
público, era em termos tão fortes e tão tocantes, que comovia
o coração dos ouvintes, a todos transportava, e ele mesmo
parecia fora de si”.
“Doutros temas, falava geralmente numa linguagem natural e
simples, para melhor se pôr ao alcance do povo. Falando,
porém, de Maria Santíssima, a sua linguagem se tornava
sublime, quase sobrenatural”.
Certo dia, a Virgem Santíssima recompensou por um prodígio o
zelo ardente que tinha o seu apóstolo para fazê-la honrada e
invocada.
É a 2 de fevereiro de 1715. São Luís, na igreja dos
Dominicanos, em Rochelle, celebrava as grandezas da divina Mãe
de Jesus, e, como de costume, o fez com uma unção, que
arrebatava os ouvintes. De repente, reproduziu-se o fenômeno
contado nos “Atos dos Apóstolos” a respeito do Mártir Santo
Estêvão:
Montfort aparece como um anjo do Senhor; seu rosto, extenuado
pelas austeridades e pelos trabalhos, torna-se fulgurante,
desprendendo raios gloriosos, que o cercam e iluminam.
A mudança foi tão grande, que ninguém mais o pôde reconhecer
senão pelo seu timbre de voz.

V. O tema desta pregação


O segredo do grande missionário é o seguinte: o Coração de
Jesus não reinará plenamente nas almas senão quando as
encontrar inteiramente consagradas ao culto da divina Mãe
A missão de São Luís Maria Grignion de Montfort era
estabelecer o reino de Maria, para estender o reino de Jesus
Cristo.
É o que nos garante o seu Tratado da Verdadeira Devoção. Este
livro não é uma obra longamente preparada no silêncio dum
gabinete de trabalho, para se apresentar depois como surpresa
aos leitores ávidos de novidades. É o resumo da pregação de
Montfort. Antes de suas idéias ao papel, o santo missionário
as
havia pregado centenas de vezes.
Lendo este livro sentimos logo a ausência de qualquer esforço
de composição por parte do autor. Este possui inteiramente o
assunto, escreve ao correr da pena, sem emenda, sem repetição,
ou, melhor, escreve o que continuadamente falava desde anos.
Aliás é ele mesmo quem afirma: “Pego da pena, para escrever o
que ensinei em público e em particular, nas minhas missões,
durante longos anos”.
E qual era o assunto desta pregação? Podemos julgá-lo pelos
dois grandes cadernos de sermões que deixou, e que ficam
conservados em São Lourenço – em Sèvre – como preciosas
relíquias.
O primeiro contém só algumas instruções sobre Maria Santíssima
em geral. São Luís enumera os motivos da devoção a esta boa
Mãe: a glória de Deus, nosso interesse, as vantagens, etc. –
“Nullus cliens Mariæ peribit”, conclui o autor: “Nenhum devoto
de Maria perecerá”.
O segundo caderno é exclusivamente consagrado à Santíssima
Virgem. É antes um repertório de notas que uma coletânea de
sermões.
São Bernardo, Santo Anselmo, São Bernardino, Santo Antonino,
Guilherme de Paris, o Padre Guerric, Poiré, e outros, trazem
valiosa contribuição a estas notas. O Mestre, entretanto,
deixou ali os seus caracteres. Planos, divisões, pensamentos
salientes, reflexões pessoais, tudo deixa entrever suas
preferências e nos indicam a orientação de seu zelo.
No fundo é o mesmo tema do Tratado da Verdadeira Devoção: as
excelências da devoção – os motivos – as características da
Verdadeira Devoção – as práticas, e, entre todas, a perfeita
Consagração de si mesmo.
A Santa Escravidão de Maria é o ponto culminante do ensino do
santo apóstolo e o grande meio por ele preconizado para se
obter o reino de Jesus e de sua Santa Mãe.
É o segredo do grande missionário: o Coração de Jesus não
reinará plenamente nas almas senão quando as encontrar
inteiramente consagradas ao culto da divina Mãe.
Para espalhar esta verdade, Montfort emprega todos os recursos
de seu espírito e todas as forças de seu corpo. Prega a sua
querida devoção até no túmulo, onde quer ser sepultado com as
correntes de ferro, que são o testemunho da sua escravidão.

VI. A Santa Escravidão


Na prática, a devoção conserva esta dupla qualidade: o
abandono do filho, que em tudo recorre a sua boa Mãe com uma
confiança inteira, e a dependência do escravo, que trabalha
para a sua senhora, renovando a primeira Consagração antes
pela oferta de trabalhos do que por uma simples fórmula
Esta palavra escravidão soa mal aos ouvidos do nosso século de
liberdade e igualdade. Porém, é necessário examinar a causa,
antes que a palavra.
Que pretendeu São Luís Maria Grignion de Montfort?
Pretendeu fazer honrada a Rainha do céu pelas homenagens mais
respeitosas e humildes. Quis que exaltássemos a Virgem Santa
abaixando-nos o mais possível.
Por isso, procurou o estado que melhor exprime a submissão
absoluta, a dependência completa, a renúncia perfeita. Ora,
coisa alguma no mundo exprime tudo isso mais positivamente que
a escravidão.
Um escravo não se pertence, não pode dispor de si, nem pode
trabalhar para si. É propriedade do senhor, e tudo o que faz
pertence a este.
Tal é o estado de vida que São Luís Maria Grignion de Montfort
deseja para os devotos de Maria Santíssima. É uma Consagração
do corpo e do espírito, dos bens exteriores e das boas obras,
uma submissão completa, uma abnegação contínua da própria
vontade para fazer a vontade da Santíssima Virgem.
Nesta devoção, entretanto, o título de escravo não exclui este
nome suave de FILHO.
São Luís chama sempre Maria Santíssima de Mãe e Senhora.
E, entregando-nos a Ela, é sempre como filhos e escravos.
Na prática, a devoção conserva esta dupla qualidade: o
abandono do filho, que em tudo recorre a sua boa Mãe com uma
confiança inteira, e a dependência do escravo, que trabalha
para a sua senhora, renovando a primeira Consagração antes
pela oferta de trabalhos do que por uma simples fórmula.
O dom que fazemos das nossas ações é verdadeiramente o dom de
nós mesmos. Apresentar a Maria a nossa oração é oferecer-nos a
nós mesmos, no ato tão santo da oração. Nossas orações, como
todas as nossas boas obras, não podem ser separadas de nós: é
o fruto da árvore, é nossa alma em exercício,
humilhando-se, pedindo, trabalhando, renunciando-se.
Mais uma alma serve a Maria Santíssima deste modo, mais entra
no espírito da Santa Escravidão.
Há vários graus – diz São Luís – os quais devemos percorrer.
Há também um estado habitual que devemos procurar adquirir.
Quem chegará a este estado?
Aquele a quem o Espírito Santo revelar o segredo. E este tal,
sob o impulso do mesmo Espírito Santo, há de subir de virtude
em virtude, de graça em graça, até chegar à transformação de
si mesmo em Jesus Cristo.

VII. Obras de São Luís Maria Grignion de


Montfort
Os livros escritos por São Luís Maria Grignion de Montfort
são relativamente poucos e pequenos. Mas anima-os algo de
sobrenatural, que revela a alma ardente dum grande apóstolo
Com as indicações precedentes, do espírito, zelo e atividade
de São Luís Maria Grignion de Montfort, a sua humildade e o
seu amor à cruz, que aparecem em toda parte, ser-nos-á fácil
reconstituir a vida deste sublime apaixonado da Virgem, da
“Rainha dos corações”, como ele a chamava.
Montfort não foi um pregador ardoroso do culto da Mãe de Jesus
somente nesta vida. Deus quis que ele continuasse este
apostolado após a morte. E ele, de fato, perpetra este
desígnio divino pelas Congregações religiosas que fundou e
pelos livros que escreveu.
Foi ele o fundador de duas Congregações religiosas: a dos
Padres da Companhia de Maria e a das Filhas da Sabedoria.
Ambos estes Institutos têm por fim espalhar a santa
escravidão.
A Companhia de Maria dedica-se à pregação e obras apostólicas,
em que até hoje se exerce por vários países com zelo admirável
e resultados imensos.
É graças a estes abnegados religiosos que a devoção do santo
fundador é conhecida no mundo inteiro.
* * *
Os livros escritos por São Luís Maria Grignion de Montfort são
relativamente poucos e pequenos. Mas anima-os algo de
sobrenatural, que revela a alma ardente dum grande apóstolo.
O Tratado da Verdadeira Devoção e o seu resumo intitulado
Segredo de Maria são conhecidos no mundo inteiro. São menos
conhecidos, mas não menos belos e valiosos, dois outros
opúsculos, que são:
1. O segredo admirável do Santo Rosário. Para converter e
salvar as almas. Brochura de 200 págs. Edição francesa de
Alfredo Mame. Tours – França. É a doutrina exemplificada da
excelência do Rosário.
2. Carta circular aos Amigos da Cruz. Pequena brochura de 52
páginas. Edição francesa de H. Oudin – Paris. São
considerações sobre o espírito de sacrifício, dirigidas aos
membros da irmandade dos amigos da cruz.
Além destes opúsculos, cheios de doutrina e ascética, o Bem-
Aventurado escreveu grande número de cânticos espirituais,
instrutivos, suaves e piedosos, já reunidos em volume. São
esses os escritos do grande e admirável missionário, fundador
e escritor, cujas obras atravessaram os séculos e hão de
tornar-se um ideal para as almas generosas amantes de Maria
Santíssima.
Seus filhos espirituais fundaram mais tarde, duas associações
religiosas, para estimular a prática da Santa Escravidão:
A Associação dos Sacerdotes de Maria, com sua
interessante “Revista dos Sacerdotes de Maria” (Revue des
Prêtres de Marie); e a Associação de Maria, Rainha dos
corações, também com valiosa revista para seculares.
Ambas as revistas, de avultada tiragem, servem como laço, que
une os vários centros da Santa Escravidão.

VIII. Cânticos
Seus cânticos populares muito ajudaram na propaganda da
sua devoção a Maria Santíssima
Terminemos este curto esboço do espírito de São Luís Grignion
de Montfort, citando umas estrofes de seus cânticos populares
que muito ajudaram na propaganda da sua devoção a Maria
Santíssima:
“Marie est ma grande richesse,
Et mon tout auprès de Jésus;
C’est mon bonheur, c’est ma tendresse,
C’est le trésor de mes vertus.
Elle est mon arche d’alliance,
Où je trouve la sainteté.
Elle est ma robe d’innocence,
Dont je couvre ma pauvreté.
Elle est mon divin oratoire,
Où je trouve toujours Jésus,
J’y prie avec beaucoup de gloire,
Et je n’y crains point de refus.
Je suis tout sous sa dependence
Pour mieux dépendre du Sauveur,
Laissant tout à sa Providence:
Mon corps, mon âme et mon bonheur.
Quand je m’élève à Dieu, mon Père.
Du fond de mon, iniquité,
C’est sur les ailes de ma Mère,
Cest sur l’appui de sa bonté.
Cette bonne Mère et Maîtresse
Me seconde partout puissamment,
Et quand je tombe par faiblesse,
Elle me relève à I’instant
Elle me rend pur et fertile
Par sa pure fécondité;
Elle me rend fort et docile
Par sa profonde humilité.
Je vais par Jésus à son Père,
Et je n’en suis point rebuté;
Je vais à Jésus par sa Mère,
Et je n’en suis point rejeté.
Je fais tout en Elle et par Elle:
Cest un secret de sainteté
Pour être à Dieu toujours fidèle,
Pour faire en tout sa volonté.
Voici ce qu’on ne pourra croire:
Je La porte au-dedans de moi,
Gravée avec des traits de gloire,
Quoique dans 1’obscur de la foi.”

________
Fonte de consulta:
O Segredo da Verdadeira Devoção para com a Santíssima Virgem
Segundo São Luís Maria Grignion de Montfort
Pe. Júlio Maria de Lombaerde, S. D. N.
Co-edição: Edições Santo Tomás
Fraternidade Arca de Maria
Serviço de Animação Eucarística Mariana

O texto acima foi extraído de:

São Luís Maria Grignion de Montfort

Perfeita Devoção | S. LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT

http://www.perfeitadevocao.org/SLuisMaria-.php?id=60

Biografia de São Luís Maria


de Montfort

“Viva Jesus em Maria,


Viva Maria em Jesus.
Viva Deus Só!”

“São Luís Maria Grignion de Montfort veio ao mundo aos 31 de


janeiro de 1673. Seus pais eram João Batista Grignion de
Bachelleraie e Joanna Visuelle de Chesnais, ambos de famílias
nobres, mas pouco afortunados.

No Batismo o menino recebeu o nome de Luís, ao qual na crisma


se acrescentou o de Maria, devido ao seu grande amor para com
a Mãe de Deus. Mais tarde abandonou o nome de sua família,
passando a chamar-se Luís Maria de Montfort, porque foi na
cidade francesa de Montfort que recebeu o santo batismo. Do
matrimônio abençoado dos Bachelleraie-Visuelle, além de Luís
Maria procederam mais 17 filhos, dos quais um se fez padre,
outro entrou na Ordem de São Domingos e uma irmã tomou o
hábito de São Bento. Guyonne Jeanne, geralmente chamada Luísa,
tornou-se Irmã do SS. Sacramento e morreu em odor de
santidade.

Luís Maria, tinha tomado por lema de vida “Dieu Seul”, ou


seja, “Deus só”. Já nos dias de sua infância experimentou
provas de amor e proteção especiais de Maria Santíssima, sua
“Boa Mãe”, como ele habitualmente A chamava.

Pouco afeito aos divertimentos e jogos próprios da idade


infantil, encontrava todo o seu deleite nas coisas celestes.
Alma privilegiada que era, na oração encontrava sua
felicidade. Não lhe pareciam longas as horas passadas aos pés
do tabernáculo ou do altar de Maria. Em seus pais e mestres
via o próprio Deus, e mostrava-lhes o mais profundo respeito.

Embora tivesse que sofrer não pouco da parte do pai, que era
irascível e violento, Luís nunca lhe causou o menor desgosto,
como o próprio pai declarou.

Jovenzinho ainda, já era missionário: vêmo-lo exercendo esta


missão junto à mãe abatida pelo desgosto e pelas fadigas
domésticas, ele consola-a, anima-a, acenando-lhe o céu.
Emprega a sua influência junto à irmã Luísa para levá-la ao
caminho da piedade e do amor divino. Que indústrias não
empregava para subtraí-la aos folguedos infantis, próprios da
idade, a fim de tê-la como companheira nos exercícios de
devoção!

O que, porém, se fazia notar, já neste tempo, como era em toda


a sua vida, era a sua singular devoção à Santa Virgem. O amor
de Maria, diz um seu condiscípulo, era como inato nele: “Não é
demais afirmar que esta Boa Mãe o escolhera, desde o começo,
para torná-lo um dos seus privilegiados”. Encontrando-se
diante de uma imagem de Maria, parecia não conhecer mais
ninguém, tanta a sua devoção, tal a imobilidade, tal o êxtase
em que se via arrebatado”.

Para nos dar uma idéia do temperamento de Luís Maria, seu


biógrafo escreve: “Para bem avaliarmos os componentes do seu
temperamento, bastar-nos-ia a recordação do caráter áspero e
irritadiço do seu pai. No entanto é o próprio santo que nos
afirma a sua semelhança com o temperamento paterno. Diz que
mais padeceu para dominar a sua vivacidade e a paixão da
cólera, que todas as paixões reunidas. Se Deus, dizia ele, o
tivesse destinado para o mundo, teria sido o homem mais
terrível do seu século. Tinha ele os elementos característicos
e peculiaríssimos de legítimo bretão.

Na idade de começar os estudos, Luís Maria se transferiu para


Rennes, onde os Padres Jesuítas possuíam um florescente
colégio. Como em Montfort, também em Rennes o tempo era
inteiramente consagrado ao trabalho e à oração, sabiamente
dirigido pelos mestres. Luís avançava rapidamente no caminho
da santidade. Foi lá que Maria Santíssima lhe revelou sua
vocação para o estado eclesiástico; foi lá que entrou para a
Congregação Mariana.

Não lhe faltaram ocasiões de se exercer as virtudes, em


suportar com paciência injúrias e contradições. Ávido de
sacrifícios, reduzia seu corpo à servidão com toda a sorte de
mortificações. Foi naquela época que fez o noviciado de
caridade para com os pobres, cuja prática tornou-se nota
característica de sua vida.

Seu único divertimento era a pintura, para a qual tinha ótimas


disposições. Só e sem mestre, aprendera desenhar em miniatura;
sua habilidade era tão grande que lhe bastava ver para
reproduzir maravilhosamente.

Pelo empenho de uma piedosa senhora, foi admitido ao pequeno


Seminário de São Sulpício, fundado e regido pelo Pe. Olier.

A entrada neste seminário foi providencial para Montfort, que


na convivência com o santo diretor mais ainda pôde aprofundar-
se na devoção a Maria Santíssima. Tomou forma concreta em sua
alma a convicção que a vida do cristão deve ser uma vida
dedicada e unida só a Maria, sempre e em tudo agindo segundo
as Suas intenções e em Sua honra. Montfort, segundo os
desígnios de Deus, devia ser o depositário desta doutrina,
para que, desenvolvendo-a e publicando-a, pudesse propagá-la
de uma forma fácil, clara, atraente; escopo a que ele se
dedicou com admirável fidelidade. Em sua vida missionária
posterior, todos os discursos, escritos, cânticos e
especialmente o seu magnífico “Tratado da Verdadeira Devoção à
Santíssima Virgem”, subordinou ao apostolado desta devoção.
Antes de levá-la ao mundo, Montfort, como piedoso seminarista,
fê-la florescer no seminário de São Sulpício, e com a devida
licença dos superiores introduziu a consagração dos “Escravos
de Jesus em Maria”.

Maria Santíssima teve no Santo de Montfort um escravo de amor,


obediente e desinteressado. Era orgulhoso deste título, mais
que de outro qualquer, a ponto de, a partir do dia 25 de março
de 1697 – Solenidade da Encarnação do Verbo – assinar
simplesmente: “Escravo de Jesus em Maria”. É possível que já
então desfrutasse da presença de Maria, como diz em um dos
seus cânticos.

Escravo de Maria, como o Primogênito da Divina Mãe, havia de


ser e foi uma vítima, homem de sofrimentos, saturado de
opróbrios. Com facilidade, porém, carregou a sua cruz. Com o
apóstolo podia exclamar: “No meio do sofrimento, estou repleto
de gozo”.

Desde sua chegada a São Sulpício empenharam-se os superiores a


corrigir tudo o que houvesse de singular em suas maneiras.
Passou por uma escola duríssima, e nada foi poupado para pôr à
prova sua virtude. O Santo foi experimentado de mil maneiras.
Tirava-se-lhe hoje, a concessão ontem obtida; as permissões
lhe eram dadas de má vontade, ou continuamente negadas ou
reparadas imerecidamente. Parecia que o seu diretor havia se
especializado em fazê-lo penar sem tréguas e em cobrí-lo
sempre de confusão.

Foi ordenado a 5 de junho de l700. O restante deste dia passou


aos pés do Santíssimo Sacramento e vários dias dedicou à
preparação para a Primeira Missa. “Assisti a este sacrifício e
pareceu-me ver celebrar não um homem e sim um anjo”, escreveu
o seu biógrafo, Padre Blain.

No mesmo ano da sua ordenação iniciou Montfort sua vida


apostólica como missionário. Logo no princípio experimentou
decepções das mais desconsoladoras, que puseram a duríssima
prova a sua própria vocação. Começou seu magistério no
hospital de Poitiers, que “era uma babilônia, onde em vez da
ordem e da paz reinava só discórdia”. Enamorado da pobreza,
escolheu para si o pior dos cubículos, não querendo viver
senão de esmolas, e sem demora pôs mãos à obra. Seu trabalho
foi cumulado de bênçãos de Deus. Transformou aquela casa tanto
material como espiritualmente. Ingratidão, porém, foi a paga
dos beneficiados.

Tantos foram as maledicências, tão graves as calúnias


levantadas contra a sua pessoa, que o próprio diretor do
seminário chegou a repelí-lo, diante de todos os mestres e
estudantes. O pároco de São Sulpício deu-lhe idêntico
acolhimento, não obstante ter sido ele um dos seus
admiradores. Em meio de sua tristeza e no abandono por parte
de seus melhores amigos, restava alguém que nunca o
abandonara: recorreu à Virgem Protetora. Esta foi solícita em
atendê-lo.

A reentrada no Hospital de Poitiers ocasionou a fundação feita


por Montfort, de uma Congregação de Irmãs de Caridade, à qual
deu o nome de “Filhas da Sabedoria”.

Desde os primeiros momentos de sua vida sacerdotal Montfort


sentia-se chamado para ser missionário. A este apostolado se
dedicou de corpo e alma. Em muitas dioceses e inúmeras
paróquias da França fez ouvir a sua voz de apóstolo;
instrumento extraordinário na conversão de muitas almas. A sua
palavra ardente e arrebatadora era sempre acompanhada pelo
exemplo de um verdadeiro zelador das cousas de Deus. Não lhe
faltaram, é certo, a bênção de Deus e bem visível até a
assistência do Divino Espírito Santo. Em Maria Santíssima
tinha ele a mãe protetora e auxiliadora.

Não eram poucas as missões por ele pregadas que terminaram em


verdadeiros triunfos de piedade e em conversões em massa. O
inferno, por sua vez, não podia ver de bons olhos os
grandiosos efeitos das operações missionárias do incansável e
santo missionário. Ocasião não deixava passar, sem perturbar-
lhe os planos, e mover guerra contra a sua pessoa e seus
intentos. Referindo-se a estas maquinações diabólicas, ele
mesmo, bendizendo-as em uma das suas cartas atesta: “Jamais
fui como hoje pobre, humilde e atribulado: homens e demônios
movem contra mim uma guerra sumamente amável. Zombam de mim,
caluniam-me, vejo eu em farrapos a minha própria fama, e minha
pessoa em prisão! Oh! Dons preciosos!”.

Impulsionado por seu ardor missionário, foi a Roma para


implorar do Sumo Pontífice Clemente XI, a licença de se poder
dirigir para as terras dos infiéis. O Papa, entretanto, fê-lo
voltar para a França, para combater a peste jansenista,
honrando-o com o título de Missionário Apostólico. Obedecendo
a este mandamento, dedicou-se ele definitiva e completamente
às santas empresas.

Em 1705, Montfort realizou o desejo que há muito tempo vivia


em sua alma, de fundar uma “Companhia de sacerdotes”,
completamente dedicados às missões e militando sob o
estandarte e a proteção de Maria Santíssima. Fundou a
“Companhia de Maria” e para ela compôs uma regra conforme sua
finalidade. Os missionários pertencentes a esta Companhia,
seriam os herdeiros do seu entranhado amor a Maria: a missão
deles seria fazer Maria conhecida e amada por todos a eles
confiados. A Companhia fundada por Montfort tomou incremento e
conta hoje com milhares de religiosos professos. Desde 1966 se
acha estabelecida também no Brasil.

Também a Congregação das Filhas da Sabedoria teve grande


desenvolvimento na França, e com ótimos resultados exerceu seu
apostolado da caridade e do ensino. Maria Luísa Trichet foi a
grande coluna sobre a qual São Luís estabeleceu sua
congregação feminina.

Em 1716, o próprio Altíssimo e bom Senhor quis manifestar a


santidade de seu servo. Enlevado em um longo êxtase, São Luís
Maria esteve suspenso dois pés da terra por algum tempo, com
os braços cruzados sobre o peito. Em outra ocasião, pouco
posterior, predisse a sua morte dizendo: “Morrerei antes do
fim do ano”.

Missionário foi até o último dia da sua existência. Abalado em


sua saúde, fatigado pelas missões, fez um último esforço para
receber dignamente o Bispo, que o surpreendeu com sua
inesperada visita, com o único intento de observar de perto as
virtude e méritos do Santo.

Nesta ocasião Montfort fez o seu último sermão, que versava


sobre a ternura de Jesus para todos nós. Lágrimas de comoção
brotaram dos olhos dos seus ouvintes. Não pôde levar até o fim
a sua alocução, pois a enfermidade o impossibilitava de
concluir, e fê-lo recolher-se ao leito. E vinha a morte a
grandes passos.
Rodeado dos seus íntimos, sequiosos por receber sua última
bênção, com o crucifixo traçou sobre eles o Sinal da Cruz. Com
grande amor beijava ele o crucifixo, trazido de Roma e seus
lábios pronunciavam os nomes de Jesus e Maria. De súbito caiu
em breve sonolência. Agitadíssimo, dela despertou exclamando
em alta voz: “Inutilmente me tentas: estou entre Jesus e
Maria. Graças a Deus e a Maria! Minha carreira terminou; não
pecarei mais”. Foram suas últimas palavras.

Assim no ósculo do Senhor exalou a sua puríssima alma no dia


de 28 de abril de 1716 em Saint-Laurent-sur Sèvre, na França;

A fama de sua santidade espalhou-se de tal maneira que logo


depois de ter sido permitido por autoridade do Bispo
diocesano, e mais tarde pela Santa Sé, procederam-se as
indagações canônicas.

Depois do reconhecimento dos milagres, Leão XIII, honrou-o com


a glória da beatificação, precisamente no dia 22 de janeiro de
1888. Pio XII, o canonizou solenemente no dia 20 de julho de
1947. No dia 20 de julho de 1996 o Papa João Paulo II inseriu
sua festa no calendário romano universal. Sua festa é
comemorada com muito júbilo pelas famílias monfortinas e seus
devotos, no dia 28 de abril de cada ano.”

Extraído
de http://arcademariafraternidade.blogspot.com/2011/04/28-de-a
bril-sao-luis-escravo-de-amor-de.html

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