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NEW JOURNALISM

Ao longo do desenvolvimento da contemporaneidade, deram-se muitas


tentativas de relacionar o Jornalismo com a Literatura, tendo estas, na sua maioria,
fracassado, devido à inexistência de clareza no que concerne à delimitação dos termos.
Perante este cenário surge, nas décadas de 1960 e 1970, nos Estados Unidos, o New
Journalism, onde eram maioritariamente redigidas histórias de vida da população, bem
como relatos de guerra, havendo um distanciamento da objetividade que regia os
Jornalistas até então, possibilitando-se a criação imaginativa, através da inserção do
Jornalista na história relatada, sem que este modificasse a informação noticiosa. Desta
forma, o Jornalista não seria apenas um agente na disseminação dos factos, mas
também, ao mesmo tempo, tinha um papel prestigioso, como se de uma personagem se
tratasse, na descrição das informações, atraindo, desde logo, um maior número de
leitores interessados por esta nova forma de receber informação.

Associado a este surgimento, e servindo-se da fusão de técnicas jornalísticas e


técnicas literárias, encontram-se icónicas figuras que impulsionaram a abordagem e
desenvolvimento desta nova especialização, tais como, a título de exemplo: Truman
Capote com a publicação do seu romance não ficcional In Cold Blood, considerado o
seu romance mais sensacional; temos também Tom Wolfe com a sua obra emblemática
“The Bonfire of the Vanties”, tendo sido pioneiro na reflexão entre a fusão de
Jornalismo e Literatura, resultando na criação e publicação da obra “The New
Journalism”, considerada a bíblia que responde a todas as inquietações sobre a temática.
No panorama português, temos também uma grande panóplia de autores que
contribuíram para o desenvolvimento desta arte como: Camilo Castelo Branco,
Alexandre Herculano, José Saramago, entre outros. Embora possa ser lido como um
texto ficcional, não se trata de todo de uma ficção, dada a sua veracidade, comprovada
pelo uso de citações, utilização de informação fidedigna, de modo a exercer uma
influência sobre o comportamento e interferindo diretamente na formação de opiniões
públicas relativamente aos diversificados temas passíveis de serem debatidos, dada a
sua importância na sociedade.
Em suma, a emergência deste novo estilo, associando e fundindo técnicas
literárias e técnicas jornalísticas, possibilitou a rotura do paradigma vigente até então na
disseminação de informação noticiosa a que os leitores/espectadores estavam
acostumados a conceber: relatos com base na objetividade, sem a intromissão do
Jornalista na proliferação dos factos. Assim, os consumidores passaram a ser detentores
de uma observação minuciosa da realidade, interessando-se, progressivamente, e em
receberem uma maior diversidade de informação influenciadora dos seus pontos de
vista relativamente aos diferentes quadrantes da sociedade, tendo sido possível pelo
desenvolvimento e progresso do New Journalism, considerado um dos marcos mais
significativos na História do Jornalismo e das práticas comunicacionais.

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