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por
António Pestana
Gabinete de Topografia
2 A TOPOGRAFIA ......................................................................................... 4
i
3.4.5.4 Escolha de pontos tendo em vista o traçado manual
de curvas de nível ...................................................................... 31
3.4.6 TRANSFORMAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO ALTIMÉTRICA POR PONTOS
COTADOS PARA REPRESENTAÇÃO POR CURVAS DE NÍVEL ........................ 32
4 OS NIVELAMENTOS ................................................................................ 35
ii
6 MEDIÇÃO DE DISTÂNCIAS NO TERRENO ............................................ 55
iii
7.2.2 POLIGONAIS FECHADAS (MÉTODO DE BOWDITCH) ................................... 80
7.2.2.1 Análise genérica ........................................................................ 80
7.2.2.2 Poligonais fechadas de enlace ................................................... 83
7.2.2.3 Poligonais fechadas sobre si mesmas ........................................ 87
iv
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1: Substituição de uma superfície esférica por um plano – situações limite. ............................. 6
Figura 3.2: O movimento de uma massa pontual m1 em relação a uma outra massa pontual m2. ....... 10
Figura 3.6: Dois extractos, sem escala, da Carta Militar de Portugal 1:25000
(a equidistância natural deste mapa é 10 m). ...................................................................... 16
Figura 3.7: Vale de margens planas interceptado por dois planos horizontais ....................................... 17
Figura 3.8: O “adoçamento” das curvas de nível nos terrenos naturais .................................................. 17
Figura 3.13: Determinação da cota de pontos que não pertencem a curvas de nível. ............................. 20
Figura 3.16: Linha de maior declive que passa por um ponto. ............................................................... 22
Figura 3.21: Configuração de curvas de nível e sentido de escoamento de uma linha de água. ............. 24
Figura 3.22: Aplicação das regras práticas ao traçado de curvas de nível. ............................................. 25
v
Figura 3.25: Projecção horizontal de uma triangulação de Delaunay e dos
polígonos de Voronoi que lhe estão associados .................................................................. 27
Figura 3.27: Metodologia para a determinação da cota de um ponto cuja projecção se encontra no
interior de um triângulo cotado. .......................................................................................... 29
Figura 3.30: Optimização do número de pontos a levantar tendo em vista o traçado manual
de curvas de nível (as interpolações apenas deverão ser efectuadas
segundo as linhas a tracejado). ........................................................................................... 32
Figura 4.12: A refracção dos raios luminosos que atravessam a atmosfera ............................................ 48
Figura 5.1: Método de Gauss – mnemónica para a definição do sinal das parcelas. .............................. 51
Figura 5.3: Área de dois trapézios adjacentes que compartilham uma altura. ........................................ 52
vi
Figura 5.4: Método de Simpson – área de dois elementos adjacentes. ................................................... 53
Figura 6.3: Distância segundo a linha de visada, distância horizontal e altura trigonométrica. ............. 57
Figura 6.4: Ângulos verticais e sua relação com o círculo trigonométrico. ............................................ 58
Figura 7.1: Poligonais utilizadas para a elaboração de uma planta topográfica do ISEP ....................... 73
Figura 7.2: Sistema de eixos e sentido de medição de ângulos usados em Topografia. ......................... 74
Figura 7.12: Cálculo de uma poligonal fechada sobre si mesma do 1º tipo. .......................................... 89
vii
Figura 7.14: Cálculo de uma poligonal fechada sobre si mesma do 2º tipo. .......................................... 92
viii
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
1 Mapas e Escalas
Um mapa pode ser definido como uma representação reduzida, simplificada, convencional e
planar, da superfície terrestre, ou de regiões subterrâneas que lhe estão muito próximas.
Os mapas são usualmente representações reduzidas dado que segmentos definidos sobre a superfície
terrestre são representados no mapa por outros segmentos que possuem comprimentos menores do
que os que representam.
Os mapas são representações simplificadas da superfície terrestre dado que, relativamente à região
que representam, nem todas as suas características são representadas nem todos os elementos que
nela se encontram são descritos: apenas se retêm os elementos e as características que são de
interesse para um dado fim. Para além deste facto, também esses elementos e características são
apresentados de modo esquemático e muitas vezes meramente convencional.
Os mapas são representações planares porque os elementos da superfície terrestre que neles figuram
são representados pela sua projecção numa superfície plana, materializada pela folha do mapa.
1 Selecção dos elementos, presentes na superfície terrestre ou nas suas imediações, que se pretende
representar no mapa;
Note-se que as distâncias medidas sobre o terreno são sempre maiores ou iguais às distâncias
projectadas sobre a superfície de referência. Os mapas criados no âmbito da Topografia são denominados
plantas topográficas e utilizam planos horizontais como superfície de referência.
1.2 A escala
1
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ℓ 1
Eq. (1) E= =
𝐿 M
medido sobre a superfície de referência planificada; M é denominado módulo da escala. Uma escala é
sempre um número adimensional.
Os mapas podem ser classificados, de acordo com a sua escala, nas seguintes categorias
(Casaca et al., Lidel, 2000):
Quanto à forma de apresentação das escalas, as escalas podem ser numéricas – apresentadas
na forma da equação Eq. (1) – ou gráficas. As escalas gráficas podem ser simples ou compostas.
x
b a
A B
segmento-base
talão
a = 1000 m
b = 100 m
x estimado, se necessário, por interpolação visual
Numa escala gráfica simples a precisão das medidas com ela efectuada é igual ao valor de
cada divisão do talão (no caso do exemplo da figura, a precisão das medidas será de 100 metros). O valor
da escala numérica implícita numa escala gráfica é igual à relação entre o comprimento segmento-base
e o comprimento dimensão-base.
2
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c
b a
A B
comprimento do segmento AB = a + b + c + x
a = 1000 m
b = 100 m
c = 40 m
x obtido, se necessário, por interpolação visual
Uma escala gráfica composta é construída com base numa escala gráfica simples,
acrescentando-lhe um determinado número de rectas paralelas equidistantes entre si. O objectivo da
elaboração de uma escala deste tipo é conseguir medir com precisão fracções da menor divisão do talão.
Estas fracções são determinadas por aplicação do princípio da semelhança de triângulos, o que obriga à
equidistância referida atrás. A precisão que com elas se consegue na medição de comprimentos é igual
ao valor da dimensão-base dividido pelo produto entre o número de divisões do talão e o número de
paralelas. Para o exemplo da Figura 1.2, a precisão será de 500/(510)=10 metros.
As escalas gráficas, para além de permitirem a avaliação de comprimentos “no terreno” sem
a necessidade de elaborar cálculos, apresentam também a propriedade de acompanharem as variações
nas dimensões do mapa1, mantendo invariável o valor da escala numérica que nelas está implícita.
1
Estas variações nas dimensões dos mapas podem ser devidas a variados factores, entre os
quais se contam a variação das características do suporte físico do mapa (nomeadamente o teor de
humidade e a temperatura) e as distorções que inevitavelmente são introduzidas pelos processos de
reprodução tipo “fotocópias”.
3
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2 A Topografia
Se a região da superfície terrestre a representar for suficientemente pequena, então os efeitos
da curvatura terrestre na construção das projecções planas dessa superfície podem ser desprezados. Por
outras palavras: distâncias e ângulos medidos no terreno podem ser imediatamente usados2 na elaboração
dos mapas.
É correntemente admitido que um ser humano normal não distingue um segmento de um ponto
se aquele tiver um comprimento igual ou menor a 0,2 mm. Este valor denomina-se limite de percepção
visual.
2
Na realidade, tais medidas só poderão ser imediatamente usadas se a sua determinação for
feita paralelamente ao plano no qual se pretende efectuar a projecção. Na prática, se forem utilizados
instrumentos adequados, tal tarefa não se reveste de dificuldade.
3
A elaboração de cartas topográficas está usualmente fora do âmbito das técnicas topográficas
correntes.
4
Referimo-nos à representação dos pontos no plano de projecção (a superfície de referência
topográfica).
5
É corrente a utilização da expressão “em planta” na vez da expressão “em projecção
horizontal”.
4
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A noção de erro de graficismo fornece indicações preciosas para a selecção dos equipamentos
a utilizar na execução dos trabalhos topográficos. Um trabalho topográfico executado com equipamentos
capazes de medir distâncias com precisões iguais ou superiores ao erro de graficismo é denominado
trabalho regular. Esta caracterização é, pois, aplicável a levantamentos e a implantações. No entanto,
ela é particularmente importante para os levantamentos.
Na ausência de motivos de força maior – que a existirem deverão constar da legenda das
produções cartográficas – todos os levantamentos deverão ser regulares. Como consequência, a menos
de informação em contrário patente na legenda, é lícito inferir que, sendo ℓ um comprimento medido
sobre um qualquer mapa, o correspondente comprimento, medido sobre a superfície de referência, será
(ℓ ± 0,2 mm) × M.
6
Um alinhamento recto é a linha que resulta da intersecção da superfície do terreno com um
plano vertical; portanto, a projecção horizontal de um alinhamento recto é sempre um segmento de recta.
5
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C7. Assim sendo, se impusermos que amplitude do intervalo C , T seja igual ou inferior 210-7M
L/2 L/2
T L C
T 2 6371 tg α (Km)
R L 2 6371 α (Km), com α em radianos
C 2 6371 sen α (Km)
Figura 2.1: Substituição de uma superfície esférica por um plano – situações limite.
1/100 18 km 180 m
1/500 32 km 64 m
1/1000 40 km 40 m
1/5000 68 km 13.6 m
1/10.000 86 km 8.6 m
Conforme se pode ver, a importância prática do erro cometido pela adopção da simplificação
topográfica diminui com o crescimento da escala. Na verdade, se ainda é admissível a execução de uma
planta topográfica que ocupe uma área de 8.62/4 m2 – repartida, evidentemente, por várias folhas de
papel – já é de todo improvável a execução de uma outra que necessite de 1802/4 m2. Para escalas
grandes (as do âmbito da Topografia), o efeito da curvatura, em termos da medição de distâncias, é
desprezável8.
7
A simples consideração do traçado gráfico mostra com clareza que a corda é sempre menor
ou igual ao arco que lhe está associado. Quanto à tangente, demonstra-se que o seu comprimento é sempre
maior ou igual que o do arco. Atente-se na Figura 2.1: fácil é mostrar que L=2 R e T=2 R tan .
Desenvolvendo a tangente em série de Taylor centrada em 0, teremos |tan =| + 3/3 +2 5/15 +...| e,
portanto, |tan |.
8
Note-se que, no que diz respeito à altimetria, já as coisas se não passam assim. A seu tempo
a isso nos referiremos.
6
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3 A Representação do Terreno
Em Topografia a superfície terrestre é substituída por uma sua representação simplificada, isto
é, o terreno existente é substituído por um modelo topográfico. Na actualidade, os modelos topográficos
mais utilizados são os modelos planos (as plantas topográficas, em papel ou em formato digital, que são
um tipo de mapa) e os modelos numéricos do relevo, ou MNR (modelos tridimensionais, em formato
digital, da superfície do terreno). No caso dos formatos digitais estes dois modelos podem coexistir num
mesmo ficheiro de dados. Para a elaboração destes modelos é ignorada, por não ser de interesse para o
fim a que se destina a representação, muita da informação disponível no terreno, enquanto que outra até
poderá ser realçada.
Os modelos numéricos do relevo são constituídos, na sua essência, por um conjunto de pontos
definidos num espaço tridimensional e por uma função interpoladora. Admite-se que esta função
interpoladora, quando aplicada aos pontos daquele conjunto, aproxima suficientemente bem a real
configuração da superfície terrestre na região de interesse.
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Uma fotografia de uma região não é um mapa, independentemente do grau de detalhe que
este possua! Um mapa pressupõe a classificação e interpretação da informação disponível.
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a) Elementos de dimensão razoável10: são representados pelos seus contornos utilizando elementos
gráficos convencionais.
b) Elementos de pequena dimensão: são representados por sinais convencionais.
c) Áreas de dimensão razoável e ocupação bem definida: são representadas pelos seus contornos; a
representação é frequentemente completada com um preenchimento convencional.
É muito importante realçar que todas as convenções usadas deverão constar da legenda do
mapa. A Figura 3.1, que foi extraída de uma das folhas que constituem a Carta Militar 1:25000 de
Portugal, evidencia a grande variedade de informação que esta representação cartográfica contém.
10
Entenda-se por dimensão razoável uma dimensão que, no mapa, é claramente superior ao
limite de percepção visual.
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Sejam 𝑚1 e 𝑚2 duas massas pontuais, distanciadas uma da outra de uma distância 𝑟. A “Lei
da Gravitação Universal”, devida a Isaac Newton, diz-nos que, sobre cada uma destas duas massas
pontuais (duas partículas), actua uma força – a força gravítica, ou força gravitacional, 𝑓⃗𝑔 – que é dirigida
para a outra massa e cuja magnitude é dada pela seguinte expressão:
𝑚1 𝑚2
Eq. (2) 𝑓𝑔 = 𝐺 , sendo 𝐺 ≅ 6.674 × 10−11 m3 kg −1 s −2 a “constante gravitacional”
𝑟2
Sendo 𝐶 uma constante arbitrária temos que a integral indefinida associada ao trabalho
elementar 𝑑𝑊 é:
1 𝐺 𝑚1 𝑚2
Eq. (4) 𝑊 = ∫ 𝑑𝑊 = −𝐺 𝑚1 𝑚2 ∫ 𝑑𝑟 = +𝐶
𝑟2 𝑟
11
Sejam dois vectores, 𝑎⃗ e 𝑏⃗⃗ que formam o ângulo 𝜃, e sejam 𝑎 e 𝑏 as suas respectivas normas.
O produto interno de 𝑎⃗ por 𝑏⃗⃗, que se escreve 𝑎⃗ ⋅ 𝑏⃗⃗, é o número real 𝑐 = 𝑎 𝑏 cos 𝜃. Note-se que ‖𝑎⃗‖ cos 𝜃
é a projecção de 𝑎⃗ sobre 𝑏⃗⃗ e que ‖𝑏⃗⃗‖ cos 𝜃 é a projecção de 𝑏⃗⃗ sobre 𝑎⃗.
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𝐵 𝐺 𝑚1 𝑚2 𝐵 1 1
Eq. (5) 𝑊𝐴𝐵 = ∫𝐴 𝑑𝑊 = [ ] = 𝐺 𝑚1 𝑚2 ( − )
𝑟 𝐴 𝑟𝐵 𝑟𝐴
Conclui-se assim que: a) o trabalho realizado pela força gravítica depende apenas da posição
inicial e da posição final de 𝑚1 , não dependendo das características do movimento de 𝑚1 entre os dois
pontos13; b) o trabalho será positivo quando 𝑟𝐵 < 𝑟𝐴 , isto é, quando 𝑚1 se aproximar de 𝑚2 ; c) o trabalho
será nulo quando 𝑟𝐴 = 𝑟𝐵 .
12
O adjectivo escalar, quando aplicado a uma grandeza física, indica que ela quantificável por
um número real. O substantivo escalar refere-se a um número real.
13
Uma força com estas características diz-se ser uma força conservativa.
14
A energia cinética depende das características do movimento, pois depende da velocidade
com que esse movimento se dá. Uma forma de energia que não seja cinética diz-se ser potencial.
15
Denomina-se energia potencial a energia que se encontra “armazenada” num corpo físico e
que pode ser utilizada para produzir um trabalho. Existem vários tipos de energia potencial: energia
potencial eléctrica, energia potencial de pressão, energia potencial elástica, energia potencial química,
etc.
10
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variação da energia potencial de 𝑚1 é igual ao simétrico do trabalho realizado pela força gravítica que
actua sobre 𝑚1 . Portanto estamos perante uma energia potencial que é devida à gravitação universal e
que, por isso, é denominada energia potencial gravítica e será designada pela letra 𝑈. Sendo 𝑈 a energia
potencial gravítica de 𝑚1 pode escrever-se que, entre os pontos 𝐴 e 𝐵, a variação da energia potencial
gravítica desta massa é:
1 1
Eq. (6) 𝛥𝑈𝐴𝐵 = −𝑊𝐴𝐵 = −𝑚1 𝐺 𝑚2 ( − )
𝑟𝐵 𝑟𝐴
Já se viu que a magnitude da força gravítica exercida sobre 𝑚1 é 𝑓⃗𝑔 = −𝑓𝑔 𝑟̂ . A força gravítica
que actua sobre cada unidade de massa de 𝑚1 é a seguinte função vectorial16:
𝑓⃗𝑔 𝐺 𝑚2
Eq. (8) 𝑔⃗ = =− 𝑟̂
𝑚1 𝑟2
Esta função tem como domínio o espaço tridimensional, pois não foi imposta qualquer
restrição à posição ocupada por 𝑚1 . Trata-se de uma função vectorial que associa um vector a cada ponto
do espaço, pelo que é uma entidade matemática do tipo campo vectorial. Este campo vectorial é
denominado, por razões óbvias, campo gravítico de 𝑚2 . Note-se também que a magnitude de 𝑔⃗ é
directamente proporcional à massa 𝑚2 e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre 𝑚2 e
𝑚1 , mas não depende de 𝑚1 . A magnitude de 𝑔⃗ é:
𝐺 𝑚2
Eq. (9) 𝑔=
𝑟2
Recorde-se que 𝑔 é a força gravítica por unidade de massa que actua sobre 𝑚1 . Então a
atracção gravítica que se gera entre 𝑚2 é 𝑚1 é dada por:
Eq. (10) 𝑓𝑔 = 𝑚1 𝑔
16
Uma função diz-se vectorial quando o seu contradomínio é um conjunto de vectores.
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Uma linha que, em cada um dos seus pontos, seja tangente a 𝑔⃗, é denominada linha de campo
gravítico. Note-se que 𝑔⃗ é paralelo a 𝑓⃗𝑔 , pelo que estas linhas são também denominadas linhas de força
do campo gravítico e representam as trajectórias de um corpo em queda livre. As linhas de força do
campo gravítico de uma massa pontual são rectas que passam pelo ponto ocupado por essa massa e que,
por esse facto, em todos os seus pontos são perpendiculares às respectivas equipotenciais gravíticas.
Considere-se uma esfera de raio 𝑅 e massa 𝑀, cuja massa volúmica seja uniforme. Sendo 𝑟 a
distância ao centro da esfera, demonstra-se que a aceleração gravítica devida a este corpo é nula no centro
da esfera, cresce linearmente até à superfície e, a partir daí, decresce assimptoticamente para zero (Tipler,
381-382). A Eq. (11) apresenta a expressão matemática associada a cada uma destas duas zonas do campo
gravítico da esfera e a Figura 3.3 ilustra este fenómeno.
𝐺𝑀
𝑎) 𝑟 , para 𝑟 ≤ 𝑅
𝑅3
Eq. (11) 𝑔=
𝐺𝑀
{ 𝑏) 𝑟2
, para 𝑟 > 𝑅
As Eq. (11) mostram que as equipotenciais do campo gravítico da esfera são superfícies
esféricas cujo centro é o centro da esfera, pelo que as linhas de força do campo gravítico são rectas que
passam pelo centro da esfera.
Figura 3.3: A variação da aceleração gravítica com a distância ao centro de uma esfera homogénea
com raio 𝑹 e massa 𝑴 (figura adaptada de Tipler, 2008).
12
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Aceite-se como modelo da Terra uma esfera homogénea de raio 𝑅 = 6371 km (raio médio
de Terra, de acordo com Gaspar, 2000) em cuja superfície a aceleração gravítica seja 𝑔 = 9.8 m s −2.
Sendo assim a Eq. (11)-a) permite obter, para a massa do nosso planeta, o valor 𝑀 ≅ 9.355 × 1017 kg.
As Eq. (11) mostram que a aceleração gravítica diminui à medida que aumenta a distância entre o ponto
considerado e a superfície da esfera. Tomando como referência a aceleração gravítica à superfície, a
𝑅 + 10 km do centro da esfera a aceleração gravítica tem uma redução de 0.3% e a 𝑅 − 10 km a redução
é de 1.6%. Estas variações da aceleração gravítica são desprezáveis para as aplicações correntes da
Engenharia pelo que, para elas, a aceleração gravítica pode ser considerada constante e igual à aceleração
gravítica à superfície.
Embora sendo aproximadamente esférica, nem a Terra é uma esfera nem a distribuição de
massas no seu interior é homogénea. Em termos globais resulta destes factos que: a) as equipotenciais
gravíticas terrestres – as superfícies de nível – não têm representação matemática simples, não sendo
superfícies esféricas nem sendo paralelas entre si; b) as linhas de força do campo gravítico terrestre,
embora em todos os seus pontos sejam perpendiculares às equipotenciais gravíticas, não são rectas.
Se a região de interesse for suficientemente pequena então as superfícies de nível podem, sem
erro apreciável, ser substituídas por superfícies planas paralelas entre si. Estas superfícies planas são
denominadas planos horizontais ou planos de nível. Nas mesmas condições as linhas de força do campo
gravítico podem ser substituídas por rectas perpendiculares aos planos horizontais: são as rectas
verticais. A materialização de um plano horizontal pode ser feita recorrendo à Hidrostática: a superfície
livre de uma massa líquida em repouso no interior de um reservatório imóvel relativamente à Terra
materializa um plano horizontal. A materialização de uma recta vertical pode ser feita por recurso a um
fio-de-prumo.
A fidelidade com que a real configuração tridimensional da superfície do terreno irá ser
representada dependerá, como é óbvio, do número e da localização dos pontos que forem escolhidos para
a representar. É possível, caso os pontos de interesse no terreno estejam distribuídos por uma região não
muito extensa, substituir a superfície de referência altimétrica por uma superfície geométrica simples –
uma superfície plana ou uma superfície esférica – sem prejudicar a valia prática da representação
altimétrica assim obtida. Do exposto resulta evidente que a fidelidade com que a real configuração
tridimensional da superfície do terreno irá ser representada dependerá, não apenas do número e da
localização dos pontos que forem escolhidos para a representar, mas também da dimensão da região de
interesse.
13
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do ponto final do segmento e a cota do ponto inicial. Portanto H AB H BA . Define-se ângulo de
inclinação do segmento como sendo o ângulo que o segmento forma com os planos horizontais. A
tangente do ângulo de inclinação é o declive18 do segmento.
Define-se declive do terreno num ponto como sendo o máximo dos declives, calculados nesse
ponto, de todas as linhas que, apoiadas sobre o terreno, por ele passam. Define-se linha de maior declive
do terreno num ponto como sendo a linha que, apoiada no terreno e passando pelo ponto, apresenta em
todos os seus pontos declive máximo. Sendo assim uma linha de maior declive do terreno é a trajectória
de um corpo que se move sobre o terreno, submetido apenas à acção da força gravítica.
17
Usualmente um datum altimétrico (também denominado datum vertical) está associado a
um marégrafo, que é um instrumento que mede e regista o nível do mar ao longo do tempo. O datum
altimétrico oficial de Portugal Continental está associado ao marégrafo existente em Cascais. Em rigor o
“nível médio do mar” não é único; ele depende da localização do marégrafo onde os registos foram
efectuados, bem como da localização temporal e da extensão do intervalo temporal desses registos.
18
É de referir que, tal como acontece com o desnível, também o declive de um segmento vai
depender do sentido de progressão no segmento. Neste texto sempre que for referido o termo declive,
sem ser indicado o sentido de progressão, deverá ser admitido que esse sentido é aquele ao qual
corresponde o crescimento das cotas.
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H AB CB C A
HBA H AB
Cota de A C A é o ângulo de inclinação do segmento AB
Cota de B CB B Dh D cos
H AB
i tg é o decliv ede AB
D Dh
Cota de B
A
Cota de A
Dh
Na representação da altimetria por curvas de nível o relevo é modelado com base na projecção
horizontal das linhas que resultam da intersecção da superfície do terreno com um conjunto de planos
horizontais equidistantes entre si. Define-se equidistância natural – Q – como sendo a distância que
separa estes planos horizontais. Define-se equidistância gráfica – q – como sendo q = Q/M, onde M
representa o módulo da escala.
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a) b)
Figura 3.6: Dois extractos, sem escala, da Carta Militar de Portugal 1:25000
(a equidistância natural deste mapa é 10 m).
Para plantas topográficas (M 10.000), mas apenas na falta de outro critério, é usual fazer-se
Q = M/1000 (em metros), isto é, é usual impor uma equidistância gráfica igual a 1 milímetro.
Para terrenos naturais19, podemos considerar a sua superfície como decomponível em duas
formas fundamentais (ver Figura 3.7 e Figura 3.9) : o vale e o tergo.
Vale: associação de duas superfícies que, no seu conjunto, envolvem uma região que
está para cima da superfície do terreno; a linha de reunião das duas superfícies é denominada linha
Tergo: associação de duas superfícies que, no seu conjunto, envolvem uma região que
está para baixo da superfície do terreno; a linha de reunião das duas superfícies é denominada linha
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Vamos definir terrenos naturais como sendo terrenos que, tendo em atenção o grau de
detalhe pretendido para a representação, possam ser aproximados por superfícies suavemente onduladas.
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talvegue
Figura 3.7: Vale de margens planas interceptado por dois planos horizontais
Se a superfície terrestre, numa dada região, for constituída por dois planos que se interceptam
conforme é apresentado na Figura 3.7, então estaremos perante um vale. Trata-se evidentemente de um
vale na sua forma geométrica mais simples, mas que só ocorrerá em superfícies artificiais. Na natureza
a acção dos elementos provoca um gradual desgaste das superfícies, e as partículas resultantes deste
processo tendem a depositar-se nas regiões de menor cota. É esta a razão que explica o facto de, na
natureza, as curvas de nível tenderem a apresentar uma curvatura suave (ver Figura 3.8).
Superfície artificial
Terreno natural
80 80
70 70
60 60
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Tergo Vale
140 160
130 140
120 120
110 100
100 80
90 60
60
140
80
130
100 0
120
12 0
em
14 60
encosta
110
marg
1
ma
r ge
sta
m
enco
100
90
linha de talvegue
20
Sempre que possível deverá ser representado o ponto de cota mínima (o covão)
21
Sempre que possível deverá ser representado o ponto de cota máxima (o cume)
18
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156 220
cot
as
150 dec
es
250 r es
t
cen cen
tes
res
140
sc
300
a
cot
130 350
120
linha de cumeada
80
90
100
110
120
130
166.50 140
150 0
16
177.80 143.50
178.20
140
17
130
15 160
0
120
110
100
90
80
linha de água
a) O modelo
O modelo altimétrico de curvas de nível é constituído pelas curvas de nível e pelos métodos
utilizados para determinar as cotas de pontos do terreno que não pertençam a curvas de nível. São estes
dois elementos que, em conjunto, representam a superfície do terreno.
Um conjunto de curvas de nível definidas com uma equidistância natural constante não é, por
si só, suficiente para representar a superfície de um terreno. Esta superfície já poderá ser representada se,
ao conjunto das suas curvas de nível, forem associados métodos, ou regras, que permitam determinar a
cota de pontos que, pertencendo ao terreno, não pertençam a uma qualquer dessas curvas. É o conjunto
constituído por estes dois elementos – as curvas de nível e os métodos – que, no seu conjunto,
representam a superfície do terreno. Diz-se que estes dois elementos constituem o modelo altimétrico de
curvas de nível do terreno. Note-se que as curvas de nível são específicas de cada terreno, enquanto que
os métodos são gerais, podendo ser aplicados a qualquer conjunto de curvas de nível. O modelo assim
19
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
obtido apenas deverá ser aplicado a terrenos naturais, isto é, terrenos que possam ser representados por
superfícies suavemente onduladas.
A determinação da cota de pontos do terreno que não pertencem a curvas de nível deve ser
efectuada recorrendo a segmentos de maior declive (SMD). Atente-se na Figura 3.13.
Figura 3.13: Determinação da cota de pontos que não pertencem a curvas de nível.
O segmento de maior declive que passa pelo ponto do terreno cuja projecção horizontal é P2:
é o segmento de recta com projecção horizontal mais curta que passa por P2 e que se apoia nas curvas
de nível de cota imediatamente superior e imediatamente inferior à desse ponto. A cota do ponto P2 é
determinada por interpolação linear. O modelo de cálculo desta forma de interpolação é apresentado na
Figura 3.14.
20
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
H AB CB C A
d
CP C A H AB
D
d' B
CP CB H AB
D
P d'
d D
A
A extrapolação linear pode ser usada paras a determinação de pontos cujas cotas estejam fora
do intervalo de cotas para os quais se disponha de curvas de nível: veja-se, na Figura 3.13, como o
segmento de maior declive usado para determinar a cota de P2 também pode ser usado para determinar
a cota de P1 ou de P2. O modelo de cálculo de uma extrapolação está representado na Figura 3.15.
Atenção: as extrapolações devem ser evitadas!!!
H AB C B C A
d
C P C A H AB
d'
d d'
C P C B H AB P
d'
B
d'
d
A
Atenção: se o ponto estiver sobre uma linha de festo ou sobre uma linha de talvegue, então é
sobre essa linha que deverão ser feitos os cálculos. Para esse efeito admite-se que essa linha tem declive
constante.
b) Problemas fundamentais
O declive pretendido 𝑖 é o declive do SMD que passa pelo ponto. É fácil concluir que este
SMD é a linha recta que, tendo projecção horizontal recta e os seus extremos apoiados sobre curvas de
nível consecutivas, tem o comprimento (ℓ) mínimo – ver Figura 3.16.
Q
|𝑖| = |tan 𝛼| = , portanto 𝑖max ⟹ ℓmin
ℓ×M
21
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
P
curvas de nível
As soluções deste problema são constituídas por linhas poligonais cujas projecções horizontais
são compostas por tramos rectos todos de igual comprimento ℓ, cada um dos quais começando e
terminando em curvas de nível de cota consecutiva. Este comprimento depende apenas do declive
imposto (i) e da equidistância das curvas de nível (Q) – ver Figura 3.17.
Q Q
|𝑖| = |tan 𝛼| = ⟺ℓ=
ℓ×M |𝑖| × M
22
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
linha de cumeada
80
90
100
110
120
130
166.50 140
150 0
16
177.80 143.50
178.20
140
17
16 130
0
15 0
0
120
110
100
90
80
SECÇÃO CONSIDERADA
Em Topografia, denomina-se “perfil do terreno” a linha de corte que se obtém pela intersecção
de uma superfície de geratrizes verticais (muito frequentemente pertencentes a um mesmo plano vertical)
com a superfície do terreno. A representação do perfil é habitualmente distorcida pela utilização de uma
escala vertical maior do que a escala horizontal. Para além dos pontos inicial e final e dos pontos de
intercepção da linha de corte com as curvas de nível, deverão figurar no perfil os pontos de cota máxima
e mínima locais.
PERFIL A-B
160
180 170
linha de corte 185
210
B
200
190
200 207
A 180
190
170
180 160
150
170
140
160
130
23
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
Quando cortam uma linha de água, as curvas de nível envolvem sempre a região de jusante;
linha de água
tes
cen
res
sca
cot
sentido do
escoamento
Figura 3.21: Configuração de curvas de nível e sentido de escoamento de uma linha de água.
Uma curva de nível nunca corta a mesma linha de água em mais de um ponto;
Uma curva de nível deverá ser interrompida quando encontrar uma descontinuidade representada
por sinal convencional. Exemplo: o sinal de escarpado.
24
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
Uma curva de nível deverá ser interrompida quando encontrar descontinuidades representadas pelos
seus contornos ou limites laterais.
As inflexões das curvas de nível não devem ser feitas em ângulo, mas sim adoçadas 22.
244.60
245.70
240
238
236 234.70
234
232
230
228
226
225.80
224
As duas formas mais frequentemente utilizadas para a representação de pontos cotados são
apresentadas na Figura 3.23. A forma de representação clássica, a única que deve ser utilizada em
trabalhos profissionais, utiliza o ponto decimal para referenciar a projecção horizontal do ponto. Porém,
esta forma de representação é frequentemente substituída por uma outra, mais fácil de implementar por
utilizadores não profissionais de “software” de desenho assistido por computador (CAD). Nesta segunda
forma de representação a cada ponto cotado são associados dois elementos gráficos distintos: um assinala
a projecção do ponto – uma pequena cruz, no exemplo da Figura 3.23 – e o outro indica a cota que lhe
corresponde. Infelizmente, esta moderna forma de representação conduz a plantas cotadas mais
densamente ocupadas o que, em certos casos, prejudica consideravelmente a sua legibilidade.
22
Os programas de computador usados em Topografia usualmente permitem definir um
parâmetro que se reflecte no “grau de adoçamento” a conferir às curvas de nível por eles traçados.
25
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
cota do ponto
134.90
134 90
proj. do ponto
104.832 104.896
105.432
101.617 101.578
105.424 101.616
105.017 101.522
105.634 101.600
105.408 101.734 101.776
101.617
103.858 101.749 101.548 102.207
101.543
101.701
105.290 101.656
101.653
105.493 105.382 105.557 101.606
105.667
105.367 105.419 102.671
101.620
101.709
101.620
105.399 105.225 101.593
101.566
103.009
105.513 103.661
104.252 104.252
105.492 105.032 103.871
105.482 105.642
105.790 105.600 105.470 105.066
104.583
105.344 104.905
103.932
105.073
105.494
105.063
105.458
105.330
A selecção, sobre o terreno, dos pontos que irão ser pontos cotados na planta, deve guiar-se
pela seguinte regra:
26
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
RI Os pontos do terreno que serão levantados23, tendo em vista uma representação por
pontos cotados, devem ser escolhidos de modo a que se possa admitir constante –
dentro da precisão altimétrica do trabalho a realizar – o declive do terreno entre cada
ponto e os que lhe estão mais próximos, desde que este declive seja determinado
segundo alinhamentos rectos24.
23
Levantar um ponto consiste em executar, no terreno, as medições necessárias para a sua
representação no mapa (operação de levantamento).
24
Um alinhamento recto é a linha que resulta da intersecção da superfície do terreno com um
plano vertical; portanto, a projecção horizontal de um alinhamento recto é sempre um segmento de recta.
25
A investigação fundamental na área deste conceito deve-se ao francês Dirichlet (1805 –
1859) e ao russo Voronoi (1868 – 1908); este último é o responsável pela forma mais evoluída e actual
do conceito. Thiessen aplicou o conceito pela primeira vez apenas em 1911, no âmbito da meteorologia.
26
O criador desta técnica de triangulação foi o matemático russo Boris Nikolaevich Delone;
em russo Delone pronuncia-se de forma muito próxima da pronúncia francesa de Delaunay, nome de
27
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
Nunca é demasiada a ênfase colocada na regra que se acaba de enunciar. Implícito no seu texto
está a necessidade de levantar pontos nos cumes e covões, bem como definir um número suficiente de
pontos sobre as linhas de cumeada, linhas de talvegue e linhas de separação de águas. Resulta da sua
aplicação uma nuvem de pontos que será tanto mais densa quanto mais acidentado for o terreno. Os
pontos que satisfazem R I são denominados pontos notáveis.
A determinação da cota de pontos cuja projecção em planta é conhecida é feita com base na
regra R I atrás enunciada. Conforme já foi referido em Erro! A origem da referência não foi e
ncontrada., a determinação da cota de novos pontos por extrapolação deverá ser evitada. Para as
restantes situações, dois casos podem ocorrer: ou o novo ponto se encontra sobre um segmento de recta
cujos pontos extremos são pontos cotados que lhe são próximos ou, o que é mais frequente, o novo ponto
se encontra no interior de um triângulo cujos vértices são pontos cotados próximos. A resolução genérica
de um problema do primeiro tipo é apresentada na Figura 3.26.
B
Cota de A C A
Cota de B CB
Cota de P CP
P d'
HAB CB C A
d D d
A HAP HAP
d d'
CP C A HAP
d'
HBP HBA
d d'
CP CB HBP
28
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
A
P
Qualquer “software” utilizado em Topografia permite a utilização dos pontos cotados para a
criação de um modelo tridimensional da superfície do terreno (MNR 27). Este modelo é, na maioria dos
casos, constituído por uma superfície descontínua composta por facetas triangulares adjacentes cujos
vértices são pontos cotados. A superfície assim definida denomina-se correntemente de TIN28 e é gerada
automaticamente.
Relativamente aos métodos utilizados para a criação de TIN pode dizer-se que todos eles
procuram um equilíbrio entre dois objectivos, por vezes antagónicos, a saber:
Os algoritmos que definem quais os pontos que serão vértices de uma dada faceta são vários;
os mais utilizados talvez sejam os que se apoiam nos polígonos de Voronoi e na triangulação de
Delaunay, referidos em 3.4.5.1.Um qualquer triângulo fará parte da triangulação de Delaunay desde que
o círculo que se apoia nos três pontos cotados que ocupam os seus vértices não contenha nenhum outro
ponto cotado no seu interior. Esta condição passa a ser necessária e suficiente se admitirmos que na
nuvem de pontos cotados não existem quatro pontos sobre um mesmo círculo. Na prática esta condição
suplementar ocorre sempre pelo que, para uma dada nuvem de pontos, existirá uma e uma só triangulação
de Delauney.
27
Modelo Numérico do Relevo; na literatura de língua inglesa denominado DEM (Digital
Elevation Model) ou DTM (Digital Terrain Model)
28
Sigla derivada da expressão, em língua inglesa, Triangular Irregular Network.
29
Um triângulo será tão mais bem conformado quanto mais a sua forma se aproxime da de
um triângulo equilátero.
29
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
Todos os pontos cotados serão vértices de facetas, nenhum ponto cotado ocupará o interior de
uma faceta e as arestas das facetas apenas se interceptam sobre pontos cotados. É conveniente a inspecção
cuidadosa da rede de triângulos gerada automaticamente de modo a detectar triângulos mal conformados.
O aparecimento destes triângulos pode ser devido a deficiências de programação; por esta razão estão
sempre disponíveis ferramentas que permitem uma edição manual de triângulos, eliminando umas arestas
e acrescentando outras.
Para que uma TIN aproxime de modo satisfatório a superfície do terreno, devem ser satisfeitas
as seguintes condições:
a) As facetas triangulares devem ajustar-se bem ao terreno. Assim, em zonas onde o declive
do terreno seja constante, os pontos cotados poderão estar mais afastados uns dos outros
do que em zonas onde o terreno apresente rápidas variações do declive.
30
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
deverão ser definidas completamente todas as linhas que não poderão ser cruzadas por arestas de facetas
triangulares; estas linhas serão denominadas linhas de rotura30.
Ponto cotado
Se o terreno for acidentado, conforme já foi referido, será necessária uma elevada densidade
de pontos cotados para que a representação da altimetria respeite a regra R I. Porém, se estes pontos
cotados se destinarem apenas a servir de base ao traçado manual de curvas de nível, então é possível a
aplicação de metodologias e critérios de selecção dos pontos a levantar que minimizem não apenas o
trabalho de campo mas também o trabalho de gabinete. Uma abordagem possível será a seguinte:
Os restantes pontos cotados (que normalmente serão a esmagadora maioria) deverão estar
colocados segundo as linhas de maior declive, particularmente aquelas que definem linhas
de separação de águas e linhas de talvegue.
30
Em língua inglesa estas linhas são frequentemente denominadas “breaklines”, designação
que, por essa razão, também é muito utilizada entre os profissionais de Topografia no nosso país.
31
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
razão o trabalho de gabinete deverá ser feito, ou supervisionado, por alguém que conheça bem o terreno,
se possível pelo responsável pelo trabalho de levantamento.
Figura 3.30: Optimização do número de pontos a levantar tendo em vista o traçado manual de
curvas de nível (as interpolações apenas deverão ser efectuadas
segundo as linhas a tracejado).
Trata-se de um problema usualmente muito trabalhoso mas também muito frequente, já que a
representação do relevo por curvas de nível é fácil de interpretar e de utilizar. Actualmente este problema
é resolvido com facilidade pelo recurso a “software” de Topografia. Sobre os modelos computacionais
de representação do relevo já foram tecidas algumas considerações em parágrafos anteriores.
31
Recorde-se que uma faceta triangular é uma superfície plana.
32
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
Para o traçado manual de curvas de nível é necessário graduar segmentos apoiados em pontos
cotados, isto é, determinar sobre esses segmentos pontos de cota inteira. Esta graduação é feita
usualmente por dois métodos fundamentais: interpolação gráfica e interpolação numérica. Embora a
regra R I permita concluir que são válidas as interpolações sobre todos os segmentos que unam um ponto
cotado a todos os que lhe estão mais próximos, os erros cometidos são menores quando essas
interpolações são feitas segundo segmentos com direcções próximas das direcções de linhas de maior
declive do terreno. Se o trabalho de levantamento foi executado tal como se sugere em 3.4.5.4, então só
serão válidas as interpolações efectuadas sobre alinhamentos bem definidos.
a) Interpolação gráfica
33
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
131
130
112.00
111 129
108
105 128
102 127
99
96 126
93 125
92.00 124.60
697
74
690
75
680
76
670
77
660
78
650
79
640
80
80.5 635
b) Interpolação numérica
Reduz-se ao cálculo de proporções (regras de três), de acordo com o esquema da Figura 3.33.
A utilização de máquinas de calcular programáveis é claramente indicada por se tratar de um processo
repetitivo.
Cota de A C A
Cota de B C B
X
Cota de B-Cota de A
Cota de X C X
Cota de X-Cota de A
A
Cota de B
Cota de X
C A C X CB
CX CA
D L
CB C A
Cota de A
34
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
4 Os Nivelamentos
As operações topográficas que permitem a definição do relevo do terreno – as operações
altimétricas – denominam-se nivelamentos. Nos nivelamentos são usadas, como superfícies de
referência, equipotenciais do campo gravítico terrestre (equipotenciais gravíticas). As equipotenciais
gravíticas são frequentemente denominadas superfícies de nível – ver 3.4.2.
Estas superfícies de nível são superfícies curvas; no entanto, se as regiões de interesse forem
suficientemente pequenas – é este o domínio de actuação da Topografia – a curvatura poderá ser
desprezada. Desprezar a curvatura das superfícies de nível significa ser aceitável a substituição da
superfície de referência curva por um plano que lhe seja tangente ou, o que é equivalente, um plano
perpendicular às linhas de força do campo gravítico, isto é, um plano horizontal de referência. Trata-se
evidentemente de uma nova componente da simplificação topográfica, esta agora relativa à altimetria.
Uma análise dos pressupostos em que se apoia esta simplificação será apresentada mais adiante (ver 4.3).
Seguidamente são recordados os conceitos de cota, altitude e desnível, já abordados em 3.4.3.
Cota e altitude:
Cota de um ponto é a distância que separa esse ponto de um plano horizontal de referência.
Quando o plano horizontal de referência corresponde ao nível médio das águas do mar na zona de
interesse, então essa distância denomina-se altitude.
Desnível:
H AB CB CA
visada – é um plano horizontal (plano de nível). É o fio nivelador que irá ser utilizado nas leituras com
o nível. Uma leitura efectuada, com um nível devidamente estacionado, sobre uma mira vertical,
denomina-se nivelada.
mira vertical
C A cota em A
C B cota em B
A nivelada em A
B nivelada em B
mira vertical
Plano de visada
B
B
A
H AB
E
CB
CA
36
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
1.995
D
2.021
1.892
2.012
A
Niveladas l Desníveis H
Pontos Atrás Interm. Adiante + - Correcç. Cotas
RI Um nivelamento começa sempre por uma nivelada atrás e termina por uma nivelada
adiante. Todas as restantes niveladas são intermédias e a ordem porque são registadas
na caderneta é indiferente.
Depois de feito o registo de todas as niveladas pode avançar-se para o cálculo dos desníveis
(o preenchimento da coluna “Correcç.” será tratado mais adiante). Para o cálculo das cotas será admitido
que a cota do ponto C é 100.000 metros.
Relativamente ao nivelamento da figura, de acordo com a regra atrás enunciada, temos quatro
niveladas de entre as quais devemos escolher uma para nivelada atrás e outra para nivelada adiante.
Vamos escolher a nivelada de B para nivelada atrás e a nivelada de A para nivelada adiante (qualquer
outra escolha possível seria igualmente legítima). Quanto às niveladas restantes, elas serão niveladas
37
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
Niveladas l Desníveis H
A 1.892 CD HDA
100.103
Muito frequentemente não é possível e/ou não é conveniente, executar todo o trabalho de
nivelamento com base numa única estação. Nessas situações opta-se por executar vários nivelamentos
simples parcelares, tendo o cuidado de que todos esses nivelamentos sejam ligados dois-a-dois por um
ponto nivelado comum, ou seja, um ponto nivelado a partir de ambas as estações. São estes pontos
nivelados comuns – os pontos de ligação – que vão permitir a transmissão do cálculo dos desníveis entre
estações, obtendo-se assim um nivelamento – um nivelamento composto – que abrange toda a região de
interesse.
R II As niveladas para pontos de ligação apenas poderão ser niveladas atrás ou niveladas
adiante. Serão niveladas atrás se fizerem ligação à estação anterior; no caso contrário
serão niveladas adiante.
38
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
25
2.1
3.097 4
1.4
7
5 8
1.3 75
2.0
97 6 7 2.9
1.3
9 15
8 2.5
64
67
1.0
6 5
39
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
Niveladas l Desníveis H
8 2.015 101.173
O cálculo dos desníveis é efectuado do modo que já foi apresentado para os nivelamentos
simples. Apenas se chama a atenção para o desníveis H 57 e H 71 . O primeiro destes desníveis deverá
ser calculado com base em niveladas efectuadas a partir de E1, enquanto que o segundo deverá ser
calculado com base em niveladas efectuadas a partir de E2.
Esta expressão traduz uma condição necessária mas não suficiente, isto é, a não ser verificada
implica que um erro tenha ocorrido nos cálculos dos desníveis, mas o facto de ser verificada não garante
a inexistência de erros nos cálculos. A última linha da caderneta da Figura 4.8 contém os valores que
permitem a verificação desta condição.
Vamos definir que o primeiro e o último ponto de um nivelamento são os pontos que,
respectivamente, figuram em primeiro e em último lugar na correspondente caderneta. O desnível entre
estes dois pontos extremos será designado desnível total H total . É fácil verificar que
Se este desnível total for previamente conhecido – o seu valor será designado H total – então
*
40
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
Designando por V o valor encontrado numa medição de uma dada grandeza e Vexacto o
verdadeiro valor dessa grandeza, então o erro cometido nessa medição é dado por:
Adaptando esta expressão ao caso dos nivelamentos, teremos Erro total H total H total . A
*
correcção total a introduzir nas medições deverá anular este erro e por isso teremos:
No caso dos nivelamentos compostos, o erro total cometido é o resultado da adição dos erros
cometidos em cada um dos nivelamentos simples parcelares. Assim sendo, então a correcção total deverá
ser distribuída por todos esses nivelamentos. Esta distribuição deverá ser feita respeitando um certo
número de pressupostos que, no seu conjunto, formam o que se designa por modelo de distribuição do
erro.
O modelo de distribuição mais simples, e o único que iremos aplicar, resume-se a admitir que
em todas as estações:
Resulta destes pressupostos que todas as correcções parcelares deverão ter igual valor. Esse
valor será:
Correcção total
Eq. (17) parcelar
Nº de estações
Note-se que as correcções parcelares não deverão apresentar um número de casas decimais
superior ao dos dados do problema (as niveladas). É por isso frequente que nem todas as correcções
parcelares de um mesmo nivelamento composto apresentem exactamente o mesmo valor. Este facto
resulta da necessidade de arredondar parcelar , umas vezes por excesso e outras por defeito, de modo a
que as correcções parcelares efectivamente aplicadas não apresentem mais casas decimais do que as
41
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
niveladas, mantendo-se no entanto o seu somatório igual ao valor da correcção total. É usual aplicar
apenas ao primeiro desnível toda a correcção parcelar da estação.
A metodologia apresentada vai ser exemplificada com o nivelamento da Figura 4.8, admitindo
que é conhecido o desnível exacto entre os pontos 3 e 8 e que ele é de 1.168 metros.
Teremos H total
*
1.168 e H total 1.173 . De acordo com a Eq. (16) virá
Correcção total 0.005 ; a aplicação da Eq. (17) conduz a parcelar 0.005 2 . Para manter o número
de casas decimais dos dados, teremos de proceder a arredondamentos por excesso e por defeito, mas
garantindo correcções parcelares correcção total . Portanto, teremos de adoptar uma correcção com
valor 0.002 e outra com valor 0.003. A ordem porque serão aplicadas as correcções é indiferente.
Niveladas l Desníveis H
8 2.015 101.168
42
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
(a) (b)
(c) (d)
Legendas:
(a) Calagem da nivela esférica
(b) Colocação da mira no ponto a nivelar
(c) Pontaria e focagem da luneta
(d) Execução da nivelada
Aulas laboratoriais do curso de Engenharia Civil, 2003
Fotografias de Nuno Cristelo
32
A colocação em estação de um nível automático exige apenas a calagem de uma nivela
esférica; a horizontalização rigorosa da linha de visada é garantida pela acção de um mecanismo
compensador (um compensador óptico) existente no interior da luneta.
43
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
1. As niveladas (as leituras na mira vertical executadas com o nível devidamente estacionado)
devem ser feitas estimando o milímetro. Esta estimativa só é credível se as linhas de visada (as distâncias
entre o nível e a mira) não forem excessivamente longas (a prática aconselha a não exceder os 15 metros).
2. Em cada estação o nível deve ser estacionado, tanto quanto possível, a igual distância dos
pontos nivelados (método das visadas a igual distância). Se esta condição for satisfeita, o erro devido à
imperfeita horizontalização do plano de visada será semelhante para todos os pontos visados, tendendo
a anular-se aquando do cálculo dos desníveis. De um modo geral, quando o número de visadas efectuadas
a partir de uma dada estação for superior a duas, não será possível aplicar este método a todas elas.
Porém, o método deverá sempre ser aplicado entre a nivelada atrás e a nivelada adiante de cada estação:
ao fazê-lo garante-se que, num nivelamento composto, o erro devido à imperfeita horizontalização do
plano de visada não será transmitido para as estações adjacentes.
33
Para além dos nivelamentos geométricos correntes, que são tratados neste texto, existem
também nivelamentos geométricos ditos de “alta precisão”, para os quais as precisões atingíveis são da
ordem das décimas de milímetro. Neste segundo tipo de nivelamentos deverão ser aplicadas todas as
técnicas apresentadas nesta secção, mas também: a) deverão ser usados equipamentos e acessórios mais
sofisticados (níveis automáticos dotados de “micrómetro de placas planas” em conjunto com miras de
ínvar graduadas em milímetros, ou níveis automáticos digitais em conjunto com miras de ínvar para
leitura automática de niveladas); b) se possível, também deverão ser aplicados sofisticados modelos de
compensação de erros (usualmente baseados no “método dos mínimos quadrados”).
44
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
As precisões usuais conseguidas na determinação dos desníveis são, nos trabalhos correntes
de Topografia executados com taqueómetros do tipo mais moderno, cerca de dez vezes inferiores às
obtidas num nivelamento geométrico corrente36. Esta relativamente grande imprecisão tem sido usada
como justificação para se não proceder à compensação dos erros nos nivelamentos trigonométricos em
que tal compensação seria possível. Entendo que este modo de actuar não tem qualquer razão de ser.
Resulta da forma como são efectuados os trabalhos de taqueometria ser frequente que, para
um determinado segmento de recta que una duas estações, possam ser calculados – de forma
completamente independente – dois desníveis (um desnível para cada sentido de progressão no
segmento). Sempre que tal acontecer deverá ser determinado – e utilizado nos cálculos altimétricos – o
desnível médio entre as estações.
É frequentemente possível localizar as estações de tal forma que elas constituam os vértices
de uma linha poligonal fechada, isto é, uma linha que comece e termine na mesma estação. Sendo assim,
para cada tramo da linha poligonal será possível determinar o correspondente desnível médio Δ𝐻𝑖 . Para
∗
toda a linha poligonal ter-se-á um nivelamento fechado com Δ𝐻𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = ∑Δ𝐻𝑖∗ = 0 pelo que deverão ser
compensados os desníveis médios Δ𝐻𝑖 .
Quando a linha poligonal começar e terminar em pontos diferentes, então apenas poderemos
∗
efectuar a compensação dos desníveis entre estações se conhecermos, com suficiente precisão, o Δ𝐻𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 .
34
Os taqueómetros são instrumentos que permitem medir indirectamente distâncias, bem
como ângulos verticais e horizontais.
35
As fórmulas taqueométricas irão ser apresentadas no capítulo referente à medição de
distâncias no terreno.
36
Ao efectuarmos um nivelamento geométrico, recorrendo a uma mira graduada em
centímetros, devemos ser capazes de efectuar boas estimativas do milímetro. Em taqueometria corrente,
efectuada com recurso a taqueómetros electrónicos, não se poderá garantir precisões superiores ao
centímetro; este facto resulta, não apenas das características do instrumento e dos acessórios utilizados,
mas também da forma como, no terreno, são habitualmente efectuados os trabalhos.
45
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
Já vimos que, nos nivelamentos geométricos, os planos de nível são materializados com
recurso a instrumentos ópticos capazes de visadas horizontais; estes planos de nível são aproximações
locais das superfícies de nível, que são superfícies curvas. Devemos então ter em atenção o efeito das
destas duas simplificações que estão implícitas na execução de nivelamentos geométricos: superfície
equipotencial plana e trajectória rectilínea dos raios luminosos. Para simplificar a análise, vai ser
admitido que a superfície equipotencial gravítica a utilizar para o cálculo das cotas é uma superfície
esférica, geocêntrica, com raio igual ao raio médio terrestre.
Atente-se na Figura 4.10. Os pontos A e B têm a mesma cota, já que se encontram sobre a
mesma superfície de nível. Porém, a utilização de um plano horizontal como superfície de referência
altimétrica vai traduzir-se num erro, o erro de esfericidade, de valor igual ao do comprimento do
segmento e. A utilização do plano horizontal como superfície de referência altimétrica vai levar a que se
avalie a cota de B como sendo inferior à cota de A. Seja 𝑖 a altura a que o aparelho está do solo e seja
𝑅 ∗ = R + 𝑖. Então, pelo Teorema de Pitágoras teremos que 𝑅 ∗ 2 + 𝐷2 = (𝑅 ∗ + 𝑒)2 e 𝐷2 = 𝑒(2𝑅 ∗ + 𝑒).
Tendo em atenção que 𝑅∗ ≅ R vem:
D2 D2
Eq. (18) e
2 R e 2 R
46
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PI
D
D'
r
e
A
B
superfícies de nível
)
a (R
Pormenor I:
err
aT
diod
mé
D
raio
su
r
r'
p.
nív
el
(raio
R) tra
j. ra
ios
lum
ino
so
s(
rai
oR
')
- denso
+ denso
47
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Nos climas frios e nos temperados, a densidade da atmosfera decresce com a altitude. Nessas
condições os raios luminosos que atravessam obliquamente a atmosfera vão sofrer desvios na sua
trajectória que, globalmente, se traduzirão numa trajectória mais ou menos encurvada, com a
concavidade voltada para o terreno37 (ver Figura 4.12).
raio luminoso
densidade
crescente
atmosfera
superfície terrestre
Em termos médios, e para o nosso clima, pode dizer-se que a trajectória dos raios luminosos
próximos da superfície terrestre é aproximadamente circular, de raio R = 6.25 x R, sendo R o raio médio
terrestre (Francisco Garcia-Tejero, Topografia Abreviada, 1974).
Atente-se novamente na Figura 4.10. Pode escrever-se ( R' r ') D ' R' e, como r ' é
2 2 2
muito menor que R’, vem r ' D ' 2 R' . Quando D ' for muito menor que R' teremos que
2 2
será muito pequeno e, portanto, D ' D e r ' r . Nestas condições o segmento r, que se denomina erro
de refracção, será:
D2
Eq. (19) r
2R '
37
Nos climas quentes, nos quais o aquecimento da superfície terrestre é por vezes muito
significativo, pode verificar-se o sobreaquecimento das camadas inferiores da atmosfera. Assim sendo,
poderá acontecer que a curvatura dos raios luminosos, próximo da superfície, seja oposta à que é indicada
neste texto.
48
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10.5 D 2
Eq. (20) a er
25 R
Este erro irá traduzir-se numa avaliação da cota de B inferior à real e, portanto, o desnível de
medido entre A e B será inferior ao que efectivamente se verifica. Note-se que o erro de nível aparente
pode ser muito diminuído se o cálculo dos desníveis entre dois pontos for efectuado com base em visadas
com inclinações semelhantes, executadas com um equipamento (nível ou taqueómetro) estacionado num
terceiro ponto, equidistante dos dois primeiros (o atrás referido “método das visadas a igual distância”).
49
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
Como as plantas topográficas são projecções horizontais, então as distâncias que sobre eles
são medidas são distâncias em projecção horizontal afectadas pelo valor da escala do mapa. Se
pretendermos determinar distâncias inclinadas, então deverá ser tido em consideração o declive dos
segmentos. As considerações que de seguida irão ser feitas, referem-se apenas à determinação de
comprimentos em projecção horizontal.
Se a medição, sobre a planta, for efectuada com recurso a uma régua, então para obtermos as
correspondentes distâncias no terreno teremos de multiplicar o valor das medições efectuadas no mapa
pelo módulo da escala. Se dispusermos de uma régua de escalas, e nela constar a escala do mapa, então
obteremos o valor das distâncias no terreno directamente por leitura da régua. Caso a planta disponha de
uma escala gráfica, poderemos avaliar as distâncias no terreno utilizando um compasso para transportar
o comprimento dos segmentos do mapa para a escala gráfica.
Poderemos sempre substituir a linha curva por uma linha poligonal que a aproxime de modo
satisfatório. O comprimento máximo, e o comprimento mínimo, de cada segmento – e consequentemente
o seu número total – deverão ser escolhidos em função da precisão que se pretende para a medição. O
comprimento da linha curva será portanto aproximadamente igual ao somatório dos comprimentos dos
vários segmentos rectos da linha poligonal. No entanto, a solução mais cómoda para a medição do
comprimento de linhas curvas consiste na utilização de um curvímetro.
50
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2 x1 x2 x3 x4 x1
3 y1 y2 y3 y4 y1
1 parcelas a subtrair
x
parcelas a somar
y
Figura 5.1: Método de Gauss – mnemónica para a definição do sinal das parcelas.
1
A y1 ( x2 x4 ) y2 ( x3 x1 ) y3 ( x4 x2 ) y4 ( x1 x3 )
2
Eq. (21)
1
( y1 x2 y2 x3 y3 x4 y4 x1 y1 x4 y2 x1 y3 x2 y4 x3 )
2
38
Por vezes também denominados “métodos analíticos”. A denominação “métodos exactos”
refere-se apenas à exactidão das fórmulas de cálculo que lhes correspondem.
51
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abc
p
c 2
a
A
A área a medir é aproximada por um conjunto de trapézios, todos de igual base. O contorno
da área é portanto aproximado por uma linha poligonal.
Linha poligonal
x3
f(x) x1 f(x)dx A1 A2
y1 y2 y2 y3
A1 A2 d
y3 2 2
y2 d
(y1 2 y2 y3)
2
A2
y1
A1
x3
x2
d
x1
d
Figura 5.3: Área de dois trapézios adjacentes que compartilham uma altura.
39
Recorda-se que os métodos de integração numérica destinam-se, tal como o nome indica,
ao cálculo numérico (e, portanto, aproximado) de integrais.
52
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Na Figura 5.3 está aplicado o método ao cálculo da área limitada por uma função f(x) e o eixo
das abcissas, utilizando apenas dois trapézios. Generalizando para n trapézios (n intervalos40 de dimensão
d) obtemos a fórmula geral (conhecida por fórmula de Bezout):
d
y1 yn 1 2 y2 y3 yn
xn 1
A f ( x)dx
2
Eq. (23)
x1
O contorno da área a medir é aproximado por uma linha descontínua composta por arcos de
parábola. Como a parábola é um polinómio do segundo grau, serão necessários sempre três pontos para
definir cada arco. Estes pontos são obtidos a partir da subdivisão do eixo das abcissas num número
par de intervalos iguais de amplitude d. A Figura 5.4 exemplifica o método para um único arco de
parábola.
f(x)
x3
arco de parábola x1 f(x)dx A1
d
A1 (y1 4 y2 y3)
y3 3
y2
y1
A1
x3
x2
d
x1
d
d
y1 yn1 2 y3 y5 yn1 4 y2 y4 yn
xn 1
Eq. (24) A f ( x)dx
x1 3
40
Recorde-se que para definirmos k intervalos devemos determinar k+1 alturas y.
41
Se n é par, então n1 e n+1 são ímpares.
53
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54
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A medição directa de distâncias obriga a que o topógrafo se desloque sobre o terreno ao longo
de todo o segmento recto a medir; nos trabalhos correntes, a extensão do segmento recto é comparada
com o comprimento de uma fita métrica ou, mais raramente, uma cadeia. Poderá ser necessário limpar
o terreno, ou mesmo suspender a fita afastando-a do solo (caso em que poderá ser necessário apoiar a
fita num número suficiente de pontos intermédios).
As medições de alta precisão são feitas com fios de ínvar43 suspensos; neste caso, é essencial
entrar em linha de conta com a deformada do fio, o que obriga à utilização de dispositivos de suspensão
adequados e a uma cuidadosa avaliação da tensão exercida nos extremos do fio.
Diz-se que se efectuou a medição indirecta de uma distância quando a medição não obrigou a
percorrer toda a extensão do correspondente alinhamento recto. Quando são utilizadas técnicas da
Topografia clássica44, o aparelho de medida é colocado num dos extremos do segmento e no outro
extremo é colocado um acessório sobre o qual são feitas leituras que permitem a determinação da
distância pretendida.
42
Se distância a medir for curva, então terá de ser decomposta num número conveniente de
segmentos de recta.
43
O ínvar é uma liga de aço e níquel (30% de níquel), que possui um coeficiente de dilatação
térmica muito pequeno (10-6/ºC)
44
No âmbito deste texto será considerado que as técnicas da Topografia clássica não englobam
as modernas técnicas de radionavegação por satélite (de que o posicionamento GNSS é o tipo mais
divulgado).
55
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linha de visada
g G
d Di
Eq. (25) Di k G
g G
45
Também denominada “eixo óptico da luneta”.
46
O número gerador é sempre um número positivo.
47
Mais correctamente denominada mira falante.
56
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1 ω
Eq. (26) k = cot
2 2
fio vertical
fio médio
fio estadimétrico
esquerdo
fio estadimétrico
direito
Di
Dh
Figura 6.3: Distância segundo a linha de visada, distância horizontal e altura trigonométrica.
57
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
Os ângulos verticais são usualmente medidos sobre um círculo graduado que defina um plano
vertical. Em Topografia, estes ângulos poderão ser medidos relativamente a uma de três origens, a saber:
a a
ad ad
vis vis
de de
ha n i nh
a
lin l
z
z
horizontal
vertical
NADIR
A aplicação do princípio fundamental da estadimetria – ver Figura 6.1 e Eq. (25) – implica,
conforme se viu, o paralelismo entre g e a mira. Esse paralelismo não é fácil de garantir na prática,
particularmente quando estivermos a executar visadas inclinadas relativamente à horizontal. A
experiência mostra que quando a mira é colocada horizontalmente é mais fácil garantir uma razoável
perpendicularidade entre esta e a linha de visada.
48
O porta-miras é o auxiliar do topógrafo que tem como função principal colocar a mira em
cada um dos pontos a levantar.
58
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
dispositivo onde ela possa ser apoiada. Portanto, na esmagadora maioria das situações, é preferida a
utilização de miras colocadas verticalmente. Porém, se a mira for colocada verticalmente já se não pode
admitir a perpendicularidade entre a linha de visada e a mira, o que obriga, para a determinação da
distância Di, a introduzir alterações ao princípio fundamental da estadimetria.
Leituras na mira:
fio esquerdo(f3) : 1,412 m
fio médio (f2) : 1,500 m
fio direito (f1) : 1,588 m
14 15 16 G=1,588-1,412=0,176 m
49
Distância, medida na vertical, que separa o centro óptico da luneta do ponto E (denominado
estação).
59
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G
Di
mira horizontal h
z
A
linha de visada
n
P
i
H EP
Dh
19 Leituras na mira:
fio superior (f3) : 1,878 m
fio médio (f2) : 1,789 m
fio inferior (f1) : 1,700 m
18
G=1,878-1,700=0,178 m
17
60
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mira vertical
Di G
DETALHE
h
z
f2
G c
linha de visada
os
n
P
i
H EP
Dh
50
O distanciómetro electrónico é um dispositivo que permite a medição de distâncias
recorrendo a técnicas MED. Este assunto será muito sucintamente abordado no subcapítulo seguinte.
61
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prisma reflector
Di
h
z
bastão hb
linha de visada
n
P
i
H EP
Dh
62
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(c)
51
Este taqueómetro electrónico é do tipo estação total, dado que efectua electronicamente as
leituras angulares (ângulos verticais e horizontais).
63
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(d) (e)
(f) (g)
(h) (i)
64
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(j) (k)
Legendas:
(a) Abertura do tripé
(b) e (c) Colocação sobre o ponto estação (utilização do fio de prumo)
(d) Fixação do taqueómetro ao prato do tripé
(e) Nivelamento do taqueómetro (calagem da nivela esférica)
(f) Verificação da colocação sobre o ponto estação (utilização do prumo óptico)
(g) Medição da altura do instrumento
(h) Pontaria ao prisma reflector
(i) Bastão, prisma reflector e alvo auxiliar
(j) Visor do taqueómetro, com afixação das leituras lineares e angulares
(k) Registo manual das leituras
Os aparelhos MED avaliam as distâncias determinando o tempo que certos tipos de ondas
electromagnéticas as demoram a percorrer. Consoante as características das ondas utilizadas, assim os
65
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ou T
Uma onda é uma função de duas variáveis, o tempo (t) e uma distância (x). Se a representação
gráfica da onda for feita para t constante , o traçado repetir-se-á a intervalos iguais , denominado
comprimento de onda. Se a representação for feita para x constante , o gráfico da função vai repetir-se
a intervalos iguais T, denominados período da onda. O inverso do período denomina-se frequência e é
usualmente expresso em Hertz (1 Hz=1 s1)
É corrente a classificação dos equipamentos MED nas duas categorias que se seguem:
66
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a
sf er Ond
I o no a re
flec
tida
O n d a d e s u p e r f í c ie
Emissor Receptor
Superfície terrestre
Onda directa
Este tipo de ondas é usado na medição de distâncias muito grandes (da ordem das centenas de
quilómetros). A onda que permite as medições é aquela cuja propagação acompanha a curvatura terrestre
(a onda de superfície). As ondas que são reflectidas na ionosfera (ondas reflectidas) são causa de erros.
As ondas com propagação rectilínea (ondas directas) são interrompidas pela superfície terrestre (ver
Figura 6.11).
rsa
i s pe
d
da
On
Emissor Onda directa Receptor
flectida
Onda re
Superfície
São usadas na medição de distâncias curtas (inferiores a 100 Km). Portanto, são as usadas
pelos distanciómetros utilizados em Topografia. Nestes equipamentos, a medição da distância deverá ser
feita apenas recorrendo a ondas directas. As ondas reflectidas na troposfera ou na ionosfera (ondas
dispersas) sofrem o fenómeno de dispersão – “scattering” – e são causa de erros; pela mesma razão,
também as ondas que eventualmente sofram reflexão na superfície terrestre (ondas reflectidas) devem
ser evitadas (ver Figura 6.12)
67
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
Luz visível, incoerente ou O comprimento de onda da portadora é da ordem dos 0.5 microns
luz coerente (“laser”) (106 metros). A onda modeladora tem uma frequência muito mais
baixa. Apresentam uma relativamente fraca penetração atmosférica,
mas raramente se verificam reflexões indesejáveis. As medições são
feitas usando a onda directa. O alcance é inferior ao das microondas
dado que a energia da onda é mais rapidamente absorvida pela
atmosfera.
68
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
A medição de uma distância é, como qualquer outra medição, afectada por erros sistemáticos
e por erros acidentais. Os erros causados pela incorrecta utilização dos instrumentos de medida não vão
ser objecto das considerações que se seguem52.
Os erros acidentais poderão ser evitados, ou pelo menos minorados, utilizando práticas que a
experiência demonstra serem adequadas, bem como repetindo as medições, processo que permitirá
detectar erros grosseiros e determinar valores médios. Como estes erros não são previsíveis, a sua análise
e tratamento apenas é possível com recurso à Estatística.
Eq. (35) Δ𝐿 = 𝐿 − 𝐿∗
O erro absoluto é, no caso mais geral, decomponível em duas parcelas: uma (L0), independente
do comprimento medido, devida a um incorrecto posicionamento da origem da escala 54, e outra,
dependendo do valor medido, devida ao facto das divisões da escala utilizada não serem perfeitas,
apresentando todas elas a mesma diferença relativamente às divisões de escala perfeita (veja-se a Figura
6.13).
52
Estes erros eliminam-se de um modo simples: aprendendo a operar devidamente os
instrumentos antes de os utilizar!
53
No meio físico nada é conhecido com exactidão. Entenda-se por valor exacto um valor que
foi determinado com uma precisão claramente superior àquela com que se determinou L.
54
Aqui o substantivo escala é usado para designar a materialização de um segmento de recta
graduado.
55
Na realidade, tal nunca acontece exactamente. No entanto, este erro tomará sempre valores
pequenos e que se revestirão de características aleatórias que o transferem para a categoria dos erros
acidentais.
69
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L escala perfeita
0 5 10 15 20
A B
L0
Eq. (36) D* (1 ε) D
70
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influência dos erros cometidos na medição dos ângulos verticais é desprezável face ao efeito dos erros
cometidos na avaliação dos números geradores.
O número gerador é obtido por subtracção de duas leituras, ambas executadas em idênticas
condições (veja-se a Figura 6.7). Assim, o erro que afectará G variará entre 0 e 2 mm. Portanto, na
situação mais desfavorável, o erro cometido na determinação da distância segundo a linha de visada será
de k2 mm.
56
Na Física nada é garantido! Deve entender-se que a probabilidade do intervalo assim
definido conter o valor exacto da leitura, quando efectuada por um operador competente, é muito grande,
por exemplo 95% ou 99%.
71
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
Em termos de planimetria, a definição dos pontos poderá ser feita com base em um dos dois
tipos de coordenadas seguintes:
a) Coordenadas rectangulares
b) Coordenadas polares
57
“Global Navigation Satellite Systems”.
58
Em Topografia, um esquadro é um instrumento que permite a execução de visadas segundo
direcções perpendiculares a uma direcção de referência. Alguns esquadros permitem também a execução
de visadas segundo outros ângulos (e.g., 30º e/ou 45º).
72
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Uma poligonal é uma linha quebrada de troços com projecção horizontal recta, definida de tal
modo que exista sempre um seu vértice coincidente com cada uma das estações dos levantamentos
planimétricos parcelares que constituem um dado levantamento planimétrico composto. As poligonais
são utilizadas para a determinação das coordenadas planimétricas de todas as estações num referencial
cartesiano comum.
N
E2
E1
F
IDT
D
E9
E3
C
E13
M
E8
E4
A E12
E15 J E
E16
I
E14
H E11
E10
L
E7
B
G Vértice de poligonal
E5
Tramo de poligonal
E17
E6
Campus do ISEP (2002)
Figura 7.1: Poligonais utilizadas para a elaboração de uma planta topográfica do ISEP
73
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
59
Existem vários “nortes”: Norte Verdadeiro (dado muito aproximadamente pela posição da
Estrela Polar), Norte Magnético (direcção do Pólo Norte magnético), Norte Geodésico (a direcção Norte
do referencial geodésico no qual são determinadas as coordenadas geodésicas – a latitude e a longitude
– dos pontos de interesse) e o Norte Cartográfico (a direcção do Norte da quadrícula cartesiana existente
em muitas cartas). As diferenças angulares entre estes “nortes” podem ser significativas.
74
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
AB BA
Define-se rumo como sendo uma orientação medida relativamente a um eixo dos xx paralelo
ao vector S – N. Portanto, um rumo é um caso particular de uma orientação e, se o sistema de coordenadas
for um sistema M, P , as orientações são sempre rumos.
Da observação da Figura 7.4 conclui-se que BC BA B . Tendo em atenção a Eq. (39),
pode escrever-se:
75
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
BC
B
B
AB BA
Para que seja válida a Eq. (40) o ângulo B deverá ser medido, conforme está indicado na
Figura 7.4, no sentido horário e no sentido do avanço na linha poligonal60. Os ângulos, determinados em
cada vértice interior de uma poligonal de acordo com a convenção que se acaba de enunciar, são
denominados ângulos topográficos. A partir deste ponto a letra vai ser reservada para designar estes
ângulos.
60
A linha poligonal é constituída por um conjunto de segmentos orientados que se sucedem.
Portanto, está nela implícito um sentido de progressão (avanço) que é dado pela sucessão dos seus
vértices. Este sentido de progressão deverá ser arbitrado antes da execução de quaisquer cálculos.
61
Uma direcção observada é uma leitura do limbo horizontal de um taqueómetro (ou de um
teodolito) convenientemente estacionado.
76
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
Tendo em atenção a Figura 7.6,e sendo AB o comprimento do segmento AB, fácil é concluir
que
x xB xA AB cos AB
Eq. (41)
y yB yA AB sen AB
Portanto teremos:
xB xA x
Eq. (42)
yB yA y
AB
x
A
y
yAB
considerado (veja-se a Figura 7.7). É vantajosa a consideração do ângulo auxiliar AB atan . As
xAB
AB 1º quadrante AB AB
AB 2º quadrante AB π AB
Eq. (43)
AB 3º quadrante AB π AB
AB 4º quadrante AB 2π AB
77
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
A B
AB
B A
As poligonais são linhas quebradas cujos vértices são pontos de coordenadas cartesianas
conhecidas ou a determinar. Conforme se disse já, estes pontos são, muito frequentemente, as estações
de levantamentos planimétricos parcelares executados por irradiação. Para que este método seja
aplicável, é necessário medir os comprimentos dos vários tramos da poligonal, bem como os ângulos
topográficos nos seus vértices. É corrente serem as poligonais classificadas em termos de permitirem ou
não a compensação dos erros que inevitavelmente se cometem nos correspondentes trabalhos de
levantamento. No primeiro caso são denominadas poligonais fechadas e no segundo caso são
denominadas poligonais abertas.
Os erros que eventualmente ocorram serão devidos aos erros que afectaram a medição dos
ângulos topográficos e a medição dos comprimentos dos tramos. Portanto, deveremos considerar a
existência de erros angulares e de erros lineares.
O cálculo das poligonais abertas é muito simples e vai ser exemplificado com a poligonal da
Figura 7.8. As expressões obtidas serão de seguida generalizadas.
78
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B
B
AB AB BC
D
C CD
A
BC AB B π
Eq. (45)
CD BC C π
Eq. (46) j k i j j π
Note-se que no caso da poligonal que temos vindo a analisar, os valores possíveis para n são
elementos do conjunto {2 , 0 , 2}.
79
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
De posse das orientações dos tramos, e visto que as coordenadas de um dos vértices são
previamente conhecidas ou arbitradas, então já se pode proceder ao cálculo das coordenadas de todos os
vértices da poligonal. Este cálculo é efectuado com recurso à Eq. (42). Porém, é necessário calcular
previamente os valores de x e y relativos a cada tramo da poligonal. Assim, teremos:
Eq. (50) Δ𝑥𝑖𝑗 = ℓ𝑖𝑗 cos 𝜃𝑖𝑗 Δ𝑦𝑖𝑗 = ℓ𝑖𝑗 sen 𝜃𝑖𝑗
xD xA x
Eq. (51)
yD yA y
xfinal xinicial x
Eq. (52)
yfinal yinicial y
Neste texto serão consideradas fechadas as poligonais para as quais se conhecem, ou admite
conhecer, os verdadeiros valores de total , xtotal e ytotal . Estes valores verdadeiros vão ser
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António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
denominados total
*
, xtotal
*
e ytotal
*
. De posse destes valores verdadeiros será possível obter
estimativas dos erros – erros angulares e erros lineares – que afectaram as medições efectuadas no
terreno. De posse das estimativas dos erros cometidos será possível corrigir (também se diz compensar)
aquelas medições.
A metodologia aproximada que vai ser apresentada para o cálculo e distribuição destas
compensações é muito simples, conduzindo a resultados plenamente satisfatórios quando aplicada a
levantamentos executados por operadores competentes utilizando instrumentos em boas condições de
funcionamento. Segundo esta metodologia, o problema do cálculo e compensação dos erros no
levantamento das poligonais fechadas é abordado em duas etapas sucessivas: na primeira etapa
procede-se à determinação e compensação dos erros angulares, e na segunda etapa são determinados e
compensados os erros lineares tomando como correctas as orientações dos tramos calculadas e
compensadas na etapa anterior. Esta metodologia é aproximada porque na segunda etapa, ao proceder-se
à compensação dos erros lineares, as posições dos vértices da poligonal sofrem ligeiros desvios que se
traduzem por alterações nas orientações calculadas e compensadas na primeira etapa.
Como o erro numa medição é sempre igual à diferença entre o valor medido e o valor
verdadeiro, então a compensação desse erro será igual à diferença entre o valor verdadeiro e o valor
medido. Portanto a compensação angular total – total – a efectuar sobre os ângulos topográficos
Portanto, para determinar a compensação total angular a partir unicamente dos ângulos
topográficos medidos no levantamento, teremos de conhecer o valor de n. O valor deste inteiro pode ser
determinado com base em considerações puramente geométricas. Porém, se o trabalho de campo tiver
decorrido normalmente, então o valor da compensação angular total será pequeno. Por esta razão
podemos escrever que 0 total
*
n π e portanto:
total
*
Eq. (57) n
π
O verdadeiro valor de n será encontrado por arredondamento para o inteiro mais próximo.
Uma vez determinado o valor da compensação angular total, ela deverá ser distribuída pelos
vários ângulos topográficos medidos no levantamento. O modelo de distribuição do erro que vamos
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António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
utilizar é muito simples: admite-se que todas as medições angulares efectuadas no levantamento foram
realizadas com idêntica precisão absoluta. Resulta deste modelo que as compensações angulares que
deverão afectar os ângulos topográficos – as compensações parcelares – deverão ser todas iguais e,
adicionadas, deverão totalizar a compensação angular total.
Cada ângulo topográfico corrigido genérico, designado por 𝛼𝑗∗ , será obtido adicionando ao
respectivo ângulo topográfico medido no levantamento o valor da compensação angular total dividida
pelo número (𝑁) de ângulos topográficos da poligonal, ou seja 𝛼𝑗∗ = 𝛼𝑗 + 𝜀𝛼 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 /𝑁. Estes ângulos
topográficos corrigidos satisfarão a equação:
Com base nestes ângulos topográficos corrigidos, e adaptando a Eq. (46), são seguidamente
calculadas as orientações corrigidas 𝜃 ∗ de todos os tramos da poligonal.
∗
Eq. (59) 𝜃𝑗𝑘 = 𝜃𝑖𝑗∗ + 𝛼𝑗∗ ± 𝜋
Tal como já se fez para os ângulos topográficos, também para as medidas lineares se deve
determinar a compensação linear total. Esta compensação decompõe-se segundo os eixos coordenados,
em x total e y total . Teremos então:
x total xtotal
*
xtotal
Eq. (60)
ytotal ytotal
*
ytotal
Resulta da análise destas equações que a determinação das compensações lineares totais
obriga ao cálculo prévio de todas as coordenadas relativas x e y. Estas coordenadas relativas devem
ser calculadas, para cada tramo da poligonal, aplicando a Eq. (50) com base no comprimento desse tramo
medido no levantamento e na correspondente orientação calculada na alínea a).
Tendo em vista a distribuição das compensações lineares totais, vamos admitir que os erros
cometidos na medição dos comprimentos dos tramos da poligonal são proporcionais a esses mesmos
comprimentos. Portanto, a distribuição das compensações lineares totais deverá ser feita
proporcionalmente ao comprimento de cada tramo. Isto é, para um tramo genérico entre o nó i e o nó j,
teremos as seguintes compensações parcelares:
82
António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
ℓ𝑖𝑗
𝜀𝑥𝑖𝑗 = 𝜀𝑥𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∑
ℓ
Eq. (61)
ℓ𝑖𝑗
𝜀𝑦𝑖𝑗 = 𝜀𝑦𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∑
ℓ
k-1
final
k-1 k-1,k
2
k
2
inicial
12 23 k
1
k-2,k-1
Uma poligonal fechada diz-se “poligonal de enlace” quando: a) é enquadrada por dois
segmentos cujas orientações são conhecidas; b) começa e termina em pontos de coordenadas conhecidas.
Considere-se a poligonal de enlace genérica representada na Figura 7.9. A diferença entre a orientação
final e a orientação inicial, bem como a diferença entre as coordenadas do último e do primeiro vértice,
são valores conhecidos que se admitem isentos de erros. Os dados do problema são, para além das
coordenadas dos vértices 1 e k, as orientações inicial ou final , os ângulos topográficos e os
comprimentos dos tramos ℓ. Os restantes dados são valores sujeitos a erros de medição. Assim teremos
que:
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António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
total
*
final inicial
xtotal
*
xk x1
ytotal
*
yk y1
Os ângulos topográficos compensados resultam da aplicação das equações Eq. (56) e Eq. (57):
k
total
*
i
i 1
n
π
k
total total
*
n π
i 1
total
i* i
k
⋮
∗
𝜃𝑘−1,𝑘 = 𝜃𝑘−2,𝑘−1 + 𝛼𝑘−1 ±𝜋
Antes de ser possível aplicar as Eq. (60) para a determinação das compensações lineares totais,
é necessário calcular as abcissas e ordenadas relativas de todos os tramos da poligonal, bem como os
correspondentes somatórios:
⋮ ⋮
xtotal xtotal
*
xtotal
ytotal ytotal
*
ytotal
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António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
∑ℓ = ℓ12 + ⋯ + ℓ𝑘−1,𝑘
ℓ𝑖𝑗
𝜀𝑥𝑖𝑗 = 𝜀𝑥total
∑ℓ
ℓ𝑖𝑗
𝜀𝑦𝑖𝑗 = 𝜀𝑦total
∑ℓ
As coordenadas compensadas dos vértices intermédios serão calculadas de acordo com a Eq.
(62).
b) Exemplo numérico
Considere-se uma poligonal de enlace, apoiada nos segmentos A – B (de orientação 329.19
grados) e C – D (com orientação 189.85 grados); existem dois vértices intermédios, os vértices 1 e 2. São
conhecidas com exactidão as coordenadas dos vértices B e C. Admitindo a sequência B – 1 – 2 – C para
sentido de avanço na poligonal, os ângulos topográficos correspondentes, determinados em grados no
trabalho de levantamento, são os indicados na caderneta da Figura 7.10. Os comprimentos dos tramos,
em metros de projecção horizontal, estão também indicados na mesma caderneta.
1
C CD
D
B
A
AB
139.34 1060.55
Eq. (57) obtemos n n 6 . A Eq. (56) permite determinar o valor da
200
compensação angular total: total 139.34 1060.55 6 200 0.11 gr .
Como a compensação angular total deverá ser distribuída igualmente por todos os ângulos
topográficos, então a compensação angular parcelar será igual a 0.11/ 4 0.0275 gr . Nos cálculos
subsequentes não serão apresentadas compensações angulares cuja precisão seja superior à precisão com
que foram medidos os ângulos topográficos (duas casas decimais). Como o somatório das compensações
angulares parcelares tem de igualar a compensação angular total, resulta que terão de ser consideradas
três compensações com valor 0.03 e a restante com valor 0.02. Optou-se por aplicar as compensações de
maior valor aos maiores ângulos topográficos. Porém, deve ser sublinhado que esta decisão do autor é
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António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
perfeitamente arbitrária; seria igualmente válida qualquer outra forma de distribuir estas quatro
compensações angulares parcelares pelos quatro ângulos topográficos.
Comp.
Comp.
Comp.
Direcções Abcissas Ordenadas
Vértices Ângulos Orient.
medidas média
observadas + -
absolutas
+ -
absolutas
329.19
189.85
SOMATÓRIOS 125.35 1060.55 0.11 49.89 17.81 0.05 104.39 0.00 -0.07
Todas as coordenadas relativas (x e y) calculadas são arredondadas para o número de casas
decimais dos comprimentos l i j . De seguida, notando que xtotal
*
678.22 646.09 32.13 m e
ytotal
*
105.19 0.87 104.32 m , a Eq. (60) permite determinar o valor das compensações lineares
totais em x e em y:
arredondamento, é igual a 0.01; porém, este valor foi alterado para 0.02 de modo a garantir que o
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António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
Uma poligonal diz-se “fechada sobre si mesma” quando começa e termina no mesmo ponto.
As poligonais fechadas sobre si mesmas podem ser calculadas considerando-as casos particulares de
poligonais de enlace. Seguidamente serão apresentados dois tipos de poligonal fechada sobre si mesma.
a) Tipo A
2
2
3
3
23
23
inicial 2
2
3
12
3 1A
12
1A final
34
34
1B
1 1
1B 1
k1
k1
k k
k k
k-1 k-1
,k ,k
k-1 k-1
k-1 k-1
k-2,k-1 k-2,k-1
Ponto de coordenadas conhecidas
ou arbitradas
total
*
π
xtotal
*
0
ytotal
*
0
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António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
Os dados do problema são os comprimentos dos quatro tramos da poligonal, os cinco ângulos
topográficos, as coordenadas do vértice 1 e a orientação do lado suplementar A – 1. Estes dois últimos
elementos são considerados exactos e vão permitir a compensação dos erros cometidos no levantamento.
Todos os comprimentos estão medidos em metros e todos os ângulos estão medidos em grados.
4 A
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António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
Comp.
Comp.
Comp.
Direcções Abcissas Ordenadas
Vértices Ângulos Orient.
medidas média
observadas + -
absolutas
+ -
absolutas
389.44
189.44
A
SOMATÓRIOS 280.96 800.12 -0.12 81.22 81.59 0.37 105.33 105.46 0.13
200 800.12
n n 5 . A Eq. (56) permite determinar o valor da compensação angular total:
200
total 200 800.12 5 200 0.12 gr .
Como a compensação angular total deverá ser distribuída igualmente por todos os ângulos
topográficos, então a compensação angular parcelar será igual a 0.12 / 5 0.024 gr . Como se optou
por não apresentar compensações angulares com precisão superior à precisão com que foram medidos os
ângulos topográficos (duas casas decimais), e como o somatório das compensações angulares parcelares
tem de igualar a compensação angular total, resulta que terão de ser consideradas duas compensações
com valor 0.03 e as restantes três com valor 0.02 . Decidiu-se aplicar as compensações de maior
valor aos maiores ângulos topográficos.
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António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
Depois de calculadas as coordenadas relativas (x e y), a Eq. (60) permite determinar o valor
das compensações lineares totais em x e em y:
arredondamento, é igual a 0.11; porém, este valor foi alterado para 0.10 de modo a garantir que o
somatório das compensações lineares parcelares em x igualasse a correspondente compensação linear
total.
b) Tipo B
2
3
23
2
2
3
23 3
2
12
34
1
34
1 1
1 1
k1
k
k1
k
k
k-1 k
,k
k-1
k-1 k-1
k-2,k-1
,k
Ponto de coordenadas conhecidas k-1
ou arbitradas
k-1
k-2,k-1
Figura 7.13: Poligonal fechada sobre si mesma do “Tipo B” e sua transformação numa
poligonal de enlace equivalente
total
*
0
xtotal
*
0
ytotal
*
0
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António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
c) Nota importante
As poligonais fechadas sobre si mesmas devem sempre ser compensadas, mesmo que não
∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗
sejam conhecidos os verdadeiros valores de 𝜃𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 , 𝜃𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 , 𝑥𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 , 𝑥𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 , 𝑦𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 e 𝑦𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 . Quando tal
acontecer os valores necessários deverão ser arbitrados. Assim sendo deverão ser arbitradas as
coordenadas do primeiro vértice da poligonal (as do último serão necessariamente iguais) e a orientação
∗ ∗ ∗ ∗ ∗
𝜃𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 (𝜃𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 terá valor igual a 𝜃𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 , no caso da poligonal do 1º tipo, ou 𝜃𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝜃𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 ± 𝜋, caso a
poligonal seja do 2º tipo). Arbitrar o valor destas três grandezas corresponde a arbitrar um referencial
cartesiano. As coordenadas que serão encontradas para os vértices estarão definidas neste referencial
arbitrado, mas a forma e dimensão da poligonal serão preservadas pois que as coordenadas estarão
devidamente compensadas.
d) Exemplo numérico
1
y
Os dados do problema são os comprimentos dos três tramos da poligonal, os três ângulos
topográficos, as coordenadas do vértice 1 e a orientação do lado 1 – 2. Estes dois últimos elementos são
considerados exactos e vão permitir a compensação dos erros cometidos no levantamento. Todos os
comprimentos estão medidos em metros e todos os ângulos em grados.
0 200.12
Temos que total
*
0 ; por aplicação da Eq. (57) obtemos n n 1 . A Eq.
200
(56) permite determinar o valor da compensação angular total: total 0 200.12 200 0.12 gr .
Como a compensação angular total deverá ser distribuída igualmente por todos os ângulos
topográficos, então a compensação angular parcelar será igual a 0.12 / 3 0.04 gr .
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António Pestana Elementos de Topografia v1.221 Março de 2020
Depois de calculadas as coordenadas relativas (x e y), a Eq. (60) permite determinar o valor
das compensações lineares totais em x e em y:
Comp.
Comp.
Comp.
Direcções Abcissas Ordenadas
Vértices Ângulos Orient.
medidas média
observadas + -
absolutas
+ -
absolutas
1 0.00 0.00
261.53
SOMATÓRIOS 146.66 200.12 -0.12 41.03 40.97 -0.06 52.01 52.06 0.05
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BIBLIOGRAFIA
Casaca, João; Matos, João; Baio, Miguel. Topografia Geral. Lidel – Edições Técnicas, 2000
Gaspar, Joaquim Alves. Cartas e Projecções Cartográficas. Lidel – Edições Técnicas, 2000
Tipler, Paul A. Physics for Scientists and Engineers. 6th. Edition. W. H Freeman and
Company, New York, 2008
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