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DIREITO TRIBUTARIO

2 - Causas extintivas do crédito tributário

O que se extingue é a própria obrigação tributária e não somente o crédito tributário, que é um dos seus
elementos (a obrigação tributária possui três elementos: sujeito ativo, sujeito passivo e crédito
tributário)– art. 113, § 1.º, parte final, do CTN. Essa regra, porém, não é absoluta: pode ocorrer a
extinção de um crédito sem a extinção da obrigação, desde que a causa extintiva tenha afetado apenas a
formalização do crédito.

As principais causas extintivas encontram-se enumeradas no art. 156 do CTN: pagamento; compensação;
transação; remissão; prescrição e decadência; a conversão de depósito em renda; o pagamento
antecipado e a homologação do lançamento, nos termos do disposto no art. 150 e seus §§ 1.º e 4.º; a
consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2.º do art. 164; a decisão administrativa
irreformável, assim entendida a defendida na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de
ação anulatória; a decisão judicial passada em julgado; a dação em pagamento de bens imóveis, na
forma e condições estabelecidas na lei. O rol é exemplificativo, havendo mais três causas de extinção
enumeradas pela doutrina: confusão; desaparecimento, sem sucessor, do sujeito ativo do tributo;
desaparecimento, sem sucessor, do sujeito passivo do tributo.

As causas extintivas têm o poder de libertar o contribuinte da relação de sujeição que possui com a
Fazenda Pública. A obrigação tributária não permanece no tempo, não é eterna.

2.1 - Pagamento

Pagamento é o cumprimento do objeto da prestação tributária. É um fenômeno jurídico e não só


tributário. Pode ser considerado quanto: ao tempo (apontado genericamente na lei e especificamente
no ato administrativo de lançamento. Se o pagamento do tributo for feito em prestações, o
inadimplemento de qualquer uma delas acarretará o vencimento antecipado das demais), ao lugar (o
domicílio ou sede do contribuinte), ao modo [os tributos são pagos em moeda ou equivalente (cheque,
títulos da dívida pública resgatáveis, selo ou papel selado ou estampilha)]. Quando pago em cheque, dá-
se ao contribuinte uma quitação provisória, que se tornará definitiva após a devida compensação.
2.2 - Remissão

Inicialmente, é importante diferenciar remissão de remição. A primeira significa perdão e a segunda


significa pagamento.

Assim, remissão é o perdão legal do débito tributário, que pode ser total ou parcial. Somente a lei pode
perdoar o débito tributário (lei remissiva), não podendo, a remissão, ser concedida por decretos,
portarias ou qualquer outro ato que não seja lei propriamente dita (princípio da legalidade e princípio da
indisponibilidade do interesse público). Somente lei específica da pessoa política tributante pode
conceder a remissão. (art. 150, § 6.º, da CF/88).

A remissão tanto como a moratória são medidas de política fiscal (moratória é o adiamento da obrigação
tributária).

2.3 - Compensação- PAUSEI AQUI.

A compensação corresponde ao encontro de contas do Fisco e do contribuinte, sempre que forem


credor e devedor um do outro. Existem duas grandes modalidades de compensação em matéria civil: a
legal e a consensual. Em matéria tributária, entretanto, somente é admitida a compensação legal. Para
que a compensação ocorra, é necessária a presença de três requisitos:

1. As partes devem ser as mesmas (mesma Fazenda Pública, federal, estadual ou municipal, e mesmo
contribuinte). O contribuinte não pode utilizar um crédito federal, por exemplo, para compensar um
crédito estadual.

2. Os créditos já devem estar liquidados, ou seja, é necessário que se saiba exatamente quanto há de ser
pago.

3. A existência de uma lei autorizando a medida: cada pessoa política deve legislar a respeito. A União
obedece à Lei n. 8.383/91; o seu art. 66 permite a compensação de tributos federais, indevidos ou
recolhidos a maior, com outros da mesma espécie. A Fazenda Pública entende que tributo da mesma
espécie significa o mesmo tributo (p. ex.: IR somente poderá ser compensado por IR). A doutrina,
entretanto, entende que tributo pode ser compensado por tributo, taxa por taxa e contribuição de
melhoria por contribuição de melhoria. A jurisprudência tem decidido em favor da doutrina.

2.4 - Transação

Transação é um acordo celebrado, com base em lei, entre o Fisco e o contribuinte, pelo qual a primitiva
obrigação tributária desaparece, dando lugar a uma ou mais novas obrigações tributárias. É causa
extintiva da obrigação tributária, muito rara.

Há quem admita que o parcelamento do débito tributário seria uma modalidade de transação;
entretanto, outros doutrinadores entendem que o parcelamento é uma modalidade de moratória.

Em resumo, a transação é um acordo celebrado com base em lei entre o Fisco e o contribuinte, pelo qual
a primitiva obrigação tributária desaparece, fazendo nascer uma nova (ou várias) obrigação tributária.

2.5 - Confusão (doutrina)

Ocorre quando o Fisco se torna, ao mesmo tempo, credor e devedor do tributo. Por exemplo, no caso da
herança vacante, os débitos que o espólio possuía para com o Município desaparecem no caso de
incorporação de empresas pelo Poder Público.

Ocorrendo a confusão, o débito se extingue, não podendo renascer, se o Poder Público alienar a
propriedade a terceiros, objetivando cobrar crédito anterior.

2.6 - Desaparecimento sem Sucessor do Sujeito Passivo do Tributo e do Sujeito Ativo (doutrina)

Não pode subsistir a relação jurídica tributária se uma das partes deixa de existir, sem deixar sucessores.
Exemplo: desaparecimento de Município em razão de inundação da área onde se localizava (isso ocorreu
no Nordeste, na década de 60).

O desmembramento de Goiás e Tocantins não fez desaparecer os débitos tributários, pois houve
sucessão.

Exemplo de desaparecimento do sujeito passivo sem deixar sucessores: contribuinte que morre sem
deixar bens, apenas dívidas tributárias.

2.7 - Prescrição e Decadência

Os arts. 173 e 150, § 4.º, ambos do Código Tributário Nacionaal, dispõem sobre a decadência do direito
de efetuar o lançamento. O art. 174 do Código Tributário Nacional dispõe sobre a prescrição da ação de
cobrança do crédito tributário devidamente constituído pelo lançamento. Antes do lançamento, pode
ocorrer a decadência; após o lançamento, pode ocorrer a prescrição. Ambos os institutos importam na
extinção do crédito tributário (art. 156, inc. V, do CTN).

Do disposto acima decorre, como conseqüência prática, que o contribuinte que paga o débito prescrito
não tem direito à repetição, pois o direito à percepção do tributo persiste; ao contrário, se o contribuinte
pagar tributo lançado após o prazo decadencial, ele faz jus à repetição, pois o direito já não mais existia.

2.7.1 - Prescrição

Prescrição é a perda da ação inerente ao direito e de toda a sua capacidade defensiva, por seu não
exercício durante certo lapso. A fluência do lapso prescricional, diferentemente do que ocorre com a
decadência, pode ser suspensa ou interrompida.

São requisitos para ocorrência da prescrição:

Existência de uma ação exercitável.

Inércia do titular dessa ação.

Prolongamento dessa inércia durante certo lapso.

Ausência de qualquer ato ou fato a que a lei atribua o efeito de impedir, suspender ou interromper a
fluência prescricional.

Segundo o art. 174 do Código Tributário Nacional, a prescrição da ação de cobrança do crédito tributário
opera-se em 5 (cinco) anos, contados da data de sua constituição definitiva.

A doutrina tem entendido que o dies a quo, para o cômputo do prazo prescricional, é o do
inadimplemento do contribuinte, pois é a partir dessa data que a Fazenda Pública passa a ter ação
exercitável, ou seja, passa a poder executar o devedor.

No art. 151 do CTN e arts. 2.º, § 3.º, e 40 da Lei 6.830/80 estão previstas as causas suspensivas do
crédito tributário aquelas hipóteses que suspendem a exigibilidade do crédito tributário já
definitivamente constituído (moratória, recurso administrativo, liminar ou antecipação de tutela,
depósito integral do montante tributário, parcelamento).

Para a execução da dívida tributária, deve o Fisco:

a) inscrever, no livro próprio, a dívida do contribuinte inadimplente (Lei n. 6.830/80, art. 2.º, § 3.º);

b) extrair certidão de dívida ativa (título executivo extrajudicial);

c) ajuizar a execução fiscal, como ação judicial propriamente dita.

A partir da inscrição da dívida no livro próprio, suspende-se o prazo prescricional por 180 dias (Lei n.
6.830/80, art. 2.º, § 3.º), concedendo-se o prazo restante para a realização das operações “b” e “c”.

O art. 40 da Lei n. 6.830/80 estabelece que, quando a execução é iniciada, mas o contribuinte não é
encontrado para citação, ou é citado, mas não tem bens para a execução, a prescrição fica suspensa até
que se faça a citação ou encontrem-se bens para serem penhorados.

Na verdade, esse dispositivo é inconstitucional, pois pode implicar na imprescritibilidade da dívida


tributária. Na Constituição Federal, imprescritíveis são apenas os direitos da personalidade. Porém, esse
dispositivo ainda não foi declarado inconstitucional pela via concentrada, apenas pela via difusa
(incidenter tantun).

O art. 174, par. Ún., do Código Tributário Nacional prevê as causas interruptivas do lapso prescricional,
são elas:

Despacho do juiz que ordena a citação (Lei n. 6.830/80, art. 8.º, § 2.º) não mais se interrompe pela
citação pessoal do devedor.

Interrompe-se pelo protesto judicial: medida cautelar disciplinada no CPC, arts. 867 a 873.

Qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor. Exemplo: a notificação judicial, a intimação
judicial e a interpelação judicial.

Qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo
devedor. Exemplo: carta que o contribuinte escreve à autoridade administrativa pedindo prazo maior
para pagamento do tributo ou parcelamento.

2.7.2 - Decadência

A regra do art. 173 é aplicada para tributos que são lançados de ofício ou por declaração. A regra do §
4.º do art. 150 é aplicada para tributos que são lançados por homologação. O art. 173 do Código
Tributário Nacional estabelece que o direito do fisco, de constituir o crédito tributário, se extingue após
cinco anos, contados: a) do primeiro dia do ano seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido
efetuado; b) da data em que for anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente realizado; c) da
data em que for tomada qualquer providência administrativa conducente ao lançamento.

O parágrafo único do art. 173 estabelece que “o direito a que se refere este artigo extingue-se
definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a
constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória
indispensável ao lançamento”. O Fisco tem cinco anos para constituir o crédito tributário.

A lei é quem aponta a data em que o lançamento será efetuado. Exemplo: o IR é lançado no ano
seguinte ao do fato imponível. O IR ano base 1996 deveria ser lançado em 1997. Se não foi lançado
naquele ano, a Fazenda tem até o dia 31.12.2002 para efetuar o lançamento (cinco anos contados de
1.1.1998).
Anulado o primitivo lançamento por vício formal, pela Administração ou pelo Judiciário, dessa data
conta-se o prazo de 5 (cinco) anos. Exemplo de providência administrativa conducente ao lançamento é
a notificação ao contribuinte para que preste as declarações necessárias ao lançamento. Observação: a
contagem do prazo – da data em que for tomada qualquer providência administrativa conducente ao
lançamento – só vale se a providência for tomada no mesmo ano em que ocorrer o fato imponível. Se for
tomada no ano seguinte, incide a regra da contagem do primeiro dia do ano seguinte àquele em que o
lançamento poderia ter sido efetuado, ou seja, o dies a quo será 01.01 do ano seguinte (regra benéfica
ao contribuinte).

Art. 150, § 4., do Código Tributário Nacional: lançamento por homologação. O direito da Fazenda Pública
de homologar ou corrigir o auto lançamento decai em 5 (cinco) anos, contados da data da ocorrência do
fato imponível.

Decorridos os 5 (cinco) anos, opera-se a homologação tácita, cujo efeito é extinguir o crédito tributário.
Porém, se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação (a prova compete à Fazenda Pública –
norma tributário penal), o prazo decadencial se prolonga para 20 (vinte) anos (doutrina: prazo máximo
admitido em Direito).

2.8 - Decadência e Prescrição das Contribuições Sociais para a Seguridade Social

A Lei n. 8.212/91, art. 45, estabelece que a decadência do direito de lançar tais contribuições opera-se
em 10 anos, contados das mesmas hipóteses previstas no art. 183 do Código Tributário Nacional.

A prescrição da ação de cobrança dá-se, também, em 10 anos, conforme o art. 146 da referida lei. Alguns
autores, fundados no art. 146, inc. III, “b”, da Constituição Federal, sustentam a inconstitucionalidade
desses dispositivos, pois, prescrição e decadência devem ser reguladas em lei complementar. Porém,
essa posição é minoritária, pois, a lei complementar dispõe apenas sobre normas gerais

QUAIS OS IMPOSTOS FEDERAIS, ESTATUDUAIS E MUNICIPAIS.

impostos federais, estaduais e municipais


O Brasil está entre os países que mais cobram tributos e impostos de seus moradores, empresários e
população como um todo. Só para ter uma ideia, algo como 38% da economia nacional é destinada com
exclusivamente ao pagamento de impostos.

De acordo com o governo federal, podemos denominar como “imposto” todo tipo de tributo pago por
pessoas físicas ou jurídicas aos municípios, estados ou ao Estado Brasileiro propriamente dito.

Esse tributo tem como principal objetivo contribuir para a gestão e investimentos governamentais
(especialmente para infraestrutura). A seguir, confira quais são todos os impostos cobrados em âmbito
nacional: o que inclui os impostos federais, estaduais e municipais.

Guia de Impostos e Tributos

Impostos federais

A grande maioria dos impostos são destinados ao Governo Federal. São eles:

II

O II (Imposto de Importação) é um tributo que, de acordo com o artigo 153 I da Constituição Federal, é
de responsabilidade da União.

Esse tipo de imposto, como o seu próprio nome já nos dá a entender, incide sobre os produtos
comprados em território estrangeiro.

Sendo assim, toda vez que compras são feitas no exterior, a entrega dos produtos no Brasil só é
autorizada mediante o pagamento do II.

O contribuinte, neste caso, é a pessoa física ou jurídica importadora. Esse tipo de imposto conta com
dois tipos de arrecadação: regime de tributação simplificada (para bens adquiridos no valor de até
US$100) ou regime de tributação especial (para bens adquiridos com valores acima de US$100 e abaixo
de US$3000).

IPI

O IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados – também é um tributo de competência da União.


Basicamente, os contribuintes do IPI são os importadores, comerciantes ou arrematadores. Ele é
destinado, exclusivamente, aos donos de indústrias.

Esse tipo de tributação recai tanto no valor do produto importado como do produto industrializado
nacional. Além disso, no caso de produtos levados a leilão (por abandono ou apreensão), o imposto
também é cobrado.

IOF

O IOF – Imposto sobre Operações Financeiras – é um dos principais impostos pagos pelo cidadão ao
longo da vida. Basicamente, tal tributação recai sob operações de câmbio, crédito ou de seguro. Além
disso, ele também é cobrado em operações mobiliárias ou relacionadas a títulos. O contribuinte pode ser
tanto pessoa física como jurídica – tudo vai depender de quem realizar a operação.

De acordo com o Código Tributário Nacional (Art. 63) a cobrança do IOF pode estar relacionada a:
operações de crédito, operações de câmbio (seja na troca de moeda estrangeira ou nacional), operações
de seguro (como no recebimento de prêmios ou geração de apólices) e na emissão, pagamento,
transmissão ou resgate de valores mobiliários/títulos.

IRPJ

O IRPJ – Imposto de Renda Pessoa Jurídica – é a tributação que incide sobre a renda bruta de empresas
de todos os portes e segmentos do mercado nacional. As alíquotas são as seguintes: 6% (quando sobre o
lucro acumulado inflacionário) ou de 15% (quando sobre o lucro real).

Empresas de todas as áreas do mercado estão sujeitas ao pagamento do IRPJ, assim como negócios
essencialmente rurais, empresas estatais, empresas registradas ou não, empresas de sociedade mista e
até mesmo estabelecimentos que estão em estados críticos que podem levar a falência. A declaração
deste tipo de imposto pode ser tanto trimestral como anual.

Quando trimestral, o tributo deve ser pago no último dia dos seguintes meses: março, junho, setembro e
dezembro. Quando em relação ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica, devemos destacar que existem 4
diferentes modelos de tributação para as empresas: lucro arbitrário, lucro simples, lucro presumido e
lucro real.

O lucro real é obrigatório para empresas com faturamento maior que 48 milhões anuais, e também para
empresas que exercem determinadas atividades, como instituições financeiras e factoring.

IRPF

Outro imposto que está entre os principais impostos federais é o IRPF – Imposto de Renda Pessoa Física.
Esse tipo de tributação incide na renda do trabalhador brasileiro. Esse tipo de imposto não é cobrado
para uma grande parcela da população, uma vez que é necessário ter obtido ganhos acima de um valor
específico para contribuir no IRPF.
A alíquota do Imposto de Renda de Pessoa Física varia bastante e é proporcional à renda de tributação.
Atualmente, não precisam contribuir indivíduos com renda de até R$1.903,98 por mês.

Sob brasileiros com renda de 1.903,99 a 2.826,65 incide alíquota de 7,5%, o que reflete na contribuição
de R$142,80 anualmente para o IRPF. Já sob os indivíduos com renda de 2.826,66 a 3.751,05 incide
alíquota de 15%, refletindo em R$353,80 de tributação.

Para os que ganham entre R$3.751,06 a 4.664,68 a alíquota de tributação é de 22,5%, o que reflete na
parcela de R$636,13 para dedução do IRPF. Por fim, para indivíduos com salário superior a R$4.664,68
incide a alíquota de 27,5%, com parcelas a partir de R$869,36 de contribuição.

Vários rendimentos não são tributáveis (ou seja, estão isentos). Este é o caso de: cadernetas de
poupança, ajudas de custo, alienação de um imóvel ou de bens de até R$20 mil, cessão de imóveis
gratuita, auxílio transporte ou alimentação, heranças, diárias, bolsas de estudo, doações, pensões para
indivíduos com mais de 65 anos, letras hipotecárias e uma série de indenizações (como indenizações por
acidente de trabalho, rescisões de contratos de trabalho, por danos patrimoniais e assim por diante).

Planilha de controle Financeiro gratuita

ITR

O ITR – Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – é um imposto federal cobrado todos os anos
exclusivamente das propriedades rurais. Basicamente, ele deve ser pago pelos donos de imóveis rurais
ou usufrutuários/portadores de títulos (sendo estes pessoas físicas ou jurídicas). Quando não há
pagamento da tributação há a cobrança de 1% de juros ao mês.

COFINS

O COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) é um tributo cobrado de empresas


brasileiras de todos os portes e segmentos do mercado – com exceção às micro e pequenas empresas
registradas no regime do Simples Nacional (que diminui as tributações para tais empresas com o
objetivo de legalizá-las).

Basicamente, as empresas devem pagar este imposto para auxiliarem o governo federal no
financiamento de programas de seguridade social – como previdência social, assistência social e saúde
pública, por exemplo.

Essa contribuição é baseada nos rendimentos brutos anuais da empresa. Para as empresas com regime
de lucros não cumulativo, a alíquota é de 7,6%. Já para empresas que optarem pela incidência do tipo
cumulativa, a alíquota é menor: de 3%.

Sendo assim, uma empresa com regime de lucros cumulativos, que lucra R$100.000 por ano, irá pagar
R$3000 de COFINS para o governo federal. Por outro lado, uma organização com regime de lucros não-
cumulativo que lucra esse mesmo valor anualmente pagará R$7.600 de tributação anual.

CIDE

O CIDE – Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico – é uma tributação que incide sobre o gás
natural, petróleo e seus derivados (o que inclui o álcool e o combustível). Os contribuintes do CIDE são
os produtores, importadores e formuladores de combustíveis em âmbito nacional.

As alíquotas são de R$100 por m³ de gás natural; R$50 por m³ de óleo diesel e zerada para os seguintes
produtos: óleos combustíveis com alta ou baixa concentração de enxofre; querosenes de modo geral
(incluindo querosenes de aviação), álcool etílico combustível e gases de petróleo liquefeitos (o que inclui
os derivados de nafta e de gás natural).

Estão isentos do pagamento desta tributação produtos que serão vendidos para exportadores e nafta
petroquímica que tem como destino final a produção de petroquímicos.

CSLL

Já a CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – é uma tributação federal brasileira com incidência
na renda líquida de pessoas jurídicas. A alíquota da CSLL varia de 9 a 20%, o que irá depender dos lucros
líquidos do período de base antes mesmo da provisão do IR.

INSS

O INSS é um dos impostos mais populares em âmbito nacional. Basicamente, essa tributação é destinada
ao Instituto Nacional do Seguro Social, que pertence ao Ministério da Previdência Social (órgão do
governo federal).

O INSS foi criado no ano de 1988 e é dotado de inúmeras funções, sendo a mais popular entre elas a
responsabilidade pela aposentadoria social. O imposto é recolhido tanto das empresas (pessoas
jurídicas) como dos trabalhadores (pessoas físicas).

Entre os pagamentos realizados pelo INSS destacam-se: aposentadoria, pensão por morte, auxílio
doença, auxílio acidente e demais benefícios também previstos em lei. O INSS é um tributo descontado
em folha de pagamento e a alíquota varia de 8 a 11% (basicamente, quanto maior é o salário, maior é
também o desconto no holerite).
FGTS

O FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – é um tributo que incide sob a renda do trabalhador
brasileiro com carteira assinada. Esse valor, por sua vez, deve ser depositado pela própria empresa.

Essa tributação é no valor fixo de 8% do salário do empregado. O empregador, no caso, é o responsável


por realizar este pagamento no nome do indivíduo mensalmente em uma conta da Caixa Econômica
Federal.

Resumindo, o FGTS reflete na junção de todos esses depósitos mensais. O valor pertence ao empregado.

PIS ou PASEP

O PIS (Programa de Integração Social) e PASEP (Programa de Formação do Patrimônio do Servidor


Público) nada mais são do que contribuições sociais. O principal objetivo do PIS e PASEP é de
financiamento para o pagamento de abonos, seguro-desemprego e participação na receita bruta de
entidades ou órgãos.

Não à toa, o PIS ou PASEP funcionam como uma segurança para o Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço. Tanto o número do PIS como do PASEP devem estar cadastrados no número de CNPJ da
empresa.

Melhorar a distribuição de renda em âmbito nacional é o principal objetivo pelo qual o PIS/PASEP foi
implementado, na reforma da constituição de 1988. O PIS pode ser sacado todos os anos –
especialmente em casos de morte, aposentadoria ou graves doenças. O contribuinte deste tipo de
imposto é o empregador.

Impostos Estaduais

Já os impostos estaduais (ou seja, recolhidos pelos 26 estados brasileiros) são os seguintes:

ICMS

O ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – é um imposto instituído em todo Brasil.
Cada estado, por sua vez, pode alterar a tabela de valores a serem tributados por conta própria.
O ICMS é um tributo que incide sobre os mais variados tipos de serviços prestados em âmbito nacional –
como serviços de importação, telecomunicações, transportes interestaduais ou intermunicipais,
prestação de serviços e assim por diante.

Ele também incide na circulação de alimentos, eletrodomésticos, roupas, veículos e outros. Os


contribuintes do ICMS são pessoas jurídicas, ou seja, empresas cadastradas na Secretaria de Estado da
Fazenda. A inscrição do estabelecimento é obrigatória antes mesmo do início de suas atividades.

Basicamente, qualquer empresa que atue na transferência, venda, transporte ou qualquer outra
operação comercial/de circulação de mercadorias deve contribuir para o ICMS.

ITCMD

O ITCMD – Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação – é um imposto de competência do


Distrito Federal e dos Estados brasileiros. Seu objetivo é incidir sobre o recebimento de heranças
(quando é causa mortis) ou doações (no caso de relações com inter-vivos).

Esse imposto passa a ser cobrado após a transmissão de bens ou títulos (como créditos, imóveis e
direitos em geral) de um indivíduo para outro, seja após a morte ou como doação. A alíquota varia de
caso para caso e a função deste tipo de imposto é essencialmente fiscal.

IPVA

O IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – é, certamente, o imposto estadual


mais conhecido pela população. Basicamente, este tributo estadual e instituído na Constituição Federal
incide sobre a propriedade de veículos automotores – o que inclui carros, motos, ônibus, caminhões e
outros.

Após arrecadado, 50% do valor é de domínio do estado e os outros 50% da cidade onde o veículo foi
registrado. A alíquota do IPVA varia de Estado para Estado e incide sobre o valor do veículo na tabela
FIPE.

Sendo assim, um carro mais novo ou de um modelo mais caro terá o IPVA mais alto do que quando em
comparação a um veículo velho e básico. O IPVA foi criado em 1985 em substituição a TRU – Taxa
Rodoviária Única. Ele não tem nenhum tipo de relação com a situação das ruas ou estradas do estado,
sendo o seu objetivo exclusivamente fiscal. O imposto deve ser pago anualmente em parcela única ou
em até três mensalidades.
Impostos municipais

Já os impostos municipais, ou seja, aqueles recolhidos pelos municípios/cidades brasileiras são os


seguintes:

ITBI

O ITBI – Imposto sobre Transmissão de Bens Inter Vivos – é um tributo municipal de competência do
Distrito Federal e dos Municípios. Em algumas cidades ele também pode ser conhecido pela sigla SISA.
Esse tipo de imposto incide sobre a transferência da propriedade de casas, prédios e imóveis de modo
geral.

Sendo assim, o processo de compra e venda de uma residência, por exemplo, só é oficializado após o
pagamento deste tributo. Na grande maioria dos casos o ITBI é pago pelo próprio comprador do imóvel.
Porém, tudo vai depender do tipo de negociação.

A alíquota do ITBI varia de cidade para cidade, porém, é de em média 2% sob o valor de mercado do
imóvel. Essa é uma média das capitais e cidades maiores de todo o Brasil. Sendo assim, no caso de um
imóvel no valor de R$200.000 com aplicação de alíquota de 2%, a taxa de ITBI será de R$4 mil.

ISS

O ISS – Imposto sobre Serviços – é um tributo que incide sobre empresas de todos os portes e
segmentos instalados na cidade em questão. O ISS foi criado em substituição do ISSQN (Imposto sobre
Serviços de Qualquer Natureza). Basicamente o ISS é um tributo de competência do Distrito Federal e
dos municípios regido pela Lei Complementar de número 116, implementada em agosto de 2003.

De acordo com a Constituição Federal, a alíquota mínima de cobrança é de 2% com base nos
rendimentos brutos da empresa. Não só as empresas de todos os portes prestadores de serviços devem
pagar esse imposto, como também, profissionais autônomos deste segmento. Geralmente, a alíquota é
de 5% em cima do valor da nota fiscal de cada serviço prestado.

Em alguns municípios brasileiros a alíquota é de apenas 2% (alíquota mínima, de acordo com a a emenda
constitucional) para estimular a prestação de determinados serviços, como é o caso de serviços na área
de informática, por exemplo.

Todos os profissionais com ensino superior completo – como é o caso de médicos, advogados,
administradores, engenheiros, cientistas políticos, arquitetos, comunicadores e outros – que atuam sem
vínculo empregatício (ou seja, sem carteira assinada) também devem contribuir com o pagamento do
ISS.
IPTU

Por fim, o IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana) é o imposto que incide sobre a
propriedade de qualquer tipo de imóvel, o que inclui: residências, galpões industriais, prédios comerciais
ou residenciais, chácaras de recreio, terrenos e quaisquer outros espaços.

A base de cálculo deste imposto depende do valor venal do imóvel (ou seja, valor de mercado pelo qual
ele deve ser comercializado). Para cálculo do valor venal do imóvel, por sua vez, levam-se em
consideração os seguintes fatores: tamanho do terreno, total de área construída e não construída,
localização do terreno na planta da cidade e qualificação (o que irá depender do acabamento da obra).

Após calculado o valor venal do imóvel, multiplica-se este valor pela alíquota de seu município.
Geralmente, a alíquota é de 1,0% para casas e comércios ou de até 3% para prédios e terrenos.

PRINCIPIOS DO DIREITO TRIBUTARIO

Conceito

Os princípios do Direito Tributário são normas (constitucionais) que limitam, regulam a pratica de
competência tributária, fazendo com que alguns valores tenham melhor efetividade no ordenamento
jurídico.

Princípio da legalidade

Conforme previsão do art. 150, da CF, que diz: “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado a União, Estados, Distrito Federal e aos Municípios: I – exigir ou aumentar tributo
sem lei que o estabeleça”.

Assim, o artigo ora citado é um contraste ao art. 5º da CF, que: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar
de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”, pois, ao contrário, para o Administrador Público, como o
Legislador, devem obedecer aos ditames da lei, portanto, quanto à competência para criar, instituir,
cobrar impostos, bem como a diminuir ou majorar as alíquotas, etc.
Principio da isonomia ou igualdade

O art. 5º da CF assegura que: “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”.
Também será aplicável tal previsão constitucional na seara tributária, pois o art. 150, II, da CF, não se
esqueceu de consagrar ainda mais tal principio ao estabelecer a proibição da União, dos Estados, do DF e
dos Municípios de “instituir tratamento desigual entre os contribuintes que se encontrem em situação
equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida,
independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos”.

Para tanto, não nos podemos nos esquecer dos ensinamentos de Rui Barbosa, de que a regra da
igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se
desigualam, portanto, não é tratar a todos de forma igual, mas igualar os desiguais, a ponto de que
possam de fato ser comparáveis. A exemplo fático temos os incetivos fiscais federais.

Principio da capacidade contributiva

Encontra-se inserido no art. 145, § 1º da CF:

Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade
econômica do contribuinte facultando à administração tributária, especialmente para conferir
efetividade a esse objetivo, identificar, respeitados os direitos individuais e dos termos da lei, o
patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

Cumpre-se observar que a capacidade contributiva, é estabelecida como critério de graduação do


imposto e do limite à tributação, impondo ao criador da lei determinar o que seja tributável ou não.

Há critérios a serem observados na questão:

1º renda auferida;
2º o consumo ou renda despendida;

3º patrimônio ou renda acumulada.

Principio da vedação ao confisco

Encontra-se no art. 150, IV, da CF:

Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado a União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios IV – utilizar tributo com efeito de confisco.

Entende-se que o Estado, de modo geral, está proibido de instituir tributo que ultrapasse o patrimônio
pessoal do contribuinte, promovendo uma expropriação indireta.

Sobre a temática, bem afirma o mestre Hugo de Brito Machado que:

A vedação do confisco é atinente ao tributo. Não à penalidade pecuniária, vale dizer, à multa. O regime
jurídico do tributo não se aplica à multa, porque o tributo e multa são essencialmente distintos. O licito é
pressuposto essencial desta, e não daquele.

Principio da irretroatividade

Entende-se que, é proibida a cobrança de fato gerador ocorrido antes da lei que instituir o tributo ou
majorá-lo. Este principio está atrelado ao principio da segurança jurídica, conforme a Lei de Introdução
as Normas do Direito Brasileiro, no art. 6º, que diz:

A Lei entra em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e
a coisa julgada
Também, o art. 150, III, A, da CF:

Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado a União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios:III – cobrar tributos:

a) em relação a fatos geradores ocorridos antes de inicio da vigência da lei que os houver instituído ou
aumentado;

O principio da irretroatividade não deve ser confundido com outro principio, o da anterioridade ao qual
iremos tratar adiante.

Principio da anterioridade: Previsto no art. 150, III, alíneas b e c da CF, exige que a lei tributária não gere
seus efeitos de forma imediata.

Trata-se de uma promoção do não surpreendimento ao contribuinte, pois o sujeito passivo do tributo
deve ter um tempo para se preparar aos impactos sobre a atividade econômica.

Assim, cada tributo insere-se em regras:

- 1º dia do exercício seguinte;

- 1º dia do exercício seguinte, desde que observado o prazo mínimo de 90 dias;

- Apenas 90 dias;

- A partir da publicação.
Para melhor entendimento quanto à aplicabilidade dos institutos, tracejaremos uma tabela:

Exceções ao art. 150, III, b (1º dia do exercício financeiro seguinte) Exceções ao art. 150, III, c (90
dias) Vigência: combinação das exceções

Empréstimo compulsório em caso de guerra ou calamidade (art. 148, I) Empréstimo compulsório em


caso de guerra ou calamidade (art. 148, I) imediata

Imposto de Importação (art. 153, I) Imposto de Importação (art. 153, I) imediata

Imposto de Exportação (art. 153, II) Imposto de Exportação (art. 153, II) imediata

Imposto sobre a Renda (art. 153, III) Exercício Financeiro

Imposto sobre Operações Financeiras (art. 153, V) Imposto sobre Operações Financeiras (art. 153,
V) imediata

Imposto sobre Produtos Industrializados (art. 153, IV) 90 dias

Imposto em Extraordinário em Caso de Guerra (art. 154, II) Imposto em Extraordinário em Caso de
Guerra (art. 154, II) imediata

Imposto sobre a Propriedade de veículos automotores – base de cálculo (art. 155,III)Exercício Financeiro

Imposto Predial e Territorial Urbano – Base de cálculo (art. 156, I) Exercício Financeiro

ICMS sobre combustíveis 90 dias

CIDE combustiveis 90 dias

Contribuições Sociais para a Seguridade Social 90 dias

Feita tais considerações, podemos afirmar também que, hoje, no sistema tributário atual não existe o
principio da anualidade, sendo substituído pelo principio da anterioridade, seja a partir do 1º exercício
financeiro seguinte; prazo nonagessimal ou mesmo concomitantemente, conforme o tributo, portanto,
não há mais que se falar de tributo cobrado anualmente, muito menos majorado.

Principio da uniformidade geográfica


Trata-se de um principio de veda a diferenciação da tributação por critérios notadamente geográficos,
portanto, em todo o território nacional, os tributos deverão ser aplicados da mesma forma.

Tal instituto encontra-se delineado na Carta Política de 1988:

“Art. 151 - É vedado à União:

I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou
preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a
concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico
entre as diferentes regiões do País”.

Mas, como toda regra tem exceção, conforme a Constituição Federal, estabelece a possibilidade de
tributação federal ser diferenciada, como elemento de busca do equilíbrio socioeconômico entre as
regiões, assim, pode a União estabelecer tributação diferenciada com o intuito de estimular o
desenvolvimento social e econômico.

Entretanto, nada impede que cada ente político institua alíquota diferente, como ocorre com o ISS, onde
os municípios podem estabelecer alíquotas variando entre 2% a 5%.

Principio da liberdade de tráfego

Prevê o art. 150, V da Carta Magna:

Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado a União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios: V- estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos
interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas
pelo Poder Público.

Conforme se constata no texto normativo acima, é protegido o contribuinte de ser cobrado por
quaisquer entes federativos, impostos devido ao trafego de pessoas ou bens (fato gerador), salvo no
caso de cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo ente público, daí neste caso ser a
exceção cobrar pedágio, entre estados ou mesmo entre municípios.
Aproveitando, vale a critica a respeito da cobrança de pedágio por parte do município, entendendo que
deveria abolir tal cobrança, devendo lei instituir um pedágio único a todo o País, fazendo com que a
circulação de pessoas ou bens seja melhores distribuídos, melhorando inclusive, com a distribuição de
rendas sociais.

Principio da transparência

Tem por objetivo estimular a informação acerca do tributo recolhido, em que seus cidadãos deverão ser
informados quanto da destinação e o quanto fora recolhido, aludindo inclusive com o direito de
cidadania.

O instituto esta previsto no preceito constitucional, art. 150, § 5º:

A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que
incidam sobre mercadorias e serviços.

Fazendo uma analise interpretativa do principio em tela, Anis Kfouri Jr. discorre sobre o tema afirmando
que:

Apesar do texto constitucional fazer menção apenas aos impostos – não incluindo, portanto, os demais
tributos – a exemplo das contribuições – entendemos que sua aplicação prática já representaria uma
grande evolução no conceito cidadania tributária, muito embora deturpasse o real encargo tributário,
uma vez que as contribuições, por exemplo, representam grande parcela da carga tributária repassada
ao consumidor.

Principio da não cumulatividade

Tal principio tem por objetivo desonerar a incidência tributária na cadeia produtiva, permitindo-se que o
contribuinte adquirente do produto ou serviço, na etapa seguinte, possa se creditar do imposto pago nas
etapas anteriores, compensando tal valor com o seu imposto devido no momento posterior da venda ou
da saída. Para melhor elucidação a respeito vejamos o texto normativo da Carta Maior de 1988:

Art. 153. § 3º O imposto previsto no inciso IV (refere-se ao IPI)

1- será seletivo, em função da essencialidade do produto.

Art. 155 § 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:I – Será não cumulativo,
compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação
de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito
Federal.

Principio da seletividade

Trata-se de um principio em que, consiste na possibilidade de selecionar determinados tributos,


promovendo uma tributação diferenciada, sendo que, será aplicável a todos os tributos indiretos, os
produtos considerados essenciais deverão ter uma tributação menor, ao passo que os bens considerados
supérfluos devem ter sua tributação a uma alíquota maior, conforme leciona Anis Kfouri Jr.

DAS GARATIAS E PRIVILEGIOS DOS CREDITOS TRIUTARIOS

Os Artigos 183 a 193 do CTN disciplina as garantias e privilégios inerentes ao crédito tributário. Garantias
são os meios jurídicos assecuratórios que cercam o direito subjetivo do Estado de receber a prestação do
tributo. Privilégio é a posição de superioridade de que desfruta o crédito tributário com relação aos
demais.

Os termos garantias e privilégios são utilizados de forma semelhante, serve para designar quaisquer
ordens de preferências, conferidas ao sujeito ativo da obrigação tributária, contra o inadimplemento da
obrigação, por parte do sujeito passivo, visando também assegurar comodidade ou regularidade ao
pagamento do tributo. Garantia é meio ou modo de assegurar o direito, de dar eficácia ao cumprimento
de uma obrigação.

Portanto, garantia, são os meios, modos, maneiras ou formas de assegurar a plena satisfação do crédito
fiscal. Privilégios de crédito fiscal é a preferência de que goza para ser ressarcido em um dado concurso
de créditos, ocasião em que não necessitando de prévia habilitação, e não se sujeitando à fila dos
créditos, e ao próprio concurso terá preferência no ressarcimento. Entende-se o termo garantias como
os meios jurídicos que garantem ao sujeito ativo o direito de receber o Crédito Tributário do sujeito
passivo. Já Privilégio consiste na postura de superioridade que

Possui o Crédito Tributário em relação aos demais créditos.

Somente a União tem competência para legislar a respeito, mas Estados e Municípios podem legislar de
forma supletiva.

As garantias enumeradas pelo CTN não excluem outras que sejam expressamente previstas em lei, em
função da natureza ou das características do tributo a que se refiram.

Artigo 184, diz que sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens, que sejam previstos
em lei, responde pelo pagamento do crédito tributário: a totalidade dos bens e das rendas, de qualquer
origem ou natureza; do sujeito passivo; seu espólio ou sua massa falida, inclusive gravados por ônus real
ou impenhorabilidade e inalienabilidade.

O art. 185 do CTN prevê que a presunção de fraude na alienação de bens é mais uma garantia do crédito
tributário. Presume-se fraudulenta, diz o art. 185 do CTN:

Assim, se alguém é devedor de tributo e vende ou por qualquer forma aliena algum bem depois de
inscrito o seu debito tributário como divida ativa, essa alienação se considera fraudulenta. Presume-se
que o ato de alienação teve por objetivo frustrar a execução do credito tributário. Cuida-se de presunção
legal absoluta, isto é, que não admite prova em contrario.

Como privilégio deve ser entendida a regalia que a lei concede a um dado credito de ser pago com
preferência a outros. Significa que executado determinado devedor, seus bens e rendas serão utilizados
para o pagamento de suas dívidas com o fisco, antes do pagamento de outras dívidas, como as gravadas
por ônus real, por exemplo, as dívidas relativas às relações de trabalho assalariado são as únicas pagas
antes das fiscais. Pois embora o crédito tributário sejam imperativamente exigido, por ser matéria de
ordem pública, de interesse da sociedade, o pagamento das dívidas trabalhistas deve anteceder às
dívidas fiscais, por ter caráter alimentar, gozando de privilégio absoluto.

Ao tratar das preferências o CTN aponta outras formas de garantia do crédito tributário.

O artigo 186 do CTN determina que o crédito tributário prefere a qualquer outros, excetuando-se os
créditos trabalhistas. Consequentemente, o crédito tributário não se sujeita a concurso de credores ou
habilitação em falência, concordata, inventário ou arrolamento.

Com relação à imunidade dos partidos políticos, das entidades sindicais de trabalhadores e das
instituições de educação ou de assistência social sem fins lucrativos, a imunidade protege o patrimônio,
a renda e os serviços, desde que relacionados com as finalidades essenciais dos entes explicitados, mas
não é absoluta. Pois só existe para aquelas instituições sem fins lucrativos, conceito que também tem
sido muito mal compreendido. A lei não pode acrescentar requisitos a serem atendidos. Basta que não
tenham fins lucrativos. É razoável, todavia, entender-se que o não Ter finalidade lucrativa pode traduzir-
se no atendimento dos requisitos do art. 14 do CTN.
Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes
requisitos pelas entidades nele referidas:

I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título;

II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais;

III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de
assegurar sua exatidão.

§ 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a autoridade competente


pode suspender a aplicação do benefício.

§ 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º são exclusivamente, os diretamente


relacionados com os objetivos institucionais das entidades de que trata este artigo, previstos nos
respectivos estatutos ou atos constitutivos.

Não Ter fins lucrativos não significa, de modo algum, ter receitas limitadas aos custos operacionais. Elas
na verdade podem e devem Ter sobras financeiras, ate para que possam progredir, modernizando e
ampliando suas instalações. O que não podem é distribuir lucros. São obrigadas a aplicar todas as suas
disponibilidades na manutenção dos seus objetivos institucionais. O melhor meio para comprovar o
cumprimento dessas exigências encontra-se no art. 14, III do CTN.
O art. 150, §6º prevê que a exigência de lei específica para concessão de incentivos ou benefícios fiscais
serve para evitar artifícios oportunistas de parlamentares que costumavam introduzir verdadeiros corpos
estranhos em leis sobre assuntos alheios a tributação, concedendo benefícios fiscais os mais diversos,
que, muitas vezes, acabam passando despercebidos da sociedade e do próprio Poder Legislativo.

Por ultimo, cabe esclarecer que a parte final do parágrafo, “sem prejuízo do disposto no art. 155, §2º, XII,
“g”, faz referencia à necessidade, no caso de concessão de incentivos ou benefícios fiscais em tema de
ICMS, de previa deliberação conjunta dos Estados e do Distrito Federal materializada em convenio
intergovernamental que autorize a concessão.

Os Estados e o DF não podem, isoladamente, por simples lei ordinária especifica sua, conceder
benefícios relativos ao ICMS, para evitar que deflagrem a denominada guerra fiscal.

TRIBUTOS E ESPECIES TRIBUTARIAS

Nos termos do artigo 3º do Código Tributário Nacional, tributo é conceituado como sendo uma
prestação compulsória em dinheiro feita pelo sujeito passivo da obrigação tributária, em moeda ou cujo
valor nela se possa exprimir, não decorrente de sanção de ato ilícito, desde que instituído em lei e
cobrado mediante uma atividade administrativa plenamente vinculada.

As classificações das espécies tributárias são feitas por dois ramos distintos do direito, Direito Tributário
e Direito Constitucional. O Código Tributário Nacional classifica três espécies pertencentes ao gênero
tributo: impostos, taxas e contribuições de melhoria (Artigo 5º do Código Tributário Nacional). A
Constituição Federal classifica outras espécies não codificadas: empréstimos compulsórios, contribuições
sociais interventivas econômicas e contribuições profissionais (Artigos 147 e 148 da Constituição
Federal).
Impostos

O conceito de imposto está expresso no artigo 16 do Código Tributário Nacional. A principal


característica identificadora dessa espécie tributária é a inexistência da realização de qualquer atividade
estatal dirigida ao contribuinte. Assim sendo, o imposto incide sobre uma conduta particular desatrelada
de qualquer atividade estatal. A arrecadação dos impostos destina-se ao provimento do orçamento
público (Artigo 167, IV da Constituição Federal).

Taxas

As hipóteses de incidência dessa espécie tributária são: alguém ser destinatário de uma atividade estatal
de polícia, alguém ser destinatário de algum serviço público específico e divisível e alguém ser
destinatário de serviço de conservação de estradas.

As taxas de polícia incidem sobre as seguintes atividades realizadas pelo Estado Administração (artigos
145, III da Constituição Federal e 77 do Código Tributário Nacional): atividade de fiscalização, controle e
inspeção de edifícios, controle e inspeção de veículo, controle e inspeção de pesos e medidas e vigilância
sanitária.

As taxas de serviço público e divisível incidem sobre as hipóteses previstas nos artigos 145, II da
Constituição Federal e 77 do Código Tributário Nacional, e têm como pressuposto uma prestação efetiva
de algum serviço de natureza efetiva, específica e divisível, que é utilizado ou colocado à disposição do
contribuinte.

Já as taxas de pedágio, previstas no artigo 150, V da Constituição Federal, são admitidas em face da
utilização das vias conservadas pelo Poder Público.

Contribuições de Melhoria

A contribuição de melhoria é uma espécie de tributo prevista em três regramentos distintos, artigo 145,
III, da Constituição Federal, artigo 81, do Código Tributário Nacional e Decreto-Lei n.º 195/1967.

Incidirá quando ocorrer a hipótese na qual uma propriedade imóvel for valorizada em virtude de obra
pública.
Empréstimos Compulsórios

É uma espécie prevista no artigo 148, I e II da Constituição Federal. A competência para instituir essa
espécie de tributo é privativa da União. Existem duas espécies: um empréstimo compulsório para
atender despesas extraordinárias e um empréstimo compulsório para custear investimento público de
relevante interesse social.

Contribuições sociais, interventivas econômicas e interventivas profissionais

São espécies tributárias previstas no artigo 149 da Constituição Federal e a competência para institui-las
é privativa da União. As hipóteses de incidência têm origem em condutas praticadas por particulares que
estão atreladas à atuação estatal nos planos social, econômico ou profissional.

Contribuições sociais: São arrecadas com o objetivo de realizar os desígnios do bem-estar social e da
justiça social, ou seja, destinam-se à Ordem Social.

Contribuições interventivas no domínio econômico: A Constituição Federal contempla duas modalidades


interventivas, uma na propriedade e outra no domínio econômico. A primeira incide sobre os bens e a
segunda incide sobre as atividades lucrativas das empresas.

O fundamento da intervenção será o interesse público e a finalidade o bem-estar social.

Contribuições profissionais ou econômicas: São tributos de competência privativa da União, incidente


sobre o exercício de atividades profissionais ou atividades econômicas. As atividades precisam ser
dotadas de interesse público e com o objetivo de obter recursos financeiros em prol das entidades
representativas daquelas atividades (profissionais ou econômicas).

Contribuição de iluminação pública: Está prevista no artigo 149-A da Constituição Federal. A contribuição
pode ser instituída e cobrada pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios e está relacionada ao
custeio da iluminação pública.
IMUNIDADES TRBUTARIAS

O PODER DE TRIBUTAR

O Estado tem o poder de governar o povo que o compõe. A exigência de arrecadação tributária não é
vista apenas como uma relação de poder, mas principalmente como uma relação jurídica.

A diferença entre relação de poder e relação jurídica é que no primeiro, segundo Hugo de Brito
Machado, “é aquele que nasce, desenvolve-se e se extingue segundo a vontade do poderoso, sem
observância de qualquer regra que porventura tenha sido preestabelecida”. Já a relação jurídica,
também usando o conceito de Hugo de Brito Machado, “é aquela que nasce, desenvolve-se e se
extingue segundo regras preestabelecidas”.

O poder de tributar decorre do poder do Estado, uma vez que este é o vetor que cria os tributos, as
normas para o recolhimento e as sanções para os descumprimentos. Porém o nascimento,
desenvolvimento e extinção de um tributo se originam de uma relação jurídica.

3. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

A Constituição de 1988 instituiu que cada ente federativo deveria ter a sua própria “esfera de
competência tributária” (MORAES, Alexandre de), para que possa retirar sua própria contribuição,
garantindo autonomias políticas e administrativas.

É importante notar que existem algumas diferenças entre competência legislativa e competência
tributária. A primeira está contida no Art. 24 da Constituição e promove a competência concorrente da
União, Estados e do Distrito Federal para legislar sobre direito tributário. Já a competência tributária se
limita à competência que esses entes federativos têm em instituir tributos.

A competência tributária se dá por meio de lei, por isso se limita aos entes federativos capazes de
legislar.

Essa competência é indelegável. Como expõe Alexandre Machado de Oliveira, “Não pode a União
delegar a sua competência de instituir o Imposto sobre Grandes Fortunas para o Estado ou Município”.
O Art. 7º do Código Tributário Nacional dispõe sobre a impossibilidade de delegação: “A competência
tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar
leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica
de direito público a outra, nos termos do § 3º do Art. 18 da Constituição.”

O artigo exposto acima diz que é indelegável a competência tributária, mas que a capacidade tributária é
delegável. Esta pode ser delegada a outro ente federativo. A capacidade é exercida mediante atos
administrativos, segundo Alexandre Machado de Oliveira, “podendo ser revogada a qualquer tempo por
ato unilateral da pessoa jurídica que a tenha conferido”.

4. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA

A ideia de imunidade tributária é de ficar livre de pagar um determinado tributo. Ficar protegido de
contribuir.

4.1. CONCEITO

Como conceitua Alexandre de Moraes, imunidade tributária é “o impedimento constitucional absoluto à


incidência da norma tributária, pois restringe as dimensões do campo tributário da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos municípios”.

Outro conceito é de Hugo de Brito Machado, que expõe imunidade tributária como sendo “obstáculo
decorrente de regras da Constituição à incidência de regra jurídica de tributação. O que é imune não
pode ser tributado. A imunidade impede que a lei defina como hipótese de incidência tributária aquilo
que é imune. É limitação de competência”.

4.2. IMUNIDADE x ISENÇÃO

Imunidade tributária não se confunde com isenção. A imunidade está ligada à definição de competência
e a isenção está ligada ao exercício da competência.
Para explicar a diferença entre isenção e imunidade tributária temos o exemplo de Alexandre Machado
de Oliveira:

“Quando falamos que os papéis e revistas estão imunes ao ICMS, estamos dizendo que esta situação
está fora da esfera de competência do Estado. Por outro lado, se não existisse essa hipótese de
imunidade, mas estivesse isenta por previsão legal, diríamos que o Estado tem a competência para
cobrar o ICMS de revistas e papéis, mas resolveu não exercê-la, ao prever em lei Estadual que esta
hipótese estaria isenta.” (Site: Âmbito Jurídico).

Outra diferença entre imunidade e isenção é que as imunidades estão previstas em normas
constitucionais, já as isenções se fazem valer por normas infraconstitucionais.

4.3. SITUAÇÕES DE IMUNIDADE

A Constituição Federal de 1988 nos dispõe um rol de imunidades tributárias. Começando pelo Art. 5º,
incisos XXXIV, a e b; LXXIII; LXXIV; LXXVI, a e b; LXXVII. O Art. 150 também apresenta imunidades em seus
incisos VI, a; VI; e § 2º. Também constam imunidades no Art. 153 em seus §§ 3º, 4º e 5º. No Art. 155,
incisos X, a, b e c; XI; e § 3º. Também se apresentam no Art. 156, inciso II; § 2º, I; § 3º. No Art. 184, § 5º.
É possível encontrar imunidades tributárias, também nos Art. 195, § 7º; Art. 226, § 1º; e, por fim, Art.
230, § 2º.

O Art. 150, em matéria de imunidade tributária, é o que traz maior complexidade e importância ao
tema. Este artigo trata da imunidade recíproca, imunidade dos templos de qualquer culto e imunidade
do patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais
dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos.

4.3.1. IMUNIDADE RECÍPROCA DE IMPOSTOS SOBRE O PATRIMÔNIO, RENDA OU SERVIÇOS DOS ENTES
FEDERATIVOS (Art. 150, VI, a)

O intuito de instituir essa imunidade tributária é garantir o equilíbrio no Pacto Federativo. Portanto os
entes são imunes de tributos entre si. Assim, a União não pode cobrar impostos dos Estados Membros;
os Estados Membros não podem cobrar impostos dos municípios e assim por diante.

Alexandre de Moraes explica essa imunidade da seguinte forma:

“O texto constitucional impede que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, incluindo
suas autarquias no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados a suas finalidades
essenciais ou às delas decorrentes, instituam impostos sobre patrimônio, renda, serviço ou ganhos
resultantes de operações financeiras.” (MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 30ª Ed. São Paulo:
Editora Atlas, 2014).

O Supremo Tribunal Federal destaca que “os valores investidos e a renda auferida pelo membro da
federação é imune de impostos. A imunidade tributária recíproca é uma decorrência pronta e imediata
do postulado da isonomia dos entes constitucionais, sustentado pela estrutura federativa do Estado
brasileiro e pela autonomia dos Municípios”.

4.3.2. IMUNIDADE DOS TEMPLOS DE QUALQUER CULTO (Art. 150, VI, b)

É vedada a instituição de impostos pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, para templos,
independente do culto ou da religião.

Essa imunidade não distingue a religião, sendo abrangidas todas com o benefício. Porém, as religiões
que atentem contra os princípios dos Direitos Humanos não serão reconhecidas.

A imunidade para os templos funcionam da mesma forma que para as autarquias e fundações públicas,
onde abrange o patrimônio, a renda e os serviços que estiverem ligados às suas finalidades.

Aliomar Baleeiro conceitua que:

“o templo não deve ser apenas a igreja, sinagoga ou edifício, onde se celebra a cerimônia pública, mas
também a dependência acaso contígua, o convento, os anexos por força de compreensão, inclusive a
casa ou residência oficial do pároco ou pastor, pertencente à comunidade religiosa, desde que não
empregados para fins econômicos”. (MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 30ª Ed. São Paulo:
Editora Atlas, 2014).

Dessa forma entendemos que deve existir relação entre os imóveis ligados ao templo e usados sem
nenhum proveito econômico, seguindo estritamente suas finalidades.

Essa imunidade tributária é dada aos templos com base na garantia de liberdade de crença e religião,
sendo vedado qualquer tipo de obstáculo econômico para a atividade.

4.3.3. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA A PARTIDOS POLÍTICOS (Art. 150, VI, c)

Essa imunidade é sobre o patrimônio, renda, ou serviços dos partidos políticos, incluindo suas
fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência
social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei.

A Constituição criou essa imunidade para prevenir possíveis perseguições a ideologias. Aquele que está
no poder, caso não houvesse essa imunidade, poderia atribuir altos impostos para outros partidos.

O restante das instituições indicadas na norma constitucional, como as entidades sindicais, instituições
de educação e assistência social sem fins lucrativos, terão imunidade tributária garantida, nos termos da
lei.

FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO

O que devemos compreender por fonte do direito? Fonte do direito é de onde surge o direito, de onde
ele emana, são focos os criadores de normas jurídicas.
Existem dois tipos de fontes do direito tributário: fontes reais e fontes formais.

FONTES REAIS OU MATERIAIS DO DIREITO TRIBUTÁRIO

Fonte material do direito tributário é o substrato fático ao qual se atribui uma conseqüência jurídica. São
fontes materiais todos os fatos da realidade.

Os suportes fáticos do direito tributário, em regra, são fatos de natureza econômica, que revelam
capacidade econômica, como por exemplo: auferir renda, ser proprietário de um imóvel ou de um
automóvel, realizar uma prestação de serviço, industrializar produtos, importar e exportar mercadorias,
pagar salário aos empregados, etc.

Essas fontes reais, quando submetidas às fontes formais, ganham eficácia jurídica. As fontes formais
agregam aos fatos da realidade (fontes materiais) conseqüências jurídicas, transformando meros fatos
em fatos com relevância jurídica, que passam a produzir efeitos jurídicos.

Por exemplo, auferir renda é uma fato da realidade que revela capacidade econômica, uma lei (fonte
formal) institui o imposto de renda, determinando que quem aufere renda tem como obrigatório o seu
pagamento. Ao fato real auferir renda, uma lei (fonte formal) atribuiu uma conseqüência jurídica: dever
de pagar um tributo. Esse dever gera inúmeras conseqüências jurídicas à pessoa que aufere a renda.

FONTES FORMAIS

As fontes formais do direito, e por conseqüência do direito tributário, dividem-se em dois grupos:

FONTES FORMAIS PRIMÁRIAS: as fontes formais primárias inovam o sistema jurídico, introduzem normas
inéditas na ordem jurídica, são os únicos veículos ejetores de normas inaugurais no ordenamento
jurídico. Norma inédita é aquela que não existia, por exemplo, a União tem competência para criar o
imposto sobre grandes fortunas, ainda não criou, se resolver instituir o referido tributo, terá que criar
uma norma que torne obrigatório o seu pagamento. Essa norma será introduzida no sistema jurídico
tributário, por meio de uma fonte formal primária, no caso uma lei ordinária federal.

São fontes formais primárias:

Lei Constitucional: instrumento primeiro e soberano da ordem normativa, todo o sistema


infraconstitucional deve observar os dispositivos constitucionais. É veículo de introdução no sistema de
normas de estrutura, de organização e de competência. No caso específico do direito tributário, abriga
normas de competência (que conferem aos entes políticos o poder de criar tributos), bem como normas
limitativas do poder de tributar.

Lei Complementar: tem matéria expressamente prevista na Constituição Federal e um quorum de


aprovação de maioria absoluta. Em matéria tributária, a Constituição Federal determinou que essa
espécie de fonte formal fosse o veículo introdutor de variadas normas no sistema, tais como normas
gerais, limites, criação de tributos, dentre outras.

Lei Ordinária: pode tratar de qualquer matéria, exceto aquelas que devem ser veiculadas por lei
complementar. Seu quorum de aprovação é de maioria simples. É o veículo mais apto a introduzir no
sistema jurídico tributário as normas de incidência dos tributos (aquelas que criam os tributos,
determinando quem deve pagar, porque deve pagar, onde deve pagar, quando deve pagar e quanto deve
pagar), é neste diploma legal que o tributo deve ser descrito em sua plenitude. Também veiculam, em
matéria tributária, deveres instrumentais ou formais (obrigações acessórias). Não há supremacia entre
leis ordinárias federais, estaduais e municipais, todas desfrutam do mesmo status jurídico, diferindo
apenas quanto ao âmbito de aplicação.

Lei Delegada: depois da criação das Medidas Provisórias caiu em desuso. Nesta espécie normativa o
Congresso Nacional transferia competência legislativa para o Presidente da República (de ofício ou a
pedido), e este dentro da delegação legislava.

Medida Provisória: prevista no art. 62 da Constituição Federal, é espécie normativa de natureza


infraconstitucional que possui força e eficácia de lei. O Presidente da República, em caso de relevância e
urgência pode editá-la. Após sua criação pelo Chefe do Poder Executivo, deve passar pelo crivo do Poder
Legislativo, que vai decidir se a medida provisória permanecerá no sistema (sendo convertida em lei) ou
será dele excluída. Em matéria tributária, pode instituir e aumentar tributos.

Decretos Legislativos: espécie normativa de competência privativa do Congresso Nacional. Importante


para o direito tributário por ser o veículo introdutor de normas de tratados e convenções internacionais.
Quando o Presidente da República, assina um tratado internacional, suas regras só terão eficácia quando
introduzidas no ordenamento jurídico nacional, essa introdução é realizada pelo decreto legislativo. Uma
norma de tratado internacional quando entra no sistema normativo brasileiro, através de um decreto
legislativo, tem status de lei ordinária.

Resoluções: são atos legislativos pelos quais os órgãos do Poder Legislativo (Congresso Nacional, Senado
Federal e Câmara do Deputados) exercem suas competências privativas. Em matéria tributária é um
exemplo a resolução do Senado Federal que fixa as alíquotas mínimas nas operações internas do ICMS
(art. 155, § 2º, V, a da CF).

2. FONTES FORMAIS SECUNDÁRIAS: não introduzem normas inéditas no sistema jurídico, não inovam a
ordem jurídica. Acrescem normas ao sistema jurídico que se embasam em normas jurídicas já existentes.

São elas:

Decreto Regulamentar ou Regulamento: é de competência privativa do chefe do Poder Executivo. Visa


possibilitar a fiel execução da lei, não podendo ampliar ou reduzir a disposição da lei a que se refere.

Instrução ministerial: de competência dos Ministros de Estado, visa a execução de leis, decretos e
regulamentos relativos a respectiva pasta. Tem vigência apenas no âmbito do Ministério.

Circular: é norma secundária que tem como objetivo a ordenação uniforme do serviço administrativo.

Portaria: regra geral ou individual que o superior edita para serem observadas por seus subalternos.

Ordem de Serviço: autorização concreta para que funcionários determinados, realizem um tipo de
serviço específico.

Ato Normativo: ato expedido pela autoridade administrativa.

Decisão Administrativa: decisão de órgão singular ou coletivo de jurisdição administrativa, ao qual a lei
atribua eficácia normativa.

LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

O art. 96 do Código Tributário Nacional, determina qual o alcance da expressão “legislação tributária”.

“Art. 96. A expressão “legislação tributária” compreende as leis, os tratados e as convenções


internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre
tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.”

Portanto, quando o Código Tributário Nacional utiliza a expressão legislação tributária, não apenas faz
referência às leis propriamente ditas, mas abrange todos as espécies normativas elencadas no citado
artigo.

SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE O CREDITO TRIBUTARIO


Introdução

Após o lançamento do tributo, o crédito passa a ser exigível pela Fazenda Pública do contribuinte. Diante
disso, o contribuinte tem a possiblidade de extinguir o crédito, suspendê-lo ou, caso não efetue nada, o
crédito é inscrito em dívida ativa e poderá ser executado.

Neste momento teremos a suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Assim, uma vez lançado o
tributo, o contribuinte poderá praticar atos que acarretem na suspensão da exigibilidade do crédito e,
por conseguinte, do débito.

COSTA (2015) entende ser mais adequado falar em suspensão da exigibilidade da obrigação.

Uma vez suspensa a exigibilidade, o Fisco não poderá efetuar a cobrança do tributo e, tampouco, ajuizar
a execução fiscal, cuja contagem do prazo prescricional ficará suspensa.

Muito se discute acerca dos efeitos da suspensão da exigibilidade do crédito. Há quem entenda que a
suspensão da exigibilidade do crédito impede a sua cobrança judicialmente, mas não obsta eventual
lançamento tributário.

CARVALHO (2010) dispõe que a suspensão é da exigibilidade do crédito e não do próprio crédito em si,
sendo que a exigibilidade é “o direito que o credor tem de postular, efetivamente, o objeto da obrigação,
e isso tão só ocorre, como é óbvio, depois de tomadas as providências necessárias à constituição da
dívida, com a lavratura do ato de lançamento. No período que antecede tal expediente, ainda não se
tem o surgimento da obrigação tributária, inexistindo, consequentemente, crédito tributário, o qual
nasce com o ato do lançamento tributário.”

COSTA (2015), por sua vez, determina que se a cobrança está vedada enquanto perdurar a causa de
suspensão da exigibilidade, parece inadequado falar-se em lançamento, apenas para evitar a decadência
do direito de efetuar o lançamento. Até porque a decadência é consequência da inércia do titular do
direito, que, na hipótese, não pode ser imputada à Fazenda Pública, impedida que está de cobrar seu
crédito devido à presença de uma das circunstâncias aptas a suspender aquela exigibilidade.

Ressalte-se, ainda, que com a suspensão da exigibilidade do crédito é possível que o contribuinte
obtenha a certidão positiva de crédito com os mesmos efeitos da negativa, nos termos do artigo 206 do
CTN, com a qual é capaz de se habilitar em licitações, por exemplo.

Destaque-se que o CTN traz, em seu artigo 151, um rol taxativo das hipóteses de suspensão da
exigibilidade do crédito, in verbis:

Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:I - moratória;II - o depósito do seu montante
integral;III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário
administrativo;IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança. V – a concessão de
medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial;VI – o parcelamento.

Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações assessórios
dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela conseqüentes.

Conforme disposto no parágrafo único supracitado, a suspensão da exigibilidade do crédito não afasta a
necessidade de cumprimento das obrigações acessórias.

A seguir, vamos tratar cada uma das hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito.

Moratória

A moratória está prevista nos artigos 152 a 155 do CTN e, nas palavras de COSTA (2015), “é a
prorrogação do prazo ou a outorga de novo prazo, se já findo o original, para o cumprimento da
obrigação principal.”

Por se tratar de prorrogação para o cumprimento da obrigação principal, a moratória depende,


necessariamente, de lei e pode ser concedida em caráter geral ou individual, nos termos do artigo 152
do CTN:

Art. 152. A moratória somente pode ser concedida:I - em caráter geral: a) pela pessoa jurídica de direito
público competente para instituir o tributo a que se refira; b) pela União, quanto a tributos de
competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, quando simultaneamente concedida
quanto aos tributos de competência federal e às obrigações de direito privado;II - em caráter individual,
por despacho da autoridade administrativa, desde que autorizada por lei nas condições do inciso
anterior.

Parágrafo único. A lei concessiva de moratória pode circunscrever expressamente a sua aplicabilidade à
determinada região do território da pessoa jurídica de direito público que a expedir, ou a determinada
classe ou categoria de sujeitos passivos.

Da análise do artigo 152, II, b, supramencionado, verifica-se que a União pode conceder a moratória
quanto a tributos de competência dos outros entes federativos.

MELO (2012) dispõe que referido dispositivo é criticável, pois a União não possui competência para se
intrometer no âmbito tributário dos demais entes federativos.

COSTA (2015) vai além e determina que referido dispositivo contempla hipótese inconstitucional, uma
vez que a União não poderia conceder moratória de tributos de outras pessoas políticas sem flagrante
ofensa aos princípios federativo e da autonomia municipal.

Vale destacar, ainda, o disposto no artigo 155 do CTN que determina que a concessão da moratória em
caráter individual não gera direito adquirido e será revogada de ofício “sempre que se apure que o
beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não cumprira ou deixou de cumprir os
requisitos para a concessão do favor (…)”.

Destaque-se que a moratória concedida em caráter individual, por ser um ato administrativo vinculado,
gera o direito adquirido ao contribuinte. Dessa forma, não há que se falar em revogação da moratória,
mas, como bem disposto por COSTA (2015), “se o interessado não preenchia os requisitos legais
necessários e, ainda assim, a moratória foi concedida, esta deve ser objeto de anulação (…)”.

E, nos casos em que o interessado deixou de satisfazer as condições após a concessão da moratória, esta
deve ser cassada, de modo que, em ambos os casos, deve haver o acréscimo de juros de mora.

Depósito do montante integral

Conforme disposto no artigo 151, II, do CTN, o depósito no montante integral suspende a exigibilidade
do crédito. No mesmo sentido é o disposto na Súmula 112 do STJ:

O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se for integral e em dinheiro.

O valor depositado judicialmente deve compreender o valor nominal do crédito acrescido dos
acréscimos legais para suspender a exigibilidade do crédito tributário. Importante ressaltar que a Súmula
112 do STJ dispõe sobre o depósito integral e em dinheiro. Este, inclusive, é o entendimento do STJ com
relação ao depósito capaz de suspender a exigibilidade do crédito.

Essa discussão se deu por conta de muitos contribuintes tentarem se utilizar da fiança bancária para
suspender a exigibilidade do crédito, sedimentando-se o entendimento acerca da necessidade do
depósito ser em dinheiro.

Destaque-se que o CTN trata do depósito judicial, pois muito embora possa ser realizado o depósito
administrativo, este possui apenas o condão de evitar que haja os acréscimos legais, uma vez que a
própria reclamação ou recurso administrativo já é causa de suspensão da exigibilidade do crédito.

Uma vez realizado o depósito do montante integral em juízo, independentemente do resultado da lide,
haverá a extinção do crédito tributário. Isso porque, se julgado procedente o pedido, o contribuinte
efetuará o levantamento da quantia depositada e o crédito discutido extinto; e, se improcedente, o valor
depositado será convertido em renda à Fazenda, extinguindo-se, também, o crédito.

Com relação à possibilidade de levantamento do depósito em momento diverso, a corrente majoritária é


no sentido de que este somente pode ocorrer ao término do processo.

Isso porque, o artigo 32, § 2º, da Lei de Execuções Fiscais dispõe que somente após o trânsito em julgado
da decisão é que o depósito será devolvido ao depositante ou convertido em renda à Fazenda Pública,
além de se tratar da sobreposição do interesse público sobre o particular:

§ 2º - Após o trânsito em julgado da decisão, o depósito, monetariamente atualizado, será devolvido ao


depositante ou entregue à Fazenda Pública, mediante ordem do Juízo competente.

Embora o ato de depositar em juízo constitua uma faculdade do contribuinte, uma vez depositado
deverá aguardar o trânsito em julgado da decisão.

COSTA (2015), contudo, diverge deste entendimento. Para ela, em sendo o depósito direito do
contribuinte, a ser exercido dentro de certos limites, este pode proceder ao levantamento do respectivo
valor a qualquer tempo, enquanto não houver decisão judicial definitiva.

Portanto, segundo a ilustre doutrinadora, caberia ao contribuinte decidir sobre manter o crédito
suspenso, ou levantar a garantia e abrir mão da suspensão da exigibilidade, fazendo com que a Fazenda
possa executá-lo.

Reclamações e recursos administrativos

Entende-se por reclamação e recurso administrativo, todos os meios hábeis a impugnar as exigências
fiscais. Ou seja, enquanto pendente qualquer discussão na esfera administrativa, o crédito tributário
permanece suspenso.

E, se ao ser julgado, a decisão administrativa for favorável ao contribuinte, haverá a extinção do crédito
tributário; se desfavorável, a exigibilidade do crédito é restabelecida, cessando a sua suspensão em
decorrência da discussão administrativa.

Concessão de medida liminar em mandado de segurança ou em outra ação, ou de tutela antecipada

Essas modalidades de suspensão da exigibilidade do crédito estão previstas nos incisos IV e V do artigo
151 do CTN. Preenchidos todos os requisitos legais para a concessão da medida liminar ou da tutela
antecipada, é possível a suspensão da exigibilidade do crédito em face da Fazenda Pública.

E nem se diga que tal medida acarreta em prejuízos aos cofres públicos, afrontando-se o princípio da
indisponibilidade do interesse público.

Embora busca-se evitar danos irreparáveis ou de difícil reparação ao contribuinte, tal fato não acarreta
em prejuízos ao ente público. Isso porque, ao final da lide, caso a tutela jurisdicional antecipada seja
cassada, caberá a Fazenda Pública executar o contribuinte para que se satisfaça a obrigação.
Ou seja, não se retira da Fazenda a possibilidade de se efetuar a cobrança do crédito. Conforme bem
esposado por COSTA (2015) “também possuem efeito suspensivo da exigibilidade, outras decisões não
definitivas, quais sejam, as sentenças e acórdãos ainda passíveis de recurso.”

Logo, enquanto não transitada em julgado a decisão favorável ao contribuinte, esta possuirá efeito
suspensivo da exigibilidade do crédito tributário.

Parcelamento

Tal como ocorre com a moratória, somente pode ser concedido o parcelamento mediante lei, uma vez
que se trata do recebimento do crédito em momento posterior ao seu vencimento, respeitando-se o
princípio da indisponibilidade do interesse público.

COSTA (2015) estabelece que a moratória e o parcelamento possuem diferença sutil, pois o
parcelamento é espécie de moratória, tanto que, nos termos do artigo 155-A, § 2º, do CTN, as
disposições do CTN acerca da moratória serão aplicadas subsidiariamente ao parcelamento.

Para a ilustre professora, enquanto a moratória pode se dar mediante execução unitária ou parcelada –
pagamento do débito em uma ou várias parcelas -, o parcelamento, somente desta última forma.

Da análise do artigo 155-A do CTN, constata-se que enquanto o parcelamento estiver sendo cumprido
pelo contribuinte, subsistirá a suspensão da exigibilidade do crédito.

Julgados/Informativos

AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO. CERTIDÃO DE REGULARIDADE DO FGTS. INEXISTÊNCIA DE


MOTIVOS ENSEJADORES DA NÃO EMISSÃO DO DOCUMENTO. DEPÓSITO EM DINHEIRO DO MONTANTE
INTEGRAL DO DÉBITO. 1 – Verifica-se que houve depósito apto para suspender a exigibilidade de crédito
tributário, conforme dispõe o art. 151, II, do CTN, ou seja foi efetuado de forma integral e em dinheiro. 2
- Desse modo, com o depósito em dinheiro dos valores discutidos, a Caixa Econômica Federal não pode
recusar-se a expedir certidão de regularidade junto ao FGTS, em face do agravante, desde que inexista
outro débito não constante deste processo. 3 – Agravo provido (TRF-2 - AG: 131140 RJ
2004.02.01.010666-3, Relator: Desembargador Federal LUIZ ANTONIO SOARES, Data de Julgamento:
11/11/2008, QUARTA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: DJU - Data::14/01/2009 - Página::190)
TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC. CAUÇÃO E
EXPEDIÇÃO DA CPD-EN. POSSIBILIDADE. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ART.
151 DO CTN. INEXISTÊNCIA DE EQUIPARAÇÃO DA FIANÇA BANCÁRIA AO DEPÓSITO DO MONTANTE
INTEGRAL DO TRIBUTO DEVIDO PARA FINS DE SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. SÚMULA 112/STJ.
VIOLAÇÃO AO ART. 535, II, DO CPC, NÃO CONFIGURADA. MULTA. ART. 538 DO CPC. EXCLUSÃO. 1. A
fiança bancária não é equiparável ao depósito integral do débito exequendo para fins de suspensão da
exigibilidade do crédito tributário, ante a taxatividade do art. 151 do CTN e o teor do Enunciado Sumular
n. 112 desta Corte, cujos precedentes são de clareza hialina: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO.
MANDADO DE SEGURANÇA. SUSPENSÃO CAUTELAR DA EXIGIBILIDADE DO CREDITO TRIBUTÁRIO.
DEPOSITO EM TDAS OU FIANÇA BANCÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO DESPROVIDO. CONSOANTE
PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS DESTA CORTE, A SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CREDITO
TRIBUTÁRIO, SO E ADMISSIVEL, MEDIANTE DEPOSITO INTEGRAL EM DINHEIRO, NOS TERMOS DO
DISPOSTO NOS ARTIGOS 151, DO CTN, E PAR.4. DA LEI N. 6.830/70. RECURSO DESPROVIDO, POR
UNANIMIDADE. (RMS 1269/AM, Rel. Ministro DEMÓCRITO REINALDO, PRIMEIRA TURMA, julgado em
18/10/1993, DJ 08/11/1993)

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