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EXAME
ESTATUTO DA
OABNAMEDIDA.COM.BR
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
1.1. CONCEITO DE CRIANÇA E ADOLESCENTE
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
3. PREVENÇÃO
3.1. DISPOSIÇÕES GERAIS
3.2. PREVENÇÃO ESPECIAL
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Alteração Legislativa Atenção Exemplo
8.6. ADVOGADO
8.7. PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES INDIVIDUAIS, DIFUSOS E COLETIVOS
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1. INTRODUÇÃO
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
De acordo com o estabelecido no art. 2° do ECA, considera-se criança a pessoa de até 12 (doze)
anos incompletos e adolescente a pessoa entre 12 (doze) e 18 (dezoito) anos de idade.
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade
incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
É importante destacar que as convenções internacionais das quais o Brasil é signatário referem-
se à criança como a pessoa com menos 18 anos de idade. No entanto, considera-se importante
a distinção entre criança e adolescente explicitada pelo ECA, uma vez que permite uma tutela
diferenciada entre as pessoas com idades diferentes.
Digno de nota, ainda, que o ECA é aplicável excepcionalmente às pessoas entre 18 (dezoito)
e 21 (vinte e um) anos de idade, quando o adolescente pratica ato infracional ficando sujeito à
medida socioeducativa e posteriormente completa 18 anos. Nesse caso específico, o ECA deverá ser
aplicado até o adolescente completar 21 anos de idade, quando ocorrerá sua liberação compulsória.
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DOUTRINA DA SITUAÇÃO DOUTRINA DA PROTEÇÃO
IRREGULAR INTEGRAL
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
(...)
A competência para legislar sobre a proteção aos direitos da criança e do adolescente, portanto,
é concorrente entre a União (estabelece normal geral), Estados (normas específicas) e Municípios
(interesse local).
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Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia,
o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
A proteção à infância, por se tratar de direito social, exige uma postura ativa por parte do Estado,
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
principalmente por meio de adoção de políticas públicas em prol das crianças e adolescentes.
Art. 7º
(...)
O direito à absoluta prioridade deve ser observado pela família, pela sociedade e pelo Estado,
refletindo a necessidade de proteção especial das crianças e dos adolescentes em razão da sua
condição peculiar de desenvolvimento. O art. 4º do ECA, por sua vez, dispõe que as ações que
integram a garantia de prioridade são: a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer
circunstâncias; b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; c)
preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas; d) destinação privilegiada
de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
Com a alteração do art. 227 da CF/88, promovida pela EC n.65/10, o jovem também é destinatário
da absoluta prioridade. De acordo com o Estatuto da Juventude (Lei n. 12.852/2013), são
consideradas jovens as pessoas com idade entre 15 (quinze) e 29 (vinte e nove) anos.
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Art. 228 CF/88. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às
normas da legislação especial.
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Segundo disposto no art. 7° do ECA, a criança e o adolescente têm direito a proteção à vida
e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o
desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.
O Estado, portanto, deve assumir papel ativo na efetivação do direito à vida e à saúde das
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De acordo com o art. 16 do ECA, o direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: I - ir,
vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais; II
- opinião e expressão; III - crença e culto religioso; IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; V -
participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação; VI - participar da vida política, na forma
da lei; VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. TEMA COBRADO NO XXIV EXAME DA OAB/FGV.
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
A preservação da dignidade, por sua vez, exige que a criança e adolescente estejam a salvo de
qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor (art. 18 do
ECA), sendo vedado o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas
de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, por qualquer pessoa encarregada de
TRATAMENTO CRUEL OU
CASTIGO FÍSICO DEGRADANTE
Não mais persiste em nosso ordenamento jurídico qualquer distinção entre filhos concebidos
na constância ou fora do casamento. Ao contrário, conforme disposto non art. 20 do ECA, os filhos,
havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações,
proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê 3 (três) tipos de entidade familiar: família natural,
família extensa e família substituta.
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FAMÍLIA EXTENSA
FAMÍLIA NATURAL FAMÍLIA SUBSTITUTA
(ART. 25, PARÁGRAFO
(ART. 25 DO ECA) (ART. 28 DO ECA)
ÚNICO, DO ECA)
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Estende-se além da
unidade do casal, sendo
São os pais
formada por parentes
biológicos ou Formada nos casos de
próximos com os quais a
qualquer deles e guarda, tutela ou adoção.
criança ou adolescente
seus descendentes.
convive e mantem vínculo
de afinidade e afetividade.
Como regra geral, as crianças e adolescentes devem ser criados e educados no seio de sua
O poder familiar engloba os deveres de sustento, guarda e educação dos filhos menores, bem
como o dever de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais. Ressalta-se, ainda, que a mãe
e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no
cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar de
suas crenças e culturas (art. 22 do ECA).
No caso de descumprimento injustificado dos deveres acima citados, bem como nas hipóteses
previstas na legislação civil, poderá haver a perda ou suspensão do poder familiar, sempre por
meio de decisão judicial, garantindo-se o contraditório.
De acordo com o art. 1.637 do CC, se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos
deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente,
ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e
seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha.
Além disso, conforme parágrafo único do mesmo artigo, suspende-se igualmente o exercício
do poder familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja
pena exceda a dois anos de prisão.
A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a destituição do poder familiar, exceto na
hipótese de condenação por crime doloso sujeito à pena de reclusão contra outrem igualmente
titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro descendente. (art. 23, § 2º, ECA).
O art. 1.638 do CC, por sua vez, estabelece como causas de perda do poder familiar: I - castigar
imoderadamente o filho; II - deixar o filho em abandono; III - praticar atos contrários à moral e aos
bons costumes; IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo 1.637, ou seja, abuso
de autoridade reiterado, faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos.
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De acordo com o art. 23 do ECA, a falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo
suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar. Da mesma forma, com as alterações
do ECA promovidas pela Lei n. 13.257/2016 (Marco Legal da 1ª Infância), a existência de pessoas
dependentes de substâncias entorpecentes, por si só, não é causa de suspensão do poder familiar.
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Além disso, toda criança ou adolescente que estiver inserido em programa de acolhimento
familiar ou institucional terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada 3 (três) meses, devendo
a autoridade judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe interprofissional
ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou
colocação em família substituta (§ 1º do art. 19 do ECA).
Não mais existe em nosso ordenamento jurídico qualquer discriminação entre filhos concebidos
dentro ou fora do casamento, de modo que os filhos havidos fora do casamento poderão ser
reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio termo de nascimento, por
testamento, mediante escritura ou outro documento público, qualquer que seja a origem da
filiação. Além disso, esse reconhecimento poderá ser antes do nascimento do filho ou após o seu
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falecimento, se deixar descendentes (art. 26 do ECA).
Família substituta é aquela que substitui a entidade familiar biológica em determinados casos
específicos, podendo ser por meio de um dos seguintes institutos: guarda, tutela ou adoção.
Como a regra geral é a preservação dos laços da criança e do adolescente com a família
natural, a colocação em família substituta é medida excepcional e exige a observância de diversas
• Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela ou guarda da mesma família
substituta, ressalvada a comprovada existência de risco de abuso ou outra situação
que justifique plenamente a excepcionalidade de solução diversa, procurando-se, em
qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos fraternais (§ 4º do art. 28).
Além dos requisitos acima citados, interessante destacar que, tratando-se de criança ou
adolescente indígena ou proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é obrigatório:
I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e cultural, os seus costumes e
tradições, bem como suas instituições, desde que não sejam incompatíveis com os direitos
fundamentais reconhecidos pelo ECA e pela Constituição Federal; II - que a colocação familiar
ocorra prioritariamente no seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia; III - a
intervenção e oitiva de representantes do órgão federal responsável pela política indigenista, no
caso de crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos, perante a equipe interprofissional
ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso.
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Desse modo, tratando-se de colocação em família substituta de criança ou adolescente indígena,
exige-se um procedimento diferenciado, com a participação do órgão federal responsável pela
política indigenista (FUNAI) e de antropólogo TEMA COBRADO NO XIV EXAME DA OAB/FGV.
2.3.2.1. GUARDA
Embora a guarda não suspenda nem destitua o poder familiar, não impedindo, como regra
geral, o direito de visitas ou o dever de prestar alimentos, o guardião poderá se opor a terceiros,
inclusive aos pais biológicos.
A guarda, portanto, não rompe com o dever de prestar alimentos nem impede que os pais
visitem a criança ou o adolescente, mesmo porque a guarda pode ter sido concedida apenas
até que a família natural consiga se reestruturar. Entretanto, em duas situações haverá a perda
do direito de visita dos pais: 1) Guarda incidental em processo de adoção; 2) Por expressa
determinação judicial nesse sentido.
2.3.2.2. TUTELA
O direito de nomear tutor incumbe aos pais, em conjunto, sendo que a nomeação deve constar
de testamento ou de qualquer outro documento autêntico.
Na falta de tutor nomeado pelos pais, dispõe o art. 1.731 do CC que incumbe a tutela aos
parentes consanguíneos do menor, nesta ordem: I - aos ascendentes, preferindo o de grau mais
próximo ao mais remoto; II - aos colaterais até o terceiro grau, preferindo os mais próximos aos
mais remotos, e, no mesmo grau, os mais velhos aos mais moços; sendo que, em qualquer dos
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casos, o juiz escolherá entre eles o mais apto a exercer a tutela em benefício do menor.
2.3.2.3. ADOÇÃO
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Por se tratar de medida excepcional, a Lei n. 13.509/2017 acrescentou o art. 19-A ao ECA,
consignando que a mãe que manifeste interesse em entregar seu filho para adoção, antes ou
logo após o nascimento, deverá ser encaminhada à Justiça da Infância e da Juventude para que
seja ouvida por uma equipe interprofissional, que apresentará relatório à autoridade judiciária,
considerando inclusive os eventuais efeitos do estado gestacional e puerperal. De posse do relatório,
a autoridade judiciária poderá determinar o encaminhamento da gestante ou mãe, mediante sua
Se a mãe indicar quem é o pai da criança, a prioridade é tentar que o genitor assuma a guarda
da criança. Caso isso não seja possível, deve-se tentar ainda acolher a criança em sua “família
extensa” (parentes próximos com os quais a criança ou adolescente possuem vínculos de afinidade
e afetividade). A tentativa de colocação da criança ou adolescente na família extensa deverá durar,
no máximo, 90 dias, prorrogável por igual período.
Quem receber a guarda da criança terá o prazo de 15 dias para propor a ação de adoção,
contado do dia seguinte à data do término do estágio de convivência.
Como se trata de medida irrevogável, os laços advindos da adoção são eternos, ou seja,
não são rompidos nem com a morte dos pais adotivos. Em outras palavras, a morte dos pais
adotantes não reestabelece o poder familiar dos pais biológicos, conforme previsto art. 49 do
ECA TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV.
A adoção representa um vínculo de filiação por meio de decisão judicial, atribuindo a condição
de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de
qualquer vínculo com os pais e parentes biológicos, incluindo o registro civil originário, que será
alterado para fazer constar o nome dos pais adotivos, sendo que nenhuma observação sobre a
origem do ato de adoção poderá constar nas certidões do registro.
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Embora não possa constar nenhuma observação sobre a origem do ato de adoção, o adotado
tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo
no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 (dezoito) anos. O
acesso ao processo de adoção poderá ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito)
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando (§ 1º do art. 42). Nesses casos,
poderá ser deferida a tutela TEMA COBRADO NO XII EXAME DA OAB/FGV.
A Lei n. 13.509/2017 alterou o art. 46, caput, do ECA, que passou a prever que o prazo máximo do
estágio de convivência será de 90 dias, prorrogável por igual prazo por decisão da autoridade
judiciária (antes o ECA não tratava do prazo máximo de convivência em adoção nacional,
cabendo ao juiz fixa-lo). Além disso, alterou o § 3º, dispondo que, tratando-se de hipótese de
adoção internacional, o estágio de convivência será de, no mínimo, 30 (trinta) dias e, no máximo,
45 (quarenta e cinco) dias, prorrogável por até igual período, uma única vez, mediante decisão
fundamentada da autoridade judiciária (antes o ECA previa que o prazo máximo seria de 30 dias).
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• O estágio de convivência será acompanhado pela equipe interprofissional, que
apresentará relatório minucioso acerca da conveniência do deferimento da medida
(§ 4º do art. 46 do ECA, acrescentado pela Lei n. 13.509/2017). Além disso, o estágio
de convivência será cumprido no território nacional, preferencialmente na comarca
de residência da criança ou adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade limítrofe,
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
• Para adoção conjunta, é indispensável, como regra geral, que os adotantes sejam
casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da
família (§ 2º do art. 42 do ECA).
• O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no registro
civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão. A sentença conferirá
ao adotado o nome do adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a
modificação do prenome (art. 47 do ECA). A natureza da sentença é constitutiva, uma
vez que gera para as partes um vínculo jurídico antes inexistente.
A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença constitutiva, salvo
na hipótese do adotante vier a falecer após inequívoca manifestação de vontade no curso do
procedimento, caso em que terá força retroativa à data do óbito (art. 47, §7º, do ECA). Essa regra
é muito importante para o direito sucessório, permitindo o direito à herança do adotado no caso
do adotante morrer antes do trânsito em julgado TEMA COBRADO NO X EXAME DA OAB/FGV.
É importante consignar, ainda, que que cabe à autoridade judiciária manter, em cada comarca
ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro
de pessoas interessadas na adoção.
O deferimento da inscrição dos interessados dar-se-á após prévia consulta aos órgãos técnicos
do Juizado, ouvido o Ministério Público, sendo que haverá cadastros distintos para pessoas ou
casais residentes fora do País, que somente serão consultados na inexistência de postulantes
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nacionais habilitados.
com doença crônica ou com necessidades específicas de saúde, além de grupo de irmãos.
Além do cadastro judicial acima citado, prevê o § 5º do art. 50 do ECA que serão criados e im-
plementados cadastros estaduais e nacional de crianças e adolescentes em condições de serem
adotados e de pessoas ou casais habilitados à adoção.
Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado em sua adoção, a criança ou o adolescente,
sempre que possível e recomendável, será colocado sob guarda de família cadastrada em
programa de acolhimento familiar
II - for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha vínculos
de afinidade e afetividade (Atenção: irmãos e ascendentes não podem adotar);
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3
(três) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência comprove a
fixação de laços de afinidade e afetividade.
Outro tema muito importante para a prova da OAB diz respeito à adoção internacional, sobre a
qual destacamos as seguintes regras:
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• Na adoção internacional, além da prioridade de casal brasileiro, residente no
brasil, também terão preferência os brasileiros residentes no exterior, conforme
art. 51, §2º, do ECA.
• É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como
participar da definição das propostas educacionais (parágrafo único do art. 53 do ECA).
O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo, sendo que o não oferecimento
do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da
autoridade competente (§ 1º e § 2º do art. 54)
Desse modo, após a leitura do ECA com base no texto da Constituição Federal, conclui-se o
seguinte: a) o trabalho de adolescente menor de 14 anos de idade é vedado em qualquer situação,
b) o trabalho de adolescente entre 14 e 16 anos de idade é permitido apenas na condição de
aprendiz, e c) o adolescente com 16 anos ou mais pode trabalhar normalmente, salvo se o
trabalho for noturno, perigoso ou insalubre, hipótese em que o labor será permitido somente
após o adolescente completar 18 (dezoito) anos de idade. TEMA COBRADO NO XXVII EXAME DA
OAB/FGV.
Desse modo, atividades que não garantem o desenvolvimento do adolescente, como aquelas
repetitivas e sem aprendizado efetivo (corte da cana, carga e descarga de caminhões, limpeza em
geral, ensacamento de mercadorias) são incompatíveis com a aprendizagem e não podem ser
exigidas do adolescente em formação TEMA COBRADO NO IV EXAME DA OAB/FGV.
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3. PREVENÇÃO
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Dispõe o art. 70 do ECA que é dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos
direitos da criança e do adolescente.
A Lei n. 13.010/14, conhecida como Lei do Menino Bernardo, acrescentou os artigos 70-A
e 70-B ao ECA, que estabelecem, em síntese, a necessidade de atuação articulada entre União,
Além dessa proteção geral acima tratada, o ECA prevê, ainda, medidas de proteção especial,
conforme doravante exposto.
O ECA estabelece regras de proteção especial relacionadas aos seguintes temas: a) informação,
cultura, lazer, esportes, diversões e Espetáculos; b) produtos e serviços e c) autorização para viajar.
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• As revistas e publicações contendo material impróprio ou inadequado a crianças e
adolescentes deverão ser comercializadas em embalagem lacrada, com a advertência
de seu conteúdo. As editoras cuidarão para que as capas que contenham mensagens
pornográficas ou obscenas sejam protegidas com embalagem opaca (art. 78 do ECA).
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Além disso, o art. 82 do ECA proíbe a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel,
pensão ou estabelecimento congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou
responsável TEMA COBRADO NOS EXAMES VIII E IX DA OAB/FGV.
VIAGEM AO EXTERIOR
EXCEÇÕES:
Registra-se, por fim, que o descumprimento das normas de prevenção previstas no ECA configura
,na maioria das vezes, a prática de infração administrativa, conforme será posteriormente analisado.
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4
A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente deve ser feita através de um
conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais, da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios.
Conselhos Municipais
dos Direitos da Criança e
do Adolescente
Além disso, é muito importante registrar que as entidades de acolhimento devem, nos
termos do art. 92 do ECA, estimular adotar os seguintes princípios: I - preservação dos vínculos
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familiares e promoção da reintegração familiar ( TEMA COBRADO NO XII EXAME DA OAB/FGV);
II - integração em família substituta, quando esgotados os recursos de manutenção na família
natural ou extensa; III - atendimento personalizado e em pequenos grupos; IV - desenvolvimento
de atividades em regime de coeducação; V - não desmembramento de grupos de irmãos; VI - evitar,
sempre que possível, a transferência para outras entidades de crianças e adolescentes abrigados;
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
VII - participação na vida da comunidade local; VIII - preparação gradativa para o desligamento;
IX - participação de pessoas da comunidade no processo educativo.
O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos, cabendo ao Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente, periodicamente, reavaliar o cabimento de sua renovação.
Para que a entidade receba o registro e tenha sua renovação, deverá observar os seguintes
requisitos: a) estar regulamente constituída, com pessoas idôneas em seus quadros, b) oferecer
instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e
c) apresentar plano de trabalho compatível com os princípios do ECA.
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5
O acolhimento familiar ou institucional deve ocorrer no local mais próximo à residência dos
pais ou do responsável e, como parte do processo de reintegração familiar, sempre que identifica-
da a necessidade, a família de origem será incluída em programas oficiais de orientação, de apoio
e de promoção social, sendo facilitado e estimulado o contato com a criança ou com o adolescente
acolhido (§ 7º do art. 101 do ECA).
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A Lei nº 13.509/2017 acrescentou o art. 19-B ao ECA, dispondo que a criança e adolescente
que estiverem em programa de acolhimento institucional ou familiar poderão participar de
programa de apadrinhamento. O apadrinhamento consiste, basicamente, em permitir que a
criança e o adolescente mantenham vínculos externos, fora do acolhimento institucional ou
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
VII - advertência;
IX - destituição da tutela;
Salienta-se que, de acordo com o art. 130 do ECA, verificada a hipótese de maus-tratos, opressão
ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade judiciária poderá determinar, como
medida cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum. Nessa situação, da medida cautelar
constará, ainda, a fixação provisória dos alimentos de que necessitem a criança ou o adolescente
dependentes do agressor TEMA COBRADO NOS EXAMES XXV E XXVII DA OAB/FGV.
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Conforme previsto no art. 228 da CF/88, os menores de 18 anos de idade são penalmente
inimputáveis, ou seja, não praticam crime nem contravenção penal e sim atos infracionais,
conforme art. 103 do ECA.
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal.
É muito importante registrar que apenas o Juiz poderá aplicar medidas socioeducativas, as
quais, de acordo com o art. 112 do ECA, podem ser:
INSERÇÃO EM
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
MEDIDAS DE
PROTEÇÃO O juiz pode aplicar as medidas de proteção se entender necessário.
PREVISTAS NO ART.
101, I A VI DO ECA
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As medidas socioeducativas, portanto, não se confundem com as medidas de proteção:
O ECA prevê diversos direitos individuais e garantias processuais para que o adolescente seja
privado de sua liberdade.
Art. 106. Nenhum adolescente será privado Art. 110. Nenhum adolescente será privado
de sua liberdade senão em flagrante de ato de sua liberdade sem o devido processo legal.
infracional ou por ordem escrita e fundamentada
da autoridade judiciária competente. Art. 111. São asseguradas ao adolescente,
entre outras, as seguintes garantias:
Parágrafo único. O adolescente tem direito
à identificação dos responsáveis pela sua I - pleno e formal conhecimento da atribuição
apreensão, devendo ser informado acerca de de ato infracional, mediante citação ou meio
seus direitos. equivalente;
Art. 108. A internação, antes da sentença, V - direito de ser ouvido pessoalmente pela
pode ser determinada pelo prazo máximo de autoridade competente;
quarenta e cinco dias. VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou
Parágrafo único. A decisão deverá ser responsável em qualquer fase do procedimento.
fundamentada e basear-se em indícios suficientes
de autoria e materialidade, demonstrada a
necessidade imperiosa da medida.
Art. 109. O adolescente civilmente identificado
não será submetido a identificação compulsória
pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais,
salvo para efeito de confrontação, havendo
dúvida fundada. 31
Em relação ao art. 108 do ECA, importante mencionar que, conforme será estudado no próximo
tópico, quando o adolescente é apreendido (em flagrante de ato infracional ou por ordem da
autoridade judiciária) deve-se verificar a possibilidade sua liberação imediata. Não sendo possível
sua liberação, o adolescente permanece internado durante o processo de apuração do ato
infracional, mas o prazo máximo dessa internação provisória é de 45 dias (arts. 108 e 183 do ECA).
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Esse prazo é improrrogável e, se for ultrapassado sem que o processo tenha chegado ao
fim, o adolescente deve ser posto imediatamente em liberdade. Caso não seja liberado, haverá
constrangimento ilegal, sanável por habeas corpus.
O adolescente pode ser apreendido em duas situações diferentes: por ordem judicial ou em
razão de flagrante de ato infracional.
Se o ato infracional for cometido com violência ou grave ameaça, será necessário lavrar
auto de apreensão, com a oitiva de testemunhas e do adolescente, apreensão dos produtos e
instrumentos da infração e requisição de exames e perícias (art. 173, incisos I, II e III). Entretanto,
se o ato infracional for praticado sem violência ou grave ameaça, a lavratura de auto de apreensão
pode ser substituída por boletim de ocorrência circunstanciado (parágrafo único do art. 173).
Após, o adolescente deve ser encaminhado ao Ministério Público, sendo que o encaminhamento
pode ocorrer de três formas:
• Pelos próprios pais ou representante: não se tratando de ato infracional grave e com
repercussão social, se comparecer qualquer dos pais ou responsável, o adolescente
será prontamente liberado pela autoridade policial, sob termo de compromisso e
responsabilidade de sua apresentação ao representante do Ministério Público, no
mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato (art. 174).
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• Pela autoridade policial: quando se tratar de ato infracional grave e com
repercussão social a autoridade policial pode encaminhar o adolescente diretamente
ao Ministério Público.
O adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional não poderá ser conduzido ou
transportado em compartimento fechado de veículo policial, em condições atentatórias
à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua integridade física ou mental, sob pena de
responsabilidade (art. 178 do ECA).
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• Representar à autoridade judiciária para a aplicação de medida socioeducativa: o
representante do Ministério Público oferecerá representação à autoridade judiciária,
propondo a instauração de procedimento para aplicação da medida socioeducativa que
se afigurar a mais adequada. A representação será oferecida por petição, que conterá
o breve resumo dos fatos e a classificação do ato infracional e, quando necessário, o
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
rol de testemunhas, podendo ser deduzida oralmente, em sessão diária instalada pela
autoridade judiciária.
Na sentença, o juiz poderá: a) não aplicar qualquer medida socioeducativa nos casos de estar
provada a inexistência do fato; não haver prova da existência do fato; não constituir o fato ato
infracional ou não existir prova de ter o adolescente concorrido para o ato infracional (art. 189); b)
aplicar medida socioeducativa (art. 112).
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7
Conforme previsto no art. 131 do ECA, o Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo,
não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e
do adolescente previstos no ECA.
Deve haver, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar em cada Município e (ou em cada Região
Administrativa do Distrito Federal) sendo, composto de 5 (cinco) membros, escolhidos pela
população local para mandato de 4 (quatro) anos, permitida a recondução, mediante novo processo
de escolha (art. 132 do ECA), sendo que, para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, serão
A Lei nº 13.824/2019 alterou o art.132 do ECA para dispor que os conselheiros tutelares poderão
ser reconduzidos ao cargo de forma ilimitada.
Muito importante destacar que são impedidos de servir no mesmo Conselho marido e mulher,
ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e
sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado. Além disso, estende-se o impedimento do conselheiro
em relação à autoridade judiciária e ao representante do Ministério Público com atuação na Justiça
da Infância e da Juventude, em exercício na comarca, foro regional ou distrital (art. 140 do ECA).
A lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia e horário de funcionamento do Conselho
Tutelar, inclusive quanto à remuneração dos respectivos membros, aos quais são assegurados os
seguintes direitos: I - cobertura previdenciária; II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas
de 1/3 (um terço) do valor da remuneração mensal; III - licença-maternidade; IV - licença-
paternidade e V - gratificação natalina (art. 134 do ECA).
Digno de nota, ainda, que as atribuições do Conselho Tutelar estão previstas no art. 136 do ECA,
destacando-se as seguintes:
As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido
de quem tenha legítimo interesse (art. 130). Portanto, as decisões do Conselho Tutelar não podem
ser revistas pelo Ministério Público, ou por qualquer outro órgão que não seja o Poder Judiciário.
36
8
De acordo com o art. 141 do ECA, é garantido o acesso de toda criança ou adolescente à
Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos.
A assistência judiciária gratuita será prestada aos que dela necessitarem, através de defensor
público ou advogado nomeado, sendo que as ações judiciais da competência da Justiça da Infância
A autoridade judiciária dará curador especial à criança ou adolescente, sempre que os interesses
destes colidirem com os de seus pais ou responsável, ou quando carecer de representação ou
assistência legal ainda que eventual TEMA COBRADO NOS EXAMES V E XIX DA OAB/FGV.
De acordo com o art. 143 do ECA, é vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e
administrativos que digam respeito a crianças e adolescentes a que se atribua autoria de ato
infracional. Além disso, qualquer notícia a respeito do fato não poderá identificar a criança ou
adolescente, vedando-se fotografia, referência a nome, apelido, filiação, parentesco, residência
e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome.
Dispõe o art. 145 do ECA que os Estados e o Distrito Federal poderão criar varas
especializadas e exclusivas da infância e da juventude, cabendo ao Poder Judiciário estabelecer
sua proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las de infraestrutura e dispor sobre o
atendimento, inclusive em plantões.
O art. 147 do ECA traz importantes regras sobre a competência territorial da Vara da Infância e
Juventude, disciplinando que a competência territorial será determinada:
• Pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta dos pais ou responsável.
O caput do art. 148 do ECA, por sua vez, elenca as hipóteses de competência material da Vara
da Infância e da Juventude, independentemente da existência de situação de risco, estabelecendo
sua competência para:
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, aplicando as medidas cabíveis.
Já o parágrafo único do art. 148 do ECA estabelece as hipóteses em que a Vara da Infância
e Juventude possui competência nos casos em que a criança ou adolescente são encontrados
em situação de risco (art. 98 do ECA), dispondo que ela será competente para: a) conhecer de
pedidos de guarda e tutela; b) conhecer de ações de destituição do poder familiar, perda ou
modificação da tutela ou guarda; c) suprir a capacidade ou o consentimento para o casamento;
d) conhecer de pedidos baseados em discordância paterna ou materna, em relação ao exercício
do poder familiar; e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando faltarem os pais; f)
designar curador especial em casos de apresentação de queixa ou representação, ou de outros
procedimentos judiciais ou extrajudiciais em que haja interesses de criança ou adolescente; g)
conhecer de ações de alimentos; h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento dos
registros de nascimento e óbito.
Por fim, o art. 149 do ECA estabelece que compete à autoridade judiciária autorizar mediante
alvará ou disciplinar por meio de portaria a entrada e permanência de criança ou adolescente em
determinados locais, desacompanhados de pais ou responsável, bem como sua participação em
espetáculos públicos e concursos de beleza. Vejamos:
c) boate ou congêneres;
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d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas;
b) certames de beleza.
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade judiciária levará em conta, dentre
outros fatores:
b) as peculiaridades locais;
f) a natureza do espetáculo.
Registra-se, ainda, que contra as decisões proferidas com base no art. 149 (portaria e alvará)
cabe apelação (art. 199 do ECA).
8.3. PROCEDIMENTOS
Conforme previsto no art. 1.638 do CC, perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:
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V - entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção.
Importante destacar que o inciso V do art. 1.638 do CC foi acrescentado recentemente pela
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Lei n. 13.509/2017.
De acordo com o art. 155 do ECA, o procedimento para a perda ou a suspensão do poder familiar
poderá ter início por provocação do Ministério Público (como na hipótese em que a criança sofreu
abuso dos pais e está abrigada em entidade) ou de quem tenha legítimo interesse, a exemplo do
particular que pretende pleitear a tutela ou a adoção TEMA COBRADO NO III EXAME DA OAB/
FGV.
A ação deve ser proposta observando-se os requisitos do art. 156 do ECA, sendo que, se for
ajuizada por particular, o Ministério Público deve atuar como fiscal do ordenamento jurídico.
Entende-se por motivo grave as situações de risco causadas pelos pais, como, por exemplo,
violência ou abuso contra criança/adolescente. A falta ou a carência de recursos materiais não
constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar, conforme art. 23 do
ECA TEMA COBRADO NO XVI EXAME DA OAB/FGV.
Não sendo contestado o pedido, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao Ministério
Público, por cinco dias, salvo quando este for o requerente, decidindo em igual prazo (art. 161 do
ECA). Mesmo sem a apresentação de contestação, o juiz deve determinar a realização de estudo
social ou perícia por equipe interprofíssional ou multidisciplinar, bem como a oitiva de testemunhas
que comprovem a presença de uma das causas de suspensão ou destituição do poder familiar.
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Apresentada a resposta, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por
cinco dias, salvo quando este for o requerente, designará, desde logo, audiência de instrução e
julgamento e poderá, a requerimento de qualquer das partes, do Ministério Público, ou de ofício,
determinar a realização de estudo social ou, se possível, de perícia por equipe interprofissional.
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
O prazo máximo para conclusão do procedimento será de 120 (cento e vinte) dias e a sentença
que decretar a perda ou a suspensão do poder familiar será averbada à margem do registro de
nascimento da criança ou do adolescente (art. 163 do ECA).
Conforme já estudado, existem três modalidades de família substituta: a) Guarda; b) Tutela e c) Adoção.
Além disso, a colocação em família substituta poderá ocorrer sob a modalidade de jurisdição
voluntária ou contenciosa.
Jurisdição Voluntária (art. 166 do ECA): não existe propriamente uma lide e ocorre quando:
a) houver concordância dos pais; b) os pais forem desconhecidos e c) já ocorreu a destituição do
poder familiar. Nestes casos, o pedido de colocação em família substituta poderá ser formulado
diretamente em cartório, em petição assinada pelos próprios requerentes, dispensada a
assistência de advogado.
O consentimento dos titulares do poder familiar será válido apenas se precedido de orientações
e esclarecimentos prestados pela equipe interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude
e colhido pela autoridade judiciária competente em audiência, presente o Ministério Público,
garantida a livre manifestação de vontade e esgotados os esforços para manutenção da criança
ou do adolescente na família natural ou extensa. O consentimento prestado por escrito não
terá validade se não for ratificado na audiência, além do que ele pode ser retratável até a
data da publicação da sentença constitutiva da adoção e somente terá valor se for dado após o
nascimento da criança. 41
Jurisdição contenciosa – Existe uma lide e a petição inicial deve ser assinada por advogado.
Além disso, nas hipóteses em que a destituição da tutela, a perda ou a suspensão do poder familiar
constituir pressuposto lógico da medida principal de colocação em família substituta, aplica-
se subsidiariamente o procedimento de suspensão ou perda do poder familiar, com todas as
consequências que já foram vistas.
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Importante lembrar, ainda, que, na adoção Internacional, existe uma fase prévia que tramita
perante as autoridades centrais, sendo que haverá a expedição de um laudo de habilitação que
será requisito da petição inicial do processo judicial de adoção.
A sistemática recursal prevista nos artigos 198 e 199 do ECA adota como regra geral as regras
do Código de Processo Civil TEMA COBRADO NO XI EXAME DA OAB/FGV.
O art. 199-A do ECA estabelece que a sentença que deferir a adoção produz efeito desde
logo, embora sujeita a apelação, que será recebida exclusivamente no efeito devolutivo, salvo
se se tratar de adoção internacional ou se houver perigo de dano irreparável ou de difícil
reparação ao adotando.
O art. 199-B, da mesma forma, dispõe que sentença que destituir ambos ou qualquer dos genitores
do poder familiar fica sujeita a apelação, que deverá ser recebida apenas no efeito devolutivo.
A intimação do Ministério Público, em qualquer caso, será feita pessoalmente e a falta de sua
intervenção acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a requerimento
de qualquer interessado.
Destaca-se, ainda, que um dos principais mecanismos de atuação do Ministério Público para
garantir os direitos previstos no ECA é o ajuizamento de ação civil pública, utilizada para tratar de
interesses difusos, coletivos e também individuais indisponíveis.
Além disso, digno de nota que o membro do Ministério Púbico terá prazo em dobro para se
manifestar nos autos, conforme previsto no art. 180 do CPC/2015.
8.6. ADVOGADO
Dispõe o art. 133 da CF/88 que o “o advogado é indispensável à administração da justiça”. No plano
infraconstitucional, o ECA prevê que a criança ou o adolescente, seus pais ou responsável, e qualquer
pessoa que tenha legítimo interesse na solução da lide terão o direito de ser assistidos por advogado,
sendo garantida ainda a assistência judiciária integral e gratuita àqueles que dela necessitarem.
O Advogado será intimado para todos os atos, pessoalmente ou por publicação oficial, respeitado
o segredo de justiça.
O art. 207 do ECA, por sua vez, garante que nenhum adolescente a quem se atribua a prática
de ato infracional, ainda que ausente ou foragido, será processado sem defensor. Se o adolescente
não tiver defensor, ser-lhe-á nomeado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo, constituir
outro de sua preferência. TEMA COBRADO NO XXX EXAME DA OAB/FGV.
Estabelece o art. 208 do ECA que haverá responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados
à criança e ao adolescente, referentes ao não oferecimento ou oferta irregular de: I - ensino
obrigatório; II - de atendimento educacional especializado às pessoas com deficiência; III – de
atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade; IV - de ensino
noturno regular, adequado às condições do educando; V - de programas suplementares de oferta
de material didático-escolar, transporte e assistência à saúde do educando do ensino fundamental;
VI - de serviço de assistência social visando à proteção à família, à maternidade, à infância e
à adolescência, bem como ao amparo às crianças e adolescentes que dele necessitem; VII - de
acesso às ações e serviços de saúde; VIII - de escolarização e profissionalização dos adolescentes
Não obstante o art. 212 do ECA estabeleça que são admissíveis todos os tipos de ação para
a defesa dos interesses previstos no estatuto, sem dúvida alguma, para a defesa dos interesses
transindividuais, a ação mais importante é a ação civil pública.
Registra-se, ainda, que, além de interesses difusos e coletivos, a ação civil pública movida
pelo Ministério Público pode tratar também de interesses individuais indisponíveis da criança
ou adolescente (art. 127 da CF/88 c/c art. 201, V e 208, VII, do ECA), objetivando impor ao Poder
Público obrigações de fazer e não fazer para garantir os direitos previstos no ECA.
44
9
O ECA destina alguns artigos para prever crimes específicos, por ação ou omissão, cujo bem
jurídico tutelado os direitos das crianças e dos adolescentes
Apesar da previsão de fatos típicos específicos no ECA, a regras gerais sobre crime e as regras
processuais serão aplicadas subsidiariamente com base no código penal e no código de processo penal.
Além disso, levando-se em consideração a natureza do bem jurídico tutelado, todos os crimes
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a
vexame ou a constrangimento.
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de ordenar a imediata liberação
de criança ou adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão.
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda em
virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar substituto.
45
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga
ou recompensa.
A mera promessa de entrega do filho ou pupilo a terceiro já configura o fato típico previsto no
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente
para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro.
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer
meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente.
De acordo com o art. 241-E do ECA, a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica”
compreende qualquer situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais
explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente
para fins primordialmente sexuais.
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena
de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente.
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou
outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo
46
criança ou adolescente TEMA COBRADO NO XXII EXAME DA OAB/FGV.
competentes a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta
Lei, quando a comunicação for feita por: I – agente público no exercício de suas funções; II –
membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas finalidades institucionais,
o recebimento, o processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes referidos neste
parágrafo; III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou
serviço prestado por meio de rede de computadores, até o recebimento do material relativo à
notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário.
Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou
divulga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material pornográfico.
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação,
criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: I – facilita ou induz o acesso à
criança de material contendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com
ela praticar ato libidinoso; II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o
fim de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita.
47
A Lei n. 13.441/2017 acrescentou o art. 190-A ao ECA, prevendo a possibilidade de infiltração
policial na internet com o fim de investigar os crimes dos arts. 240, 241, 241-A, 241-B, 241-
C e 241-D no ECA e dos arts. 154-A (invasão de dispositivo informático), 217-A (estupro de
vulnerável), 218 (corrupção de menores), 218-A (Satisfação de lascívia mediante presença de
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a
criança ou adolescente arma, munição ou explosivo.
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gratuitamente, de
qualquer forma, a criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros
produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica.
Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a
criança ou adolescente fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo
seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de
utilização indevida.
Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda de bens e valores utilizados
na prática criminosa em favor do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente da
unidade da Federação.
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Entendemos que o art. 244-A do ECA foi tacitamente revogado pelo art. 218-B do Código
Penal, introduzido pela Lei 12.015/2009, que, além de abranger a redação do art. 244-A do ECA,
prevendo como crime a exploração da prostituição de pessoas menores de dezoito anos, pune
também quem pratica a conjunção carnal ou outro ato libidinoso com adolescente menor de 18
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
(dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação de exploração sexual. Lembramos ainda que
a conjunção carnal ou prática de outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos de idade
configura o crime de estupro de vulnerável, conforme art. 217- A do CP.
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele
praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la TEMA COBRADO NO XXII
EXAME DA OAB/FGV.
Importante destacar que a Nova Lei de Abuso de Autoridade acrescentou o art. 227-A ao ECA,
estabelcendo que:
Os crimes de abuso de autoridade previstos no ECA são aqueles tratados em seus artigos 231,
232, 234 e 235.
A prática desses crimes acarreta o efeito extrapenal do art. 92, I, do CP, qual seja, a perda do
cargo, função pública e mandato eletivo.
O art. 227-A do ECA, acrescido pela Lei nº 13.869/2019, passou a dispor que a ocorrência
desse efeito extrapenal fica condicionada à reincidência, independentemente da pena aplicada ao
reincidente.
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O ECA prevê, ainda, uma série de infrações administrativas que, quando praticadas, o infrator
ficará sujeito ao pagamento de multa.
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio
de comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial, administrativo ou
judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional.
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere classificado pelo órgão
competente como inadequado às crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo:
Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 (revistas e publicações com
material impróprio devem ser lacradas) e 79 (as publicações destinadas ao público
infanto-juvenil não poderão fazer referência a bebidas alcoólicas, tabaco, armas e
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais
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BIBLIOGRAFIA
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