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Vinicius da Silva Vieira

Resenha crítica da monografia; “PATOLOGIA DE REVESTIMENTOS HISTÓRICOS


DE ARGAMASSA
O caso da ação da água na Igreja de São Francisco da Prainha, Rio de Janeiro”

Patos-PB
Agosto/2020
Resenha crítica
Os autores Ferreira, D.M., Garcia, G.C. trabalharam realizando um estudo de caso sobre
o revestimento de argamassa da Igreja de São Francisco da Prainha, no Rio de Janeiro,
visando ao diagnóstico relativo ao surgimento de manifestações patológicas em
revestimentos históricos de argamassa, de modo a esclarecer a ação da água sobre estes.
O trabalho em questão verificou a efetividade da realização de mapeamentos de danos,
desenvolveu métodos que auxiliaram a realização de diagnósticos semelhantes, em
situações futuras, e definiu terapias que visem à solução dos problemas pós-obra
detectados na Igreja São Francisco da Prainha, Rio de Janeiro.
O mesmo foi apresentado no Trabalho de Conclusão de Curso II do Curso de Graduação
em Engenharia Civil da Universidade Federal de Goiás.2016, Goiânia/GO, contendo 80
páginas ao todo, divididos em 06 (seis) tópicos, que são: Introdução, principais
manifestações patológicas dos revestimentos de argamassa, umidade em paredes,
metodologia, estudo de caso - resultado e interpretações e considerações finais. Esses
tópicos foram discutidos ao longo da resenha. O texto tem relevância nas áreas de
manifestações patológicas e reabilitação de argamassas de revestimentos.
Os autores iniciam afirmando que, os monumentos em geral, uma vez expostos à
utilização humana e às intempéries do ambiente, tendem a se degradar ao longo do
tempo, e ainda que toda ação que busque a conservação ou reabilitação de uma
edificação deve ser executada com prudência, exigindo um diagnóstico preciso e eficaz.
Isso inclui a devida identificação dos danos existentes para que, uma vez considerados
os mecanismos de degradação do objeto, possam ser definidas as terapias adequadas
para as correções desejadas e eliminação (ou minimização) do mecanismo.
Ao decorrer do texto, os autores se referem as manifestações patológicas como
antônimo de patologia, usando o termo patologia para se referir a terapia e a área
responsável por estudar as manifestações patológicas das construções. Assim, para que
a definição dessas manifestações, dos mecanismos e dos tratamentos para o monumento
seja adequada, é importante que o responsável pelo restauro possua o conhecimento
teórico necessário para tal.
Durante o texto introdutório os autores descrevem como problema o desenvolvimento
do diagnóstico (origem, causas e mecanismos) sobre o surgimento de manifestações
patológicas em revestimentos históricos de argamassa. A pesquisa ressalta sobre a
relevância de se realizar o controle da qualidade dos materiais usados nas construções
de restauração, em virtude da utilização de materiais que não atendem às qualidades
mínimas exigidas que por consonância pode resultar no surgimento de manifestações
patológicas.
Vários fatores influenciam para que isso aconteça um diagnóstico eficaz exige, por parte
do pesquisador, consciência sobre os danos e mecanismos ligados a cada fenômeno
patológico. Assim, de feitio a garantir maior princípio investigativo, quanto a realização
do estudo de caso da ação da água na igreja de São Francisco.
A precaução deve ser feita com ações preventivas, vale ressaltar que segundo os autores
a bibliografia existente sobre patologia de revestimentos de edificações históricas não é
muito rica, consequentemente, decidiram realizar de uma revisão generalizada, de
modo que a distinção entre os fenômenos encontrados nas diferentes situações foram
reconhecidos ao longo do estudo de caso. A metodologia utilizada para a classificação
desses eventos adotada foi a de Carasek (2010) que sugere a distinção entre processos
físico-mecânicos, químicos e biológicos, ainda foi inclusa a coluna “outros” onde foram
incluídos os processos que não se encaixam muito bem nas demais opções, mas
possuem relevância no estudo de patrimônios históricos.
No que diz respeito as manifestações patológicas o texto inicia introduzindo com uma
das mais comuns em argamassas de revestimentos, as fissuras, que estão ligadas a
retração do material (CINCOTTO, 1988) e a fadiga por expansão e retração
higroscópica (THOMAZ, 1992), As fissuras podem possuir tendências retilíneas e
localizadas, desta forma, entendesse por este tipo de fissura que é a manifestação não
generalizada (localizada) que parece se prolongar em uma direção determinável
(retilínea). Podendo ser causadas por movimentações térmicas, que estão relacionadas
às propriedades físicas do material e à intensidade da variação de temperatura, podendo
surgir quando o sistema de revestimento apresenta movimentações diferenciadas,
também ocasionadas por deformações na estrutura, podem ocorrer devido a flechas
excessivas em vigas e lajes. E por fim causadas por recalques de fundações são, em
geral, inclinadas e apresentam esmagamentos localizados, devido a tensões de
cisalhamento, também pode ser observada a variação na abertura da fissura,
principalmente quando os recalques são acentuados. (THOMAZ, 1992).
No caso de fissuras causadas pela expansão da argamassa de assentamento podem
aparecer diversas variações de fissuras que não podem ser classificadas dentro dos
critérios estabelecidos por retração de produtos à base de cimento e fadiga por expansão
e retração higroscópica, estas geralmente se apresentam de forma generalizada pela
superfície do revestimento, alinhando-se aos encontros entre duas fiadas da alvenaria
(THOMAZ, 1992). Alguns fatores que podem levar à expansão das argamassas de
assentamento são: hidratação retardada da cal, reação álcali-agregado e ataque por
sulfatos (CARASEK; CASCUDO, 2015).
Seguindo o tópico, tomamos conhecimento a respeito de eflorescências e
criptoflorescência. Os escritores fazem referência a Bauer (2008), que caracteriza
eflorescência pela deposição de sais solúveis na superfície do revestimento, podendo-se
manifestar em pontos concentrados ou generalizados. Para determinar a ocorrência de
um ou outro tipo de eflorescência, é necessário destacar três fatores que devem coexistir
para desencadear o mecanismo: presença de sais solúveis, presença de água e pressão
hidrostática (CARASEK, 2010), podemos diferenciar o fenômeno da eflorescência
tradicional pelo depósito salino sobre a superfície e a criptoflorescência com o depósito
salino a uma certa distância da superfície, ou seja, estão sendo distintas quanto a sua
localização no revestimento.
Duas das patologias mais recorrentes em revestimentos, são as vesículas e os
empolamentos, que nada mais são que espécies de relevos que se apresentam na
superfície do revestimentos, podendo ser causados pela hidratação tardia de óxido de
magnésio, presente na cal, que não tenha sido devidamente extinto.
Prosseguindo a monografia, são introduzidas mais manifestações patológicas de
revestimentos, tais como, o desplacamento que é marcado pela ruptura entre o substrato
e o revestimento de argamassa, que engloba o emboço e o reboco, já a pulverulência,
pode ser identificada pela desagregação e esfarelamento da argamassa
quando pressionada manualmente, acompanhada de uma baixa resistência superficial ao
risco (BAUER, 2008).
Também é abordado durante a obra a presença de umidade na construção civil, que
pode ocasionar o surgimento de diversas manifestações. Segundo Klein (1999) a
umidade pode se manifestar das seguintes formas nas construções: umidade proveniente
da construção, umidade oriunda das chuvas, umidade do terreno, umidade resultante de
vazamento de tubulações e umidade de condensação. Estes processos são como um
ponta pé inicial para o bolor, manifestação patológica que também é conhecido por
biofilme, que nada mais é que o crescimento de organismos na camada superficial do
revestimento e que possuem coloração escura.
Finalizando a discursão acerca dos principais fenômenos patológicos em revestimentos,
iniciasse a sua metodologia que foi composta por, visitas previas, definições do objeto
de estudo, disposição arquitetônica, ensaios de inspeção e levantamento fotográfico,
ensaio de percussão e a aferição da umidade, por meio de um equipamento termovisor
para fazer os registros gráficos que representaram as variações de temperatura. Esses
ensaios foram usados para o processo de criação do mapeamento de danos.
Sobre o estudo de caso – resultados e interpretações, decidiram, fragmentar os
resultados alcançados em cada parte de sua pesquisa, de forma que as particularidades
encontradas durante a visita prévia ou durante a fase de aprofundamento da inspeção
não foram incluídas nos mapeamentos de danos, dividiram em histórico recente do
edifício, situação prévia às obras de restauro e em suas últimas interferências.
Os pesquisadores usaram uma técnica muito conhecida no estado do Rio de Janeiro, a
mesma se baseia em outra edificação de épocas próximas para colher informações sobre
os matérias usados na construção estudada.
Após todos os resultados encontrados, com os métodos citados acima, os pesquisadores
afirmam que “conclui-se que, nos trechos estudados, havia ocorrência de infiltração
entre os elementos construtivos (ornatos e janelas) e as paredes de alvenaria, sendo está
a explicação da ocorrência de manifestações patológicas condicionadas pela presença de
umidade. Conclui-se também que as vesículas observadas nos trechos estudados eram
consequência do uso de lotes de areia contaminados com matéria orgânica.” E ainda
afirmam que “Os mapeamentos foram muito úteis na busca pelo diagnóstico da origem
da água, onde tudo aponta para a confirmação de que ocorre a entrada de água da chuva
pela fresta encontrada na janela, existem fortes indícios de que a entrada de água se dá
por dois caminhos principais”.
Na minha opinião, os diagnósticos foram precisos e definitivos acerca dos fatores que
levaram ao surgimento das manifestações patológicas. Através destas seria possível
verificar se os problemas voltariam a surgir nas paredes após a realização de correções e
reparos nos trechos analisados. O texto apresenta dados suficientes para entendê-lo ou
interpretá-lo sem a necessidade de ajuda externa, seja buscando novas referências ou
leituras adicionais sobre o assunto, ou seja, o leitor consegue entender sobre o que se
trata o trabalho sem o apoio de auxílio. O mesmo possui uma gramática de fácil
entendimento e assuntos relativos ao tema são explicados de forma clara e objetiva.
Finalizando, o trabalho agrega conhecimento ao leitor.

Referências
Ferreira, D.M., Garcia, G.C. PATOLOGIA DE REVESTIMENTOS HISTÓRICOS DE
ARGAMASSA: O caso da ação da água na Igreja de São Francisco da Prainha, Rio de
Janeiro. In: Trabalho de Conclusão de Curso II do Curso de Graduação em Engenharia
Civil da Universidade Federal de Goiás.2016, Goiânia/GO.

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