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Vinicius da Silva Vieira, acadêmico em engenharia civil, IFPB CAMPUS Patos-PB

Resenha crítica da tese: PATOLOGIA EM ESTRUTURAS DE MADEIRA:


METODOLOGIA DE INSPEÇÃO E TÉCNICAS DE REABILITAÇÃO.
(Páginas 31-83, 96-111, 117-124 e 205-224).

Patos-PB
2020
Resenha crítica

O autor Brito, L. D., inicia a sua obra “Patologia em estruturas de madeira:


metodologia de inspeção e técnicas de reabilitação” trazendo o termo patologias das
estruturas, que fica entendido segundo Souza e Ripper (1998), como o campo da
Engenharia das Estruturas que estuda as origens, formas de manifestação,
consequências e mecanismos de ocorrência das falhas dos sistemas estruturais e ou
de deterioração dos elementos estruturais. O autor afirma que Patologia das
Estruturas não é apenas um novo campo no aspecto da identificação e conhecimento
das anomalias, mas também no que se refere à concepção e ao projeto das estruturas,
e, mais amplamente, à própria formação do Engenheiro Civil.

No tópico Sintomatologia em estruturas de madeira, Gênese da patologia em


estruturas de madeira, entendemos por madeira, uma combinação de polímeros
naturais que apresenta resistência e durabilidade como material estrutural. Assim,
afirmam Ritter e Morrell (1990) que a madeira tem qualidades superiores dentre à
maioria dos materiais, quando utilizados em estruturas adequadamente projetadas, no
entanto, quando utilizadas em ambientes com certo nível de agressividade ambiental,
natural ou artificial, deve ser preservada e protegida para garantir um desempenho
adequado.

Notasse uma breve discussão acerca das origens da deterioração da madeira, segundo
Highley e Scheffer (1989) a madeira não se deteriora por si só, como resultado de
envelhecimento. Ritter e Morrell (1990) e Calil Jr. et al (2006) simplificam
atribuindo a origem por duas causas principais: agentes bióticos (vivos) agentes
abióticos (não vivos. Já Machado et al (2009), também citados em Cruz (2009),
atribuem às origens de patologias em estruturas de madeira oriundas de três causas:
ações de agentes biológicos, ações de agentes atmosféricos e anomalias estruturais.

Diante da grande quantidade de fatores citados por renomados pesquisadores, o autor


faz uma sucinta representação em forma de tabela, contendo os principais agentes de
deteriorações da madeira. São destacados os agentes abióticos, físicos, químicos,
atmosféricos ou meteorológicos e danos devido ao fogo. Como também os fatores
bióticos, fungos, insetos, e perfuradores marinhos.

Desta forma, as condições de agressividade ambiental, favoráveis para


sobrevivência dos agentes bióticos incluem: umidade disponível, temperatura
adequada, oxigênio, e fonte de alimento, geralmente a própria madeira. Quando
qualquer um é removido, a madeira é preservada do ataque biótico (RITTER;
MORRELL, 1990).

Segundo Souza e Ripper (1998), “ao se analisar uma estrutura "doente" é


absolutamente necessário entender-se o porquê do surgimento e do desenvolvimento
da patologia, buscando esclarecer as causas, antes da prescrição e consequente
aplicação do remédio necessário”. Surgiram duas classificações propostas por Souza
e Ripper (1998) p28, por interagirem entre si, e foram adaptadas pelo escritor em
uma abordagem referente às estruturas de madeira em forma de tabela, são descritas,
Causas intrínsecas (inerente às estruturas) - Falhas humanas em concepção e projeto,
durante a execução, no tipo de uso, em ausência ou erros em manutenção, etc. como
também causas naturais inerentes ao próprio material. As causas extrínsecas
(externas ao corpo estrutural), são ditas como ações externas: acidentes, ações
atmosféricas (enchentes, ventos, etc.)

Os principais agentes bióticos de deterioração originários de patologias em elementos


de madeira destacam-se as bactérias, os fungos e os insetos. Seguindo o tópico, são
divulgadas informações sobre esses agentes. As bactérias São seres unicelulares e
importantes colonizadores de madeira não tratada em ambientes com umidade muito
elevada, provocando aumento da permeabilidade e amolecimento da superfície da
madeira. Os fungos que são microrganismos vegetais simples, que degradam e
utilizam a madeira como fonte de alimento (HIGHLEY; SCHEFFER, 1989).
Locomovem-se através da madeira como uma rede de hifas filiformes microscópicas,
que crescem em cavidades ou penetram diretamente na parede celular da madeira,
são divididos em fungos emboloradores e fungos manchadores, são semelhantes em
muitos aspectos, mas diferem substancialmente quanto aos seus efeitos sobre as
estruturas de madeira. São eles os fungos apodrecedores, fungos de podridão parda
ou cúbica, fungos de podridão branca ou fibrosa, e fungos de podridão mole.

Quanto aos insetos, Ritter e Morrell (1990), destaca que os insetos estão entre os
organismos mais comuns no Planeta Terra, e não é de se surpreender que inúmeras
espécies desenvolveram a capacidade de usar a madeira como fonte de alimento e/ou
habitat. Das 26 ordens de insetos, 6 causam danos na madeira, e são os principais
agentes relacionados causadores de deterioração da madeira por insetos, destacando-
se os cupins ou térmitas (Isoptera), brocas (Besouros Coleoptera) [(RITTER;
MORRELL, 1990); (ELEOTÉRIO, 2000)p33; (PEÑA et al, 2007); (FERREIRA,
2012)p58], abelhas, vespas e formigas (Hymenoptera).

Já os agentes abióticos de deterioração originários de patologias em elementos de


madeira destacam-se os condicionantes de agentes físicos (HIGHLEY; SCHEFFER,
1989) por danos mecânicos por abrasão ou por impacto, à ação de luz ultravioleta, a
corrosão do metal de ligações, e agentes químicos como ácidos e bases fortes. Esses
condicionantes são destrinchados e exemplificados ao decorrer do tópico, podemos
destacar, abrasão mecânica como, degradações, deterioração superficial do substrato,
causada por longa exposição a sobrecargas. A correção de elementos metálicos, que
estão definidos como reações químicas entre os constituintes, causados pela junção
de características distintas dos materiais, que dão início as reações químicas e geram
o efeito de corrosão. Da mesma forma são citadas as fendas e fendilhamentos, que
são separações longitudinal do tecido lenhoso, são resultado de defeitos naturais de
secagem da madeira.

As metodologias usuais de inspeção, necessitam de conhecimentos específicos e


experiência, ocasionando muitas vezes dificuldades em identificar e quantificar os
agentes envolvidos em manutenções de conservação e/ou reabilitações de
edificações. São identificadas as principais técnicas de inspeção para avaliações de
elementos estruturais de madeira, dando ênfase às técnicas não destrutivas (NDT).

São listadas as propostas de técnicas de inspeções indicadas por Highley e Scheffer


(1989) e por Ritter e Morrell (1990), na Europa Bonamini (1995). A percussão:
Interpretação sonora com martelo, Sondagem superficial com picoteamento,
Perfuração com análise tátil/visual, e a perfuração com trado de amostragem. Usada
para detectar
deterioração interna na madeira. Assim como técnicas para detectar evidencia de
deterioração externa superficial na madeira, a técnica de inspeção visual, sondagem
superficial ao puncionamento, sondagem superficial com picoteamento, e o medidor
de densidade superficial Pilodyn.

Já as técnicas para detectar deterioração interna na madeira, estão locadas como,


medidor de umidade, medidor de condutividade elétrica Shigomete, a perfuração
com análise tátil/visual, o indicador de profundidade Shell-Depth, ultrassom, Raio-X,
e scanners de tomografia.
O autor recomenda para a Inspeção Preliminar, o uso de técnicas para detectar
evidências de deteriorações e/ou danos superficiais externos. As deteriorações
externas são mais fáceis de detectar, pois na maioria dos casos, as regiões estão
facilmente acessíveis para o inspetor. Quando as regiões externas deterioradas são
detectadas
por estes métodos, torna-se necessário o uso de investigação adicional com outros
métodos para a Inspeção Detalhada, fazendo-se necessária confirmar e definir a
extensão do dano. Segundo Ritter e Morrell (1990) o método mais simples para se
detectar a deterioração é pela técnica de inspeção visual. necessita de uma boa
iluminação, adequada para a detecção de deteriorações superficiais ou internas.
“Geralmente, não é possível detectar deteriorações em fases iniciais, quando o
controle é mais efetivo, e nunca deve ser empregada como único método em uma
inspeção”. Ritter e Morrell (1990)

Bonamini (1995) divide a Técnica de Inspeção Visual em dois níveis: Técnica de


Inspeção Visual Geral (global) de Nível 1 e a Técnica de Inspeção Visual Detalhada
(localizada) de Nível 2. Seja na Inspeção Preliminar ou na Inspeção Detalhada, a
Técnica de Inspeção Visual consiste em realizar levantamentos de anomalias visíveis
a olho nu ou com equipamentos, em elementos estruturais de madeira, com o intuito
identificar os sinais mais comuns de deteriorações e diagnosticar os sintomas das
manifestações patológicas [(HIGHLEY;SCHEFFER, 1989)p14; (RITTER;
MORRELL, 1990)p13-26; (BONAMINI, 1995); (PELLERIN;ROSS, 2002)p63;
(ARRIAGA et al, 2002)p40,48; (MACHADO et al, 2009)p17,49; (BASTOS,2011)p40;
(CALIL JR., 2011); (ROSSOW, 2012)p6.1.8; (BRANCO et al, 2012); (BRITO;CALIL
JR., 2013)]

Devido a motivos artísticos, históricos e/ou culturais, a conservação de estruturas


antigas de madeira está se tornando cada vez mais importante e desejável, e muitas
vezes a ênfase é colocada mais na conservação do que em aspectos econômicos. A
preservação da aparência da estrutura está relacionada com a quantidade de
degradação
dos elementos de madeira. Insetos, fungos e incêndios normalmente afetam as
camadas
externas de madeira, e trabalhos de reparos muitas vezes exigem a sua remoção. Em
oposição Bonamini (1995), Uzielli (1995) e Arriaga et al (2002) descrevem que
quando isto não for possível ou quando for desejável o fator de aumento de rigidez e
durabilidade, a conservação da madeira deteriorada pode ser melhorada através de
impregnação com resinas adequadas. Considerando-se os requisitos estruturais,
notasse que em diversas estruturas antigas de madeira as dimensões dos elementos
estruturais são conservadoras. Dessa forma, depois de uma inspeção detalhada e
cuidadosa avaliação, é possível notar que, apesar de elementos estruturais terem
sofrido dano no passado, as seções residuais, ainda podem ser suficientes para
fornecer uma capacidade de resistente em conformidade com as condições de serviço
atuais e previstas.

Os trabalhos de manutenções devem ser sempre realizados levando em consideração


o ponto de vista de conservação contínua em manter a estrutura. Destacam-se a
manutenção corretiva: correspondente aos trabalhos de diagnóstico, prognóstico,
reparo reabilitação e proteção das estruturas que já apresentam manifestações
patológicas. A manutenção corretiva precoce: que é realizada quando a deterioração
seja por apodrecimento ou outras manifestações patológicas estão presentes, mas não
afetam a capacidade resistente ou o desempenho normal da estrutura em serviço. E a
manutenção corretiva imediata: envolve medidas corretivas imediatas que necessitam
reabilitar a estrutura para condição original de sua capacidade.

Na minha opinião, os diagnósticos foram precisos e definitivos acerca dos fatores


que levaram ao surgimento das patologias em estruturas de madeira. Através destas
seria possível verificar as anomalias e designar sua devida restauração e preservação.
O texto possui uma gramática de fácil entendimento e assuntos relativos ao tema são
explicados de forma clara e objetiva. Finalizando, o trabalho agrega conhecimento ao
leitor.

Referências

Brito, L. D., Patologia em estruturas de madeira: metodologia de inspeção e técnicas


de reabilitação. Orientador Carlito, C.J., São Carlos, 2014.
Tese (doutorado) Departamento de Engenharia de Estruturas da Escola de
Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, 2014

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