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FREQUÊNCIA E FALTAS - A frequência de 75% é obrigatória - lei no. 9.394, de 20/12/96 (Art.
24, item VI e Art. 47, parágrafo 3º). Alunos que não atingirem 75% estarão automaticamente
reprovados e deverão se matricular em outra disciplina, efetuar o pagamento e cursá-la
novamente no prazo de 6 meses após o término da disciplina em questão; - Exercícios
domiciliares e abono de faltas (frequência de 100%) para acadêmicas em licença maternidade
(Lei no. 715, de 30/07/69).
EQUIPE PEDAGÓGICA/ACADÊMICA – A equipe está à disposição para o atendimento dos
acadêmicos e docentes que tiverem dúvidas quanto a notas, faltas, controles de frequência,
artigos, cronogramas etc. (Kelly – kelly.molinari@uniasselvi.com.br / Mabel -
mabel.bissoni@uniasselvi.com.br
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Plano de Ensino
Curso: Gerenciamento de Obras na Construção Civil
Disciplina: Patologia da Construção Civil e Análise de Riscos
Professor: Ricardo Floriani
E-mail: Ricardo.floriani@uniasselvi.com.br
Duração:* 40 h.a.
*1 h.a. = 45 min
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Cronograma 02/02 e 03/02
Apresentação geral do Professor, da ementa e dos conteúdos da disciplina;
Aula expositiva – Patologias em fundações;
Orientações gerais para elaboração do trabalho e formação dos grupos com
até 3 integrantes.
Aula expositiva – Trincas e fissuras em construções;
Estudo de caso: Desabamento de residência no município de Criciúma –
SC.
16/02 e 17/02
Aula expositiva – Patologias decorrentes da umidade;
Aula expositiva – Patologias em paredes e pisos;
Apresentação pelos alunos do local que será realizado o relatório técnico e
situação atual do trabalho;
Avaliação 01;
23/02 e 24/02
Aula expositiva – Patologias em madeiras;
Aula expositiva – Recuperação de estruturas e construções com patologias;
Apresentação da evolução do trabalho;
02/03 e 03/03
Aula expositiva – Princípios de manutenção e conservação rotineira,
periódica e emergencial;
Avaliação 02;
Apresentações finais dos trabalhos;
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Bibliografia BARBOSA, Maria Teresa Gomes; POLISSENI, Antônio Eduardo;
TAVARES, Fabiana Mendes. Análise e representação em contextos
diversos: projeto, técnica e gestão do ambiente construído. I Encontro
Nacional da Associação Nacional de Pesquisa de Pós-Graduação
em Arquitetura e Urbanismo. Rio de Janeiro, 2010.
BAUER, L. A. Falcão. Materiais de Construção. Vol. 1 e 2. Ed. LTC,
2000.
BRANCO, Fernando, et al. Patologia e Inspeção de construções em
madeira. Instituto Superior Técnico. (2016).
CASTRO, Alessandra Lorenzetti de. Et al. Métodos de ensaios não
destrutivos para estruturas de concreto. Revista Téchne. Edição 151,
2009.
DEL MAR, Carlos Pinto. Falhas, responsabilidades e garantias na
construção civil: Identificação e consequências jurídicas. Ed. Pini. São
Paulo, 2007.
ERAT, Djuli; BRATFISCH, Maicon; RAITZ, Naiara; FLORIANI, Ricardo.
Análise de patologias da construção civil. Maiêutica – Engenharias.
Indaial. Vol 2, n. 1, pp. 25-35. (2016).
HELENE, Paulo R. L. Manual para reparo, reforço e proteção de
estruturas de concreto. 2ed. Editora Pini, São Paulo. 1992.
HILLESHEIM, Camila; SOARES, Luana Alflen; VEIGA, Márcia Claudino;
FLORIANI, Ricardo. Patologias na construção civil: estudo de caso para
a Entidade Beneficiente. Maiêutica – Engenharias. Indaial. Vol. 2, n.1,
pp. 79-90. (2016).
LECHETA, Alex; CONTO, Douglas de. Estudo comparativo de ensaios
destrutivos e não destrutivos para concreto. Curitiba: Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, 2012. 64p.
MASSON, Alana Carolina; RENZI, Gabriela; SANTOS, Sérgio dos;
FLORIANI, Ricardo. Absorção de água em tijolos. Maiêutica –
Engenharias. Indaial. Vol. 2, n.1, pp.7-24. 2016.
SILVA, Igor de Sousa; SALES, Juscelino Chaves. Patologias
ocasionadas pela umidade: Estudo de caso em edificações da
Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA. IX Congresso
Internacional sobre Patologia Y Recuperación de Estructuras. João
Pessoa. (2013).
SOUZA, Vicente Custódio Moreira de; RIPPER, Thomaz. Patologia,
recuperação e reforço de estruturas de concreto. Ed. Pini. São Paulo,
1998.
THOMAZ, Ercio. Fissuras em edifícios. São Paulo, 2003.
THOMAZ, Ercio. Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade na
Construção. Ed. Pini. São Paulo, 2001.
THOMAZ, Ercio. Trincas em edifícios: Causas, prevenção e
recuperação. Ed. Pini. São Paulo, 1989.
TORRES, Ariela da Silva; SILVA, Juçara Nunes da. Patologias nos
sistemas construtivos das edificações do início do século XX no sul do
Rio Grande do Sul – Estudo de caso de residência na cidade de Rio
Grande/RS. Revista Eletrônica de Engenharia Civil. Vol. 10, n.1,
pp.39-55. (2015).
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Temas para a Descrição, análise e elaboração de relatório técnico de patologias em
realização do trabalho obras (públicas ou de assistência social, religiosa) de construção civil;
Corrosão: conceitos teóricos e aplicações práticas;
Sistemas de impermeabilização: análise comparativa e empírica da
eficiência de soluções;
Realização de ensaios destrutivos e/ou ensaios não destrutivos para
determinação das características dos materiais.
Impactos jurídicos das patologias: Posicionamento legal e jurisprudencial
das patologias das construções.
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Patologias em fundações
As fundações podem sofrer recalques em razão de alguns fatores que afetam a
deformabilidade dos solos que de acordo com Thomaz (2003) são: a) tipo e estado do solo
(compacidade das areias e consistência das argilas) e consequentemente do módulo de
deformação do solo; b) intensidade e tempo de atuação do carregamento; c) profundidade da
fundação (pré-adensamento de argilas, heterogeneidade das camadas); d) atrito negativo em
estacas (efeito de grupo); e) dimensões e forma da placa carregada (fundações diretas).
Para cálculo do recalque de sapatas apoiadas em argilas, Thomaz (2003) apresenta a
equação 1:
Figura1: impactos das distorções angulares
(equação 1)
Onde:
ΔH = recalque
p = pressão de contato da sapata
B = menor dimensão em planta da sapata
Es = módulo de deformação do solo
= coeficiente de Poisson do solo
Cd = coeficiente de forma e rigidez da
sapata (ver tabela 1).
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Figura 2: Configurações típicas dos recalques de fundações.
Recalques acentuados, e mesmo acidentes mais sérios com fundações, têm ocorrido
segundo Thomaz (2001) em função de:
a) Insuficiência de levantamentos, sondagens ou ensaios, falta de homogeneidade dos
terrenos de fundação, lançamento de entulho ou aterro, flutuações do nível d’água;
b) Recalques em fundações diretas apoiadas sobre aterros mal compactados, ou
apoiadas sobre seção mista de corte e aterros;
c) Incorreções nos levantamentos geotécnicos (superestimação do SPT por problemas no
amostrador, inabilidade na execução, presença de matacões);
d) Recalques em fundações constituídas por estacas escavadas, em função da presença
de terra solta ou lama na base da estaca;
e) Recalques pronunciados em função de desconfinamentos dos solos que nem sempre
são evitadas com contenções usuais com estacas prancha ou paredes diafragma;
f) Acesso de água às fundações e o decorrente aumento da deformabilidade de solos
argilosos;
g) Instabilização de taludes: por falta de compactação ou proteção do talude, esforços
horizontais consideráveis podem ser introduzidos aos elementos de fundação;
h) Ruptura de fundação constituída por estaca mista aço/concreto por flambagem;
i) Ocorrência de ruptura ou recalques em fundações constituídas por estacas cravadas,
com desvio de ponta da estaca pela presença de matacões.
j) Apodrecimento de estacas de madeira;
k) Deslizamento de tubulões apoiados em maciços rochosos ou mesmo fratura de rocha
de apoio;
l) Ocorrência de atrito negativo em estacas que atravessam aterros mal consolidados;
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m) Sobreposição de bulbos de tensão em elementos de fundação muito próximos;
n) Acentuamento de recalques pelo rebaixamento do lençol freático;
o) Interação entre estacas cravadas muito próximas umas das outras (efeito de grupo);
p) Seccionamento de estacas tipo Franki pela execução de estaca próxima.
Figura 3: Recalques das fundações em função do desconfinamento do solo, pela construção de edifício
vizinho.
Figura 4: Atuação de força horizontal nos elementos Figura 5: Ruptura de alvenaria de vedação:
da fundação, pela instabilização de talude. Deslocamento na base da parede estrutural, pela
rotação de estaca não contraventada na direção
transversal da obra.
Thomaz (2001) destaca que nas estruturas convencionais a interação entre pilares e lajes
com alturas de 12 a 16 cm, para espaçamento entre pilares da ordem de 5 a 7 metros,
normalmente verificadas no regime elástico, tem se verificada a ocorrência de flechas reais
superiores às previsões teóricas e a consequente compressão e destacamento dos pisos rígidos
tais como placas cerâmicas ou pedras naturais, bem como a fissuração de paredes de vedação.
Existem relatos na literatura (Thomaz, 2001) apontando que a fissuração das alvenarias
posicionadas nas regiões “em balanço” ocorre em aproximadamente seis meses após a
instalação do carregamento.
Com o desenvolvimento das flechas nas extremidades dos balanços pode ocorrer o apoio
nas alvenarias de vedação e o alívio do momento fletor positivo anteriormente propiciado pelos
balanços. De acordo com Thomaz (2001), houve a intensificação das flechas no meio dos vãos e
evidenciando fissuras de flexão nas paredes centrais da obra.
Figura 7: Estrutura pilar-laje: passado algum tempo do carregamento, lajes apoiam-se nas paredes laterais;
aumentam as flechas nos centros dos vãos, provocando fissuração das alvenarias presentes nessas regiões.
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A ausência de cura úmida do concreto, segundo Thomaz (2001) proporciona o
agravamento da retração do concreto, especialmente o posicionado na face superior do
componente. O incremento das flechas pela redução na altura útil das lajes nas seções de maior
momento positivo tem sido decorrente da adoção de contraflechas, sem a correspondente
manutenção da curvatura da laje na face superior.
Figura 8: Conjugação de laje zero e contraflecha: redução da altura útil da laje na seção de maior momento
positivo e aumento da flecha no centro do vão.
Figura 9: Alvenaria estrutural: fissuras nos vértices de aberturas e destacamentos nos encontros entre
paredes ancoradas com juntas a prumo.
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Fonte: Thomaz (2001, p.11).
Figura 10: Alvenaria estrutural: fissuras causadas por concentração de tensões, decorrente da proximidade
das aberturas de janelas.
Neste sistema construtivo, as interfaces alvenarias x lajes ainda requerem certos cuidados,
que de acordo com Thomaz (2001) devem ser intensificados nos encontros com lajes de
cobertura; pelas movimentações térmicas ou mesmo pela retração das lajes, pois há a
possibilidade de ocorrência de diversos problemas de fissuras e destacamentos nas paredes dos
últimos pavimentos. Nos pavimentos intermediários, e em decorrência da retração das lajes de
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piso, de acordo com Thomaz (2001) observam-se problemas de fissuras horizontais nas
alvenarias, abaixo do apoio, ou na linha dos peitoris das janelas.
Figura 11: Alvenaria estrutural – fissuras horizontais decorrentes da retração das lajes de concreto
armado.
Também podem ser observadas fissuras horizontais nas alvenarias como decorrência da
flexibilidade das lajes.
Figura 12: Alvenaria estrutural – fissura horizontal na base da parede em função da flexibilidade da laje de
concreto armado.
Thomaz (2001) também aponta outros problemas verificados nos sistema construtivo de
alvenaria estrutural: destacamento entre blocos; descontinuidade em grauteamentos verticais,
contra-vergas muito curtas, fissuras e destacamentos em platibandas.
Uma relação muito extensa de problemas pode ser estabelecida para as paredes das
edificações. Dentre estas, Thomaz (2001) destaca: irregularidades geométricas, falhas
construtivas e de interação com estrutura de concreto armado, problemas com revestimentos em
argamassa, problemas com revestimentos em parede em cerâmica e problemas relativos aos
caixilhos. A descrição destes problemas será apresentada na sequência:
Irregularidades geométricas:
A ligação entre vigas e pilares tem apresentado falhas construtivas nas paredes. Observa-
se falta de pressão no assentamento dos blocos na aplicação de chapisco nos pilares, que resulta
na presença de vazios entre pilares e alvenarias. A aplicação de chapisco torna-se inócua do
ponto de vista técnico.
Nas ligações com pilares, as amarrações com ferro-cabelo têm sido efetuadas com ferros
lisos que prejudicam a aderência aço/argamassa de assentamento. O espaçamento entre as
peças também pode ser muito acentuado e o uso de bitola muito pequena ou ainda a tentativa de
ancorar os ferros somente pelo atrito com o concreto são descuidos que potencializam o
aparecimento das falhas construtivas nas ligações com pilares.
Em substituição aos ferros-cabelo, houveram tentativas de utilização de telas metálicas,
embutidas nas juntas de assentamento da alvenaria e fixadas nos pilares com pinos cravados por
“tiros”. Ocorre que o encurvamento da tela, constitui uma espécie de mola que acompanha os
encurtamentos e dilatações dos panos de alvenaria. Desta forma, a ligação garante boa
ancoragem mecânica e estabilidade lateral das paredes, mas deixa de prevenir os
destacamentos.
Figura 13: Ligação pilar x alvenaria com tela metálica: a tela encurvada trabalha como “mola” e não colabora
para evitar os destacamentos.
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Fonte: Thomaz (2001, p.14).
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Fonte: Thomaz (2001, p.16).
Outra falha de projeto e/ou de execução das alvenarias diz respeito às juntas de
movimentação ou juntas de controle. Tal recurso oferece o potencial para evitar uma série de
fissuras e destacamentos em paredes muito longas, ou de pequena espessura, ou em paredes
com acentuadas mudanças de direção, ou ainda em paredes com grande presença de aberturas.
Em relação a execução de alvenarias sem a aplicação de argamassa nas juntas verticais
em paredes de vedação estudos realizados por Thomaz (2001) apontam que:
não ocorre sensível redução na resistência das paredes às cargas verticais;
há substancial redução na resistência das paredes às cargas laterais;
há substancial redução na resistência das paredes aos esforços de cisalhamento no plano
das paredes quando estas exercem funções contraventantes;
há significativas quedas na isolação acústica e na resistência ao fogo das paredes;
no caso de fachadas, existe a tendência da micro-fissuração das argamassas de
revestimento, fotografando os blocos.
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bases muito ressecadas ou a execução de serviços de revestimentos desenvolvidos em dias de
intensa insolação ou ventos fortes.
Em função de irregularidades geométricas das estruturas e das alvenarias, Thomaz (2001)
menciona que os revestimentos em argamassa chegam a receber engrossamentos notáveis.
Para o revestimento de fachadas, afirma serem comuns espessuras da ordem de 5 ou 6 cm. Tão
grave quanto a própria espessura, o engrossamento realizado sem cuidados adicionais, tais como
o assentamento de cacos de tijolos, reforços com telas metálicas redundam no descolamento de
placas com elevadíssimo peso próprio.
A prática das juntas de movimentação nos revestimentos cerâmicos ainda não está
totalmente assimilada no meio técnico o que potencializa a ocorrência de descolamentos.
Deslocamentos também ocorrem em função de diversos outros fatores, conjugados ou não, tais
como o assentamento justaposto das placas cerâmicas, coloração escura de revestimentos
(decorrente maior absorbância da radiação solar) e flexibilidade das estruturas como o
exemplificado na Figura 15.
Figura 15: Danos no revestimento cerâmico na parede, pelo desenvolvimento de flecha na extremidade do
balanço da viga.
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Casas populares com os pisos na laje ou no contrapiso mediante a adoção de laje contínua
de fundação (“radier”) com pequena espessura (7 a 10cm), e executadas em concreto magro
podem, de acordo com Thomaz (2001) apresentar problemas de ascensão de umidade do solo.
A execução da laje de fundação com a função de piso implica na necessidade de
acabamentos superficiais com caimentos, tanto nos pisos internos quanto nas calçadas laterais
das unidades. Segundo Thomaz (2001) verificam-se empoçamentos consideráveis e caimentos
invertidos.
Thomaz (2001) relata ainda outros problemas constatados neste processo de construção
das lajes de fundação/pisos são: irregularidades graduais ou abruptas (decorrentes da dificuldade
de desempenamento do concreto) e fissuras de retração ou de flexão nas lajes.
Quanto aos pisos com acabamento em cimento queimado, típicos nos banheiros e
cozinhas dos apartamentos e casas populares, Thomaz (2001) aponta que é comum verificar a
ocorrência de fissuras de retração. Também nas calçadas laterais de unidades térreas ou
edifícios, ou nos átrios e áreas comuns de edifícios em razão de inexistência ou excessivo
distanciamento entre juntas de dilatação.
Nos pisos cerâmicos o problema mais comum é o destacamento das placas cerâmicas e
Thomaz (2001) aponta os principais motivos: flexibilidade excessiva de lajes, o que faz com que o
piso atue como capa de compressão da laje, assentamento de placas justapostas, inobservância
de juntas de movimentação ou de dessolidarização nos encontros dos pisos com superfícies
verticais. Em relação a este último aspecto, é relativamente comum, segundo Thomaz (2001), o
destacamento de platibandas, em função da dilatação térmica dos pisos assentados sobre lajes
de cobertura.
Figura 16: Destacamento da platibanda pela dilatação térmica do piso, sem a presença de juntas
intermediárias ou junta de dessolidarização no encontro piso/parede.
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Fonte: Thomaz (2001, p.33).
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Fonte: Thomaz (2001, p.35).
Figura 19: Danos à camada de impermeabilização, em função de recalques diferenciados entre corpo do
edifício e corpo das garagens.
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A presença de embaciamentos na base criará condições para a infiltração de umidade, em
pequenas falhas localizadas da impermeabilização. Para Thomaz (2001) a preparação
inadequada da base, com presença de sujeira ou umidade, pode impedir a perfeita aderência da
manta, criando-se bolsões de ar e bolhas que poderão ser rompidas com a atuação de carga
sobre a camada de proteção. A presença de irregularidades pontiagudas na base, bem como o
trânsito de carrinhos sobre a manta recém aplicada, também poderá causar danos à
impermeabilização, o que também se observa com a posterior fixação de antenas, reexecução de
pisos, etc.
Em relação às falhas gerais detectadas nas instalações elétricas prediais, Thomaz (2001)
cita a falta de identificação de circuitos nas caixas de alimentação ou distribuição, instalação de
caixas de tomadas ou interruptores em cota errada, caixas muito reentrantes ou muito salientes
nas paredes e tetos, caixas chumbadas fora do esquadro, eletrodutos muito reentrantes ou muito
salientes nas paredes e tetos, eletrodutos com curvas de pequeno raio, eletrodutos introduzidos
sob tensão em rasgos ou aberturas.
Sob o ponto de vista da durabilidade das instalações Thomaz (2001) menciona que esta
pode ser comprometida pela ação de roedores, corrosão de caixas de entrada, quadros ou bases,
deterioração da isolação de condutores, etc. A mencionada deterioração pode ser causada por
exposição ao sol ou a altas temperaturas dos fios ou cabos elétricos, atuação de sobrecorrente
por tempo prolongado e por excesso de fios no mesmo eletroduto.
O choque elétrico é segundo Thomaz (2001) o problema mais grave que pode ocorrer nas
instalações elétricas e pode ter origem em diversas causas:
em componentes dos quadros de alimentação ou distribuição
o quadros com chaves faca o porta-fusíveis sem proteção
o quadros sem barreiras
em partes vivas expostas
o emendas mal isoladas
o fios deteriorados
o bornes expostos
em bases de lâmpadas
o interrupção do fio neutro (e não do fio fase) no interruptor, situação agravada
em instalação onde não havia diferenciação de cores entre os fios
em aparelhos elétricos
o ausência ou falha no aterramento
o falha na isolação elétrica do equipamento
em postes metálicos
o infiltração de umidade
o ação de roedores
Curtos circuitos podem ser ocasionados, segundo Thomaz (2001) por deterioração da
isolação de condutores, por emendas mal isoladas, pelo superaquecimento da fiação em razão
de sobrecarga e pela realização de erros em ligações, situação comum quando modificações nas
instalações originais são introduzidas por leigos.
São apontados por Thomaz (2001) outros problemas relacionados às instalações elétricas
prediais:
subtensão ou sobretensão (oscilações da rede pública ou mau contato em ligações
do fio neutro);
falhas no funcionamento ou aquecimento anormal de tomadas e interruptores
(defeitos de fabricação dos componentes);
mau funcionamento / queima de lâmpadas (sobretensão, soquetes com defeito);
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frequente desarme de disjuntores (sobretensão, instalações curto-circuitadas,
capacidade inadequada do disjuntor);
falta de aterramento da instalação.
Em relação às instalações de água fria, Thomaz (2001) menciona que pode-se verificar
insuficiência na oferta de água em função do subdimensionamento de reservatórios de água, dos
conjuntos motorbomba ou do próprio subdimensionamento das tubulações de recalque. As
tubulações de recalque podem ainda apresentar desempenho deficiente em razão de diversos
motivos:
entrada de ar na bomba de recalque;
entupimento do crivo da bomba;
baixo rendimento do conjunto motor-bomba, com excesso de tempo de
funcionamento contínuo (balanceamento deficiente do motor);
corrosão de tubos de aço / redução da seção da tubulação de recalque;
umidade, corrosão, mau contato nos quadros de comando;
casa de bomba inundada;
automático de bóia quebrado ou emperrado;
falhas gerais no sistema elétrico;
Mesmo havendo disponibilidade de água de reservação, Thomaz (2001) aponta que a
insuficiência de pressão ou de vazão em aparelhos poderá ser causada por:
presença de ar no interior da tubulação;
falhas de projeto (consideração incorreta de perdas de carga, simultaneidade de uso
de aparelhos);
acumulação de sujeira em dispersores de torneiras e crivos de chuveiros;
estrangulamento de flexíveis (dobras), falhas no posicionamento do ponto de
alimentação;
perdas de carga localizadas causadas por má execução de juntas, estrangulamento
e/ou amassamento de tubos;
obstrução parcial da tubulação: corrosão, sedimentação metálica provocada por
água com alto teor de cálcio (águas duras), arraste de material sólido da caixa
d’agua, recolhimento parcial das cunhas de registro de gaveta.
Thomaz (2001) menciona que os vazamentos de água em tubulações podem ocorrer por
excesso de pressão (insuficiência ou mau funcionamento de válvulas redutoras de pressão),
defeitos nos tubos ou conexões, perfuração de tubos de aço ou de cobre pela ação da corrosão,
registrando-se casos de corrosão intergranular mesmo em instalações com menos de um ano de
utilização. Estes vazamentos têm como causa frequente as falhas na execução das juntas:
abertura de roscas com cossinetes desbitolados (juntas largas);
emprego de pouca quantidade de vedante em juntas rosqueadas;
colagem de tubos de PVC sem o devido lixamento;
ligações de tubos de PVC com excesso de cola;
soldas mal executadas em conexões de tubos de cobre;
diferença entre tipo de rosca executada no tubo e rosca da conexão;
Outro problema apresentado por Thomaz (2001) frequentemente observado nas
instalações de água são os vazamentos em torneiras e registros, causados pelo espanamento da
rosca dos castelos e/ou pelo desgaste de guarnições ou de gaxetas. O mau funcionamento de
válvulas de descarga pode ser causado por excesso de pressão do ramal de distribuição, por
insuficiente volume de água ou por defeitos na própria válvula (desgaste de gaxetas, desgaste ou
falhas nos reparos).
Nas habitações térreas, a falta de pressão nos chuveiros decorrente da pequena altura
manométrica promovida pelos reservatórios de água apoiados sobre as lajes de cobertura é outra
deficiência apontada por Thomaz (2001). Tal fato obriga os moradores a efetuarem a ligação do
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chuveiro diretamente a partir da rede pública, sendo que alguns moradores adotam um sistema
de “by-pass”, e possibilita que o chuveiro possa ser alimentado pela água do reservatório ou pela
água da rede pública.
Nas instalações de esgoto, Thomaz (2001) verifica que ocorrem entupimentos em função
de falhas nos projetos (diâmetros e/ou declividades), acumulação de detritos sólidos em juntas
mal executadas, acúmulo de detritos em caixa de gordura, falta de limpeza da caixa de gordura,
estrangulamentos, embaciamentos decorrentes do recalque de aterros, rompimento de
tubulações e outros.
Em relação ao mau cheiro gerado pelas instalações e esgoto, Thomaz (2001) detecta
como principais causas:
subpressão, auto-sifonagem em bacias sanitárias, lavatórios, tanques ou pias;
sifonagem induzida em caixas sifonadas pela descarga de vaso sanitário ou
funcionamento à seção plena de tubos de queda;
falhas no dimensionamento de ramais de descarga ou tubos de queda;
tampas não herméticas de caixas de inspeção ou caixas de gordura;
falhas no rejuntamento entre a bacia sanitária e o piso;
insuficiência de altura / evaporação do selo hídrico de ralos sifonados;
falhas no projeto do sistema de ventilação;
No caso de edifícios altos, Thomaz (2001) argumenta que podem ocorrer borbulhamentos
do selo hídrico ou retorno de espuma através de ralos, em função da ocorrência de pressão
positiva oriunda de restrições ao escoamento de ar em desvios e/ou em curvas localizadas na
base de tubos de queda.
Thomaz (2001) menciona ainda diversas outras falhas que podem ocorrer em instalações
de água fria e de esgoto:
vazamentos / transbordamentos de reservatórios de água;
contaminação da água de reservatórios;
saída da ventilação voltada para área de futura ampliação;
tampa da caixa de inspeção muito pesada (dificuldade de manutenção);
tampas de caixa de gordura ou inspeção fixadas ou quebradas;
mau funcionamento de vasos sanitários (falta de sifonagem; entupimento);
sifões quebrados ou danificados, vazamentos em sifões;
falhas no funcionamento de caixas de descarga;
corrosão de armaduras (tanques de lavar, reservatórios de água);
infiltração de água em casas de bombas;
fissuras em caixas d’agua de fibrocimento;
caixa d’água em fibrocimento com tampa quebrada;
tubulações muito abaixo da superfície ou tubulações aflorando em paredes;
torneiras muito curtas;
esforço anormal de manobra de registros e torneiras;
deslocamento da camada de cromeação de metais sanitários;
gretamento ou outros defeitos em metais sanitários.
Patologias em madeiras
A madeira é um dos mais antigos materiais de construção em conjunto com a terra crua, a
pedra natural e as fibras vegetais (Branco et al, 2016). Na idade média se atingiu conhecimento
baseado em conhecimentos empíricos, mas dado por soluções simples e eficientes.
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Figura 20: Ligações tradicionais.
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Fonte: Branco et al. (2016, p.16).
Com a evolução das colas para madeira, foi possível realizar seções compostas
executadas em simultâneo com o uso de pregos pois, conforme Branco (2016), tem a vantagem
de poder dispensar os dispositivos de aperto durante o período de prensagem exigido e permite o
emprego de elementos de pequena seção.
Aproveitando-se de sua excelente relação peso/resistência e fácil trabalhabilidade a
madeira apresenta um vasto campo de aplicação tanto em novas construções quanto na
reabilitação de estruturas degradadas onde se pretende manter os materiais.
Branco et al (2016, p.29 e 30) aponta as vantagens de uso da madeira:
- renovação natural (se não exagerar o consumo);
- reaproveitamento (necessária legislação para reutilização racional);
- facilidade de trabalho;
- semelhante resistência à compressão e tração, tornando ideal para flexões e
elementos de suporte horizontal;
- excelente relação resistência / peso próprio;
- facilidade de realização de ligações;
- excelente resistência ao choque;
- enorme variedade de qualidades;
- ótimo isolamento acústico, térmico e elétrico.
As desvantagens do uso da madeira também são apontadas por Branco et al., (2016):
- preço elevado;
- enorme heterogeneidade e anisotropia (resistência e variações de dimensão a
variarem em 3 direções principais);
- quando desprotegida, grande vulnerabilidade aos agentes agressivos;
- combustibilidade, embora possa ser controlada por ignífugos;
- variação de dimensões com umidade;
- limitação de dimensões;
A degradação da madeira ocorre por perda da capacidade resistente ou por estados de
utilização inaceitáveis. Além disso, Branco et al.(2016) aponta a necessidade de levar em conta a
desagregação das peças de ligação tais como peças de união metálicas que podem sofrer
deterioração por corrosão.
As anomalias podem, conforme Branco et al. (2016) decorrer de uma ou mais das
seguintes ações: ação humana, ações naturais e/ou ações de acidente.
As anomalias causadas pela ação humana podem ser constituídas por deformações
elevadas, sistemas de ligação inadequados, alteração de dimensões, fissuração. Ainda em
relação a ação humana, Branco et al. (2016) aponta que a concepção das estruturas de madeira
deve ter em conta a escolha adequada do material, a sua anisotropia, a pormenorização dos
sistemas de ligação e as deformações previsíveis a longo prazo. São erros frequentes a utilização
da madeira não classificada para estruturas, com teor em água sem estar em equilíbrio com o
ambiente onde a estrutura vai estar inserida e sem tratamento prévio adequado, possibilitando a
ocorrência de deformações e fissurações nas peças. A ausência de manutenção origina a perda
24
prematura das características dos materiais empregados e agrava o estado de degradação
existente.
Segundo Branco et al. (2016), as anomalias causadas por ações naturais podem
ocasionar:
- alteração de cor e textura;
- erosão superficial;
- abertura de fendas;
- desenvolvimento de distorções;
- perda de rigidez das ligações;
- aumento das deformações;
- corrosão de ligações metálicas;
- podridão;
- galerias na madeira;
Em relação as anomalias devidas a agentes atmosféricos, a alteração de cor e textura,
resultante da ação combinada da luz, água e da temperatura, é um aspecto característico do
envelhecimento da madeira. De acordo com Branco et al. (2016) a luz solar induz a
decomposição química superficial dos compostos orgânicos da madeira. A ação alternada da luz
e água acelera o processo, ocorrendo o desplacamento da camada superficial degradada. Os
ciclos de perda e aumento de umidade são responsáveis por tensões internas no material e
provocam a abertura de fendas de secagem e o desenvolvimento de distorções. A ação da água
pode ser devastadora para os elementos de madeira se não existirem adequados dispositivos
que possibilitem o escoamento da água das chuvas (goteiras, beirados).
A corrosão de conetores metálicos também é mencionada pro Branco et al. (2016)
especialmente quando a madeira é mantida em ambientes úmidos ou tratada com produtos
higroscópicos, situação em que é fundamental prever proteção eficaz para os conectores
metálicos.
Entre os diversos agentes biológicos, susceptíveis de provocar a deterioração da madeira,
e que causam destruição, Branco et al.(2016) aponta os insetos e fungos. Os fungos são vegetais
de estrutura constituída por filamentos que se desenvolvem e penetram na madeira destruindo os
seus constituintes ou parte, por uma ação enzimática, proporcionando podridão e perda de
resistência. As podridões são facilmente identificáveis através da perda de peso e de resistência
da madeira, acompanhada por mudanças de coloração e de aspecto. Nas condições de madeira
total e permanentemente imersa em água, o risco de ataque por estes fungos não existe. Nas
madeiras submersas em água do mar, podem encontrar-se ataques de xilófagos marinhos,
classificáveis como moluscos e crustáceos.
De acordo com as condições de exposição e na eventualidade de ocorrência de ataque
biológico, devem principalmente ser levadas em consideração, face ao grau de risco estimado, a
segurança dos ocupantes e a do próprio edifício, bem como as características de acessibilidade
para inspeções, tratamentos ou substituições de peças atacadas (Branco et al., 2016). A Tabela 2
apresenta as classes de risco das estruturas de madeira.
Tabela 2: Coeficiente de forma e rigidez da sapata.
Clas Sub- Condições de Tipos de elementos Ataques mais Risco Medidas a adotar
ses classes exposição de construção frequentes
A A1 Madeiras no Estacas de fundação Fungos de Máximo, Tratamento
interior e em (colocadas acima do podridão podendo preventivo
contato com o nível freático), cúbica impactar a obrigatório ou
solo; no interior soleiras, prumos, castanha ou segurança utilização de
em contato com vigamentos, podridão estrutural madeira
paredes úmidas barrotes, etc. fibrosa branca. naturalmente
ou em ambientes muito durável.
mau ventilados
A2 Idem (porém para Aros de vãos, Idem Grande, sem Idem
paredes no soleiras, rodapés. reflexo na
25
interior) segurança
estrutural.
Reparos em
geral pouco
dispondiosos.
B Madeiras no Caixilhos de janelas Fungos de Grande, se Tratamento
exterior sem e de portas. podridão do não forem facultativo desde
contato com o mesmo tipo respeitadas as que sejam
solo, em situação das da classe disposições tomadas
temporária ou A. Fungos construtivas convenientes
acidental de causadores de adequadas, disposições
umidade elevada. manchas nem construtivas e de
(bolores). disposições acabamento.
regularmente Conservação
medidas de periódica.
conservação.
Reparações
geralmente
fáceis e
localizadas.
C Madeiras no Estruturas de Insetos do tipo Grave, Tratamento
interior coberturas e outros caruncho. podendo preventivo
geralmente elementos de Acidentalmente refletir-se na obrigatório ou
situadas em contraventamento, fungos nos segurança utilização de
ambientes secos vigas, estruturas de madeiramentos estrutural. madeira
e desempenhando pisos intermediários, em caso de Reparações naturalmente
funções escadas. infiltrações. difíceis e muito durável.
essencialmente onerosas. Inspeção
estruturais. periódica.
D Madeiras no Divisórias, lambris, Eventualmente Ligeiro e Tratamento
interior parquetes e soalhos, insetos do tipo aceitável face facultativo.
geralmente roda-pés, aros de caruncho ao custo dos
situadas em vãos. tratamentos.
ambientes secos Reparações
e desempenhando fáceis e
funções de localizadas
revestimento ou em zonas
de arremate. acessíveis.
Fonte: Adaptado de Branco et al., (2016, p.71).
26
Recuperação de estruturas e construções com patologias
O reforço de componentes estruturais de concreto armado com chapas metálicas deve ser
efetuado com as seguintes precauções:
a) a superfície do concreto deve ser apicoada e a poeira resultante totalmente removida; a
superfície da chapa de aço deve ser jateada com areia, adquirindo assim uma certa
rugosidade, e limpa com solventes com alto poder de evaporação (trocloroetileno, xinol,
etc.)
b) A resina epoxídica é aplicada em excesso, tanto no concreto, quanto na chapa metálica;
c) A chapa ou a cantoneira é fortemente pressionada contra a superfície da peça de concreto,
ocorrendo assim refluxo da resina em excesso; a pressão obtida com pontaletes ou outros
acessórios é mantida por no mínimo 24 horas;
O reforço de vigas pode ser obtido ainda com o próprio emprego de concreto, adotando-se
armaduras suplementares e aumentando-se a altura útil da viga. Nesta hipótese, antes de
iniciarem-se as operações de reforço da viga, a estrutura deverá ser convenientemente escorada.
28
Figura 25: reforço de vigas.
A recuperação ou o reforço de vigas e pilares podem ser ainda efetuados com a aplicação
de concreto projetado, com ou sem a utilização de fôrmas.
29
Figura 26: reforço de vigas utilizando-se concreto projetado
No caso de pilares, é bastante comum o reforço com chapas de aço, coladas ao pilar e
soldadas entre si, envolvendo toda a seção do pilar. Caso se opte em reforçar o pilar com o
próprio emprego de concreto poderá haver alguma dificuldade no lançamento e adensamento do
concreto na região contígua à cabeça do pilar.
Figura 27: lançamento e adensamento do concreto na região contígua à cabeça do pilar.
No caso da impossibilidade de abertura das janelas, por exemplo pela presença de vigas, o
concreto deve ser lançado até a máxima altura possível; o enchimento do último segmento com
30
poucos centímetros de altura é então executado com argamassa de cimento e areia (1:2 ou 1:3)
com consistência de farofa, energicamente apiloada contra a superfície do pilar e a superfície da
viga ou laje superior.
O reforço de laje de concreto armado é um fato muito raro; quando tal necessidade for
constatada, provavelmente será mais econômico destruir o concreto, reforçar a armadura e
reconcretar a laje.
Pode-se contudo, proceder a colagem de chapas de aço sob a laje, ou tentar a utilização
de uma armadura suplementar amarrada à armadura existente, recobrindo-se em seguida a
armadura suplementar com concreto projetado;
Este último procedimento pode ser adotado também quando se desejar simplesmente
proteger contra a corrosão das armaduras expostas de lajes.
Neste tipo de recuperação a tela poderá ser fixada na alvenaria com o emprego de pregos
ou cravos de metal e deverá estar medianamente distendida; a alvenaria e o pilar deverão ser
chapiscados após a colocação da tela, e a argamassa de recuperação deverá ter baixo módulo
de deformação (traço 1:2:9).
Nas paredes longas com fissuras intermediárias recomenda-se a criação de juntas de
movimentação nos locais de ocorrência das fissuras, podendo-se também recorrer ao artifício de
transformarem-se as portas em portas com bandeiras.
No caso de fissuras provocadas por movimentações iniciais acentuadas, cuja variação na
abertura passa a ser vinculada unicamente a movimentações higrotérmicas da própria parede,
31
sugere-se a utilização de tela metálica ou a interseção de uma bandagem que propicie a
dessolidarização entre o revestimento e a parede na região da fissura.
32
Figura 30: recuperação de trincas ativas
A aplicação do selante deverá ser precedida de uma limpeza eficiente da poeira aderente à
parede, devendo esta encontrar-se bem seca quando da aplicação. O selante deverá ser
tixotrópico e bem consistente, não apresentando retração acentuada pela evaporação de seus
componentes voláteis. No caso de movimentações muito intensas da trinca recomenda-se a
abertura de cavidade retangular, com aproximadamente 20 mm de largura e 10 mm de
profundidade, intercalando-se entre o selante e a parede uma membrana de separação (fita
crepe, por ex.).
As fissuras provocadas por enfraquecimento localizado na parede, seja pela presença de
aberturas de portas e janelas ou pela inserção de tubulações, poderão ser recuperadas
superficialmente através da introdução de bandagem no revestimento ou de tela de náilon na
pintura. O comportamento monolítico da parede poderá ser restabelecido mediante a introdução
de armaduras no trecho fissurado da parede, ou até mesmo por meio de telas metálicas inseridas
no revestimento; nessa segunda alternativa, o comprimento de transpasse da tela, para cada um
dos lados da trinca, deve ser de aproximadamente 15 cm, sendo que no caso de empregar-se
tela de estuque, esta não deverá ser muito frouxa nem excessivamente distendida.
33
Figura 31: recuperação de trincas ativas
34
Figura 32: recuperação de alvenaria aparente.
35
Nas lajes de cobertura apoiadas em alvenaria portante, além da solução óbvia de
melhorar-se a isolação térmica da cobertura, pode-se tentar o escoramento da laje, a remoção da
última junta de assentamento e a introdução, nessa junta, de material deformável.
Quando o escoramento da laje for impossível, a raspagem da junta até uma profundidade
de aproximadamente 10mm e o posterior preenchimento com selante flexível é uma solução
razoavelmente eficiente.
Ainda para as alvenarias portantes, as fissuras provenientes da concentração de tensões
só serão eficientemente recuperadas caso se consiga uma melhor distribuição das tensões no
trecho de parede carregado, assim sendo, para o caso de cargas concentradas transmitidas por
vigas, há necessidade de escorar-se a viga e construir-se sob a mesma um coxim de distribuição
convenientemente dimensionado.
Na recuperação de revestimentos de paredes ou de pisos constituídos por azulejos ou
ladrilhos cerâmicos pode-se criar juntas no revestimento e a substituição das peças danificadas.
A dificuldade começa em encontrar no mercado componentes cerâmicos parecidos com
aqueles assentados, já que componentes iguais somente serão conseguidos se foi prevista uma
sobra durante a execução da obra.
Também no tocante a argamassas de revestimento a recomendação consiste na
substituição do reboco ou do emboço nos casos em que estes apresentem grande incidência de
fissuras de retração, descolamentos ou pulverulências.
A renovação do revestimento deverá ser antecedida da eliminação da causa do problema.
Nos casos de fissuras de retração da argamassa de revestimento de fachadas, poder-se-á
tentar a utilização de uma pintura elástica encorpada, com aplicação de três ou quatro demãos de
tinta à base de resina acrílica, empregando-se ainda reforço com tela de náilon nos locais mais
danificados.
36
Helene (1992) afirma que o concreto é um material heterogêneo, especialmente quando
considerado em escala microscópica. Além disso, Helene (1992) menciona que é composto de
um conjunto de agregados envoltos e unidos por pasta aglomerante.
As superfícies visíveis externas das peças de concreto são, conforme Helene (1992)
constituídas por uma pasta de cimento que é responsável pela cor, em geral cinza, da superfície
do concreto. Helene (1992) afirma que quanto maior a relação água cimento da pasta, mais clara
é a superfície.
Em decorrência do fenômeno conhecido por efeito parede, Helene (1992) menciona que há
uma concentração de argamassa (cimento e grãos de dimensão inferior a 0,2mm) e pasta na
superfície. Helene (1992) aponta que se proceder-se a retirada da capa superficial de pasta por
meio de um desbaste, aparecerá uma superfície que contém poros e grãos de areia imersos em
uma matriz de pasta de cimento. Estas características mantêm-se até uma espessura da ordem
de 5mm, a partir da qual começam a aparecer os agregados graúdos. Uma certa homogeneidade
é obtida somente a partir dos 15mm de profundidade.
Esta concentração de argamassa e pasta de cimento na superfície faz com que a
superfície do concreto tenha, segundo Helene (1992), características distintas do interior
apresentando:
- maior porosidade, em decorrência da inexistência de agregados graúdos;
- maior retração química, de secagem e de carbonatação, devido ao maior consumo de
cimento por metro cúbico;
- maior sensibilidade à ação da cura.
A pele de pasta de cimento possui, segundo Helene (1992), características químicas
variáveis no tempo. Logo após o adensamento e durante o período de cura, o pH é alcalino da
ordem de 12,6. A partir da interrupção da cura inicia-se a carbonatação, que reduz o pH. Nos
poros da pasta há hidróxido de cálcio Ca(OH)2, como resultado da hidratação do cimento. Estes
cristais, também conhecidos por portlandita, são facilmente solúveis em águas ácidas, podendo
ser transportados e carregados para o exterior da superfície do concreto, formando eflorescências
e manchas. A massa total de portlandita pode atingir de 20 a 25% da massa total de cimento
usado no traço.
A porosidade da pasta superficial pode ser minorada, segundo Helene (1992), através da
redução da relação água/cimento do concreto, com consequente aumento do consumo de
cimento por metro cúbico. Esta é, de acordo com Helene (1992) uma possível razão para as
recomendações internacionais especificarem consumo mínimo de 450 a 650 kg de cimento por
m³ de concreto que ficará aparente. Com estas condições e utilizando-se procedimentos
adequados de cura, a porosidade da pasta superficial pode ser reduzida para valores abaixo de
10%, que segundo Helene (1992) é o valor mínimo necessário para assegurar uma proteção e
durabilidade adequada ao componente estrutural exposto a ação agressiva de certos ambientes.
Helene (1992) salienta que vários produtos químicos têm efeitos deletérios sobre as
superfícies de concreto dentre eles: suco de frutas, leite e seus derivados, melaço de cana-de-
açúcar, açúcar, vinho, cereais, adubos, águas industriais provenientes de estações de tratamento
de esgotos, restos animais, sangue e outros. De uma forma genérica, ácidos orgânicos e minerais
podem atacar o concreto. A vulnerabilidade do concreto ao ataque químico, segundo Helene
(1992), depende basicamente da permeabilidade, alcalinidade e reatividade dos compostos
hidratados do cimento.
A penetração de fluidos através do concreto pode ser acompanhada por reações químicas
com o cimento, agregados ou com as barras de aço. De acordo com Helene (1992) quando um
aglomerante alcalino como o cimento Portland hidratado reage com substâncias ácidas, estas
reações são frequentemente iniciadas por formação e remoção de produtos solúveis, seguindo-se
a desintegração do concreto. No caso de produtos insolúveis, são formadas deposições na
superfície do concreto, que podem, segundo Helene (1992) ser consideradas como redutoras da
velocidade de continuidade destas reações.
Proteção de superfícies de concreto
Pode-se de acordo com Helene (1992) classificar e dividir os sistemas protetores em dois
grandes grupos:
I) Revestimentos constituídos por barreiras espessas;
II) Pinturas de proteção;
Revestimentos de barreiras espessas
38
Em superfícies de concreto aparente, a manutenção da estética é tão importante quanto a
segurança estrutural, uma vez que o aspecto do concreto é parte integrante da arquitetura da
edificação e esta em muitos casos reflete a imagem do proprietário ou locatário do imóvel.
Quando o proprietário é uma empresa preocupada com a eficiência, qualidade e durabilidade de
seu produto ou serviço, isto fica mais evidente.
De acordo com Helene (1992), há basicamente dois tipos de sistemas de pintura de
proteção: revestimentos hidrófugos de poro aberto e revestimentos impermeabilizantes com
formação de película ou filme.
Os hidrófugos podem ser aplicados sobre superfícies lisas ou porosas, conferindo-lhes
repelência a água, em poros de até 3 mm de abertura superficial. As pinturas impermeabilizantes
(vernizes e tintas) requerem substrato liso, com poros de diâmetro inferior a 0,1mm, que
evidencia a necessidade de estucamentos superficiais previamente a aplicação da película.
As tintas e vernizes podem ter a mesma natureza e formulações similares diferenciando-se
pela presença ou ausência de pigmentos responsáveis pela cor do filme. Os vernizes incolores,
disponíveis com acabamento fosco, brilhante e semibrilhante, são utilizados basicamente para a
proteção de superfícies de concreto aparente. As tintas, de forma análoga aos vernizes, quando
aplicadas sobre superfícies de concreto, aderem-se a elas formando um filme contínuo de baixa
permeabilidade.
Além de oferecer a proteção necessária contra os principais agentes de degradação,
Helene (1992) aponta que estes produtos precisam atender às seguintes exigências:
- Possuir resistência ao intemperismo;
- Possuir resistência à fotodegradação, decorrente da incidência de raios ultravioleta;
- Evitar o desenvolvimento de fungos e bactérias;
- Possuir resistência mecânica a pequenos impactos e riscamentos;
- Possuir estabilidade química em relação ao concreto, de forma a evitar a ocorrência de
eflorescências, saponificação e outras anomalias, decorrentes da elevada alcalinidade do
substrato.
Pinturas hidrofugantes
Para Helene (1992) o concreto tem natureza hidrófila, ou seja, tem afinidade com a água e
vapor de água. Consequentemente absorve água em forma líquida ou vapor através de vários
mecanismos: gradiente de pressão, difusão, higroscopicidade, condensação e principalmente
absorção capilar. Esta absorção capilar dá-se nas fachadas, devido à formação de um filme de
água de chuva, e nas regiões onde a água entra em contato direto com a estrutura (ex. fundações
e baldrames). É muito intensa a absorção capilar, sendo determinada basicamente pelo diâmetro
dos poros e capilares.
Certos produtos têm a propriedade de alterar o ângulo de contato (α) entre a parede do
capilar e a superfície da água. Quando este ângulo supera 90°, estes produtos são denominados
hidrófugos, hidro-repelentes ou hidrofugantes.
Figura 34: variação do ângulo de contato líquido/superfície devido à impregnação do líquido.
39
Fonte:Helene (1992).
Principais características
Limitações:
- não impedem a carbonatação, apesar de reduzi-la;
- não impedem a penetração de água, gases ou vapores sob pressão;
- não impedem a lixiviação, apesar de reduzi-la.
Pinturas hidrofugantes
40
A maioria não é capaz de absorver eventuais fissurações posteriores da estrutura. São
capazes de vedar uma fissura existente de até 0,1mm, porém a película é rompida se a estrutura
vier a fissurar após a pintura de proteção estar concluída. Em outros países são encontrados
sistemas de alta elasticidade, capazes de absorver movimentações de até 5mm.
Principais características
Limitações
A Tabela 5 a seguir, será descrita a natureza dos produtos normalmente usados como pintura de
proteção, bem como sua aplicabilidade.
Tabela 5: Natureza dos produtos para pintura de proteção e aplicabilidade.
Natureza e Tipo de cura Classificaç Espessura Exemplos de aplicações
características do ão da tinta típica do filme convencionais
sistema de resina quanto ao seco (mm)
utilizado veículo
Epóxi bicomponente Reação com o Base 0,020 a 0,250 Pisos industriais (boa resistência a
componente solvente abrasão), superfícies internas (elevada
endurecedor resistência) e tanques de água potável.
Epóxi bicomponente Reação com o Isenta de Acima de 1,5 Tanques para confinamento de produtos
componente solvente químicos, tubulações e superfícies
endurecedor internas sujeitas a alto ataque químico.
Epóxi bicomponente Reação com o Emulsionad 0,040 a 0,120 Pintura de áreas internas em indústrias
componente a em água alimentícias (não contamina alimentos)
endurecedor nem exala odor) selamento de pisos
industriais e superfícies internas.
Poliuretano alifático Reação com o Base 0,025 a 0,075 Pinturas anticarbonatação e pinturas
bicomponente componente solvente internas ou externas de alta resistência
endurecedor química.
Poliuretano alifático Reação com o Isenta de 0,500 a 2,000 Pintura de alta resistência à abrasão
bicomponente componente solvente para pisos industriais.
endurecedor
Poliuretano alifático Reação com a Base 0,125 a 0,150 Pinturas de pisos industriais,
monocomponente umidade solvente acabamento antiderrapante e pintura de
atmosférica áreas internas e externas.
Vinílica Simples Base 0,025 a 0,070 Pinturas de alta resistência química,
evaporação do solvente porém com baixa resistência a solventes.
solvente
Borracha clorada Simples Base 0,100 a 0,300 Pinturas anticarbonatação, boa
evaporação do solvente resistência à abrasão, umidade e álcalis,
solvente pintura de pisos industriais, faixas
demarcatórias e piscinas.
41
Acrílico Simples Base 0,020 a 0,250 Pinturas anticarbonatação, pintura de
evaporação do solvente superfícies internas e externas, com
solvente razoável estabilidade de cor e resistência
a fotodegradação.
Acrílico Simples Emulsionad 0,040 a 0,700 Pinturas anticarbonatação para
evaporação da a em água superfícies internas e externas, boa
água estabilidade de cor e resistência a
fotodegradação.
Estireno-acrílico Simples Base 0,020 a 0,200 Pinturas anticarbonatação, pouca
evaporação do solvente resistência ao intemperismo e à
solvente fotodegradação.
Sistema duplo epóxi- Reação com Base 0,100 a 0,250 Pinturas de alta performance
poliuretano os solvente anticarbonatação e pinturas externas ou
componentes internas de alta resistência química.
endurecidos
Fonte: Helene (1992, p.188).
De forma geral, Helene (1992) aponta que os produtos de mesma natureza dispersos em
água são mennos duráveis, possuem menor poder de penetração e são menos eficientes em
comparação com os produtos dispersos em solvente. Quando comparados com os produtos
monocomponentes, os produtos bicomponentes são mais eficazes.
As tintas e vernizes de base poliuretano são muito duráveis e oferecem excelente barreira
à penetração de dióxido de carbono, CO2, e reduzem os riscos de carbonatação do concreto.
Helene (1992) aponta que os produtos de base acrílica apresentam maior resistência ao
raios ultravioleta, pouco alteram a tonalidade do concreto (vernizes) e não amarelecem, mesmo
após 3 anos de exposição. Os produtos disponíveis de base estireno-acrilato são pouco
resistentes ao intemperismo e apresentam sintomas de envelhecimento bastante evidentes após
3 anos de exposição.
Os produtos de base epóxi apresentam segundo Helene (1992) maior aderência ao
concreto e de maior resistência química e mecânica. Em contrapartida, não possuem boa
resistência à radiação ultravioleta (fotodegradação) e apresentam características ideais para
ambientes internos em atmosferas industriais agressivas.
Para fazer com que o concreto tenha uma elevada proteção química e resistência à
fotodegradação em superfícies externas em atmosferas industriais, Helene (1992) sugere o
emprego de sistemas duplos constituídos por primer em epóxi e segunda demão em poliuretano
disperso em solvente. Helene (1992) descreve que estes sistemas se mostram eficazes nestas
situações.
A proteção que as tintas e vernizes oferecem depende da qualidade da resina e da
formulação. Os solventes voláteis, cargas e pigmentos utilizados nos produtos podem alterar
substancialmente o desempenho da película. Helene (1992) aponta que não é difícil de justificar o
fato de produtos aparentemente similares apresentam resultados totalmente discrepantes em
ensaios de avaliação de desempenho. Além disso, a durabilidade da proteção dependerá,
fundamentalmente, da boa preparação da superfície, da adequabilidade de uso, do controle da
qualidade na fabricação, no recebimento e na aplicação do produto. Helene (1992) recomenda
ainda a realização de ensaios prévios de avaliação de desempenho.
Demãos insuficientes
Costuma ocorrer, segundo Helene (1992) com vernizes (por serem incolores) e quando
não há controle de acompanhamento. O ideal é medir previamente o consumo por metro
quadrado e definir bem a área a ser revestida em cada turno de trabalho, além de complementar
com um sistema periódico de vistorias.
Má qualidade da formulação
Nem sempre o que é declarado como 100% acrílico é resina acrílica e de acordo com
Helene (1992) em geral, é resina de estireno acrilato. Para Helene (1992), caracterizar a
formulação e efetuar ensaios prévios de avaliação de desempenho é fundamental para discenir
entre bons e maus produtos.
43
descascamento cura); sódio e repintar.
Descoloração Ação ultravioleta 6 meses Corrigir a formulação do produto.
Destacamento Excesso de diluição; 2 meses Eliminar a causa do problema ou preparar
má preparação do adequadamente o substrato antes de repintar.
substrato
Fungos Umidade elevada; 2 meses Eliminara a causa da umidade e corrigir a
ausência de fungicida formulação do produto.
na formulação
Fonte: Helene (1992, p.188).
A vida útil esperada estimada por Helene (1992) é maior do que 7 anos, para situações
normais. A repintura, se necessária, é simples e consiste em preparar a superfície, reaplicar
somente a demão de acabamento em acrílico, uma vez que o primer continuará impregnado ao
substrato.
44
armaduras e outras que existirem, deverá ser reparada adequadamente antes da pintura das
superfícies (Helene, 1992).
Para a obtenção da vida útil máxima, a aplicação correta da pintura é tão importante
quanto a preparação da superfície e a seleção correta do sistema de pintura. As tintas
apresentam, segundo Helene (1992), separação por sedimentação dos componentes mais
pesados em relação aos mais leves. A homogeneização do produto assume importância
fundamental e no caso de produtos bicomponentes, Helene (1992) destaca a utilização da
totalidade do conjunto, inclusive com a sugestão de raspar o fundo das embalagens com auxílio
de espátulas. A depender da viscosidade do material, misturadores mecânicos podem ser
necessários para obtenção de uma correta homogeneização.
Pulverização
Aplicação a pincel
Aplicação a rolo
Cuidados na aplicação
Manutenção
45
No programa de manutenção preventiva a intervenção nas fachadas e superfícies de
concreto aparente ocorre antes que estas apresentem sinais significativos de degradação. De
acordo com Helene (1992) os sistemas protetores têm uma vida útil relativamente curta quando
comparada à vida útil da estrutura (50 anos) e deve ser periodicamente inspecionada para
verificar a necessidade de manutenção para continuar a manter a sua funcionalidade.
Para efeito de ordem de grandeza, Helene (1992) sugere a repintura periódica preventiva a
cada período de 2 a 3 anos para hidro-repelentes e pinturas base água e pelo menos 4 anos para
base solvente. Para sistemas duplos a sugestão é que a repintura preventiva ocorra a cada 6 a 7
anos.
Mesmo com as sugestões de realização de manutenção preventiva, a situação mais
comum segundo Helene (1992) é o caso de manutenção corretiva. Nestes casos os trabalhos de
manutenção são típicos de correção de manifestação patológica, ou seja, necessita de
diagnóstico prévio do problema, para identificação das causas e após realizar o procedimento de
proteção do concreto.
Ensaios destrutivos e não destrutivos para concreto vêm sendo estudados por diversos
estudiosos (Castro et al., 2009; Lecheta e Conto, 2012). A garantia da segurança das estruturas
de concreto precisa ser averiguada com nível elevado de precisão e detalhe e segundo Castro et
al. (2009), a maneira usual de inspecionar e fazer diagnósticos do desempenho das estruturas de
concreto decorre da extração de corpos de prova da própria estrutura. Entretanto, este
procedimento pode não ser recomendado, segundo Castro et al., (2009) em decorrência da
geometria dos elementos estruturais, que não permitem extrair testemunhos com as dimensões
padronizadas para os ensaios além dos próprios riscos e danos que o seccionamento das
estruturas pode causar. Ensaios não destrutivos passam a ser uma alternativa mais atraente
especialmente quando a análise decorre da combinação de métodos (Castro et al., 2009). De
acordo com Castro et al., (2009) o desenvolvimento lento de técnicas não destrutivas para
inspeção e avaliação das propriedades do concreto se deve a heterogeneidade do material, fato
que causa interferências nas medidas realizadas.
Castro et al., (2009) apresenta duas classes de métodos de ensaios não destrutivos para
aplicação em estruturas de concreto. Na primeira o foco é a estimativa de resistência do material,
tais como o ensaio de dureza superficial (esclerometria), resistência à penetração, ensaios de
arrancamento e método da maturidade. A segunda classe apontada por Castro et al., (2009) inclui
os métodos que medem outras características e defeitos internos do concreto por meio de
propagação de ondas e termografia infravermelha. Existem ainda métodos que fornecem
informações sobre a armadura, como a localização das barras de aço, seu diâmetro e o potencial
de corrosão.
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Fonte:Castro et al. (2009, p.1).
De acordo com Castro et al. (2009), o esclerômetro de reflexão de Schmidt é utilizado para
a avaliação da dureza superficial do concreto com base no princípio do ricochete. A Figura 37
apresenta o procedimento para utilização do esclerômetro e a realização do ensaio. O
procedimento de execução deste ensaio é estabelecido na NBR7584:1995.
Figura 37: Ilustração da sequência de execução do ensaio de esclerometria.
A resistência à penetração de concretos é medida, segundo Castro et al., (2009) por meio
do uso do penetrômetro Windsor. O equipamento emprega um dispositivo ativado à base de
pólvora para disparar um pino composto por uma liga de elevada dureza contra o concreto. O
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comprimento do pino que fica exposto é uma medida da resistência à penetração do concreto e
pode ser relacionada com sua resistência à compressão. Como o método de resistência à
penetração é basicamente um método de medida da dureza de um material e de acordo com
Castro et al. (2009) os valores resultantes não são absolutos ou precisos, mas são úteis para
medir o desenvolvimento de resistência do concreto de uma estrutura nas primeiras idades
especialmente para se identificar o momento correto para a remoção das fôrmas.
Ensaios de arrancamento
Castro et al. (2009) apresenta três tipos de ensaios de arrancamento: pullout, break-out e
pull-off. O método pull-off mede a força necessária para extrair um fragmento metálico com
geometria específica de uma estrutura de concreto, conforme apresentado na Figura 38. A força
de arrancamento converte-se em resistência à compressão equivalente por meio de correlações
estabelecidas previamente.
Figura 38: Esquema para execução do método pullout.
O método pull-off é baseado, conforme Castro et al., (2009), no conceito da relação entre a
força de tração necessária para arrancar um disco metálico, junto a camada da superfície de
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concreto à qual é colocado e a resistência a compressão do material. Castro et al., (2009) aponta
dois procedimentos para o ensaio: No primeiro, um disco é colado diretamente à superfície de
concreto e o volume de material destacado fica perto da face do disco; No segundo, a
carbonatação e demais efeitos de superfície presentes podem ser evitados pela utilização de um
corte parcial com profundidade específica.
Figura 40: Ilustração do método pull-off mostrando os dois procedimentos que podem ser usados.
Os ensaios de arrancamento podem ser utilizados, segundo Castro et al. (2009) para o
controle da qualidade do concreto especialmente para determinação do tempo de remoção
segura das fôrmas e do tempo de liberação para a transferência da força em elementos de
concreto protendidos ou pós-tensionados. A tensão de ruptura medida pode ser relacionada às
resistências de compressão e flexão do concreto tomando-se por base medidas específicas e
predeterminadas de correlações (Castro et al., 2009).
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No Isat é aplicada uma coluna de pressão constante sobre a superfície do concreto e
mede-se a taxa resultante de fluxo de água pelo material por unidade de área. O método Figg
consiste em fazer um furo perpendicular à superfície do concreto e, após o preparo devido, é
inserida uma agulha hipodérmica pelo tampão de espuma quando, então, é aplicada uma coluna
d’água e mede-se o volume de água absorvida em um tubo capilar calibrado. A determinação da
permeabilidade do ar é realizada por meio da substituição da seringa por uma bomba a vácuo e
um manômetro de pressão (Castro et al., 2009).
Método da maturidade
É uma técnica não destrutiva, que segundo Castro et al. (2009) possibilita a estimação do
ganho de resistência do concreto baseado no histórico da tempera desenvolvida durante a cura
do material. Segundo os autores, os efeitos combinados do tempo e temperatura sobre o ganho
de resistência são quantificados por meio de uma função de maturidade: amostras das mesmas
misturas de concreto de mesma maturidade atingirão a mesma resistência independentemente
das combinações tempo-temperatura que levam àquela maturidade.
Castro (2009) relaciona as principais aplicações deste método com o monitoramento do
desenvolvimento da resistência à compressão nas idades iniciais do concreto, para a retirada das
fôrmas e escoramento. Como limitações decorrem do fato do ensaio estar relacionado com
medidas pontuais, sendo que a investigação das variações internas do concreto necessitaria de
uma grande quantidade de pontos, fato que encarece o ensaio.
Considerações finais
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