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O psicólogo que trabalha com avaliação para concessão de porte de arma de fogo

deve ter a consciência de sua responsabilidade frente ao parecer de aptidão resultante


de sua avaliação. A entrevista psicológica é de extrema importância para
contextualizar o histórico de vida e fornecer impressões sobre o aspirante ao porte de
arma. No entanto, sabe-se que o sujeito pode omitir ou distorcer uma série de dados
comprometedores sobre sua conduta a fim de passar uma imagem idealizada para o
examinador. Nesse sentido, os testes psicológicos são extremamente necessários
para complementar a impressão causada nas entrevistas, subsidiando o parecer final
com resultados de instrumentos com embasamento científico.

Para que um psicólogo realize uma Avaliação Psicológica apropriada, este


necessita respeitar alguns critérios específicos, também descritos na
Resolução 07/2003 do CFP. Entre eles:
MANUAL DE ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS
DECORRENTES DE AVALIAÇÕES PSICOLÓGICAS

adotar como princípios norteadores as técnicas da linguagem escrita e os


princípios éticos, técnicos e científicos da profissão de psicólogo;
basear suas informações na observância dos princípios e dispositivos do
Código de Ética Profissional do Psicólogo, com ênfase nos cuidados em
relação aos deveres do psicólogo nas suas relações com a pessoa atendida,
ao sigilo profissional, às relações com a justiça e ao alcance das informações –
identificando riscos e compromissos em relação à utilização das informações
presentes nos documentos em sua dimensão de relações de poder;
se basear exclusivamente nos instrumentais técnicos (entrevistas, testes,
observações, dinâmicas de grupo, escuta, intervenções verbais) que se
configuram como métodos e técnicas psicológicas para a coleta de dados,
estudos e interpretações de informações a respeito da pessoa ou grupos
atendidos, bem como sobre outros materiais e documentos produzidos
anteriormente e pertinentes à matéria em questão. Esses instrumentais
técnicos devem obedecer às condições mínimas requeridas de qualidade e de
uso, devendo ser adequados ao que se propõem a investigar.
deve-se utilizar linguagem precisa, clara, inteligível e concisa, ou seja, deve-se
restringir pontualmente às informações que se fizerem necessárias, recusando
qualquer tipo de consideração que não tenha relação com a finalidade do
documento específico.

É importante ressaltar que o psicólogo poderá responder por este laudo pelos
próximos 5 (cinco) anos subsequentes à data de sua elaboração, portanto, este
deverá ser guardado em seu consultório ou em sua clínica.

Uma Avaliação Psicológica não oferece um resultado exato, ou seja: não se


trata uma certeza de que aquele indivíduo avaliado não irá apresentar um
comportamento violento no futuro. Ela avalia principalmente características de
comportamento, temperamento, traços de personalidade que podem oferecer
pistas sobre a agressividade; o controle dos impulsos; o exibicionismo; em
geral: a tendência de algum indivíduo apresentar respostas favoráveis ou
desfavoráveis ao que é esperado dele ao possuir uma arma de fogo. É também
possível perceber quais mecanismos de defesa podem ou não ser utilizados
numa possível tentativa de alguém omitir ou mentir algumas características de
si mesmo para manipular um resultado desejado.
Essas características se fazem importantes pois é avalia-se o papel que a arma
de fogo desempenhará na vida de quem a possuir. Alguém que tem, mesmo
que não saiba, uma baixa autoestima e um forte desequilíbrio no controle de
suas emoções, por exemplo, poderia enxergar a arma de fogo como uma forma
de compensação por suas incapacidades – sendo uma pessoa mais propensa
a sacá-la e/ou dispará-la perante alguma frustração e/ou provocação. Assim
como alguém que não possua uma boa habilidade de concentração, de exercer
seu raciocínio lógico e seu senso crítico na hora da tomada de decisões,
poderá reagir de maneira indevida a uma situação onde o uso da arma, ao
contrário do exemplo anterior, se faria necessário.

O procedimento a ser seguido pelos psicólogos, no momento em vigência, é a IN nº 78, de 10


de fevereiro de 2014 (Departamento de Polícia Federal, 2014).  Essa Instrução estabeleceu
que psicólogos devem considerar as características de personalidade definidas para o usuário
de arma de fogo e para o vigilante, conforme os Anexos V (Extrato dos Indicadores
Psicológicos do Portador de Arma de Fogo) e VI (Extrato do Perfil Profissiográfico do Vigilante).
Estes indicadores foram descritos como aptidão psicológica do interessado no manuseio de
arma de fogo, a ser comprovada por meio da submissão à bateria de instrumentos de
avaliação, composta por testes projetivos, testes expressivos, testes de atenção e de memória,
bem como à entrevista semiestruturada

§ 1º Os testes psicológicos utilizados devem ser reconhecidos pelo Conselho Federal de


Psicologia, sendo sua comercialização e uso restritos a psicólogos inscritos no Conselho
Regional de Psicologia, conforme art. 18 da Resolução CFP nº 002/2003.

§ 3º Os instrumentos de avaliação psicológica poderão ser aplicados de forma individual


ou coletiva, podendo cada psicólogo aplicar, no máximo, 10 (dez) testes individuais por dia
e atender, no máximo, 2 (dois) turnos de 15 (quinze) pessoas por dia.

§ 4º A entrevista semi-estruturada não será aplicada aos integrantes das instituições


referidas no artigo 36 do Decreto 5.123/2004.
Art. 7º O ambiente para a aplicação dos testes de aptidão psicológica atenderá aos
normativos em vigor do Conselho Federal de Psicologia, e deverá possuir, no mínimo, sala
de espera, sala de aplicação de testes e banheiro.

§ 1º A sala de aplicação de testes deverá possuir as seguintes condições, as quais são


fundamentais para minimizar ou evitar interferência no desempenho do candidato:
I - ambiente iluminado, por luz natural ou artificial, preferencialmente sem incidência de
sombras e/ou ofuscação;
II - ambiente com sistema de ventilação natural ou artificial;
III - temperatura confortável em relação ao clima local;
IV - ambiente higienizado em conformidade com as orientações do órgão de vigilância
sanitária local; e
V - salas de teste com baixo nível de ruídos, para evitar interferência ou interrupção na
execução das tarefas dos candidatos.

1.1 - A presente OS tem a finalidade de estabelecer critérios


com vistas a uniformidade de procedimentos com relação aos requisitos que
dizem a avaliação psicológica e comprovação de capacidade técnica para
manuseio de arma de fogo, para obtenção de Porte Federal de Arma,
consistindo este último na demonstração de conhecimento do conceito de
arma de fogo e das normas de segurança, do conhecimento básico das partes e
componentes de arma de fogo e do uso correto, em estande, de arma de fogo.

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