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Pimentel 2009
Pimentel 2009
Governador Valadares
Junho 2009
DAIDANI MARIA PIMENTEL
DANIELLE TORRES LIMA
RUTH LÉIA MONNERAT FONSECA
Governador Valadares
Junho 2009
A Atuação do Psicólogo Hospitalar no Atendimento aos
Portadores de Câncer de Próstata e de Mama.
Banca Examinadora:
________________________________________________
Prof. Omar de Azevedo Ferreira - Orientador
Universidade Vale do Rio Doce
________________________________________________
Prof. Mário Gomes de Figueiredo - Convidado
Universidade Vale do Rio Doce
_________________________________________________
Profa. Solange Nunes Leite Batista Coelho - Convidada
Universidade Vale do Rio Doce
AGRADECIMENTOS
As nossas queridas famílias, pela compreensão nos momentos de ausência, pelo incentivo
e amor incondicional;
E de forma muito especial aos nossos orientadores, Luiz Carlos Nebenzahl e Omar de
Azevedo Ferreira pela dedicação, paciência e competência na orientação deste.
Muito Obrigada!!!!
INSTANTES
RESUMO
APRESENTAÇÂO................................................................................09
INTRODUÇÃO.....................................................................................11
Problema de Pesquisa..............................................................................14
Objetivos.................................................................................................14
Justificativa.............................................................................................15
Método....................................................................................................16
CONCLUSÃO.......................................................................................39
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................41
APRESENTAÇÃO
O presente trabalho resultou de uma pesquisa qualitativa, com revisão bibliográfica sendo
utilizado o método descritivo. Pretendeu-se aqui, não somente, promover uma reflexão sobre
os possíveis impactos psicológicos que o câncer de próstata e de mama pode provocar na vida
emocional dos homens e mulheres quando se descobre ser portador de uma neoplasia
maligna, mas teve como principal finalidade compreender a atuação do psicólogo hospitalar
com estes pacientes.
Falar de câncer torna-se um assunto temido para muitas pessoas. Dizer que é um portador
de câncer pode gerar no indivíduo sentimentos negativos e constrangimentos. Apesar da
grande incidência com que o câncer de próstata e de mama tem acometido homens e mulheres
no Brasil e no mundo, trata-se de um tema que envolve medo, preconceitos, dúvidas, mitos e
incertezas.
Na introdução deste trabalho foi apresentado o problema de pesquisa que deu origem a
investigação do tema do trabalho. Também foi comentado a diferença entre doença e doença
crônica e ainda foram mencionados os objetivos e as justificativas que tornaram relevantes
para o entendimento do assunto proposto.
Devido à globalização, aos avanços tecnológicos, aos incentivos à área de pesquisas e aos
grandes problemas mundiais (saúde, poluição, etc.), a mídia tem divulgado muitas
informações sobre a saúde e bem-estar do ser humano e como devem cuidar de si mesmo.
Além desses aspectos apresentados, vale ressaltar àqueles de ordem emocional, tais como:
medo, ansiedade, depressão, angústia, estresse, etc., o que influencia diretamente na forma de
colaborar com o tratamento da doença.
Foi no contexto dos aspectos emocionais do portador de câncer que surgiu o presente
trabalho cujo tema é “A atuação do psicólogo hospitalar no atendimento aos portadores de
câncer de próstata e de mama”, com o propósito de compreender a dimensão do trabalho
desse profissional com estes portadores, seus familiares e cuidadores.
Saber que tem câncer e que este pode tirar a vida causa na pessoa um forte impacto o que
gera vários receios. Para o homem portador de câncer de próstata, pode existir o preconceito e
o temor de ser examinado pelo médico, causando-lhe sofrimento e angústia, por isso não é
difícil encontrar com alguns deles que dizem que nunca irão fazer o exame ou que retardam o
máximo possível de ir ao especialista.
Quanto à mulher portadora de câncer de mama, pode haver o temor de perder uma parte
do corpo, causando muitas vezes, diminuição da auto-estima e a “fantasia” de ser menos
mulher.
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O primeiro desses aspectos refere-se ao conceito dos termos “doença” e “doença crônica”.
Entende-se por “doença”, a desarmonia orgânica ou psíquica, que em função de sua
manifestação, desestrutura a dinâmica de desenvolvimento do indivíduo como um ser global,
gerando uma desarmonização do sujeito; compreende-se essa alteração como um abalo
estrutural na condição de ser dentro de sua sóciocultura. (SANTOS; SEBASTIANI, 1996).
Sendo o câncer considerado como uma doença crônica que compromete o sistema vital de
seu portador, para melhor compreender o significado do termo, faz-se necessário o
esclarecimento do conceito do mesmo.
Zozaya (1985), citado por Santos; Sebastiani (1996) define doença crônica como:
Ou seja, falar em “doença crônica”, implica dizer que é qualquer estado patológico em
que seja observado pelo menos uma das características acima citadas; características estas que
modificam todo o mecanismo de desenvolvimento do indivíduo e que exigem novas formas
de adaptação diante de sua nova condição de vida frente à doença.
“muitas enfermidades não têm a perspectiva da recuperação, resta à pessoa que foi
acometida por uma dessas enfermidades o esforço para se adaptar a vida com a
doença, ou seja, se reestruturar quase que por completo para poder assim viver, na
medida do possível, com qualidade apesar das limitações e perdas impostas pela
enfermidade.” (p.150).
Regressão: o paciente adota, diante da situação, uma conduta infantil e coloca em jogo
mecanismos regressivos. Tal reação é freqüentemente observada em indivíduos muito
dependentes e que em função de sua enfermidade se convertem em centro de atenções.
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Negação: mecanismo em que o paciente não reconhece ou aceita sua enfermidade; adota
uma atitude negativa, se recusa a receber ajuda e, portanto, pouco colabora com o tratamento.
Mesmo diante de todo o estresse e limitações impostas pela doença, o portador de câncer
de próstata e de mama, geralmente, é encorajado pela equipe de saúde e pela família a levar
uma vida “normal” na medida do possível. Com a constatação da doença, muitos pacientes
enfrentam a perda de um corpo saudável e ativo. Para outros, o funcionamento corporal não
adequado leva a uma perda da autonomia e da capacidade de agir com independência.
Doente” dentro de suas limitações físicas, psíquicas e/ou sociais, visando uma reabilitação do
paciente dentro desta nova condição de ser, buscando, na medida do possível, uma vida
próxima do normal.
PROBLEMA DE PESQUISA
O câncer de próstata assim como o de mama é uma doença temida, e percebida como
traumática e estigmatizadora, a ponto de afetar a estrutura física, emocional e social do
indivíduo. Resta saber o que o psicólogo hospitalar pode fazer para amenizar e/ou eliminar
esse sofrimento na vida de pessoas, causado pelo câncer de próstata e de mama. Esse é o
contexto que fez surgir à questão central dessa investigação que se apresenta nos seguintes
termos:
OBJETIVOS
JUSTIFICATIVA
Sendo essa doença causadora de medos, estigmas e preconceitos para algumas pessoas,
procurou-se conhecer os aspectos emocionais que acompanham estes portadores, seus
familiares e cuidadores.
Em função dessa observação, fez-se necessário uma investigação mais detalhada acerca da
participação do psicólogo hospitalar neste contexto e ainda permitiu conhecer os objetivos e
contribuições da psico-oncologia no atendimento aos portadores de câncer de próstata e de
mama.
Foi relevante, também, verificar a faixa etária em que há maior incidência e freqüência
desses tipos de cânceres, descrever os aspectos emocionais desses pacientes, seus familiares e
cuidadores decorrentes do processo de adoecimento.
Um outro fator que justificou a escolha pelo tema foi conhecer a importante contribuição
do psicólogo hospitalar na busca de alternativas de conduta psicoterápica que visem melhorar
a qualidade de vida de todos os envolvidos nessa luta contra o câncer de próstata e de mama.
Portanto, o psicólogo pode desempenhar suas atividades na prevenção do câncer, no
diagnóstico, no tratamento, no processo de cura e até na terminalidade.
Sendo assim, este trabalho teve como principal finalidade compreender a atuação desse
profissional no atendimento aos portadores de câncer de próstata e de mama, portanto, espera-
se obter o reconhecimento dos demais profissionais da área de saúde quanto à importância da
atuação do psicólogo hospitalar e ainda criar demanda para o futuro profissional em
psicologia oncológica.
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MÉTODO
Para a realização deste trabalho foi feita uma pesquisa qualitativa, com revisão
bibliográfica onde se utilizou livros específicos ou interligados ao tema em questão. O método
utilizado foi o descritivo.
Para Cervo e Bervian (2002) apud Mattos, Rossetto Júnior e Blecher (2003), o método de
pesquisa descritivo tem como características observar, registrar, analisar, descrever e
correlacionar fatos ou fenômenos sem manipulá-los, procurando descobrir com precisão a
freqüência em que um fenômeno ocorre e sua relação com outros fatores.
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE O CÂNCER DE PRÓSTATA E
DE MAMA
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA, 2008), o câncer é o nome dado a
um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado
(maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para
outras regiões do corpo.
Também denominado neoplasia maligna, o câncer é uma doença crônica que compromete
o sistema vital de seu portador. Sua ocorrência se deve a um processo de divisões anormais de
células, de forma exacerbada e incontrolável.
As causas de câncer são variadas, podendo ser externas ou internas ao organismo, estando
ambas inter-relacionadas. As causas externas relacionam-se ao meio ambiente e aos hábitos
ou costumes próprios de um ambiente social e cultural. As causas internas são, na maioria das
vezes, geneticamente pré-determinadas, estão ligadas à capacidade do organismo de se
defender das agressões externas. Esses fatores causais podem interagir de várias formas,
aumentando a probabilidade de transformações malignas nas células normais.
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Ainda de acordo com os autores esta glândula apresenta quatro áreas principais. São elas:
Zona Periférica: zona mais extensa da glândula; principal local de origem do câncer de
próstata (75-80%); Zona de Transição: região onde existe um pequeno número de casos de
câncer; Zona Central: região onde ocorre um número ainda menor de casos de câncer; Zona
Periuretral: região onde não se origina nenhuma malignidade.
1.2.1 DESENVOLVIMENTO
Conforme a ABCâncer (2009), assim como todos os outros tecidos e órgãos do corpo, a
próstata é composta por células, que geralmente se dividem e se reproduzem de forma
ordenada e controlada. Quando este processo de divisão e reprodução é alterado em
decorrência de uma disfunção celular, é produzido um excesso de tecido, que dá origem ao
tumor, podendo ser este benigno ou maligno.
1.2.2 SINTOMAS
“o câncer de próstata em sua fase inicial tem uma evolução silenciosa. Muitos
pacientes não apresentam nenhum sintoma, ou, quando apresentam, são
semelhantes ao crescimento benigno da próstata (dificuldade miccional, freqüência
urinária aumentada durante o dia ou a noite). Uma fase avançada da doença pode
ser caracterizada por um quadro de dor óssea, sintomas urinários ou quando mais
grave como infecções generalizadas ou insuficiência renal.”
1.2.3 DIAGNÓSTICO
Segundo a ABCâncer (2009), o toque retal é o primeiro passo para o diagnóstico. Usando
uma luva e introduzindo o dedo através do ânus, o médico, geralmente, urologista, é capaz de
sentir a presença de uma protuberância endurecida ou um aumento da próstata.
Uma vez realizado estes exames, em caso do médico encontrar ou suspeitar de qualquer
alteração na glândula, existem ainda outros tipos de exames adicionais como radiografias,
exames de sangue, além da ultrassonografia transretal, acompanhada de uma biópsia, que
poderão ser solicitados afim de confirmar a hipótese inicial. Contudo, a biópsia (exame que
consiste numa pequena cirurgia destinada a retirar um pedaço do nódulo suspeito, ou mesmo
o nódulo inteiro, para que este seja analisado), constitui-se como o único método eficaz e
preciso para a confirmação ou não do diagnóstico do câncer de próstata.
Este tipo de câncer não é uma doença exclusiva e característica apenas do sexo feminino.
È também encontrado no sexo masculino, embora o número de vítimas mulheres seja superior
ao de homens. Segundo Ricci e Pinotti (2004), para cada homem com câncer de mama
existem 100 mulheres portadoras.
1.3.1 TIPOS
Um câncer de mama invasivo é aquele que se movimenta além dos lóbulos e ductos, para
dentro do tecido mamário adjacente. Existem vários tipos de câncer de mama invasivo, o mais
comum é o carcinoma ductal invasivo, que ocorre nos ductos e representa cerca de 80% de
todos os casos de câncer.
1.3.2 DESENVOLVIMENTO
1.3.3 SINTOMAS
Na maioria das vezes o primeiro sinal do câncer de mama é um pequeno nódulo no seio.
Geralmente este nódulo é indolor e seu processo de desenvolvimento pode ocorrer lenta ou
rapidamente. Vale enfatizar que este não á apenas o único sinal evidente que determina a
detecção do tumor. È importante que a mulher, além deste sintoma, fique atenta a outros que
incluem: mudança de cor, reentrâncias (curvas para dentro), enrugamentos, ou elevação da
pele em uma área do seio; mudança do tamanho ou formato do seio; secreção no bico do seio;
presença de um ou mais nódulos nas axilas. (ABCâncer, 2009).
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1.3.4 DIAGNÓSTICO
Quanto mais cedo for diagnosticado o câncer de mama, maiores serão as chances e
possibilidades de se obter a cura para a doença. Existe a possibilidade de o resultado de
tratamento quando realizado na fase inicial da doença, tornar-se mais eficaz e menos
agressivo para a paciente. Dentre os objetivos do diagnóstico precoce, destaca-se: redução da
mortalidade; facilitar o tratamento do câncer; diminuir a morbidade da doença e possibilitar
cirurgias mais conservadoras e mais estéticas.
De acordo com as literaturas, existem alguns fatores de risco que são comuns na maioria
dos tipos de cânceres. Fazendo referência aos dois tipos específicos do trabalho em questão,
observa-se que fatores como a história familiar e a idade são comuns aos mesmos.
Com base em dados da ABCâncer (2009), o câncer de próstata é um dos cânceres mais
freqüentes em homens acima de 50 anos. É curável, na maioria dos casos, quando detectado
precocemente e responde muito bem aos tratamentos.
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Quanto ao câncer de mama, as causas ainda não estão completamente compreendidas, mas
algumas mulheres parecem ter um risco ou uma predisposição maior de desenvolverem a
doença. Além dos riscos em comum ao câncer de próstata, tal fato justifica-se pela ocorrência
dos seguintes fatores: menarca precoce; menopausa tardia (após 50 anos); primeira gravidez
(após 30 anos); nuliparidade (não ter tido filhos); ingestão regular de álcool; exposição a
radiações ionizantes em idade inferior a 35 anos; ausência de exercícios físicos e alimentação
rica em gordura alterada quimicamente.
Pode-se enfatizar que não há um único fator determinante considerado como sendo a
causa do surgimento da doença. Considera que existem diversos fatores que contribuem para
o desenvolvimento e progresso da mesma. O conjunto de fatores referido pelo autor é
composto por aspectos tais como, a predisposição genética, a exposição a fatores ambientais
de risco, o contágio por determinados vírus, o uso do cigarro, a ingestão de substâncias
alimentícias cancerígenas, dentre outros.
Provavelmente, todos os diferentes tipos de câncer não têm uma única causa, mas sim
uma etiologia multifatorial. (HUGUES, 1987 citado por CARVALHO, 2002, p.03).
“Para que a doença ocorra, parece ser necessária uma operação conjunta de vários
fatores tais como, a predisposição genética, a exposição a fatores ambientais de
risco, o contágio por determinados vírus, o uso do cigarro, a ingestão de substâncias
alimentícias cancerígenas, e muitos outros.” (TRICHOPOULOS, LI & HUNTER,
1996 apud CARVALHO, 2002, p.03).
Estima-se que até 70% dos casos de câncer podem ser evitados simplesmente impedindo-
se a exposição aos fatores de risco ambientais. A eliminação do hábito de fumar,
modificações na dieta, com maior consumo de frutas, verduras, legumes e cereais, a
prevenção das doenças sexualmente transmissíveis e do controle na exposição a agentes
químicos, radiações ionizantes e raios ultravioleta são medidas práticas que contribuem para a
redução máxima do risco de se desenvolver um câncer.
Cirurgia: É a mais antiga das formas de tratamento do câncer, ainda ocupa uma
posição de destaque no controle desta doença. Uma cirurgia oncológica definitiva visa
a remoção mecânica de todas as células malignas presentes junto ao câncer primário.
Radioterapia: é um tratamento no qual se utilizam radiações para destruir um tumor ou
impedir que suas células aumentem visando a cura do paciente, ou para diminuir os
sintomas da doença, evitando as possíveis complicações decorrentes da presença e
crescimento do tumor.
Quimioterapia: é a utilização de medicamentos específicos para o tratamento de
tumores, com o objetivo de destruir células cancerosas. Ingeridas ou injetadas na veia,
músculo ou sob a pele, os quimioterápicos distribuem-se para todas as partes do corpo.
“expõe que o câncer de próstata clínico é uma doença dos idosos, com pico de
incidência e mortalidade por volta dos 70 anos de vida. A doença responde por 10-
30% dos tumores clínicos registrados em homens e por 60% de todas as mortes
masculinas por câncer. Embora a taxa de incidência varie muito entre continentes e
dentro deles, entre as diversas populações étnicas, há evidência de que a taxa de
mortalidade não se correlaciona com a taxa de incidência. A incidência de câncer
de próstata clínico e sua mortalidade são baixas na Ásia e altas na Europa e na
América do Norte; A América Latina e o Sul da Europa tem taxas intermediárias”.
(p. 586)
Percebe-se que na faixa etária mencionada pelo autor, o câncer de próstata representa um
percentual relativamente alto no que diz respeito à taxa de mortalidade em decorrência da
doença, embora o percentual de casos registrados ou diagnosticados corresponde apenas cerca
de 10 a 30% dos tumores clínicos.
Segundo o INCA (2008), o câncer de próstata é o sexto tipo de câncer mais comum no
mundo e o mais prevalente em homens (cerca de 10% do total de câncer). No Brasil, para
cada 100 mil homens a partir dos 50 anos de idade, há 52 casos registrados. Apesar de um
alto índice de homens com câncer de próstata no mundo todo, sabe-se que nos países
desenvolvidos há uma maior probabilidade de ocorrência do câncer de próstata em relação aos
demais países, isto porque nos países desenvolvidos há maior prevalência de alimentos
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industrializados e gordurosos. Outro fator de risco é falta de atividade física regular. Para
diminuir os riscos de desenvolver a doença ele recomenda uma dieta rica em ômega 3, frutas,
verduras e alimentos poucos gordurosos.
Quanto aos dados epidemiológicos do câncer de mama, (PARKIN, 2001; RIES et al.,
2001, citado por PAULINELLI; MOREIRA; FREITAS JÚNIOR, 2004), afirma que há uma
elevada incidência e mortalidade em todo o mundo, constituindo-se assim como um grave
problema de saúde pública. O motivo pelo qual tem aumentado o índice dessa neoplasia é
devido às mudanças dos hábitos de vida e no perfil epidemiológico da população.
Na concepção dos autores acima citados, o câncer de mama é o tipo de câncer mais
freqüente no mundo e o mais freqüente entre as mulheres sendo a causa mais comum de
morte em quase todos os países do mundo.
Para Maluf; Jo Mori; Barros (2005, p.150), “o câncer de mama é a neoplasia maligna que
mais atinge o sexo feminino e é a maior causa de mortes por este tipo de doença, sendo
responsável por cerca de 20% dos óbitos por câncer entre as mulheres.”
De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA, 2008), o
Brasil deve registrar 49 mil casos de câncer de mama em 2009. O número se mantém estável
em relação a 2008.
2 O HOSPITAL, A PSICOLOGIA HOSPITALAR E A PSICO-
ONCOLOGIA
Antes do séc. XVIII, o hospital era visto como uma instituição de assistência aos pobres,
de separação e exclusão. Como portadores de doença e de possível contágio, os pacientes
eram considerados perigosos. Assim, o hospital os recolhia, protegendo a sociedade. Não era
o doente que era preciso curar, mas o pobre que estava morrendo devia ser assistido,
oferecendo os últimos cuidados e sacramento. Nesta época, dizia-se que o hospital era um
morredouro, um lugar onde morrer. O pessoal hospitalar era “curativo, religioso ou leigo, que
estavam ali para fazer a caridade que lhe assegurasse a salvação eterna (FOUCAULT, 1999).
Foucault (1999), afirma que a experiência hospitalar não incluía a formação do médico.
Sua intervenção na doença era em torno da noção de crise. Na prática médica, nada permitia a
organização de um saber hospitalar. Não havia intervenção da medicina, ou seja, hospital e
medicina permaneceram independentes até meados do séc. XVIII.
Pode-se questionar então como ocorreu essa transformação, isto é, como o hospital foi
medicalizado e a medicina pôde tornar-se hospitalar?
“O ponto de partida da reforma hospitalar foi, não o hospital civil, mas o hospital
marítimo” (FOUCAULT, 1999, p. 103). Esse hospital marítimo era considerado um lugar de
desordem econômica e tráfico de mercadorias trazido das colônias. O traficante se fazia
doente e era levado para o hospital no momento do desembarque. Aproveitava a ocasião para
esconder a mercadoria que escapava do controle da alfândega. Nesses hospitais havia ainda o
problema da quarentena, isto é, da doença epidêmica que as pessoas traziam ao
desembarcarem. A reorganização do hospital se deu a partir da introdução de mecanismo
disciplinares frente ao espaço confuso que era o hospital.
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O saber médico que até o início do séc. XVIII se localizava somente nos livros, começa a
ter seu lugar no hospital, ou seja, a formação normativa de um médico deve passar pelo
hospital. Além de ser um lugar de cura, define-se também, como um lugar de formação de
médicos. O grande médico de hospital – aquele que será mais sábio, quanto maior for a sua
experiência hospitalar – é uma invenção do final do séc. XVIII.
De acordo com Camon et al (1994), a psicologia hospitalar não pode se colocar dentro do
hospital como força isolada solitária sem contar com outros determinantes para atingir seus
preceitos básicos, pois o psicólogo reverte-se de um instrumental muito poderoso no processo
de humanização do hospital na medida em que trás em seu bojo de atuação a condição de
análise das relações interpessoais. A própria contribuição da psicologia para clarear
determinadas manifestações de somatização é, igualmente, decisiva para fazer com que seu
lugar na equipe de saúde da instituição hospitalar esteja assegurado.
Para Cantone (2009), nesta área de atuação, o psicólogo está presente juntamente com
outros profissionais na convivência com o estigma câncer, elevando a importância dos
aspectos psicossociais, integrando a doença e o doente na totalidade do ser, como uma
unidade: mente, corpo e sentimento.
Segundo Penna (1997), a psicoterapia deve ter como objetivo melhorar, modificar e
atenuar aquilo que é disfuncional e que cause sofrimento ao paciente que o impeça de utilizar
formas adaptativas para lidar com a patologia, visando melhoras na qualidade de vida do
indivíduo na vigência de uma doença. Por isso que o psico-oncologista deve ter uma postura
ativa e com foco do adoecimento do portador do câncer de próstata e de mama e de suas
preocupações no momento.
31
Para Davidson (2003, p 74.), “as terapias psicológicas aumentam a sobrevida promovendo
ajustamento à doença.” Esse ajustamento podem ter correlatos imunológicos que medeiam
influências aparentes na sobrevida, ou seja, pacientes que adotam o espírito do combate “não
vou deixar esta doença me abater” e a negação “não acredito que isto realmente seja câncer”,
como estilos de adaptação, vivem mais.
3 A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO HOSPITALAR NO ATENDIMENTO
AOS PORTADORES DE CÂNCER DE PRÓSTATA E DE MAMA.
De acordo com Parkes citado por Carvalho (1999), o medo está presente, sobretudo no
caso de pacientes com câncer, devido à insegurança e a incerteza do que pode vir acontecer.
Dentre os medos mais constantes observados nas pesquisas realizadas pelo autor estão: medo
da dependência, que resulta em perder o controle e a autonomia sobre a própria vida, e ter de
depender de outras pessoas até mesmo para as atividades mais íntimas; medo do que vai
acontecer com os familiares após a sua morte, ou seja, o temor da sobrevivência deles,
tanto do ponto de vista financeiro como do desenvolvimento pessoal; medo de não consegui
realizar as metas pessoais, o medo de morrer cedo e não conseguir realizar as metas de vida,
de trabalho, de não ver os filhos ou netos crescerem, ou quaisquer outras que sejam essenciais
para essa pessoa; medo da dor ou da mutilação, que resulta em não conseguir suportar a dor,
de não ser cuidado de forma adequada, da mutilação e da degeneração corporal, perda das
funções físicas, psíquicas, intelectuais, sexuais e dos limites impostos por essas perdas; medo
da morte, temor da aniquilação, da finitude, de não existir, de ser esquecido, da separação ou
de quaisquer outros atributos ligados à morte.
Para Sontag (1994), as representações do câncer remetem a uma doença cruel, corrosiva,
contagiosa, estigmatizada e degradante que consome o indivíduo aos poucos, sendo muitas
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Quanto ao câncer de mama, este costuma ser aversivo para as mulheres devido às
exigências sociais quanto ao padrão de beleza. Como afirma Martins (2001), os rigorosos
padrões de beleza instituídos pela sociedade brasileira, nos quais a juventude e perfeição da
estética corporal são fundamentais, contribuem para afetar a auto-imagem e auto-estima das
portadoras do câncer de mama. Os meios de comunicação de massa divulgam a necessidade
de corresponder ao padrão de beleza vigente. Em decorrência, quando o câncer atinge áreas
de estética e sexualidade como a mama, o estado psicológico da doente fica mais
comprometido. Ela passa a considerar-se inadequada ao padrão de beleza socialmente
estabelecido. A idade e o estágio da vida alteram as percepções, a compreensão e a aceitação
de ser portadora do câncer de mama. A época é importante não só em termos de
desenvolvimento, mas também com relação a outros motivos de tensão. Períodos de transição
na vida podem intensificar o modo como a paciente vai lidar com o diagnóstico e o tratamento
da doença.
As pacientes com câncer de mama quando precisam submeter à mastectomia (retirada das
mamas), correm-se o risco de apresentarem uma imagem corporal negativa por causa da
cirurgia mutilante e dos efeitos devastadores do tratamento, pois podem produzir perda
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De acordo com Otto (2002), a resposta de uma mulher ao tratamento para o câncer e a
correspondente ameaça à sexualidade dependem de diversas condições, a saber: seus
sentimentos sobre a própria feminilidade; o valor dado ao seio perdido; o desconforto físico; a
resposta de outras pessoas significativas; o apoio que ela recebe com relação à sua identidade
sexual e seu sentimento de auto-estima.
As mulheres reagem com tristeza e sofrimento unidos a uma sensação de luto pela perda
do seio. Isto porque uma importante parte do corpo com significado emocional e sexual foi
extirpada. Esta perda contribui para o estabelecimento de sentimentos de depressão, vergonha,
incompletude e repugnância. É como se não reconhecessem mais o próprio corpo. A
desfiguração do corpo é vista como a causa dos problemas sexuais. A nova aparência física
gera, muitas vezes, vontade de se esconder. (SEGAL, 1995).
O avanço de novas técnicas de cirurgia plástica para a reconstrução da mama ajuda muito
na reabilitação da mulher. Os resultados geralmente são satisfatórios porque possibilitam
melhor recuperação física, estética e psicológica, reduzindo o trauma causado pela mutilação.
A cirurgia plástica pode ser realizada alguns meses ou anos após a mastectomia ou, de
imediato, dependendo da condição clínica da paciente.
administradas. Isto se faz necessário para que possa retomar ao controle de sua vida e voltar a
participar de sua existência.
É normal que sentindo seu corpo impossibilitado de seguir seu ritmo psicológico, o
paciente sinta-se em conflito. De um lado, imobilizado pela doença e hospitalização, de outro
se impondo às limitações reais e fantasmáticas, em busca da homeostase perdida.
Além das questões psicológicas inerentes ao adoecer, outras têm reforçado o exercício do
modelo biopsicossocial no atendimento à saúde: o reconhecimento da influência dos estudos
emocionais sobre o agravamento, determinação ou recuperação física e a disposição dos
psicólogos em querer transformar a qualidade de sobrevida dos pacientes.
Os portadores de câncer de próstata e de mama, não podem mudar a realidade que lhes
arrebata, mas podem mudar o seu modo de viver consigo mesmo e com os outros. O papel do
psicólogo começa a ter importância neste, quando: subsidia a compreensão da relação entre
estilo da vida com as características peculiares de cada paciente, prepara o paciente para os
próximos passos do tratamento e trabalha o medo da morte buscando juntos à força da vida.
(GIMENES, 1997).
36
“O psicólogo precisa ter muito claro que sua atuação no contexto hospitalar não é
psicoterápica dentro dos moldes do chamado setting terapêutico. E como
minimização do sofrimento provocado pela hospitalização, também é necessário
abranger-se não apenas a hospitalização em si – em termos específicos da patologia
que é eventualmente tem originado a hospitalização – mas principalmente as seqüelas
e decorrências emocionais dessa hospitalização.” ( p.24).
“É importante que o psicólogo tenha ciência de sua atuação para se tornar ele também
mais um dos elementos abusivamente invasivos que agridem o processo de
hospitalização e que permeiam largamente na instituição hospitalar. Ainda que o
paciente em seu processo de hospitalização esteja muito necessitado da intervenção –
e seguramente muito dos pacientes encaminhados ao processo de psicoterapia
também estejam necessitados de tratamento, mas preservam a si o direito de
rejeitarem tal encaminhamento – a opção do paciente de receber ou não esse tipo de
intervenção deve ser soberana e deliberar a prática do psicólogo.” (p.25).
De acordo com Santos; Sebastiani (1996. p.172), “o psicólogo hospitalar que trabalha com
o paciente portador de doença crônica atuará junto ao “Ser Doente” no sentido de resgatar sua
essência de vida que foi interrompida pela ocorrência do fenômeno doença”. Esse resgate
permite ao portador do câncer de próstata e de mama uma melhor qualidade de vida diante da
doença.
Assim como o paciente, a família e seus cuidadores podem passar por diversos estados
emocionais: medo, ansiedade, angústia, mobilização de mecanismo de defesa (negação,
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racionalização e fantasia são os mais freqüentes), mas nesse caso toda a mobilização tem
como intuito a superação da crise.
O atendimento psicológico tem ainda como finalidade vivenciar junto a esses pacientes
que está diante de seus conflitos e problemas sua nova condição de ser, numa tentativa de
interpretar a questão pessoal trazidas por eles, escutando suas experiências despojando-se dos
condicionamentos e predisposições inerentes da condição humana.
Prestar assistência ao paciente, lidar com suas angústias, minimizar seu sofrimento de seus
familiares e cuidadores, e trabalhar os aspectos emocionais decorrentes da doença, da
hospitalização ou de uma cirurgia é tarefa do psicólogo hospitalar.
CONCLUSÃO
O levantamento bibliográfico realizado neste trabalho, permitiu fazer uma reflexão sobre
uma doença grave que é o câncer de próstata e de mama, que se torna cada dia mais comum
entre os homens e entre as mulheres. Paralelamente, contribuiu também, para uma melhor
compreensão da atuação do psicólogo hospitalar nesse contexto.
Dentro das particularidades do câncer de próstata e de mama, foi verificado que há uma
evidente preocupação dos profissionais da área de oncologia na constatação precoce da
neoplasia. O que tem levado muitos portadores de câncer de próstata e de mama a não ter
possíveis sucessos no tratamento e a vir a falecer é a descoberta tardia da doença, ou seja,
quando a doença já está em estágios avançados.
minimização e/ou eliminação do sofrimento desse portador, assim como de seus familiares e
cuidadores , sofrimento este gerado pelo processo de adoecimento e internação.
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