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PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO GONÇALO

IPASG – INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA DOS


SERVIDORES MUNICIPAIS DE SÃO GONÇALO
_________________________________________________________________________
Processo: 255/14
Parecer 10/2014/VAM/IPASG

PARECER

Trata-se de PROCESSO DE APOSENTADORIA levado a efeito


pela segurada ROSANIA GOMES DOS SANTOS, professora docente II,
matrícula 7890, com contagem de tempo reduzido por conta do exercício
de magistério (conforme previsão constitucional).

Requerimento em fls. 02, com os documentos de fls. 03 usque


13.

Processamento conforme consta em fls. 14 usque 21, com


especial destaque para a dúvida acerca de possibilidade de computação do
tempo de exercício na função de secretária.

Após os autos me vieram para manifestação jurídica.

RELATADOS, PASSO A OPINAR.

Ab initio, data vênia, entendo que a requerente não possui


razão em seu pleito.

Senão, vejamos.

A Constituição Federal garante a concessão de aposentadoria


com um redutor de 05 (anos) na idade e no tempo de contribuição do
segurado, desde que comprovado o efetivo exercício das funções de
magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio.
RUA CORONEL SERRADO, 1064 – TÉRREO – ZÉ GAROTO, SÃO GONÇALO/RJ
CEP: 24400-000 – CNPJ: 32.538.167/0001-05
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Eis o texto constitucional, ipsis litteris:

Art. 40. “[...]. § 1º Os servidores abrangidos pelo regime


de previdência de que trata este artigo serão aposentados,
calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na
forma dos §§ 3º e 17: [...] III - voluntariamente, desde que
cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo exercício no
serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a
aposentadoria, observadas as seguintes condições: a)
sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se
homem, e cinqüenta e cinco anos de idade e trinta de
contribuição, se mulher; [...] § 5º - Os requisitos de idade e de
tempo de contribuição serão reduzidos em cinco anos, em
relação ao disposto no  § 1º, III, "a", para o professor que
comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das
funções de magistério na educação infantil e no ensino
fundamental e médio”.

O referido redutor é garantido também para os segurados que


se aposentarem pela regra do art. 6°, EC 41/03, ipsis litteris:

Art. 6º. “Ressalvado o direito de opção à aposentadoria


pelas normas estabelecidas pelo art. 40 da Constituição
Federal ou pelas regras estabelecidas pelo art. 2º desta
Emenda, o servidor da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e
fundações, que tenha ingressado no serviço público até a
data de publicação desta Emenda poderá aposentar-se com
proventos integrais, que corresponderão à totalidade da
remuneração do servidor no cargo efetivo em que se der a
aposentadoria, na forma da lei, quando, observadas as
reduções de idade e tempo de contribuição contidas no § 5º
do art. 40 da Constituição Federal, [...]”.

Com base nos dispositivos constitucionais acima


mencionados, não resta qualquer dúvida quanto a possibilidade de
utilização do tempo de redução para os segurados que efetivamente
exerçam as funções inerentes ao magistério, que podem ser sintetizadas
como as funções de transmissão de conhecimento em sala de aula.

Entretanto, o legislador infraconstitucional houve por bem


criar uma norma de extensão, alargando o conceito de magistério para
fins de aposentadoria com redução de tempo de contribuição e idade.

Podendo ser conferida, neste sentido, a redação do art. 67, §2°


da Lei 9.394/96, in verbis:

RUA CORONEL SERRADO, 1064 – TÉRREO – ZÉ GAROTO, SÃO GONÇALO/RJ


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Art. 67. “[...] § 2° Para os efeitos do disposto no § 5º do


art. 40 e no § 8 o do art. 201 da Constituição Federal, são
consideradas funções de magistério as exercidas por
professores e especialistas em educação no desempenho de
atividades educativas, quando exercidas em estabelecimento
de educação básica em seus diversos níveis e modalidades,
incluídas, além do exercício da docência, as de direção de
unidade escolar e as de coordenação e assessoramento
pedagógico”.

Tal regra chegou a ser contestada no controle concentrado de


constitucionalidade; entretanto o e. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL,
utilizando-se da regra de interpretação conforme, emitiu a decisão abaixo
ementada, in verbis:
“[...] I - A função de magistério não se circunscreve
apenas ao trabalho em sala de aula, abrangendo também a
preparação de aulas, a correção de provas, o atendimento aos
pais e alunos, a coordenação e o assessoramento pedagógico
e, ainda, a direção de unidade escolar. II - As funções de
direção, coordenação e assessoramento pedagógico
integram a carreira do magistério, desde que exercidos,
em estabelecimentos de ensino básico, por professores de
carreira, excluídos os especialistas em educação, fazendo jus
aqueles que as desempenham ao regime especial de
aposentadoria estabelecido nos arts. 40, § 5º, e 201, § 8º, da
Constituição Federal [...]”. (STF, ADI 3772, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski). (enfatizei).

Desta maneira, com base no entendimento emitido pelo


intérprete maior do texto constitucional, as seguintes funções nesta
municipalidade podem ser levadas em conta para os fins investigados:
1. Diretor: cujas atribuições estão contidas no art. 20, Portaria SEMED
010/04 e se enquadram no entendimento jurisprudencial acima exposto;
2. Diretor adjunto: cujas atribuições estão contidas no art. 21, Portaria
SEMED 010/04 e se enquadram no entendimento jurisprudencial acima
exposto (especialmente por serem, basicamente, as mesmas atribuições do
diretor);
3. Dirigente de turno: cujas atribuições estão contidas no art. 28, Portaria
SEMED 010/04, sendo que, além de substituir o diretor, atua, dentre
outras, na elaboração da proposta pedagógica da escola, participa da
reunião pedagógica, participa da organização dos horários de aula;
4. Orientador pedagógico: cujas atribuições estão contidas no art. 30,
Portaria SEMED 010/04, incluindo, dentre outras, participação na
elaboração do projeto pedagógico, planejamento e coordenação das
reuniões de pais e as de natureza pedagógica, verificação e conferência dos
diários e
5. Supervisor: cujas atribuições estão contidas no art. 123, Portaria SEMED
010/04, incluindo, dentre outras, acompanhamento e orientação do
processo pedagógico, verificação da regularidade da vida escolar do aluno.
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Podendo ser anotado que o mesmo e. SUPREMO TRIBUNAL


FEDERAL, também já decidiu de forma idêntica a aqui delineada,
conforme se confere no seguinte precedente, in verbis:

“[...] Conclui-se que o autor/apelante faz jus à


averbação de tempo especial em relação ao exercício dos
cargos de supervisor e orientador educacional, porquanto
funções que integravam a estrutura educacional das
instituições de ensino nas quais o autor laborou, cabendo,
portanto, a revisão do cálculo de sua aposentadoria,
conforme requerido [...]”. (STF, RE 733.265, Rel. Min. Marco
Aurélio). (enfatizei).

Apenas o servidor que tenha a função de “secretário” não fará


jus a aposentadoria especial de magistério, eis que não se enquadraria no
conceito estampado pela jurisprudência.

Eis que se trata de função meramente administrativa, ao


passo em que o Pretório Excelso já se declinou no sentido de que
“atividades meramente administrativas não podem ser consideradas como
magistério” (STF, RCL 17.426, Rel. Min. Roberto Barroso).

No mais, e por fim, é preciso se atentar para o fato de que,


para gerar o direito à aposentadoria especial de magistério, faz-se
necessário que as funções sejam desempenhadas por professor de
carreira, em estabelecimento de ensino básico.

Assim, e, como de costume, ressalvando o vosso melhor


posicionamento, oponho-me a que seja incluído no tempo de
aposentadoria especial de magistério, aquele em que houve o desempenho
de funções de secretária (ainda que em estabelecimento básico de ensino,
e ainda que por professor de carreira).

É o que me parece.

São Gonçalo, 24 de julho de 2014.

VALFRAN DE AGUIAR MOREIRA


PROCURADOR – IPASG
OAB/RJ 173.848 – MAT 008

RUA CORONEL SERRADO, 1064 – TÉRREO – ZÉ GAROTO, SÃO GONÇALO/RJ


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