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Administração Regional em Pernambuco - Unidade Executiva

Casa Amarela

ARTIGO DE PESQUISA

EDUCAÇÃO MUSICAL E PESSOAS COM NECESSIDADES


ESPECIAIS

Música

Centro de Difusão e realizações Musicais - CDRM

Estagiário: Hugo Manoel Souza de Moura Rocha


Supervisora: Maria Cristina Barbosa

Recife, setembro de 2018.


Administração regional em Pernambuco

Serviço Social do Comércio – PE

Presidente: Josias Albuquerque


Diretor Regional: Antônio Inocêncio Lima
Diretor Administrativo-Financeiro: Nivaldo Carvalho de Souza
Divisão de Atividades Sociais: Ana Paula Rodrigues Cavalcanti
Divisão de Educação e Cultura: Tereza Cristina da Rosa Ferraz
Gerente de Planejamento e Orçamento: Josué Pinto
Coord. Regional da Atividade: José Manoel da Silva Sobrinho

Unidade Executiva

Gerente da Unidade: Ladjane Carvalho


Analista Supervisor de Cultura: Breno Fittipaldi
Supervisora de Estágio: Maria Cristina Barbosa

Universidade Federal de Pernambuco

Reitor: Anísio Brasileiro de Freitas Dourado


Coordenador do Curso: Antônio Barreto
Orientador: Antônio Barreto
Aluno: Hugo Manoel Souza de Moura Rocha

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a toda equipe do CDRM e a direção da Unidade executiva de Casa Amarela no nome de
todos os funcionários desta Unidade, bem como a meus familiares e colegas de curso pelo apoio e
aprendizado ao longo desta caminhada.

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RESUMO

O presente artigo trata da música voltada para pessoas com necessidades especiais. Para tanto foi
realizada pesquisa bibliográfica acerca do assunto. Procurou-se verificar a legislação específica
voltada para pessoas com necessidades especiais, fazer uma breve indicação das necessidades
especiais mais conhecidas e relatar metodologias identificadas para o objeto de pesquisa. Chegou-se
à conclusão de que compreender os métodos ativos de pedagogia musical associados aos princípios
da psicomotricidade são o ponto de partida para uma educação musical voltada para pessoas com
necessidades especiais.

Palavras chave: música; educação musical; pessoa com necessidades especiais; deficiência.

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SUMÁRIO

1. Introdução ….....................................................................................................................06
2. Método ..............................................................................................................................07
3. Discussão...........................................................................................................................08
3.1. Pessoa com deficiência e legislação específica..........................................................08
3.2. Necessidades Especiais..............................................................................................10
3.3. Metodologias .............................................................................................................11
4. Considerações Finais.........................................................................................................14
5. Referências........................................................................................................................15

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1 – Introdução

Os benefícios da educação musical já são conhecidos, exemplos são o desenvolvimento


cerebral e a prática da socialização. Existe uma parcela de pessoas que não usufruem de uma
educação musical, são as pessoas com necessidades especiais ou pessoas com deficiência. Seja por
falta de um profissional qualificado, seja por preconceito e discriminação, grande parte dessas
pessoas não usufruem daquilo que a música pode lhes proporcionar.
Todas as pessoas escutam música. Entretanto não são todos os que possuem na escola básica
uma educação musical. Em escolas de música muitos tem a oportunidade de se musicalizarem. P.
Ocorre que mesmo nessas escolas específicas às pessoas com necessidades especiais é muitas vezes
negada a educação musical.
Geralmente associa-se a educação musical ao ato de tocar um instrumento. É normal a
crença de que pessoas com deficiência física ou cognitiva não são capazes de se musicalizarem por
não conseguirem tocar instrumento musical algum. A música não se dá somente ao tocar, são várias
as formas do fazer musical, e a música está ai para todos.
“A educação musical, realizada por profissionais informados e conscientes de seu papel,
educa e reabilita a todo o momento, uma vez que afeta o indivíduo em seus aspectos principais:
físico, mental, emocional e social.” (LOURO, 2006). São muitos os benefícios que as pessoas com
necessidades especiais podem desfrutar, destaco aqui a socialização e o desenvolvimento e
aprimoramento da psicomotricidade. Muito se fala acerca da inclusão das pessoas com necessidades
especiais e neste sentido a contribuição da música é essencial.

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2 – MÉTODO

Esta pesquisa caracteriza-se pelo método qualitativo de caráter descritivo. Como estratégia
de pesquisa foi utilizada a pesquisa bibliográfica. A coleta de dados se deu de maneira primária
através de observações, e sua análise foi de caráter qualitativo documental e interpretativo.

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3 – DISCUSSÃO

3.1– Pessoa com Necessidade especial e legislação específica


Atualmente as Pessoas com Necessidades Especiais possuem uma legislação específica
voltada para suas necessidades, pensadas de forma a dar-lhes o suporte necessário para que sua vida
em sociedade transcorra de forma livre e autônoma. Nem sempre foi dessa forma. As pessoas com
necessidades especiais, ou pessoas com deficiência, já foram consideradas como possuídas por
demônios em virtude de suas deficiências, na antiguidade, e já foram vistas como bobos da corte, na
idade média.
Para que estes cidadãos fossem vistos enquanto pessoas dignas, capazes de produzir
socialmente, de viver em sociedade um longo caminho foi percorrido. São três os paradigmas da
pessoa com deficiência. O primeiro remonta de cerca do primeiro quarto do Século XX para trás. O
segundo vai dos anos 1960, segunda metade do Século XX, até o começo dos anos 2000, no terceiro
milênio. O terceiro paradigma é o paradigma atual.
O primeiro é o Paradigma da Institucionalização, onde aquela pessoa que tinha uma
deficiência era segregada da vida em sociedade e passava a viver em locais específicos com pessoas
com a mesma deficiência. Neste paradigma os sujeitos são excluídos da vida em sociedade junto as
pessoas ditas normais, vivem reclusos em asilos ou instituições semelhantes. O segundo paradigma
foi o Paradigma da Integração. Neste modelo a pessoa era preparada para ser inserida na vida em
sociedade. “A escola integradora foi criada para receber as crianças especiais, no entanto, não
estava se preparando para tal.” (OLIVEIRA, 2008). Eram então oferecidos serviços voltados à esta
integração. O atual paradigma é o Paradigma do Suporte. Neste paradigma a sociedade é que deve
se adaptar para receber a pessoa com deficiência. Devem ser instaladas rampas de acesso,
oferecidos serviços de tradução em LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), serviços de
audiodescrição na televisão pública, dentre diversos outros exemplos.

O conceito baseia-se no pressuposto de que a pessoa com deficiência tem direito à


convivência não segregada e ao acesso imediato e contínuo aos direitos disponíveis aos
demais cidadãos. No entanto, para que isso aconteça, é necessário que haja um suporte
(social, econômico, físico ou instrumental), um meio que garanta o acesso a todo e qualquer
recurso da comunidade. O Paradigma do suporte é um processo bidirecional que norteia as
ações da sociedade e da pessoa com deficiência. (LOURO, 2012, p 27).

Atualmente a pessoa com necessidades especiais tem, através dos dispositivos legais, acesso
a bens e serviços que em outros tempos lhes eram negados. Citaremos, portanto, alguns destes
dispositivos, voltados para este público especificamente.

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LEIS
- Lei nº 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
§1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender as
peculiaridades da clientela de educação especial.
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais:
I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às
suas necessidades;
II – professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento
especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses
educandos nas classes comuns.
- Lei nº 8069/90 – Estatuto da Criança e Adolescente
Art. 54 É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:
III – atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na
rede regular de ensino;
- Lei nº 10.098/94 – Estabelece as normas gerais e critérios básicos para a promoção da
acessibilidade das pessoas portadores de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras
providências.
- Lei nº 10.436/02 – Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras e dá outras providências.
- Lei nº 7.853/89 – CORDE – Apoio às pessoas portadoras de deficiência.

DECRETOS
- Decreto nº 6.094/07 – Dispõe sobre a implementação do Plano de Metas Compromisso Todos pels
Educação;
- Decreto nº 6.215/07 – institui o Comitê Gestor de Políticas de Inclusão das Pessoas com
Deficiência- CGPD;
- Decreto nº 6.571/09 – Dispõe sobre o atendimento educacional especializado;
- Decreto nº 5.626/05 – Regulamenta a Lei nº 10.436/02 que dispõe sobre a Língua Brasileira de
Sinais – LIBRAS;
- Decreto nº 2.208/97 – Regulamenta a Lei nº 9394/96 que estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional;
- Decreto nº 5.296/04 – Regulamenta as Leis 10.048 e 10.098 com ênfase na Promoção de
Acessibilidade;

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PORTARIAS
- Portaria º. 1.793/94 – Dispõe sobre a necessidade de complementar os currículos de formação de
docentes e outros profissionais que interagem com pessoas com deficiências;
Recomenda a inclusão da disciplina:
“ASPECTOS ÉTICO-POLÍTICOSEDUCACIONAIS DA NORMALIZAÇÃO E INTEGRAÇÃO
DE PESSOAS PORTADORAS DE NECESSIDADES ESPECIAIS”, prioritariamente nos cursos de
Pedagogia, Psicologia e em todas as Licenciaturas.
Portaria nº 3.284/03 – Dispõe sobre requisitos de acessibilidade e autorização de reconhecimento de
cursos e de credenciamento em instituições;

RESOLUÇÂO
Resolução CNE/CEB nº 2/01 – Institui Diretrizes nacionais para a Educação Especial na Educação
Básica;

3.2 – NECESSIDADES ESPECIAIS

Hoje a deficiência é vista como incapacidade do indivíduo de atuar funcionalmente no


ambiente onde se encontra. No Brasil, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) de 2010, 45 milhões de brasileiros possui alguma deficiência, ou seja 25%
da população necessita de algum recurso ou adaptação para viver normalmente e de forma
autônoma.
Existem alguns tipos de deficiências como as físicas, as mentais e as deficiências associadas
(pessoas que possuem ambos os tipos de deficiência). As mesmas podem ser classificadas ainda
como congênitas ou adquiridas. Congênitas são aquelas onde a pessoa já nasce com a deficiência,
podem ser ou não genéticas. A Síndrome de Down é um exemplo clássico de deficiência congênita
genética. As deficiências adquiridas são, como o nome bem diz, adquiridas após o parto, seja por
problemas neste ou por acidentes, como, por exemplo, amputações decorridas de acidentes de
trânsito.
As deficiências mais conhecidas do grande público são as deficiências visual, auditiva,
motora e mental. Cada uma dessas deficiências requer uma adaptação por parte da sociedade, dentro
do atual Paradigma do Suporte, para atender seu público. Se pensarmos a partir da pedagogia à
pessoa com deficiência visual deveria ser oferecido serviços de audiodescrição, bibliografia em
Braille, para música especificamente - partituras escritas a partir da musicografia Braille, dentre
outros. Para aquele com deficiência auditiva intérpretes de LIBRAS em sala de aula são

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indispensáveis, bem como os mesmos em filmes e documentários. Aquele com deficiência motora
necessitará de rampas de acesso à instituições educativas, elevadores adaptados, transporte público
adaptado.
No atendimento á pessoa com necessidades especiais é necessário evitar alguns
comportamentos como a superproteção, a negação da deficiência, a piedade, a generalização, a
infantilização e a supervalorização dos mesmos. É importante ter consciência das limitações de cada
um, potencializar as habilidades e dar autonomia ao aluno.

3.3- METODOLOGIAS

Dentre a bibliografia pesquisada destaca-se os livros da Professora Drª. Viviane Louro,


especialista em deficiência cognitiva/auditiva/física, problemas de aprendizagem, musicoterapia,
neuroanatomia e psicomotricidade, atualmente professora do Curso de Licenciatura em Música da
Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. Louro (2006) nos lembra que a deficiência é uma
condição e não um estado de saúde. É necessário que sejam observadas algumas adaptações para
que estas pessoas recebam uma educação musical eficaz, que atinga o sujeito em seus aspectos mais
diversos como o metal, o emocional, o social e o físico.

O que se deve fazer, em verdade, é promover adaptações (a partir do currículo proposto),


para que o aluno possa absorver os conteúdos possíveis e condizentes com a fase de
desenvolvimento intelectual em que ele se encontra; em outras palavras, deve-se repeitar o
potencial circunstancial de aprendizagem. As adaptações propostas são: -De objetivo: a
partir de um mesmo conteúdo oferecer um objetivo alternativo, visando os alunos que
necessitem deste tipo de diferenciação; -De planejamento e temporalidade: estender o
tempo de aprendizagem (numa determinada matéria) que se apresente particularmente
dificultosa para o aluno; -De metodologia: utilizar diferentes estratégias para se atingir o
objetivo proposto; -De avaliação: utilizar diferentes formas para mensurar o ganho
intelectual do aluno. (LOURO, 2012, p 33).

É importante que o professor possua conhecimento das deficiências com a qual ele lida de
forma que o mesmo possa planejar sua aula voltada, também, para os alunos com necessidades
especiais. Conhecer o diagnóstico e o prognóstico de seus alunos, conhecer detalhadamente o aluno,
intercambiar informações com profissionais que acompanhem a pessoa (geralmente são vários), e
definir metas claras e realistas (Louro, 2012) são o caminho. A metodologia adotada por Louro é
descrita pela autora:

prefiro trabalhar os pré-requisitos da aprendizagem, (que são baseados no desenvolvimento


neuropsicomotor), para depois apresentar os conceitos musicais. A introdução de tais
conceitos é feita, primeiramente, nas atividades em grupo, de maneira lúdica e com
movimentos corporais associados. Somente depois disso apresento os mesmos conceitos de
modo teórico. Essa é a metodologia que norteia a atividade pedagógico-musical sob minha

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responsabilidade mas, dentro dela, procuro conduzir cada aluno diferenciadamente,
respeitando suas necessidades naquele dado momento. (LOURO, 2012, p 61).

Partindo da Psicomotricidade, conceito bastante relevante no trabalho de Louro, é


importante o educador ter em mente que a mesma é sustentado pelo psicológico, pelo cognitivo,
pelo motor e pela faixa etária, deve ser compreendida a partir do: querer fazer; saber fazer; poder
fazer. O ser humano, em seu desenvolvimento, segue o caminho da cabeça para os pés e do todo
para as partes. Primeiro sustentamos a cabeça e por último ficamos em pé, nunca o contrário. O
auxílio a este desenvolvimento surge através de estímulos externos. Se uma criança nasce com
deficiência visual e sua família não a estimula na infância, seu desenvolvimento estará
comprometido. Estímulos auditivos, visuais, tátil-sinestésicos, estímulos do paladar e olfato, todos
são de suma importância no desenvolvimento da pessoa com e sem deficiência.

É de suma importância que o educador se conscientize da necessidade de estímulos para a


memória. Recursos como a associação de sons a imagens, palavras, cores, bem como a
criação de letras para músicas, de versinhos rimados ou frases engraçadas, entre outras
coisas, facilitam o armazenamento e o acesso a determinado conhecimento pois estimulam,
ao mesmo tempo, diferentes regiões do cérebro, tornando possível o funcionamento
concomitante delas. (LOURO, 2012, p 87).

Grande parte do desenvolvimento humano ocorre nos ´primeiros anos de vida através da
coordenação das ações sensório-motoras, ou seja, através do perceber, se relacionar e
construir uma imagem interna do mundo exterior. O desenvolvimento, principalmente da
inteligência, depende das vivências que a pessoa trava com o mundo externo. Sendo assim,
a relação corpo-movimento-sentidos é de crucial importância para o amadurecimento
global do homem, para que ele possa assumir-se como ser no mundo e assim construir sua
estória. Esse processo de evolução, em princípio, natural a todos, é o que conhecemos por
psicomotricidade, ou seja: relação entre o pensamento e a ação, envolvendo também a
emoção. (Nascimento e Machado, 1986, apud LOURO, 2006, p. 53).

Na psicomotricidade alguns elementos são necessários à uma aprendizagem funcional:


tonicidade, equilibração, esquema corporal, lateralização, orientação espaço-temporal, praxia fina e
praxia global. Não se fará uma descrição pormenorizada de cada um desses elementos, basta ter em
mente que a música é uma das mais eficientes ferramentas para o desenvolvimento psicomotor,
desenvolvimento este que envolve todos estes componentes (Louro, 2012). “Para uma
aprendizagem musical plena, é necessário que os problemas básicos em relação a psicomotricidade
estejam resolvidos, sejam os alunos pessoas com ou sem deficiência.” (LOURO, 2006, p 59).
A metodologia desenvolvida por Louro tem como pilar as pedagogias musicais dos
chamados métodos ativos, busca suas bases em Orff, Dalcroze, Kodálly, Willems, Paynter, Schaffer,
dentre outros, e soma-os aos princípios da psicomotricidade. Suas atividades passam
necessariamente pela vivência corporal. Utiliza-se como princípio básico as propriedades do som. A

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autora destaca ainda a importância dos jogos no desenvolvimento e na aprendizagem musical.
Bertoluchi (2011) nos lembra que a educação musical deve começar em casa, e que o
objetivo da educação musical é a educação pela música, que por sua vez vai englobar o
desenvolvimento da manifestação artística e expressiva da criança, desenvolvimento do sentido
estético e ético, desenvolvimento da consciência social e coletiva, desenvolvimento da aptidão
inventiva e criadora, a busca do equilíbrio emocional e o reconhecimento dos valores afetivos.
Bertevelli (2010) relata que a educação musical será a mesma para a criança cega ou para a
criança vidente (que enxerga). Se utilizará da percepção auditiva e do fazer musical, lembrando
contudo, o quão importante são as vivências e estímulos que a criança cega necessitará para se
desenvolver. “devemos considerar que a criança cega é capaz de se desenvolver normalmente e
integralmente, mas necessita de auxílio para que isso ocorra.” (BERTEVELLI, 2010, p. 303). A
autora salienta que é necessário conhecer o aluno e o local onde o trabalho ocorrerá, criar rotinas,
promover interações, e destaca a importância das brincadeiras e jogos.

A educação especial e inclusiva, atualmente, não parte mais do pressuposto de que todos
são iguais, mas que todos devem ser considerados e respeitados em suas diferenças. Mais
ainda, se pensarmos uma atividade para a criança cega, com certeza ela funcionará para a
criança que enxerga também. O contrário já não é verdadeiro. O conteúdo sempre será o
mesmo, porém adaptações são necessárias; adaptações das atividades, do material e das
estratégias a serem utilizadas nas aulas. (BERTEVELLI, 2010, p 311).

o corpo é a condição primeira para que ocorra o pensamento; é o caminho das ações
sensório-motoras. É necessário desvendar o corpo, conhecer suas partes e possibilidades de
movimento, o que parece simples para qualquer um de nós que enxergamos. Iniciamos com
exercícios, repetições, sensações no espaço e tempo que devem ser exploradas. Começamos
com uma parte muito importante do corpo: a mão. Com ela o cego explora, conhece e
reconhece o mundo, os objetos, peso, textura, forma; reconhece o todo pelas partes. Mãos
em movimento, sozinha, em comunhão com outras mãos. As mãos que tocam, leem,
aprendem e interagem. Depois o rosto, com características físicas e étnicas; as emoções
sentidas e transmitidas, as partes e o corpo todo; braços e pernas, movimentos circulares,
pequenos e grandes, mas simplesmente, movimento. (BERTEVELLI, 2010, p 305).

Fica claro que movimento está intimamente ligado a aprendizagem na educação musical.
Pessoas com deficiência que não foram estimuladas quando crianças podem beneficiar-se das aulas
de música para desenvolver seu aparato psicomotor mesmo em idade avançada, observadas as
limitações próprias da deficiência e da idade em questão. O corpo é o caminho para a
aprendizagem, é através dele que se internalizará os conceitos musicais.

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4.3- CONSIDERAÇÕES FINAIS

A educação musical pode ser de grande contribuição no processo de aprendizagem da


pessoa com necessidades especiais. Valendo-se das propostas de métodos consagrados da pedagogia
musical, aliando-os aos conceitos primordiais da psicomotricidade o educador pode alcançar
resultados satisfatórios em seu exercício profissional.

Fica claro que um dos aspectos mais importantes no que concerne a educação musical
voltada para pessoas com necessidades especiais, é a adaptação. Está ai o segredo. O educador deve
adaptar currículo, objetivos, conteúdos, material, enfim, tudo que possa auxiliar no processo
educacional de seu aluno. Devem ser observados todos os pormenores inerentes a educação musical
de pessoas com necessidades especiais, como diagnóstico e prognóstico, características da
deficiência, possíveis adaptações, dentre outros.

Um recurso importante que, com certeza, irá auxiliar o trabalho do educador certamente são
as brincadeiras e jogos musicais. Já está comprovado que a ludicidade auxilia o processo de
aprendizagem. Suas funções lúdicas e educativas somadas podem render bons frutos ao educador
comprometido com sua missão.

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5 – REFERÊNCIAS

LOURO, Viviane dos Santos; ALONSO, Luís Garcia; Andrade, Alex Ferreira de. Educação Musical
e deficiência: propostas pedagógicas. São José dos Campos: Ed. do Autor, 2006. 191p.

LOURO, Viviane dos Santos. Fundamentos da Aprendizagem Musical da pessoa com deficiência.
1º edição. São Paulo: Editora Som, 2012. 296p.

BERTEVELLI, Isabel Cristina Dias. Estratégias Metodológicas utilizadas na educação musical de


cegos a partir da abordagem Orff-Schulwerk. In Revista Eletrônica Pesquiseduca v2, n. 4 – jul.-dez.
2010.

BERTOLUCHI, Maria Aparecida. Autismo, musicalização e musicoterapia. In Artigos Meloteca


2011.

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