Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DOI:10.34117/bjdv6n6-344
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi desenvolver um néctar misto de manga “carlota” e maracujá do sono e
avaliar as características físico-química, microbiológica e sensorial. Foram preparadas duas
formulações variando as quantidades de polpa: F1 – 25% de polpa de manga, 15% de polpa
de maracujá do sono e 60% de água mineral F2 – 30% de polpa de manga, 10% de polpa de maracujá
do sono e 60% de água mineral. As formulações foram submetidas à caracterização físico-química
(pH, sólidos solúveis, vitamina C, acidez titulável e açucares totais), microbiológica (bactérias
aeróbicas mesófilas, bolores, leveduras e salmonela) e avaliação sensorial (cor, aroma, sabor, e
intenção global). Para o teste de aceitação, participaram 70 degustadores não treinados utilizando
uma escala hedônica baseada em nove pontos, e na intenção de compra, uma escala estruturada de
cinco pontos. As formulações testadas (F1 e F2) apresentaram uma boa aceitação sensorial por parte
dos provadores com média de 7,4 e 7,9 nesta ordem, e para “intenção de compra”. Os resultados
estiveram entre “provavelmente compraria” “certamente compraria. Nas análises físico-químicas, só
houve diferença significativa para a vitamina C e relação SS/Acidez (p≤0,05) e na análise
microbiológica, os resultados encontrados estão em conformidade com a Legislação. Portanto, a
bebida elaborada apresenta-se como um produto atraente e bem aceito, sinalizando que pode ser
adequada ao consumo e comercializado no mercado de néctares pronto, sugerindo que pode
representar uma fonte adicional de renda as famílias dos pequenos e médios produtores da região
agregando valor a cultura contribuindo com diminuição das perdas pós-colheita no período de safra.
ABSTRACT
This work aimed to develop a mixed nectar with “carlota” mango and sleeping passion fruit and
evaluate its physico-chemical, microbiological and sensory characteristics. We prepared two mixes
with different pulp proportions: F1 - 25% mango, 15% passion fruit and 60% and mineral water, F2
- 30% mango, 10% passion fruit and 60% mineral water. The formulations were subjected to
physical-chemical characterization (pH, soluble solids, vitamin C, titratable acidity and total sugars),
microbiological (mesophilic aerobic bacteria, molds, yeasts and salmonella) and sensory evaluation
(color, aroma, flavor, and overall purchase intention). For the acceptance test, 70 untrained tasters
participated using a hedonic nine-point scale, and for purchase intention, a structured five-point scale.
The tested formulations (F1 and F2) showed good sensory acceptance by the tasters with an average
of 7.4 and 7.9 in this order, and for “purchase intention,” the results ranged between “probably would
buy” “certainly would buy’. For physico-chemical analyzes, there was only significant difference for
vitamin C and SS/Acidity ratio (p≤0.05) and in the microbiological analysis, the results found are in
accordance with the legislation. Therefore, the beverage presents itself as an attractive and well
accepted product, signaling that it can be suitable for consumption and commercialized in the ready-
made nectar market, suggesting that it may represent an additional source of income for small and
1 INTRODUÇÃO
De acordo com os dados da FAO (2018), em 2016 o Brasil produziu cerca de 42,3 milhões de
toneladas de frutas, ocupando a terceira colocação no ranking da produção mundial. E nesse contexto,
destaca-se a região Nordeste com produção de 1.319.298 e 602.651 toneladas de frutos de manga e
maracujá respectivamente (IBGE, 2018), a mesma abrange uma diversidade genética de fruteiras,
nativas e exóticas, que podem apresentar potencialidades e possibilidades para a conquista do
mercado interno, para a exportação e diversidade agrícola (COSTA et al., 2009). Entre essas fruteiras,
destaca-se o maracujá do sono e a manga “carlota”.
A manga (Mangifera indica L.), é fruta tropical que apresenta variedades cultivadas no Brasil
com grande aceite comercial como ‘’Tommy Atkins”, em maior quantidade, “Haden”, “Keitt”,
“Van”, “Dyke”, “Rosa”, “Ubá”, entre outras (FARAONI et al., 2009) devido as suas propriedades
antioxidantes (LAKHANPAL; VAIDYA, 2015). A variedade “carlota”, é uma planta de porte médio,
bem enfolhada, com folhas grossas de cor verde opaco (DONADIO, 1996). Seus frutos possuem forte
apelo regional devido ao seu sabor ímpar e são comercializados em sua maioria nas feiras livres
podendo ser encontrado em grandes mercados em pequena quantidade, como um produto
diferenciado e com maior valor agregado obtidos como sucos simples e mistos, doces, sorvetes,
geleias e outros. Embora na literatura nacional não exista dados que retrate sua composição química
e nutricional.
O Brasil também é um grande produtor mundial de maracujá, os frutos do maracujazeiro
amarelo (Passiflora edulis Sims) e o maracujazeiro-doce (P. alata Curtis) são os mais cultivados
comercialmente, apesar de existir várias espécies com grande aceitação como a P. setacea. Os frutos
de P. setacea é popularmente conhecido como sururuca, maracujá-de-cobra ou maracujá-do-sono,
apresenta potencial para introdução no mercado consumidor, pelas propriedades medicinais, que
segundo uso popular previne problemas de insônia (GUIMARÃES et al., 2013), como fruta in natura,
por apresentar sabor exótico, doce e saboroso ou na forma de doces e sorvetes (ATAÍDE et al., 2012)
sucos e néctares.
A busca crescente por alimentos com propriedades saudáveis e nutritivas impulsiona o
desenvolvimento de novos produtos, associada ao fato de os consumidores serem mais informados e
exigentes (DELIZA et al., 2003). A análise sensorial, é considerada como uma importante ferramenta
2 MATERIAL E MÉTODOS
Os frutos (manga “carlota” e maracujá do sono) foram adquiridos na feira livre localizada no
centro da cidade de Cruz das Almas situada no Recôncavo da Bahia. As frutas foram selecionadas
manualmente a fim de escolher os frutos sem danos, injurias e grau de maturação uniforme (maduro),
sendo transportadas para o Laboratório de Tecnologia de Alimentos de Origem Vegetal, da
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), em Cruz das Almas- Ba, onde foram
imediatamente lavados em água corrente e imersos em uma solução de hipoclorito de sódio a 100ppm
durante 20minutos. Em seguida foram banhados em água corrente e colocados para secar a
temperatura ambiente. Após a secagem, procedeu-se o descascamento dos frutos com o uso de facas
de aço inoxidável separando as polpas das sementes. As polpas foram submetidas à trituração em
liquidificador doméstico para a sua completa homogeneização e logo após foram refinadas com
auxílio de uma peneira de aço com abertura de 6,3mm e utilizadas para realizar as seguintes
formulações: (F1) - 25% de polpa de manga + 15% de polpa de maracujá; (F2) - 30% de polpa
de manga + 10% de polpa de maracujá completando o volume de 2 litros das duas formulações com
água mineral e em seguida foram padronizadas a 12º Brix através do balanço de massa usando
sacarose (BASIL,2003) e logo após foram acondicionadas em garrafas plásticas de polietileno,
resfriada a temperatura entre 7°C a 8ºC e no dia seguinte foram servidas ao público alvo. Parte das
amostras foram destinadas a analises físico-química e microbiológica.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 1 apresenta a caracterização físico-química (pH, Acidez total, Sólidos
solúveis, ácido ascórbico, açúcares totais e a relação SS/AT) do néctar misto de manga “carlota” e
maracujá do sono para as formulações F1 (25% de polpa de manga + 15% de polpa de maracujá e F2
(30% de polpa de manga + 10% de polpa de maracujá). Observou-se que não houve diferença
estatística (p < 0,05) para os valores de pH e acidez com valores 3,6 a 3,7 e 0,37% e 0,31%
respectivamente para F1 e F2 respectivamente. Morzelle et al. (2011) avaliando um néctar de
maracujá e araticum trabalhando também com duas formulações, encontraram valores similares cujos
valores estiveram entre 3,3 e 3,6 e 0,57% e 0,46% concomitantemente. A pequena diferença
encontrada entre as formulações esteja provavelmente relacionada com às concentrações e aos tipos
de polpa adicionados ao néctar avaliado (LIMA et al., 2018).
Valores de pH ≤4,5 (alta acidez) são preferidos pela indústria devido ao não favorecimento
das atividades enzimáticas e inibição do desenvolvimento de micro-organismos como Clostridium
botulinum que são micro-organismos que produzem uma toxina de elevada letalidade ao homem,
bem como, de forma geral, das bactérias patogênicas (SILVA, 2011). Portanto, os valores
obtidos estão em conformidade com a literatura no que diz respeito a preservação dos alimentos. Para
Chim et al. (2013), a acidez titulavel é um importante parâmetro de qualidade de um produto, nas
reações envolvidas na decomposição como de hidrólise, oxidação e fermentação, geram compostos
ácidos que, por consequência, aumenta a acidez do meio.
Tabela 1 – Resultados dos parâmetros físicos – químicos de um néctar misto de manga “carlota” e “maracujá do sono”.
Parâmetros F1 F2
4 CONCLUSÃO
O néctar misto de manga “carlota” e maracujá do sono, apresenta-se um produto atraente e
bem aceito, em consequência das características sensoriais e intenção de compra apresentando-se
seguro microbiologicante, sinalizando que podem ser adequado ao consumo e comercializado no
mercado de néctares pronto, sugerindo que a bebida elaborada pode representar uma fonte adicional
de renda aos pequenos e médios produtores da região agregando valor a cultura contribuindo com
diminuição das perdas pós-colheita no período de safra.
REFERÊNCIAS
ABREU, D. A.; SILVA, L. M. R.; LIMA, A. S.; MAIA, G. A.; FIGUEIREDO, R. W.; SOUSA, P.
H. M. Desenvolvimento de bebidas mistas à base de manga, maracujá e caju adicionadas de
prebióticos. Alim. Nutr., Araraquara, v. 22, n. 2, p. 197-203, abr./jun.2011.
AOAC- ASSOCIATION OF OFFCIAL ANALYTICAL CHEMISTIS. Offcial methods of analysis.
Edited by Patricia Cunniff.16ª ed. 3 rd, v.2.cap.37,2012.
ARÉVALO, R.P.; KIECKBUSCH, T.G; QUAST, L.B. Viscosidad aparente de la pulpa de camu-
camu (Myrciaria dubia) in natura y con pré-tratamiento térmico. In: CONGRESO
INTERAMERICANO DE INGENIERÍA QUÍMICA, 22., Buenos Aires, 2006.
Apha. American Public Health Association. Downss e Ito (Coord.). Compendium of methods for
the microbiological examination of foods. 1 ed. Washington, DC, 2001.