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Vol. 2 Nº 1 págs. 17-24.

2004
https://doi.org/10.25145/j.pasos.2004.02.002
www.pasosonline.org

A industria do turismo: pespectiva de desenvolvimento


para o Amazonas

Joana D’Arc Ribeiro †


Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
Sherre Nelson‡
Faculdades Objetivo

Resumo: Uma avaliação sistêmica sobre a industria do turismo como uma alternativa sustentável para o
homem amazonida, com uma retrospectiva nacional e internacional desse mercado. No Brasil, a globali-
zação aliada ao avanço tecnológico das comunicações vem ao encontro de um maior consumo associado
às descobertas de novos lugares; a abertura das fronteiras e o fortalecimento das Instituições Internacio-
nais como a Organização das Nações Unidas e das Organizações Não Governamentais – ONG e com
um maior fluxo de capitais internacionais disponíveis para investimentos. Como modelo de novas des-
cobertas de lugares exóticos o Amazonas tem se destacado, propiciando ao visitante um cenário natural
único. Sua diversidade de ecossistemas, habitats, espécies, e da diversidade sociocultural poderá ser um
dos caminhos sustentáveis para sua população, desde que, estejam associadas a qualidade de serviços e a
preservação cultural e ambiental.

Palavras chaves: População; Benefícios; Desenvolvimento; Amazonas.

Abstract: A systematic evaluation on the tourism industry as a sustainable alternative for the Amazo-
nian men, with a domestic and international retrospective on the market. In Brazil, globalization allied
to technological advance of the communication come to the meet a large consumption associated to the
opening of new frontier and the strongthening of International Institutions like United Nations Organi-
zation and Non Government Organizations (NG’S) with also a large flux of available forreign funds for
investments. As a model of recently discoverede exotic sights the Amazon region has show outstanding
opportunities providing the visitor with a unique natural scene. Their ecosystems diversity of habitats,
species and the socio cultural diversity could be one of the sustainable ways for its population, as long
as, quality service, cultural and enviromental preservation were associated with.

Keywords: Population; Benefits; Development; Amazonian


Doutorado em Ecologia – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia- INPA. E-mail: jd@inpa.gov.br


E-mail: spnelson@internext.com.br

© PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. ISSN 1695-7121


18 A industria do turismo: pespectiva …

os agentes econômico, públicos e privados.


Introdução Com o objetivo de avaliar o turismo como
uma das opções econômicas e sustentáveis
A ecologia, a economia e o turismo estão para a população amazonida, foram anali-
ficando cada vez mais integrados, munici- sadas suas influências a partir da década
pal, regional, nacional e internacionalmen- de 90.
te, em uma rede de causas e efeitos (EM-
BRATUR, 1994; Pearce, 1994). O turismo O turismo como opção economicamente
aproveita a mão-de-obra local, gera empre- sustentável
gos e fixa o homem no campo; cada emprego
direto gerado representa uma pessoa a O turismo sendo visto como uma Cadeia
mais com rendimento para gastar na pró- Produtiva e Economicamente Viável mere-
pria comunidade (Ruschmann, 1997; Ro- ce uma avaliação sistêmica de seus princi-
drigues, 1999). Por outro lado, gera empre- pais agentes atuantes direta e indireta-
gos indiretos ligados aos serviços e produtos mente no processo. Neste sentido, deve ser
de apoio como venda de hospedagem, ali- considero como uma cadeia de rede inte-
mentação, combustíveis, artesanato, equi- grada de setores e sub-setores econômicos
pamentos, filmes e cursos. que possibilitam a elaboração de um produ-
Os atrativos turísticos têm influenciado to (bem ou serviço) através da interação de
no aumento da indústria desse setor. Con- processos e decisões harmônicas em relação
seqüentemente, tem levado a concorrência ao objeto final. É importante considerar o
dos produtos turísticos, os preços reduzin- ambiente interno e externo caracterizado
do-se, e a qualidade apresentando gradati- pelas políticas e conjunturas nacionais e
vas melhoras. Essas mudanças estão volta- internacionais; pela política nacional de
das principalmente para o tratamento per- turismo; pelas tendências de consumo
sonalizado, trazendo um cenário otimista. mundial e local dentre outros aspectos que
Entretanto, essa prestação de serviço só influenciam positiva/negativamente o per-
poderá ser sustentável mediante condições feito funcionamento dessa cadeia. Conside-
básicas diretamente relacionadas com a ra-se como variáveis econômicas importan-
qualidade, necessitando de profissionais tes no processo: os preços praticados na
preparados e competentes. Não só de belas destinação turística; a renda média dos
viagens se faz o turismo, mas de seriedade países emissores e seu nível sócio-cultural
e dedicação, às vezes em atividades mera- (Silva Brasil, 2001).
mente administrativas, mas de fundamen- A Globalização aliada ao avanço tecno-
tal importância para a sustentação do Bra- lógico das comunicações vem ao encontro de
sil como pólo turístico. um maior consumo associado as descober-
As estatísticas apontam que a industria tas de novos lugares; a abertura das fron-
do turismo é responsável por cerca de 8,2% teiras e o fortalecimento das Instituições
das exportações mundiais e representa Internacionais como a Organização das
cerca de 10% do produto interno bruto (Nu- Nações Unidas e das Organizações Não
nes, 2003). Para o ano 2000 foi estimado Governamentais – ONG. Também observa-
um total de 40 milhões de brasileiros via- se um maior fluxo de capitais internacio-
jando pelo país, gerando receitas diretas nais disponíveis para investimentos.
(US$ 13,3 bilhões) tendo como referência a A partir da década de 90, os principais
pesquisa FIPE-EMBRATUR realizada en- resultados econômicos são avaliados pelos
tre agosto/ 97 a agosto/ 98. indicadores: - a taxa anual de crescimento
Dessa forma, verifica-se que com a in- das chegadas internacionais na década foi
crementação econômica, os governos arre- de 4,31% com destaque para o ano 2000
cadam mais impostos os quais devem ser com 698,3 milhões de turistas; - as receitas
revertidos ao cidadão na forma de educaç- diretas obtidas pelos gastos dos turistas
ão, saúde e infraestrutura. Este impulso nas localidades visitadas atingindo em
econômico avança em direção a um novo 2000 o valor de US$ 476 bilhões com uma
paradigma de desenvolvimento regional, taxa média anual de crescimento de 5,9%.
com elevado grau de eficiência para todos Segundo a Embratur, o total de turistas
Joana D’Arc Ribeiro y Sherre Nelson 19

internacionais que visitaram o Brasil só no objetivo facilitar para os investidores o


ano de 2000 foi de 3.313.463, representan- acesso aos recursos necessários para a im-
do o ingresso de divisas da ordem de US$ plantação, melhoria, conservação e manu-
4,23 bilhões. tenção de empreendimentos e serviços tu-
Os gastos per capita apresentaram o se- rísticos. Seus principais objetivos são o de
guinte comportamento: passou de US$ criar facilidades para os investidores do
586,28 em 1990 para US$ 691,94 em 2000. setor e, incentivar o incremento da ativi-
Esses estão associadas ao avanço tecnológi- dade nos principais destinos turísticos na-
co com reflexos sobre os custos e os preços cionais ou nas localidades que apresentam
finais dos produtos e serviços ofertados no grande potencial turístico, através do fi-
mercado, assim como os indicadores ma- nanciamento de capital fixo ou de estudos e
croeconômicos do turismo publicados pela projetos voltados para a melhoria da capa-
WTTC (World Travel Tourism and Council) cidade do turismo no Brasil (Tabela 1).
comprovando a importância da atividade no Na história brasileira, os investimentos
cenário mundial: 1. PIB: US$ 1.330,0 bilh- públicos em infra-estrutura básica para as
ões. O Brasil apresenta-se nesse cenário regiões turísticas são expressivos. Desde
como o quarto destino mais procurado das 1995 somam mais de US$ 2,5 bilhões; só
Américas e é responsável por 4,24% de che- na região Nordeste superaram os US$ 670
gadas internacionais em relação a esse con- milhões do Prodetur-NE. O Programa
tinente. Avança Brasil pretendeu consolidar as di-
A evolução dos investimentos, na última retrizes estratégicas da Política Nacional
década, demonstra o avanço na exploração de Turismo e estabelecer novas metas e
econômica da oferta primária situada em números, entre as quais criar condições
todas as regiões do país, que apresentam para que 57 milhões de brasileiros possam
potencialidades nos diversos tipos de tu- ter acesso ao turismo interno e para que o
rismo praticados no mundo (negócios, sol e ingresso anual de divisas com turistas es-
praia, ecológico, aventura, saúde, visita a trangeiros cresça dos US$ 3,99 bilhões
parentes e amigos dentre outros). Os inves- (1999) para US$ 5 bilhões no período consi-
timentos diretos de empresas estrangeiras derado (até final de 2002).
no setor de turismo no Brasil passaram de Para a América do Sul o fluxo turístico
um patamar equivalente a US$ 2 bilhões internacional representa 57%. Isso, conse-
na década de 80 para US$ 7 bilhões após a qüentemente, para o Brasil, segundo a FI-
implantação do Plano Real (isto representa PE/ USP - EMBRATUR E IBGE (1998), de
um crescimento de 3,45 vezes o valor ini- acordo com a matriz de insumo produto do
cial). Enquanto isso, nesse mesmo período o IBGE, o Turismo impacta 52 segmentos
sistema de incentivos fiscais e o fundo geral diferentes da economia. Agrega-se em sua
de turismo coordenado pela EMBRATUR cadeia, desde a mão-de-obra mais qualifi-
liberaram recursos para investimentos da cada em áreas que se utilizam de alta tec-
ordem de US$ 299,3 milhões (a preços de nologia, até as de menor qualificação tanto
dezembro de 1999). no emprego formal quanto no informal. A
Pode-se destacar como uma das causas ABIH, afirma que os 10 mil meios de hos-
do crescimento econômico do turismo nos pedagem existentes no país são responsá-
últimos anos, a estabilidade da moeda bra- veis pela geração de 720 mil empregos,
sileira (Plano Real), o ajuste fiscal e mone- sendo 180 mil diretos. Para se ter uma
tário do Governo, os incentivos da EM- idéia, um quarto de hotel construído gera
BRATUR, melhoramento na infra – estru- 0,4 a 2 empregos diretos. No setor de res-
tura, financiamentos de projetos (Tabela taurantes, apenas US$ 10 mil são necessá-
1). Nesse quadro estima-se que mais de rios para gerar um emprego.
US$ 5 bilhões em novos projetos turísticos
privados estejam em fase de implementaç-
ão em todo o País, criando uma expectativa
de 120 mil novos empregos diretos.
A FUNGETUR – Fundo Geral de Tu-
rismo, é uma linha de crédito, que tem por
20 A industria do turismo: pespectiva …

ANO PROJETOS RECURSOS INCENTIVOS FINANCIA- TOTAL UH


APROVADOS PRÓPRIOS FISCAIS MENTOS
1990 2 2.677.950 2.678.202 3.414.729 8.770.882 182
1991 6 24.258.460 13.344.385 11.960.290 49.563.134 399
1992 1 8.486.911 35.505 8.486.911 17.009.328 34
1993 7 20.349.051 30.680.379 15.795.829 66.825.258 498
1994 1 8.486.911 35.505 8.486.911 17.009.328 34
1995 - - - - - -
1996 1 13.563.826 13.563.826 - 27.127.653 104
1997 4 23.299.338 32.733.630 23.274.689 79.307.657 652
1998 6 40.885.015 55.943.416 20.319.760 117.148.191 993
1999 11 62.417.455 63.809.000 8.585.770 134.812.225 898
2000 8 54.157.235 79.501.724 25.449.670 159.108.629 744
TOTAL 1.433 902.013.875 699.719.614 355.259.902 1.956.993.391 60.102
Tabela 1. Sistema de Incentivos Fiscais e Projetos Aprovados - 1990 a 2000.Fonte: EMBRATUR, 2001.
A preços de dezembro de 2000.

Só no Estado de São Paulo, o Convention no mês de setembro. A pluviosidade média


and Visitors Bureau estima que o segmento mensal na capital é de 210 mm. Seu relevo
movimenta mais de US$ 900 milhões por caracteriza-se pela ocorrência de terras
ano e empregue 35.000 pessoas. Na cidade firmes, planas e baixas. As elevações são
de São Paulo são arrecadados aproxima- encontradas nos limites com Roraima e a
damente US$ 100 milhões em ISS por ano. Venezuela, onde se encontram as serras de
Entretanto, algumas considerações são Itapirapecó, Imeri, Urucuzeiro e Cupim.
necessárias para que o Brasil se constitua Nesta área verifica-se a presença do Pico da
em um grande destino turístico mundial, Neblina (3.014 m), ponto mais alto do Bra-
nesse sentido é necessário que ele consoli- sil.
de primeiro um turismo interno forte, de A população do Estado, está estimada
qualidade e competitivo, depois um turismo em 2.389 mil habitantes distribuídos em
intra-regional significativo para então po- 62 municípios. Desses habitantes, 48% vi-
der consagrar-se como um destino interna- vem na capital, a cidade de Manaus. A den-
cional (EMBRATUR, 2001). sidade demográfica é de 1,51 hab./km² (fon-
te IBGE/96). A presença de onze aeroportos
nacionais, dois internacionais, quatro por-
O Amazonas e suas potencialidades tos fluviais (Figura 1) tem propiciado o
avanço para o desenvolvimento do Estado.
O Estado do Amazonas (1.577.820,2 km² O Amazonas teve seu apogeu na época
de área absoluta) é o maior estado do Brasil da borracha (Hevea Brasiliensis), quando
e abriga a maior floresta equatorial do pla- os "Senhores da borracha" investiram em
neta. Sua bacia hidrográfica (6.217.220 exuberantes monumentos arquitetônicos
Km²) possui mais de 20 mil km de vias na- como o Teatro Amazonas e o Porto Flutuan-
vegáveis. Seus principais rios são o Amazo- te em Manaus, cujo nome é alusão aos ín-
nas, o Negro, o Solimões, o Purus, o Juruá e dios Manaos que habitavam a região.
o Madeira. O Estado abriga os dois maiores Possui hoje duas expectativas de econo-
arquipélagos fluviais do mundo: o Anavil- mia, a Zona Franca criada em 1967 e o tu-
hanas e o Mariuá, este com 5.453 km e rismo em franco desenvolvimento. Alguns
mais de 1.200 ilhas. pólos de mineração, agricultura, pecuária e
O clima é Tropical quente e úmido, a extração racional de madeira vem se de-
temperatura média de 31,4 o C, a estação senvolvendo. Do seu território extraem-se
das chuvas é de dezembro a maio, e a cheia borracha, castanha do pará, cacau, essência
do Rio Negro tem seu ponto máximo em de pau-rosa, óleo de copaíba (cicatrizante,
meados do mês de Junho, e a maior vazante entre outras utilidades), guaraná natural
Joana D’Arc Ribeiro y Sherre Nelson 21

(com produção para exportação), mandioca, Na Região Amazônica são encontrados o


milho, feijão. A juta e a pimenta-do-reino, Parque Nacional da Amazônia, o Parque
levadas pela imigração japonesa, são hoje Nacional do Jaú e o Parque Ecológico de
importantes produtos de exportação. O Janauari.
manganês e o e petróleo, beneficiamento de
borracha e castanha, e a prensagem da juta
completam a produção do Estado.

Figura 1 – A - Mapa do Brasil e a localização do Estado do Amazonas (em vermelho); B – Mapa do


Amazonas e os respectivos meios de locomoção (Fonte: IBGE, 2001).

Apesar da Região Norte concentrar As características ambientais do Ama-


2,4% da geração do valor da produção da zonas, a diversidade de ecossistemas, de
atividade empresarial do País, uma nova habitats, de espécies, e da diversidade so-
frente de desenvolvimento para o Estado do ciocultural, já apontam para as possibilida-
Amazonas foi à implantação do TERCEIRO des de desenvolvimento deste tipo de tu-
CICLO e o TURISMO ECOLÓGICO E DE rismo (Kitamura, 1994). Recentemente,
EVENTOS, que tem atraído milhares de uma pesquisa de opinião desenvolvida pela
brasileiros e estrangeiros. A região amazô- Wildlife World Foundation - WWF (2001)
nica aparece, atualmente, no cenário nacio- com lideranças populares, constatando-se
nal e internacional, como um local de gran- que há um forte consenso sobre a necessi-
des possibilidades para o desenvolvimento dade de explorar de forma sustentável a
do turismo alternativo (Figueiredo, 1996). floresta. Nessa pesquisa, a floresta é consi-
22 A industria do turismo: pespectiva …

derada como um dos grandes recursos da O Pólo Industrial de Manaus é a de-


região e o principal vetor na definição da monstração do equilíbrio entre os avanços
sua vocação econômica. tecnológicos e a preservação do meio am-
Dentro dessa perspectiva, voltada para o biente. São várias indústrias, sem chami-
desenvolvimento sustentado, a prática do nés, utilizando tecnologia de ponta na pro-
turismo (Oliveira, 1998) se apresenta como dução de eletroeletrônicos, informática,
uma das atividades que podem ser desen- fotocopiadoras, aparelhos telefônicos, apa-
volvidas na Amazônia, já que atrativos relhos de telecomunicações, cinescópio,
naturais e culturais não faltam à região veículos de duas rodas e, em previsão de
(Ribeiro, 2002). quatro rodas, e outros. O Faturamento des-
Como o principal portão de entrada para tas industrias segundo dados da SUFRA-
os visitantes no Estado, Manaus tem se MA (2001) chegaram em 2001 com US$
destacado no ramo do turismo. Localizada a 7.447,6 (Figura 2). Nesse setor, observa-se
margem esquerda do Rio Negro próxima ao uma flutuação econômica, e esta é possi-
encontro com as águas do Rio Solimões, velmente devido a uma profunda transfor-
cujas diferenças em suas características mação decorrente do processo político prin-
(temperatura, densidade e velocidade) pro- cipalmente os de privatização efetivado
porcionam um espetáculo de alguns quilô- pelos governos nos últimos anos. Essas
metros. As águas dos Rios Negro e Solimões mudanças, conseqüentemente, trazem para
deslizam lado a lado para formarem o Rio o setor, impactos diretos no comportamento
Amazonas. dos agentes econômicos nacionais e inter-
nacionais.

AQUISIÇÃO DE INSUMOS DE PRODUÇÃO E FATURAMENTO DO


PÓLO INDUSTRIAL DE MANAUS - PIM

INSUMOS FATURAMENTO
14.000

12.000

10.000
(MILHÕES US$

8.000

6.000

4.000

2.000

-
1990 1992 1994 1996 1998 2000
(ANOS)
(*) Até Outubro

Figura 2. Dados sobre insumos e faturamentos (US$) do setor industrial das empresas da ZFM de Ma-
naus no período de 1990 a 2001 (SUFRAMA, 2001).
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Em compensação, além do Pólo Indus- baseia na necessidade de ampliar a visão


trial em Manaus, o patrimônio arquitetôni- mercadológica do turismo, que contrasta
co é preservado, como o Teatro Amazonas, com a ausência de coordenação entre as
construído em 1896. Este teatro representa instituições, empresas, organizações turís-
toda a grandeza e luxo daquele tempo. Foi ticas, órgãos ambientais e entidades indí-
restaurado, em 1929, retornando a seu as- gena – comunitárias na Amazônia Brasi-
pecto original, em 1990, quando foi reinau- leira, verificada pela escassez de técnicos
gurado. Vários prédios históricos e museus com habilitação nas atividades turístico -
podem ser visitados, assim como sua Cate- educacionais.
dral. Nos hotéis pode ser encontrada a Entretanto, o turismo de aventura gera-
comida típica amazonense, especialmente do pelas belezas naturais, vida selvagem,
peixes, como o tucunaré e o pirarucu, tem- oportunidades de contato com culturas na-
peros da selva, como o jambu e a pimenta tivas, será economicamente atraente, se
murupi, além das diferentes frutas, usadas consolidado com a formação de recursos
em refrescos, sorvetes e doces. humanos capacitados a responder questões
Além dos atrativos históricos, os visitan- do tipo: qual a oportunidade de lucro com o
tes podem conhecer as Ilhas Anavilhanas; turismo? como devem ser conduzidas as
ver o fenômeno do encontro das águas escu- parcerias nacionais e internacionais? qual
ras e barrentas; explorar os igapós e igara- será a capacidade de suporte do meio natu-
pés, em simples passeio pela floresta, ou ral para o ecoturismo? como serão entendi-
passar uma ou duas noites na selva, em das a proteção dos povos nativos e qual o
contato direto com a natureza. retorno financeiro às comunidades? qual a
Como alternativa para o município des- estratégia de mercado para promover o
taca-se o turismo, atraindo investimentos turismo com base na natureza?.
de grandes proporções. Como exemplo a Sendo a indústria do turismo a teia que
ação conjunta da EMBRATUR e do Minis- emalha a comunidade global, ele deve ofe-
tério do Meio Ambiente, Recursos Hídricos recer um sistema positivo, aceitável e co-
e Amazônia Legal, através da Secretaria de operativo em termos sociais, ecológicos e
Coordenação da Amazônia e do IBAMA, econômicos, a fim de eliminar os focos de
com a finalidade de implementar as dire- pobreza e de desigualdade social, promo-
trizes traçadas para uma Política Nacional vendo assim, a integração social tão alme-
de um ramo do turismo o chamado Ecotu- jada pela população.
rismo.

Considerações Bibliografia

A economia brasileira passa por trans- Figueiredo, S. L.


formação econômica e com impactos sobre o 1996 “Turismo e Cultura: um estudo das
produto interno bruto (PIB), entretanto, modificações culturais no município
constata-se tendências para o crescimento de Soure em decorrência da exploraç-
principalmente se consider as alternativas ão do turismo ecológico”. In: LEMOS,
proporcionadas pelos recursos naturais. A. I. G. (org.). Turismo: impactos so-
Para o mercado de viagens e turismo, al- cioambientais. São Paulo: Editora
gumas tendências macroeconômicas poder- Hucitec.
ão ser consideradas como fatores favoráveis Kitamura, P. C.
a esse mercado; dentre elas podemos citar: 1994 “A Amazônia e o desenvolvimento
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24 A industria do turismo: pespectiva …

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Recibido: 9 de agosto de 2003


Aceptado: 15 de noviembre de 2003

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