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ANÁLISE DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL NA MINA DOS

CARAJÁS, PROJETO FERRO CARAJÁS S11D

Rodrigo Cândido Passos da Silva


Professor do Magistério Superior
Universidade Federal do Pará
rodrigo.passos@ufpa.br

Bruna Carmen da Silva Santana


Discente de Engenharia Civil
Universidade Federal do Pará
bruna.santana@tucurui.ufpa.br

Sagan Tocantins dos Santos Junior


Discente de Engenharia Civil
Universidade Federal do Pará
sagan.santos@tucurui.ufpa.br

Dhonison Campelo da igreja


Discente de Engenharia Civil
Universidade Federal do Pará
dhonison.igreja@tucurui.ufpa.br

Ivan Jaf Castro de Sousa


Discente de Engenharia Civil
Universidade Federal do Pará
ivan.jafc@gmail.com

RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo analisar as licenças ambientais emitidas para o
empreendimento de mineração, Mina dos Carajás. Aplicou-se a analise ao complexo de
ferro S11D, situado dentro da mina dos carajás, sul do estado do Pará. A mineração é uma
das bases econômicas do país, porém apresenta grande impacto ambiental com isso é uma
atividade que precisa ser verificada antes de iniciada. Uma das formas utilizadas com
base na legislação vigente para reduzir os efeitos negativos de grandes empreendimentos
é o licenciamento ambiental, resultado da Lei nº 6.938, de 1981, que estabeleceu a Política
Nacional do Meio Ambiente e criou o Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA.
Nesse contexto, esse trabalhou buscou fazer o levantamento, das licenças ambientais
emitidas e dos dados disponíveis dos órgãos envolvidos nos processos de licenciamento
ambiental do Projeto Ferro S11D. Para tal, foram resumidos e analisados os documentos
gerados no processo de licenciamento que estavam em domínio público, documentos
estes que contemplam desde os primeiros estudos da área e a solicitação de licença prévia,
até a emissão da Licença de Operação. Realizada toda a análise, foram identificadas
diversas alterações entre o plano inicial do empreendimento apresentado no EIA e o
projeto implementado.
Palavras-chave: Mineração, Licenças, Carajás.
1. INTRODUÇÃO

A atividade da mineração é um dos principais parâmetros da economia do Brasil,


em especial a exportação de minério de ferro. Historicamente essa esfera colaborou para
a ocupação de áreas mais semotos do território brasileiro e para a geração de milhares de
empregos. Em contrapartida, as atividades exercidas no processo de explotação de
recursos naturais são conhecidas por afetar diversas condições socioambientais e impactar
os ecossistemas onde estas atividades estão inseridas (BARRETO, CHAVES, et al.,
2001).

Um dos territórios com a maior produção mineral do Brasil, é a região do Carajás,


localizado no sul do estado do Pará. Essa fração do país, tem sido palanque da exploração
mineral por mais de 50 anos, tanto na extração ilegal por garimpeiros, quanto por
importantes mineradoras, atualmente comporta um dos maiores complexos de mineração
de ferro do mundo. Palco do Projeto Grande Carajás onde realiza-se a extração de
minérios como: ferro, manganês, ouro, zinco, níquel, bauxita e outros.

A Região de Carajás é detentora de uma das maiores jazidas minerais do mundo,


um destes, o Complexo Minerário da Serra de Carajás, é o maior produtor de minério do
ferro do mundo, com produção estimada em até 230 milhões de toneladas anuais, na qual
inclui-se o volume produzido no Projeto S11D, objeto do estudo deste trabalho.

Figura 1 - Mapa de localização do complexo minerador de Carajás, no Estado do Pará.

Fonte: Reprodução/VALE,2016.

Atualmente, as companhias de mineração têm buscado estabelecer iniciativas que


expressem novas formas de desenvolvimento sustentável no setor (MATLABA, MOTA,
et al., 2017).

Embora algumas empresas se esforcem para apresentar uma visão positiva da


mineração e do trabalho significativo para reduzir os aspectos negativos, os órgãos
ambientais ainda são os primaciais agentes no sentido de fiscalizar e exigir que âmbitos
legais sejam cumpridos para proteção do meio ambiente (SÁNCHEZ, 2007).
Com o objetivo de reduzir os impactos e controlar às atividades causadoras de
danos, o Brasil instituiu o processo de Licenciamento Ambiental. Como consequência de
cada fase do licenciamento são emitidas licenças com condicionantes ambientais que
devem ser realizadas para que as fases subsequentes do processo possam ocorrer até a
operação do empreendimento.

1.2 JUSTIFICATIVA

No Brasil, o processo de licenciamento ambiental se tornou obrigatório em 1981,


pela Lei Federal 6.938/81. O esquema de um processo de licenciamento trifásico para o
setor de extração mineral está exposto no fluxograma abaixo.

Figura 2- Fluxograma Completo do Processo de Licenciamento.

Fonte: Extrato do “Manual De Normas E Procedimentos Para Licenciamento Ambiental No Setor De Extração Mineral”

Todavia nem todo empreendimento é sujeito ao licenciamento, conforme a


Resolução CONAMA no número 237 de 1997 que apresenta as atividades passíveis de
licenciamento. Entretanto, a instalação do projeto S11D foi sujeita ao processo de
licenciamento.
O processo de licenciamento no país se dá em três etapas, coincidentes com os três
tipos de licença que as regem, que são as licenças Prévia, de Instalação e de Operação.

A licença prévia, é concedida na fase preliminar do planejamento do


empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a
viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem
atendidos nas próximas fases de sua implementação.

Já a licença de instalação, autoriza a instalação do empreendimento ou atividade


de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados,
incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes. E a licença de
operação, autoriza a operação da atividade ou empreendimento, com as medidas de
controle ambiental e condicionantes determinados para a operação.

A partir do exposto, esse projeto encontrou sua relevância na necessidade de


identificar e avaliar a influencia do licenciamento ambiental que são emitidas em
processos de mineração. Obteve-se aqui uma avaliação crítica a respeito da adoção das
licenças após a construção da mina dos carajás.

1.3 OBJETIVOS
1.3.1 OBJETIVOS GERAIS

Analisar as licenças emitidas pelos diversos órgãos ambientais no processo de


licenciamento ambiental em mineração.

1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Gerar análise crítica da aplicabilidade das licenças ambientais impostas ao


complexo minerário de ferro S11D Carajás.
• Identificar as tendências e vícios do processo de emissão das licenças ambientais.

2. METODOLOGIA
2.1 ÁREA DE ESTUDO

O Projeto S11D destaca-se por ser, atualmente, a maior mina de ferro no planeta,
como já citado no capítulo da introdução. A Figura 3 apresenta uma visão geral do
empreendimento com a localização de seus constituintes.

Figura 3- Mapa Representativo do Projeto S11D

Fonte: Revista S11D, VALE

Segundo informações constantes na revista “S11D – Novos Caminhos para a


Mineração”2, publicada pela Vale, durante o pico de obras trabalharam no
empreendimento 40 mil trabalhadores.

O local em que se instalou a usina do projeto e o canteiro de pré-montagem das


estruturas desta eram separados por uma distância de aproximadamente cinquenta
quilômetros. Para realizar o transporte das estruturas até sua localização final, a Vale
construiu uma estrada de 43 quilômetros, que interliga o canteiro de pré-montagem,
localizado próximo à sede do município de Canaã dos Carajás, até a região da usina.

A estimativa de lavra de materiais ricos em ferro na jazida é de 90 milhões de


toneladas por ano de operação (resultando em, aproximadamente, 3,4 bilhões de toneladas
durante a sua vida útil).

A operação inicia-se na mina, onde o minério de ferro é extraído do solo através


de escavadeiras e passa pela britagem primária. O minério fragmentado em blocos
menores é enviado no sistema de esteiras até à usina de beneficiamento. A diferença de
cota entre a mina e a usina é de aproximadamente 400 metros.

Ao chegar na usina, o minério passa por mais uma fragmentação, na britagem


secundária. Este é encaminhado para os pátios de regularização, o qual é responsável por
ajustar o ritmo entre a extração e o processamento. Esses pátios têm capacidade para até
1 milhão de toneladas. O minério é então encaminhado para um peneiramento e outra
britagem, antes de ser encaminhado ao pátio para estocagem, este com capacidade de
receber até 3,6 milhões de toneladas.

Na estação de carregamento, trens recebem o minério que é transportado até a


Estrada de Ferro Carajás, num trajeto de 892 quilômetros até São Luís do Maranhão, no
terminal marítimo de Ponta da Madeira. Neste terminal, o minério é embarcado em navios
e distribuído entre os clientes ao redor do mundo.

2.2 PROCEDIMENTOS METOLÓGICOS

A construção do conhecimento sobre a avaliação de impacto ambiental foi feita de


forma ampla por meio de pesquisas e estudos sobre o assunto para entender sua finalidade,
origem, aplicação, métodos de avaliação e outros aspectos.

A coleta informações de documentos disponíveis em processo de licenciamento do


Projeto S11D, ambos publicados pela VALE e das autoridades públicas envolvidas, que
viabilizam da melhor maneira possível a compreensão dos planos da empresa de
mineração e execução real dos projetos. Seguindo a análise desses documentos, com a
grande importância da AIA e aplicação de tais documentos.

A análise de todos os documentos e informações coletadas durante o desenvolvimento


do trabalho foi feita de modo que cumprisse as metas e objetivos. Vale ressaltar que todas
as análises e conclusões do grupo foram feitas baseadas nos documentos disponíveis para
consulta e investigação.

3. IMPACTOS AMBIENTAIS DA MINA DOS CARAJÁS

O reconhecimento dos impactos da geração humana em relação às áreas


protegidas é uma questão complexa, pois os órgãos governamentais, em geral, não
dispõem de recursos para mantê-las e nem as conservar. Para isso, são necessárias
avaliações abrangentes de ambientes e de sua biodiversidade, levando-se em conta
múltiplos aspectos, incluindo a viabilidade econômica de sua manutenção na condição
mais natural possível e o desenvolvimento de seus potenciais.

As atividades mineradoras são as que mais impactam o meio ambiente, uma vez
que necessita de extensa região para extração de produtos, montagem de maquinários,
entre outros processos. Diante do exposto, compreende-se que a atividade gera o
desequilíbrio dos ecossistemas da região, redução da biodiversidade e competição entre
nichos ecológicos de regiões vizinhas à explorada.

Partindo de dados referentes à estrutura econômica dos municípios, analisam-se


como os municípios se beneficiaram da expansão recente da mineração e como isso
influenciou a dinâmica populacional e urbana. A abertura de novos empreendimentos
mineradores influenciou a dinâmica econômica do município, centrada, sobretudo, nas
atividades de extração mineral e nos serviços urbanos, público e privado. Favorecendo
então, a geração de novos empregos, sobretudo aqueles relacionados aos serviços urbanos
(comércio, serviços e administração pública municipal).

O meio antrópico geralmente é modificado pela mudança de hábitos da população


local, que passam a trabalhar em atividade de extração e não mais de agropecuária. Ocorre
também o aumento da população pela migração de operários para a região devido às
atividades de mineração.

O meio biótico é afetado pela alteração da paisagem natural através da derrubada


de árvores para a extração dos minerais e para construção de moradias. Além da alteração
das disponibilidades de recursos de flora e fauna e consequentemente modificação da vida
animal e vegetal da reserva. Afetaria também as comunidades indígenas pois iria criar
obstáculos na prática de atividades como pesca, agricultura familiar, plantio de insumos
nativos, pela modificação da biodiversidade da região.

Os principais impactos no meio físico, estão na geração de ruídos e vibrações na


localidade derivados de atividade mineradoras, ocorre também o impacto da qualidade da
água, pela sedimentação e poluição de rios pelo rejeito impróprio do material e também
a alteração do pH da água modificando a biota aquática. Quanto ao impacto no ar, ocorre
pelo aumento de concentração de gases e partículas, comprometendo a saúde da
população local. Sobre os impactos causados no solo pelas atividades de mineração pode
citar a poluição recursos hídricos causados pelos produtos químicos utilizados na extração
de minérios e evasão da fauna previamente das áreas de extração mineral.

4. ESTUDOS AMBIENTAIS REALIZADOS PELA OBRA CIVIL MINA DOS


CARAJÁS

Um dos relatórios de Impacto Ambiental (RIMA) encontrados durante a pesquisa,


foi relacionado ao processo de licenciamento ambiental do Projeto Mineral N3 do
Complexo Minerador Ferro Carajás, que foi proposto pela empresa Vale S.A em outubro
de 2019.

O Projeto Mineral N3 representa uma ampliação do Complexo Minerador Ferro


Carajás, o empreendimento está situado no município de Parauapebas, estado do Pará, e
tem previsão de atividade na lavra no chamado “Corpo N3” por 7 anos. O Complexo
Minerador Ferro Carajás tem atividades licenciadas pelo IBAMA com validade de oito
anos (Licença de Operação válida até março de 2021). 2021). O complexo é um sistema
integrado por lavras a céu aberto, pilhas de estéril, unidades de beneficiamento mineral,
barragens e estruturas de apoio. Estão em operação seis minas nos corpos N4 e N5 (N4E,
N4W, N5E, N5S, N5W e Morro I), nove pilhas para disposição de estéril (Noroeste I,
Noroeste II, Norte I, Oeste, Sul, Leste I, Jacaré, N5W e Buriti-N5E), duas usinas de
beneficiamento e quatro barragens para contenção de sedimentos, rejeitos da usina e/ou
captação de água.

Considerando a necessidade de se conhecer os atributos ambientais, uma equipe


técnica com vários profissionais realizou diversos trabalhos, permitindo assim identificar
as principais características da região onde o projeto da Mina N3 será implantado. Para
tanto, foram definidas duas áreas de estudo, uma regional e uma local, a área de estudo
regional refere-se aos limites das bacias hidrográficas que contém as estruturas do projeto,
já a área de estudo local busca delimitar a área efetiva de obras e operação do projeto
juntamente com seu entorno imediato.

As análises que foram desenvolvidas foram os estudos do meio físico que são
importantes para conhecer as principais características do ambiente em que o projeto será
implantado. As condições do substrato rochoso, pois é nele que todos os processos
ambientais se desenvolvem, busca-se também, conhecer atributos dos solos, pois estes
sustentam a vegetação e toda biodiversidade a ela conectada. Informações de relevo
também são conhecidas, assim como características referentes a qualidade do ar, das
águas e dos ruídos existentes nesse ambiente.

No meio biótico, os estudos foram desenvolvidos considerando área de estudo


local que corresponde aos locais onde se pretende implantar o empreendimento e seu
entorno. Na Área de Estudo Local os pesquisadores realizaram levantamentos de campo
(amostragens) com grupos de fauna (animais) e flora (vegetação). E a Área de Estudo
Regional – que abrange uma área geográfica maior, para os quais foram considerados
estudos anteriores já realizados na Floresta Nacional de Carajás.

No meio socioeconômico, o diagnóstico ambiental tem como objetivo principal


contribuir para o conhecimento das condições de vida da população local e vizinha ao
empreendimento. Para a realização desta caracterização foi definido um contorno: a parte
regional, com o município de Parauapebas como protagonista, no qual se apresentam as
características demográficas (da população), econômicas, dos setores de saúde, educação,
saneamento, entre outras, e um segundo local em que se descreve o entorno imediato do
empreendimento.

O sócio ambiental do Projeto Mina N3 mostrou que o empreendimento representa


uma expansão das operações do conjunto de minas do Complexo Minerador Ferro
Carajás, já estabelecido nos corpos de N4 e N5.

5. LICENCIAMENTO AMBIENTAL DA MINA DOS CARAJÁS, PROJETO S11D

A VALE, além da mineração, atua nas áreas de logística, energia e siderurgia.


Atualmente está em 14 estados brasileiros e, com o projeto S11D, estabeleceu a maior
mineração de ferro do mundo com comprimento de cerca de 8 quilômetros, e alcançando
a larguras de 2,5 quilômetros. A estimativa de lavra de materiais ricos em ferro na jazida
é de, aproximadamente, 3,4 bilhões de toneladas (EIA/RIMA, 2011).

O licenciamento do projeto S11D foi de competência do Instituto Brasileiro do


Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, IBAMA, de acordo com a
Resolução Conama no 237/1997.

A Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Estado do Pará (SEMAS),


órgão ambiental estadual, participou deforma auxiliar ao IBAMA no processo de
licenciamento do empreendimento.

A primeira a proximidade da VALE com a área onde o empreendimento se


encontra se deu em junho de 2004, quando a empresa protocolou no IBAMA o documento
DIAT/CEP – 0154/2004. O documento tinha o propósito de apresentar a proposta de
“Termo de Referência para a Elaboração de Relatório de Controle Ambiental (RCA) e
Plano de Controle Ambiental (PCA), visando o licenciamento das atividades de Lavra e
Beneficiamento Experimental de Minério de Ferro – Projeto Serra Sul”. No princípio, a
solicitação contida no documento DIAT/CEP – 0154/2004 foi enquadrada como de
Licença de Operação de Pesquisa (LOP), conforme IN no 31, de 27 de maio de 2004.

Como resposta à solicitação do documento DIAT/CEP, o IBAMA fez a Nota


Técnica no 18/2005 – COLIC/CGLIC/Dilic/IBAMA, feita em 26 de fevereiro de 2005.
A Nota Técnica no 18/2005, mostrou consideração do IBAMA para que o pedido deixasse
de ser enquadrado como LOP e fosse conduzida nas modalidades tradicionais de licença,
sendo elas as Licenças Prévia, de Instalação e de Operação, portanto precisando que seja
apresentada o EIA e seu respectivo RIMA.

Por meio do Ofício no 86/2005 – Dilic/IBAMA, a VALE foi comunicada


oficialmente de que o licenciamento da mina de ferro do Projeto Serra Sul deveria ser
conduzido como o citado acima, por meio das três licenças, e que para este novo processo,
o Termo de Referência deveria ser elaborado.

No fim do mês de junho de 2008, a VALE acabou a primeira etapa dos estudos
pedidos e as expos aos técnicos do IBAMA e do ICMBio. Foram consideradas quatro
áreas em que o empreendimento seria possivelmente implantado, chamados de Corpo A,
Corpo B, Corpo C e Corpo D, esses “corpos” podem ser vistos na figura 1.

Em agosto de 2008, por meio da DIAM-0071/2008, a VALE expos seis novas


considerações, sendo elas:
• os resultados mais conclusivos sobre o estudo de “Área Mínima de Canga”
(solicitado no Ofício no 259/2005, descrito anteriormente) eram previstos apenas
para o ano de 2011;
• a relevância biológica, ecológica e funcional dos Corpos B, C e D eram
nitidamente inferiores ao Corpo A;
• as campanhas realizadas para a estimativa destas relevâncias já seriam suficientes,
na visão da empresa, para tecnicamente embasar os diagnósticos e prognósticos
que estariam constantes no EIA do empreendimento;
• novo plano de lavra, com o início da exploração se dando a partir do Corpo D, o
mais distante do Corpo A, entre todos;
• estimava-se um período de exploração para este Corpo de 30 anos, sendo este
suficiente para a conclusão dos estudos anteriormente solicitados;
• a expectativa de operação da lavra para a totalidade da área supera 150 anos,
tornando plausível o pedido de licenciamento inicialmente apenas para o Corpo
D. Como opção, devido à relevância biológica, ecológica e funcional ser menor
nos outros Corpos, a empresa sugeriu a implantação inicialmente no Corpo D. O
tempo de exploração deste supera os 30 anos, tempo suficiente para a realização
do estudo detalhado das outras áreas de Canga da região.

Sendo assim, a VALE apresentou as considerações anteriores e pediu ao IBAMA


a formulação de um Termo de Referência para o Licenciamento associado ao Processo
no 02001.004106/2004 - Projeto Serra Sul, com diversas mudanças de escopo. A maior
mudança foi a emissão de Termo de Referência apenas para o Corpo D, orientando o
EIA/RIMA e a condução do processo de licenciamento apenas para a referida área e a
mudança de nome do projeto designado anteriormente como Serra Sul para S11D, este
situado na parte sudeste da Serra Sul dos Carajás.

Em reunião ocorrida em janeiro de 2009, na Dilic/IBAMA, o empreendedor


recebeu as orientações sobre os procedimentos relativos ao cancelamento do escopo
anterior e a instauração do novo, focado no Corpo D. Este novo escopo, marca o início
do Projeto S11D.

Em junho de 2010 o EIA/RIMA referente à nova área foi feito, com o novo
número de processo 02001.000711/2009-46. O aceitamento da primeira análise do
documento pelos órgãos ambientais foi noticiado no Diário Oficial da União, em agosto
do mesmo ano. Após um ano, em junho de 2011, o IBAMA expediu o Parecer Técnico
no 73/2011/COMOC/CGTMO/DILIC/IBAMA, o qual trouxe a análise completa do
EIA/RIMA, bem como de outros documentos, com recomendações e correções que a
VALE deveria realizar em seu estudo.

Em 31 de outubro de 2011, a VALE protocolou o documento GAERF EXT


081/2011, que continha respostas às pendências identificadas no Parecer Técnico no 73.
Em abril de 2012, outro documento importante do processo foi publicado pelo IBAMA.
O Parecer Técnico no 40/2012/COMOC/CGTMO/DILIC/IBAMA apresentou a réplica
do órgão para com o documento GAERF EXT, citado acima.

No mesmo ano, outros pareceres técnicos do IBAMA foram protocolados


(pareceres de números 37, 69, 70, 79, 75), referentes à fauna, à flora, ao meio
socioeconômico, e à espeleologia. Em junho de 2012, expediu-se o Despacho Oficial do
Coordenador de Mineração e Obras Civis do Ministério do Meio Ambiente. Este
documento continha a sugestão para que a Licença Prévia do Projeto S11D fosse
concedida, fato que logo em seguida se comprovou (LP 436/2012).

No ano seguinte, a Licença de Instalação foi concedida (LI 947,2013). Por fim, a
Licença de Operação, com validade de 10 anos, foi concedida para a VALE (1361/2016),
em dezembro de 2016. A Figura 4 exibe um fluxograma elaborado pela Vale com a Linha
do Tempo da Instalação do empreendimento.

Figura 4- Linha do Tempo do Empreendimento até o Início da Operação.


Fonte: Revista S11D, VALE.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante o trabalho, foram analisadas as várias etapas do processo de obtenção das


licenças ambientais necessárias para a implementação do projeto, em particular o Projeto
S11D. Conforme já indicado neste capítulo, cabe ressaltar que as conclusões aqui
explanadas se limitam às documentações disponíveis. A falta de documentação pode levar
a lacunas na análise das decisões tomadas.

Esse processo foi caracterizado por uma longa comunicação entre


empreendedores e as partes interessadas, desde o primeiro contato e solicitação inicial até
a homologação e aprovação. Nele, foram revisadas diversas vezes com respostas e
mudanças nas condicionantes e especificações para a avaliação dos meios físicos,
biológicos e socioeconômicos.

Levando em consideração todo o processo, mudanças percetíveis já citadas neste


trabalho. Desta forma, foi possível a visualização da influência do processo de
licenciamento na elaboração do empreendimento. Este processo posiciona algumas
alterações nos documentos, como o relato de sugestões e solicitações de alterações por
parte do IBAMA no Parecer Técnico nº 73 de 2011, em uma etapa anterior a emissão da
Licença Prévia.

Olhando para todo o processo, algumas mudanças foram claramente percetíveis,


conforme já mencionadas neste trabalho. Dessa forma, foi possível visualizar o impacto
do processo de homologação no desenvolvimento da empresa. Esse processo faz
alterações em seu documento por parte do IBAMA como sugestões e pedidos de
correções no Parecer Técnico nº 73, de 2011 na fase anterior à emissão da licença
provisória.

Constata-se que todo o processo de licenciamento realizado seguiu em grande


parte muitos dos pontos descritos no Manual de Normas e Procedimentos de
Licenciamento Ambiental no Setor de extração de minérios. Esse fato facilitou o processo
de licenciamento, principalmente pelo fato de o IBAMA não ter feito advertências ou
ações judiciais contra empreendedores que desrespeitassem as regras do processo de
licenciamento.

Assim, ficou clara a importância de cada ponto e esclarecimento no demorado


processo de aprovação. Isso garante que a execução da empresa ocorra sempre de acordo
com a legislação ambiental, com os parâmetros ambientais levados em consideração pelas
autoridades competentes e com contratante do projeto.
REFERÊNCIAS

BARRETO, M. L. Mineração e desenvolvimento sustentável: Desafios. Rio de Janeiro:


CETEM/MCT, 2001. ISBN ISBN 85-7227-160-0.

BRASIL, Resolução CONAMA n°237, de 19 de dezembro de 1997. Disposição sobre a revisão


e complementação dos procedimentos e critérios utilizados para o licenciamento ambiental.
Publicado no D.O.U. em 22 de dezembro de 1986.

HISTORICO do empreendimento minas de ferro de Carajas. Projetos Vale, 2012. Acesso em 23


de nov de 2022.

IBAMA, MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Manual de Normas e Procedimentos para


Licenciamento Ambiental no Setor de Extração Mineral. Brasília, DF, 2012.

MATLABA, V. J. Resources Policy. Resoucers Policy, Belém, 54, Dez 2017. 157- 166.
Disponivel em: . Acesso em: 27 de nov. De 2022.

SÁNCHEZ, L. E. Planejamento para o fechamento prematuro de minas. Revista Escola de Minas,


Ouro Preto, v. 64, n. 1, p. 117-124, jan./ mar. 2011.

VALE. Projeto Ferro Carajás S11D - Um novo impulso ao desenvolvimento sustentável do Brasil.
2013. Acessado em 27 de nov. de 2022.

VALE. S11D Novos Caminhos para a Mineração. Revista Vale, 2016.: . Acesso em: 25 de nov.
de 2022. VALE. VALE - Nossa história. 2012. Acessado em 25 de nov. de 2022.

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