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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO CEARÁ,

IFCE CAMPUS FORTALEZA


DEPARTAMENTO DE QUÍMICA E MEIO AMBIENTE

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

IAGO LUAN RODRIGUES OLIVEIRA

LEGISLAÇÃO E CONSTRUÇÃO: UMA ANÁLISE DO EIA/RIMA DE UM


COMPLEXO SOLAR FOTOVOLTAICO LOCALIZADO NO MUNICÍPIO DE
AQUIRAZ ESTADO DO CEARÁ

2023

FORTALEZA
IAGO LUAN RODRIGUES OLIVEIRA

LEGISLAÇÃO E CONSTRUÇÃO: UMA ANÁLISE DO EIA/RIMA DE UM


COMPLEXO SOLAR FOTOVOLTAICO LOCALIZADO NO MUNICÍPIO DE
AQUIRAZ ESTADO DO CEARÁ

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)


apresentado ao curso de Tecnologia em
Gestão Ambiental do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará -
IFCE - Campus Fortaleza, como requisito para
obtenção do título de Tecnólogo em Gestão
Ambiental.
Orientador: Prof. Dr. Adhail Perreira de Sena

2023
FORTALEZA
IAGO LUAN RODRIGUES OLIVEIRA

LEGISLAÇÃO E CONSTRUÇÃO: UMA ANÁLISE DO EIA/RIMA DE UM


COMPLEXO SOLAR FOTOVOLTAICO LOCALIZADO NO MUNICÍPIO DE AQUIRAZ
ESTADO DO CEARÁ

Aprovado (a) em: ____ / _____ / _____.

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dr. Adhail Pereira de Sena


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) –
Campus Fortaleza

Prof. Dr. Maria Lucimar Maranhão Lima


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) –
Campus Fortaleza

Prof. Dr. Marta Alves da Silva


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) –
Campus Fortaleza
AGRADECIMENTOS

A Deus, foi ele que colocou esse sonho no meu coração e me deu forças para
continuar.
Aos meus pais Luciano Oliveira e Silvia Maria que sempre investiram nos
meus estudos e me deram tudo para chegar onde cheguei.

Ao meu tio e padrinho Paulo Lucindo, que desde a minha aprovação no


vestibular me apoiou e incentivou a seguir essa profissão.

Aos amigos e colegas, em especial aos que me acompanharam durante o


início da graduação, que viveram comigo os desafios, agradeço o carinho, a união,
as risadas e toda a motivação.

Aos professores, que me ensinaram a arte da ciência, agradeço os


ensinamentos, as orientações, as lições e os risos. Vocês são os verdadeiros
mestres.
RESUMO

A sociedade moderna busca alternativas sustentáveis para reduzir a poluição e


estimular o uso de fontes de energia renovável, como a energia solar. Apesar do
potencial do Brasil para produção de energia solar, o processo de licenciamento e
estudos de impacto ambiental ainda possuem imperfeições. O presente estudo
objetivou avaliar os métodos de construção e aplicação da legislação pertinente no
estudo de impacto ambiental do complexo solar fotovoltaico Morada do Sol,
localizado no município de Aquiraz no estado do Ceará. Através da seleção e
organização de informações para verificar se o empreendimento é positivo ou
negativo nas esferas ambientais e sociais. É importante abordar esses problemas de
forma metodológica para garantir a eficácia das medidas.

Palavras-chave: Energia fotovoltaica. Complexo. Estudo de Impacto Ambiental.


ABSTRACT

Modern society seeks sustainable alternatives to reduce pollution and encourage the
use of renewable energy sources, such as solar energy. Despite Brazil's potential for
solar energy production, the licensing process and environmental impact studies still
have imperfections. The present study aimed to evaluate the methods of construction
and application of the relevant legislation in the study of the environmental impact of
the solar photovoltaic complex Morada do Sol, located in the municipality of Aquiraz
in the state of Ceará. Through the selection and organization of information to verify
whether the enterprise is positive or negative in the environmental and social
spheres. It is important to approach these problems in a methodological way to
ensure the effectiveness of the measures.

Keywords: Photovoltaic energy. Complex. Environmental impact study.


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AC - Corrente alternada
ADA - Área Diretamente Afetada
AID - Área Influência Direta
AII - Área de Influência Indireta
APP - Área de Preservação Permanente
CFCA - Câmara Federal de Compensação Ambiental
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
CONEMA - Conselho Estadual do Meio Ambiente
EIA - Estudo de Impacto Ambiental
MTR - Manifesto de Transporte de Resíduos
PGRS - Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos
RIMA - Relatório de Impacto Ambiental
SEMACE - Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Estado do Ceará
SIN - Sistema Interligado Nacional
RIMA - Relatório de Impacto Ambiental
UC - Unidade de Conservação
Lista de figuras

Figura 1 - Mapa de localização do empreendimento……………………………………. 17


Figura 2 - Arranjo geral do empreendimento……………………………………………….17
Figura 3 - APPs identificadas no empreendimento…………………………….………… 26
Figura 4 - Áreas de interesse ambiental …………………………………………………… 28
Figura 5 - Bacias Hidrográficas na AID…………………………………………….………...30
Figura 6 - Corpos e curso d’água identificados na APA …………………………………...31

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Quadro das áreas do Complexo fotovoltaico…………………………………. 16


Quadro 2 - Fases do projeto…………………………………………………………………...18
Quadro 3 - Lista de estudos e projetos referentes a implantação do empreendimento..19
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 12
2 REVISÃO DE LITERATURA..............................................................................................14
2. 1 Aspectos Históricos...................................................................................................14
2. 2 Considerações Gerais...............................................................................................14
3. OBJETIVOS...................................................................................................................... 14
4. METODOLOGIA............................................................................................................... 15
4. 1. Quanto à natureza....................................................................................................15
4. 2. Quanto à abordagem................................................................................................15
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO.........................................................................................15
5. 1. Caracterização do empreendimento.........................................................................15
5. 2 Características da localização...................................................................................16
5. 3. FASES DO PROJETO..............................................................................................18
5. 4. Estudo e Projetos.....................................................................................................19
5. 5. INSTALAÇÃO DO EMPREENDIMENTO..................................................................20
5. 5. 1. Construção Civil....................................................................................................20
5. 5. 2. Destinação de efluentes...................................................................................20
5. 5. 3. Método de Desmatamento...............................................................................21
5. 6. Pontos de geração de resíduos, sistemas de armazenamento, tratamento e
destinação final de cada resíduo..................................................................................21
5. 7. INFLUÊNCIA AMBIENTAL DO EMPREENDIMENTO..............................................22
5. 7. 1. Áreas de influência do empreendimento..........................................................22
5. 7. 1. 1. Área diretamente afetada (ADA)..................................................................23
5. 7. 1. 2. Área de influência direta (AID).....................................................................23
5. 7. 1. 3. Área de influência indireta (AII)....................................................................23
5. 7. 2. Cursos d’água e Áreas de Preservação Permanente...........................................24
5. 8. Unidades de Conservação........................................................................................26
5. 9. Compensação ambiental..........................................................................................27
5. 10. Recursos Hídricos Superficiais e Subterrâneos......................................................29
5. 10. 1. Recursos Hídricos Superficiais (AII e AID).....................................................29
5. 10. 2. Recursos Hídricos Superficiais (ADA)............................................................30
5. 11. Diagnóstico e Prognóstico ambiental..........................................................................34
5. 11. 1. Meio fisíco........................................................................................................... 34
5. 11. 2. Meio biótico.........................................................................................................34
5. 11. 2. 1. Meio biótico - vegetação............................................................................34
5. 11. 2. 2. Meio biótico – animal..................................................................................34
5. 12. Principais medidas mitigadoras...................................................................................34
5. 12. 1. Meio fisíco........................................................................................................... 35
5. 12. 2. Meio biótico.........................................................................................................35
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................36
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 37
12

1. INTRODUÇÃO

A defesa do meio ambiente ecologicamente equilibrado é o ponto central da


Política Nacional do Meio Ambiente, em que um de seus instrumentos é o licenciamento
ambiental. A luta pela sustentabilidade em um espaço de constante expansão urbana,
gera uma crise ambiental de forma desgovernada. Visto isso, a necessidade de
aprovação de um estudo prévio de impacto ambiental (EIA/RIMA) é crucial na
transformação urbanística sem gerar significativos impactos ambientais (ANDRADE,
ROMERO, 2005).

A sociedade moderna tem sido criticada pelo uso excessivo de energia proveniente
da queima de combustíveis fósseis, fator que contribui para a elevação da temperatura do
planeta e a poluição ambiental. A fim de garantir um ambiente sustentável e o
desenvolvimento econômico e físico, muitos países investem em projetos para reduzir a
poluição e estimular a utilização de fontes de energia renovável. Dado que os recursos
naturais estão cada vez mais escassos, é importante explorar alternativas sustentáveis,
como a energia solar, que é convertida em energia elétrica por meio de células
fotovoltaicas (SILVA et al., 2019).

Referindo-se ao Estado do Ceará, a primeira instalação de sistema fotovoltaico foi


datada em dezembro de 1992 no município de Cordeiro. Projeto o qual, foi desenvolvido
pela sociedade entre a Companhia Energética do Ceará (COELCE), o Centro de
Pesquisas de Energia Elétrica (CEPEL) e o Laboratório Nacional de Energia Renovável
dos Estados Unidos (NREL) (OLIVEIRA, GUERRA, 2021).

De acordo com Silva (2015, apud ARAGÃO, 2020) a geração de energia por fonte
solar é isenta de geração de resíduos ou gás para o meio ambiente, configurando um
processo de energia limpa. Apesar do Brasil possuir intenso potencial de produção de
energia solar, com ênfase na região Nordeste que possui particularidades favoráveis
neste modelo de geração de energia, esse meio ainda é escasso quando comparado a
outros meios de produção.

Prevista na Política Nacional do Meio Ambiente a exigência de estudos ambientais


no ato do licenciamento ambiental é crucial para o poder público liberar as licenças de
atividades que possam causar significativo impacto ambiental (BRASIL, 1981, apud,
Almeida et al, 2015).

Segundo Almeida et al. (2015) ao longo do desenvolvimento histórico e jurídico


brasileiro, foram elencadas diversas imperfeições no processo de licenciamento e nos
13

estudos de impacto ambiental, visto que, até este momento não foram abordados de
forma científica e estruturada. Infelizmente, as identificações muitas vezes são genéricas
e sem hierarquização, limitando nossa capacidade de encontrar soluções efetivas. É
solene abordar esses problemas de maneira metodológica para garantir a eficácia das
medidas.
Diante dos fatos supracitados, a pesquisa é importante por estruturar um conjunto
de elementos sobre o tema e discutir seus impactos em um contexto social e ambiental.
14

2 REVISÃO DE LITERATURA

2. 1 Aspectos Históricos

Em 1839 o físico Edmond Becquerel realizou o experimento utilizando duas placas


de latão inseridas em eletrólito, o resultado foi a produção de eletricidade na presença de
luz solar. Posteriormente, em 1883, Chalers Fritts, produziu a partir de folhas de selênio a
primeira bateria capaz de armazenar energia proveniente do sol (MACHADO, MIRANDA,
2015).

Segundo Oliveira et al. (2021) o primeiro projeto de energia solar implementado no


Ceará, denominado Luz do Sol, aconteceu no interior do Estado e atendeu cerca de 14
vilas. Essa região não possuía atendimento de concessionária elétrica e foi capaz de
atender 492 residências.

2. 2 Considerações Gerais

Uma das dificuldades técnicas enfrentadas pelos projetos de energia solar é a


ineficiência dos sistemas de conversão de energia, que demandam grande área para
captar quantidades suficientes de energia e tornar o empreendimento rentável. Porém, se
comparada a outras fontes energéticas, como a hidráulica, que frequentemente requer
enormes áreas inundadas, a limitação de espaço configura o menor impasse ao
aproveitamento da energia solar (ANEEL, 2003).

3. OBJETIVOS

O objetivo dessa pesquisa foi avaliar os métodos de construção e aplicação da


legislação pertinente no estudo de impacto ambiental do complexo solar fotovoltaico
Morada do Sol, localizado no município de Aquiraz no estado do Ceará.
15

4. METODOLOGIA

4. 1. Quanto à natureza

Essa pesquisa pode ser denominada como uma pesquisa documental. Para La-
silva et al. (2009) a extração de um conjunto de documentos e informações,
substanciando técnicas do método científico é o que equivale a pesquisa documental.

4. 2. Quanto à abordagem

Nesta pesquisa foi reunido, selecionado e organizado as informações pertinentes do


estudo de impacto ambiental do complexo solar fotovoltaico morada do sol, onde os dados foram
alocados em tabelas, quadros e escritos para serem analisados.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5. 1. Caracterização do empreendimento

O CSF Morada do Sol está localizado na zona rural do município de Aquiraz, no


Estado do Ceará e possuirá capacidade total de 277,35 MW, potência Nominal de 321,98
MWp e será conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN), na Subestação Aquiraz II.
O empreendimento terá, ao todo, 06 (seis) usinas fotovoltaicas (UFV Morada do Sol I a
VI) e uma área total de 734,56 hectares em um imóvel denominado Fazenda Ateiras.

No entanto, a área útil do empreendimento totaliza aproximadamente 406,91


hectares, o que compreende cerca de 55,39% da área total contratada. A Área de
Interferência que será diretamente explorada e onde serão instalados os painéis
fotovoltaicos terá previsão de instalação de 495.360 (quatrocentos e noventa e cinco mil e
trezentos e sessenta) módulos fotovoltaicos, correspondendo a uma potência de 321,98
MWp.

O empreendimento contará com uma Subestação elevadora, à qual será cercada


de muro de alvenaria, piso britado, sistema com malha de aterramento e sistema de
drenagem de águas pluviais. Além desta, o projeto contará com subestações unitárias as
quais formarão circuitos de média tensão (34,5 kV) independentes. Cada um destes
16

circuitos corresponderá a um alimentador, que levará toda energia gerada para a


Subestação elevadora.

Quadro 1 – Quadro das áreas do Complexo fotovoltaico

Área total 734,56 hectares (100%)

Área total das UFV 406,91 hectares (55,39% da área total)

Área dos painéis solares 162,18 hectares (22 % da área total)

Área total livre 572,38 hectares (28,36% da área total)

Fonte: Elaborado pelo autor (2023) com dados do EIA

A área total livre é composta por áreas de preservação permanente (APPs),


fazendas, unidades unifamiliares e demais áreas livres de ocupação ou de interferência
das usinas fotovoltaicas.

5. 2 Características da localização

O CSF Morada do Sol está localizado na zona rural do município de Aquiraz,


aproximadamente 3 km do perímetro urbano da cidade e a 10,2 km da Capital Fortaleza.
O acesso a partir de Fortaleza até ao complexo se dá através das rodovias CE-040, CE-
025, e BR-116.
17

Figure 1: Mapa de localização do empreendimento

Fonte: Acervo EIA

Figure 2: Arranjo geral do empreendimento

Fonte: Acervo EIA


18

5. 3. FASES DO PROJETO

Quadro 3 - Fases do projeto


FASES COMPONENTES DO PROJETO
Estudos e Projetos
Estudos Básicos
Estudo de Viabilidade Econômica
Pré-Implementação Levantamento Topográfico
Caracterização Solar da Região
Projetos
Estudo de Impacto Ambiental
Instalação do Canteiro de Obras
Contratação de Construtora/Pessoal
Mobilização de Equipamentos/Materiais
Limpeza da Área
Sistema Viário (Acessos Internos)
Construção das Fundações
Implementação
Montagem das Estruturas Metálicas
Montagem Elétrica
Subestação
Interligação Elétrica
Testes Pré - operacionais
Desmobilização da Obra
Produção de Energia
Operação Transmissão de Energia
Manutenção de empreendimentos

Fonte: elaborado pelo autor (2023) com dados do EIA.


19

5. 4. Estudo e Projetos

Quadro 2 - Lista de estudos e projetos referentes a implantação do empreendimento

Lista de estudos e projetos referentes a implantação do empreendimento

Qualidade da água (superficial e subterrânea)


Qualidade do solo
Níveis de ruído
Recuperação de áreas degradadas
Prevenção e monitoramento de processos erosivos
Planos de proteção ao trabalhador e segurança do meio ambiente
Programas de educação ambiental
Auditorias ambientais
Programas de gerenciamento de riscos
Planos de ação emergência
Planos de comunicação as comunidades circunvizinhas ao empreendimento
Programa de saúde às populações circunvizinhas ao empreendimento;
Planos de desmatamento racional
Plano de conservação paisagística
Plano de monitoramento da fauna
Plano de eventual desativação do empreendimento

Fonte: elaborado pelo autor (2023) com dados do EIA.


20

5. 5. INSTALAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

5. 5. 1. Construção Civil

5. 5. 2. Destinação de efluentes

A etapa de instalação do empreendimento contará com a instalação de um sistema


de tratamento de efluentes líquidos gerados no canteiro de obras. O sistema será
composto pelas seguintes etapas:
• Fossa Séptica;
• Sumidouro.
O procedimento visa a eficácia do tratamento do efluente gerado no período de
instalação do empreendimento. As estruturas que irão compor o sistema serão
construídas in loco a base de alvenaria e concreto.
A fossa séptica se caracteriza por uma estrutura de alvenaria devidamente vedada,
com aberturas destinadas apenas à entrada e saída do efluente no sistema. Esta etapa
tem como principal função promover a sedimentação de sólidos grosseiros presentes no
efluente bruto e promover processos de digestão anaeróbia. A decantação destes sólidos
permite com que o efluente possa passar para a próxima etapa do processo de
tratamento com menor presença de sólidos suspensos e reduzida carga orgânica.
O sumidouro promove a depuração do efluente pré tratado pela fossa. Nesta etapa
o efluente será infiltrado no solo por meio de aberturas presentes na estrutura deste
equipamento. Nesta ocasião o solo funciona como um filtro natural e promoverá a
retenção da carga orgânica presente no efluente.
Outrossim, vale ressaltar que o sistema de tratamento de efluentes supracitado
também será utilizado na etapa de operação do empreendimento.
As frentes de trabalho contarão com a instalação de banheiros químicos, os quais
terão limpeza periódica de acordo com a necessidade e sua coleta e destinação serão
realizadas por empresa devidamente licenciada.
O efluente gerado no período de construção até a desativação total do canteiro
será devidamente quantificado. Será de responsabilidade do gerador emitir os MTRs
(Manifesto de Transporte de Resíduos) no ato da realização da coleta.
A empresa contratada para coleta do efluente deverá realizar a retirada dos
containers sanitários e emitir termos que atestem a correta destinação do efluente gerado.
21

5. 5. 3. Método de Desmatamento

O processo de supressão da vegetação presente, ocorreu apenas na parcela


necessária para implantação de estruturas do empreendimento, logo, as áreas a serem
suprimidas são locais destinados à instalação dos módulos fotovoltaicos e locais
destinados a estruturas de apoio para a Usina.

5. 6. Pontos de geração de resíduos, sistemas de armazenamento, tratamento e


destinação final de cada resíduo

Será elaborado um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, o qual descreve


de forma técnica e específica o processo desde a geração até a destinação final dos
materiais gerados na instalação e operação da Usina.
Os resíduos de argamassa e tijolo (classe II B) serão destinados para o aterro
sanitário ou a usina de reciclagem, sendo o transporte realizado por caminhões da própria
empresa geradora, conforme Plano de Gerenciamento de Resíduos, na qual irá dispor de
cópia de Licenças Ambientais do destino final e manifesto de transporte de resíduos
devidamente preenchidos, para cada transporte efetuado.
As sobras de madeira (Classe II A) serão reaproveitadas ao máximo na própria
obra quando cabível ou destinada à local apropriado, sendo o transporte realizado por
caminhões da própria empresa geradora, conforme Plano de Gerenciamento de
Resíduos, na qual irá dispor de cópia de Licenças Ambientais do destino final e manifesto
de transporte de resíduos devidamente preenchidos, para cada transporte efetuado.
Durante a Fase de Instalação, os resíduos produzidos durante a construção serão
temporariamente armazenados na área do canteiro de obras e posteriormente
encaminhados para destino final adequado.
Durante a Fase de Operação, a produção de resíduos originada pelo
funcionamento do projeto traduz-se em resíduos de manutenção do equipamento,
resíduos vegetais provenientes da limpeza do terreno e resíduos urbanos produzidos no
canteiro de obras. Em termos quantitativos, a produção prevista destes resíduos é
reduzida.
A coleta de resíduos ocorrerá de forma semanal onde os materiais gerados na obra
serão devidamente caracterizados conforme as normas ABNT NBR 10004, 10005, 10006,
10007 e Resolução CONAMA N° 307, de 05/07/2002, sendo monitorado os aspectos
22

referentes ao manejo deste material, que compreende geração, segregação,


acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e destinação final.
Além da geração de resíduos sólidos no empreendimento, ressalta-se também os
resíduos líquidos, como esgotos sanitários, efluentes oleosos e água contaminada.
Para o descarte de efluentes sanitários, serão utilizados sanitários químicos
fornecidos por empresas especializadas, os quais serão instalados e operados pela
contratada, no intuito de que o efluente gerado seja tratado e destinado de forma correta.
Os efluentes oleosos serão oriundos da manutenção de máquinas e veículos, os
quais serão armazenados em coletores apropriados e encaminhados para empresa
especializada para o processo de rerrefino.
O efluente oleoso proveniente da lavagem e limpeza de equipamentos será
drenado e direcionado para uma caixa SÃO, onde será armazenada e coletada por
empresa especializada.
Os equipamentos utilizadores de óleo, serão dotados de bacias de contenção
temporárias para eventuais vazamentos deste material que venham a ocorrer.
As águas contaminadas oriundas da produção de concreto, serão direcionadas
para um sistema de drenagem e coletadas em um tanque de decantação no intuito de que
o material sólido presente possa decantar e sedimentar no fundo do tanque e a água em
questão possa ser aproveitada para atividades secundárias no empreendimento, como a
umidificação de vias de acesso.
Durante os procedimentos de montagem de placas fotovoltaicas, o impacto é sobre
o meio físico devido aos resíduos provenientes da fase de montagem desses
equipamentos.
A geração de resíduos devido a terraplenagem e retirada da cobertura vegetal,
devido à instalação e transporte de equipamentos são consideradas temporárias.

5. 7. INFLUÊNCIA AMBIENTAL DO EMPREENDIMENTO

5. 7. 1. Áreas de influência do empreendimento

A delimitação das áreas de influência de um empreendimento é notadamente


importante, pois fundamenta a definição do espaço geográfico para a análise de
informações que servirão para diagnosticar as condições socioambientais da região onde
se pretende implantar o empreendimento (EIA, 2021).
23

A determinação dos limites das áreas de influência seguiu o que está prevista no
inciso II, do art. 5°, da Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONEMA) n°
01/86, que define as diretrizes de um Estudo de Impacto Ambiental – EIA, que levou em
conta as características geográficas do local previsto para o empreendimento, natureza e
características do porte do projeto, Legislação territorial e ambiental aplicável à região,
existência de outros projetos de grande porte previstos para a mesma área, a bacia
hidrográfica na qual se localiza o empreendimento (EIA, 2021).
Para melhor descrição da caracterização ambiental da área objeto deste estudo,
adequando a avaliação dos impactos gerados ou previsíveis pelas ações propostas,
considerou-se para diagnóstico ambiental três áreas de influência:

5. 7. 1. 1. Área diretamente afetada (ADA)

Compreende a área do projeto propriamente dita, onde serão instaladas as


estruturas, a área onde deverá ocorrer as intervenções para a instalação e operação da
usina. Nesta área ocorrerão os impactos mais significativos no meio físico, biótico e
antrópico.

5. 7. 1. 2. Área de influência direta (AID)

É uma área onde poderão ser sentidos os impactos diretos da implantação e


operação do empreendimento inseridos dentro do limite da poligonal da área de
implantação das usinas fotovoltaicas. O meio físico e biótico foram tratados de forma
conjunta devido às relações intrínsecas que guardam na formação de ecossistemas dos
processos naturais. Para o meio meio antrópico, foi considerado as comunidades dentro
ou próximas deste raio.

5. 7. 1. 3. Área de influência indireta (AII)

Recebe os impactos indiretos do empreendimento, abrangendo o território do


município de Aquiraz em toda sua extensão, podendo ir além quando observados os
impactos a nível socioeconômico, haja vista a importância do empreendimento para o
fortalecimento da cadeia produtiva energética do Estado do Ceará, pois a energia
24

produzida será destinada para venda através de leilões de energia promovidos pelo
governo federal e injetada no sistema integrado Nacional – SIN.

5. 7. 2. Cursos d’água e Áreas de Preservação Permanente

Devido à sensibilidade ambiental das áreas ao redor dos cursos d’água, tem-se a
necessidade de delimitação impeditivas com relação a construções. Nesse sentido, surge
o conceito das Áreas de Preservação Permanente (APP), que, segundo a Lei nº 12.651,
de 25 de maio de 2012, que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa, pode ser
entendida como uma:
“área protegida, coberta ou não por vegetação nativa,
com a função ambiental de preservar os recursos
hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a
biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger
o solo e assegurar o bem-estar das populações
humanas.” (BRASIL, 2012).

Assim sendo, analisando o estudo do empreendimento, observam-se um total de


11 corpos hídricos, entre lagoas naturais e reservatórios artificiais oriundos de
barramentos de cursos hídricos naturais, os quais foram mapeados e tiveram suas APPs
delimitadas sobre suas faixas marginais conforme as respectivas classificações de cada
um.
Desse modo, com o auxílio do google earth e de aeronaves não pilotadas (drone),
foi realizado um mapeamento em áreas de difícil acesso, para pontuar possíveis APPs e
confirmar a extensão do corpo hídrico.
Durante a visita aos corpos lóticos foram analisadas a morfometria, extensão,
largura, o regime de escoamento e a efemeridade das drenagens. Somado a isso,
buscou-se informações através de moradores locais, sobre os usos das águas, a
existência de nascentes e a classificação dos corpos d’água.
Por meio do diagnóstico, definiu-se a existência de 15 APPs, distribuídas entre os
dois blocos. Desse total, 10 (dez) estão localizadas no Bloco Sul, e o restante, no Bloco
Norte.
25

No Bloco Norte, segundo a Lei n° 943/2011, de 22 de dezembro de 2011, que


dispõe sobre o Plano Diretor e Participativo de Aquiraz, o terreno encontra-se em Zona
Urbana de Expansão Controlada. Nesse terreno, foram identificadas uma drenagem
intermitente, duas lagoas e um reservatório artificial, todos com áreas inferiores a 20
hectares. Para a drenagem, em virtude da largura inferior a 10 metros, foi definida uma
faixa de proteção de 30 metros. Com base no artigo 3°, inciso I, da CONAMA 302, que
estabelece a delimitação de reservatórios em áreas urbanas, de “trinta metros para os
reservatórios artificiais situados em áreas urbanas consolidadas e cem metros para áreas
rurais”, foi definida uma faixa de 30 metros para o reservatório. Para as duas lagoas, com
base na Lei 12.651, foi definida também uma faixa de 30 metros.
Em relação ao Bloco Sul, o terreno encontra-se, segundo o Plano Diretor e
Participativo de Aquiraz, em uma Área para Atividades Urbanos Agrárias. Do total de 10
APPs, foram identificadas quatro drenagens intermitentes, uma lagoa, uma nascente e
seis reservatórios artificiais, com menos de 20 hectares. Uma drenagem, que se encontra
fora do terreno, e apresenta largura acima de 10 metros, foi estabelecida uma faixa
marginal de 50 metros. As outras drenagens, em virtude de largura inferior a dez metros,
foram atribuídas faixas marginais de 30 metros de acordo com a Lei 12.651, de 25 de
dezembro de 2012. Ainda com base na mesma Lei, foi atribuída uma faixa de 50 metros
para a lagoa e para a nascente. Para os reservatórios, foram definidas faixas de 15
metros, conforme dispõe o inciso III do Art 3°, da Resolução CONAMA 302:
“quinze metros, no mínimo, para reservatórios artificiais não
utilizados em abastecimento público ou geração de energia
elétrica, com até vinte hectares de superfície e localizados
em área rural”.

Ainda com relação aos corpos hídricos do Bloco Sul, são previstas intervenções em
dois dos reservatórios artificiais oriundos de barramentos de cursos hídricos naturais, a
fim de viabilizar a operação do empreendimento em virtude de sua capacidade
energética, conforme layout geral do empreendimento.
26

Figure 3 - APPs identificadas no empreendimento

Fonte: acervo EIA

5. 8. Unidades de Conservação

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, instituído pela Lei


nº 9.985, de 18 de julho de 2000, define duas modalidades de unidades de conservação:
proteção integral e uso sustentável.
As unidades de proteção integral têm como objetivo principal preservar a natureza,
sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais. Já as unidades de uso
sustentável visam compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de
parcela dos seus recursos naturais (BRASIL, 2000).
O empreendimento está fora de qualquer UC, porém estando próximo,
aproximadamente, 18 km da Reserva Extrativista do Batoque. Já sobre o aspecto
estadual, está próximo a 6 km da Área de Proteção Ambiental do Rio Pacoti, de
responsabilidade da Secretaria do Meio Ambiente do Ceará - SEMACE, criada por meio
do Decreto nº 25.778, de 15 de fevereiro de 2000.
Em contrapartida, o Bloco Sul encontra-se inserido, aproximadamente, 60 ha no
Corredor Ecológico do Rio Pacoti, instituído pelo Decreto nº 25.777, de 15 de fevereiro de
2000. O parágrafo primeiro, do art. 5º, do decreto supracitado, indica a possibilidade de
27

usos do solo para as seguintes atividades: residenciais, institucionais, industriais não


poluentes, comercial e serviços, recreativo, exploração agrícola sem uso de defensivos
agrícolas e extração vegetal, florestamento e reflorestamento, utilizando apenas espécies
nativas.
A área em que está inserida a parcela do Bloco Sul é classificada como Zona de
Uso Sustentável, entendida, segundo Decreto nº 32.164, de 02 de março de 2017, como:
“aquela definida com o objetivo de garantir sua maior
proteção através do cumprimento de normas e restrições
específicas, comportando a exploração de atividades e
empreendimentos passíveis de licenciamento e/ou
autorização ambiental” (COEMA, 2015).

5. 9. Compensação ambiental

Segundo a Lei Federal nº 9.985/2000, estabeleceu, em seu artigo nº 36, que:

“Nos casos de licenciamento ambiental de


empreendimentos de significativo impacto ambiental,
assim considerado pelo órgão ambiental competente,
com fundamento em Estudo de Impacto Ambiental e
respectivo relatório – EIA/RIMA, o empreendedor é
obrigado a apoiar a implantação e manutenção de
unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral,
de acordo com o disposto neste artigo e no regulamento
desta Lei”.
28

Figure 4 - Áreas de interesse ambiental

Fonte: acervo EIA

Com a Resolução nº CONAMA 371/2006, definiu parâmetros básicos para o


cálculo, cobrança, aplicação, aprovação e controle de gastos dos recursos advindos da
compensação ambiental.

O cálculo é detalhado no Decreto Federal nº 6.848, de 14/05/2009, determinando


que a porcentagem do valor de referência do empreendimento destinado à compensação
não seja superior a 0,5%, dele descontadas as ações de ordem ambiental. Esses valores
devem ser aplicados, na ordem de prioridade, para:
● Regularização fundiária e demarcação de terras de Unidades de Conservação;
● Elaboração, revisão ou implantação de Planos de Manejo;
● Aquisição de bens e serviços necessários à implantação, gestão, monitoramento e
proteção de Unidades de Conservação, compreendendo suas Zonas de
Amortecimento;
● Desenvolvimento de estudos necessários à criação de novas Unidades de
Conservação;
● Desenvolvimento de pesquisas necessárias para o manejo da Unidade de
Conservação e de sua Zona de Amortecimento.
29

O detalhamento da constituição e das atribuições da Câmara Federal de


Compensação Ambiental (CFCA), órgão colegiado criado com o objetivo de orientar o
cumprimento da legislação referente à compensação ambiental, é indicado pelas
Portarias MMA nº 416, de 03/11/2010, e CFCA/SE/MMA nº 01, de 24/08/2011. No âmbito
do IBAMA, foi criado, através da Portaria Conjunta ICMBio/IBAMA/MMA nº 225, de
30/06/2011, o Comitê de Compensação Ambiental Federal (CCAF), que deve
implementar as diretrizes determinadas pela CFCA.
Ou seja, a Compensação Ambiental tem relação direta com todos os impactos
negativos resultantes da instalação e operação do empreendimento.

5. 10. Recursos Hídricos Superficiais e Subterrâneos

5. 10. 1. Recursos Hídricos Superficiais (AII e AID)

A caracterização do regime hidrológico superficial de uma área, pode ser iniciado a


partir da compreensão de sua bacia hidrográfica. Esta, é definida como grande área de
uma região composta por um rio principal e seus afluentes, que escoam para o mesmo
curso d’água.
A AII e AID estão inseridas em um conjunto de bacias denominadas de Bacia
Metropolitana. Esta bacia é formada por diversas outras bacias de diferentes formas e
tamanhos, cobrindo uma área de mais de 15.085 km, compondo um agrupamento de
mais de 16 microbacias, distribuídas por 31 municípios, nas quais as Sub Bacia do Rio
Pacoti, a Sub Bacia do Riacho Catu são as representantes de maior expressão no
município de Aquiraz
O empreendimento está inserido em duas bacias hidrográficas: a Bacia do Rio
Pacoti, que banha de forma mais significativa os dois Blocos, e a Bacia do Rio Catu,
inserida em uma parcela do Bloco Sul. Ambas bacias possuem rios de grande importância
estratégica para o estado, como o Rio Pacoti, ou como uso para o abastecimento de
Aquiraz e como o Rio Catu.
30

Figure 5 - Bacias Hidrográficas na AID

Fonte: acervo EIA

5. 10. 2. Recursos Hídricos Superficiais (ADA)


No que concerne aos corpos hídricos dos dois Blocos, associadas a estas
drenagens, encontram-se áreas brejosas e pequenos reservatórios.
Os dois Blocos são marcados pela presença de corpos lóticos e lênticos cuja
origem e dinâmica é reflexo da intensa antropização e das adaptações da natureza ao
longo do tempo. A maior parte das drenagens são efêmeras, representadas por incisões
rasas e com fluxo d’água lento sem deposição sedimentar nas bordas e sem formação de
calhas. Os corpos lentos são representados por 11 corpos d’água, sendo três lagoas e
sete reservatórios artificiais oriundos de barramentos de cursos hídricos naturais. Das três
lagoas, duas estão situadas no Bloco Norte e uma no Bloco Sul. Dos reservatórios, seis
estão localizados no Bloco Sul e um no Bloco Norte. Associadas a estes corpos hídricos,
é comum a presença de espelhos d’água nas áreas brejosas.
31

Figure 6 - Corpos e curso d’água identificados na APA

Fonte: acervo EIA

Em relação aos corpos lóticos, foram identificadas drenagens efêmeras e


intermitentes. Os primeiros estão associados ao escoamento superficial e temporário das
águas pluviais, proveniente dos reservatórios e direcionando o fluxo das águas para as
áreas mais baixas. Neste caso, não foi identificada a necessidade de se estabelecer
faixas marginais. No bloco Sul, foi identificada uma drenagem intermitente, enquanto no
Bloco Norte, apenas drenagens efêmeras .
O diagnóstico revelou a existência de 16 APPs distribuídas entre os dois blocos.
Desse total, doze estão localizadas no Bloco Sul e quatro no bloco norte. As margens
foram atribuídas conforme o distanciamento definido na Lei 12.651, de 25 de dezembro
de 2012, e na CONAMA 302, de 20 de março de 2002.
No bloco norte, segundo a Lei n° 943/2011, de 22 de dezembro de 2011 que
dispõe sobre o Plano Diretor e Participativo de Aquiraz, o terreno encontra-se em Zona
Urbana de Expansão Controlada. Neste terreno, foram identificadas uma drenagem
intermitente, duas lagoas e um reservatório artificial, todos com áreas inferiores a 20
hectares. Para a drenagem, em virtude da largura inferior a 10 metros, foi definida uma
faixa de proteção de 30 metros.

● Drenagens 1, 2 e 3 - Foram classificadas como drenagens efêmeras, ou


seja, que só possuem água durante o período chuvoso e assim legalmente não necessita
32

possuir área de preservação permanente. A origem destas drenagens está ligada ao


extravasamento sazonal de reservatórios à montante. Esses cursos hídricos não
apresentam canais fluviais, sendo caracterizados por um regime de escoamento lento que
se desenvolve em superfície plana. A ausência de depósitos de sedimentos grosseiros
implica em transporte sob regime laminar, constatado pela presença de argila nos níveis
mais rasos.
● Drenagem 4 - Foi classificada como drenagem intermitente, sendo definida
como Área de Preservação Ambiental. Ao contrário das drenagens anteriores, nesta foi
verificado canal fluvial com depósitos arenosos em suas margens, além da presença de
água empoçada em vários setores do curso hídrico.

Segundo a CONAMA 302, a delimitação de reservatórios em áreas urbanas de


“trinta metros para os reservatórios artificiais situados em áreas urbanas consolidadas e
cem metros para áreas rurais”, foi definida uma faixa de 30 metros para o reservatório.
Para as duas lagoas, com base na Lei 12.651, foram definidas também faixas de 30
metros.
Em relação ao Bloco Sul, o terreno encontra-se em uma área onde predomina
atividade rural, e que segundo a Lei n° 943/2011, de 22 de dezembro de 2011 que
dispões sobre o Plano Diretor e Participativo de Aquiraz, é definida como Área para
Atividades Urbanos Agrárias. Do total de 12 APPs, foram identificadas quatro drenagens
intermitentes, uma lagoa, uma nascente e seis reservatórios artificiais, com menos de 20
hectares. Uma drenagem, que se encontra fora do terreno, e apresenta largura acima de
10 metros foi estabelecida uma faixa marginal de 50 metros. As outras drenagens, em
virtude de largura inferior a dez metros, foram atribuídas faixas marginais de 30 metros de
acordo com a Lei 12.651, de 25 de dezembro de 2012. Ainda com base na mesma lei, foi
atribuída uma faixa de 50 metros para a lagoa e para a nascente. Para os reservatórios
foram definidas faixas de 15 metros.
Na Fazenda de Ateiras, os seis corpos d’água identificados são utilizados para
abastecimento local e para uso no pasto e na agricultura.
O projeto executivo prevê intervenções no corpo hídrico acima apresentado e em
sua respectiva Área de Preservação Permanente – APP, bem como no corpo hídrico
situado a sudeste.
A fim de que a legislação seja corretamente atendida, tais intervenções serão
comunicadas ao órgão ambiental e somente serão realizadas mediante autorização
33

prévia, sendo aplicadas as devidas medidas compensatórias a serem propostas pelo


órgão ambiental.
34

5. 11. Diagnóstico e Prognóstico ambiental

5. 11. 1. Meio fisíco


O município de Aquiraz tem sua geologia relativamente variada pois abrange
desde rochas antigas até sedimentos mais recentes. São assim reconhecidas quatro
unidades geológicas no município: a unidade pré-cambriana, a unidade granítica, uma
unidade tércio-quaternária e os depósitos pleistocênicos, holocênicos e aluvionares.

As formas de relevo encontrada na área se resumem a superfícies planas


suavemente inclinadas e a colinas com suave declive. As áreas são dominantemente
planas em ambos os blocos e estão associadas aos depósitos aluviais e aos brejos dos
dois principais cursos d’água da região: riacho Caponga Funda e rio Pacoti.
Na área do Complexo solar fotovoltaico Morada do Sol foram encontrados pelo menos dois
tipos de solos: os argissolos ocorrendo de forma mais abrangente e os neossolos quartzarênicos,
encontrados nas pequenas drenagens ou associados aos corpos hídricos. A topografia da área
reflete condições de um relevo estável, sem propensão a eventos extremos.

5. 11. 2. Meio biótico

5. 11. 2. 1. Meio biótico - vegetação


A área do empreendimento encontra-se inserida em região alterada
presominantemente pela ação antrópica e presença de agropecuária, com uma segunda
cobertura composta por formação vegetal de savana-Estépica Arborizada, e terceira
cobertura com formação pioneira com influência fluvial ou lacustre.

5. 11. 2. 2. Meio biótico – animal


Através da equipe técnica foi realizado um levantamento da fauna silvestre
utilizando métodos como a observação visual e auditiva, detecção bioacustica, e
armadilhas fotográficas.

5. 12. Principais medidas mitigadoras

As medidas mitigadoras são propostas que propõem a adoção de progamas e medidas


afim de minimizar os impactos ambientais do empreendimento.
35

5. 12. 1. Meio fisíco


Para mitigar os efeitos da alteração do meio fisíco, foram sugeridos medidas de:
 Alteração no microclima local;
 Alteração da qualidade da água superficial e subterrânea;
 Mudança no padrão de circulação das águas superficiais e risco de alagamentos
locais;

5. 12. 2. Meio biótico


Para mitigar os efeitos da alteração do meio biótico, foram sugeridos medidas de:
 Redução da cobertura vegetal, fragmentação e perda de habitat;
 Interferências na Fauna Silvestre;

 Influência em áreas legalmente protegidas;


36

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo dessa pesquisa foi avaliar os dados do EIA/RIMA do complexo solar


fotovoltaico Morada do Sol, a fim de verificar os impactos significativos no âmbito ambintal
e social.
Após a análise e interpretação dos dados selecionados e apontados nesta
pesquisa, comprovamos plenamente a importância do projeto. Do ponto de vista juridico e
técnico não foram identificados aspectos que possam inibir a implantação do projeto. que
todas a medidas de impactos ambientais estão sendo cuidadosamente discutidas
legalmente.
37

REFERÊNCIAS

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PROTEGIDAS NAS CIDADES. XI Encontro nacional da associação nacional de pós-
graduação e pesquisa em planejamento urbano e regional – ANPUR, Salvador, 23-27
maio. 2005.

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FOTOVOLTAICA NO BRASIL: UMA REVISÃO DE LITERATURA. Pesquisa e inovação,
Guarapuava, v. 1, n. 1, p. 100-115, jan/jun. 2019.

OLIVEIRA, Ilane; GUERRA, Fabiana. Geração Fotovoltaica no Ceará. Engenharia


Elétrica e Engenharia Mecânica, v.3, n.2, p. 38-49, 2021.

ARAGÃO, Carlos. ANÁLISE CRITÍCA DA VIABILIDADE ECONOMICA E EFICIÊNCIA


ENERGÉTICA DE USINA FOTOVOLTAICA: ESTUDO DE CASO. Universidade federal
rural do semi-árido, 2020.

ALMEIDA, Alexandre; SERTÃO, Alexandre; SOARES, Philipe; ANGELO, Humberto.


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Machado, C. T.; Miranda, F. S. ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA: UMA BREVE


REVISÃO. Virtual de quimica, vol. 7, n. 1, p. 126-143, 2015.

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FOTOVOLTAICA NO BRASIL: GERAÇÃO DISTRIBUÍDA VS GERAÇÃO
CENTRALIZADA. Orientador: Antonio Martins. 2019. TCC (Graduação) - Mestrado em
Ciências Ambientais, a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho,
38

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https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/181288/pereira_nx_me_soro.pdf?
sequence=3&isAllowed=y. Acesso em: 28. mai. 2023.

BRASIL. Lei N° 12.651, 25 DE MAIO DE 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação


nativa. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 2012.

BRASIL. CONAMA n° 302, 20 DE MARÇO DE 2002. Dispõe sobre os parâmetros,


definições e limites de Áreas de Preservação Permanente de reservatórios artificiais e o
regime de uso do entorno. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 2002.

CEARÁ (Estado). COEMA Nº 10 DE 11 DE JUNHO DE 2015. Dispõe sobre a atualização


dos procedimentos, critérios, parâmetros e custos aplicados aos processos de
licenciamento e autorização ambiental no âmbito da superintendência estadual do meio
ambiente. Fortaleza, CE: Diário Oficial do Estado, 2015.

AQUIRAZ). Lei n° 943/2011, de 22 de dezembro de 2011. Que dispõe sobre o Plano


Diretor e Participativo de Aquiraz. Aquiraz, CE: Câmara municipal de Aquiraz, 2011.

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