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POLUIÇÃO E CONTAMINAÇÃO DO MEIO AMBIENTE


O acentuado crescimento das populações urbanas na grande maioria dos
países, bem como o desenvolvimento industrial em muitas regiões, tem gerado vários
problemas para o homem; entre os quais temos os decorrentes da crescente produção
de resíduos gasosos, líquidos e sólidos, que ocasionam a poluição do meio ambiente,
ou seja, do ar, da água e do solo, sem deixar de mencionar a poluição acústica e
visual.

Conceito de Poluição: Considera-se poluição qualquer alteração das


propriedades físicas, químicas ou biológicas do meio ambiente (solo, ar e água),
causada por qualquer forma de energia ou por qualquer substância sólida, líquida ou
gasosa, ou por combinação de elementos despejados no meio ambiente, em níveis
capazes de direta ou indiretamente, ser prejudicial à segurança e ao bem estar das
populações; criar condições inadequadas para fins domésticos, agropecuários,
industriais e outros, propiciando assim, condições adversas às atividades sociais ou
econômicas, ou ocasionando danos relevantes à fauna, à flora e a outros recursos
naturais.

Em função dos tipos de poluentes, podem ser distinguidas diversas formas de


poluição: poluição física, química, físico-química, bioquímica, biológica e radiativa.

As diversas formas de poluição se interligam de modo que o controle da


poluição deverá ser feita em conjunto, isto quer dizer que a poluição do solo por
exemplo, pode criar problemas para a qualidade das águas superficiais ou
subterrâneas, se certas medidas não forem tomadas, assim como a incineração dos
resíduos sólidos, sem os devidos cuidados, irá aumentar a poluição do ar.

Ao levarmos em consideração a viabilidade técnica e econômica podemos tirar duas


conclusões:

 A produção de resíduos está contida para a vida e ao desenvolvimento do


homem;
 Existem somente três "lugares" para lançar esses resíduos: na água, no ar
e no solo.

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Considerando-se que cada um dos recursos possui uma capacidade


definida de autodepuração limitada em tempo e espaço, poderíamos evitar
a saturação de uma parte do recurso se:
 Minimizarmos a produção de resíduos;
 Definirmos e aplicarmos uma forma correta de dispô-los;
 Desconcentrarmos os grupos e suas atividades na busca de maior parte do
recurso para dar-lhe tempo, de se autodepurar.
É dessas três medidas gerais que devem sair as soluções para estancar o
crescimento do problema de poluição do meio ambiente.

O CICLO DA ÁGUA
A quantidade de água no planeta Terra não está diminuindo. Apesar de termos
a impressão de que a água está "acabando", a quantidade de água na Terra é
praticamente invariável há 500 milhões de anos, o que muda é a sua distribuição, pois
a água não permanece imóvel. Ela se recicla através de um processo chamado Ciclo
Hidrológico, através do qual as águas do mar e dos continentes se evaporam, formam
nuvens e voltam a cair na terra sob a forma de chuva, neblina e neve. Depois escorrem
para rios, lagos ou para o subsolo e aos poucos correm de novo para o mar mantendo
o equilíbrio no sistema hidrológico do planeta.

As eventuais "perdas" de água se devem mais à poluição e à contaminação,


que podem chegar a inviabilizar a reutilização, do que à redução do volume de água
da Terra. A existência do Ciclo Hidrológico é uma das provas de que o gerenciamento
adequado dos recursos hídricos, e não a "falta d'água", é o maior problema a ser
enfrentado pela humanidade. A água é transferida dos depósitos de água líquida
(oceanos, mares, lagos, rios) para a atmosfera através da evaporação.

A biosfera tem um papel determinante no ciclo hidrológico, pois retém uma


parte da água, que de outra forma escoaria para os oceanos, e devolve-a à atmosfera
pela transpiração. Simultaneamente, o vapor d'água atmosférico é transferido por
precipitação para os reservatórios líquidos e sólidos (calotas polares, geleiras,
glaciares e neves eternas). A infiltração de água no solo alimenta os depósitos do
subsolo, como os aquíferos.

O fluxo de água que evapora dos oceanos é cerca de 47.000 km³/ano maior
que o fluxo que nele cai em forma de precipitação. Esse excedente indica a quantidade

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de água que é transferida dos oceanos para os continentes nos processos de


evaporação e precipitação. A água retorna aos oceanos através do escoamento pelos
leitos dos rios e pelos fluxos subterrâneos de água.

Todo esse processo está integrado com o desenvolvimento da biosfera e com


o fluxo de calor e luz que vem do Sol e do interior da Terra. A forma líquida da água
existe graças à temperatura adequada de nosso planeta, que é mantida em parte pela
radiação solar e em parte pelo calor gerado pelas substâncias radioativas nas
camadas profundas do nosso planeta.

A própria rotação da Terra é fundamental na manutenção da temperatura, não


só porque evita que o lado do nosso planeta voltado para o Sol fique tórrido e o
outro lado fique gelado, mas também porque tem forte influência na distribuição das
correntes marítimas e dos ventos. Finalmente, todo o processo só pode ocorrer
graças à ação da gravidade terrestre, que mantém a água líquida nos reservatórios e
permite a precipitação.

A água pode ser encontrada em três diferentes estados físicos: sólido, líquido
e gasoso. No estado sólido, ela se apresenta sob a forma de gelo, constituindo
aproximadamente 2% do volume total da água do planeta. Nessa forma, vamos
encontrá-la nas calotas dos polos Norte e Sul e também nas altas montanhas, como
nos Andes (América do Sul), nos Alpes (Europa) ou no Himalaia (Ásia). No estado
líquido, a água representa nada menos que 98% de todo o seu volume na Terra. É
justamente nesse estado que ela tem maior utilidade para todos os organismos vivos,
sendo representada (97%) pelos mares e oceanos, o pouco que resta (cerca de 1%)
é constituído pelas águas continentais, que, por sua vez, podem ser superficiais ou
subterrânea. No estado gasoso, ela se apresenta sob a forma de vapor. Pode ser
encontrada na atmosfera e em alguns depósitos subterrâneos, em regiões onde
ocorrem vulcões.

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DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NA TERRA DE ACORDO COM SEUS ESTADOS


FÍSICOS
ESTADO TIPOS VOLUME DA
FÍSICO ÁGUA DO
PLANETA (%)

Sólido Calotas de gelo, 2,150


geleiras
Líquido Oceanos 97,210

Águas subterrâneas 0,626

Águas superficiais 0,009

Gasoso Vapor atmosférica 0,005

OS TIPOS DE ÁGUA

Na natureza, a água no estado líquido nunca se encontra completamente pura.


Isso ocorre porque ela possui uma enorme capacidade de dissolver outras
substâncias, principalmente sais minerais, gases e matéria orgânica. Dependendo da
quantidade de sais nela dissolvido, podemos ter três tipos de água:

 As águas doces (dos rios, lagos e lagoas), que não apresentam sabor salino;
 As salobras (dos manguezais e lagunas), que mostram suave gosto de sais;
 As salgadas (dos mares e oceanos), que possuem elevado índice de sais.

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TIPOS DE SAIS POR LITRO


ÁGUA (GRAMAS)

Doce Abaixo de 0,5

Salobra 1,0 a 4,0

Salgada Acima de 5,0

Além desses tipos de água, existem muitos outros em nosso planeta, como por
exemplo:

 As águas sulfurosas, são aquelas que trazem dissolvidas substâncias à


base de enxofre;
 As ferruginosas, são aquelas ricas em ferro;
 As calcárias, apresentam diversas substâncias, geralmente como resultado
da erosão de certos tipos de rochas calcárias;
 As radioativas, são aquelas que emitem radiações devido ao seu contato
com elementos radioativos, podem ser industrializadas como água mineral,
pois, dentro de certos limites, fazem bem à saúde;
 As termais, são aquelas que apresentam uma temperatura mais alta que a
do ambiente. *
* Aquecidas pelo magma abaixo da crosta terrestre, elas chegam à superfície, vindas
de grandes profundidades, através de fendas ou de zonas vulcânicas. São utilizadas
com finalidades fisioterápicas, em banhos par tratamento de reumatismo e outras
afecções.

O CICLO DA ÁGUA E A INTERFERÊNCIA DO HOMEM


A água em nosso planeta percorre um caminho cíclico: das terras, dos mares,
dos rios, dos lagos e dos seres vivos (principalmente os vegetais) para a atmosfera e
vice-versa. É o que chamamos de "ciclo da água" ou "ciclo hidrológico". É esse
movimento contínuo que traz estabilidade aos vários ambientes terrestres e aquáticos,
pois garante a ocorrência de toda uma série de fenômenos físicos e químicos
fundamentais a todos os seres vivos.

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A água pode percorrer dois caminhos após cair sob a forma de chuva, são eles:
o escoamento superficial e a infiltração. O escoamento superficial é o fenômeno pelo
qual as águas correm sobre a superfície da Terra, formando os riachos, córregos e
rios. A infiltração é um fenômeno tão importante quanto ao escoamento superficial,
pois, penetrando no solo, a água das chuvas vai abastecer os lençóis freáticos. Esses
lençóis, em primeiro lugar, alimentam a vegetação terrestre, possibilitando o
fenômeno da evapotranspiração. Em segundo lugar, abastecem as fontes e
nascentes, ajudando na formação dos rios. Pelos rios, as águas das chuvas voltam
aos lagos e mares, onde, novamente por ação do Sol, ocorre a evaporação. Esta,
somada a evapotranspiração das plantas, reiniciará o ciclo hidrológico, tão essencial
à vida na Terra.

Numa floresta quente e úmida, como a amazônica, a evapotranspiração repõe


vapor d'água na atmosfera numa quantidade que chega à metade de toda a água que
forma as nuvens e, consequentemente, as chuvas da região. As florestas são mais
eficientes nessa reposição do que, por exemplo, um campo agrícola ou um lago.
Dessa forma, as florestas têm uma enorme importância para o ciclo hidrológico dos
ambientes que formam, portanto, desmatar irracionalmente ou mesmo "afogar"
árvores no lago de uma hidrelétrica é, no mínimo, desrespeitar as leis básicas da
natureza. Além disso, um desmatamento excessivo pode secar nascentes e, às vezes,
até rios inteiros. Ocorre que, sem as árvores para realizar a evapotranspiração, o ciclo
hidrológico fica reduzido, comprometendo o regime de chuvas; consequentemente,
diminui a renovação dos lençóis freáticos e o escoamento superficial dos rios e
riachos.

Mas não só agressão às florestas pode trazer consequências negativas ao


meio ambiente e ao homem. Os agrotóxicos na lavoura, por exemplo, tornam-se
tremendamente prejudiciais a ambos, quando aplicados sem critério. Além de
contaminar plantações, podem ainda ser levados pelas chuvas, envenenando
córregos e riachos da região. Por essas e outras razões é que devemos ficar cada vez
mais atentos ao que estamos fazendo com a natureza e seus elementos.

POLUIÇÃO DAS ÁGUAS


A água é um dos elementos de maior importância para todas as formas de vida
na Terra, pois ela está presente em todos os organismos vivos, fazendo parte de uma

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infinidade de substâncias e órgãos. Além disso, transporta diversos compostos


nutritivos dentro do solo, movimenta turbinas na produção de energia elétrica, refrigera
máquinas e motores, ajuda a controlar a temperatura de nossa atmosfera etc. A água
é tão importante que três quartos da superfície da Terra é coberta por oceanos, e
mesmo nos continentes não podemos nos esquecer das águas superficiais,
subterrâneas e da umidade atmosférica. (Magossi e Bonacella).

Para o entendimento do problema da poluição da água é necessário que se


compreenda, primeiramente, quatro fenômenos naturais, são eles:
 A Bioacumulação;
 A Eutrofização;
 O Assoreamento;
 A Acidificação.

A Bioacumulação: É o fenômeno através do qual os organismos vivos retêm, dentro


de si, certas substâncias tóxicas sem conseguir eliminá-las. Dessa forma, mesmo que
um organismo viva num ambiente pouco poluído, ao longo de sua vida ele pode,
através de sua alimentação ou respiração, contaminar-se com doses cada vez
maiores de substâncias nocivas, até adoecer e morrer. O tipo de bioacumulação mais
grave, no entanto, é aquele que ocorre ao longo das cadeias alimentares (Figura 1).
Portanto, conclui-se que, mesmo uma contaminação ambiental aparentemente
insignificante pode ter consequências ecológicas graves, dependendo do agente
contaminador.

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Figura 1: Bioacumulação ocorrendo ao longo de uma cadeia alimentar

A Eutrofização: Refere-se ao que poderíamos chamar de "fertilização" das águas


dos rios, lagos, represa ou mesmo do mar, e ocorre continuamente com o depósito de
várias substâncias nutritivas (através das chuvas, quedas de folhas etc.) que vão
alimentar as algas, os peixes e outros organismos aquáticos. Quando essa
"fertilização" acontece lentamente, de modo a contribuir para o equilíbrio do ambiente
aquático, é chamada de eutrofização natural, ocorre, porém, que certas atividades
humanas, como a agricultura, fazem chegar até as águas superficiais uma quantidade
de nutrientes muito maior que a normal. Arrastados pelas enxurradas, os adubos
agrícolas (contendo principalmente fósforo e nitrogênio) chegam até os rios e lagos,
provocando o que se chama de eutrofização cultural, ou seja, uma superfertilização
da água. Isso acarreta um desenvolvimento anormal de organismos autótrofos, que
acabam por consumir a maior parte do oxigênio da água, matando peixes e
comprometendo a qualidade da água. A consequência da eutrofização cultural em
larga escala é que a água, antes boa para beber e rica em oxigênio, torna-se
malcheirosa e de gosto ruim.

O Assoreamento: Ocorre quando o volume de terra carregado pelas enxurradas é


muito maior do que a quantidade que os cursos d’água podem carregar; as partículas
de solo se acumulam no leito do rio e, com o tempo, acabam obstruindo o caminho

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natural das águas. As plantas que crescem às margens de um riacho ou rio têm um
importante papel: quebram a violência das águas de chuva que chegam ao rio e
buscam a passagem de boa parte das partículas de solo trazidas pelas enxurradas.
Por essa razão, o assoreamento é mais pronunciado em rios que possuem pouca ou
nenhuma vegetação em suas margens.

A Acidificação: Está relacionada às chuvas ácidas provocadas pela poluição do ar.


As queimas de carvão ou de derivados de petróleo liberam resíduos gasosos, como
óxidos de nitrogênio e de enxofre. A reação dessas substâncias com a água forma
ácido nítrico e ácido sulfúrico, presentes nas precipitações de chuva ácida. A
acidificação prejudica os organismos em rios e lagoas, comprometendo a pesca.

CONCEITO DE POLUIÇÃO DA ÁGUA


O termo poluição abrange hoje três diferentes determinações básicas:
introdução de substâncias artificiais e estranhas a um meio, como um agrotóxico
despejado no mar; introdução de substâncias naturais estranhas a um determinado
meio, como diversos sedimentos em suspensão nas águas de um lago, tornando-o
assoreado e escuro; alteração na proporção ou nas características de um dos
elementos constituintes do próprio meio, como a diminuição de oxigênio dissolvido
nas águas de um rio.

Principais Tipos de Fontes de Poluição da Água:

A poluição das águas origina-se basicamente de dois tipos de fontes, são elas:

a) Poluição Natural:
Trata-se de um tipo de poluição não associada à atividade humana e causada
principalmente por:

 Chuvas e escoamento superficial (erosão)


 Salinização
 Decomposição de vegetais e animais mortos

b) Poluição Antropogênica:
É aquela que resulta da atividade humana, como por exemplo:

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 Poluição Urbana
 Poluição Industrial
 Poluição Agrícola

Vejamos agora cada tipo de poluição antropogênica.

Poluição Urbana

É aquela proveniente dos habitantes de uma cidade, que geram esgotos


domésticos lançados direta ou indiretamente nos corpos d'água.

Os esgotos contaminam a água que consumimos principalmente pela falta de


sistemas adequados para sua captação, transporte e tratamento. Quando isso
acontece, eles são despejados, nas proximidades das casas, de onde são arrastados
pelas chuvas para os córregos, rios e mares, contaminando-os.

A contaminação das águas pelos esgotos urbanos resulta em dois problemas


muito sérios: a contaminação por bactéria patogênicas e a contaminação por
substâncias orgânica degradáveis por bactérias.

A contaminação por bactérias patogênicas está ligada à questão higiênica. Um


litro de água de esgoto pode conter até 20 bilhões de bactérias, muitas delas
patogênicas, podendo tanto ser ingeridas pelo homem como absorvidas pela pele.
Nesse caso, a contaminação por matéria vinda das fezes humanas é a mais
importante, e a coleta e tratamento adequado desse tipo de esgoto é imprescindível.
O ambiente favorável à vida e proliferação dessas bactérias é o organismo humano.
Expelidas para o ambiente externo, elas geralmente vivem pouco tempo, embora o
suficiente para que sejam ingeridas por outras pessoas que, assim, serão
contaminadas. Numa análise bacteriológica, a água é considerada de boa qualidade
se apresentar menos de dez bactérias do tipo coliforme por litro de água e menos de
mil bactérias de outros tipos, não-patogênicas, na mesma quantidade.

OBS: as principais doenças causadas ao homem por águas contaminadas são a


amebíase, a cólera, a esquistossomose, a febre tifoide, a hepatite virótica, a
leptospirose e a poliomielite.

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OBS 2: como se pode notar, tanto o tratamento adequado dado aos esgotos como
sua simples destinação são um seríssimo problema de saúde pública. Portanto, é
cada vez mais difícil aceitar que no Brasil ainda se despejem esgotos sem tratamento
em represas destinadas ao abastecimento de água ou nas praias do nosso litoral.
Mesmo levando-se em conta os altos custos do tratamento, precisamos considerar
que esse procedimento é um investimento em saúde pública, podendo inclusive
cooperar com a diminuição dos gastos futuros em assistência médica.

OBS 3: a contaminação por substâncias orgânicas degradáveis, e principalmente por


nitrogênio e fósforo, é assunto que já foi de certa forma abordado, pois trata-se de um
tipo de eutrofização cultural, isto é uma superfertilização das águas. Os esgotos levam
para os rios, lagos mares e represas grandes quantidades de nutrientes, vindos
principalmente dos detergentes. Esses nutrientes em excesso levam a uma grande
proliferação de organismos autótrofos, que consomem grande parte do oxigênio
dissolvido do meio, causando a morte da fauna local.

OBS 4: interessante notar que os organismos mortos por essa falta de oxigênio
(notadamente peixes) alimentarão ainda mais, com sua própria matéria orgânica, as
bactérias. Além disso, uma vez consumido quase todo o oxigênio da água, começarão
a se reproduzir também certas bactérias que não necessitam de O2 para viver
(bactérias anaeróbicas). Esses microrganismos produzem gases como o metano
(CH4), a amônia (NH3) e o gás sulfídrico (H2S), extremamente malcheirosos e nocivos
aos animais superiores como mamíferos, peixes, aves etc.

OBS 5: a eutrofização é, portanto, um fenômeno extremamente grave, pois, além de


comprometer a qualidade da água, estabelece também mecanismos que impedem a
reversão natural dessa situação, ou seja, as águas eutrofizadas tendem a permanecer
assim.

Poluição Industrial

O elevado desenvolvimento industrial, ocorrido nas últimas décadas, tem sido


um dos principais responsáveis pelo comprometimento de nossas águas, seja pela
negligência no seu tratamento antes de despejá-las nos rios, seja por acidentes e
descuidos cada vez mais frequentes, que propiciam o lançamento de muitos poluentes
nos ambientes aquáticos.

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Para facilitar nosso estudo, dividiremos a poluição de origem industrial em dois


grandes grupos: compostos orgânicos e compostos inorgânicos.

 Compostos orgânicos
Entre os compostos orgânicos, o petróleo e seus derivados constituem os mais
importantes poluentes, devido, entre outros fatores, às quantidades crescentes que
têm sido extraídas e industrializadas. Essas enormes quantidades de petróleo,
associadas a diversos descuidos e negligências das normas de segurança e rotinas
de manutenção dos equipamentos (oleodutos, terminais, plataformas), fazem com que
muito do que está sendo beneficiado seja perdido e lançado às águas. Para que se
possa ter uma ideia da gravidade do problema, uma estimativa recente mostrou que
4 milhões de toneladas de petróleo são despejadas anualmente nos oceanos.

Em março de 1989, apenas um acidente com o navio petroleiro norte-


americano Exon Valdez despejou 39.000 toneladas de petróleo bruto no litoral do
Alasca.

No Brasil, um acidente com o navio Brazilian Marina, ocorrido em janeiro de


1978, no canal de São Sebastião, estado de São Paulo, despejou no mar cerca de
6.000 toneladas de petróleo, cuja mancha deslocou-se com as correntes até o litoral
do Rio de Janeiro, poluindo tudo por onde passava. Na época, foi necessária a ajuda
até mesmo da guarda costeira norte-americana para os trabalhos de limpeza,
executados pela Petrobrás e pela Cetesb.

Em 18 de janeiro de 2000 ocorreu o maior acidente ecológico da história do


Brasil com o vazamento do duto que liga a Refinaria Duque de Caxias ao terminal da
Ilha D´Água na cidade do Rio de Janeiro. Com isso, foram despejados 1,3 milhões de
m³ de óleo e graxa nas águas da Baía de Guanabara. Até hoje a Petrobras não
indenizou os milhares de pescadores artesanais impactados, que perderam sua fonte
de renda e empobreceram, além de, ainda hoje, haver presença de grande volume de
óleo nos manguezais. Os impactos refletem-se ainda hoje nas condições de vida de
milhares de moradores na Região da Baía de Guanabara.

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O petróleo lançado nas águas forma uma fina camada superficial, impedindo
que ocorra a troca de gases entre a água e o ar. No caso das plantas flutuantes, esse
óleo recobre as folhas, impedindo a respiração e a fotossíntese.

Para os peixes e outros organismos aquáticos, o problema é muito semelhante


ao das plantas, pois o óleo pode recobrir os órgãos respiratórios, impedindo que eles
recebam oxigênio. As aves aquáticas ficam com suas penas impregnadas de óleo, o
que as impede de voar, matando-as lentamente.

Se o petróleo chegar a penetrar no solo, pode impedir que as raízes das plantas
recebam os nutrientes necessários, o que torna sua sobrevivência muito difícil.

Até mesmo as águas continentais e subterrâneas podem se contaminar com o


petróleo, no caso de acidentes ou ruptura de oleodutos em terra. Nesse caso há,
também, um enorme prejuízo, pois um litro de petróleo inutiliza cerca de 1 milhão de
litros de águas subterrâneas. Ingerido com água, por animais ou pelo homem, o
petróleo impede a absorção dos alimentos no aparelho digestivo.

Entre os poluentes orgânicos de origem industrial, encontramos ainda os


detergentes, que são muito mais tóxicos para os peixes do que para o homem. Ao
contrário do petróleo, os detergentes ameaçam muito mais as águas continentais do
que o mar.

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Os fenóis, outro poluente orgânico das indústrias químicas e farmacêuticas e


dos esgotos de hospitais e clínicas, são bem mais tóxicos para o homem do que os
detergentes, podendo afetar a atividade normal de nossas proteínas. Apesar de
raramente serem encontrados em concentração muito altas, eles alteram
profundamente o sabor da água potável e dos peixes provenientes de águas por eles
contaminadas.

 Compostos inorgânicos

Tão problemáticos quanto os poluentes estudados até aqui, os compostos


inorgânicos constituem-se basicamente dos metais pesados e seus derivados.

Metais pesados são elementos químicos metálicos, de peso atômico


relativamente alto, que em concentração elevadas são muito tóxicos à vida.

Exemplos: estanho, cobre, mercúrio (o único metal líquido) e outros.

Através dos séculos, muitos desses metais têm sido retirados das rochas, pela
ação do tempo, indo se cumular nos lagos, rios e oceanos. Apesar disso, a
concentração natural dos metais pesados nesses corpos d'água nunca chega a ser
tóxica, porque há na água certas substâncias (ácidos complexos) que se combinam
com os átomos desses metais, que acabam por sedimentar-se. As atividades
industriais, porém, têm introduzido metais pesados nas águas numa quantidade muito
maior do que aquela que seria natural, causando a poluição. Para se ter uma ideia
disso, basta lembrar que os metais pesados fazem parte dos despejos das dez
maiores indústrias norte-americanas.

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Metal pesado

Ramo Industrial Cd Cr Cu Hg Pb Ni Sn Zn

 Papel X X X X X X

 Petroquímica X X X X X X
 Fertilizantes
X X X X X X X
 Refinarías de petróleo
X X X X X X
 Usinas siderúrgicas

X X X X X X X X

Relação dos principais setores industriais e dos metais pesados que são eliminados em
seus despejos
(Sintetizado de Foerstner e Muller, 1974.)

Esses metais despejados através dos efluentes de indústrias químicas,


farmacêuticas e de eletricidade; como resíduos da mineração, de indústrias de papel
e cosméticos; através de portos de minérios, indústria madeireira e agricultura. Sua
ação prejudicial é muito diversificada e profunda. Entre os mais perigosos estão o
mercúrio, o cádmio e o chumbo.

O mercúrio acumula-se no sistema nervos, principalmente cérebro e medula, e


nos rins. Provoca perda de coordenação dos movimentos, dificuldades no falar, comer
e ouvir, além de atrofia e lesões renais.

O cádmio, analogamente ao mercúrio, afeta o sistema nervoso e os rins.


Provoca perda de olfato, formação de um anel amarelo no colo dos dentes, redução
na produção de glóbulos vermelhos e remoção de cálcio dos ossos.

O chumbo, apesar de menos agressivo na água do que no ar, deposita-se nos


ossos, na musculatura, nervos e rins, provocando estados de agitação, epilepsia,
tremores, perda da capacidade intelectual e anemias.

Como a placenta é permeável a esses metais, mesmo ainda no útero materno


as crianças podem ser atingidas, nascendo já contaminadas.

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Em Cubatão, na baixada santista, Estado de São Paulo, houve cerca de dez


anos, denúncias de que o alto índice de anencefalia (ausência de cérebro) em recém-
nascidos estaria relacionado com a emissão industrial de metais pesados,
notadamente o chumbo.

As pesquisas na época não chegaram a ser conclusivas, mas a suspeita


permanece até hoje, tanto que se teme que fenômeno semelhante possa ocorrer em
outros polos industriais, como em Araucária, no Estado do Paraná.

Poluição Agrícola

Nas últimas décadas, a agricultura brasileira tem feito um grande esforço para
aumentar, a cada ano, sua produção de alimentos para o mercado interno ou para
exportações. Ocorre, porém, que, muitas vezes, por falta de orientação ou pela
ganância do lucro fácil e sem consequências para o meio ambiente, a agricultura
acaba por contribuir drasticamente com a poluição das águas, tanto superficiais como
subterrâneas.

Essa contribuição se faz, basicamente, de duas formas: pelo aumento do


despejo de substâncias eutrofizantes e pelo despejo (voluntário e involuntário) de
substâncias tóxicas.

 Substâncias Eutrofizantes
Tendo em vista que a eutrofização já foi aqui abordada, nos limitaremos a citar
como a agricultura a propicia. O aumento de substâncias eutrofizantes provocado pela
agricultura ocorre, em primeiro lugar, pelo transporte de fertilizantes químicos à base
de nitrogênio e fósforo, e de detritos animais, para riachos e lagos, devido à ação das
chuvas. Mesmo nos casos em que o agricultor procura reter e aproveitar esses
resíduos como adubo, são frequentes as ocasiões em que chuvas abundantes ou
vazamentos acidentais fazem com que grandes quantidades dessas substâncias
eutrofizantes cheguem até as águas superficiais.

Também o armazenamento de alimentos para os animais (ensilagem) pode


trazer sérios problemas. É que, durante os primeiros vinte ou trinta dias dessa
armazenagem, as forragens animais perdem grandes quantidades de líquidos (água,

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substâncias orgânicas solúveis, ácidos) que, quando não são devidamente recolhidos
e tratados, acabam por perder-se pelo chão, rumo aos riachos da região, por ação
das chuvas, ou mesmo rumo aos lençóis freáticos.

Contribuindo cada vez mais para a eutrofização das águas, temos ainda o uso
indiscriminado e abusivo de adubos inorgânicos ou fertilizantes.

Até 1920, aproximadamente, a adubação era feita com matéria orgânica do tipo
estrume ou esterco. Essa adubação, entretanto, não supria as necessidades das
plantas e, desde então, cada vez mais têm sido utilizados fertilizantes inorgânicos,
ricos basicamente em potássio, cálcio, nitrogênio e fósforo.

O potássio e o cálcio exercem pouca influência sobre o crescimento de


microrganismos na água. Entretanto, o nitrogênio e, principalmente, o fósforo são
extremamente importantes como elementos eutrofizantes, pois os fosfatos e alguns
compostos nitrogenados favorecem grandemente a proliferação de algas e outros
microrganismos aquáticos.

Nesse caso, também as chuvas são o principal veículo de transporte, podendo


levar nutrientes fosfatados e nitrogenados dos campos de cultivo adubados para as
águas superficiais ou subterrâneas.

 Substâncias Tóxicas

O despejo de substâncias tóxicas pela agricultura está, por mais estranho que
pareça, relacionado com a proteção dada pelos agricultores às colheitas, para melhor
produção de alimentos.

Impedidos pela necessidade de produzir mais na mesma área (aumento de


produtividade), os agricultores, principalmente depois da Segunda Guerra Mundial
(1939-1945), têm-se utilizado cada vez mais não só dos fertilizantes, mas também de
inseticidas, herbicidas, fungicidas e toda uma série de praguicidas (substâncias que
mataram pragas) para defender as lavouras dos seus "inimigos" naturais ( os insetos,
ervas daninhas, fungos, etc.).

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Ocorre, porém, que se a utilização desses praguicidas foi, num primeiro


momento, benéfica, hoje ele é exatamente problemático.

Em primeiro lugar, esses produtos químicos não atacam a causa do problema,


mas sim suas consequências. Uma praga nunca parece gratuitamente, ela é sempre
proveniente de um desequilíbrio ecológico grave, podendo ter sido provocada pela má
utilização do solo ou por muitos outros fatores (como a má escolha de sementes ou
de épocas para plantio). Nesse sentido, o combate exclusivo à praga é como combater
a febre sem tratar a infeção.

O mais sério, no entanto, é que esses praguicidas são, na sua esmagadora


maioria, venenos; e, se são feitos para serem tóxicos às pragas, podem muito bem
sê-lo também a nós e a outros animais.

Dessa forma, a utilização exagerada e sem critério dessas substâncias tem


comprometido seriamente o meio ambiente, pois grandes quantidades são levadas
pelas chuvas até os rios, e destes até o mar.

Mesmo que esses venenos cheguem aos corpos d'águas em concentrações


mínimas, a bioacumulação fará com que sua ação seja altamente prejudicial ao longo
das cadeias alimentares, no final das quais geralmente estamos nós, seres humanos.

Os agrotóxicos podem ainda contaminar nossas águas superficiais de outras


formas: pela armazenagem inadequada, de modo a que goteiras e enxurradas
transportem essas substâncias até os córregos próximos; pela utilização de lagos e
ribeirões para a lavagem de recipientes e utensílios usados na sua aplicação, ou,
ainda, pelo despejo inconsequente de restos de soluções já aplicadas.

As águas subterrâneas correm o risco de contaminar-se principalmente quando


o solo, ainda não semeado, é tratado diretamente com praguicidas, no combate a
certos tipos de pragas resistentes. Nesse caso, a água de poços e nascentes próximas
às culturas pulverizadas deve ser analisada periodicamente.

O homem pode se intoxicar com agrotóxicos pelo contato direto, no caso dos
agricultores que, na aplicação, inalam ou absorvem o veneno, e , ainda, através dos
alimentos (animais e vegetais) e da água usada para beber.

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19

A população do Brasil tem se tornado, em sua grande maioria, urbana e


portanto, distante da aplicação de praguicidas. Entretanto, essa mesma população
tem sido vítima de diversas intoxicações através dos alimentos, que se contaminam
muitas vezes em contato com a água, seja no caso dos peixes ou outros organismos
apanhados em águas poluídas, seja pela utilização de água contaminada na irrigação
agrícola e no abastecimento da criação animal.

Para piorar o quadro, em muitas regiões do país (principalmente no Norte) são


feitas aplicações de praguicidas diretamente nas águas superficiais, para combate às
larvas de insetos transmissores de doenças como a malária.

Visando controlar o problema dos agrotóxicos, foi sancionada, em julho de


1989, uma lei federal sobre

o assunto, regulamentando a produção, exportação, importação, comercialização e


uso desses produtos. É preciso, entretanto, que se trabalhe pela efetiva aplicação
prática dessa legislação, para que ela não caia no esquecimento, como em tantos
outros casos.

POLUIÇÃO DO AR

ATMOSFERA

A Atmosfera é uma fina camada que envolve alguns planetas, composta


basicamente por gases e poeira, retidos pela ação da força da gravidade. Distribuição
percentual média de gases da atmosfera terrestre:

Em porcentagens menores também estão presentes na atmosfera: neônio,


hélio, criptônio, xenônio, hidrogênio, metano, ozônio, e dióxido de nitrogênio (NO2).

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20

A classificação para as camadas da atmosfera, do ponto de vista ambiental, é


feita de acordo com o perfil de variação de temperatura com a altitude. A Atmosfera
é dividida em cinco camadas:

 Troposfera – Balões tripulados


 Estratosfera – Balões Meteorológicos, Aviões Supersônicos, Aviões de
passageiros
 Mesosfera – Reflexão das Ondas de Rádio
 Termosfera – Ônibus Espacial
 Exosfera – Ex. Sonda Espacial.

POLUIÇÃO DO AR
São as modificações sofridas pela atmosfera natural, que possam, direta ou
indiretamente, causar prejuízos ao homem, criando condições nocivas à saúde,
segurança e bem-estar, prejuízos à fauna e a flora e, ainda, prejuízos aos demais
recursos naturais em todas as suas utilizações consideradas normais.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, as cidades que mais poluem
o nosso planeta são as seguintes:
Cidade do México (México); Pequim (China); Cairo (Egito); Jacarta (Indonésia)
; Los Angeles (EUA); São Paulo (Brasil); Moscou (Rússia).
COMPOSIÇÃO DO AR POLUÍDO

FONTES DE POLUIÇÃO DO AR

NATURAIS: Vulcões – as erupções vulcânicas lançam para a atmosfera


grandes quantidades de poeiras e cinzas, bem como enxofre e cloro;

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Pólen – as plantas produzem grandes quantidades de pólen que são


responsáveis por alergias e outros problemas de saúde;

Tempestade de areia – lançam areia e pó a grandes distâncias, colocando uma


enorme quantidade de partículas na atmosfera;

Incêndios florestais – responsáveis pela emissão de monóxido e dióxido de


carbono, bem como fumos e cinzas;

Atividade de plantas e animais – emissão de metano

ANTROPOGÊNICAS: Classificam-se em dois grupos:

Processos de combustão: poluentes originam-se da combustão em:


incineradores, veículos automotores, centrais térmicas etc.;

Processos industriais: poluentes originam-se de algum processo industrial:


siderúrgico, petroquímico, químico (fertilizante), alimentício.

CLASSIFICAÇÃO DOS POLUENTES QUANTO A ORIGEM

POLUENTES PRIMÁRIOS: Se encontram no ar da mesma forma em que foram


emitidos pela fonte. Ex: CO2

POLUENTES SECUNDÁRIOS: Se formam a partir da interação entre dois


poluentes primários ou entre primários e os constituintes normais do ar. Ex: H2SO4 -
Ácido sulfúrico – H2SO4: Líquido incolor, viscoso e oxidante. Densidade de 1,84g/cm3.
Ao diluir o ácido sulfúrico, não se deve adicionar água, porque o calor liberado
vaporiza a água rapidamente, à medida que ela vai sendo adicionada. É uma das
substâncias mais utilizadas nas indústrias. O maior consumo de ácido sulfúrico se dá
na fabricação de fertilizantes, como os superfosfatos e o sulfato de amônio. É ainda
utilizado nas indústrias petroquímicas, de papel, de corantes etc. e nas baterias
de chumbo (baterias de automóveis).

FATORES QUE AFETAM A POLUIÇÃO DO AR

 FATORES METEOROLÓGICOS: Temperatura; Precipitações; Ventos;


 CONDIÇÕES TOPOGRÁFICAS;
 TEMPERATURA: Quando a temperatura na troposfera se torna
gradativamente mais fria a medida que sobe: condições favoráveis a dispersão de

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poluentes. Quando a o ar quente fica aprisionado entre duas camadas de ar frio:


condições de estagnação de poluentes (INVERSÃO TÉRMICA).

 PRECIPITAÇÃO: Os poluentes podem ficar retidos numa precipitação,


seja quando a gota de chuva está em formação, seja quando ela cai. Partículas
grandes são facilmente eliminadas nesse processo.
 VENTOS: Favorecem a dispersão dos poluentes, arrastando-os para
locais mais afastados de suas fontes.

EFEITOS DA POLUIÇÃO DO AR
 CHUVA ÁCIDA
 EFEITO ESTUFA
 DESTRUIÇÃO DA CAMADA DE OZÔNIO
 SMOG

CHUVA ÁCIDA: A queima de carvão, de combustíveis fósseis e os poluentes


industriais lançam dióxido de enxofre e de nitrogênio na atmosfera. Esses gases
combinam-se com o hidrogênio presente na atmosfera sob a forma de vapor de água.
O resultado são as chuvas ácidas. Ao caírem na superfície, alteram a composição
química do solo e das águas, atingem as cadeias alimentares, destroem florestas e
lavouras, atacam estruturas metálicas, monumentos e edificações.

Consequências da Chuva Ácida: Estátua de mármore localizada no castelo de


herten (Alemanha): Desgaste ocasionado pela chuva ácida em um período de 60
anos.

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As árvores também são prejudicadas pela chuva ácida de vários modos. A


superfície cerosa das suas folhas é rompida e nutrientes são perdidos, tornando as
árvores mais suscetíveis a gelo, fungos e insetos. O crescimento das raízes torna-se
mais lento e, em consequência, menos nutriente são transportados. Íons tóxicos
acumulam-se no solo e minerais valiosos são dispersados ou no caso dos fosfatos
tornam-se próximos à argila.

EFEITO ESTUFA

O efeito estufa é um fenômeno natural, ele mantém a Terra aquecida ao impedir


que os raios solares sejam refletidos para os espaços e que o planeta perca seu calor,
sem ele a Terra teria temperaturas médias abaixo de 10ºC negativos. O que vem
ocorrendo é o aumento do efeito estufa causado pelas intensas atividades humanas,
sendo a principal delas a liberação de CO2 (dióxido de carbono), metano, óxido
nitroso, clorofluorcarbono e ozônio.

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CONSEQUÊNCIA DIRETA: Aumento progressivo da temperatura global. Os


gases de estufa são transparentes às radiações de curto comprimento de onda
provenientes do sol, mas absorvem e emitem radiações de ondas longas refletidas
pela superfície terrestre. De acordo com a World Meteorological Organization (WMO),
temperaturas de inverno, em altas e médias latitudes, poderão crescer mais que duas
vezes a média mundial, enquanto as temperaturas de verão não irão se alterar muito.
Esse aumento de temperatura pode, segundo especialistas elevar os níveis dos mares
em uma faixa que varia de 20 a 165 cm.

DESTRUIÇÃO DA CAMADA DE OZÔNIO

O gás ozônio (O3) é uma forma de oxigênio cuja molécula tem três átomos, em
vez de dois (do gás oxigênio), como costuma ser encontrada na natureza. O ozônio é
um gás azul-claro com um cheiro penetrante. A estratosfera contém cerca de 90% do
ozônio da Terra. A camada de ozônio é uma faixa de 30 mil metros de espessura, a
partir de 15 mil metros acima da superfície da terrestre.

O ozônio é capaz de interagir com grande número de substâncias químicas,


como o CFC. Na estratosfera o CFC é decomposto pelos raios ultravioletas em átomos
de cloro, ocasionando um efeito cascata de reações. Estima-se que por causa do
efeito cascata, cada átomo de cloro liberado destrói 100 mil moléculas de ozônio da
atmosfera. A diminuição da quantidade de ozônio estratosférico resulta na abertura

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de buracos na camada, levando a uma maior incidência de radiações ultravioleta do


sol na superfície terrestre.

PS. O clorofluorcarboneto, também conhecido como CFC ou cloro-fluor-


carbono, é um composto sintético, gasoso e atóxico que pode ser utilizado
como solvente, propelente (gás usado em sprays), expansor de plásticos, e como
refrigerante em freezers, aparelhos de ar condicionado e geladeiras. O CFC é tido
como o principal causador do buraco na camada de ozônio e desde a descoberta de
sua toxicidade na atmosfera (onde pode permanecer por até 75 anos antes de ser
destruído), são feitas tentativas de banir o uso do produto.

Estima-se que o CFC seja 15.000 vezes mais nocivo a camada de ozônio do
que o dióxido de carbono (CO2). Isso porque ao ser liberado na atmosfera o CFC se
concentra na estratosfera (onde fica a camada de ozônio) e sofre uma reação
chamada fotólise: quando submetido à radiação ultravioleta proveniente do sol o CFC
se decompõe liberando o radical livre cloro (Cl) que reage com o ozônio decompondo-
o em oxigênio gasoso (O2 ) e monóxido de cloro (ClO).

CONSEQUÊNCIAS: Os efeitos adversos causados pela radiação ultravioleta


podem: Aumentar a incidência de câncer de pele; Reduzir as safras agrícolas; Destruir
e inibir o crescimento de espécies vegetais, afetando todo o ecossistema terrestre,
além de causar danos aos materiais.

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SMOG: POLUIÇÃO LOCAL

Os problemas locais de poluição são formados por episódios críticos de


poluição em cidades e dependem dos poluentes que são gerados e das condições
climáticas existentes para a sua dispersão.

SMOG: Termo proposto pelo Dr. Harold Des Voeux para designar a composição
de smoke e fog (fumaça e neblina). É hoje uma palavra que designa episódios críticos
de poluição do ar.

TIPOS DE SMOG

Smog Industrial: É típico de regiões frias e úmidas. Os picos de concentração


ocorrem no inverno, em condições adversas para a dispersão de poluentes. Esse
smog predomina em regiões onde é intensa a queima de carvão e de óleo
combustível, formando uma espécie de névoa acinzentada.

Smog Fotoquímico: É típico de cidades ensolaradas, quentes de clima seco. O


principal agente poluidor são os veículos, que geram uma série de gases poluentes,
esses gases sofrem várias reações na atmosfera por efeito da radiação solar gerando
novos poluentes.

MEDIDAS DE CONTROLE

Investigação do problema: Levantamento das fontes poluidoras

O QUE? ONDE? QUANDO?

Identificação dos padrões de qualidade: PRONAR: Res. CONAMA 05/89, 03/90


e 08/90 e PROCONVE: Res. CONAMA 18/86 e 06/93

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Medidas de controle: Planejamento e zoneamento territorial; Redução ou


eliminação das emissões; Controle das emissões.

PLANEJAMENTO TERRITORIAL E ZONEAMENTO: Localização adequada das


fontes poluidoras em relação a outras áreas; Distribuição adequada as edificações;
Melhoria da circulação dos veículos; Melhoria e incentivo ao uso de transporte
coletivo; Utilização de barreiras a propagação dos poluentes.

REDUÇÃO OU ELIMINAÇÃO DAS EMISSÕES: Uso de matéria prima e


combustíveis menos poluidores; Uso de energia elétrica no transporte; Modificação
dos processos industriais; Operação e manutenção adequada dos equipamentos e
processos;

CONTROLE DAS EMISSÕES: Diluição de poluentes mediante o uso de


chaminés altas; Instalação de equipamentos de retenção de gases e partículas: filtros
de manga; coletores inerciais, coletores gravitacionais; ciclones, precipitadores
eletrostáticos; torres de borrifo/enchimento; pós-queimadores catalíticos
(catalisadores); condensadores de vapores; Controle meteorológico.

PROTOCOLO DE KYOTO

 Tratado internacional com compromissos para a redução da emissão


dos gases que provocam o efeito estufa, considerados como causa do aquecimento
global;
 Negociado em 1997, entrou oficialmente em vigor em 16 de fevereiro de
2005;
 Por ele se propõe um calendário pelo qual os países desenvolvidos têm
a obrigação de reduzir a quantidade de gases poluentes em, pelo menos, 5,2% até
2012, em relação aos níveis de 1990.
 O Brasil assinou o Protocolo de Kyoto em 29 de abril de 1998;
 A Assembleia Legislativa aprovou o texto do Protocolo apenas em 20 de
julho de 2002, sob o Decreto Legislativo nº 144 de 2002;
 Sendo que a ratificação do Protocolo pelo Brasil foi feita somente em 23
de agosto de 2002.

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POLUIÇÃO DO SOLO

POLUENTES NOS SOLOS


A poluição do solo é a alteração prejudicial de suas características naturais,
com eventuais mudanças na estrutura física, resultado de fenômenos naturais:
terremotos, vendavais e inundações ou de atividades humanas: disposição de
resíduos sólidos e líquidos, urbanização e ocupação do solo, atividades agropecuárias
e extrativas e acidentes no transporte de cargas.

Imagem de Uso e Ocupação do Solo Desordenada

A contaminação do solo pode ser de origem orgânica ou inorgânica: materiais


contaminados ou em decomposição presentes no lixo; substâncias químicas
perigosas; pesticidas empregados na produção agropecuária. Alguns mais cedo ou
mais tarde chegam ao corpo humano, não somente por respiração da poeira, como
principalmente pela água que se contamina pelo solo e pelos alimentos produzidos.
Os avanços tecnológicos obtidos nas últimas décadas, principalmente nas
atividades industriais e de agricultura, têm contribuído para a introdução de novos
agentes químicos nas águas e solos, resultando em graves impactos sobre o
ecossistema, principalmente sobre os organismos vivos. Esses efeitos podem ser
observados inicialmente no topo da cadeia alimentar pelas mudanças no perfil
populacional das espécies predadoras.
Uma das classificações dos poluentes dos solos está baseada em sua origem
e utilização. Podemos considerar, portanto quatro principais fontes desses poluentes
químicos ambientais: industrial, agrícola, doméstica e urbana e de ocorrência natural.

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A produção, utilização e disposição dos produtos químicos das indústrias


podem gerar a contaminação das águas e do solo. Um dos maiores problemas de
diversas indústrias é quanto à disposição dos seus resíduos químicos, que vão desde
os produtos detergentes utilizados em simples lavanderias até aqueles usados em
processos industriais de transformação química mais complexos.

A utilização de substâncias químicas na agricultura também pode resultar em


contaminação das águas e dos solos, incluindo o uso de fertilizantes e pesticidas.
Alguns pesticidas, por exemplo, são aplicados diretamente no solo para o controle de
insetos e pragas, podendo persistir por alguns anos, além de interferir com a fauna e
flora presentes. Quanto ao tempo de persistência dos pesticidas no solo, que
corresponde ao tempo necessário para 75% a 100% dos resíduos desses produtos
não serem mais encontrados a partir do sítio ou local de aplicação, eles podem ser
classificados como:
 Não persistentes, se houver a presença de resíduos de uma até 12
semanas após a aplicação do produto;
 Moderadamente persistentes (de uma até 18 meses); e.
 Altamente persistentes (de duas até cinco anos).

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Entre os pesticidas altamente persistentes no solo, podemos citar os


organoclorados (DDT, DDD, aldrin, dieldrin, clordane, lindano) e o herbicida paraquat.
O DDT surgiu em 1939, como primeiro inseticida organoclorado de elevada
resistência á decomposição no ambiente como o objetivo de ter efeito mais duradouro
de sua aplicação. Os principais problemas provenientes do uso de DDT são:
 Resistência em decompor-se no ambiente,
 amplia a oportunidade de sua disseminação pela biosfera.
 Seja por meio de fenômenos físicos (movimentação das águas e
a circulação atmosférica),
 seja pelas cadeias alimentares dos ecossistemas presentes no
local de sua aplicação original.
Os herbicidas do grupo das feniluréias e das dinitroanilinas são considerados
moderadamente persistentes, com efeitos adversos insignificantes para o ambiente
devido ao seu baixo grau de toxicidade. Os inseticidas organofosforados e carbonatos
são, relativamente, não persistentes no meio ambiente, cujo processo de interação
com alguns componentes do solo e sua rápida degradação bioquímica resulta em uma
mínima contaminação do solo e águas. Entretanto, o aldicarbe constitui uma exceção
entre os pesticidas carbonatos não persistentes, em razão de sua alta toxicidade e
possibilidade de contaminação dos lençóis freáticos (Menzer, 1991).
Consequência do uso de Fertilizantes
 A produção primária é prejudicada, a eficiência cai e quantidades
crescentes incorporam-se ao ambiente e não a planta
 A parcela que se fixou no solo tende a acumular-se em
concentrações crescentes que poderão torná-lo impróprio à
agricultura
 A parcela solubilizada pelas plantas, pode alterar a composição
do tecido celular
 Incorporam na cadeia alimentar

Efeitos ambientais ou indiretos do uso dos defensivos agrícolas


 Mortandade Específica: mesmo quando sintetizada na tentativa
de se combater uma certa praga por meio da propagação pela
cadeia alimentar, essa mortandade pode tornar-se inespecífica

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 Redução da Natalidade e da Fecundidade de Espécies: mesmo


aquelas espécies que só longinquamente e apenas por meio da
cadeia alimentar ligam-se à praga combatida

A Agência de Proteção Ambiental Americana (EPA) tem controlado e


identificado, desde 1973, uma série de substâncias químicas na água potável utilizada
nos Estados Unidos. Hidrocarbonetos aromáticos e alifáticos, pesticidas, solventes e
uma série de compostos químicos industriais têm sido encontrados. Algumas dessas
substâncias são introduzidas a partir do processo de cloração da água, como os
trihalometanos, por exemplo. O tricloroetileno, um solvente utilizado como
desengraxante, têm sido associados a alguns tipos de carcinomas pulmonares e
hepáticos em camundongos.
Dois compostos halogenados aromáticos, as bifenilas policloradas e os
clorofenóis, merecem ser destacados devido aos seus importantes efeitos tóxicos à
saúde. As bifenilas policloradas, substâncias com até 68% de cloro na sua
composição química, foram utilizadas em grandes quantidades, por muitos anos, na
produção de capacitores e transformadores elétricos e manufatura de papel. As
bifenilas policloradas são consideradas como uma das substâncias químicas de maior
persistência no meio ambiente, devido ao seu alto grau de cloração e resistência a
biodegradação.
A toxicidade aguda do pentaclorofenol, utilizado com preservativo de madeira,
tem sido demonstrada pelos efeitos adversos no sistema imunológico, hematológico,
reprodutivo, hepático e renal em animais de experimentação (Menzer, 1991).
Outros compostos químicos como os metais, principalmente o mercúrio, o
cádmio, o chumbo, o arsênico e o selênio são exemplos clássicos de substâncias
químicas naturalmente presentes e redistribuídas no meio ambiente por meio dos
ciclos geológico e biológico. O ciclo biológico inclui a bioacumulação pelas plantas e
animais e a incorporação na cadeia alimentar.
Além das doenças já comentadas, muitas outras podem estar associadas à
contaminantes orgânicos e inorgânicos, os quais podem ser encontrados no solo, na
água, no ar, ou integram a cadeia alimentar.
São exemplos de danos à saúde humana causados por contaminantes
inorgânicos e orgânicos (HENRY E HEINKE, 1989)

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Contaminantes Inorgânicos:

 Arsênico: envenenamento (perturbações gastrointestinais,


paralisia dos membros inferiores);
 Asbesto (amianto): asbestose (cicatrizes no pulmão);
cancerígeno;
 Cádmio: dores nas juntas, doenças do pulmão e dos rins,
possivelmente cancerígeno, teratogênico;
 Mercúrio: prejuízos ao sistema nervoso central, possíveis
psicoses, dormência, prejuízos à fala, paralisia, deformidade,
morte;
 Chumbo: prejuízos ao sistema nervoso central, combina-se com
células vermelhas no sangue;
 Nitratos: reagindo com aminas, no corpo humano, produzem as
nitrosominas, que são cancerígenas e podem causar
metemoglobina em crianças.

Contaminantes Orgânicos:

 DDT: acumula-se nos tecidos gordurosos, resulta em danos aos


nervos, causa decréscimo das células brancas do sangue;
 TCDD: extremamente tóxico na forma concentrada, danos aos
rins, ao fígado e ao sistema nervoso central, poderoso
teratogênico e possivelmente cancerígeno;
 PCB: provavelmente cancerígeno, exposição ao mesmo resulta
em dores de cabeça e distúrbios visuais;
 Clorofórmio: severamente tóxico em altas concentrações, danos
ao fígado e ao coração, cancerígeno a roedores;
 Trialometanos: formado na água pela reação de certos
compostos orgânicos com o cloro, possivelmente cancerígeno.

As queimadas constituem uma prática adotada no Brasil, com o objetivo de


efetuar limpezas mais rápidas dos terrenos, mas que têm resultado em graves
prejuízos ao solo. A médio e longo prazo, podem tornar os solos improdutivos: o

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potássio e o cálcio acrescentados pelas cinzas desaparecem, como também a


fertilidade do solo; a matéria orgânica da superfície do solo é queimada; bactérias e
pequenos animais que vivem no solo são eliminados; há aumento da erosão do solo
e consequentemente perda da fertilidade; ocorre o endurecimento e fechamento dos
poros do solo, reduzindo a penetração da água e do ar.

Um outro sério problema que afeta a qualidade do solo é a erosão, as perdas


de solo com o cultivo de terras marginais íngremes, a redução de florestas e áreas de
vegetação e a irrigação indevida tendem a se acelerar e causam a perca,
especialmente, no norte e centro da África, nas áreas elevadas e úmidas da América
Latina e em grande parte do sul da Ásia. Será difícil aperfeiçoar o controle da erosão
sem uma mudança radical nas práticas agrícolas, em todo o mundo.
O agente de erosão mais importante é a água, e a ação do homem que mais
contribui para a ocorrência desse processo é o desmatamento (FIGURA). A água, ao
escoar pela superfície descoberta do solo, arrasta sua camada superficial. O vento
também causa erosão, através da abrasão provocada pelas partículas de areia que
carreia.

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O principal dano decorrente da utilização do solo é a erosão, que ocorre na


natureza causada pela ação das águas e do vento, com consequente remoção das
partículas do solo, tendo como efeitos:

 Alterações no relevo;
 Riscos às obras civis;
 Remoção da camada superficial e fértil do solo;
 Assoreamento dos rios;
 Inundações e alterações dos cursos d’água.
Tipos de Erosão:

 Erosão Geológica: Processa-se de modo inexorável sob a ação dos


agentes naturais
 Erosão Acelerada: Ocorre como uma consequência da ação do homem
sobre o solo

Também a ação do homem pode causar processos erosivos ainda mais


perigosos por atividades tais como: desmatamento, agricultura, mineração e
terraplanagem. A disposição indiscriminada de resíduos no solo é outro uso que tem
se mostrado inadequado em função da geração de líquidos e gases percolados e da
presença de metais nos resíduos aplicados no solo, provocando sua contaminação.

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A imposição de certas limitações e restrições no uso e ocupação do solo pode


constituir-se num importante elemento no controle da erosão. Deve-se identificar as
áreas de risco, a partir da análise das características geológicas e topográficas locais
e estabelecer restrições de ocupação.

A lei de uso e ocupação do solo, que regulamenta a utilização do solo, é de


competência exclusiva do município e nela devem ser fixadas as exigências
fundamentais de ordenação do solo para evitar a degradação do meio ambiente e os
possíveis conflitos no exercício das atividades urbanas.

A desertificação é causada quase que inteiramente pelo mau uso ou uso


excessivo da terra, pela atividade humana, especialmente em áreas vulneráveis ao
desmatamento ou com baixos ou irregulares índices de precipitação de chuvas. A
pastagem excessiva e o desflorestamento para obtenção de carvão vegetal são as
principais causas da desertificação, mas o cultivo excessivo de terras marginais e a
salinização do solo, através de sistemas inadequados de irrigação, também são
fatores importantes.

A Salinização é uma forma particular de poluição do solo, ocorre em solos


naturalmente susceptíveis, seja pela natureza do material de origem, seja pela maior
aridez do clima ou pelas condições do relevo local.

A salinização pode ocorrer pela ação do homem quando a exploração agrícola


é feita com o auxílio de irrigação

Medidas de Controle

A imposição de certas limitações e restrições no uso e ocupação do solo pode


constituir-se num importante elemento no controle da erosão. Deve-se identificar as
áreas de risco, a partir da análise das características geológicas e topográficas locais
e estabelecer restrições de ocupação.
A lei de uso e ocupação do solo, que regulamenta a utilização do solo, é de
competência exclusiva do município e nela devem ser fixadas as exigências
fundamentais de ordenação do solo para evitar a degradação do meio ambiente e os
possíveis conflitos no exercício das atividades urbanas.

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O controle da poluição do solo se dá pelas técnicas preventivas e corretivas,


que visam à minimização dos riscos ambientais, e cuja aplicação dependerá das
circunstâncias locais. As técnicas de controle mais utilizadas estão listadas abaixo:

 Seleção dos locais e das técnicas mais apropriadas para o


desenvolvimento das atividades humanas, considerando o uso e tipo de
solo na região, o relevo, a vegetação, a possibilidade de ocorrência de
inundações e as características do subsolo;
 Execução de sistemas de prevenção da contaminação das águas
subterrâneas;
 Implantação de sistemas de prevenção e erosão, tais como alteração de
declividade, operação em curvas de nível, execução de dispositivos de
drenagem e manutenção da cobertura vegetal;
 Minimização de resíduos industriais, pela redução da geração na fonte,
segregação, reciclagem e alteração dos processos produtivos;
 Minimização de sistemas de disposição final de resíduos urbanos, pela
coleta seletiva, reciclagem e tratamento;
Execução de sistemas de disposição final de resíduos, considerando critérios de
proteção do solo.

POLUIÇÃO VISUAL

Dá-se o nome de poluição visual ao excesso de elementos ligados à comunicação


visual (como cartazes, anúncios, propagandas, placas etc.) dispostos em ambientes
urbanos, especialmente em centros comerciais e de serviços.
Também é considerada poluição visual algumas atuações humanas sem estar
necessariamente ligadas a publicidade tais como o grafite, fios de eletricidade e telefônicos,
os edifícios com falta de manutenção, o lixo exposto não orgânico, e outros resíduos
urbanos.

Para além de promover o desconforto espacial e visual daqueles que passam por
estes locais, este excesso torna as cidades modernas mais saturadas, desvalorizando-as
e tornando-as apenas um espaço de promoção do fetiche e das trocas comerciais

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37

capitalistas. No entanto o problema, não é a existência da propaganda, mas o seu


descontrolo.
Certos municípios, quando tentam revitalizar regiões degradadas pela violência e
pelos diversos tipos de poluição, baixam normas contra a poluição visual, determinando
que as lojas e outros geradores desse tipo de poluição mudem suas fachadas a fim de
tornar a cidade mais harmónica e esteticamente agradável ao habitante e turista.

Consequências da poluição visual


A poluição visual degrada os centros urbanos pela não coerência com a fachada das
edificações, pela falta de harmonia de anúncios, logótipos e propagandas. O indivíduo
perde, em certo sentido, a sua cidadania (no sentido de que ele é um agente que participa
ativamente da dinâmica da cidade) para se tornar apenas um espectador e consumidor. O
exagero da propaganda na paisagem urbana pode ser considerado uma característica da
cultura de massas pós-moderna.

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Impactos na saúde:

 Agride a sensibilidade humana, influencia a mente e afeta mais psicologicamente do que


fisicamente.
 Prejudica a sinalização do trânsito, trazendo problemas de segurança aos cidadãos.
 Obstrui passeios trazendo transtornos aos pedestres
 Talvez a consequência mais nefasta da poluição visual seja a descaracterização do
conjunto arquitetônico, especialmente observada no centro e nos bairros históricos das
cidades.

A segurança dos cidadãos:


Uma das maiores preocupações sobre a poluição visual em vias públicas de intenso
tráfego, é que pode colaborar para acidentes automobilísticos. Em alguns casos a poluição
visual coloca em risco a vida das pessoas já que muitas faixas e propagandas são colocas
em cruzamentos de avenidas confundindo com as suas cores vermelhas a sinalização de
trânsito. Muitos países possuem legislações específicas para controlo de sinalizações em
diversas categorias de vias.

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Alguns psicólogos também afirmam que os prejuízos não se restringem à questão


material, mas atingiriam também a saúde mental dos usuários, na medida em que
sobrecarregaria o indivíduo de informações desnecessárias

As grandes cidades apresentam um grande número de cartazes publicitários, os


quais, juntamente com a concentração de edifícios e a carência de áreas verdes constituem
uma área de estrema poluição visual que degrada o meio ambiente.

Durante muito tempo, a publicidade integrou a paisagem das cidades, mas hoje
percebe-se um exagero que funciona como um fator de degradação das mesmas. A
poluição visual acontece quando, com tantas referências acumuladas, as pessoas não têm
mais noção de espaço, prejudicando a percepção do mesmo e atrapalhando a circulação
dos cidadãos.

POLUIÇÃO SONORA

QUANDO E COMO OCORRE


A poluição sonora ocorre quando num determinado ambiente o som altera a
condição normal de audição. Embora ela não se acumule no meio ambiente, como
outros tipos de poluição, causa vários danos ao corpo e à qualidade de vida das
pessoas.

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O ruído é o que mais colabora para a existência da poluição sonora. Ele é


provocado pelo som excessivo das indústrias, canteiros de obras, meios de
transporte, áreas de recreação etc. Estes ruídos provocam efeitos negativos para o
sistema auditivo das pessoas, além de provocar alterações comportamentais e
orgânicas.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) considera que um som deve ficar em
até 50 db (decibéis – unidade de medida do som) para não causar prejuízos ao ser
humano. A partir de 50 db, os efeitos negativos começam. Alguns problemas podem
ocorrer a curto prazo, outros levam anos para serem notados
O que é o nível sonoro?
O nível sonoro (nível de intensidade sonora) é o valor da intensidade do som.
Mede-se com um sonómetro e a unidade de medida é o decibel (dB).
O nível sonoro mínimo de audição (limite mínimo de audibilidade ou limiar de
audição) é o valor do nível sonoro abaixo do qual não se consegue ouvir o som. Este
valor varia com a frequência, sendo de 0 dB para frequências entre 500 e 1.000 Hz.
O nível sonoro máximo de audição (limite máximo de audibilidade, limiar de
tolerância auditiva ou limiar da dor) é o valor do nível sonoro acima do qual o
som provoca dor e torna-se prejudicial para a saúde. Este valor varia com a
frequência, sendo de 120 dB para frequências entre 500 e 1.000 Hz.
A variação do limiar da audição e do limiar da dor com a frequência representa-
se através de um gráfico chamado audiograma.

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O limiar de audição e o limiar da dor também variam de pessoa para pessoa. Por
exemplo, o limiar da dor diminui quando a idade aumenta, pelo que o som incomoda
facilmente as pessoas mais velhas. Exemplos de valores dos níveis sonoros:

 Conversa - 40 a 60 dB
 Sala de aula, café e restaurante - 70 dB
 Automóveis - 80 dB
 Mota, comboio, secador de cabelo, cantina da escola, leitor de música no
máximo - 90 dB
 Martelo pneumático e serra eléctrica - 100 dB
 Discoteca - 110 dB
 Concerto de rock e trovão - 120 dB
 Avião e carro de Fórmula 1 - 130 dB

Existe poluição sonora quando o som se torna incomodativo ou prejudicial para


as pessoas ou animais, por ser muito intenso e por ter uma longa duração. Estes sons
chamam-se ruído (noise em inglês) e podem ter um nível sonoro superior a 50 dB:

 50 a 80 dB – nível sonoro incomodativo;


 80 aos 100 dB – nível sonoro fatigante;
 100 aos 120 dB – nível sonoro perigoso;
 120 aos 160 dB - nível sonoro doloroso.

Um nível sonoro fatigante torna-se perigoso e doloroso, se ouvirmos esses sons


durante mais de 8 horas.
Quais são as consequências da poluição sonora para a saúde humana?
As consequências da poluição sonora para a saúde humana podem
ser físicas, psíquicas ou sociais:
Insónia (dificuldade em dormir);

 Stress;
 Depressão;
 Perda de audição;
 Agressividade;
 Perda de atenção e concentração;

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 Perda de memória;
 Dores de Cabeça;
 Aumento da pressão arterial;
 Cansaço;
 Gastrite e úlcera;
 Quebra de rendimento escolar e no trabalho;
 Surdez.

Como se pode evitar a poluição sonora e as suas consequências?


A poluição sonora pode ser evitada diminuindo a intensidade do som produzido
por máquinas e por aparelhos de música (ouvir música com o volume baixo ou médio),
evitar locais com muito barulho; escutar música num volume de baixo para médio; não
ficar sem protetor auricular em locais de trabalho com muito ruído; escutar walk man
ou mp3 player num volume baixo, não gritar em locais fechados, evitar locais com
aglomeração de pessoas conversando, ficar longe das caixas acústicas nos shows
de rock e fechar as janelas do veículo em locais de trânsito barulhento.

As consequências da poluição sonora podem ser evitadas através de:

 Medidas de proteção individual dos ouvidos (por ex., o uso de protetores


auriculares, tampões, rolhas de algodão, borracha ou plástico, que se introduzem no
canal auditivo externo, e de tapa-orelhas, semelhantes a auscultadores, que cobrem
toda a orelha);
 Isolamento sonoro das máquinas e edifícios.

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Curiosidades
Uma variação de 3 dB corresponde à duplicação da intensidade sonora.

Uma variação de 10 dB corresponde à multiplicação por 10 da intensidade sonora

NOÇÕES DE AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS

Impacto Ambiental

Considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas,


químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou
energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a
saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas;
a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos
recursos ambientais.

Avaliação de Impacto Ambiental (AIA)


Instrumento de política ambiental, formado por um conjunto de procedimentos
capazes de assegurar, desde o início do processo, que se faça um exame sistemático
dos impactos ambientais de uma ação proposta (projeto, programa, plano ou política)
e de suas alternativas, e cujos resultados sejam apresentados de forma adequada ao
público e aos responsáveis pela tomada da decisão, e por eles considerados. Além
disso, os procedimentos devem garantir adoção das medidas de proteção do meio
ambiente, determinada no caso de decisão da implantação do projeto.

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Estudo de Impacto Ambiental (EIA)


É um instrumento constitucional da Política Ambiental um dos elementos do
processo de avaliação de impacto ambiental. Trata-se da execução, por equipe
multidisciplinar, das tarefas técnicas e científicas destinadas a analisar,
sistematicamente, as consequências da implantação de um projeto no meio ambiente,
por métodos de AIA e técnicas de previsão dos impactos ambientais. O estudo de
impacto ambiental desenvolverá no mínimo as seguintes atividades técnicas:
1- Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto: completa descrição e
análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a
caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto,
considerando:

O subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos


minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos de
Meio físico
água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes
atmosféricas.
Os ecossistemas naturais - a fauna e a flora - destacando as
espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e
Meio biológico
econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de
preservação permanente.
O uso e ocupação do solo, os usos da água e a socioeconômica,
destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e
Meio
culturais da comunidade, as relações de dependência entre a
socioeconômico
sociedade local, os recursos ambientais e o potencial de
utilização desses recursos.

2 - Descrição do projeto e suas alternativas


3 - Etapas de planejamento, construção, operação
4 - Delimitação e diagnóstico ambiental da área de influência: definir os limites da área
geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos, denominada área de
influência do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual
se localiza.

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5 - Identificação, medição e valorização dos impactos: identificar a magnitude e


interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando os
impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e
a médios e longos prazos, temporários e permanentes, seu grau de reversibilidade,
suas propriedades cumulativas e sinérgicas, distribuição de ônus e benefícios sociais.
6 - Identificação das medidas mitigadoras: aquelas capazes de diminuir o impacto
negativo, sendo, portanto, importante que tenham caráter preventivo e ocorram na
fase de planejamento da atividade.
7 - Programa de monitoramento dos impactos
8 - Preparação do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA)

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA)


Documento que apresenta os resultados dos estudos técnicos e científicos de
avaliação de impacto ambiental. Constitui um documento do processo de avaliação
de impacto ambiental e deve esclarecer todos os elementos da proposta em estudo,
de modo que possam ser divulgados e apreciados pelos grupos sociais interessados
e por todas as instituições envolvidas na tomada de decisão.
O relatório refletirá as conclusões do estudo de impacto ambiental:
 Objetivos e justificativas do projeto;
 A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais,
especificando para cada um deles, nas fases de construção e operação a área
de influência, as matérias-primas e mão-de-obra, as fontes de energia, os
processos e técnicas operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos
de energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados;
 A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da área de
influência do projeto;
 A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e operação da
atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de
incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas e critérios adotados
para sua identificação, quantificação e interpretação;
 A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência,
comparando as diferentes situações da adoção dos projetos e suas
alternativas, bem como a hipótese de sua não realização;

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 A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação


aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderem ser evitados
e o grau de alteração esperado;
 O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos;
 Recomendação quanto à alternativa mais favorável (Conclusões).

Plano de Controle Ambiental (PCA)


O Plano de Controle Ambiental reúne, em programas específicos, todas as
ações e medidas minimizadoras, compensatórias e potencializadoras aos impactos
ambientais prognosticados pelo Estudo de Impacto Ambiental - EIA. A sua efetivação
se dá por equipe multidisciplinar composta por profissionais das diferentes áreas de
abrangência, conforme as medidas a serem implementadas.

ECONOMIA RELACIONADA AO CONTROLE AMBIENTAL


A questão ambiental, hoje, encontra-se incorporada na agenda dos partidos
políticos, nos programas de governo, no cerne das organizações populares e no
planejamento empresarial. Ser ecologicamente correto já é um requisito de
socialização e uma postura dita moderna.
Entretanto, o equacionamento dos problemas ambientais não é trivial e requer
uma análise mais profunda e abrangente das relações entre as atividades econômicas
e a base natural que estas exploram. Em que pesem as dimensões culturais e
históricas, os aspectos econômicos e sociais que essas relações refletem, nos
remetem, por si sós, a inúmeras questões que se tornam desafios para o
desenvolvimento de uma economia.
O primeiro requisito para avaliar a importância destes desafios é reconhecer que
os problemas ambientais existem e guardam uma relação direta com o nível e a
qualidade do desenvolvimento econômico. O requisito seguinte seria o de avaliar as
magnitudes dessas relações considerando o seu grau de acuracidade e incerteza.
Por último, identificar políticas e instrumentos que poderiam ser engendrados e
motivados no planejamento governamental que, em conjunto com outras iniciativas
da sociedade civil e da área empresarial, pudessem reverter tendências ambientais
restritivas à melhoria do bem-estar da população brasileira e harmonizá-las num
contexto de desenvolvimento sustentável.

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DESAFIOS AMBIENTAIS DA ECONOMIA BRASILEIRA


Em qualquer hipótese de sustentabilidade que admita crescimento econômico,
os esforços de investimentos devem ser equivalentes ao consumo total de capital na
economia, seja este natural ou material, de forma a evitar sérias restrições ao
crescimento econômico e sua capacidade de maximizar o bem-estar social.
No caso brasileiro, Seroa da Motta (1993 b) demonstrou que o consumo de
capital natural no Brasil estaria, no mínimo, acima de 2,5% do PIB e que os
investimentos necessários para a recomposição do seu nível de estoque não estão
sendo realizados.
A questão ambiental no contexto do desenvolvimento sustentável torna-se,
contudo, completamente evasiva quando se comprova uma relação empírica entre
crescimento econômico e melhoria ambiental. Isto é, quando a renda per capita cresce
acima de certo nível, a deterioração ambiental resultante deste crescimento se reverte
e a partir deste nível a qualidade ambiental melhora.
Em suma, seria advogar que o crescimento econômico por si só garantirá o uso
adequado dos recursos ambientais da mesma forma que uma vez se acreditou que
este mesmo crescimento resolveria a questão distributiva da renda.
Evidentemente, níveis mais altos de renda estimulam o consumo de bens
ecologicamente corretos e permitem uma folga fiscal que privilegia a dotação
orçamentária das áreas de controle ambiental. Além do mais, é de se esperar que
certos níveis elevados de degradação encerrem custos tão altos sobre uma gama
ampla de agentes econômicos que sua eliminação permita uma aliança estratégica.

Restrições comerciais de cunho ambiental


A atual tendência mundial ambientalista e suas resultantes em termos de
maiores restrições ambientais podem afetar a divisão internacional do trabalho ao
alterarem as vantagens comparativas de alguns países criando barreiras para a
entrada em certos mercados.
Estas transformações ao nível do comércio internacional estão se dando por
duas formas de restrição: barreiras de processo e barreiras de produtos.
As barreiras de processo são utilizadas para discriminar certo produto que,
devido ao seu processo de produção, gera impactos ambientais considerados
inadequados pelo país importador. Este seria o caso da produção madeireira brasileira
oriunda de florestas tropicais.

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As barreiras de produto têm sido as de maior êxito em termos de comércio


exterior, na medida em que estão associadas aos efeitos do consumo do produto ao
invés da sua produção. Este tipo de barreira é mais nociva que as de processo, pois
não implica somente elevar gastos de produção para atender às exigências. O fato de
tais barreiras poderem ser erguidas unilateralmente resulta em mercados
segmentados para estes produtos, eliminando economias de escala e monopolizando
tecnologias específicas.

Tendências das restrições ambientais externas


As exigências em termos de controle ambiental cresceram nos países ricos e
com isso se exacerbam as pressões para impor padrões semelhantes às importações.
Assim, produzir com menos risco ambiental no ciclo do produto — produção, uso e
disposição — é a tendência geral nos mercados mais competitivos. Algumas formas
mais nítidas destas tendências já podem ser observadas.
 Selo ecológico: Uma das restrições mais espontâneas a ser enfrentada no
comércio internacional está associada ao marketing ecológico. Na tentativa de
capturar as tendências ecológicas do mercado consumidor, as indústrias dos países
desenvolvidos têm se utilizado de estratégias comerciais de selo ecológico nos seus
produtos. Estes selos procuram conferir graus de controle ambiental aos produtos de
acordo com os processos e materiais adotados na sua produção;
 Reciclagem: Uma tendência marcante no controle ambiental dos países
desenvolvidos é o conjunto de regras associadas à reciclagem ou redução de carga
tóxica para melhorar a disposição dos resíduos sólidos (lixo). Além de reduzir a
intensidade de uso dos recursos naturais, objetiva-se diminuir as necessidades de
disposição dos resíduos e os custos energéticos associados. Compatibilizar-se com
os padrões de reciclagem que estão sendo definidos internacionalmente será
fundamental para os setores exportadores. Além do mais, cresce a pressão para a
adoção de normas internacionais de reciclagem, justamente no sentido de evitar
medidas protecionistas com base nos princípios de reciclagem;
 Controle ambiental: Produzir com menos risco ambiental é agora sinal de
eficiência, na medida em que poluição é matéria-prima não contida no produto final e,
portanto, perdida e não vendida. Embora o controle das emissões de poluentes seja
uma restrição ao processo de produção cuja aplicabilidade ainda é discutível, é fácil
prever que sua adoção é possível no futuro imediato, por diversas razões:

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a) a própria exigência de selo ecológico e níveis de reciclagem influenciam os


processos produtores;
b) existe uma tendência à criação de padrões internacionais de forma a proteger
os países onde tais padrões são elevados;
c) os principais líderes mundiais da indústria já estão se organizando para este
fim.
Em suma, as tendências descritas exigem que os países que queiram se fixar
competitivamente no comércio externo introduzam, desde já, alterações na sua
estrutura industrial de forma a atingirem padrões ambientais compatíveis
internacionalmente.
Uma iniciativa resultante desta mobilização são as normas da ISO 14000 que
preveem procedimentos para certificação de empresas de acordo com as práticas de
gestão ambiental adotadas. À semelhança da ISO 9000, normas de qualidade, a série
14000 será também um fator de competitividade no mercado internacional;
 Acordos globais: Duas questões ambientais globais têm sido objeto de
tentativas de acordos
internacionais para seu controle. Tratando-se de problemas cujos impactos se
realizam além-fronteiras, somente por intermédio destes acordos é que sua solução
pode ser alcançada.
O primeiro é o da chuva ácida que tem por fonte principal a emissão de
sulfurados pelas indústrias. É previsível que, dada a dimensão do controle a ser
seguido nestes blocos regionais, sua adoção acabe por ser imposta no comércio
internacional. Além disso, é bastante provável que tal precedente também se
estabeleça no contexto do Mercosul. Outra questão, e talvez a principal, refere-se à
emissão de gases responsáveis pelo aquecimento global, abrangendo dois pontos:
Primeiro, a substituição dos clorofluorcarbonetos (CFC), que reduz a camada de
ozônio que protege do aquecimento solar o Polo Ártico e a Antártida, já é objeto do
Protocolo de Montreal do qual o Brasil é signatário e, portanto, obrigado a cumprir
suas resoluções sob pena de sofrer sanções comerciais. O segundo ponto, este ainda
mais polêmico, refere-se à emissão de CO2, considerado um agente responsável pelo
efeito estufa que também tem resultado no aquecimento do planeta. Acordos globais
para controle do CO2 ainda não foram promulgados, mas existem diversas. Desta
forma, o comprometimento do Brasil na Rio-92 com estas questões globais indica que

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o país certamente se fará presente nestes acordos e, assim, será obrigado a cumprir
suas exigências.

Globalização
Procurou-se, até então, evidenciar a indiscutivelmente crescente restrição
ambiental à economia brasileira que surgirá no contexto da globalização. No longo
prazo, parece inevitável um processo de ajuste no padrão ambiental da economia
nacional, de forma a assegurar sua eficiência competitiva, ou seja, antecipar
mudanças de processo e de produto que possam, no futuro, resultar em custos de
ajuste economicamente inviáveis. Tal cenário não é de todo desconhecido. A questão
central reside, entretanto, nas mudanças que, no curto prazo, terão que ser realizadas
e as suas respectivas consequências no padrão de competitividade atual, ou seja, o
balanço entre perdas reais de hoje com perdas possíveis de amanhã. Esta questão
não se restringe à esfera da competitividade e, sim, permeia toda a discussão sobre
sustentabilidade. É dentro deste quadro de incerteza que politicamente se viabilizam
as restrições ambientais que definirão o padrão ambiental da economia brasileira.
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