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GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO

UNIVERSADE DO ESTADO DE MATO GROSSO


SECRETARIA DE ESTADO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA
CÂMPUS UNIVERSITÁRIO DE TANGARÁ DA SERRA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

GABRIELA DUARTE BARIVIERA

ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA RIGIDEZ DAS LIGAÇÕES VIGA-PILAR


EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO E CONCRETO PRÉ-
MOLDADO

TANGARÁ DA SERRA – MT
2020
GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO
UNIVERSADE DO ESTADO DE MATO GROSSO
SECRETARIA DE ESTADO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA
CÂMPUS UNIVERSITÁRIO DE TANGARÁ DA SERRA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

GABRIELA DUARTE BARIVIERA

Projeto de pesquisa na área de ciências


exatas aplicadas apresentado à banca
examinadora do Curso de Engenharia Civil
da Universidade do Estado de Mato
Grosso, Campus Universitário de Tangará
da Serra como pré-requisito para obtenção
do título de Bacharel em Engenharia Civil.
Professora orientadora: GABRIELLI
STEINHOWSER MACHADO SANCHES.

ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA RIGIDEZ DAS LIGAÇÕES VIGA-PILAR


EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO E CONCRETO PRÉ-
MOLDADO

TANGARÁ DA SERRA – MT
2020
GABRIELA DUARTE BARIVIERA

ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA RIGIDEZ DAS LIGAÇÕES VIGA-PILAR


EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO E CONCRETO PRÉ-
MOLDADO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Avaliadora do Curso


de Engenharia Civil – UNEMAT, Campus Universitário de Tangará da Serra como
requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil.

Aprovado em _____de__________2020.

_________________________________________
Gabrielli Steinhowser Machado Sanches
Professora Orientadora
Curso de Engenharia Civil UNEMAT – Campus Universitário de Tangará da
Serra

_________________________________________
XXXXXXX
Professor Avaliador
Curso de Engenharia Civil UNEMAT – Campus Universitário de Tangará da
Serra

_________________________________________
XXXXXXX
Professor Avaliador
Curso de Engenharia Civil UNEMAT – Campus Universitário de Tangará da
Serra

TANGARÁ DA SERRA – MT
2020
RESUMO

O presente estudo tem como objetivo analisar a influência da rigidez das ligações viga-
pilar em edificações multipavimentos em concreto, dadas pelas ligações de
característica perfeitamente rígida que traduzem as construções em concreto armado
e as vinculações rotuladas que apresentam menor grau de rigidez e são
características de estruturas pré-moldadas de concreto. Os parâmetros a serem
analisados em função da alteração de vinculação são a estabilidade global como um
todo, os coeficientes 𝛼 e 𝛾𝑧, processo P-Delta, deslocamentos, momentos e taxa de
aço. Tendo em vista que com o desenvolvimento urbano e o crescimento
populacional, os edifícios estão sendo projetados cada vez mais altos devido à
saturação dos espaços urbanos, é necessário relacionar esses fatores também ao
acréscimo de altura, o que gera maiores solicitações na estrutura e, por consequência,
se faz necessário verificar não mais apenas as cargas verticais provenientes das
ações aplicadas, mas sim a instabilidade global. Para tanto, foram projetadas 4
edificações, variando-se a flexibilidade dos nós em engaste e rótula e o número de
pavimentos entre 6 e 8. Com os resultados obtidos é possível afirmar que a redução
da rigidez causa significativos impactos na segurança e estabilidade da estrutura, se
tornando ainda mais discrepante quando considerado a maior altura. Sabendo,
portanto, que a situação de rigidez perfeita não é alcançada na prática de execução e
observando as grandes diferenças de valores obtidos para ambos os casos, é de
extrema importância que a consideração de maneira correta dessas vinculações por
parte do Engenheiro Projetista não seja negligenciada.

Palavras-Chave: Ligações, viga, pilar, rigidez, estrutura, concreto.


ABSTRACT

The presente study aims to analyze the influence of stiffness of beam-column


connections in multi-floor concrete buildings, given by the perfectly rigid characteristics
that show the reinforced concrete constructions and the labeled bindings that present
a lower degree of stiffness and are characteristics of precast concrete structures. The
parameters to be analyzed due to the link change are the overall stability as a whole,
𝛼 and 𝛾𝑧 coefficients, P-Delta process, displacements, moments and steel rate.
Considering that with urban development and population growth, buildings are being
designed to be higher due to saturation of urban spaces, it is necessary to relate these
factors also to the increase in height, which generates greater demands on the
structure and, consequently, makes it necessary to verify not only the vertical loads
resulting from the applied actions, but the global instability. For this purpose, 4
buildings were designed, varying the flexibility of the knots in crimping and kneecap
and the number of floors between 6 and 8. With the results, it is possible to affirm that
the reduction of stiffness causes significant impacts on the safety and stability of the
structure, becoming even more discrepant when considering the greater height.
Knowing, therefore, that the situation of perfect rigidity is not achieved in the practice
of execution and observing the great differences of values obtained for both cases, it
is extremely important that the correct consideration of these links by the Project
Engineer do not be neglected.

Key Words: Connections, beam, column, rigidity, structure, concrete


LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Viga de concreto: a) sem armadura; b) com armadura................................. 9
Figura 2- Definição de nó de pórtico............................................................................ 11
Figura 3- Comportamento rígido e flexível. ................................................................. 12
Figura 4- Fenômenos associados à deterioração mecânica de ligações viga-pilar. . 12
Figura 5- Rotação das ligações. .................................................................................. 13
Figura 6- Curva momento-rotação de uma ligação semirrígida. ................................ 14
Figura 7- Geometrias usuais de nós............................................................................ 14
Figura 8- Nomenclatura utilizada para a classificação dos nós de pórtico. ............... 15
Figura 9- Efeitos de segunda ordem. .......................................................................... 19
Figura 10- Diagrama tensão-deformação do concreto. (a) Linear (b) Não linear. ..... 20
Figura 11- Barra vertical com mudança de posição. ................................................... 20
Figura 12- Reações na barra indeformada.................................................................. 21
Figura 13- Reações na barra deformada. ................................................................... 21
Figura 14- Valores do coeficiente 𝛾𝑧 em função do grau de flexibilidade β
(β=1:articulado; β=0:rígida). ......................................................................................... 24
Figura 15- Efeito P-Δ. ................................................................................................... 25
Figura 16- Posições deslocadas em iterações sucessivas......................................... 25
Figura 17- Processo P-Delta. ....................................................................................... 26
Figura 18- Planta baixa pavimento tipo da edificação modelo. .................................. 29
Figura 19- Fachada frontal edificação modelo. ........................................................... 30
Figura 20- Modelo 3D 6 pavimentos............................................................................ 31
Figura 21- Modelo 3D 8 pavimentos............................................................................ 31
Figura 22- Isopletas da velocidade básica Vo (m/s). .................................................. 34
Figura 23- Fator S2. ..................................................................................................... 36
Figura 24- Valores mínimos do fator estatístico S3. ................................................... 36
Figura 25- Deslocamento horizontal no topo devido ao vento – 6 pavimentos. ........ 38
Figura 26- Deslocamento horizontal no topo devido ao vento – 8 pavimentos. ........ 38
Figura 27- Deslocamento horizontal no topo devido imperfeições globais – 6
pavimentos. .................................................................................................................. 39
Figura 28- Deslocamento horizontal no topo devido imperfeições globais – 8
pavimentos. .................................................................................................................. 39
Figura 29- Fator de estabilidade global 𝛾𝑧 – 6 pavimentos. ....................................... 40
Figura 30- Fator de estabilidade global 𝛾𝑧 – 8 pavimentos. ....................................... 40
Figura 31- Fator de estabilidade global P-Delta para combinação de desaprumo – 6
pavimentos. .................................................................................................................. 41
Figura 32- Fator de estabilidade global P-Delta para combinação de desaprumo – 8
pavimentos. .................................................................................................................. 41
Figura 33- Momento no topo do pilar 39. .................................................................... 42
Figura 34- Área de aço para o pilar 39. ....................................................................... 43
Figura 35- Consumo de aço total das lajes. ................................................................ 44
Figura 36- Consumo de aço total das vigas. ............................................................... 44
Figura 37- Consumo de aço total dos pilares.............................................................. 45
Figura 38- Momento fletor da viga 8 da edificação de 6 pavimentos. ........................ 46
Figura 39- Momento fletor da viga 8 da edificação de 8 pavimentos. ........................ 46
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Dados gerais do projeto.................................................................. 333
Tabela 2- Seções adotadas para os elementos. .......................................... 3333
Tabela 3- Peso específico dos materiais de construção................................ 333
Tabela 4- Cargas consideradas sobre a estrutura. ........................................ 344
Tabela 5- Parâmetros para análise do vento ................................................... 37
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES
ELU: Estado Limite Último.
ELS: Estado Limite de Serviço.
ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas.
NBR: Norma Brasileira.
αR: fator de restrição de rotação
𝜎: tensão.
𝐸𝑐: módulo de elasticidade.
𝑀: momento fletor.
∆𝑀: acréscimo de momento fletor.
𝐹𝑉: força vertical aplicada.
𝑢: deslocamento.
𝛼: parâmetro de instabilidade.
𝐻𝑡𝑜𝑡: altura da estrutura.
𝑁𝑘: somatório de todas as cargas verticais atuantes na estrutura.
𝐸𝑐𝑠𝐼𝑐: somatório dos valores de rigidez de todos os pilares na direção
considerada.
𝑛: número de andares.
γz: coeficiente de instabilidade.
∆Mtot,d : soma dos produtos de todas as forças verticais atuantes na estrutura.
M1,tod,d : soma dos momentos de todas as forças horizontais da combinação
considerada.
Β: parâmetro de deslocabilidade/flexibilidade.
N: força axial.
a: deformação.
Δh: acréscimo de força.
L: altura do elemento considerado.
h est: estimativa da altura das vigas.
lo: tamanho do vão a ser vencido pela viga.
Fck: resistência característica do concreto à compressão.
kN: quilonewton.
Vo: velocidade básica do vento.
S: fatores topográficos.
PAV: pavimento.
P: pilar.
V: viga.
Mdx: Momento fletor de cálculo.
m: metros.
m²: metros quadrados.
cm: centímetros.
cm²: centímetros quadrados.
Kg: quilograma.
Sumário
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 5

2 PROBLEMA ................................................................................................................ 6

3 HIPÓTESE................................................................................................................... 6

4 JUSTIFICATIVA .......................................................................................................... 7

5 OBJETIVO GERAL ..................................................................................................... 7

6 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................................... 7

7 REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................... 8

7.1 Concreto armado ............................................................................................... 8

7.1.1 Vigas ............................................................................................................. 9

7.1.2 Pilares ........................................................................................................ 10

7.2 Estrutura ........................................................................................................... 10

7.3 Ligações viga-pilar .......................................................................................... 10

7.4 Ações ................................................................................................................. 15

7.4.1 Ações permanentes ................................................................................. 15

7.4.2 Ações variáveis......................................................................................... 16

7.4.3 Ações excepcionais ................................................................................. 16

7.5 Estados limites ................................................................................................. 16

7.5.1 Estado limite último ................................................................................. 17

7.5.2 Estado limite de serviço .......................................................................... 17

7.6 Estabilidade Global .......................................................................................... 17

7.6.1 Efeitos de segunda ordem ...................................................................... 18

7.6.2 Não linearidade física e geométrica ....................................................... 19

7.6.3 Parâmetro de instabilidade 𝛼 .................................................................. 22

7.6.4 Coeficiente 𝛾𝑧 ............................................................................................ 23

7.6.5 Processo P-Delta (P-Δ) ............................................................................ 24

7.7 Deslocamentos limites .................................................................................... 26


ESTADO DA ARTE...................................................................................................... 27

8 METODOLOGIA ....................................................................................................... 28

9 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................. 37

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................49
APÊNDICE A..............................................................................................................51
5

1 INTRODUÇÃO
Com o crescente avanço populacional ao longo dos anos, cada vez mais o
concreto armado se mostra como um material de grande importância para o
desenvolvimento da sociedade atual que, gradativamente, passa necessitar de
construções que venham atender o pouco espaço horizontal disponível nos centros
urbanos, fator esse que passou a resultar em projetos de edifícios de concreto cada
vez mais esbeltos.
Em decorrência desse considerável aumento de altura, diversos autores como
Wordell (2003) salientam a necessidade de não mais apenas verificar as cargas
verticais provenientes das ações aplicadas, mas sim a instabilidade global que a
estrutura estará sujeita, uma vez que o valor das tensões é proporcional ao aumento
do número de pavimentos, podendo gerar situações imprevistas de comportamento.
Esse comportamento global está intrinsecamente relacionado com a rigidez da
estrutura que provém, consequentemente, da rigidez das ligações entre os elementos
que a compõem, como as vigas e os pilares que serão base de estudo nesse trabalho.
Para assegurar a estabilidade global de uma estrutura, é então necessário garantir
uma adequada rigidez desses elementos responsáveis por resistir aos esforços
(SANTOS, 2016).
A variabilidade da rigidez das ligações tem, portanto, influência direta no
comportamento da estrutura como um todo e principalmente nos deslocamentos
horizontais e na estabilidade global da mesma (ALVA, FERREIRA e EL DEBS, 2009;
SANTOS, 2016).
Se tratando das ligações, essas podem ser classificadas em: ligações
perfeitamente rígidas que são as usuais no dimensionamento de peças de concreto
armado, caracterizadas por não gerar rotações relativas entre os elementos
conectados; ligações rotuladas usualmente utilizadas em dimensionamento de peças
de concreto pré-moldado e que diferentemente das rígidas, não garantem monolitismo
à estrutura e ligações semirrígidas que possuem características intermediárias.
Conhecendo, portanto, os diferentes tipos de ligações existentes na
engenharia, é primordial ao engenheiro o entendimento do modo como cada uma se
comporta e quais são os diferentes resultados gerados frente à modificação do grau
de rigidez no que diz respeito ao dimensionamento dos elementos e dos
deslocamentos da estrutura, fatores esses que podem influenciar no caráter
econômico e de segurança da edificação.
6

Para tanto, o presente trabalho tem como objetivo avaliar através de métodos
numéricos e analíticos utilizando um software comercial de dimensionamento
estrutural, Eberick V8, justamente essa influência da rigidez do vínculo viga-pilar no
comportamento estrutural de edifícios de múltiplos pavimentos em concreto armado e
pré-moldado e analisar as disparidades geradas em fatores como taxa de armadura e
deslocamentos.
Por fim, a viabilidade de realização da análise comparativa pode ser vista
também no que diz respeito à necessidade do engenheiro em conhecer as bases
teóricas de cada tipo de vinculação para que esse possa, de maneira a não
negligenciar os resultados, projetar a estrutura de maneira segura interpretando os
dados gerados pelos softwares computacionais de maneira adequada.

2 PROBLEMA
No campo de pesquisa de estruturas de concreto, um fator essencial a ser
levado em consideração é a análise do comportamento global da estrutura que recebe
influência direta das ligações entre os elementos. Essas ligações são responsáveis,
também, por diferenciar o modelo construtivo de concreto armado convencional do
modelo pré-moldado.
Assim sendo, é primordial que o engenheiro projetista tenha conhecimento dos
diferentes comportamentos provenientes das vinculações a fim de garantir que o
dimensionamento estrutural ocorra de maneira correta de acordo com o método
construtivo e que sempre se mostre a favor da segurança.
Mas quais são as diferenças desses comportamentos e como influenciam no
dimensionamento das peças estruturais? Como a alteração da rigidez das ligações
afeta a estabilidade global de um edifício? É necessário responder essas questões
para garantir a realização de um projeto adequado.

3 HIPÓTESE
Hipótese a) Conforme o aumento do número de pavimentos, maior se torna as
discrepâncias entre os parâmetros estudados para os dois casos, devido ao aumento
de tensões sobre a estrutura.
Hipótese b) A redução da rigidez do vínculo viga-pilar resulta em maiores
deslocamentos da estrutura pois a torna isostática, deixando de restringir os graus de
liberdade em certa direção.
7

Hipótese c) Estruturas com ligações rotuladas necessitam de menor quantidade


de aço, já que nestas incidem apenas momentos positivos, enquanto que as
estruturas com ligações rígidas apresentam momentos positivos e negativos.

4 JUSTIFICATIVA
O adequado entendimento a respeito do grau de vinculação entre vigas e
pilares é imprescindível ao engenheiro calculista, uma vez que dimensionar elementos
de uma edificação sem analisar a estrutura de maneira completa e global pode resultar
em situações não previstas de comportamento estrutural, afetando a segurança do
projeto.
Nesse contexto, o trabalho se justifica pela grande quantidade de ligações
existentes na engenharia, as quais não devem ser vistas como sendo apenas regiões
de nós na estrutura, mas sim como regiões que influenciam diretamente na
distribuição dos esforços e impactam nos deslocamentos da estrutura, sendo
necessário conhecer o comportamento de cada uma.
Sendo assim, é necessário estudar como a redução ou o aumento da rigidez
das ligações altera este comportamento. Tal alteração resulta em diferentes
comportamentos globais, os quais geram disparidades no dimensionamento das
peças e armaduras e não podem ser desconsiderados, já que possuem influência no
caráter econômico e de segurança da edificação.
A importância da realização do estudo comparativo se mostra ainda, no que
tange os atuais métodos de cálculo e projeto, considerando que os meios
computacionais existentes facilitam a obtenção de resultados, mas a utilização segura
desses recursos requer o entendimento preciso das bases teóricas por parte do
engenheiro para que os resultados gerados não sejam negligenciados.

5 OBJETIVO GERAL
O presente trabalho tem como objetivo analisar a influência da rigidez do
vínculo viga-pilar no comportamento estrutural de edifícios de múltiplos pavimentos
em concreto armado e pré-moldado utilizando métodos numéricos e analíticos.

6 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
São os objetivos específicos referentes a este estudo:
8

a) Realizar simulações numéricas através do programa especializado em cálculo


estrutural, Eberick V8, e analisar os diferentes comportamentos estruturais de um
mesmo edifício ao variar o fator de restrição das ligações, sendo estas engastadas e
rotuladas;
b) Analisar a distribuição de esforços na estrutura para os dois casos apresentados;
c) Estabelecer a relação direta entre o tipo de vinculação do conjunto viga-pilar e a
estabilidade global da estrutura em edifícios multipavimentos devido à perda ou ganho
de rigidez;
d) Expandir os conhecimentos acerca dos resultados provenientes da ligação entre os
elementos estruturais em edifícios construídos com pré-moldados, onde a
transferência de momentos da viga para o pilar é nula;
e) Comparar fatores como taxa de armadura necessária aos elementos estruturais no
caso de edifícios em concreto armado moldado in loco e edifícios em pré-moldado e
verificar a variabilidade na quantidade de aço essencial para garantir a segurança da
estrutura.

7 REFERENCIAL TEÓRICO
7.1 Concreto armado
O concreto é um material composto por água, cimento e agregados, podendo
contar ou não com a utilização de aditivos e aglomerantes dependendo da sua
necessidade de utilização.
Se caracteriza por ter elevada resistência aos esforços de compressão e baixa
resistência à tração, apresentando apenas 10% da resistência à compressão, o que
não o torna adequado para utilização estrutural sem o incremento de outros materiais,
uma vez que praticamente em todas as estruturas estão presentes as solicitações de
tração (CARVALHO e FILHO, 2007).
Para tanto, se faz o uso de barras de aço alocadas em posições estratégicas
nos elementos, as chamadas armaduras, e isso se deve ao fato de esse material
apresentar alta resistência aos esforços de tração, originando assim o concreto
armado que é largamente utilizado na maioria das construções. Ambos os materiais,
concreto e aço, passam a interagir de maneira a resistir solidariamente aos esforços
(CARDOSO, 2013).
Carvalho e Filho (2007) explicam que essa solidariedade entre os elementos
só é possível devido à aderência entre o concreto e a superfície do aço, sendo que a
9

armadura só vai passar a agir contra os esforços de tração quando ocorrer a


deformação do concreto ao qual ela está envolta, gerando o alongamento dessas
barras de aço.
A baixa resistência à tração apresentada por esse material se mostra com a
abertura de fissuras nos elementos, o que pode causar rompimento na zona
tracionada. Sendo assim, a utilização do aço torna as estruturas mais resistentes e
viabilizam a utilização do concreto como material estrutural (SANTOS, 2014).
A resistência conjunta dos materiais é exemplificada por Bastos (2019) através
da comparação de uma viga de concreto sem armadura que rompe logo após o
aparecimento de fissuras e uma viga de concreto armado que apresenta sua
resistência à flexão aumentada devido à armadura, conforme a figura 1.

Figura 1- Viga de concreto: a) sem armadura; b) com armadura.

FONTE: BASTOS (2017, p. 2).

Em seu estado fresco, o concreto pode ainda ser moldado em diferentes formas
devido a consistência plástica que esse apresenta, dando origem ao concreto pré-
moldado ou pré-fabricado (RODRIGUES e SOUZA, 2008).

7.1.1 Vigas
Vigas são “elementos lineares onde a flexão é preponderante” (NBR
6118:2014, item 14.4.1.1) e por elementos lineares entende-se “aqueles em que o
comprimento longitudinal supera em pelo menos três vezes a maior dimensão da
seção transversal” (NBR 6118:2014, item 14.4.1). Sendo assim, é possível dizer que
esses elementos sofrem a ação de momento fletor e força cortante (CARDOSO,
2013).
10

7.1.2 Pilares
São definidos como “elementos lineares de eixo reto, usualmente dispostos na
vertical, em que as forças normais de compressão são preponderantes” (NBR 6118:
2014, item 14.4.1.2).
Cardoso (2013) ainda os define como elementos de seção transversal
preponderantemente retangular, quadrada ou circular responsáveis por receberem as
ações provenientes dos diversos níveis da estrutura e transmiti-las para as fundações,
de modo que sua ruptura pode levar a estrutura ao colapso.

7.2 Estrutura
Trata-se da parte mais resistente de uma edificação, responsável por receber
e transmitir os esforços oriundos das ações sofridas para as fundações. Para tanto,
há a necessidade de que estas sejam constituídas de materiais não totalmente rígidos,
os denominados elementos estruturais que, por sua vez, sofrem deformações como
consequência da transmissão de solicitações (RODRIGUES e SOUZA, 2008).
A estrutura deve, ainda, se manter em plenas condições de utilização, não
apresentando deformações além dos limites permitidos de maneira a fornecer
conforto, segurança e estabilidade durante toda sua vida útil. Diz-se que quando
ocorre fissuras excessivas, vibrações que causem desconforto ou rupturas, a estrutura
atingiu seu estado limite, deixando de atuar como foi prevista (CARDOSO, 2013).
No âmbito de classificação das estruturas, segundo Neves (2016) a estrutura
de concreto armado no local se difere das demais por apresentar monolitismo, de
forma a trabalhar como um único elemento de elevada rigidez facilitando a
transmissão de esforços, enquanto que a estrutura de concreto pré-moldado, por
exemplo, não apresenta caráter monolítico e, portanto, seus elementos devem ser
considerados isolados.

7.3 Ligações viga-pilar


Em uma estrutura, as ligações são consideradas como zonas de
comportamento complexo, também chamadas de “nós da estrutura” ou “nós de
pórtico”. Nessas regiões há uma elevada concentração de tensões, influenciando
diretamente a redistribuição de esforços ao longo dos elementos (ALVA, FERREIRA
e EL DEBS, 2009). ALVA (2004) define os “nós” como sendo a região formada pela
11

interseção da viga com o pilar, desconsiderando a influência da laje na configuração


(figura 2).
Figura 2- Definição de nó de pórtico.

FONTE: ALVA (2004, p. 5).

Em relação à parâmetros que influenciam os nós, ressalta-se duas


características consideradas mais importantes ligadas à capacidade das ligações,
sendo a resistência à compressão do concreto e a armadura transversal dos nós, já
que essas variáveis se relacionam com a capacidade de resistência ao cisalhamento
(ALVA, FERREIRA e EL DEBS, 2009).
Para Rodrigues e Souza (2008), as vigas e os pilares podem ser obtidos com
a decomposição do pórtico estrutural através de seus nós, e as ligações desses dois
elementos retos são, na teoria, perfeitamente rígidas ou perfeitamente articuladas.
Complementando essa informação, Neves (2016) afirma que as ligações são
responsáveis pela interação dos elementos entre si, formando um sistema estrutural.
Neves (2016) define ligações perfeitamente rígidas, também ditas engastadas
(figura 3), como aquelas onde ocorrem transmissão de momentos fletores da viga para
o pilar, já Alva, Ferreira, e El Debs (2009) as definem como monolíticas, onde não há
rotações relativas entre os elementos conectados e dizem que essas ligações são as
consideradas em estruturas de concreto armado.
No caso das ligações rotuladas ou articuladas, características das estruturas
de concreto pré-moldado, Neves (2016) as define como não transmissoras de
momento fletor, sendo assim nulo o momento que a viga transmite para o pilar,
exemplificado também na figura 3.
Considerando então que na prática não ocorre a situação de perfeita rigidez, o
autor classifica um meio termo entre os dois casos apresentados, que é a ligação
12

baseada na semi rigidez, caracterizada pela transmissão parcial de momentos


fletores.
Figura 3- Comportamento rígido e flexível.

FONTE: FIGUEIREDO (2004, p. 1).

É necessário reforçar que na prática nenhuma ligação viga-pilar apresenta o


comportamente totalmente rígido (ALVA, FERREIRA e EL DEBS, 2009). A explicação
é dada por Santos (2016) ao afirmar que isso ocorre devido ao escoamento das
armaduras longitudinais e à fissuração do concreto (figura 4) e complementada ainda
por Neves (2016) que relata a existência de rotações relativas entre vigas e pilares.
consideradas em estruturas de concreto armado.

Figura 4- Fenômenos associados à deterioração mecânica de ligações viga-


pilar.

FONTE: ALVA (2004, p. 78).

Outra diferenciação que pode ser feita é no que diz respeito aos graus de
liberdade referentes às ligações, sendo que as rígidas restringem grande parte desses
graus enquanto que as articuladas permitem certos graus de liberdade, podendo gerar
deslocamentos e rotações (FERREIRA, 1993).
13

Então, se tratando das rotações, o conceito de ligações rígidas permite dizer


que o ângulo formado entre os seus elementos permanece constante, ou seja, sofrem
a mesma rotação. Já nas ligações rotuladas, as rotações entre os componentes não
são restringidas, possuindo esforços mais distribuídos e assim, a vinculação
semirrígida apresenta característica intermediária (OLIVEIRA, 2011). Os
deslocamentos idealizados para cada tipo de ligação são mostrados na figura 5.

Figura 5- Rotação das ligações.

FONTE: RODRIGUES (2007, p. 19).

Os autores Alva, Ferreira, e El Debs (2009) atribuem as ligações como


pertencentes à chamada “Zona D”, caracterizada por haver descontinuidade
geométrica, não se tornando válida, portanto, a hipótese de Bernoulli acerca da
distribuição linear das deformações. Tal descontinuidade apresenta influência no
momento-rotação das ligações.
Essa descontinuidade entre os elementos estruturais pode ser observada em
estruturas de concreto pré-moldado, diferentemente das estruturas em concreto
armado que apresentam monolitismo justamente devido à continuidade geométrica
de seus elementos e são, portanto, mais rígidaz (SANTOS, 2016).
Através do gráfico da curva momento-rotação (figura 6) apresentado por Santos
(2016), se torna possível analisar fatores como a porcentagem de engastamento das
ligações, intrinsecamente ligada ao fator de restrição de rotação “αR”, em que ligações
com perfeita rigidez apresentam αR=1,0 e ligações articuladas possuem αR=0.
14

Figura 6- Curva momento-rotação de uma ligação semirrígida.

FONTE: SANTOS (2016, p. 41).

A figura 7 exemplifica alguns tipos mais usuais de nós existentes com base na
configuração geométrica das ligações entre vigas e pilares.

Figura 7- Geometrias usuais de nós.

FONTE: ADAPTADA DE PAULAY E PRIESTLEY (1992) APUD ALVA (2004, p. 6).

De (a) à (f) tem-se os ditos “nós internos” que se referem às ligações dos
elementos vigas e pilares que compoem a parte interna da estrutura, enquanto que
de (g) à (j) exemplifica-se os “nós externos”, classificados por fazerem parte da
15

extremidade da estrutura. As ligações no pórtico da estrutura que geram essas


geometrias podem ser visualizadas na figura 8.

Figura 8- Nomenclatura utilizada para a classificação dos nós de pórtico.

FONTE: ADAPTADA DE PAULAY E PRIESTLEY (1992) APUD ALVA (2004, p. 6).

Sabendo, portanto, que a rigidez das ligações existentes entre os elementos


estruturais influencia diretamente no comportamento estrutural, é indispensável que
essas sejam consideradas de maneira correta durante a etapa de projeto, já que além
de acarrretar em ações locais é responsável também, por afetar a estabilidade global
da estrutura.

7.4 Ações
Ações são, conforme Carvalho e Filho (2007, p. 48): “[...] qualquer influência,
ou conjunto de influências capaz de produzir estados de tensão ou de deformação em
uma estrutura.”
Todas as ações devem, obrigatoriamente, serem levadas em consideração na
análise estrutural sempre que produzirem efeitos significativos sobre a estrutura. E
essas podem ser classificadas em permanentes, variáveis e excepcionais (NBR 6118,
2014).

7.4.1 Ações permanentes


“Ações permanentes são as que ocorrem com valores praticamente constantes
em toda a vida da construção. Também são consideradas como permanentes as
16

ações que crescem no tempo, tendendo a um valor limite constante.” (NBR 6118:2014,
item 11.3.1).
Alguns exemplos estabelecidos pela norma são: peso próprio da estrutura,
peso de elementos construtivos e instalações permanentes.

7.4.2 Ações variáveis


Essas ações são classificadas em diretas e indiretas, mas essa classificação
não é necessária ao entendimento de seu corportamento. Sendo assim, de modo
geral, são ações que apresentam valores com significativa variação ao longo da vida
da construção, podendo ser representadas pelas ações do vento (RODRIGUES e
SOUZA, 2008).

7.4.3 Ações excepcionais


São ações com probabilidade de ocorrência muito baixa, como ações advindas
de explosões e terremotos (RODRIGUES e SOUZA, 2008).
Sobre essa classe, a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2014, p. 57) define:
No projeto de estruturas sujeitas a situações excepcionais de
carregamento, cujos efeitos não possam ser controlados por outros
meios, devem ser consideradas ações excepcionais com os valores
definidos, em cada caso particular, por Normas Brasileiras específicas.

7.5 Estados limites


Cardoso (2013, p.11) traduz o significado de estado limite nas estruturas:
Uma estrutura ultrapassa o Estado Limite de Serviço quando não
atende mais aos requisitos de estabilidade, conforto e durabilidade
exigidos pela Norma durante o dimensionamento.
Uma estrutura é dita segura, quando as solicitações são menores do
que as resistências para qualquer Estado Limite considerado.

O autor complementa, ainda, acerca dos coeficientes de segurança, que são


fatores de majoração das ações e minoração da resistência dos materiais, os quais
são utilizados nos cálculos de dimensionamento e refletem o fato de que, para uma
estrutura vir a ruir, esta deve estar submetida a esforços muito maiores do que os
considerados no dimensionamento.
Os estados limites a serem considerados em projetos de estruturas de concreto
são: estado limite último (ELU) e estado limite de serviço (ELS), segundo Carvalho e
Filho (2007).
17

7.5.1 Estado limite último


De acordo com a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2014, p.4), está relacionado com o colapso ou runa da estrutura de forma
que determine a paralisação de seu uso e em relação a esses estados deve sempre
se verificar as seguintes condições:
a) Perda de equilíbrio da estrutura;
b) Esgotamento da capacidade resistente da estrutura, no seu todo ou em parte,
devido às solicitações normais e tangenciais;
c) Esgotamento da capacidade resistente considerando os efeitos de segunda ordem;
d) Provocado por solicitações dinâmicas;
e) Colapso progressivo;
f) Outros que possam ocorrer em casos especiais.

7.5.2 Estado limite de serviço


Se relaciona com a durabilidade e utilização da edificação em termos de
conforto, aparência e funcionalidade e não traduz a runa da estrutura, mas sim a
apresentação de precárias condições de uso da mesma (CARDOSO, 2013).
Em seu item 3.2 a NBR 6118:2014 define alguns estados limites de serviço a
serem verificados, sendo:
a) Estado limite de formação de fissuras (ELS-F): Estado em que se inicia a formação
de fissuras;
b) Estado limite de abertura das fissuras (ELS-W): Estado em que as fissuras se
apresentam com aberturas iguais aos máximos especificados nessa mesma norma;
c) Estado limite de deformações excessivas (ELS-DEF): Estado em que as
deformações atingem os limites estabelecidos para a utilização dados nessa norma;
d) Estado limite de vibrações excessivas (ELS-VE): Estado em que as vibrações
atingem os limites estabelecidos para a utilização normal da construção.

7.6 Estabilidade Global


De maneira geral, os projetos estruturais são concebidos a partir do cálculo
isolado de cada elemento que compõe a edificação (vigas pilares, lajes, etc.).
Entretanto, é necessário conhecer o comportamento da estrutura como um todo, ou
18

seja, analisar como todos os elementos se comportam juntos ao receberem


carregamento (RIBEIRO, 2010).
Neves (2016, p.32.) afirma que:
Verificar a estabilidade global de uma estrutura é um requisito
primordial no desenvolvimento de projetos de edificações de concreto
armado, pois a estabilidade global está diretamente relacionada a
capacidade da mesma em absorver os efeitos causados pela
deslocabilidade dos seus nós visando garantir a segurança no estado
limite último de instabilidade, ocasionada pelo aumento das
deformações.

Wordell (2003) ressalta como atualmente os edifícios tem sido projetados com
altura cada vez maior em decorrência da escassez de espaço ou do custo elevado
dos mesmos e afirma que para alturas significativas não basta analisar as cargas
verticais sofridas pelos pilares, mas sim verificar a instabilidade que a estrutura pode
vir a sofrer.
A variabilidade da rigidez das ligações tem influência direta no comportamento
da estrutura como um todo e principalmente nos deslocamentos horizontais e na
estabilidade global da mesma, o que está intrínseco aos efeitos de segunda ordem
aos quais a estrutura estará sujeita (ALVA, FERREIRA e EL DEBS, 2009; SANTOS,
2016).
Por fim, Santos (2016, p.61) conclui que “[...] na análise da estabilidade global,
a definição da rigidez das ligações viga-pilar é imprescindível e não pode ser
negligenciada.” A fim de verificar a estabilidade global da estrutura, os três parâmetros
mais utilizados são o parâmetro de instabilidade 𝛼, o coeficiente 𝛾𝑧 e o processo P-
Delta (Trombeta e Vallandro, 2016).

7.6.1 Efeitos de segunda ordem


Conforme a classificação da NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 2014, p.89):
Efeitos de 2ª ordem são aqueles que se somam aos obtidos numa
análise de primeira ordem (em que o equilíbrio da estrutura é estudado
na configuração geométrica inicial), quando a análise do equilíbrio
passa a ser efetuada considerando a configuração deformada.
Os efeitos de 2ª ordem, em cuja determinação deve ser considerado
o comportamento não-linear dos materiais, podem ser desprezados
sempre que não representem acréscimo superior a 10% nas reações
e nas solicitações relevantes da estrutura.
19

Os efeitos de 2ª ordem podem ser ditos, portanto, como aqueles advindos dos
deslocamentos dos nós da estrutura devido às ações verticais e horizontais e podem
ainda ser classificados em globais, locais e localizados (figura 8). A deslocabilidade
da estrutura como um todo traduz um efeito de segunda ordem global (SANTOS,
2016).

Figura 9- Efeitos de segunda ordem.

FONTE: ADAPTADO DE KIMURA (2007) APUD SANTOS (2016, P. 53).

Santos (2016, p. 54) relata a influência das ligações nesses efeitos e a


necessidade de considerá-los: “Deve-se dispor de uma rigidez adequada da estrutura
para que estes esforços adicionais não gerem uma situação instável. Caso contrário
é atingido o estado limite último de instabilidade, e ocorre a ruptura da estrutura.”

7.6.2 Não linearidade física e geométrica


A consideração da não-linearidade de uma estrutura depende da não-
linearidade de elementos que a compõe. Assim sendo, a não-linearidade física faz
relação ao comportamento do concreto armado, como os efeitos de fissuração,
fluência e do escoamento da armadura, traduzindo uma característica não linear para
esse material (Neves, 2016).
Esse comportamento não linear apresentado é devido à associação do aço e
do concreto, o que gera dificuldades em estudar e descrever o seu comportamento, o
qual apresenta características distintas. A junção desses dois elementos estruturais
para formar o concreto armado resulta, portanto, em um diagrama de tensão-
deformação (figura 9) não linear e variável (SCADELAI, 2004).
20

Figura 10- Diagrama tensão-deformação do concreto. (a) Linear (b) Não


linear.

FONTE: ZUMAETA (2016, p. 21).

Sobre o diagrama, Zumaeta (2016, p. 21) explica: “[...] para as tensões 𝜎1,𝜎2 e
𝜎3, a resposta do concreto não é a mesma, pois para estas tensões encontra-se
𝐸𝑐1,𝐸𝑐2 e 𝐸𝑐3 respectivamente. Portanto, percebe-se que o módulo de elasticidade
não é constante (único).”
Se tratando da não-linearidade geométrica, essa se relaciona às mudanças na
geometria da estrutura em decorrência das ações atuantes considerando a posição
deformada (SANTOS, 2016). Trata-se da mudança de posição da estrutura no
espaço, dada pelas deformações sofridas (PINTO, 2002)
Para explicar o comportamento desse efeito, Zumaeta (2016) sugere que seja
considerado uma barra vertical engastada na base e livre no topo que, após ser
submetida a uma ação horizontal no topo, sofre mudança na sua geometria (figura
11).

Figura 11- Barra vertical com mudança de posição.

FONTE: ZUMAETA (2016, p. 25).


21

Em sequência, antes de ser analisado a posição deformada do elemento, o


autor sugere a análise em sua posição inicial, onde após a aplicação de forças
verticais e horizontais, irão surgir reações para garantir a condição de equilíbrio do
elemento. O momento fletor dado por M1 na figura 12 é o exemplo de uma dessas
reações.

Figura 12- Reações na barra indeformada.

FONTE: ZUMAETA (2016, p. 26).

Por conseguinte, Zumaeta (2016) ao considerar a área de interesse da não-


linearidade geométrica que é a posição deformada dada na figura 13 por um valor “𝑢”,
mostra um acréscimo de momento (∆𝑀 = 𝐹𝑉.𝑢) sobre o momento de primeira ordem
anteriormente encontrado, gerando um momento, agora de segunda ordem e maior
que o primeiro, M2.

Figura 13- Reações na barra deformada.

FONTE: ZUMAETA (2016, p. 27).


22

Esse último momento gerado deve, de acordo com o autor, ser


obrigatoriamente levado em consideração, pois apenas assim a não-linearidade
geométrica estará sendo considerada de fato.
Portanto, a necessidade da consideração e verificação dos dois parâmetros é
citada por Santos (2016, p. 54):
A consideração da não-linearidade física e geométrica é de extrema
importância na análise da estabilidade global das estruturas, visto que,
ambas, irão provocar um comportamento mais crítico da edificação,
ou seja, provocarão maiores deformações e deslocamentos,
agravando a situação da estabilidade global da estrutura.

7.6.3 Parâmetro de instabilidade 𝛼


O parâmetro 𝛼 é um processo utilizado para avaliar a estabilidade global das
estruturas de concreto e é utilizado para verificar se os esforços de segunda ordem
são significativos e relevantes, sendo assim realizado por meio da caracterização da
estrutura como sendo ou não de nós fixos (SANTOS, 2016). Estruturas de nós fixos
são, portanto, as chamadas estruturas indeslocáveis enquanto que os nós móveis
geram estruturas deslocáveis (ARAÚJO, 2010).
Wordell (2003, p.18) destaca: “Se ficar demonstrado a necessidade da
consideração dos esforços adicionais, devido aos deslocamentos da estrutura, o
projetista deverá utilizar um majorador ou algum outro processo para quantificar o
acréscimo desses esforços de segunda ordem.”
Segundo a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,
2014, p.92), o parâmetro pode ser determinado pela equação 1.
α = 𝐻𝑡𝑜𝑡√𝑁𝑘/√𝐸𝑐𝑠𝐼𝐶 (1)
Onde:
𝐻𝑡𝑜𝑡 é a altura da estrutura, medida a partir do topo da fundação ou de um nível
pouco deslocável do subsolo;
𝑁𝑘 é o somatório de todas as cargas verticais atuantes na estrutura (a partir
do nível considerado para o cálculo de 𝐻𝑡𝑜𝑡), com seu valor característico;
𝐸𝑐𝑠𝐼𝑐 é o somatório dos valores de rigidez de todos os pilares na direção
considerada; no caso de estruturas de pórticos, de treliças ou mistas, ou com pilares
de rigidez variável ao longo da altura, pode ser considerado o valor da expressão
𝐸𝑐𝑠𝐼𝑐 de um pilar equivalente de seção constante.
23

Zumaeta (2016) explica que o valor de 𝛼 é comparado a um valor 𝛼1, de modo


a satisfazer as condições impostas.
α1 = 0,2 + 0,1 × 𝑛 Se 𝑛 ≤ 3 (2)
α1 = 0,6 Se 𝑛 ≥ 4 (3)
Onde 𝑛 é o número de andares acima da fundação ou de um nível pouco
deslocável do subsolo.
Assim, o autor estabelece que se 𝛼 < 𝛼1, então a estrutura é considerada de
nós fixos e não necessita de análise dos efeitos de segunda ordem, mas se 𝛼 ≥ 𝛼1, a
estrutura é considerada de nós móveis e a análise deve ser feita.
7.6.4 Coeficiente 𝛾𝑧
Araujo (2016, p.29) descreve:
A importância do coeficiente 𝛾𝑧 reside no fato de que ele permite
prever, com boa aproximação, a magnitude dos efeitos de segunda
ordem na estrutura. Ele pode ser utilizado como um fator amplificador,
majorando os esforços globais e substituindo a verificação através de
uma análise de segunda ordem criteriosa.

O processo para determinação desse coeficiente consiste na determinação do


acréscimo de momento de segunda ordem sobre o momento de primeira orem obtido
em uma análise inicial, conforme já demonstrado no tópico acerca da não-linearidade
geométrica (ARAUJO, 2016).
Assim sendo, a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2014, p.93) determina a fórmula para cálculo desse parâmetro, dada da
equação 4.
1
γz = ∆𝑀𝑡𝑜𝑡,𝑑
(4)
1−
𝑀1,𝑡𝑜𝑑,𝑑

Onde:
∆𝑀𝑡𝑜𝑡,𝑑 é a soma dos produtos de todas as forças verticais atuantes na
estrutura, na combinação considerada, com seus valores de cálculo, pelos
deslocamentos horizontais de seus respectivos pontos de aplicação, obtidos da
análise de primeira ordem;
𝑀1,𝑡𝑜𝑑,𝑑 é a soma dos momentos de todas as forças horizontais da combinação
considerada, com seus valores de cálculo, em relação à base da estrutura.
Após a realização do cálculo, Santos (2016) dita que a seguinte consideração
pode ser feita:
24

Se γz ≤ 1,1; não é necessário considerar os efeitos de 2ª ordem pois é uma


estrutura de nós fixos;
Se 1,1 < γz ≤ 1,3; calcula-se o momento de segunda ordem através da
multiplicação de γz pelo momento de primeira ordem.
A análise estrutural de um modelo de pórtico proposto por Araújo (2009 Apud
SANTOS 2016) relaciona a variação do grau de restrição da ligação dada por β (onde
quanto menor esse valor, mais próximo à situação de rigidez e quanto maior, mais
articulada é a ligação) com o coeficiente 𝛾𝑧 (figura 14), evidenciando que a
modificação do tipo de vínculo acarreta em diferentes situações de deslocabilidade da
estrutura.

Figura 14- Valores do coeficiente 𝛾𝑧 em função do grau de flexibilidade β


(β=1:articulado; β=0:rígida).

FONTE: Adaptado de Araújo (2009) Apud Santos (2016).

7.6.5 Processo P-Delta (P-Δ)


Quando, pelos métodos de parâmetro 𝛼 e coeficiente γz, constata-se que a
estrutura é de nós móveis, os efeitos globais de segunda ordem não podem ser
desprezados e devem ser considerados. Para tanto, se faz uso do processo P-Delta,
o qual se trata de um método preciso de cálculo que considera a estrutura em sua
posição geométrica inicial e substitui as deformações por cargas horizontais adicionais
(Trombetta e Valandro, 2016).
Muñoz (2016) explica:
Nos edifícios com cargas laterais ou assimetrias geométricas, de
rigidez ou massa, produzem-se deslocamentos laterais nos
pavimentos. As cargas verticais geram momentos adicionais iguais à
soma da carga vertical “P” multiplicada pelos deslocamentos laterais
“Delta”. Razão pela qual o efeito é conhecido como “P-Delta”.

A relação dos deslocamentos laterais de uma edificação com a carga vertical


“P” pode ser observada na figura 15.
25

Figura 15- Efeito P-Δ.

FONTE: MUÑOZ (2016, p. 7).

Este método é também conhecido como método iterativo, uma vez que depois
de realizar a análise dos efeitos de primeira ordem, realiza-se uma série de iterações
até atingir uma posição de equilíbrio, a fim de se obter o momento final de segunda
ordem, como mostrado na figura abaixo. (MONCAYO, 2011).

Figura 16- Posições deslocadas em iterações sucessivas.

FONTE: LIMA (2001, p.81).

A simplificação do processo é feita por Longo (2020), podendo ser observado


na figura 17, e esse consiste em algumas etapas, sendo:
1) Aplicar sobre a estrutura indeformada, as ações horizontais e verticais. Com isso a
estrutura sofrerá deformações.
2) A deformação da estrutura faz com que as cargas axiais sejam aplicadas fora do
eixo do pilar, gerando um momento que relaciona a força axial (N) e a deformação (a).
M= 𝑁×a (5)
26

3) Este momento é equilibrado pelas cargas horizontais, de modo que estas sofrem
um acréscimo (Δh).
Δh = 𝑀 (6)
𝐿

4) Este momento é equilibrado pelas cargas horizontais, de modo que estas sofrem
um acréscimo (Δh).
5) Calcula-se os novos deslocamentos com base no novo carregamento que advém
do acréscimo das cargas horizontais.
6) O processo só para quando ocorre uma convergência dos valores de deformação
da edificação, obtendo-se assim, o carregamento final da estrutura levando em conta
os esforços de 1ª ordem (do primeiro carregamento, quando da estrutura indeformada)
e dos esforços de 2ª ordem (na verdade, n ordens, devidos aos deslocamentos da
estrutura).

Figura 17- Processo P-Delta.

FONTE: LONGO (2020).

7.7 Deslocamentos limites


De acordo com a NBR 6118:2014 no item 13.3, “deslocamentos limites são
valores práticos utilizados para verificação em serviço do estado limite de deformação
excessiva da estrutura.”
Os valores estabelecidos pela norma para esses limites são determinados com
base em fatores sensoriais, caracterizado por visual desagradável ou vibrações
indesejáveis; efeitos específicos em que os deslocamentos impedem a utilização da
edificação de maneira adequada; efeitos nos elementos não estruturais que podem
27

acarretar em mau funcionamento destes e efeitos nos elementos estruturais, afetando


o comportamento estrutural.
Com o surgimento dos efeitos de segunda ordem na estrutura, seus nós são
deslocados. Deslocamentos excessivos podem gerar grande instabilidade da
estrutura, não garantindo assim os padrões de segurança necessários e, portanto, é
necessário realizar a verificação de deformação máxima dos elementos (SANTOS,
2016).
O deslocamento limite no topo da edificação é dado pela NBR 6118:2014 e
relaciona a altura da edificação (H) com um fator de segurança. Sendo assim, o maior
deslocamento no topo deve ser menor do que o limite obtido pela equação 7.
𝐻
Limite = , sendo H em cm. (7)
1700

ESTADO DA ARTE

Ferreira (1999) define as ligações entre elementos estruturais como regiões


que recebem concentrações de tensões, bem como regiões de descontinuidade, o
que influi diretamente na redistribuição de esforços ao longo da estrutura. O exposto
é reafirmado por Alva, Ferreira, e El Debs (2009) que fazem ainda uma correlação da
descontinuidade com o impedimento de se utilizar a hipótese de Bernoulli sobre a
distribuição linear das deformações.
As ligações entre viga e pilar são também conhecidas como “nós da estrutura”
e o autor Alva (2004) atribui o significado a este como nada mais sendo do que a
região formada pela interseção dos elementos citados, não se considerando os efeitos
da laje. Para Rodrigues e Souza (2008) as ligações entre esses elementos são, em
uma análise teórica, perfeitamente rígidas ou perfeitamente articuladas.
Em relação à definição das ligações rígidas e rotuladas, enquanto Ferreira
(1993) as diferencia com relação ao seu grau de liberdade, sendo que as rígidas
restringem a maioria desses graus e as articuladas possuem menos restrições,
permitindo rotações e deformações, Neves (2016) as classifica conforme a
transmissão de momentos fletores da viga para o pilar que ocorrem nas ligações
rígidas mas que é praticamente nulo nas ligações rotuladas.
Refutando a informação de comportamento perfeito, Neves (2016) após a
análise de diversos trabalhos afirma que, não existindo na prática esse exposto devido
à diversos fatores, pode-se definir um meio termo entre as duas vinculações
28

existentes, dada pela ligação semirrígida que se caracteriza pela transmissão parcial
de momentos fletores.
De acordo com Sussekind (1980), sempre que na fase de projeto o
engastamento perfeito não for considerado e assegurado, bem como quando na fase
de execução não forem tomadas medidas que garantam essa condição, deve-se
considerar uma situação desfavorável, sendo essa o engastamento parcial, dado pela
ligação semirrígida (apud SANTOS, 2016).
O termo de ligações baseadas na semi rigidez foi citado também por Ferreira
em 1993. O autor salienta também a atenção necessária que deve ser dada a esses
elementos de vinculação, uma vez que sua falha pode acarretar no colapso estrutural.
Esse fato é citado novamente por Neves em 2016, que considera as ligações como
responsáveis pela formação do sistema estrutural em si, sendo de fundamental
importância em uma edificação.
De maneira geral, diversos autores reconhecem a condição de que na prática
é realmente muito improvável que a condição de engastamento perfeitamente rígido
ou perfeitamente rotulado aconteça de fato, informando que há sim uma situação de
ligações semirrígidas e que esse comportamento difere dos dois extremos
apresentados, mas as bibliografias não apresentam métodos e procedimentos de
cálculo que consideram essa influência nas estruturas.

8 METODOLOGIA
A metodologia utilizada para concretização do trabalho consiste, em primeira
instância, em realizar a revisão bibliográfica relacionada com temas de estruturas de
concreto armado e pré-moldado, ligações viga-pilar, grau de rigidez, estabilidade
global, fatores de deslocabilidade da estrutura, armaduras, tensões e deformações.
Após esse estudo, com o apoio de um software computacional de cálculo
estrutural, foi realizado o dimensionamento da edificação cuja planta baixa do
pavimento tipo e fachada são apresentadas nas figuras 18 e 19, respectivamente.
Trata-se de uma edificação residencial que conta com 4 apartamentos por pavimento,
de área média de 52m² cada com pé direito de 2,80m. A planta de forma da edificação
com a locação dos elementos estruturais é apresentada no Apêndice A.
29

Figura 18- Planta baixa pavimento tipo da edificação modelo.

FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2020).


30

Figura 19- Fachada frontal edificação modelo.

FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2020).

O dimensionamento visa priorizar as vigas e os pilares, levando em consideração


a vinculação entre esses elementos. Para tanto, variou-se então o grau de rigidez
dessas ligações entre rígidas e rotuladas. Outro parâmetro a ser modificado é o
número de pavimentos, a fim de projetar um pórtico mais esbelto e poder realizar de
maneira eficaz a comparação dos fatores a fim de comprovar que o aumento de altura
gera ainda mais discrepâncias nos resultados obtidos.
Sendo assim, foi feito o dimensionamento de 4 projetos com base na estrutura
modelo, sendo: dois edifícios de 6 pavimentos, um com as ligações vigas-pilares
perfeitamente rígidas e outro perfeitamente articuladas e dois edifícios de 8
pavimentos variando desse mesmo modo o tipo de vinculação. As figuras 19 e 20
retratam o modelo 3D do pórtico das edificações de ambas alturas.
31

Figura 20- Modelo 3D 6 pavimentos.

FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2020).

Figura 21- Modelo 3D 8 pavimentos.

FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2020).

Os principais parâmetros em questão na análise são a taxa de armadura,


esforços, deslocamentos e estabilidade global, já que esses variam ao se modificar o
tipo de vinculação. A verificação irá se concentrar também em como as alterações
feitas se tornam mais significativas em edifícios mais altos.
Para garantir o estudo apenas da influência das ligações na análise estrutural
através dos métodos numéricos e analíticos, as seções das vigas e dos pilares serão
32

mantidas com valores fixos de acordo com o pré-dimensionamento realizado para a


maior altura determinada da edificação (8 pavimentos).
Em relação ao pré-dimensionamento de vigas, Bastos (2017) aconselha que a
largura da viga deve ser escolhida com base na espessura da parede, uma vez que
para garantir uma boa estética se tratando de questões arquitetônicas, os profissionais
da área da construção preferem que as vigas fiquem embutidas nas paredes. Sendo
assim, deve ser considerado um revestimento com argamassa de até 2,0cm e de
gesso com até 6mm.
Nesse sentido, Libânio (2003) considera o exposto pela NBR 6118:2014 em
seu item 13.2.2, adotando então valores mínimos de 12cm de largura que podem ser
reduzidos para 10cm em casos excepcionais. Em relação à altura das vigas (h est),
os autores fazem uso de uma estimativa que considera os vãos (lo), sendo:
a) Para tramos intermediários:
𝑙𝑜
ℎ 𝑒𝑠𝑡 = (8)
12
b) Para tramos extremos ou vigas biapoiadas:
𝑙𝑜
ℎ 𝑒𝑠𝑡 = (9)
10

c) Para balanços:
𝑙𝑜
ℎ 𝑒𝑠𝑡 = (10)
5
A NBR 6118:2014 em seu item 13.2.3 trata do pré-dimensionamento de pilares,
enfatizando que a menor dimensão possível de sua seção transversal é de 19cm para
casos que não sejam excepcionais, podendo ser reduzida até 14cm nesses casos, e
reforça ainda que sua área deve ser de no mínimo 360m².
Pré-dimensionados os elementos estruturais vigas e pilares, é necessário
determinar a espessura da laje, mesmo que suas ligações não sejam o foco do projeto
em questão. Sobre esse elemento, a NBR 6118:2014 no item 13.2.4.1 determina
limites mínimos que devem ser atendidos para os possíveis casos:
a) 5 cm para lajes de cobertura não em balanço;
b) 7 cm para lajes de piso ou de cobertura em balanço;
c) 10 cm para lajes que suportem veículos de peso total menor ou igual a 30kN;
d) 12 cm para lajes que suportem veículos de peso total maior que 30kN;
𝑙
e) 15 cm para lajes com protensão apoiadas em vigas, para lajes de piso
42
𝑙
biapoiadas e para lajes de piso contínuas;
50
33

f) 16 cm para lajes lisas e 14 cm para lajes-cogumelo.


Para realizar o dimensionamento das edificações em questão, alguns
parâmetros básicos foram pré-estabelecidos, conforme mostrado na tabela abaixo.

Tabela 1- Dados gerais do projeto.


Dados gerais do projeto
Fck concreto 30 MPa
Cobrimento 3 cm
Dimensão agregado 19 mm
Classe agressividade II (moderada)
FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2020).

Como dito anteriormente e de acordo com as normas de pré-dimensionamento,


as seções dos elementos estruturais foram dimensionadas e mantidas constantes
para todas as 4 edificações a fim de gerar um comparativo justo entre as estruturas
estudadas, eliminando outras variáveis que não sejam a rigidez dos nós, conforme
mostra a tabela 2. Para focar apenas nos elementos realmente inerentes à análise,
não foi realizado o dimensionamento da escada.

Tabela 2- Seções adotadas para os elementos.


ELEMENTO DIMENSÕES ADOTADAS (cm)
Vigas 40
Pilares 15x40
Pilares shaft 15x30
Lajes 15
Espessura contrapiso 3
FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2020).

Como maneira de assegurar que a estrutura seja projetada de acordo com a


realidade de utilização, devem ser consideradas as cargas incidentes sobre a mesma,
assim como seu carregamento, de modo que o dimensionamento dos elementos seja
realizado sem negligenciar nenhuma ação atuante sobre a edificação, as quais são
apresentadas nas tabelas 3 e 4.

Tabela 3- Peso específico dos materiais de construção.


Peso específico dos materiais de construção (kN/m³)
Tijolo furado 13
Concreto simples 24
Concreto armado 25
FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2020).
.
34

Tabela 4- Cargas consideradas sobre a estrutura.


SOBRECARGAS VALOR
Parede sobre a viga 13 kN/m³
Contrapiso sobre a laje 0,72 kN/m³
Acidental geral 1,5 kN/m²
Acidental corredores e escada 3,0 kN/m²
FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2020).

Outra ação de extrema relevância a ser considerada é o vento, visto que esse
exerce muita influência nos esforços aos quais a estrutura está sendo solicitada,
podendo gerar grande instabilidade e até mesmo ocasionar ruptura parcial ou total da
edificação quando desconsiderado.
Para calcular tais forças, deve-se primeiramente determinar a velocidade média
do vento baseada na localização da edificação. Para esse fim, considerou-se o prédio
situado na cidade de Tangará da Serra-MT. O gráfico de isopletas (figura 18) fornecido
pela NBR 6123:1988 permite estimar esse valor em cerca de 32m/s.

Figura 22- Isopletas da velocidade básica Vo (m/s).

FONTE: ABNT NBR 6123:1988.


35

Deve-se considerar também o fator topográfico S1 que avalia a rugosidade do


terreno, onde a NBR 6123:1988 em seu item 5.3.1 divide esse parâmetro em cinco
categorias, dadas por:
Categoria 1: Superfícies lisas de grandes dimensões, com mais de 5 km de
extensão, medida na direção e sentido do vento incidente.
Categoria II: Terrenos abertos em nível ou aproximadamente em nível, com
poucos obstáculos isolados, tais como árvores e edificações baixas.
Categoria III: Terrenos planos ou ondulados com obstáculos, tais como sebes
e muros, poucos quebra-ventos de árvores, edificações baixas e esparsas.
Categoria IV: Terrenos cobertos por obstáculos numerosos e pouco espaçados,
em zona florestal, industrial ou urbanizada.
Categoria V: Terrenos cobertos por obstáculos numerosos, grandes, altos e
pouco espaçados.
Há ainda o fator topográfico S2 que avalia o relevo do terreno onde a edificação
está inserida, bem como as dimensões horizontais da estrutura. Para esse fator, a
NBR 6123:1988 em seu item 5.3.2 determina as seguintes classes:
Classe A: Todas as unidades de vedação, seus elementos de fixação e peças
individuais de estruturas sem vedação. Toda edificação na qual a maior dimensão
horizontal ou vertical não exceda 20 m.
Classe B: Toda edificação ou parte de edificação para a qual a maior dimensão
horizontal ou vertical da superfície frontal esteja entre 20 m e 50 m.
Classe C: Toda edificação ou parte de edificação para a qual a maior dimensão
horizontal ou vertical da superfície frontal exceda 50 m. Para toda edificação ou parte
de edificação
É feito então a relação da dimensão da altura da edificação com os parâmetros
anteriormente estabelecidos, obtendo os valores fornecidos pela figura abaixo,
retirada da norma.
36

Figura 23- Fator S2.

FONTE: ABNT NBR 6123:1988.

Por fim, determina-se o fator estatístico S3 que está ligado com o tipo de
edificação e sua utilização, conforme mostrado a seguir.

Figura 24- Valores mínimos do fator estatístico S3.

FONTE: ABNT NBR 6123:1988.

Todos os parâmetros foram determinados conforme as especificações da


norma a fim de garantir um adequado cálculo estrutural envolvendo as forças do vento.
Por fim, pôde ser obtido o exposto na tabela 5.
37

Tabela 5- Parâmetros para análise do vento


Parâmetros para análise do vento
Vo 32 m/s
S1 1,0
S2 Categoria IV; Classe B
S3 1,0
FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2020).

Com base nos dados obtidos referentes à taxa de armadura, deslocamentos,


estabilidade global, coeficiente 𝛾𝑧 e processo P-Delta, é realizada a comparação
desses resultados por meio de gráficos e tabelas a fim de comprovar a grande
importância e influência da rigidez das ligações viga-pilar, fazendo ainda relação direta
com o aumento de altura da edificação, visto que atualmente cada vez mais são
projetados e executados prédios esbeltos.

9 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Através do dimensionamento das edificações variando-se o grau de rigidez das
ligações viga-pilar, é possível comparar os parâmetros pré-estabelecidos e ainda
relacionar estes ao aumento de altura da edificação. Faz-se então a análise dos
diferentes comportamentos estruturais apresentados nos casos de ligações
perfeitamente rígidas e perfeitamente articuladas. As fundações não são importantes
para a análise requerida.
O primeiro parâmetro de estudo é o deslocamento horizontal no topo da
edificação (figuras 24 e 25) que é calculado considerando o carregamento horizontal
dos ventos nas direções x e y (DA SILVA, 2013). Estes devem se manter dentro do
limite permitido por norma, sendo:

Para 6 pavimentos: 1960 = 1,15 𝑐𝑚. (11)


1700

Para 8 pavimentos: 2520 = 1,48 𝑐𝑚. (12)


1700
Os resultados obtidos se adequam dentro do limite permitido para todas as
estruturas. Entretanto, é possível observar que esses deslocamentos são maiores
para as edificações com ligações rotuladas, agravando-se ainda com o aumento de
altura. Isso se deve ao fato de, ao se reduzir o parâmetro 𝛼𝑅, ou seja, tornar a estrutura
menos rígida, seus nós passam a sofrer rotações, o que influi diretamente na sua
deslocabilidade.
38

Figura 25- Deslocamento horizontal no topo devido ao vento – 6 pavimentos.


Deslocamento horizontal no topo - 6 Pavimentos
0.25
0.22

0.2 0.19
Deslocamento (cm)

0.15
0.1
0.1 0.09

0.05

0
EIXO X EIXO Y

ENGASTADO ROTULADO

FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2020).

Figura 26- Deslocamento horizontal no topo devido ao vento – 8 pavimentos.


Deslocamento horizontal no topo - 8 Pavimentos
0.35
0.31
0.3 0.27
Deslocamento (cm)

0.25
0.2
0.2 0.17
0.15

0.1

0.05

0
EIXO X EIXO Y

ENGASTADO ROTULADO

FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2020).

A fim de maior comparação considera-se os deslocamentos no topo na direção


x, que é a mais crítica. Para essa situação, o aumento nos deslocamentos entre as
edificações com ligações rígidas e articuladas se dão na ordem de 100% e 55% para
6 e 8 pavimentos, respectivamente.
Há ainda os deslocamentos horizontais no topo da edificação causados pelas
imperfeições globais que leva em consideração a não linearidade física e geométrica
dos elementos. Tais deslocamentos são comparados a seguir nas figuras 26 e 27.
39

Figura 27- Deslocamento horizontal no topo devido imperfeições globais – 6


pavimentos.
Deslocamento horizontal imperfeição global -
6 Pavimentos
0.25
0.2
Deslocamento (cm)

0.2
0.16
0.15

0.1 0.08
0.07

0.05

0
EIXO X EIXO Y

ENGASTADO ROTULADO

FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2020).

Figura 28- Deslocamento horizontal no topo devido imperfeições globais – 8


pavimentos.

Deslocamento horizontal imperfeição global -


8 Pavimentos
0.35 0.32
0.3
0.3
Deslocamento (cm)

0.25
0.2
0.15 0.12 0.13

0.1
0.05
0
EIXO X EIXO Y

ENGASTADO ROTULADO

FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2020).

Nessa situação acontece o mesmo da anterior, em que há um considerável


aumento nos deslocamentos das edificações com ligações rígidas em comparação
com a de ligações articuladas e esses deslocamentos se tornam ainda maiores com
o aumento de altura.
Em sequência é analisado o comportamento de estabilidade global das
estruturas através do coeficiente 𝛾𝑧.
40

Figura 29- Fator de estabilidade global 𝛾𝑧 – 6 pavimentos.


Gama-Z - 6 Pavimentos
1.11 1.1 1.1
1.1
1.09
1.08
1.07
Gama-Z

1.06 1.05
1.05 1.04
1.04
1.03
1.02
1.01
EIXO X EIXO Y

ENGASTADO ROTULADO

FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2020).

Figura 30- Fator de estabilidade global 𝛾𝑧 – 8 pavimentos.


Gama-Z - 8 Pavimentos
1.13 1.12 1.12
1.12
1.11
1.1
1.09
Gama-Z

1.08
1.07 1.06 1.06
1.06
1.05
1.04
1.03
EIXO X EIXO Y

ENGASTADO ROTULADO

FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2020).

Como a edificação de 6 pavimento apresenta valores de 𝛾𝑧 menores do que


1,10, essa é classificada de nós fixos e não é necessária uma análise dos efeitos de
segunda ordem, mas mesmo assim observa-se um aumento desse fator quando as
ligações deixam de ser enrijecidas, mudando de 1,04 e 1,05 para 1,1.
Para a edificação de 6 pavimentos, é notório que além desse aumento referente
à mudança de rotulação, nas estruturas com ligações flexíveis o Gama-Z ultrapassa
o valor de 1,10, mas ainda está dentro do limite máximo que é 1,3. Decorrente disso
é necessário realizar a consideração dos efeitos de 2ª ordem a fim de garantir uma
adequada estabilidade.
41

Abaixo é mostrado a comparação do fator de análise estabilidade P-Delta


considerando a situação de desaprumo e levando em conta os efeitos de 1ª e 2ª
ordem.

Figura 31- Fator de estabilidade global P-Delta para combinação de


desaprumo – 6 pavimentos.
P-DELTA desaprumo - 6 Pavimentos
10 9.0
9
7.7
8
7
6
P-Δ (%)

5
3.91
4 3.4
3
2
1
0
EIXO X EIXO Y

ENGASTADO ROTULADO

FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2020).

Figura 32- Fator de estabilidade global P-Delta para combinação de


desaprumo – 8 pavimentos.
P-DELTA desaprumo - 8 Pavimentos
14
11.88
12
10.30
10
P-Δ (%)

6 5.24
4.55
4

0
EIXO X EIXO Y

ENGASTADO ROTULADO

FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2020).

As porcentagens mostradas nos gráficos representam a variação do


deslocamento no topo da edificação e com isso nota-se que a redução do fator 𝛼𝑅
gera um significativo aumento nos valores do efeito P-Delta. Para a edificação de 6
pavimentos, o valor considerando as ligações rotuladas aumenta em 126% para o eixo
42

x e 130% para o eixo y. No caso da edificação de maior altura, os efeitos possuem um


aumento de 104% para o eixo x e 107% para o eixo x.
Para o coeficiente Gama-Z e para o processo P-Delta que tratam da
estabilidade global da edificação, é necessário levar em consideração que durante o
dimensionamento as seções dos elementos estruturais foram mantidas fixas para
todas as edificações, visando atender as necessidades da edificação de maior altura.
Por isso, é possível que para as edificações mais baixas tenha sido gerado uma
rigidez exagerada. Portanto, considerar outras seções de vigas e pilares pode fazer
com que análise seja ainda mais correta.
A figura 33 é referente à comparação do momento no topo do pilar 39, que foi
o que apresentou maiores solicitações. Os valores são dados em kN.m.

Figura 33- Momento no topo do pilar 39.


Momento no topo P39
16
13.5 13.62
14
12.45
12 10.63
Momento (kN.m)

10

0
6 PAV ENGASTADO 6 PAV ROTULADO 8 PAV ENGASTADO 8 PAV ROTULADO

FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2020).

Alterando o grau de vinculação para rótula entre os elementos estruturais, nas


edificações de ambas alturas o pilar sofreu considerável redução em seus valores de
momento. Isso se deve ao fato de haver a necessidade de redistribuir os esforços para
as regiões mais rígidas quando os nós da estrutura se apresentam muito flexíveis, que
é o caso das ligações articuladas.
Para esse mesmo pilar, faz-se o comparativo alusivo à área de aço efetiva
necessária para resistir aos esforços (figura 34).
43

Figura 34- Área de aço para o pilar 39.


Área de Aço P39
60
52.89 51.81
50

40
34.54 32.97
As (cm²)

30

20

10

0
6 PAV ENGASTADO 6 PAV ROTULADO 8 PAV ENGASTADO 8 PAV ROTULADO

FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2020).

As taxas necessárias de área de aço seguem a mesma relação dos momentos,


sendo que é necessário maior valor para as edificações de 8 pavimentos quando
comparadas às de 6 pavimentos justamente devido à altura, e pelo mesmo motivo de
redistribuição de esforços, será necessário menos armadura na situação de ligações
rotuladas, havendo uma diminuição de 34,54cm² para 32,97cm² e de 52,89cm² para
51,81cm².
A fim de realizar um estudo mais amplo acerca dos diferentes comportamentos
das peças estruturais ao se modificar a condição dos vínculos e a maneira como isso
afeta seus dimensionamentos, abaixo é feito o comparativo quanto ao consumo de
aço requerido pelas lajes, vigas e pilares nas edificações propostas.
Observa-se que para as lajes (figura 35), há uma perspectiva linear de aumento
no consumo de aço ao se enrijecer as ligações e ao fazer o acréscimo de altura,
comprovada pela linha de tendência. Sendo assim, mesmo mantendo fixas as seções
desses elementos estruturais, será necessário cada vez mais quantidade de aço para
resistir aos esforços.
Em contrapartida, se tratando das vigas (figura 36) e dos pilares (figura 37),
pode ser analisado o aumento significativo do consumo de aço quando analisado o
aumento de altura. Esse acréscimo no consumo ocorre na ordem de 30% para as
vigas em referência às duas edificações de caráter engastado e na ordem de 25%
para as mesmas edificações, agora analisando o comportamento dos pilares.
44

Entretanto, ao se rotular as ligações, tanto para os elementos vigas quanto


para os pilares, essa taxa diminui devido à redistribuição de esforços anteriormente
citada.

Figura 35- Consumo de aço total das lajes.


Consumo de aço total das lajes
8000
6908.2
7000
6133.3
6000 5381.2
5000 4598
Peso (Kg)

4000

3000

2000

1000

0
6 PAV ENGASTADO 6 PAV ROTULADO 8 PAV ENGASTADO 8 PAV ROTULADO

FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2020).

Figura 36- Consumo de aço total das vigas.


Consumo de aço total das vigas
8000 7511.6 7320.4
7000
5766.1 5591.4
6000

5000
Peso (Kg)

4000

3000

2000

1000

0
6 PAV ENGASTADO 6 PAV ROTULADO 8 PAV ENGASTADO 8 PAV ROTULADO

FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2020).


45

Figura 37- Consumo de aço total dos pilares.


Consumo de aço total dos pilares
12000 11304.3 11214.7

10000 9019.6 8885.4

8000
Peso (Kg)

6000

4000

2000

0
6 PAV ENGASTADO 6 PAV ROTULADO 8 PAV ENGASTADO 8 PAV ROTULADO

FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2020).

As figuras 38 e 39 exemplificam os momentos positivos e negativos sofridos


pela viga 8 (V8) das quatro edificações, sendo essa considerada na altura da laje do
último pavimento e não na laje de cobertura. Com essa comparação, novamente é
comprovado a redistribuição de esforços que ocorre quando se diminui o grau de
rigidez das ligações. Na análise da viga em questão pode-se observar que parcela do
momento negativo existente na condição de engaste é transferida como momento
positivo quando a ligação se torna rotulada.
Em todos os pontos ocorre uma diminuição do momento negativo, como pode
se observar a seguir, bem como um acréscimo no momento positivo. A influência da
altura da edificação para o estudo dessa variável é apenas no fato de que as
edificações mais altas apresentam valores de momentos um pouco maiores.
46

Figura 38- Momento fletor da viga 8 da edificação de 6 pavimentos.

ONTE: PRÓPRIO AUTOR (2020).

Figura 39- Momento fletor da viga 8 da edificação de 8 pavimentos.

FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2020).


47

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste presente trabalho, foi realizado uma análise acerca da influência da


rigidez das ligação viga-pilar em estruturas de concreto, comparando o
comportamento estrutural de uma mesma edificação com 6 e 8 pavimentos ao se
alterar o grau de restrição das ligações de ligações perfeitamente rígidas para ligações
perfeitamente rotuladas. Ao se estudar esse comportamento também considerando o
acréscimo de altura foi possível verificar de maneira ainda mais concisa a influência
direta desse fator nos parâmetros de estabilidade, deslocamentos, momentos e taxa
de aço, atingindo assim os objetivos propostos.
Para o dimensionamento das estruturas foi utilizado o programa comercial de
cálculo estrutural Eberick V8 e, portanto, afirma-se a necessidade do Engenheiro
Projetista de conhecer as bases teóricas referentes ao assunto de vinculação, uma
vez que a utilização de softwares computacionais pode facilitar o dimensionamento
estrutural, mas para isso é necessário compreender como uma estrutura se comporta
ao fazer as alterações propostas, não negligenciando a influência destas no
desempenho global.
Entendendo que devido às diferentes características dos materiais aço e
concreto, a execução das ligações viga-pilar não acontece de maneira perfeita na
prática, não apresentando assim característica totalmente rígida ou totalmente
articulada, é necessário reconhecer que o comportamento de uma mesma estrutura
considerando as diferentes vinculações apresenta valores discrepantes e assim, ao
se projetar uma estrutura, deve-se considerar de maneira correta esse parâmetro, de
forma a garantir a segurança da edificação.
Através dos resultados obtidos é possível afirmar que a redução da rigidez das
ligações de uma estrutura causa significativos impactos na sua segurança e
estabilidade, fato esse que se agrava quando considerado a maior altura,
apresentando maiores deslocamentos e consequentemente, maior instabilidade.
Nessa condição, evidencia-se os efeitos de 2ª ordem, uma vez que a classificação da
estrutura passa a ser de nós móveis e não mais de nós fixos.
A redistribuição de esforços é outro fator a ser analisado, já que os resultados
mostram a diminuição dos momentos negativos e o acréscimo dos momentos
positivos o que deve ser totalmente considerado no dimensionamento dos elementos,
sendo o responsável pelas mudanças de taxa de aço e armadura. Mediante isso, frisa-
48

se a importância do estudo dos diferentes tipos de ligações existentes na Engenharia


e ainda da consideração de maneira coerente da rigidez das ligações durante a fase
de projeto.
49

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51

APÊNDICE A - Planta de forma: locação dos elementos.

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