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CHAPTER 2

ENERGIA DA PARTÍCULA

Um dos conceitos mais importantes na mecânica newtoniana é o conceito de força.


É ela que gera evoluções não triviais nos sistemas mecânicos. Neste capı́tulo classi-
ficaremos as forças de acordo com o trabalho que elas geram. Essa classificação dará
origem a outro conceito fundamental em mecânica, o de energia. Veremos como as
energias envolvidas em um sistema podem nos dar informações sobre sua evolução.

2.1 Campos de força

Definição 2.1. Um campo de forças F é um mapeamento que assinala um vetor


força para cada ponto de uma dada região, a cada instante de tempo.

Se a região em questão for todo o espaço tridimensional, por exemplo, o mapea-


mento é dado por

F :R3 × R → R3 ,
(r, t) 7→ F(r, t).

15
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16 ENERGIA DA PARTÍCULA

A dr B
C

r
r + dr

Figura 2.1

Se este mapeamento não depende explicitamente do tempo, o campo de força é dito


independente do tempo ou estático, enquanto que, se ele não depende explicitamente
da posição, ele é dito uniforme. Note ainda que, baseado na definição acima, uma
força dependente da velocidade não é um campo de força. Excluı́mos uma possı́vel
dependência na velocidade para que um campo de força seja propriedade apenas do
espaço, do tempo e da fonte.

2.2 Trabalho

Definimos o trabalho de uma força estática F sobre um corpo, após este deslocar-se,
retilineamente, de d como
W = F · d.
Quando a força ou o movimento são arbitrários essa expressão faz sentido apenas
para deslocamentos infinitesimais, uma vez que nesse intervalo a força é aproxima-
damente constante. Considere uma partı́cula se movendo de A para B, ao longo da
trajetória C, mostrada na figura 2.1. Durante seu movimento a partı́cula está sob
ação de um campo de força contı́nuo, F, em geral não uniforme. Se o campo de
força é independente do tempo, o seu trabalho após a partı́cula deslocar-se de r até
r + dr é
dW = F · dr.
Integrando ao longo da curva obtemos o trabalho realizado pela força sobre a partı́cula,
no deslocamento de A a B ao longo de C,
Z B
C
WA→B = F · dr, (2.1)
A,C

enquanto que o trabalho realizado pela partı́cula contra a força é o negativo deste
valor. Note ainda que ao invertermos o sentido do movimento obtemos
C C
WB→A = −WA→B .
TRABALHO 17

Exemplo 2.1. Considere uma partı́cula deslocando-se de A até B, através de uma


curva arbitrária C, na presença de força F constante. Então,
Z B
C
WA→B =F· dr = F · (rB − rA ),
A,C

onde (rB − rA ) é o vetor deslocamente de A a B.

Para resolvermos as integrais de trabalho, em geral, é necessário que a trajetória


possa ser parametrizada por seções. Vejamos alguns exemplos simples que ilustram
a ideia. Se temos a força F(x, y, z) e a trajetória pode ser parametrizada por alguma
das variáveis cartesianas, então a integral de trabalho pode ser resolvida por
Z B Z xB Z yB Z zB
F · dr = Fx dx + Fy dy + Fz dz.
A,C xA ,C yA ,C zA ,C

Eventualmente, pode ser conveniente decompor a integral sobre C em uma soma


de integrais sobre os segmentos Ci e parametrizar, independentemente, cada seção.
Neste caso,
Xn Z
C
WA→B = F · dr.
i=1 Ci

Exemplo 2.2. Considere o campo de força F = xy î + cxĵ e a trajetória C, indicada


na figura 2.2, indo de (0, 0) a (a, b). A função que descreve essa curva é a reta
y = ab x e, assim,
a b
a2 b abc
Z Z Z Z
bx ay
WC = xydx + c xdy = x dx + c dy = + .
0 a 0 b 3 2

Para a curva C 0 dividimos a trajetória em duas,


Z Z
C0
W = F · dr + F · dr,
C1 C2

onde C1 e C2 são os segmentos (0, 0) → (a, 0) e (a, 0) → (a, b), respectivamente.


No caminho C1 temos y = 0 e dy = 0, resultando em um trabalho nulo. Já em C2
temos x = a e dx = 0, o que resulta em
Z b
0
WC = acdy = abc.
0

No caso de campos de força independentes do tempo, as coordenadas cartesia-


nas são, normalmente, apropriadas para parametrizar curvas compostas por seções
retilı́neas. Para seções curvilı́neas, em geral, é conveniente parametrizar a curva por
algum parâmetro s ∈ [a, b], tal que r = r(s), rA = r(a) e rB = r(b). Assim, a
18 ENERGIA DA PARTÍCULA

C’
O a x

Figura 2.2

integral de trabalho fica


Z b
dr
W = F(s) · ds.
a ds
Exemplos de parâmetros bastante utilizados são ângulos e comprimentos ao longo
da curva.


Exemplo 2.3. Uma partı́cula se desloca ao longo do semi-cı́rculo y = − R2 − x2 ,
x ∈ [−R, R], sujeita à força F = ay î + bĵ. O trabalho da força é
Z Z
dr
W = F · dr = F · dθ,

e θ é o ângulo usual das coordenadas polares. Substituindo x = R cos θ e y =
R sin θ, obtemos
Z 2π
aπR2
−aR2 sin2 θ + bR cos θ dθ = −

W = .
π 2

Se o campo de forças depende do tempo, a parametrização da trajetória deve ser


feita pelo tempo e a integral de trabalho fica
Z b
C
WA→B = F(r(t), t) · vdt.
a
ENERGIA CINÉTICA 19

2.3 Energia Cinética

Considere uma partı́cula de massa m, em um referencial inercial, sob ação de uma


força resultante F e em uma trajetória C, ambas arbitrárias. Assim,
Z B Z B
C dv
WA→B = F · vdt = m · vdt.
A,C A,C dt

Notando que
d 2 d dv
v = (v · v) = 2 · v,
dt dt dt
obtemos Z B 2 2
C m mvB mvA
WA→B = d(v 2 ) = − ,
2 A,C 2 2
onde vP é a velocidade no ponto P . Definindo a energia cinética da partı́cula como
1
K= mv 2 ,
2
podemos reescrever o resultado anterior da seguinte forma,

Teorema 2.1 (Trabalho-Energia). O trabalho da força resultante sobre a partı́cula,


ao deslocar-se de A até B, em um referencial inercial, é igual a variação da energia
cinética da partı́culas entre A e B,

WA→B = KB − KA = ∆K. (2.2)

Note o caráter geral desse teorema, uma vez que não assumimos nenhuma hipótese
quanto à força ou à trajetória. Além disso, apesar de omitirmos o superscrito C,
indicando a trajetória da partı́cula, fica implı́cito que, em geral, ∆K depende do
caminho.

Exemplo 2.4. Uma partı́cula de massa m é fixa na extremidade de uma haste rı́gida
de comprimento l e massa desprezı́vel. A haste está pivotada na outra extremidade
e pode girar em um plano vertical. Se ela for liberada, a partir do repouso, de um
ângulo inicial θ0 entre a haste e o segmento vertical para cima, podemos obter a
magnitude da velocidade da partı́cula em função do ângulo θ arbitrário, usando o
teorema trabalho-energia. Do teorema, temos que
r
2Wθ0 →θ
v(θ) = .
m
Se T é a tração ao longo da haste e mg a força peso na partı́cula, o trabalho
infinitesimal vale
F · dr = mg · dr = mgl sin θdθ.
20 ENERGIA DA PARTÍCULA

C1
B

C2

Figura 2.3

Integrando do ângulo inicial até o ângulo final arbitrário, obtemos W = mgl(cos θ0 −


cos θ), e, portanto, p
v = 2gl(cos θ0 − cos θ).
Note que se o ângulo inicial for nulo, a magnitude da velocidade na posição mais
baixa da trajetória é igual a magnitude da velocidade de uma partı́cula em queda
livre de uma altura 2l.

2.4 Forças conservativas

Como vimos no exemplo 2.2, dados os mesmos pontos iniciais e finais, em geral, o
trabalho da força sobre a partı́cula depende do caminho. No entanto, existem forças
para as quais o trabalho independe da trajetória. É conveniente conveniente destacar
tal classe de forças.

Definição 2.2. Uma força é dita conservativa se o trabalho por ela realizado, entre
A e B, independe do caminho, para quaisquer pontos A e B. Caso contrário, ela é
dita não conservativa.

Exemplo 2.5. Uma força constante é conservativa, pois, como vimos no exemplo
2.2,
C
WA→B = F · (rB − rA ),
o qual independe do caminho.

Considere uma força F conservativa e um caminho fechado arbitrário, o qual pode


ser dividio em dois, C1 e C2 , como mostrado na Fig. 2.3. Como o trabalho da força
ao irmos de A até B independe do caminho e ao mudarmos o sentido da trajetória
mudamos o sinal do trabalho, temos:
C1 C2 C1 C2
W C = WA→B + WB→A = WA→B − WB→A = 0.
FORÇAS CONSERVATIVAS 21

Figura 2.4 Figura 2.5

Fica como exercı́cio, para o leitor, mostrar que a recı́proca é verdadeira, ou seja, se o
trabalho em um caminho fechado arbitrário é nulo, então ele independe do caminho.
Podemos, portanto, enunciar o seguinte teorema:
Teorema 2.2. Uma força é conservativa se e somente se o trabalho, por ela reali-
zado, em qualquer trajetória fechada, é nulo.
Note que até aqui não fizemos restrições ao tipo de força, podendo esta depender
explicitamente do tempo ou da velocidade. No entanto, se a força depende explici-
tamente do tempo, sempre podemos encontrar um caminho fechado onde o trabalho
não se anula e, assim, vemos que ela é não conservativa.
Exemplo 2.6. Para ilustrar, considere uma partı́cula eletricamente carregada entre
as placas de um capacitor de placas planas paralelas. O campo elétrico dentro do
capacitor é uniforme, mas devido a um isolamento imperfeito a carga das placas, Q,
decai com o tempo o que faz com que o campo elétrico e, consequentemente, a força
elétrica sobre a partı́cula não sejam constante. Para um caminho fechado ao longo
de uma reta perpendicular às placas, o trabalho na volta terá uma magnitude menor
que o trabalho na ida, uma vez que Q(t) → 0 e o trabalho no caminho fechado será
diferente de zero. O resultado geral será mostrado na seção 2.7.
Através do teorema 2.2 podemos, eventualmente, rapidamente afirmar que uma
força é não conservativa, quando for o caso. Considere o campo de força F =
−ay î + axĵ mostrado na Fig. 2.4. É fácil encontrar um caminho fechado para o qual
o trabalho é diferente de zero, por exemplo, o cı́rculo de raio R centrado na origem.
Se o sentido da trajetória é horário, o elemento de linha dr será sempre paralelo à
força naquela posição. Portanto, F · dr = F (R)dr = F (R)Rdθ, onde F (R) = |a|R
é a magnitude da força a uma distância R do centro. Logo, o trabalho é 2π|a|R2 e
a força é não conservativa. Por outro lado, o teorema não tem a mesma praticidade
22 ENERGIA DA PARTÍCULA

para verificar se uma força é conservativa. Para afirmarmos, usando o teorema 2.2,
que F = a(y î+xĵ), mostrada na Fig. 2.5 é conservativa, precisamos mostrar que seu
trabalho é nulo para qualquer caminho fechado. Para cı́rculos concêntricos à origem,
não é difı́cil ver, devido à simetria do campo de forças, que isso é satisfeito. Já para
qualquer outro caminho fechado, a visualização, e até mesmo o cálculo explı́cito,
são não triviais. Precisamos de outro critério, mais poderoso, para verificarmos se
uma força é ou não conservativa. Com esse intuito, ao invés de estudarmos propri-
edades globais, como integrais em caminhos arbitrários, estaremos interessados em
propriedades locais, como derivadas, as quais comparam, apenas, pontos vizinhos.

2.5 Energia potencial e o seu gradiente

Seja F um campo de forças conservativo atuando em uma dada região R do espaço


e O um ponto arbitrário. Como o trabalho desta força independe da trajetória, defi-
nimos uma função escalar U , tal que

U (A) = U (O) − WO→A ,

para todo ponto A pertencente a R. O valor U (0) é definido arbitrariamente e serve


como referência para os demais valores de U . A função U , chamada de energia
potencial associada a F, é um exemplo de uma função de estado, ou seja, uma função,
cujo valor depende apenas do estado atual do sistema. Analogamente, para um ponto
B qualquer,
U (B) = U (O) − WO→B .
Efetuando as duas trajetórias em sequência, A → O → B, obtemos

WA→B = U (A) − U (B) = −∆U, (2.3)

ou seja, o trabalho de um campo de força conservativo é igual ao negativo da variação


de sua energia potencial. Deste resultado e da definição de trabalho (2.1) obtemos a
energia potencial em função de r
Z r
U (r) = U (r0 ) − F · dr, (2.4)
r0

onde r0 é o vetor posição associado a O. Note que, uma vez que a força é con-
servativa, podemos escolher qualquer caminho para calcular a integral. Cada força
conservativa possui sua própria energia potencial e esta é uma propriedade do sis-
tema interagente e não de um de seus constituintes. Quando falamos algo como
a energia potencial do bloco em queda livre, por exemplo, estamos cometendo um
abuso de linguagem. A energia potencial se refere a interação do bloco com a Terra.
A energia potencial representa a interação da partı́cula com algum agente. Convém
notar, ainda, que se a energia potencial é constante em uma região, então a interação
correspondente nesta região é nula e vice-versa. Além disso, é conveniente escolher
ENERGIA POTENCIAL E O SEU GRADIENTE 23

valores de referência, U (r0 ), que simplifiquem a forma final da energia potencial.


Uma boa escolha, normalmente, é U = 0 em pontos onde a força é nula.

Exemplo 2.7. Uma partı́cula movimenta-se, sem atrito, sobre o eixo x e, presa a
uma mola de massa desprezı́vel, está sujeita à Lei de Hooke, F = −k(x − l0 ), onde
k é a constante elástica da mola e l0 seu comprimento natural. O trabalho da força
elástica no deslocamento de x0 a x, quaisquer, é
Z x
k
(x − l0 )dx = − (x − l0 )2 − (x0 − l0 )2 .

Wx0 →x = −k
x0 2

Como este trabalho independe do caminho, a força elástica é conservativa e, uma


vez que ela é um campo de força, pode ser escrita a partir de uma energia potencial,
Assim,
k
(x − l0 )2 − (x0 − l0 )2 .

U (x) = U (x0 ) − Wx0 →x = U (x0 ) +
2
Escolhendo a referência U (x = l0 ) = 0 obtemos U (x0 ) = k(x0 − l0 )2 /2 e
1
U (x) = k(x − l0 )2 .
2
Se, no inı́cio, tivessemos redefinido a origem como a posição onde a mola não está
deformada, a lei de Hooke seria F = −kx e a energia potencial U (x) = kx2 /2 ao
definirmos U (0) = 0.

Exemplo 2.8. Outro exemplo importante de energia potencial é a energia potencial


gravitacional. A força que uma massa puntiforme M realiza sobre outra m é

GM m
F=− r̂,
r2
onde r é o vetor de M até m. Essa força é conservativa pois seu trabalho,
Z r  
dr 1 1
Wr0 →r = −GM m 2
= GM m − ,
r0 r r r0

depende apenas das distâncias iniciais e finais entre as partı́culas. O valor da ener-
gia potencial de referência apropriada, neste caso, é U (r → ∞) = 0, pois no
infinito a interação vai a zero. Assim,

GM m
U (r) = − .
r
Vamos utilizar o resultado do último exemplo para calcular a energia potencial
gerada por uma distribuição contı́nua de massa interagindo com uma partı́cula. Para
isso, usamos também o princı́pio de superposição, o qual, neste caso, afirma que
a energia potencial da distribuição será a soma das energias potenciais das massas
24 ENERGIA DA PARTÍCULA

puntiformes. A energia potencial associada ao elemento de massa dm0 é

Gdm0 m
dU = − ,
|r − r0 |

onde a partı́cula de prova, de massa m, encontra-se em r. Para toda a distribuição


temos
dm0
Z
U (r) = −Gm ,
|r − r0 |
onde a integral é feita sobre a distribuição.
Exemplo 2.9. Uma partı́cula de massa m na presença de uma casca esférica ho-
mogênea de massa M e raio R possui energia potencial

dA0
Z
U (r) = −Gmσ ,
|r − r0 |

onde σ = M/4πR2 é a densidade superficial de massa da esfera. Definindo a


origem e o eixo z tal que a posição da partı́cula seja r = rk̂ e usando coordenadas
esféricas temos

R2 sen θ0 dθ0 dφ0


Z
U (r) = −Gmσ √ .
r2 + R2 − 2rR cos θ0

Integrando em φ0 de zero a 2π e fazendo a mudança de variável u = r2 + R2 −


2rR cos θ0 chegamos a
Z (r+R)2
GM m 1 GM m
U (r) = − u− 2 du = − (|r + R| − |r − R|) .
2rR (r−R)2 2r2

Daqui vemos que se a partı́cula está fora da esfera, a energia potencial é a mesma
caso toda massa da esfera fosse concentrada na origem,
GM m
U (r) = − .
r
Por outro lado, quando a partı́cula está dentro da esfera, a energia potencial é cons-
tante,
GM m
U =− ,
R
resultando em uma força nula. Como consequência, camadas esféricas externas à
partı́cula, não geram força gravitacional. No problema 6 deste capı́tulo, o leitor
poderá mostrar que para uma partı́cula de prova interagindo gravitacionalmente
com uma esfera maciça homogênea, a energia potencial gravitacional é
(
− GM m

2R3 3R2 − r2 , r ≤ R,
U (r) =
− GMr m , r ≥ R,
ENERGIA POTENCIAL E O SEU GRADIENTE 25

onde r é a distância entre a partı́cula e o centro da esfera.


Assumindo que U é uma função bem definida, podemos escrever
Z
∆U = dU,

e comparando com (2.1) e (2.3) obtemos

dU = −F · dr. (2.5)

Se a força não depende explicitamente do tempo, então a energia potencial é função


apenas da posição e, sem perda de generalidade, podemos adotar coordenadas carte-
sianas para notar que

∂U ∂U ∂U
dU = dx + dy + dz ≡ ∇U · dr, (2.6)
∂x ∂y ∂z
onde
∂U ∂U ∂U
∇U = î + ĵ + k̂,
∂x ∂y ∂z
é o gradiente de U no dado sistema de coordenadas. A relação dU = ∇U · dr
vale independentemente do sistema de coordenadas. Assim, das Eqs. (2.5) e (2.6)
obtemos que campos de força conservativos são escritos a partir de gradientes de
alguma energia potencial,
F = −∇U. (2.7)
A recı́proca é verdadeira, ou seja, se um campo de força F independe do tempo e é
escrito como o negativo do gradiente de uma função escalar bem definida, então
Z B Z B
F · dr = − ∇U · dr = −∆U, (2.8)
A A

resultado, este, independente da trajetória. Logo, temos o seguinte teorema:


Teorema 2.3. Uma campo de força é conservativo se e somente se ele pode ser
escrito como o gradiente de uma função escalar bem definida e independente do
tempo.
É importante ressaltar que o resultado acima diz respeito apenas a campos de
força. Em alguns casos particulares, como exemplificaremos na seção 2.6.1 e no
exemplo 2.14, uma força que não é um campo de força pode ser conservativa, mesmo
não podendo ser escrita a partir do gradiente de uma função escalar. Exemplos
clássicos de tais forças são a força normal e a força magnética sobre uma partı́cula.
Note como nenhuma das duas satisfaz a definição ??. Por outro lado, ambas não rea-
lizam trabalho e, portanto, são conservativas, de acordo com a definição 2.2, mesmo
não sendo derivadas de uma energia potencial. Alguns autores adotam uma definição
diferente, onde a força é dita conservativa se além do trabalho ser independente do
caminho, ela é derivada de uma função potencial.
26 ENERGIA DA PARTÍCULA

Se o campo de forças é conservativo, então, a partir de (2.7) temos

∂U ∂U ∂U
Fx = − , Fy = − , Fz = − ,
∂x ∂y ∂z
ou ainda Z Z Z
U =− Fx dx = − Fy dy = − Fz dz, (2.9)

Se a Eq. (2.9) não puder ser satisfeita, significa que o campo de força não pode ser
obtido a partir de uma energia potencial, ou seja, ele é não conservativo.

Exemplo 2.10. O campo de forças F(x, y) = ax2 y 3 î + bx3 y 2 ĵ é conservativo se


a = b, pois neste caso pode ser escrito a partir do gradiente de uma função escalar.
De fato,
ax3 y 3
Z Z
U = − Fx dx = − x2 y 3 dx = − + f (y),
3
e
bx3 y 3
Z Z
U = − Fy dy = − x3 y 2 dy = − + g(x),
3
e vemos que tal energia potencial existe se e somente se a = b e f (x) = g(y) =
const. Portanto
ax3 y 3
U (x, y) = − + U0 ,
3
e F = −∇U .

Como a força conservativa pode ser escrita a partir do gradiente de uma ener-
gia potencial, esta fica determinada a menos de uma constante aditiva. Essa cons-
tante, as vezes chamada de energia de ponto zero, é justamente a energia do ponto
de referência U (r0 ). Além disso, o sinal negativo entre a força e o gradiente da
energia potencial implica que a força está na direção em que a energia potencial di-
minui, ou seja, o sistema tende a minimizar sua energia potencial. Se, por outro
lado, tivéssemos adotado a convenção W = ∆U , então terı́amos F = ∇U e o sis-
tema tenderia a aumentar sua energia potencial, o que, apesar se soar estranho, seria
apenas uma convenção.

2.6 Rotacional de um campo de força

Para qualquer função escalar U , com derivadas parciais de segunda ordem contı́nuas,
vale
∇ × ∇U = 0, (2.10)
ROTACIONAL DE UM CAMPO DE FORÇA 27

onde o vetor1 ∇ × A é o rotacional do campo vetorial A. Em três dimensões e em


coordenadas cartesianas,
 
î ĵ k̂
∂ ∂ ∂ 
∇ × A = det  ∂x ∂y ∂z 
.
Ax Ay Az

A identidade (2.10) implica que todo campo de força conservativo é irrotacional,


ou seja, possui rotacional identicamente nulo. Por outro lado, se o espaço é sim-
plesmente conexo2 e as derivadas parciais de primeira ordem são contı́nuas, vale o
Teorema de Stokes, I Z
F · dr = (∇ × F) · dA,
C S
de onde vemos que todo campo de força irrotacional e independente do tempo é
conservativo. Daqui segue o terceiro teorema a respeito das forças conservativas:
Teorema 2.4. Todo campo de força independente do tempo e com derivadas parci-
ais de primeira ordem contı́nuas definido sobre uma região simplesmente conexa é
conservativo se e somente se o seu rotacional é nulo.
Exemplo 2.11. O campo de forças F(x, y, z) = rK2 r̂ é conservativo. De fato, ele
não depende explicitamente do tempo e seu rotacional é nulo. Note que o campo não
está definido na origem, mais ainda assim, está definido em uma região simplesmente
conexa. O rotacional pode ser calculado diretamente em coordenadas cartesianas
ou, de maneira mais conveniente, nesse caso, em coordenadas esféricas,
φ̂
 r̂ θ̂

r 2 sen θ rsen θ r
 ∂ ∂ ∂
∇×F= det  ∂r .

∂θ ∂φ
Fr rFθ rsenθFφ

Como a única componente não nula da força é Fr = K/r2 , vemos facilmente que o
rotacional se anula.
Para forças definidas no plano, temos o Teorema de Green,
I Z  
∂Fy ∂Fx
F · dr = − dA,
C S ∂x ∂y

o qual também requer derivadas parciais de primeira ordem contı́nuas e região sim-
plesmente conexa. Nesse caso, interpretamos o integrando do lado direito como

1 Mais precisamente, o rotacional de um campo de forças em três dimensões é um pseudovetor ou vetor

axial. Diferentemente do vetor ou vetor polar, as componentes do rotacional do campo não ganham
sinal sob uma reflexão do sistema de coordenadas. Por simplicidade cometeremos o abuso de linguagem
chamando o rotacional do campo em três dimensões simplesmente de vetor.
2 Uma região é dita simplesmente conexa quando qualquer caminho fechado pode ser continuamente con-

traı́do até um ponto.


28 ENERGIA DA PARTÍCULA

sendo o rotacional em duas dimensões,


∂Fy ∂Fx
∇×F= − ,
∂x ∂y

ou seja, um pseudoescalar3 , e o teorema 2.4 continua valendo.


Exemplo 2.12. Seja o campo de força F(x, y) = a(y î + xĵ) definido no plano,
mostrado na Fig. 2.5. A única coisa óbvia que podemos constatar é que o trabalho
em cı́rculos concêntricos, centrados na origem, se anula. Porém não podemos afir-
mar o mesmo para qualquer caminho fechado. Também não é imediato, da figura,
a identificação ou a existência de um caminho fechado que resulta em trabalho não
nulo. Este fato, porém, não significa que tal caminho não exista. Em casos como
este, a ferramenta mais poderosa que temos em mãos é o rotacional da força. O
resultado é
∂x ∂y
∇×F= − = 0.
∂x ∂y
e como a região onde a força está definida é simplesmente conexa, podemos afirmar
que este campo de força é conservativo.
O rotacional possui uma visualização geométrica bastante intuitiva. Se associ-
armos o campo de força ao campo de velocidades de um fluido escoando, então a
magnitude do rotacional em cada ponto é proporcional à magnitude da velocidade
angular de uma pequena hélice naquele ponto, propulsionada pelo escoamento, com
a direção e o sentido do rotacional sendo dados pela direção do eixo e pelo sentido
de rotação da hélice, respectivamente, caso o rotacional seja um vetor. Em alguns
casos, essa analogia nos ajuda a verificar rapidamente se o campo é irrotacional ou
não. Note como uma hélice, cujo eixo é perpendicular ao plano do papel, irá rodar
no sentido anti-horário quando colocada em qualquer ponto de um escoamento des-
crito pela Fig. 2.4. Se estendermos esse escoamento, com as mesmas caracterı́sticas,
na terceira dimensão, representada pela direção perpendicular ao plano do papel, a
direção do rotacional será perpendicular ao plano do escoamento e o sentido, dado
pela regra da mão direita, está saindo deste plano.
A importância do aspecto topológico das regiões onde os campos de força são de-
finidos, bem como a não trivialidade da analogia com a hélice em um fluido, podem
ser ilustrados no seguinte exemplo.
Exemplo 2.13. Considere o campo de força dado por

−y î + xĵ
F= , (2.11)
ρ2
p
onde ρ2 = x2 + y 2 , definido sobre o plano, exceto na origem. Da sua representação
na Fig. 2.6 vemos imediatamente que a circulação deste campo é, em geral, não
nula, ou seja, ele é não conservativo. De fato, a circulação vale

3 Diferentemente de um escalar, um pseudo escalar inverte o sinal sob uma reflexão das coordenadas.
ROTACIONAL DE UM CAMPO DE FORÇA 29

Figura 2.7

Figura 2.6

I I
F · dr = F dr = 2π,
C C

para um cı́rculo unitário centrado na origem, orientado no sentido anti-horário,


implicando que o campo de força é não conservativo, de acordo com o teorema 2.2.
Por outro lado, esse campo de força é irrotacional. Aqui, é conveniente reescrever o
campo de forças (2.11) em coordenadas polares planas,

φ̂
F= ,
ρ
e calcular o rotacional neste mesmo sistema de coordenadas,
 
1 ∂ ∂
∇×F= (ρFφ ) − Fρ = 0.
ρ ∂ρ ∂φ

Esse resultado, entretanto, não pode ser usado para afirmar que a força é conserva-
tiva, pois como ela está definida sobre uma região que não é simplesmente conexa,
o teorema 2.4 não se aplica. Note também que o campo de força em questão pode
ser obtido a partir do gradiente de uma função escalar, mais especificamente,
 
∂ 1 ∂
F = ∇φ = ρ̂ + φ̂ φ.
∂ρ ρ ∂φ

Porém, isso não está em contradição com o teorema 2.3, pois a função escalar acima
não é bem definida na origem, além de ser multivalorada, o que não é aceitável para
uma função de estado. Para um caminho entre A e B quaisquer, dando n voltas em
30 ENERGIA DA PARTÍCULA

torno da origem, a Eq. (2.8) resulta em W = −∆U = C ± 2πn, ou seja, a força


não pode ser conservativa.
Se estendermos o problema para três dimensões, a força é dada por

−y î + xĵ
F= ,
r2
p
com r = x2 + y 2 + z 2 . Nesse caso, o espaço é simplesmente conexo e o teorema
2.4 se aplica. Portanto, como a circulação em torno do mesmo caminho usado
anteriormente continua resultando em 2π, o rotacional deve ser não nulo. De fato,
usando coordenadas esféricas, temos
φ̂
 r̂ θ̂

r 2 sen θ rsen θ r
 ∂ ∂ ∂  r̂ cot θ
∇×F= det  ∂r = .
∂θ ∂φ r2
0 0 sen θ

A partir do gradiente em coordenadas esféricas,

∂U 1 ∂U 1 ∂U
∇U = r̂ + θ̂ + φ̂,
∂r r ∂θ rsen θ ∂φ
as equações correspondentes às Eqs. (2.9) ficam
Z Z Z
−U = Fr dr = rFθ dθ = rsenθFφ dφ.

cujas igualdades não são satisfeitas, pois os resultados das integrais são f (θ, φ),
rf2 (r, φ) e φsen θ + f3 (r, θ). Assim, não há função escalar cujo gradiente é a força.
Podemos ainda nos questionar, como é possı́vel explicar, em termos da analogia
da hélice, a irrotacionalidade deste campo mesmo tendo circulação não nula? Na
Fig. 2.7 podemos ver a representação desta analogia. Nela, as linhas curvilı́neas
representam as linhas de escoamento, estando a densidade de linhas associada à
intensidade do campo vetorial, e as setas identificam as forças atuando em cada
pá da hélice. Na pá superior o escoamento é mais lento, gerando pouco torque,
em relação ao centro da hélice, saindo do plano. Já na pá inferior o escoamento
é rápido e o torque entrando no plano é grande. A diferença é compensada pelos
torques saindo do plano oriundos das pás laterais.

Como vimos no exemplo acima, um campo de forças irrotacional nem sempre


implica em campo conservativo. Por outro lado, se o campo é conservativo, então ele
é irrotacional. Para ver isso precisamos da definição formal do rotacional. Considere
uma região R, sobre a qual está definida um campo vetorial F. Para um dado ponto
P , definimos uma superfı́cie aberta σ contida em R, contendo P , e orientamos sua
fronteira ∂σ. A componente na direção n̂ do rotacional de F, no ponto P , é definida
ROTACIONAL DE UM CAMPO DE FORÇA 31

por I
1
(∇ × F) · n̂ = lim F · dr,
σ→0 σ ∂σ

onde n̂ é o vetor normal à superfı́cie σ, orientado de acordo com a regra da mão


direita. Note que o rotacional não é definido sobre pontos da fronteira de R e que,
independentemente da topologia da região, se a circulação do campo vetorial é nula
para qualquer caminho fechado, então a equação acima implica em rotacional nulo.

2.6.1 Eletrostática e Magnetostática


A Lei de Faraday para campos eletrostáticos pode ser escrita, equivalentemente, das
seguintes formas:
I
E · dr = 0, E = −∇ϕ, ∇ × E = 0,

onde E é o campo elétrico e ϕ é o potencial eletrostático. A força eletrostática sobre


uma partı́cula de carga elétrica q é F = qE. Note que, fazendo uso dos teoremas 2.2,
2.3 e 2.4, qualquer uma das três equações acima implica que a força eletrostática é
conservativa.
Para um campo magnetostático temos a Lei de Ampére escrita como
I
B · dr = µ0 I, ∇ × B = µ0 j,
C

onde B é o campo magnético, I é a corrente elétrica cruzando a superfı́cie delimitada


por C, j é a densidade de corrente e µ0 é uma constante. Nos casos em que I 6= 0
e j 6= 0, a falta de atenção poderia sugerir que a força magnética é não conservativa.
Porém, para uma partı́cula de carga elétrica q e velocidade v, a força de Lorentz nos
dá F = qv × B e, assim, o trabalho realizado por essa força em um deslocamento
infinitesimal é
dW = q(v × B) · dr = 0,
pois a (v × B) é sempre perpendicular a dre, de onde vemos que a força magnética
sobre a partı́cula satisfaz a definição 2.2 e é conservativa. Por outro lado, esta força
não é obtida a partir de um potencial. De fato, a força de Lorentz não é um campo
de força, pois depende explicitamente da velocidade da partı́cula. A tı́tulo de curio-
sidade, podemos calcular o rotacional desta força. Note que,
1
∇ × F = v∇ · B − B∇ · v + (B · ∇)v − (v · ∇)B.
q
Usando a equação de Maxwell ∇·B = 0 anulamos o primeiro termo do lado direito.
A independência da velocidade em relação à posição,

∂vj
= 0,
∂ri
32 ENERGIA DA PARTÍCULA

onde os ı́ndices i = 1, 2, 3 denotam, respectivamente, as componentes x, y, z, anula


o segundo e o terceiro termo. Para o último termo temos

dB(r) ∂B dx ∂B dy ∂B dz
= + + = (v · ∇)B,
dt ∂x dt ∂y dt ∂z dt
e assim
1 dB
∇×F=− = 0,
q dt
uma vez que o campo é estático. Ou seja, a força de Lorentz é irrotacional.
Considere agora um fio infinito, ao longo do eixo z, carregado eletricamente. Se
essas cargas movem-se com velocidade constante, elas geram um campo magnético

µ0 I φ̂
B(x, y) = ,
2π ρ
p
onde ρ = x2 + y 2 , enquanto que seu rotacional, fora do eixo z, se anula. Esse
campo é análogo ao campo de forças dado por (2.11) e aqui circulação também é,
em geral, não nula. Da lei de Ampére, a circulação através de qualquer caminho
fechado, circulando o fio n vezes, vale nµ0 I. Apesar disso, o campo é irrotacional
fora do fio. Não há nenhuma inconsistência, pois, novamente, a topologia do espaço
é relevante. Neste caso, o espaço não é simplesmente conexo. Por outro lado, se as
cargas no fio estão em repouso, existe um campo elétrico dado por

λ ρ̂
E(x, y) = .
2π0 ρ
Para esse campo, tanto o rotacional, quanto a circulação se anulam.

2.7 Energia mecânica

Vamos considerar uma partı́cula em um referencial inercial sob ação de uma força
arbitrária F, a qual iremos decompor em dois termos: uma componente potencial,
Fp , correspondente a um campo de força escrito a partir de uma energia potencial
e que pode ser conservativo ou não, Fp = −∇U , e uma componente não poten-
cial, Fnp , que não pode ser escrita a partir de nenhuma energia potencial aceitável,
também podendo ser conservativa ou não. Assim,

F = Fp + Fnp = −∇U + Fnp .

Definimos a energia mecânica da partı́cula como a soma entre sua energia cinética e
e sua energia potencial. Dessa forma,

E = K + U.
ENERGIA MECÂNICA 33

Calculando a diferencial desta equação e usando a Eq. (2.2), bem como

∂U
dU = ∇U · dr + dt,
∂t
chegamos a
∂U
dE = dW + ∇U · dr + dt.
∂t
Agora note que o trabalho dW se deve a força total sobre a partı́cula, enquanto que
∇U · dr é o trabalho apenas da força potencial. Assim chegamos à equação que nos
dá a variação da energia mecânica do sistema4 ,

∂U
dE = Fnp · dr + dt. (2.12)
∂t
Esse resultado pode ainda ser escrito como uma taxa de variação temporal da energia
mecânica,
dE ∂U
= Fnp · v + , (2.13)
dt ∂t
ou, após integrarmos no tempo, como a diferença entre as energias mecânicas inicial
e final, Z Z
∂U
∆E = Fnp · dr + dt.
C ∂t
Dizemos que a energia mecânica se conserva quando ela é constante, ou seja,
dE = 0 para qualquer deslocamento infinitesimal ou qualquer infinitésimo temporal.
Como os infinitésimos da Eq. (2.12) são independentes, a energia mecânica se con-
serva se e somente se o trabalho da força não potencial é sempre nulo, Fnp · dr = 0,
e a energia potencial não depende explicitamente do tempo. Essas duas condições
implicam que as forças atuantes são conservativas, sejam elas campos de força ou
não. Em particular, um sistema sob ação apenas de campos de forças conservativos
terá sua energia mecânica conservada. Daı́ a origem dos termos “conservativo” e
“não conservativo” com os quais as forças são classificadas. Se definirmos que um
sistema conservativo é um sistema sob ação apenas de forças conservativas, então
acabamos de demonstrar o seguinte resultado:

Teorema 2.5. A energia mecânica de um sistema se conserva se e somente se o


sistema é conservativo.

É possı́vel, como veremos no próximo exemplo, haver forças não potenciais, mas
ainda assim o sistema conservar a energia mecânica.

Exemplo 2.14. Uma partı́cula de massa m está presa a uma mola, de constante
elástica k, e restrita a um aro vertical de raio R. O outro extremo da mola é preso
no ponto mais baixo do aro. O comprimento natural da mola é muito menor que o

4 O termo “sistema” usado aqui faz referência à partı́cula e ao modo com que ela interage. Não diz respeito
a um “sistema de partı́culas”.
34 ENERGIA DA PARTÍCULA

raio do aro, de modo que pode ser desprezado. Vamos calcular o módulo da veloci-
dade da partı́cula em função do ângulo θ, indicado na Fig. 2.8, sabendo que ela foi
liberada do topo do aro5 , a partir do repouso, e que ela desliza sem atrito. Preci-

R θ

Figura 2.8

samos avaliar as forças sobre a partı́cula para determinarmos o comportamento da


energia mecânica do sistema. A força gravitacional e a força elástica são campos
de força conservativos, elas são obtidas a partir de uma energia potencial indepen-
dente do tempo. Já a força normal que o aro exerce sobre partı́cula não pode ser
escrita como um campo de força obtido a partir de uma função energia potencial,
ou seja, ela é uma força não potencial, sendo a única desta categoria neste exemplo.
Entretanto, ela é sempre perpendicular ao deslocamento infinitesimal e assim não
realiza trabalho. Também não há nenhuma função energia potencial dependente ex-
plicitamente do tempo. Dito isso, a energia mecânica do sistema se conserva, ou
seja dE = 0 o que nos leva a ∆E = 0, entre o estado inicial, de repouso e o final,
com velocidade v(θ). Definindo o zero de energia potencial gravitacional ao nı́vel
da base do aro e o zero de energia potencial elástica quando a mola está em seu
comprimento natural, temos que a energia mecânica inicial é

k
Ei = mg2R + (2R)2 ,
2
onde l é o comprimento da mola. Já a energia mecânica final vale

m 2 k
Ef = v (θ) + mgl(θ) cos θ + l2 (θ).
2 2
A lei dos cossenos aplicada ao triângulo isósceles com dois dos lados iguais ao raio
e o terceiro lado igual a l nos dá

R2 = R2 + l2 − 2Rl cos θ,

5O topo do aro corresponde a um ponto de equilı́brio instável, onde qualquer perturbação, por menor que
seja, fará com que a conta deslize aro abaixo. Discutiremos com mais detalhe os conceitos de equilı́brio e
estabilidade na seção 4.1.
ENERGIA MECÂNICA 35

ou ainda l = 2R cos θ. Substituindo nas expressões para as energias mecânicas


inicial e final, igualando elas e resolvendo para v(θ) obtemos o resultado desejado,
r
k g
v(θ) = 2R|senθ| + .
m R
Observe que a velocidade máxima é obtida para θ = π/2 que é justamente o valor
para qual tende o limite do ângulo quando a partı́cula tende à posição mais baixa
do aro.

Podemos concluir esta seção respondendo a seguinte pergunta: O que, fundamen-


talmente, faz uma força ser conservativa ou não conservativa? Todas as forças funda-
mentais são conservativas, pois a descrição de tais forças é feita de modo que existe
uma quantidade abstrata, chamada energia6 , definida como constante para cada es-
tado do sistema, por mais geral que ele seja. Entre dois estados quaisquer, portanto,
a diferença de energia é nula por construção. Os graus de liberdade e as interações
do sistema geram as diversas contribuições para esta energia e se algum processo,
conectando estados, parece violar a lei da conservação da energia, então deve haver
graus de liberdade ou interações que não estão sendo levados em conta. Por outro
lado, na maioria das vezes não somos capazes de descrever sistemas macroscópicos
de maneira completa, ou seja, em termos de todos os seus graus de liberdade. Pre-
cisamos substituir incontáveis equações acopladas, que descrevem a dinâmica do
sistema, por uma única equação ou força, a qual deveremos chamar de efetiva e que
descreve os resultados macroscópicos observados. No entanto, neste processo, em
geral, perdemos informações sobre os estados e assim não somos capazes de verifi-
car balanço de energia corretamente. Este, falhará, a menos que a gente introduza
outras formas de energia, como calor, por exemplo. Um exemplo clássico é o atrito.
Não somos capazes de descrever duas superfı́cies interagindo, do ponto de vista ma-
croscópico, ou seja, em termos de todas as partı́culas microscópicas participando do
processo. O que fazemos, então, é assumir que ao invés de interações microscópicas,
há uma força efetiva chamada atrito. Para contornar a falha na conservação da ener-
gia mecânica, precisamos assumir que a energia faltante apresenta-se na forma de
calor, uma quantidade efetiva. É por isso que o atrito é uma força não conservativa.
Outro exemplo é o de uma energia potencial variando no tempo. Ela é não conserva-
tiva apenas porque estamos, efetivamente, substituindo um sistema isolado grande e
com muitas partı́culas por outro pequeno, com poucas partı́culas e sob forças exter-
nas. A informação que não somos capazes de incluir exatamente no problema, como
a interação de cada partı́cula externa com cada partı́cula interna ao sistema, pode ser
incluı́da, efetivamente, como uma energia potencial dependente do tempo.

6A qual é mais geral que a energia mecânica


36 ENERGIA DA PARTÍCULA

2.7.1 Sistemas unidimensionais e diagramas de energia


Para sistemas unidimensionais, toda força dependente apenas da posição, é conser-
vativa. Com efeito,
I
WC = F (x)dx = G(x0 ) − G(x0 ) = 0,
C

onde G(x) é a primitiva de F (x). O resultado vale para qualquer ponto x0 e qualquer
curva fechada C. Assim, podemos obter a posição da partı́cula, em função do tempo,
a partir da da energia mecânica
 2
m dx
E= + U (x).
2 dt

Separando os termos que dependem das variáveis x e t e integrando em ambos os


lados,
Z t Z x(t)
dx
dt = ± q .
2
0 x(0)
m [E − U (x)]

A solução x(t) é obtida resolvendo para x a equação


Z x(t)
dx
t=± q , (2.14)
2
x0
m [E − U (x)]

onde definimos x0 ≡ x(0). Ao escrevermos a solução em termos de integrais, dize-


mos que o sistema é integrável por quadraturas, independentemente da dificuldade,
ou mesmo da viabilidade, de encontrarmos soluções explı́citas.

Exemplo 2.15. Considere o sistema massa-mola descrito no exemplo 2.7. Substi-


tuindo energia potencial elástico obtida naquele exemplo na Eq. (2.14) temos
Z x(t)
m x(t)
r Z
dx dx
t=± q =± q .
2 kx 2 2E 1 − kx
2
m E− 2
x0 x0
2E

Vamos resolver essa integral nos mı́nimos detalhes, inclusive mantendo as duas
possı́veis escolhas de sinal, pois nesse tipo de problema é fundamental ter atenção
nas sutilezas
p que aparecem na resolução. Fazendo a substituição trigonométrica
senθ ≡ k/2Ex chegamos a
r Z θ(t)
m cos θdθ
x(t) = ± p .
k θ0 1 − sen 2 (θ)
√ √
Observe que 1 − sen 2 θ = cos2 θ = | cos θ|. Considerando
p um triângulo retângulo
com cateto oposto O = x e hipotenusa H = 2E/k, de modo que sen θ =
ENERGIA MECÂNICA 37

p p p p
k/2Ex, temos cos θ = A/H = (2E/k − x2 )/ 2E/k, onde A = (2E/k − x2 )
é o cateto adjacente. Portanto, | cos θ| = cos θ. Resolvendo para θ(t) e voltando à
variável inicial obtemos
r r !
2E k
x(t) = sen ± t + θ0 ,
k m
q 
k
com θ0 = arcsen 2E x0 . Temos um problema aqui. Os sinais no argumento
do seno levam a soluções distintas, apenas uma das duas está correta. Não conse-
guimos remover essa ambiguidade porque não especificamos a velocidade inicial,
sabemos apenas a posição inicial e a energia mecânica. O sentido da velocidade
está justamente associado ao sinal do coeficiente multiplicando o tempo, como já
sugere a dedução da Eq. (2.14). Derivando x(t) obtemos a velocidade,
r r !
2E k
v(t) = ± cos ± t + θ0 ,
m m

e, a partir desta, a velocidade inicial


r
2E
v(0) = ± cos(θ0 ).
m
Assim, se a velocidade inicial for positiva, a solução para a posição deve ser,
r r !
2E k
x(t) = sen t + θ0 .
k m

Já se a velocidade inicial for negativa,


r r !
2E k
x(t) = sen − t + θ0 .
k m

Portanto, quando soubermos o sinal da velocidade, já devemos iniciar a resolução


do problema fazendo a escolha apropriada de sinal na Eq. (2.14). Ainda neste exem-
plo, se a velocidade inicial é nula qualquer sinal na Eq. (2.14) nos dá o resultado
correto. Vejamos, se v(0) = 0, então a energia mecânica é igual à energia potencial
elástica inicial, E = kx20 /2. Assim,
(
π
x0 2 , x0 > 0,
θ0 = arcsen = π
|x0 | − 2 , x0 < 0,
38 ENERGIA DA PARTÍCULA

e,
 q 
k
|x | cos mt , x0 > 0,

0


x(t) = q 
k
−|x | cos mt , x0 < 0,

0


r !
k
= x0 cos t .
m

Como vemos, o uso desse método para obter a solução do sistema massa-mola é
cheio de sutilezas. No capı́tulo 4 resolveremos explicitamente a equação diferencial
que descreve o movimento do sistema massa-mola, o que será bem mais simples
e direto. Ainda assim, para certos problemas pode ser útil e simples encontrar a
solução x(t) a partir da Eq. (2.14).

A conservação da energia mecânica nos proporciona a possibilidade de obter


informações importantes sobre o movimento da partı́cula sem precisar resolver suas
equações de movimento. Vejamos o caso mais simples, mostrado na Fig. 2.9, de
uma partı́cula com energia potencial dependendo apenas de uma coordenada espa-
cial, no caso x. Como vimos, a força estará orientada no sentido em que U diminui.

E2

E1

xa x0 xb xc x

Figura 2.9

Além disso, nos pontos de máximo ou mı́nimo de U , como x0 e x1 , temos dU dx = 0


implicando em força nula. Suponha que a partı́cula possui energia mecânica E1 .
Nesse caso, a partı́cula nunca será encontrada em x < xa e xb < x < xc , pois
nessas regiões terı́amos E < U , o que implicaria em K < 0. Essas regiões não
são permitidas para a partı́cula. Além disso, como ela não pode transitar por regiões
não permitidas, ela não poderá ir de uma região permitida para outra mantendo sua
energia mecânica. As coordenadas xa , xb e xc são chamadas de pontos de retorno
do movimento. Nesses pontos, a energia mecânica é igual à energia potencial e a
velocidade da partı́cula se anula para depois inverter o sentido.
ENERGIA MECÂNICA 39

Definição 2.3. O movimento de uma partı́cula com energia mecânica E e ener-


gia potencial U é dito limitado quando há dois pontos de retorno e ilimitado, caso
contrário.
Para a Fig. 2.9, a partı́cula com energia mecânica E1 tem movimento limitado
quando está entre xa e xb e ilimitado quando possui x > xc . Note que o comporta-
mento da força F = −dU/dx entre xa e xb da origem a um movimento periódico, o
qual será estudado com detalhe no próximo capı́tulo. Aumentado a energia mecânica
para E2 , o movimento passa a ser ilimitado, com apenas um ponto de retorno. Nos
pontos de retorno a energia cinética é mı́nima, ou seja, nula, enquanto que ela é
máxima nos pontos de menor energia potencial. Para E1 , a energia cinética máxima
ocorre em x0 e no infinito. Já para E1 a energia cinética máxima ocorre apenas no
infinito.
Exemplo 2.16. O sistema massa-mola de massa m, constante elástica k e energia
mecânica E possui energia potencial U = 21 kx2 . O diagrama de energia é mostrado
na figura 2.10. Vemos que o movimento é limitado entre os pontos de retorno xmin e

xmin O xmax x

Figura 2.10

xmax , os quais são obtidos a partir de E = U (xR ), onde R = min, max. Portanto,
r
2E
xmin = − = −xmax .
k
Já a velocidade máxima da partı́cula ocorre quando a energia cinética é máxima, ou
seja, quando a diferença entre a energia mecânica e a energia potencial é máxima.
No diagrama de energia deste exemplo vemos que isso acontece na origem, de onde
temos energia cinética igual a energia mecânica e a velocidade máxima dada por
r
2E
vmax = .
m
Podemos ainda calcular o perı́odo do movimento a partir da Eq. (2.14),
Z xmax r
dx m
T =2 q = 2π ,
xmin 2
E − kx 2 k
m 2
40 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

onde a integral é calculada de maneira similar a do exemplo anterior.

A energia mecânica não é a única grandeza que pode ser usada para obter resul-
tados sobre os estados da partı́cula. Os conceitos de momento linear e momento an-
gular também resultam em estratégia semelhante, onde se usa a conservação dessas
grandezas, nos casos em que isso ocorre, para se obter o comportamento da partı́cula.
Entretanto, essa abordagem é fundamental apenas para sistemas de partı́culas ou
casos bem particulares como o da partı́cula sob ação de uma força central. Esses
tópicos serão estudados em capı́tulos subsequentes, dedicados inteiramente a esses
temas.

Referências Bibliográficas

[1] T. M. Apostol, Calculus, Volume II: Multi-Variable Calculus and Linear Alge-
bra, with Applications to Differential Equations and Probability. John Wiley &
Sons, 1969.

[2] R. P. Feynman, R. B. Leighton, and M. Sands, The Feynman Lectures on Physics,


Vol. I: The New Millennium Edition: Mainly Mechanics, Radiation, and Heat.
No. v. 1, Basic Books, 2015.

[3] D. Kleppner and R. Kolenkow, An Introduction to Mechanics. Cambridge Uni-


versity Press, 2nd ed., 2014.

[4] L. P. M. Maia, Mecânica Vetorial. UFRJ, 1984.

[5] M. W. McCall, Classical Mechanics: From Newton to Einstein: A Modern In-


troduction. Wiley, 2011.

[6] H. M. Schey, Div, Grad, Curl, and All that: An Informal Text on Vector Calculus.
W.W. Norton, 2005.

[7] J. R. Taylor, Classical Mechanics: Chapters 1-13. University Science Books,


2002.

Exercı́cios e problemas

1 - Calcule o trabalho da força F = −k(xî + y ĵ), no deslocamento de (x1 , y1 ) até


(x2 , y2 ), através dos seguintes caminhos, os quais são compostos por seções retas:
a) (x1 , y1 ) → (x2 , y1 ) → (x2 , y2 ).
b) (x1 , y1 ) → (x1 , y2 ) → (x2 , y2 ).
c) (x1 , y1 ) → (x2 , y2 ).
R: a) W = − k2 (x22 − x21 + y22 − y12 ), b) W = − k2 (x22 − x21 + y22 − y12 ), c)
W = − k2 (x22 − x21 + y22 − y12 ).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 41

2 - Calcule o trabalho realizado pela força F = −xĵ ao longo do cı́rculo de raio


R, centrado na origem e percorrido no sentido horário. R: W = πR2

3 - Calcule o trabalho do campo de força F = −xy î + z 2 ĵ + yz k̂ ao longo do


caminho r = sî + s2 ĵ + s3 k̂, s : 0 → 1. R: W = 3/8.

4 - Calcule o trabalho realizado pela força F = (3y 2 + 2)î + 16xĵ no deslocamento


(x = −1, y = 0) → (1, 0), sentido horário, ao longo da elipse a2 x2 + y 2 = a2 . De-
termine o parâmetro a (ou seja, determine a elipse) para o qual o trabalho é mı́nimo.
R: a = π.

5 - Um força é definida sobre o plano xy como F = aî + bxĵ. Calcule o trabalho


dessa força ao longo do cı́rculo unitário, orientado no sentido anti-horário, centrado
na origem. Ela é conservativa? Justifique. R. W = bπ.

6 - Calcule a energia potencial de uma partı́cula de massa m na presença de uma


esfera sólida homogênea de massa M e raio R. Considere a distribuição centrada na
origem e a partı́cula a uma distância r qualquer do centro da distribuição.
p
7 - A energia potencial de uma partı́cula é dada por U (r) = K
r , onde r = x2 + y 2 + z 2
e K é uma constante. Calcule a força sobre a partı́cula. R: F = rK2 r̂.

8 - Considere o campo de força dado por F(x, y, z) = ayz − bx3 î+(axz − cy) ĵ+
axy k̂, onde a, b e c são constantes. Mostre que ele é conservativo e calcule sua ener-
gia potencial em função da posição, assumindo que ela se anula na origem.

9 - Calcule o trabalho da força F(x, y) = y î + xĵ ao longo do cı́rculo unitário cen-


trado na origem, no sentido horário. Com base no resultado, o que se pode afirmar
sobre a natureza conservativa ou não dessa força? Calcule o rotacional desta força.
Com o resultado podemos determinar a natureza da força? W = 0, ∇ × F = 0.

10 - Verifique se a força F = y sin(2x)î − cos2 (x)ĵ + h(z)k̂ é conservativa, onde


h(z) é uma função arbitrária de z, nos seguintes casos:
a) h(z) é bem definida em todo o espaço. R: Conservativa.
b) h(z) é definida em todo o espaço, exceto sobre o eixo z. R: Conservativa.

11 - Considere o campo de forças F = f (x2 + y 2 ) cos θî + f (x2 + y 2 ) sin θĵ, onde
o ângulo θ é o ângulo usual das coordenadas polares planas. Calcule o rotacional
deste campo. Com base neste resultado, é possı́vel afirmar algo sobre a natureza
deste campo? Caso não seja possı́vel, como descobrir se este campo é conservativo
ou não? Qual a resposta? R: Rotacional nulo, não é possı́vel afirmar nada. Verificar
circulação. Conservativo.
42 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

12 - Um bloco de massa m, restrito ao eixo x é lançado de modo a atravessar uma


região, de comprimento L, contendo uma fina camada de areia. Nesta região, entre
x = 0 e x = L a areia realiza sobre o bloco uma força resistiva, cuja magnitude
pode ser, efetivamente, escrita como F0 x/L. Esta força é conservativa? Explique.
Calcule a velocidade mı́nima de lançamento para que o bloco consiga patravessar a
região com areia. Assuma que o bloco não tombe ou role. R: vmı́n = F0 L/m .

13 - Um bloco de massa m escorrega por um plano inclinado de ângulo θ. O coefici-


ente de atrito cinético entre o bloco e o plano varia de acordo com µ = µ0 z, onde z é
a altura em relação à horizontal. Calcule a velocidade do bloco ao atingir z = 0, após
ser liberado do repouso em z = h. Qual o vı́nculo entre o ânguloq de inclinação, a al-
µ0 h
tura h e µ0 para que o bloco chegue ao final da rampa? R. v = (1 − 2 cot θ)2gh,
µ0 h
tan θ > 2 .

14 - Uma partı́cula de massa m, restrita ao eixo x > 0, está sujeita às seguintes
forças: F1 = xA2 , repulsiva a partir da origem, e F2 = B = const., atrativa na
direção da origem.
q Desenhe o diagrama de energia. Encontre a posição de equilı́brio,
A
x0 . R: x0 = B.

15 - Uma partı́cula possui posição inicial x0 e se movimenta sobre o eixo x com ener-
gia mecânica nula sob ação da chamada energia potencial de Morse, U = A(e−2ax −
2e−ax ), onde A e a são positivos. Esboce o diagrama de energia e encontre o(s)
ponto(s) de retorno(s). Através da integração explı́cita da Eq. (2.14), calcule a
posição da partı́cula em função do tempo. Escreva a resposta em ambas as situações:
velocidade inicial para a esquerda e velocidade inicial para a direita. R: x(t) =

2
h q i2 
1 1 a A
t ± am ax0 − 1

a ln 2 + m 2A e 2

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