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CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
NATAL - RN
2020
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede
Dedico este trabalho a minha amada esposa Kátia de Melo Sabino Arrais, meu filho
Lucas Sabino Arrais Bezerra, e aos meus pais, Cleonice Sabino de Moura Bezerra e José
Amadeu Moreira Bezerra.
AGRADECIMENTOS
À Deus, pelo dom da vida e por jamais me abandonar diante das tantas dificuldades
no caminho que trilhei, a qual mantenho-me firme em sua fé.
À minha esposa, Katia de Melo Sabino Arrais, pelo amor, carinho e
companheirismo, que me incentivou à efetiva elaboração desta pesquisa. Além disso, por me
contemplar com a maior alegria que um homem pode ter, o seu filho, ao qual, juntos,
dedicamos nossas vidas.
Aos meus amados e queridos pais, José Amadeu Moreira Bezerra e Cleonice Sabino
de Moura Bezerra, pela base moral, educacional e afetiva. Pelo apoio dado em meio a
situações de dificuldade e principalmente por acreditar na minha capacidade de crescer em
meio aos desafios.
Aos familiares, pela participação em minha vida, pelo apoio, motivação e
reconhecimento aos meus esforços.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Paulo Gilberto de Paula Toro, pela importante
contribuição na construção deste trabalho, através de seus ensinamentos e experiência
acadêmica, e principalmente por confiar na minha competência e capacidade intelectual.
Aos membros da banca avaliadora, Prof. Dr. Israel da Silveira Rêgo (Avaliador
externo) e Prof. Dr. Thiago Cardoso de Souza (Avaliador interno) pelas suas contribuições ao
aprimoramento desta pesquisa.
Aos amigos Jonatha Wallace da Silva Araújo e Felipe Pinheiro Maia pela
consideração, amizade e parceria acadêmica.
Ao coordenador do Laboratório de Dinâmica dos Fluidos Computacional, Prof. Dr.
Sandi Itamar Schafer de Souza pelo apoio, confiança, parceria e disponibilização dos
equipamentos necessários ao desenvolvimento da pesquisa.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES)
- Código de Financiamento 001, pelo apoio e financiamento da pesquisa.
E a todos que contribuíram direta ou indiretamente para realização e confecção do
respectivo trabalho.
“No meio da dificuldade encontra-se a oportunidade.”
RESUMO
O sistema de propulsão aspirada baseado em combustão supersônica (Supersonic
Combustion Ramjet, ou scramjet), utiliza ondas de choque oblíquas planas ou cônicas para
comprimir e desacelerar o escoamento hipersônico de ar em velocidades supersônicas.
Testes recentes demonstraram que existe viabilidade na utilização do conceito de
combustão supersônica, porém tal tecnologia ainda não é totalmente dominada. O objetivo
desta Dissertação de Mestrado é estudar numericamente os efeitos da variação da
velocidade do veículo na combustão supersônica de uma mistura hidrogênio / ar
atmosférico no combustor do demonstrador scramjet. Foram avaliados dois métodos de
injeção transversal (simples e dupla) de combustível e três situações de operação do
veículo: nas condições de velocidade de projeto (correspondente ao número de Mach 6,8),
em velocidade inferior (correspondente ao número de Mach 6,4) e a uma velocidade
superior a projetada (correspondente ao número de Mach 7,2) considerando voo na altitude
geométrica de 30 km. Diferentes métodos de injeção de combustível possuem interações de
fenômenos particulares e distintos em relação ao escoamento, desse modo, busca-se
verificar como a variação das condições de operação do veículo influenciam o
comportamento do escoamento, em termos de parâmetros globais e rendimento do processo
de combustão. Na modelagem foi considerado escoamento em regime estacionário, ar como
gás caloricamente perfeito, mecanismo de cinética química simplificado com 4 espécies e 1
reação química e a turbulência avaliada pelo modelo de transição k-kl-ω. Esquemas de
discretização de segunda ordem foram utilizados. São apresentadas curvas de variação de
propriedades termodinâmicas e de espécies, visualização de trens de choque, contornos do
escoamento e propriedades médias na saída do isolador e do combustor. Revelou-se que
houve aumento dos valores das propriedades termodinâmicas (pressão, temperatura e massa
específica) e intensificação de trens de choque no isolador com o acréscimo da velocidade
de voo. Além disso, houve redução da quantidade de ar admitida no isolador em função de
velocidades não operacionais, resultado do afastamento das ondas choque em relação ao
bordo de ataque da carenagem. Entretanto, o escoamento manteve-se supersônico na
câmara de combustão. Visualizou-se queima espontânea de combustível para todas as
condições testadas cujas eficiências médias com injeção simples e dupla obtiveram 10% e
22%, respectivamente.
ABSTRACT
Supersonic combustion ramjet, or scramjet, is a hypersonic airbreathing propulsion
system that utilizes flat oblique or conical shock waves to compress and decelerate
hypersonic air flow in supersonic speeds. Recent flight tests have demonstrated that there’s
viability in supersonic combustion concept, but such technology is not fully mastered yet.
The objective of this Master’s Thesis is to study the effects of vehicle speed variation on the
supersonic combustion for a hydrogen/atmospheric air mixture on the scramjet
demonstrator combustor. Two methods of fuel transverse injection (single and double) and
three situations of vehicle operation were evaluated: at design speed conditions
(corresponding to the Mach number 6.8), at lower speed (corresponding to the Mach
number 6.4) and at a higher than projected speed (corresponding to the Mach number 7.2)
considering flight at the geometric altitude of 30 km. Different fuel injection methods have
interactions of particular and distinct phenomena in relation to the flow, therefore, seeks to
verify how vehicle's operating conditions variations may influence the flow behavior, in
terms of the performance and the efficiency of the combustion process. Steady state flow
was considered, air as calorically perfect gas and simplified chemical kinetic mechanism
with 4 species and 1 chemical reaction using laminar finite-rate model and the turbulence
modeled by the k-kl-ω transition model. Second order upwind schemes were used in the
discretization. Variation curves of thermodynamic and species properties, shock trains
visualization, flow contours and average properties at the isolator and combustor outputs
are presented. It was revealed that there was an increase in the values of the thermodynamic
properties (pressure, temperature, density, etc.) and intensification of shock trains in the
isolator with the increase of the flight speed. In addition, there was a reduction in the
amount of air admitted to the isolator due to non-operating speeds, as a result of the shock
waves moving away from the cowl attack board. However, the flow remained supersonic in
the combustion chamber. Spontaneous fuel burning was visualized for all conditions tested,
whose average efficiencies with single and double injection obtained 10% and 22%,
respectively.
̇ Fração mássica -
t Tempo [s]
μ Viscosidade [Pa.s]
D Diâmetro de carga útil do foguete [mm]
S Comprimento da onda de choque oblíqua [mm]
C Espessura da carenagem (cowl) [mm]
E Espessuras das tampas laterais [mm]
Xs Comprimento da seção de compressão externa [mm]
Ws Largura da região de captura de ar [mm]
Hs Altura da região de captura de ar [mm]
H3 Altura da câmara de combustão [mm]
L Comprimento do isolador [mm]
f Razão combustível/ar -
fst Razão combustível/ar estequiométrico -
Razão de equivalência -
Propriedade termodinâmica genérica média ponderada
A -
pela área sob uma superfície
Propriedade termodinâmica genérica média ponderada
M -
pela massa sob uma superfície
Coeficiente de perda de pressão total -
Coeficiente de eficiência da Combustão -
SUMÁRIO
1 Introdução ................................................................................................................................ 1
1.1 Objetivos .......................................................................................................................... 6
1.1.1 Objetivo Geral .......................................................................................................... 6
1.1.2 Objetivos específicos ............................................................................................... 6
1.2 Organização do Trabalho ................................................................................................. 6
2 Revisão bibliográfica ............................................................................................................... 8
2.1 Veículos demonstradores de combustão supersônica ...................................................... 8
2.2 Pesquisas recentes desenvolvidas em combustão supersônica ...................................... 12
3 Referencial teórico ................................................................................................................. 17
3.1 Terminologia aplicada a scramjet .................................................................................. 17
3.2 Teorias de ondas de choque ........................................................................................... 18
4 Metodologia ........................................................................................................................... 21
4.1 Metodologia de simulação ............................................................................................. 21
4.2 Construção do modelo físico ......................................................................................... 22
4.2.1 Seção de compressão.............................................................................................. 22
4.2.1.1 Design e dimensionamento da geometria do veículo ..................................... 23
4.2.1.2 Critério de máxima recuperação de pressão ................................................... 26
4.2.1.3 Temperaturas de entrada na câmara de combustão ........................................ 27
4.2.1.4 Temperatura teórica mínima do ar ................................................................. 28
4.2.1.5 Procedimento de cálculo ................................................................................ 32
4.2.1.6 Geometria da Seção de compressão ............................................................... 33
4.2.2 Seção de combustão ............................................................................................... 34
4.2.2.1 Isolador ........................................................................................................... 35
4.2.2.2 Câmara de combustão .................................................................................... 36
4.3 Modelagem computacional ............................................................................................ 39
4.3.1 Domínios computacionais e condições de contorno .............................................. 40
4.3.2 Modelagem numérica ............................................................................................. 43
4.3.3 Geração de malha ................................................................................................... 44
4.3.4 Critérios de convergência ....................................................................................... 46
5 Resultados e discussões ......................................................................................................... 47
5.1 Validação Física ............................................................................................................. 47
5.2 Seção de compressão e isolador..................................................................................... 49
5.2.1 Convergência da solução numérica ........................................................................ 50
5.2.2 Avaliação do comportamento do escoamento ....................................................... 50
5.2.3 Avaliação dos perfis de velocidade e temperatura ................................................. 53
5.2.4 Avaliação de linhas de corrente ............................................................................. 54
5.2.5 Parâmetros globais do escoamento ........................................................................ 55
5.3 Combustor ...................................................................................................................... 55
5.3.1 Convergência da solução numérica ........................................................................ 55
5.3.2 Avaliação do comportamento do escoamento ....................................................... 56
5.3.3 Campos de temperatura e formação de espécies químicas .................................... 58
5.3.4 Campos de pressão ................................................................................................. 62
5.3.5 Coeficiente de desempenho e parâmetros globais do escoamento......................... 65
6 Conclusões ............................................................................................................................. 70
6.1 Sugestões para trabalhos futuros.................................................................................... 72
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 73
APÊNDICE A – Procedimentos de obtenção das curvas dos coeficientes de rendimento ...... 76
1
1 INTRODUÇÃO
Além disso, Scramjets são veículos recuperáveis e não possuem partes móveis. Tais
características conferem capacidade de operação em altas velocidades, manufatura
simplificada e tornam desnecessário o uso de reservatórios específicos para armazenamento
de oxigênio, reduzindo o peso total do veículo e elevando o espaço para carga útil. Por outro
lado, diferentemente de sistemas turbojets e motores foguetes, scramjets são incapazes de
gerar empuxo partindo do estado de repouso e por isso necessitam de algum elemento
acelerador para atingir as condições de projeto e tornar-se operacional. A integração de
múltiplos sistemas de propulsão representa hoje um dos principais desafios à viabilidade e
utilização dessa tecnologia.
Todavia, testes recentes de voo demonstraram que existe viabilidade na utilização do
conceito de combustão supersônica. Segundo os voos:
Do veículo Hyshot, projetado pela Universidade de Queensland, na Austrália, que em
2002, demonstrou a combustão supersônica em voo balístico durante reentrada
atmosférica com velocidade hipersônica, correspondente ao número de Mach próximo de
Mach 7,5, onde constatou-se presença de combustão supersônica durante a janela de teste
de aproximadamente 3 segundos em altitudes entre 35 e 29 km, que permitiu uma
razoável correlação entre dados de pós voo e testes realizados nos túneis de choque em
solo (HASS, SMART e PAULL, 2005);
Do veículo aeroespacial X-43, que em 2004, executou dois voos durante cerca de 10
segundos, propulsado por combustão supersônica, utilizando hidrogênio como
3
são desconhecidas e foram obtidas através de simulações primárias para o domínio que
compreende a seção de compressão e o canal de seção transversal constante conhecido como
isolador. As propriedades termodinâmicas obtidas para o ar na saída do isolador foram
utilizadas como dados de entrada em simulações secundarias cujo domínio compreende o
combustor do veículo. Através das relações estequiométricas da reação química foi
desenvolvido um equacionamento que possibilitou calcular e definir as propriedades
termodinâmicas de entrada do combustível. Embora uma avaliação mais completa do
processo devesse integrar todas as regiões do veículo essa simplificação proporcionou reduzir
o custo computacional.
A avaliação do processo de combustão foi feita através de parâmetros de formação de
espécies e rendimento do processo ao longo do domínio. Foram consideradas duas
modalidades transversais de injeção de combustível mantendo a mesma proporção
estequiométrica de ar e combustível para ambas. Isso foi necessário para verificar e estudar as
congruências e discordâncias encontradas e relacionadas a troca do mecanismo de injeção
dada variação de velocidade do escoamento interno de ar na câmara de combustão.
A pesquisa revelou que houve queima espontânea de combustível para a mistura
apresentando aumento de temperatura e redução do número de Mach na saída do combustor
em todas as configurações testadas, o que indica que o processo de combustão, dentro desta
faixa, mantém-se independentemente da velocidade do escoamento de ar. Entretanto, a massa
de combustível não foi totalmente queimada cuja eficiência manteve-se em média variando
entre 10% e 22%. Observou-se também redução da quantidade ar capturado em função de
velocidades de voo não-operacionais.
Essas informações indicam que, embora a eficiência do processo de combustão seja
reduzida, existe uma janela operacional de funcionamento e que métodos de controle de
escoamento, e consequentemente, do processo de queima, podem ser aplicados.
Paralelamente, a geometria do combustor pode ser estendida para manter as reações de
combustão no interior do combustor e assim maximizar o aumento da temperatura. O presente
estudo mostra em riqueza de detalhes como essas relações podem viabilizar o controle do
processo e maximizar o rendimento do veículo scramjet.
6
1.1 OBJETIVOS
temática principal e da inserção da problemática geral no contexto. Além disso, neste capítulo
são descritos os objetivos geral e específicos, bem como, a organização do trabalho.
No capítulo dois destina-se a apresentação de detalhes dos veículos construídos por
programas de desenvolvimento de tecnologia scramjet que obtiveram sucesso em demonstrar
a combustão supersônica. Neste capítulo são revisados artigos e trabalhos científicos recentes
direcionados ao estudo da combustão supersônica de modo a verificar o estado da arte assim
como a inserção desta pesquisa nesse cenário.
No capítulo três são mostrados conceitos básicos sobre os fenômenos e princípios
físicos envolvidos, nomenclaturas e terminologias utilizadas no projeto do veículo
aeroespacial avaliado.
No capítulo quatro são apresentados os métodos desenvolvidos para elaboração do
respectivo estudo, que incluem o método de simulação adotado, modelos físicos, discretização
de domínios, geração de malhas, condições de contorno, solvers e critérios de convergência.
O capítulo cinco é composto pelos resultados obtidos para as situações estudadas
incluindo apresentação e discussão de validação dos métodos de simulação desenvolvidos.
Por fim, o capítulo seis destina-se as considerações finais e conclusões aferidas
mediante os resultados apresentados incluindo sugestões para trabalhos futuros.
8
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O objetivo do experimento em voo foi validar o uso das instalações de teste de curta
duração em túneis de choque. Os experimentos ocorreram em voos de trajetória balística com
9
Figura 4 - Veículo demonstrador X-43 acoplado ao motor foguete Pegasus e a aeronave NASA B-52B
Foram conduzidos quatro testes de voo iniciados em 2009 na base Pt. Mugu Naval
Test Range, Califórnia, EUA. A metodologia de lançamento é semelhante à utilizada nos
testes do veículo X-43, utilizando a aeronave NASA B-52 e acoplamento ao motor foguete
ATACMS (Fig. 6). O veículo manteve voo durante 140 segundos (Fig. 7) em velocidade
correspondente a número de Mach 5 (HANK et al.; 2008).
O conceito de combustão supersônica tem sido viabilizado por diversos testes em voos
de veículos demonstradores nos últimos anos, validando experimentos, técnicas, modelos e
ferramentas computacionais. Todavia, o que se busca agora é dominar a tecnologia por
completo de modo a desenvolver e operacionalizar sistemas de propulsão hipersônica com
alta performance e menor custo. Diante disso, os pesquisadores, em sua grande maioria, vêm
utilizando o CFD como ferramenta de teste rápida, versátil e de custo relativamente menor
quando comparados aos estudos experimentais (em solo ou em voo) tradicionais.
No que se referem à combustão supersônica, as principais linhas de pesquisa estão
direcionadas ao estudo de métodos de injeção de combustível, modificações de geometria dos
dutos internos de câmaras de combustão utilizando de sistemas de cavidades, interação da
turbulência com a chama supersônica, comparação entre modelos numéricos para cálculo de
cinética química e predição de fenômenos relacionados a entupimentos e escoamentos
subsônicos (fenômeno unstart) na câmara de combustão. Diante disso, a seguir serão
13
Cai et al. (2016) introduziram o estudo numérico utilizando LES e cinética química
detalhada para investigação da interação da injeção transversal de múltiplos orifícios em
combustores dispostos com cavidades no objetivo de obter estabilização da chama turbulenta.
Três esquemas foram estudados com diferentes posicionamentos dos injetores. O esquema de
injeção combinada entre injetores localizados à 10 mm da cavidade e outro alocado na parede
inclinada da cavidade, mostrou-se um método promissor em decorrência do aumento da
intensidade turbulenta local melhorando o processo de mistura e elevando eficiência da
combustão. Experimentos conduzidos por Wang et al. (2013) validam e corroboram a
proposta desenvolvida.
Os pesquisadores também enfrentam problemas associados à injeção de massa e a
combustão supersônica. Conforme estudo desenvolvido por In e Do (2018), o principal deles
é fenômeno unstart, caracterizado como um fenômeno que limita admissão de oxigênio nos
combustores supersônicos de forma abrupta, induzindo severa instabilidade ao veículo e
redução de impulso gerado e por esse motivo deve ser terminantemente evitado. As causas
estão relacionadas às condições do ar na entrada da câmara de combustão (número de Mach,
pressão, temperatura, massa específica, turbulência, etc.), parâmetros geométricos (razão de
contração, ângulos das rampas, comprimento do isolador, etc.) e aumento da contrapressão
(liberação de calor de combustão, injeção de massa, separação da camada-limite induzida por
ondas de choque).
Chang et al. (2017) revisaram diversas técnicas de detecção do fenômeno unstart.
Agruparam correlações e coeficientes que servem como limites e parâmetros de projeto de
veículos, selecionaram as mais variadas naturezas associadas ao fenômeno e situações
susceptíveis ao desencadeamento do processo, bem como técnicas de predição melhor
indicadas em casos específicos.
Dentre os trabalhos documentados, chama-se atenção para o experimento conduzido
por Chang et al. (2014) projetado para predizer técnicas de detecção do fenômeno unstart pela
investigação de sinais de diversos transdutores de pressão inseridos e alinhados as superfícies
das paredes, desde o bordo de ataque do veículo até a saída do combustor. Deste modo foi
possível isolar locais a aplicar técnicas de detecção do fenômeno. Paralelamente, foi
desenvolvido e testado um algoritmo baseado na derivada do sinal e comparado a outros
algoritmos e técnicas de detecção baseados pela magnitude, desvio-padrão e densidade de
probabilidade do sinal de pressão aferido no ponto ótimo de leitura. Dois transdutores
localizados próximo à entrada do isolador e após a última onda de choque de compressão
mostraram-se promissores no processo de predição, entretanto a segunda posição sofre
15
menores níveis de interferência do escoamento e por esse motivo é o local ideal. Os autores
chegaram à conclusão de que a técnica de predição baseada na derivada oferece bom
desempenho, acurácia da solução e possui fácil implementação, entretanto aprimoramentos
são necessários à técnica.
Quanto à modelagem do escoamento reativo, Ivankin et al. (2019) propuseram
descrever técnicas de validação de simulação numérica de escoamentos supersônicos reativos
em dutos. O túnel de vento T-131 foi utilizado nesse processo apreciando os resultados
obtidos em simulações no combustor supersônico do projeto de cooperação internacional
HEXAFLY-INT e em combustores de expansão escalonada. As lições aprendidas foram
usadas na predição de um modelo numérico combinado de combustão turbulenta e preparação
dos devidos experimentos. O método propôs tratar o escoamento reativo de acordo com os
diferentes regimes de combustão. Em regiões pré-misturadas, a contribuição das flutuações
turbulentas nas taxas médias das reações foram desprezadas e parâmetros médios de
escoamento foram utilizadas no cálculo dos termos fonte, enquanto que em regiões não pré-
misturas, caracterizada pelo domínio do processo difusivo, é usado um método baseado na
função de densidade de probabilidade (PDF) associada ao modelo flamelet no cálculo dos
termos fonte em gases reagentes. Os resultados mostraram que a utilização do modelo
combinado apresentou baixo ajuste entre as curvas experimentais e numéricas, entretanto em
comparações com coeficientes empíricos, boas correlações foram obtidas.
Em contrapartida, Gao et al. (2016) investigaram dois métodos simplificados de
modelagem da cinética química detalhada utilizando RANS reproduzindo os experimentos de
Cheng el al. (1994) e Borrows e Kurkov (1973). Foram obtidas boas concordâncias entre os
resultados experimentais e numéricos em todas as configurações testadas tanto na dispersão
de espécies quanto nas medições de temperatura. No entanto, as curvas numéricas da
temperatura se posicionaram levemente deslocadas à obtida no experimento se aproximando
da parede em ambos os métodos. As contribuições do método flamelet que leva em sua
formulação a consideração dos fenômenos turbulentos, aparentemente, não foram
significativas em comparação ao método de taxa finita laminar (Laminar Finite-Rate). Vale
ressaltar, que o custo computacional aumenta vertiginosamente à medida que as modelagens
se aproximam dos fenômenos reais, o que em determinados casos justifica a utilização de
modelagem simplificada desde que devidamente validada.
Em resumo, as pesquisas desenvolvidas geralmente tratam de casos e condições
específicas de operação dos combustores, no entanto a sensibilidade às flutuações de
velocidade do veículo e mudanças nas propriedades termodinâmicas do escoamento de ar nos
16
combustores foi pouco avaliada. Choubey e Pandey (2018) utilizaram RANS e modelo de
turbulência simplificado para verificar a influencia da variação das condições de contorno de
entrada na combustão supersônica em uma câmara de combustão de cavidades verificando
efeitos complexos nas relações entre os choques, mistura e queima nos casos simulados. No
entanto, a predição desses efeitos direcionados aos veículos não foi perfeitamente mensurada
o que corrobora decisões tomadas nesta Dissertação, isto é, a utilização de RANS e cinética
química simplificada para avaliação de fenômenos globais, o que concerne soluções
relativamente rápidas e com baixo custo computacional.
17
3 REFERENCIAL TEÓRICO
Nesta seção, serão mostrados conceitos referentes aos fenômenos e princípios físicos
envolvidos em projetos de veículos de propulsão aspirada integrados a scramjet bem como
nomenclaturas e terminologias utilizadas no projeto.
Externa Interna
Interna Isolador Combustor Externa
H2
0 1 3 3c 4 9 10
Fonte: Adaptado de Heiser e Pratt (1994).
específica, etc.) e redução da velocidade do escoamento. Vale ressaltar que esta seção pode
ser construída com múltiplas rampas de modo a fazer com que o escoamento experimente
sucessivos processos compressivos.
Ainda na seção de compressão, a onda de choque estabelecida atinge o bordo de
ataque da carenagem posicionada estrategicamente para estabelecer uma onda choque
refletida que incide dentro da câmara de combustão comprimindo e desacelerando o
escoamento novamente.
Na seção de combustão, o escoamento entra na câmara de combustão com velocidade
supersônica e condições termodinâmicas ideais à ocorrência de combustão. É injetado o
combustível hidrogênio pressurizado e em velocidade, no mínimo sônica, provocando a
mistura e posterior queima. Os gases produto da reação de combustão saem da seção de
combustão experimentando efeitos de expansão devido à deflexão negativa existente na seção
final de expansão. A energia térmica proveniente da queima é convertida em energia cinética
onde a velocidade dos produtos da combustão na saída da seção de expansão externa é
superior à velocidade corrente livre gerando assim impulso e o efeito de propulsão desejado.
V
M (1)
a
a RT (2)
tg 2 cot g 2 in
M sen 2 1 (3)
M in ( cos 2 ) 2
M in leti
M out do
ide
in
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I
ue
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Ch
A A
Fonte: Adaptado de Anderson (2003).
pout
pin
1
2
( 1)
( M in sen ) 2 1 (4)
Quando a onda de choque oblíqua incide em alguma superfície plana ocorre o que se
chama de onda choque refletida, que atua novamente comprimindo e desacelerando o
escoamento. Seu efeito faz com que as linhas de corrente defletidas voltem à direção natural
do escoamento, isto é, na condição a montante da onda de choque obliqua incidente (Fig. 9).
A Equação 3 também se aplica neste caso e pode ser utilizada para calcular o ângulo da
onda de choque refletida, onde representa o ângulo de deflexão da cunha e é número de
Mach após as ondas de choque obliquas incidentes. As equações para as razões de
propriedades aerotermodinâmicas também são aplicáveis a esse caso.
O número de Mach do escoamento após as ondas de choque oblíqua, incidente e
refletida, podem ser calculados segundo relação:
2
( M in sen ) 2
( 1)
2 (7)
( M in sen ) 2 1
( 1)
M out
sen ( )
4 METODOLOGIA
A estimativa das propriedades do ar na interface entre regiões pode ser feita através dos
perfis de velocidade e de propriedades termodinâmicas na seção transversal.
Os perfis de velocidade obtidos na saída do isolador (Região A) possuem padrão
assimétrico em relação à seção transversal, entretanto, a título de simplificação, é possível
utilizar expressões para calcular seus valores médios e utilizá-los como valores de entrada
para as condições de contorno na entrada do combustor (Região B), ou seja, os perfis de
velocidade e propriedades termodinâmicas passam a assumir padrão constante. Deste modo,
mediante avaliação dos testes e análises iniciais considerando ambos os modelos, essa nova
simplificação embora introduza maiores erros, em termos de parâmetros globais médios, os
prejuízos são reduzidos, o que justifica sua escolha.
Dada à capacidade computacional disponível, testes primários mostraram redução dos
tempos de simulação do segundo método em relação ao primeiro. O segundo método leva em
média de 4 a 5 dias para obter uma solução convergida enquanto que o outro cerca de 25 dias.
Notavelmente, o segundo método retorna soluções mais rapidamente que o concorrente,
porém acumula mais erros – por exemplo, a consideração de perfil de propriedades
termodinâmicas uniformes na entrada do combustor – e dependendo do tipo de análise, o
primeiro método é mais indicado, principalmente nas fases finais do projeto conceitual dos
protótipos. Portanto, considerando o objetivo da pesquisa, a baixa capacidade computacional
instalada, tempo disponível para produção das simulações e a quantidade de configurações
testadas, o segundo método apresentado foi o escolhido por ser mais adequado.
Essa seção trata dos métodos utilizados na construção dos modelos físicos analisados
neste trabalho. Segue uma sequência lógica de procedimentos abrangendo desde a
configuração de acoplamento do veículo até o dimensionamento de alguns dos componentes.
Diante disso, este trabalho apresenta a metodologia de projeto utilizada para a seção de
compressão, desenvolvida pelos alunos de Mestrado do PPGEM: Jonatha Wallace da Silva
Araújo, Ítalo Sabino Arrais Bezerra e Ramon Carneiro.
Em resumo, a metodologia de projeto consiste basicamente em determinar a geometria
da seção de compressão do veículo demonstrador scramjet em função do balanço de energia
sobre região de mistura de combustível e ar atmosférico que ocorre no início da câmara de
combustão. Com base nas dimensões do motor foguete e a partir da aplicação das teorias de
ondas de choque combinadas a solução de equações trigonométricas, foi possível criar uma
rotina de equações capazes de quantificar todas as cotas do veículo. A geometria do veículo
torna-se dependente a uma única dimensão característica, cuja variação altera o estado
termodinâmico do ar atmosférico na entrada da câmara de combustão. A geometria final é
obtida quando ocorre convergência ao valor de temperatura teórica mínima necessária para
ignição espontânea do combustível.
Além disso, a modelagem leva em consideração parâmetros de otimização dos ângulos
das rampas através das teorias de máxima recuperação de pressão, incidência das ondas de
choque no bordo de ataque da carenagem (cowl) (choque on-lip) e reflexão das ondas de
choque na entrada da câmara de combustão (choque on-corner).
O veículo, tal como projetado, possui três rampas na seção de compressão, uma
câmara de combustão prismática de seção retangular de área constante, seção de expansão
com ângulo de deflexão negativa de 20º e utiliza como combustível o hidrogênio.
24
D 2 Wt 2 H t 2 (8)
Ws Wt 2E (9)
H s H t 2C (10)
25
tan 1
0 Hs
2X s
(11)
De acordo com a Figura 11, observando a superfície simétrica superior, percebe-se que
são formados triângulos cujos lados correspondem às cotas geométricas das ondas de choque
e das rampas. A lei dos senos pode ser aplicada para correlacionar as dimensões geométricas e
assim obter com exatidão os comprimentos das rampas bem como a altura da câmara de
combustão, desde que sejam conhecidos os ângulos das rampas e das ondas de choque (Fig.
12). Vale ressaltar que a representação destes triângulos ilustrada na Figura 12 está fora de
escala de modo que sejam visualizadas todas as variáveis de forma mais clara.
Figura 12 - Relações trigonométricas para a seção de compressão de um scramjet com três rampas.
O vetor velocidade do escoamento antes da onda de choque obliqua incidente pode ser
decomposto no sistema de coordenadas normal/tangencial em relação à onda de choque
obliqua. O efeito da onda de choque muda a direção da velocidade com deflexão igual a da
rampa e reduz sua magnitude. O seno do ângulo da onda de choque é igual à razão entre os
módulos da componente normal e do vetor velocidade originário (ANDERSON, 2003).
Vn M n
sen( k0 ) (12)
Vk M k
0 u0 H 0
H3 (16)
3u3
1 2
1 M0
T3 T0 2 (17)
1 1 M 2
3
2
2
Tinj Tres (18)
1
fuel
Partindo da hipótese de que existe uma região de mistura prévia entre o ar atmosférico
(subscrito ) e o combustível injetado (subscrito ) onde os gases se misturam e trocam calor
entre si até atingir a temperatura de autoignição do combustível, foi definido um volume de
controle nessa região e a ele associados balanços segundo princípios de conservação de massa
e energia. O ar nas condições termodinâmicas após seção de compressão e o combustível nas
condições de reservatório estão configurados como fluxos de massa entrando no volume de
controle através da fronteira. Na saída obtêm-se uma mistura combustível/ar (subscrito ) na
temperatura de ignição do combustível (Fig. 13). O processo é considerado unidimensional,
em regime permanente, sem efeitos de viscosidade e adiabático.
29
m a m f m m (19)
m f h f W Q m
a ha m m hm (20)
onde ̇ representa a taxa total de trabalho, ̇ a taxa total de calor no volume de controle e
i i ui Ai
m (21)
hi c p,iTi (22)
k
ym m f y
i 1
i i (24)
m i
m f i (25)
m m
O calor específico à pressão constante da mistura pode então ser calculado para uma
mistura composta por duas espécies: o ar atmosférico e o combustível (Eq. 26).
k
m a m f
c p, m m f y m f c
i 1
i i a p, a m f f c p, f
m a m f
c p, a
m a m f
c p, f (26)
y 79 y 79 y
C x H y x O2 N 2 xCO2 H 2O x N 2 (27)
4 21 2 42 4
1 79 79
H 2 O2 N 2 H 2O N 2 (28)
2 21 42
31
m f
f (29)
m a
36 x 3 y
f st (30)
103(4 x y )
f (31)
f st
(c p,a fc p, f )Tm fc p, f T f
Ta (32)
c p ,a
i Ri
c p,i (33)
i 1
(Eq. 18). Logo, o combustível injetado entra na câmara de combustão a uma velocidade igual
a 1318,46 m/s e temperatura corresponde a 249,48 K. A Tabela 3 descreve outras
especificações e propriedades relacionadas ao combustível nas condições de reservatório.
- - -
Uma planilha eletrônica no software comercial Microsoft Excel foi construída onde
foram implementadas as equações apresentadas obedecendo a rotina proposta pelo método de
projeto da seção de compressão do veículo scramjet descrito na subseção 4.2.1.5, cujo critério
de desvio relativo mínimo foi estipulado em .
Até o momento, o referido projeto não levou em consideração os efeitos da camada-
limite. O desenvolvimento da camada-limite produz um retardamento do escoamento sob as
superfícies do veículo, o escoamento passa então a enxergar sua espessura como uma
superfície virtual que incrementa ângulo de deflexão do escoamento, e, por consequência,
provoca um acréscimo ao ângulo da onda de choque. O deslocamento das ondas de choque
faz com que parte das linhas de corrente de ar que deveriam ser capturadas na câmara de
combustão escape sobre o bordo de ataque da carenagem (cowl) desbalanceando a relação
estequiométrica de ar e combustível definida em projeto e que deve ser mantida.
Araújo (2019) apresentou uma solução para este problema considerando a seção de
compressão do veículo projetado conforme especificações da Tabela 4. Através de um estudo
numérico utilizando CFD reposicionou o cowl, modificou alguns dos ângulos e comprimentos
das rampas como também a altura da câmara de combustão no intuito de trazer o escoamento
novamente à condição de choque on-lip, isto é, reincidência das ondas de choque no bordo de
ataque do . As modificações propostas estão contidas na Tabela 5 e definem a geometria
utilizada neste trabalho para estimar as propriedades do ar na entrada da câmara de
combustão.
- - -
aqueles que podem cessar o processo de queima e expansão dos gases. Além disso, o projeto
de uma câmara de combustão supersônica é bastante complexo e requer um estudo mais
apurado, muitas vezes baseado em relações empíricas ou rotinas de cálculo dispendiosas.
Diante desse aspecto, o objetivo desse trabalho é estudar e caracterizar de forma global
o escoamento interno sem considerar o projeto da câmara de combustão propriamente dito.
Basicamente, dentro dos problemas já previstos na literatura e com auxílio do CFD,
dimensões desconhecidas como o comprimento do combustor, assim como a razão de área
necessária para direcionar e promover o escoamento supersônico no canal, podem ser obtidas
de forma mais simplificada e direcionada por meio de testes sucessivos com diversas
configurações de geometria possíveis.
Nessa perspectiva, ao final dos testes desenvolvidos a geometria da seção de
compressão será definida e apresentada nas próximas seções.
4.2.2.1 Isolador
2
p p
50 3c 1 170 3c 1
Li H3 p3 p3 (34)
H 3 4 Re M 3 1
2
p3c 2 1
M 32 (35)
p3 1 1
A geometria deve então, ser construída de modo que o processo de queima ocorra
normalmente sendo necessário introduzir modificações à geometria inicial. A solução
sugerida na literatura visa construir a região de queima, ou seja, o espaço entre os pontos de
injeção de combustível e a saída da câmara (ponto 4), como um canal de altura da seção
transversal variável e crescente para aportar o aumento de pressão, reduzir os efeitos da
camada-limite e favorecer o escoamento na direção da saída da câmara de combustão.
A razão de área adequada foi definida com base em testes de simulações preliminares
da câmara de combustão, em que a área na saída do duto foi variada até o ponto de não
ocorrência do fenômeno unstart. O comprimento do duto de seção variável foi mantido em
já que não se sabe ao certo que comprimento que seria adequado para fornecer
maior rendimento ao processo de combustão. De acordo com a configuração proposta,
ângulos de 2,5º de deflexão negativa nas superfícies simétricas inclinadas impediram o
surgimento do fenômeno para todos os casos analisados.
Optou-se por uma câmara de combustão simétrica ao longo do eixo longitudinal .
Além disso, foi construído um pequeno canal de de comprimento em ambas as
configurações de injeção antes do ponto de injeção de combustível, de modo que os
fenômenos de interação entre os escoamentos concorrentes de ar e combustível já previstos na
literatura sejam capturados nas simulações, salientando que este elemento foi introduzido
apenas para esta finalidade e não faz parte do projeto original, haja vista o modelo de
simulação particionado.
Em seguida, é necessário definir a forma como o combustível será injetado. Para fins
de comparação foram escolhidas duas formas: A primeira é a injeção transversal simples em
que um único injetor está posicionado em umas das superfícies longitudinais (superior ou
inferior) antes da região de área variável do combustor (Fig. 14); e a segunda é injeção
transversal dupla onde dois injetores estão posicionados de forma cruzada nas duas
superfícies longitudinais, alinhados entre si, um de frente para o outro (Fig. 15).
O dimensionamento dos injetores é feito a partir das relações estequiométricas da
reação química de combustão completa. Conhecido o fluxo de massa de ar admitido na
câmara de combustão e a relação combustível / ar estequiométrico apresentada na seção
4.2.1.4, é possível calcular a vazão mássica de combustível. Logo, se a vazão mássica do ar
atmosférica total admitida no veículo é de e a relação combustível/ar para o
hidrogênio é , então a vazão mássica de combustível é igual a . Vale
ressaltar que, o demonstrador tecnológico possui geometria simétrica em relação ao eixo xz
com dois canais internos de admissão de ar, portanto em cada canal segue metade da massa de
38
2,5º
2,5º
O próximo passo é definir a área de injeção de combustível. Ela pode ser definida
como parâmetro de projeto de acordo com a equação da vazão mássica aplicada em um
volume de controle, que por sua vez é quantificada como o produto entre a massa específica
, a velocidade do fluido e a área por onde ele escoa. Conforme mencionado na seção
4.2.1.4, o combustível utilizado deve ser armazenado em um reservatório à temperatura de
a uma pressão de . Deste modo, o combustível é injetado na câmara de
39
m H 2 RH 2 Tinj
Ainj (36)
2 Pinj H 2 RH 2 Tinj
Observe que tanto a pressão como a área de injeção são incógnitas, logo um
desses parâmetros deve ser arbitrado para que o outro seja calculado. Se considerarmos que o
modelo de simulação utilizado é bidimensional, a área de injeção possui simples
geometria retangular e, portanto é a escolha trivial uma vez que apenas é necessário
determinar o comprimento longitudinal do injetor. Embora o injetor não seja construído como
uma fenda retangular ao longo de toda largura do canal e de fato por um conjunto de
pequenos orifícios alinhados e distanciados entre si, a simplificação para o caso bidimensional
no plano é válida já que os mecanismos de injeção não estão sendo avaliados neste
trabalho. De qualquer forma, o somatório das áreas dos orifícios deve ser a mesma para
manter a relação estequiométrica da mistura.
Para o caso bidimensional no plano e considerando a modalidade de injeção
transversal simples, foi definida uma espessura igual a . Sabendo que a largura do
canal é igual a a área de injeção é igual a . Para a
modalidade de injeção transversal dupla, foi mantida a mesma área de injeção de modo que
em ambos os casos a pressão de injeção seja a mesma. Todavia, como a mesma está disposta
por dois injetores transversais paralelos, cada injetor possui de espessura.
Esta seção destina-se a descrição dos métodos computacionais utilizados para simular
o escoamento para a seção de compressão e câmara de combustão do veículo demonstrador
tecnológico scramjet. Serão descritos os domínios computacionais, condições de contorno,
modelos matemáticos, solvers – algoritmos matemáticos utilizados para solucionar as
equações governantes – e critérios de convergência utilizados na confecção da pesquisa.
As simulações foram realizadas em uma unidade computacional modelo HP 800 G1
SFF, processador Intel(R) Core (TM) i7-4790 CPU 3.60 GHz, memória instalada (RAM) de 8
40
Além disso, devido à simetria do veículo o domínio pode abranger apenas um dos
lados seccionados a partir do plano de simetria, representado por uma linha com traços e
pontos conforme ilustrado na Figura 16, simplificando a análise e reduzindo o uso de recursos
41
computacionais. O mesmo método foi utilizado nas simulações com injeção transversal dupla
em que foi traçado um plano de simetria na seção longitudinal média do canal.
Tanto para as simulações da seção de compressão como para a câmara de combustão
foram impostas as mesmas condições de contorno. Nos elementos de entrada (inlet), a
condição de contorno escolhida foi a pressure-far-field cujos parâmetros necessários são o
número de Mach, a pressão estática, temperatura e as propriedades de turbulência. Nas
superfícies sólidas a condição de parede (wall) foi utilizada, considerando condição de não
escorregamento (no-slip) e temperatura constante. A condição de não escorregamento define
velocidade igual a zero na parede, ao passo que a temperatura da parede foi definida em
partindo do pressuposto que no momento do teste de voo o veículo estará protegido
por uma coifa e o ambiente interno irá preservar as condições terrestres. Para os elementos de
saída (outlet), a condição pressure-outlet foi imposta de modo a introduzir um valor de
pressão estática para que a simulação seja iniciada, em geral, definida com valor de pressão
zero. As Figuras 17, 18 e 19 mostram ilustrações dos domínios computacionais com a
indicação das condições de contorno para as simulações da seção de compressão e isolador, e
combustor com injeção transversal simples e dupla, respectivamente.
Figura 18 - Domínio computacional para o combustor com injeção transversal simples (Região B).
Figura 19 - Domínio computacional para o combustor com injeção transversal dupla (Região B).
média de uma propriedade genérica ponderada pela área da superfície; e a segunda é a função
Mass-Weighted Average que calcula uma média de uma propriedade genérica ponderada pela
massa que passa através da superfície.
A escolha da função adequada é feita de acordo com a afinidade da propriedade em
relação à respectiva função. Propriedades espaciais como pressão e velocidade são mais bem
quantificadas por médias ponderadas pela área, ao passo que propriedades como temperatura,
massa específica, entalpia específica e frações mássicas das espécies por médias ponderadas
pela massa. Numericamente, as integrais de superfícies para definição de uma propriedade
genérica média ponderada pela área ̅ e pela massa ̅ são representadas pelas Equações 37
e 38, respectivamente (ANSYS, 2013).
1 1 n
A
A
dA i Ai
A i 1
(37)
n
v
dA i i vi Ai
M
i 1
(38)
v dA
n
i i Ai
v
i 1
1
H 2 O2 H 2O (39)
2
Figura 21 - Malha computacional do modelo para o combustor com injetor transversal simples
(Mesh2).
Figura 22 - Malha computacional do modelo para o combustor com injetor transversal dupla (Mesh3).
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
2000
Temperatura Total (K)
1500
1000
Simulação
500
Experimental (Borrows e Kurkov, 1973)
0
0 20 40 60 80 100
y (mm)
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
0 10 20 30 40 50
y (mm)
Fonte: Autoria própria (2020).
parte das linhas de corrente não sejam capturadas na câmara de combustão reduzindo a massa
de ar admitida.
Em contrapartida, em velocidade correspondente ao número de Mach 7,2 (Fig. 28) as
ondas de choque incidem no interior da câmara de combustão, especificamente, na superfície
superior do canal. A Figura 29 demonstra detalhes do fenômeno por meio de vetores de
velocidade posicionados sobre as linhas de corrente na região em torno do bordo de ataque do
cowl. Conforme já mencionado, a interação das ondas de choque com a camada-limite
perturba o escoamento e cria uma região de separação da camada-limite sobre a superfície. A
região de separação é instável e em decorrência da proximidade do bordo de ataque do cowl
cresce até destacar-se sobre ele gerando um sistema de vórtices turbulentos. O escoamento
hipersônico à montante enxerga uma barreira virtual sobre essa região formando uma onda de
choque normal. Imediatamente após a onda de choque normal, algumas das linhas de corrente
convergem entre si e escapam pela superfície superior do cowl reduzindo também a
quantidade ar admitida na câmara de combustão. A onda choque refletida se deforma em
função da disposição do escoamento e depõe-se sobre o ponto de intersecção entre ondas de
choque normal e oblíquas.
X
Fonte: Autoria própria (2020).
53
Y (mm)
182 182
180 180
178 178
176 176
174 174
172 172
0 300 600 900 1.200 1.500 1.800 300 500 700 900 1.100 1.300 1.500
Velocidade (m/s) Temperatura (K)
Figura 31 - Distribuição de pressão na linha de corrente que passa na seção média do canal
200000
85 mm
Pressão (Pa)
120000
80000
M 6.4
40000 M 6.8
M 7.2
0
0 200 400 600 800 1.000 1.200
X (mm)
Fonte: Autoria própria (2020).
Figura 32 - Distribuição de temperatura na linha de corrente que passa na seção média do canal
1400
1200
Linha de Corrente
1000
Temperatura (K)
85 mm
800
600
M 6.4
400
M 6.8
200 M 7.2
0
0 200 400 600 800 1.000 1.200
X (mm)
Fonte: Autoria própria (2020).
55
Mach 6,4
Mach 6,8
Mach 7,2
Fonte: Autoria própria (2020).
5.3 COMBUSTOR
1200
1150
1100
1050 M 6.4
1000 M 6.8
950 M 7.2
900
0 10000 20000 30000 40000 50000 60000
Número de Iterações
Fonte: Autoria própria (2020).
M 6.4
(Sim.)
M 6.8
(Sim.)
M 7.2
(Sim.)
M 6.4
(Dup.)
M 6.8
(Dup.)
M 7.2
(Dup.)
de ignição indicam que houve ocorrência de reações iniciais de combustão. Entretanto tais
fenômenos não são determinantes para iniciar reações de queima em cadeia.
M 6.4
(Sim.)
M 6.8
(Sim.)
M 7.2
(Sim.)
M 6.4
(Dup.)
M 6.8
(Dup.)
M 7.2
(Dup.)
Para os casos que houve ocorrência de trens de choque puramente oblíquos, o efeito
do primeiro pseudo-choque formado faz com que escoamento permaneça em condições
supersônicas, devido à velocidade percorre-se uma distância maior até que as reações de
combustão em cadeia se iniciem. As espécies químicas tendem a apresentar uma mistura mais
efetiva e a incidência do choque refletido na região de mistura incrementam as propriedades
60
M 6.4
(Sim.)
M 6.8
(Sim.)
M 7.2
(Sim.)
M 6.4
(Dup.)
M 6.8
(Dup.)
M 7.2
(Dup.)
Por outro lado, à Mach 6,4 com injeção dupla a onda de choque normal traz o
escoamento a condições subsônicas (Fig. 34). Ondas de choque normais são mais intensas
quando comparadas a ondas de choque oblíquas, logo o incremento das propriedades
termodinâmicas é mais elevado. Paralelamente, a velocidade é menor fazendo com que o
espaço percorrido pelo escoamento também seja menor em relação às demais situações. A
61
0,30 0,30
0,20 0,20
0,10 0,10
0,00 0,00
-5 0 5 10 15 20 25 -5 0 5 10 15 20 25
y (mm) y (mm)
'
Fonte: Autoria própria (2020).
Apesar de ter ocorrido combustão visto que houve formação de vapor d'água (Fig. 36),
boa parte da massa de combustível não foi queimada. Isso é visível pela alta concentração de
combustível próximo à parede. Todavia, ainda existem regiões com presença de oxigênio e
combustível suficientes à ocorrência de combustão, visível próximo aos pontos de intersecção
entre as curvas das espécies H2 e O2 e sobre a superfície inferior no caso de injeção simples, o
que indica que o comprimento do combustor não foi suficiente para atingir máxima eficiência.
Além disso, a injeção de combustível pode ser melhor estudada para prover mistura mais
efetiva de modo que o combustível ocupe espaço ricos em oxigênio.
62
A avaliação da pressão foi feita através da análise das superfícies de parede e da linha
média do combustor conforme Figuras 38 e 39 que apresentam distribuições sob condições de
escoamento à Mach 6,8 e Figuras 40 e 41 que descrevem relações de comparação entre níveis
de velocidade. Foram aferidos os níveis de pressão sobre as superfícies de parede inferior e
superior em relação ao sistema de coordenadas estabelecido, onde a superfície inferior está
localizada na origem (0 mm) e a superior à 16,389 mm de distância do eixo longitudinal . A
linha média do canal, por sua vez, está localizada a 8,1945 mm de distância do eixo
longitudinal . A consideração de simetria imposta às simulações com injeção dupla
estabelece que o comportamento da distribuição de pressão nas superfícies de parede inferior
e superior são iguais, logo a distribuição de pressão sobre superfície de parede superior, no
caso de injeção simples, orientada a 16,389 mm, pode ser comparada a distribuição de pressão
obtida a 0 mm no caso de injeção dupla.
Figura 38 - Distribuição de pressão ao longo das superfícies de parede e linha média do canal com
injeção simples (Mach 6,8).
350.000
0 mm
300.000
8,1945 mm
Pressão Estática (Pa)
250.000 16,389 mm
200.000
150.000
100.000
50.000
0
0 20H2 40 60 80 100 120 140
x (mm)
Figura 39 - Distribuição de pressão ao longo das superfícies de parede e linha média do canal com
injeção dupla (Mach 6,8).
600.000
0 mm e 16,389 mm
500.000
Pressão Estática (Pa)
8,1945 mm
400.000
300.000
200.000
100.000
0
0 20 H2 40 60 80 100 120 140
x (mm)
Fonte: Autoria própria (2020).
percebidos nas superfícies de parede, o projeto da estrutura interna deve ser resistente o
suficiente para suportar os máximos níveis de pressão observados sobre as superfícies.
Paralelamente, as interações entre choques no interior do combustor possuem influência direta
sobre o processo de combustão e por esse motivo devem ser estudados com maior atenção.
Mach 6.8
200.000
150.000
100.000
50.000
0
0 20 H2 40 60 80 100 120 140
x (mm)
Fonte: Autoria própria (2020).
Figura 41 - Distribuição de pressão sobre a linha média do canal com injeção dupla.
600.000
Mach 6.4
500.000
Pressão Estática (Pa)
Mach 6.8
Mach 7.2
400.000
300.000
200.000
100.000
0
0 20 H2 40 60 80 100 120 140
x (mm)
P udA t
p ( x) 1
A( x )
(40)
Pt udA
t
Ainlet
m H ( x )
c 1 2
(41)
m H 2 ,injected
0,25
Perda de Pressão Total
0,20
0,15
M 6.4
0,10
M 6.8
0,05 M 7.2
0,00
H2
0 20 40 60 80 100 120 140
x (mm)
Fonte: Autoria própria (2020).
66
0,35
0,25
0,20
0,15 M 6.4
0,10 M 6.8
0,05 M 7.2
0,00
H2
0 20 40 60 80 100 120 140
x (mm)
Fonte: Autoria própria (2020).
H2
É notório que o método de injeção dupla é mais eficiente, em média 51,22%, haja
vista disposição das curvas (Fig. 44), entretanto deve-se levar em conta o aspecto construtivo
dos injetores. Como parâmetro de projeto, a massa de combustível injetada foi definida
constante independentemente da velocidade ou do método de injeção simulados. Para tanto,
optou-se então por modificar o comprimento do orifício mantendo mesma pressão de injeção
em ambas as modalidades de injeção. O comprimento do orifício passou a ser de 0,5 mm para
caso de injeção dupla enquanto que em injeção simples permaneceu em 1 mm. A redução da
68
Figura 45 – Contornos de Temperatura nas seções de compressão e combustão acopladas para o caso
mais eficiente (Mach 6,8 com injeção dupla)
6 CONCLUSÕES
Reprodução das análises dessa dissertação considerando modelos de gás real e de cinética
química detalhada;
Análise espacial dos problemas desta dissertação de modo a verificar como os efeitos
tridimensionais influenciam no escoamento reativo, considerando na modelagem um
domínio que englobe toda a região da seção de compressão, isolador e combustor;
Avaliação dos mecanismos de injeção variando aspectos construtivos de injetores,
relações de riqueza de combustível e propriedades termodinâmicas de injeção, para
otimizar projetos de injetores e dos processos de combustão em aplicações supersônicas
ou hipersônicas;
Avaliação de diferentes configurações de câmara de combustão considerando a
introdução de sistemas geradores de vórtices e de cavidades, para verificar interações
turbulentas em relação ao rendimento do processo de combustão supersônica.
73
REFERÊNCIAS
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75
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Administration, National Aeronautics and Space Administration and United States Air Force,
1976.
P udA t
p ( x) 1
A( x )
(A.1)
P udA
t
t
Ainlet
m H ( x )
c 1 2
(A.2)
m H 2 ,injected
Observe que os coeficientes de perda de pressão total (Eq. A.1) e eficiência (Eq. A.2)
possuem termos integrais que dependem da área de superfície da seção transversal ao longo
do eixo horizontal . Numericamente, as Equações A.1 e A.2 podem ser expressas de acordo
com as Equações A.3 e A.4, respectivamente. Onde, representa a fração mássica de
hidrogênio. No módulo de pós-processamento do pacote de softwares ANSYS ©, a solução
pode ser obtida com a função MassFlowInt calculada sobre a variável de interesse, a pressão
total no caso do coeficiente de perda de pressão total e .
P
i 1
i t ,i u i Ai
p ( x) 1
t n
x
(A.3)
P
i 1
i t ,i u i Ai
inlet
Y
i 1
i H 2 ,i u i Ai
(A.4)
c ( x) 1 x
m H 2 ,injected
equações. Cada plano corresponde a uma posição horizontal , logo os pontos das curvas são
definidos pelos pares ordenados compostos pelo respectivo coeficiente de desempenho (eixo
das ordenadas) e pela posição horizontal (eixo das abscissas).
Y
X
Fonte: Autoria própria (2020).